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OCORRÊNCIA DE ENTEROPARASITOS EM ALFACES (LACTUCA SATIVA L.), NO MUNICÍPIO DE CARATINGA, MINAS GERAIS, BRASIL

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EM ALFACES (LACTUCA SATIVA L.),

NO MUNICÍPIO DE CARATINGA, MINAS

GERAIS, BRASIL

Nídia de Paula Franscisco1

Marciléia da Silva Oliveira2

Maria das Graças Altera3

Wemerson de Castro4

Luciene Santana Ferreira5

Antonio José Dias Vieira6

Lamara Laguardia Valente Rocha7

RESUMO

1 Bióloga pelo Centro Universitário de Caratinga - UNEC. 2 Bióloga pelo Centro Universitário de Caratinga - UNEC. 3 Bióloga pelo Centro Universitário de Caratinga - UNEC.

4 Biólogo. Doutor em Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa - UFV. 5 Bióloga. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade pelo Centro Universitário de

Ca-ratinga - UNEC. Docente do Instituto Educacional Sul Maranhense, COC, Brasil.

6 Agrônomo. Doutor em Ciências Agrárias (Fisiologia Vegetal) pela Universidade Federal

de Viçosa-UFV. Chefe do Depto de Pesq.,Inov. e Extensão no Instituto Federal do Ma-ranhão, IFMA, Brasil.

7 Bióloga. Doutora em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Federal de Viçosa

O presente estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar o índice de contaminação da alface,

Lactu-ca sativa L., por enteroparasitos,

em áreas de produção e posto de venda, no município de Caratinga, Minas Gerais. Foram coletadas 30 amostras em três áreas de produ-ção e 30 amostras em um posto de venda onde as alfaces eram comercializadas. Para a lavagem das alfaces foram utilizados dois métodos, um sobre agitação me-cânica constante em um saco plástico e outro com a utilização de um pincel. Foram feitas quatro

lâ-minas de cada amostra e observa-das ao microscópio óptico. Todas as lâminas analisadas possuíam pelo menos uma espécie de en-teroparasito. Os enteroparasitos mais encontrados foram o proto-zoário Entamoeba sp., na forma evolutiva de cistos, e ovos e lar-vas do helminto Ancylostoma sp. As amostras coletadas no posto de venda apresentaram maior ín-dice de contaminação (78%) e as coletadas nas áreas de produção apresentaram um percentual de 46,6%. O alto índice de contami-nação encontrado, apresentando

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Palavras-chave: enteroparasitos; alfaces; qualidade sanitária. ABSTRACT

Keywords: enteroparasites; lettuce; sanitary quality. INTRODUÇÃO

As parasitoses intestinais ainda constituem um sério problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, apresentando altas incidências em populações de baixo nível sócio-econômico e precárias condições de saneamento básico (Uchôa, 2001).

Segundo Coulter (2002) as condições de higiene ambiental re-fletem nas condições sanitárias em que vive o homem, e estas, por sua vez, parecem exercer profunda influência na cadeia de transmis-The present study was carried out

to evaluate the index of contami-nation with enteroparasites of the lettuce (Lactuca sativa L.), in the production areas and in a sale point. 30 samples from three are-as of production and 30 samples from a sale point where the let-tuces were commercialized were collected. For the washing of the lettuces two methods were used: (1) constant mechanic agitation in a plastic bag and (2) using a brush. Four microscope slides of each sample were observed un-der the optic microscope. All the analyzed slides had at least one

species of enteroparasites. The most common enteroparasites in the samples were the protozo-an Entamoeba sp. in the form of cysts, and eggs and larvae of the worm Ancylostoma sp.. The sam-ples collected in the sale point presented greater index of conta-mination (78%) and the ones col-lected in the production areas had a percentage of 46,6% of con-tamination. The high indices of contamination found, with a great variety of enteroparasite species presenting diverse developmental forms, can be related to the culti-vation conditions of the lettuces. uma grande variedade de

entero-parasitos, variando entre diversas formas de desenvolvimento, pode

estar relacionado com a forma de cultivo das alfaces.

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são das enteroparasitoses. O indivíduo parasitado, por meio de seus dejetos, contamina seu próprio ambiente com ovos, cistos e larvas de parasitos intestinais, e a água pode acumulá-los e transportá-los a grandes distâncias. Assim, as fezes representam o veículo e a fonte de contaminação de todos os parasitos intestinais.

No ano 2000 a prevalência de parasitas intestinais ocorria em cerca de 3,5 bilhões de pessoas, principalmente nas crianças (WHO, 1999), revelando que a meta da Organização Mundial de Saúde, que previa saúde para todos até o ano 2000, não foi alcançada. O nível sócio-econômico dos países até cresceu, mas cresceram também as taxas demográficas, observando-se uma alta na prevalência de ente-roparasitoses nos países, mesmo nos considerados desenvolvidos. Na China, segundo Long-Iq e colaboradores (1995), a taxa de prevalência de Ascaris lumbricoides chega a 48,5% e de Trichuris trichiura a 20,8% em estudantes de escola primária.

No Brasil, nas grandes metrópoles e em áreas onde a urbani-zação ocorre de forma desordenada, se avolumam os problemas am-bientais, sendo precisamente nestes locais, a ocorrência das maiores condições de riscos para a população (Ramalho, 1999). A carência de medidas na área de saneamento básico no Brasil confirma-se pelos dados da PNSB (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000), que afirma que 52,2% das sedes municipais contam com infra-estrutura relativa ao esgotamento sanitário, sendo este considerado o serviço de saneamento básico de menor cobertura nos municípios brasileiros

As doenças transmitidas por alimentos são, predominantemente, resultantes do ciclo de contaminação fecal e oral, o seu controle deve receber atenção cada vez maior em nosso meio (Mesquita et al., 1999).

Os vegetais são amplamente recomendados como parte da ali-mentação diária por seu apreciável conteúdo em vitaminas, sais mine-rais e fibras alimentares. Tem crescido o interesse, principalmente, por aqueles que apresentam em sua composição substâncias com ativida-de antioxidante, a exemplo dos carotenóiativida-des, vitamina C e flavonóiativida-des (Silva et al., 2005).

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Mas hortaliças consumidas cruas na forma de saladas podem servir como via de transmissão de doenças, uma vez que helmintos, protozoários, bactérias e vírus podem estar presentes nesses vegetais (Alves et al., 2003).

Muitas são as formas de contaminação da alface por enteropa-rasitos, dentre elas podem ser citadas: o solo, as águas utilizadas na irrigação de hortaliças que, muitas vezes, originam-se de córregos e pequenos rios que em algum trecho receberam dejetos humanos (Bar-ros et al., 1999), entulhos e esgotos comprometendo sua qualidade (Blumenthal et al., 2004); adubação com fezes de animais (Chitarra, 2000); práticas de lavagem em tanques de água parada (Evangelista, 1992); armazenamento impróprio, recipientes e equipamentos conta-minados (Chitarra, 2000) e finalmente por falta de higiene pessoal dos manipuladores (Silva Júnior, 1995).

No Paraná, Garcia e colaboradores (2004) avaliaram 133 amos-tras de hortaliças de produtores rurais do Município de Umuarama, e observaram ovos de Ascaris sp. (9,7%), Ancilostomatídeos (9,7%),

Enterobius vermicularis (1,5%), Strongyloides sp. (0,8%), Entamoeba

sp. (3,8%) e Giardia sp. (0,8%). Essa contaminação foi observada em 8,4% das amostras de alface crespa, 18,2% de alface lisa, 44,4% de chicória do mato e 27,3% de chicória.

Paula e colaboradores (2003) realizaram um estudo sobre a con-taminação microbiológica e parasitológica em alfaces de restaurantes na cidade de Niterói, RJ e obtiveram como resultados a presença de cistos de Entamoeba coli em 3 amostras e em 16 amostras de alfaces foram encontradas a presença de coliformes termotolerantes das 30 amostras analisadas.

Devido a esse alto índice de contaminação de enteroparasitos através da ingestão de hortaliças, esse estudo objetivou avaliar o índice de contaminação da alface Lactuca sativa L., no momento da colheita na propriedade rural e no posto de venda, identificando os enteropara-sitos de maior incidência e observar se o alto índice de contaminação está relacionado à forma de manejo e transporte das alfaces nas áreas de produção e postos de venda.

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MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida na região rural do município de Caratinga, (longitude -42,4º oeste e latitude -19,6º leste) situado na mesorregião do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, Brasil. Este mu-nicípio dista aproximadamente 300 km de Belo Horizonte, com popu-lação estimada em 2005 de 81.895 habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2006).

Foram escolhidas de forma aleatória três áreas de produção que foram denominadas P1, P2 e P3. Todas as áreas utilizam o mesmo sis-tema de cultivo convencional. As condições higiênico-sanitárias destas áreas foram consideradas: qualidade das águas usadas para irrigação e lavagem a partir da verificação de possíveis fontes contaminadoras, manejo no transporte de armazenamento nos postos de vendas.

Foram analisadas 60 amostras de alface (Lactuca sativa L.) va-riedade lisa, sendo 20 amostras de cada produtor, das quais 50% eram provenientes das áreas de produção e 50% eram do posto de venda. O interesse maior da análise das amostras do posto de venda foi de-vido ao alto índice de contaminação que pode ocorrer no processo de transporte, envolvendo a forma de embalagem e transporte dessas hortaliças.

As amostras foram coletadas, acondicionadas, individualmente em sacos plásticos estéreis devidamente etiquetados, e levadas ao Laboratório de Parasitologia do Centro Universitário de Caratinga - UNEC.

Preparo das Amostras e Análise Parasitológica

As alfaces, individualmente, passaram por dois processos de lavagem. Primeiramente foi adicionado 250 mL de água destilada ao saco plástico, sob agitação manual durante 30 segundos, após este processo, a água foi transferida para cálices cônicos, passando por um processo de sedimentação, durante 24 horas.

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A segunda lavagem foi realizada com o auxilio de um pincel e com 250 mL de água destilada, cada folha separadamente foi lavada. Após a segunda lavagem as folhas foram desprezadas e a água foi colocada em cálices cônicos e também foi deixada por 24 horas para sedimentação.

Quatro lâminas de cada amostra coletada foram preparadas para análise de microscópica optica, sendo que das quatro lâminas duas eram coradas com solução de lugol. No total 480 lâminas foram analisadas, sendo 240 referentes às hortaliças coletadas nas proprie-dades rurais e 240 coletada no posto de venda.

O protocolo realizado foi com base em experimentos feitos por Takayanagui e colaboradores (2001) para a realização destas análi-ses. As análises dos resultados obtidos das avaliações parasitológicas foram realizadas utilizando-se teste Qui-quadrado (c2) ao nível de 5%

de probabilidade com 1 (um) grau de liberdade. RESULTADOS

Na análise das condições ambientais das áreas de produção (Tabela 1), observou-se que a forma de uso dos recursos naturais e o manejo no cultivo das hortas propiciam a contaminação das alfaces. Sendo frequente em todas as áreas de produção a utilização de água para irrigação dos canteiros a partir de poços não protegidos da con-taminação fecal de origem animal, além disso, a qualidade das águas estocadas nos tanques de lavagem apresentava-se com sinais de má qualidade possivelmente relacionada ao estado de higienização destes.

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Tabela 1 Condições higiênico-sanitárias das áreas de produção de alface (Lactuca

sativa L.) pesquisadas em Caratinga, Minas Gerais. Condições

Higiênico-sanitárias Produtor 1 Produtor 2 Produtor 3

Obtenção da água para irrigação das alfaces

Poço raso, sem presença de cercas

Poço fundo, sem presença de cercas

Poço raso, sem presença de cercas Aspecto da água no

poço de irrigação Sem alterações nos aspectos macroscópicos Sem alterações nos aspectos macroscópicos Água barrenta com presença de algas e resto de lixo Contato de animais e de seus excrementos com a água usada no cultivo

sim sim sim

Lançamento do esgoto

doméstico. Canalizado e lançado in

na-tura nos cursos

de água

Canalizado e lançado in

na-tura nos cursos

de água

Canalizado e lançado in

na-tura nos cursos

de água Forma e tipo de água

utilizada para a lava-gem das alfaces

Tanque de lavagem com água corrente Tanque de lavagem com água parada Tanque de lavagem com água corrente Periodicidade nas

trocas de água dos tanques de lavagem

Diário Três em três

dias Diário

Aspecto macroscópico da água e dos tanques de lavagem

Água com colo-ração escura em tanque com limpeza inadequada

Água com colo-ração escura, mas transpar-ente, tanque em condições razoáveis de limpeza Não existe, utilizam a água canalizada do poço de irrigação

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Ao considerarmos os resultados em todas as amostras, 100% apresentaram algum tipo de contaminação pela presença de ovos ou larvas de helmintos e/ou cistos de protozoários. Além disso, das 480 lâminas observadas, em 62,5% identificou-se a presença de uma ou mais espécies de ovos /larvas de helmintos e ou cistos de protozoários e a espécie de maior incidência foi o protozoário Entamoeba sp. na forma evolutiva de cistos seguida por ovos e larvas de Ancylostoma sp.

Ao considerarmos a amostra separada por área de produção (Tabela 2), o percentual de positividade para helmintos e protozoá-rios alcançou alto índices de contaminação em todas as três áreas, sendo maior em P 2 (37,5%) e P 1 (32,14%) e o menor valor para P 3 (30,36%). Estes resultados não são compatíveis quando compara-dos com os dacompara-dos compara-dos postos de venda, onde o P1 (36,17%) e P3 (36,17%) apresentam maiores percentuais para contaminação e P2 (27,66%) o menor. O resultado apontado na tabela II sugere também que o nível de contaminação foi maior nas 240 lâminas montadas e analisadas para os postos de venda (78%) do que o percentual encon-trado para o mesmo número de lâminas utilizadas na análise das áreas de produção (46,6%).

Tabela 2: Porcentagem de positividade para a presença de helmintos e protozo-ários nas diferentes localidades de coletas de alfaces em 480 lâminas analisadas nas áreas de produção e postos de venda, em Caratinga, Minas Gerais.

Locais de Coleta

de Alfaces* N (positivo)P 1 N (positivo)P 2 N (positivo)P 3 N (positivo)Total

Áreas de

Produção 36 (32,14%) 42 (37,5%) 34 (30,36%) 112 (46,6%)

Posto de venda 68 (36,17%) 52 (27,66%) 68 (36,17%) 188 (78%)

* c2significativo a 5% de probabilidade com 1 grau de liberdade.

Dentre os enteroparasitos encontrados, os de maior frequên-cia foram cistos de Entamoeba sp. (62,5%) e larvas de Strongyloides sp. (55%), entre outros identificados como ovos de Ancylostoma sp. (20%), ovos de Ascaris sp. (15%), ovos de Hymenolepis sp. (10%),

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cistos de Giardia sp. (5%) e ovos de Schistosoma mansoni, ovos de

Enterobius sp. e ovos de Taenia sp. (2,5%), sendo que esses últimos

estavam presentes somente na área P 3 (Tabela 3).

Tabela 3: Percentual de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários iden-tificados em 30 amostras de alfaces (Lactuca sativa L.) coletadas nas áreas de produção em Caratinga, Minas Gerais.

Helmintos e Protozoários Encontrados Área P1 n (% positivo) Área P2 n (% positivo) Área P3 n(%

positivo) PositivosTotal Cistos de Entamoeba sp. 23(28,75%) 13(16,25%) 14(17,5%) 50(62,5%) Cistos de Giardia sp. _ 01(1,25%) 03(3,75%) 04(5%) Larvas de Strongyloides sp. 09(11,5%) 31 (38,7%) 04(5%) 44(55%) Ovos de Ascaris sp. 06(7,5%) 04(5%) 02(2,5%) 12(15%) Ovos de Hymenolepis sp. 02(2,5%) 01(1,25%) 05(6,25%) 08(10%) Ovos de Ancylostoma sp. 02(2,5%) 04(5%) 10(12,5%) 16(20%) Larvas de Ancylostoma sp. _ _ _ 0 Ovos de Schistosoma mansoni _ _ 02(2,5%) 02(2,5%) Ovos de Enterobius sp. _ _ 02(2,5%) 02(2,5%) Ovos de Taenia sp. _ 02(2,5%) 02(2,5%) Total Positivo 42(52,5%) 54 (67,5%) 44 (55%)

Ao considerarmos o percentual de contaminação e o tipo de enteroparasito por área de produção, observa-se que P3 apresenta o maior número de tipos diferentes de parasitas, sendo exclusivamente observados, nesta área, ovos de Schistosoma mansoni (2,5%), ovos de Enterobius sp. (2,5%) e ovos de Taenia sp. (2,5%). Em P1 e P3 ocorrem principalmente Entamoeba sp., enquanto em P2 os percentu-ais mpercentu-ais elevados foram quantificados para larvas de Strongyloides sp. Para Ancylostoma sp valores maiores foram vistos em P3 e ovos de

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Dentre os enteroparasitos encontrados nas amostras dos postos de venda, não houve diferença entre os resultados de contaminação quando se considera a diversidade de espécies de enteroparasitos. Destaca-se também a predominância para a presença de Entamoeba sp. (196,5%) e Giardia sp. (47,5%) no total geral das amostras estuda-das, seguido de ovos e larvas de Ancylostoma sp. (27,5%). O parasita de menor ocorrência foi larvas Strongyloides sp (6,25%) (Tabela 4). Tabela 4: Ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários identificados das 30 amostras de alfaces (Lactuca sativa L.) recolhidas no posto de venda em Caratinga, Minas Gerais.

Helmintos e Protozoários Encontrados

Área P1

n (% positivo) n (% positivo)Área P2 N (% positivo) Total positivoÁrea P3 Cistos de Entamoeba sp. 62(77,5%) 31(38,75%) 64(80%) 157(196,5%) Cistos de Giardia sp. 12(15%) 09(11,25%) 17(21,25%) 38(47,5%) Larvas de Strongyloides sp. 01(1,25%) 04(5%) _ 05(6,25%) Ovos de Ascaris sp. 01(1,25%) 04(5%) 03(3,75%) 08(10%) Ovos de Hymenolepis sp. 02(2,5%) 04(5%) 02(2,5%) 08(10%) Ovos de Ancylostoma sp. 02(2,5%) 18(22,5%) 02(2,5%) 22(27,5%) Larvas de Ancylostoma sp. 04(5%) 10(12,5%) 04(5%) 18(22,5%) Ovos de Schistosoma mansoni _ _ _ 0 Ovos de Enterobius sp. _ _ _ 0 Ovos de Taenia sp. _ _ 0 Total Positivo 84(105%) 80(100%) 92(115%)

A observação da Tabela 4 sugere também que a presença de

Strongyloides sp. não observada em P3 e os elevados percentuais de

ovos e larvas de Ancylostoma sp. (22,5%) ocorrem nas amostras dos postos de venda provenientes da área P2. Não foram observadas as

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presenças de ovos de Schistosoma mansoni, de Enterobius sp, e de

Taenia sp. nas amostras provenientes da área P2. DISCUSSÃO

As condições ambientais das áreas de produção podem ser de grande importância para o alto índice de contaminação das hortaliças, em especial as alfaces, sendo também considerado a forma de uso dos recursos naturais e o manejo no cultivo.

A contaminação de hortaliças pode ser resultante da plantação, da utilização de água de irrigação ou adubos inadequados, do trans-porte ou da manipulação nos pontos de vendas e, nas sucessivas ma-nipulações, aumentam as chances de contaminação (Takayanagui et

al., 2000).

Como mencionado a água utilizada no cultivo de hortaliças tam-bém é importante na disseminação de enteroparasitos (Cristóvão et al., 1967; Oliveira e Germano, 1992) e nota-se que as três áreas de produ-ção utilizam a água de poços para a realizaprodu-ção da irrigaprodu-ção, sendo que as condições dessas águas apresentam aspecto de contaminação, um vez que animais, como porco, boi e cachorro têm acesso permanente a essa água. A água que abastece os poços, na maioria das vezes, é proveniente de minas e nascentes, não passando por nenhum tipo de tratamento. Como descrito na Tabela 1, observa-se que o poço usado para a irrigação e a lavagem das alfaces na propriedade três é de con-dições muito precárias, pois apresenta uma água barrenta e ao redor há presença de lixo, como caixotes de madeira, já o utilizado para a la-vagem das alfaces apresenta muitas algas sobre a superfície do poço. A hipótese do esterco animal (bovino e suíno) ser uma importan-te fonimportan-te de contaminação de hortaliças não deve ser descartada (Gui-lherme et al., 1999). As três áreas de produção utilizam como adubo justamente o esterco animal, sendo mais um veiculo de contaminação das alfaces, sendo que muitas parasitoses são provenientes de fezes de animais, principalmente de suínos.

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Dessa forma, a área de produção que apresentou maior índice de contaminação relacionado aos diferentes tipos de enteroparasitos foi a área P3, mostrando mais uma vez que a forma de irrigação e cultivo das amostras podem ser fatores determinantes para a conta-minação das alfaces por enteroparasitos, pois ela apresentou irregu-laridades em todos os pontos analisados sobre o aspecto ambiental. Nas amostras da área P3 foi encontrada, diferentemente das outras áreas, a presença de Schistosoma mansoni, Enterobius sp. e Taenia sp. (Tabela 3).

Como afirmado por Hunter (1993), a presença de Schistosoma

mansoni está relacionada à falta de condição sanitária e de

saneamen-to básico, que elevam a taxa de prevalência desta parasisaneamen-tose.

Para Enterobius sp. e Taenia sp. que também foram visualiza-dos na área P3, fortalece a hipótese de ocorrência de contaminação das alfaces por fezes humanas (Shuval et al., 1984), pois esses endo-parasitos são exclusivos do homem. Os ovos de Enterobius sp., além de pouco resistentes, geralmente não são eliminados nas fezes dos indivíduos parasitados (Feachem et al., 1983; Pessôa e Martins, 1982) o que justificaria a sua ocorrência rara nas amostras analisadas.

A ausência de Schistosoma mansoni, Enterobius sp. e Taenia sp, nas amostras coletadas no posto de venda (Tabela 4), pode ser de-vido ao processo de lavagem, que é realizado após a colheita, sendo assim eliminados neste processo.

A maior frequência observada de ovos e/ou larvas de helmintos e/ou cistos de protozoários foi no posto de venda (Tabela 4); quando comparado às áreas de produção, possivelmente esse alto índice de contaminação seja pelo processo de cultivo apresentado anteriormente.

O fato de a incidência de contaminação ter sido maior no posto de venda é devido ao armazenamento e transporte inadequado das alfaces, sendo que muitas vezes as alfaces são transportadas em caixotes de madeira, que possuem frestas que permitem contato direto das alfaces com o ambiente externo, como superfícies diversas, que apresentam alto graus de contaminação.

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Além disso, outro fator de grande importância é o de empilhamen-to das caixas após a lavagem das alfaces e no transporte, uma vez que, a parte inferior da caixa que fica em contato com o chão passa a ter um contato direto com as alfaces no momento em que as caixas são empi-lhadas umas sobre as outras, considerando também que a água que es-corre das alfaces leve alguma contaminação de uma caixa para a outra. Essa contaminação também pode estar relacionada com a for-ma em que são tampadas essas caixas, sendo algufor-mas tampadas com jornais velhos que apresenta alto nível de contaminantes, ou fo-lhas de bananeiras que tem contato com o ambiente e que podem possuir esses contaminantes de diversas formas ou até lonas plásticas em péssimas condições higiênicas.

A espécie de maior incidência foi o protozoário Entamoeba sp. na forma evolutiva de cistos seguida por ovos e larvas de Ancylostoma sp. Um dos fatores pode ser devido ao fato de os cistos de protozoá-rios sobreviverem por períodos de tempos mais prolongados no meio aquático (Oliveira e Germano, 1992). A presença desses dois entero-parasitos, juntamente com a Giardia sp., apresentam importância para a saúde pública, pois indicam contaminação fecal de origem humana e/ou animal, que apresentam espécies de ocorrência no homem, nos animais ou em ambos (Acha e Szyfres, 1986; Pessoa e Martins, 1982).

A capacidade de sobrevivência de cada tipo de parasito no am-biente também deve ser considerada, pois as baixas frequências obti-das para Hymenolepis sp. podem estar associaobti-das à menor persistên-cia dos ovos deste helminto no ambiente (Feachem et al., 1983).

Ovos e Larvas de Ancylostoma sp. foram o segundo gênero de maior incidência. Embora esteja corroborando os resultados obtidos por Gelli e colaboradores (1979), devem ser vistas com ressalvas, uma vez que os ovos de alguns parasitos de animais domésticos e de plan-tas, tais como Oesophagostomum sp e Meloidogyne sp, respectiva-mente, são muito semelhantes aos primeiros, dificultando a precisão no diagnóstico destes helmintos (Burrows, 1965; Pessôa e Martins, 1982; Soulby, 1977).

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Analisando os resultados em relação à maior incidência de

En-tamoeba sp. e ovos de Ancylostoma sp., nem sempre patogênicos ao

homem, poderia ter sido realizado juntamente com esse estudo uma análise microbiológica de coliformes fecais, cuja presença indicaria a contaminação fecal (Takayanagui et al., 2000).

Comparando os dois procedimentos utilizados para a lavagem das alfaces (enxaguadura e lavagem com pincel) em relação à pre-valência de helmintos e protozoários, de uma forma geral, não houve diferença significativa (c2, p < 0,05 com 1 grau de liberdade). Porém,

quando comparamos esses dados isoladamente houve diferença sig-nificativa para as seguintes espécies: larva de Ancylostoma sp., larva de Strongyloides sp., ovo de Taenia sp., cisto de Entamoeba sp. e cisto de Giardia sp.

Conforme a Tabela 1 houve diferença significativa quando rela-cionamos a incidência de helmintos e protozoários nos dois locais de estudo (c2, p < 0,05 com 1 grau de liberdade).

Como foi dito houve diferença significativa quando comparamos a incidência de ovos e/ou larvas de helmintos e/ou cistos de protozo-ários nas áreas de produção e posto de venda por atacado. Possi-velmente, as maiores taxas de contaminação no posto de venda por atacado se devam à falha na higienização ou no acondicionamento nos balcões de exposição ao público (Mesquita et al., 1999). Também foi observada falta de higienização nas lavagens e transporte até o posto de venda.

A diferença significativa observada em relação aos métodos utili-zados para os seguintes gêneros de helmintos e protozoários: larva de

Ancylostoma sp., larva de Strongyloides sp., ovo de Taenia sp., cisto de Entamoeba sp.e cisto de Giardia sp., ocorreu, provavelmente, pelo fato

destes possuírem uma estrutura que os aderem as folhas de alface. Foi constatada a ocorrência de helmintos e protozoários em hor-taliças, dada à magnitude dos resultados obtidos no presente estudo e sua importância que apresenta para saúde pública, ressaltada a ne-cessidade da adoção de medidas, por parte dos órgãos de vigilância sanitária, que propiciem uma melhoria da qualidade higiênica desses produtos (Oliveira e Germano, 1992).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se que todas as amostras coletadas (100%) apresen-taram algum tipo de contaminação, com maior ocorrência de ovos e/ou larvas de helmintos e/ou cistos de protozoários no posto de venda por atacado em relação à área de produção. A maior incidência foi cistos de Entamoeba sp. Nas áreas de produção os enteroparasitas que tive-ram maior predomínio foi Entamoeba sp. e Strongyloides sp., no posto de venda foi cistos de Entamoeba sp. e Giardia sp. As amostras pro-venientes das áreas de produção apresentaram maior diversidade de enteroparasitos comparados às amostras do posto de venda. Todas as áreas de produção apresentaram condições sanitárias insatisfatórias. Referências

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