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Faculdade de Letras UFRJ Rio de Janeiro - Brasil

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02 a 05

setembro 2013

Faculdade de Letras UFRJ

Rio de Janeiro - Brasil

(2)

A experiência do PIBID espanhol/UFPR em aulas de E/LE: o uso de materiais audiovisuais como recurso didático

Thiago André Lisarte Bezerra

A construção do significado a partir do texto verbal e não verbal no gênero história em quadrinhos: implicações para o ensino de Alemão como LE

Marta de Souza Pereira da Silva Vidal

INDÍCE DE TRABALHOS

(em ordem alfabética)

A concepção de autonomia sociocultural como atividade revolucionária

Silvia Emilia de Jesus Barbosa da Cunha

Página 07

A produção de texto escrito por estudantes do 5º ano na escola do campo: em busca das marcas identitárias no agreste pernambucano

Ana Márcia da Silva, Maria Sirleidy de Lima Cordeiro e Risoglacy Batista dos Santos

A tradição discursiva no imaginário do manuscrito culinário

Erika Vanessa dos Santos Brito; Maria do Socorro da Silva Medeiros; Nilma Barros Silva

Antônio Vieira e Lopes Bogéa: um olhar sobre os pregões de São Luís

Katiellen Andrade de Sousa; Lívia Fernanda Diniz Gomes; Sonia Regina de Abreu Moreira

Página 14

Página 16

Página 20 Página 12

A didatização dos gêneros textuais no ensino médio

Elane de Jesus Santos Página 11

Página 06

Página 09

A crônica e o uso da linguagem coloquial

Nilva Braga Monteiro

Página 13

A oposição de faces do Sonho Americano na década de 1920 em The GreatGatsby

Gabriel Jesus de Oliveira Gaia

Página 18

Alteridade, cultura e consciência social: questões abordadas em A hora da estrela, de Clarice Lispector

(3)

Aquilo que sufoca: cosmopolitismo e diáspora em “The ThingAroundYourNeck” ,de ChimamandaNgoziAdichie

Ana Paula Raposo

As relações de gênero: representações femininas em letras de música

Allan Phillip Conceição de Oliveira

As ficções de Piglia e Santiago no enredo pós-moderno

JocianeMaurina Salomão;Thiana Nunes Cella

Da “Área Branca”: profusões metalinguísticas em FiamaHasse Pais Brandão da Gama Campos

José Antônio Rodrigues Júnior

Folheto de Cordel: Movências e Travessias

Caroline Sandrise dos Santos Maia;Fabianne Ramos de Souza; Wanderson Diego Gomes Ferreira

As relações Brasil e Áustria no Correio Braziliense (1808-1822)

Rafaella Pedreira Galdino

Dramaturgias contemporâneas e a re-invenção do mito de Medéia a partir da cidade

Davidson Maurity Lima Araújo

Página 22 Página 30 Página 34 Página 21 Página 26 Página 25 Página 32 Página 31 Página 35 Página 27

Aspectos existencialistas em Fernando Pessoa

Gustavo Ewerson da Rocha Balbino;Bruno Ribeiro de Jesus

Página 33

Estudo das representações do mito fáustico em Grande Sertão: Veredas - espaço e lugar

Raisa Damascena Rafael

Página 24

As narrativas de fogo morto (1943): Uma busca da identidade por meio das memórias

Carla Sousa Ferreira

Dalcídio Jurandir e Alina Paim: Diálogos entre literatura e militância e a perspec-tiva feminina

Luciana Moraes dos Santos

Fukaha: humor na literatura infantil libanesa

(4)

Memória e identidade: “um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto.

Andreza Flexa

Linguagem como identidade: uma condição para o sucesso escolar

Bianca Alves Malvaccini

O desenvolvimento contemporâneo da produção literária africana de Língua portuguesa

Clecio Marques dos Santos;Flávia Regina Neves da Silva; Mayara Crystina Rego da Silva

O “entre-lugar” do imaginário angolano na poesia de Gonçalo Tavares

Deise Belizário Terto

O fantástico em A Metamorfose

Ane Caroline Costa Braga;Vanderlici Silva dos Santos

Pistas do insolúvel: a desestrutura do romance policial em A varanda do frangipani

Rafael da Silva Mendes; Aline de Almeida Rodrigues

O AMOR PELA MORTE NARRADA. O obituário no jornal e nas coletâneas: uma discussão sobre gênero textual e sociedade

Willian Vieira

O feminino à margem: a evocação das minhas putas tristes

Thays Lima e Silva

Recolhimento de Insumos na comunidade do Araçazal para construção de material didático no ensino interdisciplinar

Página 42 Página 40 Página 47 Página 39 Página 47 Página 52 Página 45 Página 49 Página 53 Página 46 Página 51 Página 43 Página 41

Literatura de cordel: imaginário, oralidade e resistência

Sabrina Augusta da Costa Arrais;AmandaYnaê Maia Furtado

Identidade cultural, africanidade e contemporaneidade: dificuldades do educador recém-formado na educação básica

Leilane Alves Mendes dos Santos

O Blog como recurso na produção textual

Eliene Arcanjo Marcelino

O rompimento de uma tradição: uma visão da literatura angolana a partir do período pós-guerra

Mayara Crystina Rego da Silva; Clecio Marques dos Santos; Flavia Regina Neves da Silva;Dandara Sales de Lima

Narrativas orais e poesias de ribeirinhos afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte

(5)

Referências históricas lusitanas: os símbolos metafóricos que emergem da palavra pessoana

Alceni Elias Langner; Saulo Gomes Thimóteo

Sophia e Sena: lutando com palavras, da poesia à correspondência

Mariane Tavares Sousa

Um sertão subjetivo na poética de Adriano Eysen: construções do ‘eu’ e do ‘outro’ através de imagens de campo e cidade

Marcelise Lima de Assis

Um estudo sobre saúde e doenças em obras literárias sobre a transamazônica

Sílvia Lethíssia Dos Santos; Felipe Costa

Página 56 Página 57 Página 61 Página 59 Página 58 Página 62 Página 63 Página 64 Página 65

Territórios e hibridismos nas fronteiras da “Pequena África de Tia Cita” (1890-1930)

Wallace Lopes Silva

Uma (des)leitura mítica : se questoè um uomo de primo Levi e Waiting for Godot, de Samuel Beckett

Elvis Freire da Silva

Uma Análise Discursiva de O Vulgarisador

Gustavo Alves Bezerra

Tradução da Literatura Infantil Árabe e Brasileira: intercâmbio literário e mediação cultural

Tainise de Souza Soares de Oliveira

Vozes, Relatos na Era Digital

(6)

A experiência contemporânea, compreendida como pós-moderna, é marcada pela desestabilização dos referenciais consagrados tanto no plano sociocultural quanto no cotidiano dos sujeitos que são tensionados a reavaliar suas balizas identitárias. Neste contexto, ganha relevo o debate sobre as fronteiras do mundo atual, em que o processo acelerado da globalização redefine os limites entre o global e o local através da compressão espaço-temporal, num processo que Stuart Hall definiu como glocalidade. No caso brasileiro, é possível verificar tal situação no intenso processo migratório, das áreas rurais para os grandes centros urbanos, responsável pelo deslocamento de milhões de pessoas. No plano literário das representações sobre o sertão nordestino, a temática da migração geralmente está associada ao drama social dos retirantes, em que a miséria, a fome e a seca predominam no enredo. Entretanto, a obra Essa Terra, de autoria do escritor baiano Antônio Torres, publicada em 1976, insere o debate psicológico sobre o (des) encontro campo-cidade vivenciado no sertão da Bahia. Pretende-se com o presente trabalho, analisar o romance em questão, problematizando os pontos relativos à memória e à identidade. A narrativa pauta-se no caminhar/deslocar-se, físico e psicológico, do sertanejo que no desejo e na esperança de uma vida melhor buscam os centros urbanos. A cidade, por seu turno, imaginado como lugar místico e mítico, não corresponde às expectativas do viajante. Desse modo, o sonho e a realidade não dialogam entre si, fator que determina um desajuste no plano psicológico do indivíduo. Ao chegar ao lugar desconhecido, há uma desconformidade com o novo espaço, entram em choque os valores culturais e identitários. A obra representa a saga de milhões de nordestinos, exilados da sua própria terra devido à seca, às condições climáticas que não lhes são favoráveis, é a terra que os enxota. Geralmente são indivíduos que não veem função na educação ou não têm oportunidade de participar dela, por isso são, em grande parte, analfabetos, conhecedores, apenas, do seu próprio ofício que é o de manusear a terra. Frustrada a experiência urbana, a alternativa que lhes resta é retornar para essa terra que o chama, o enlouquece, mas o ama. É nesse retorno que o escritor centraliza a narrativa, mostrando os dramas psíquicos, as desconformidades e os desencantos sofridos pela personagem que enfrentam (des) caminhos do Sertão.

Palavras-chave: Identidade. Memória. Sertão.

(DES) CAMINHOS DO SERTÃO: MEMÓRIA E IDENTIDADE NA OBRA

ESSA TERRA DE ANTÔNIO TORRES

(7)

Esta pesquisa é parte integrante do projeto denominado A interdiscursividade dos Tribalistas (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte) desenvolvido, por sua vez, como componente complementar do projeto de pesquisa de Paula (2010), designado A intergenericidade da canção. Estudo que se dedica prioritariamente à reflexão sobre o conceito de intergenericidade - composta neste caso, por letra e melodia - como construção poética interautoral, por meio do tratamento da construção arquitetônica da cantora - compositora Marisa Monte analisada de maneira específica em relação ao diálogo constante com os cantores - compositores Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Os materiais utilizados são bibliográficos; devido a serem constituídos, em principal, de oito canções de Monte; bem como a pesquisa contextual de sua produção e criação de seu estilo único em consideração a seu relacionamento artístico com Antunes e Brown, e, analisados em estudos no qual faz-se uso de diversos textos teóricos. Não existe uma metodologia consolidada para se analisar, discursivamente, o gênero canção (letra e música). Por isso, propõe-se aqui uma pesquisa de natureza qualitativa com caráter interpretativista analítico-descritivo, composta por etapas de análise. Primeiro, será feita a descrição do objeto, que vai do material que lhe serve de suporte físico à sua “aparência” geral, e inclui um levantamento sumário dos elementos essenciais de suas esferas; depois, será realizada a análise discursiva do corpus e ao final, chegar-se-á à interpretação propriamente dita. Todavia, a apresentação do exame do objeto não necessariamente seguirá ou mostrará passo a passo o percurso e os resultados dessa seqüência, pois terá como objetivo final o todo discursivo. A teoria que fundamenta este estudo encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição: a filosofia dialógica da linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov e, em especial, as concepções de diálogo, sujeito, autoria, exotopia, cronotopia e gênero. Acredita-se que o empenho em refletir e descrever o gênero canção a partir da produção intergenérica, interdiscursiva e intertextual; por base da arquitetônica e composição de estilo de Marisa Monte com o intuito de alcançar, o mais profundamente possível, sua

A ARQUITETÔNICA DIALÓGICA DE MARISA MONTE: UMA ANÁLISE

DISCURSIVA DO ESTILO INTERAUTORAL COMPOSICIONAL DE SUAS

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gêneros” em constante diálogo. Por fim, justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de produção, circulação e recepção da contemporaneidade, tendo como norte específico à composição da canção como discurso intergenérico, que transita em diversas esferas de atividades distintas e, em especial, a cotidiana pela qual, Marisa Monte em diálogo, possivelmente reflete um ícone singular de representação brasileira.

(9)

Nesse artigo confrontaremos a Bíblia com o conceito de clássico abordado por Ítalo Calvino em “Por que ler os clássicos”. O objetivo é ler o texto bíblico enquanto literatura e demonstrar o diálogo entre os campos de conhecimento.

A obra de Calvino apresenta critérios como universalidade, atemporalidade, releituras, formação intelectual, menção ao livro de origem, reutilização de temas, narração da história de um povo e tratamento dos dramas da vida humana, dentre outros conceitos que possam estar presentes nos textos considerados clássicos. Identificamos no texto bíblico tais critérios, por isso o consideramos uma matriz de conhecimento que influenciou a literatura e a mente humana ocidental ao narrar a história do povo judaico-cristão, ao inserir no fluxo histórico um personagem chamado Deus que influencia a mente ocidental desde há muito tempo até os dias de hoje e por comportar o conceito de universalidade que faz com que o texto conviva em mundos paralelos ao tratar de situações verossimilhantes a dos seres humanos de qualquer época.

A leitura literária da Bíblia se propõe a desvendar e interpretar a complexidade da alma humana e não propagar as ideias de nenhuma instituição ou religião que vive sobre dogmas diferenciados. A literatura, portanto se propõe a estudar o papel da narrativa bíblica sem estar sob o domínio religioso, mas constatando a riqueza literária presente na Bíblia que se encontra a disposição de todos que estão dispostos a lê-la independente da religião.

Sendo assim, a Bíblia pode se inserir na perspectiva literária, pois é formada por conteúdos característicos de variados gêneros, como: narrativa romanesca, poesia, orações, sermões, ensaios filosóficos, oráculos, poemas, cantos de amor, cartas, fragmentos de epopeias, dentre outros. Pode ser classificada como um clássico por carregar em si características literárias que influenciou direta ou indiretamente em outras obras.

Podemos então ratificar nosso estudo ao nos debruçarmos sobre a recorrência de diálogos que vários

A BÍBLIA ENQUANTO LITERATURA

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é o grande herói. O que importa ao perceber a recorrência da influência do texto bíblico nos diversos gêneros literários, não é analisar se os autores concordam ou não com a visão de religião oficial, mas sim demonstrar que diversos autores, de diversas épocas e lugares, bebem em uma fonte comum, a Bíblia, uma matriz que gerou ramificações dos textos sagrados na literatura.

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O presente trabalho tem por objetivo estudar a formação da alma brasileira sob a perspectiva do analista junguiano, Roberto Gambini. O texto base para tal trabalho é a Carta de Pero Vaz de Caminha, visto que relata o primeiro contato entre dois povos de culturas distintas fazendo surgir através da vinculação uma nova cultura. A literatura como espaço não só de encenação da história do Brasil, mas também como pensadora e investigadora da identidade nacional.

Este trabalho está inserido no Projeto Literatura e Sagradoda Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Tal projeto, sob à luz da Psicologia de Jung, utiliza conceitos produtivos para o estudo do diálogo entre o literário e o sagrado

Através do primeiro documento sobre o Brasil, escrito por colonizadores, de que se tem notícia, A Carta de Caminha enviada à D. Manuel I, pelo escrivão da frota de Cabral, discutiremos aspectos da formação da “alma brasileira” (Gambini, 2000). Formação no sentido de cooptação de toda uma civilização já instalada e altamente adaptada aqui, levando a um processo brutal e eliminatório de sobreposição de uma cultura sobre a outra.

O trabalho está dividido em três etapas, sendo elas: a perspectiva dos viajantes lusitanos no primeiro contato com os povos nativos; a impressão dos nativos ao verem as naus chegando a seus mares (a ser intuída para além da Carta de Caminha)e finalmente as projeções nascidas entre estes dois olhares,emergindo assim a alma brasileira. Para Gambini, em seu livro Espelho Índio (2000), esse encontro realizou-se para os conquistadores, além do Mito do Paraíso Perdido, outro mito de importância singular : o mito de Eva, projeção fálica do povo português ao ver aquelas mulheres gozando de tão boa saúde e tão originalmente despreocupadas com a nudez.

A índia, mãe do brasileiro, foi estuprada e renegada, nem mesmo sua língua podia os seus filhos ensinar. A autoridade disfarçada de bravura, a tirania apavorando a todos, a ausência, descrevem as características do português, pai do brasileiro, que nas palavras de Darcy Ribeiro é um João-Ninguém,

A CARTA DE CAMINHA E A FORMAÇÃO DA ALMA BRASILEIRA

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É visível que, ao longo dos anos, a sociedade em que estamos inseridos vem se modificando. Essas transformações ocorrem de tal modo que o sujeito é diariamente bombardeado com inúmeros discursos, ideologias, ideais, informações que são constantemente despejadas no, e pelo mundo globalizado. Destarte, o sujeito sente dificuldade em constituir a sua individualidade, para buscar a sua própria identidade. Somos tantos e operamos tantas coisas ao mesmo tempo, que se torna cada vez mais difícil definir quem somos. Assim, nos vemos diante da problematização da construção da identidade pela estética do Pós-Modernismo. Diante de tal investigação, optou-se pela análise comparada de dois romances que foram escritos na década de oitenta, sob o viés da estética mencionada, por possuir características Pós-Modernas. O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago, publicado em 1984, pode trazer à tona a construção do sujeito de Ricardo Reis. Tornando-se extremamente interessante justamente pelo fato de formar o sujeito Ricardo, como sendo real, ao tempo em que sabemos que esse se trata de um dos principais heterônimos do poeta Fernando Pessoa. Essa constituição é formada ao passo em que o discurso é manipulado. A sua comparação com Vida e época de Michael K., de J. M. Coetzee, publicado em 1983, enriquece o trabalho e a interpretação das duas obras. Visto que, a última também trata da constituição do sujeito. No entanto, essa se dá de forma diferenciada, pois Michael está inserido em uma sociedade totalmente diferente, o ele, não tem vez e nem voz. A partir disso, percebemos como o Pós-Modernismo deseja evidenciar a presença de um sujeito fragmentado, que ainda procura formar a sua identidade. A partir da análise comparada, é possível aproximar duas realidades e dois sujeitos opostos, observando como as semelhanças e as diferenças dos dois romances possibilitam um aprofundamento no entendimento do tema. Compreendendo um estudo mais profundo do discurso como elemento fundamental na construção do sujeito.

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO PÓS-MODERNISMO

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O romance The GreatGatsby (1925), de Francis Scott Fitzgerald, aborda a questão do Sonho Americano e mobilidade social. As duas premissas foram enraizadas no coração da sociedade norte-americana com a chegada dos primeiros imigrantes que se estabeleceram na América no século 18, vindos de uma conturbada Inglaterra. Em solo americano, finalmente, uma maior liberdade de crença, culto e a possibilidade de melhorar de vida se tornou viável. O romance tem como personagem principal Jay Gatsby, um jovem e solitário milionário cujo passado é desconhecido.Gatsby tem o costume oferecer luxuosas festas em sua esperança de que seu antigo amor, Daisy, compareça e reate seu antigo romance. Seu apego às coisas materiais o blindava de relações verdadeiras, trazendo pessoas desconhecidas, que não faziam questão de conhecer o anfitrião de tais cerimônias. Toda riqueza de fato, trazia uma ilusão à vida de Gatsby, que cada vez mais se fechava em seu próprio mundo imaginário. Nesse sentido, o objetivo de minha apresentação é investigar de que modo a ideologia do Sonho Americano contribui de modo positivo ou negativo para a formação do cidadão americano, e, em especial, do personagem Jay Gatsby no romance em análise. Quais são as possíveis implicações da busca pela concretização do Sonho Americano e da subsequente mobilidade social? Será que esse sonho é realmente vivido ou a vida do indivíduo se torna uma tragédia? Parto do principio de que a face dual que o conjunto de ideias que o Sonho Americano possui cega, torna superficial e destrói o ser, principalmente em suas relações humanas.O ser humano passa a amar as coisas e usar as pessoas como artifício para se viver o tal “Sonho Americano”.Nesse panorama é também de grande importância buscar entender como Fitzgerald se situava no contexto da época e como isso o ajudou a desenvolver o romance.Para entender a personagem Gatsby é válido também compreender como Fitzgerald se situava no contexto da época do Jazz e como o mesmo elaborou a estrutura do romance, trazendo-nos exemplos de marginalização, abusos e desesperanças. Desesperanças essas que correm aos olhos do próprio autor da obra, sugerindo que o romance seja uma possível narrativa autobiográfica de si mesmo.

A OPOSIÇÃO DE FACES DO SONHO AMERICANO NA DÉCADA

DE 1920 EM THE GREATGATSBY

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O presente estudo foi desenvolvido entre setembro a novembro de 2011. O interesse em estudar a realidade campesina surgiu a partir dos relatos das/dos professoras/res da escola rural que também são graduandas/os da UFPE campus agreste também localizada na zona rural para atender aos alunos que moram no interior do estado. O estudo teve por objetivo perceber como se dá o processo de produção textual escrito em uma escola do campo no interior de Pernambuco, respeitando a cultura, a identidade, e o contexto histórico-social dos sujeitos do campo. Ao escrever o aluno está agindo, argumentando, expondo pontos de vistas, sentimentos, enfim, está numa constante interação dialógica, social e cultural.

De acordo com Marcuschi (2005) “a mente não se desliga do corpo e está situada em contextos físicos, sociais e históricos, carregado de cultura e vivências”. A produção textual escrita de um sujeito é um processo organizacional de concepções e expressões individual e cultural que expõe as características próprias da identidade.Acredita-se que a escola deve respeitar os fatores sociais dos alunos campesinosporém, garantindo eles tenha também acesso a norma padrão da língua portuguesa. A partir desta compreensão, temos como questão/problema: como é tratada as condições de produção textual dos estudantesno 5º ano do ensino fundamental? E de que forma estes estudantes/autores interagem na produção textual com sua realidade do campo?

Quanto à metodologia o trabalho desenvolve-se numa perspectiva qualitativa que segundo Patton (1986) é a descrição detalhada de situações e de interações entre as pessoas,análise de material utilizado pelo professor e o material produzido pelos(falta aumentar)

Os textos produzidos pelos discentes, parece demonstrar de forma tímida características de suas vivências campesinas como alguns léxicos que retomam a identidade e o território do campo, a exemplo de expressões como “gravetos, frutas, verduras” bastante encontradas em seus texto;bem como detecta GRANDE INCIDÊNCIA do uso de uma linguagem artificial, condizente com modelos e estereótipos de livros didáticos, tais como “Era uma vez”, “Certo dia”.Mediante estes exemplos evidencia-se uma rotulação para início de redações uma imitação das histórias fictícias em que o aluno está escrevendo para atender ao ritual escolar, usando uma estratégia linguística muito formal para agradar quem vai

A PRODUÇÃO DE TEXTO ESCRITO POR ESTUDANTES DO 5º

ANO NA ESCOLA DO CAMPO: EM BUSCA DAS MARCAS IDENTITÁRIAS

NO AGRESTE PERNAMBUCANO

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corrigir (o professor). Góes e Smolka (1992) se referem quando explicitam que:

O propósito é o exercício; o destinatário é o professor, que vai corrigir e avaliar segundo certos critérios; a consequência é a informação sobre a qualidade do desempenho na tarefa. Empobrece-se a noção de interação e estreitam-se as possibilidades de destinação e repercussão do que foi escrito. (p. 63).

Estas produções artificiais distanciam os alunos da concepção de que “a mente não se desliga do corpo e está situada em contextos físicos, sociais e históricos, carregado de cultura e vivências” MARCUSCHI (2005).

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Os manuscritos traduzem as linguagens e as tradições do “local”, no qual ele está inserido. Ao analisarmos o caderno nos deparamos com um auto-retrato das tradições familiares, que emolduram as famílias de uma região. Os manuscritos culinários são geralmente considerados como um objeto de pouco valor, não passando de um objeto do cotidiano de donas de casas, enfadas por vivenciarem um estilo de vida monótono e sem grandes méritos. Ao debruçarmos sobre os cadernos de receitas, nos deparamos com um universo à parte, no qual esses “seres menores” deixam registrado o seu legado. Encontramos um mundo imaginário, onde ingredientes se misturam em uma dança de sabores. Ao analisarmos um manuscrito culinário podemos desvendar a história da família da qual ele provem, com uma riqueza de detalhes que mexem com os sentidos e que despertam as mais remotas lembranças. A partir do recolhimento e estudo minucioso dos cadernos, pode-se construir uma cartografia do espaço e é isto que encontramos nos manuscritos culinários da região do Brejo paraibano. Deparamo-nos com cadernos recheado de traços socioculturais e históricos, de um Nordeste esquecido. Marcado por engenhos e suas senzalas. As receitas permitem estabelecer uma margem parcial da quantidade de pessoas que compõe as famílias que nos cedem os cadernos para a pesquisa, assim como e o período histórico no qual elas estão inseridas e os aspectos econômicos da região. As receitas descrevem a relação da civilização com a natureza. Ao ser analisado o caderno de receita nota-se que estado na época da globalização e de uma sociedade. A cozinha permite codificar, em um repertório estabelecido e reconhecido as práticas e as técnicas elaboradas em determinada sociedade (Dmontanari, 2008:62). Outro ponto de suma importância e a tradição discursiva. Os signos linguísticos que compõem o espaço das cozinhas permeiam o imaginário de quem o compõem. de uma região onde as receitas que contém o ingrediente açúcar como seu carro chefe. Tal gênero alimentício é fortemente marcado nas receitas, devido ser fácil acesso. Outro fator importante dos manuscritos é que estes demonstram a intimidade das casas e de suas articulações com a memória. A pesquisa tem como corpus a analise de trinta cadernos de receitas do século XX e da primeira década do século XXI da região do Brejo do estado da Paraíba, atualmente encontra-se analisado dez cadernos. Um dos aspectos é o levantamento, seleção e fichamento de textos teóricos. A coleta do corpus – manuscritos de receitas culinárias – é realizada em número de dez nos acervos particulares, observando os seguintes critérios: mesorregião, cronograma, autoria e idade, assim como a elaboração de um catalogam atualizadas com os textos

A TRADIÇÃO DISCURSIVA NO IMAGINÁRIO DO MANUSCRITO CULINÁRIO

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identificados na pesquisa em Compact Disc (CD). Os manuscritos serão digitalizados e arquivos em página no ciberespaço, para disposição de pesquisadores. Após a descrição das receitas e suas funções será feita a análise e, posteriormente e sistematização dos resultados para a organização de um catálogo.

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O presente trabalho pretende levar à reflexão sobre identidade e alteridade, abordando as questões de consciência social que a obra A hora da estrela, de Clarice Lispector apresenta em sua construção. Será vista a questão da identidade do eu, tomando como ponto de partida as imagens estéticas dos personagens bem como o sentido de cada um no mundo desta obra literária, seus valores como pessoas visual e socialmente excluídas da sociedade. A modernidade e alteridade tornam-se relações complexas e intensas, que levam à dependência ou clausura final. São abordados, criticamente, aspectos da sociedade modernista, acentuando as questões de valores e hierarquias sociais pela introspecção de Clarice Lispector. O romance A hora da estrela é uma literatura contra a ordem dominante (literatura modernista) que assume uma posição contra-cultural, possuindo ainda uma certa marca de negativismo. A obra causa impacto na crítica nacional e internacional pelo seu caráter social. Introduz o tema do Brasil e sua identidade no que tange a vida de muitos brasileiros espalhados pelo país que se encontram na mesma situação de sua personagem principal, Macabéa. O tema do nordestino e a presença dos rastros de um Brasil profundo fazem com que a obra seja referência no que diz respeito a crítica social, sobre a questão de hierarquia, posição de classe e as lutas de classes.

Com o livro, a autora traz o pobre para o centro da literatura e levanta a reflexão sobre o caráter existencial sociológico: o problema do outro, a questão das vidas menores, das pessoas anônimas da cidade, o anti-herói, as pessoas cotidianas, a marginalização. Clarice dedica esse livro a essas pessoas invisíveis para a sociedade. Toda a trama tem como cenário o Rio de Janeiro. Os elementos da alteridade, sendo que esta parte do pressuposto básico de que todo homem social interage e interdepende de outro homem social, estão presentes no romance como formas de reivindicação, denúncia e atenção ás causas sociais dos miseráveis no mundo. A modernidade nos propõe experiência social, transformação de valores e ao ler A hora da estrela nos confrontamos com a dura realidade de muitos que não são favorecidos pela sorte, e isso nos remete à exclamações, indagações, reflexões sobre o real sentido de existir. A experiência da alteridade é uma identificação com o ser oposto, com o qual reproduzimos uma identidade. Resultados: uma identificação concisa de seus leitores menos favorecidos com sua nordestina e uma reflexão de seus leitores cultos para as questões que permeiam sua própria sociedade em seu caráter humanista. Clarice faz uso de um discurso regionalista e em A hora da estrela ela foge do “hermetismo” característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da

ALTERIDADE, CULTURA E CONSCIÊNCIA SOCIAL: QUESTÕES ABORDADAS

EM A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR

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segunda geração do modernismo brasileiro.

Dentro desta perspectiva este trabalho pretende estimular o pensamento crítico sobre os aspectos de identidade e alteridade, tendo em vista os deslocamentos geográficos e culturais, as questões de gênero, bem como as questões de hierarquias e as relações de poder.

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A cultura popular brasileira, sobretudo a maranhense, é caracterizada pela diversidade – variedade de cores, sons, ritmos, sabores e falares, apresentados em manifestações folclóricas. Ao lado dessas manifestações culturais, embora bem menos conhecida, está a prática de compor pregões para anunciar produtos no comércio, com o intuito de conquistar a freguesia. Ao som de rimas criativas embaladas por músicas leves e despretensiosas, os pregoeiros movimentaram o comércio maranhense do século XIX. Embora tenham contribuído para a formação da identidade cultural e econômica do Estado, atualmente pouco se sabe acerca da origem e importância dos pregoeiros. Considerando esta realidade, este estudo tem por objetivo registrar a história dos pregoeiros, bem como sua rotina de produção e venda, por meio da análise dos seus pregões. O estudo, que tem como foco a relação língua / cultura, seguiu os princípios teórico-metodológicos da Etnolinguística. A amostra utilizada neste trabalho é constituída por quinze pregões do corpus obtido a partir do registro feito por Bogéa e Vieira, na década de 80, em São Luís. A análise se volta para a língua tentando apreender, a partir desta, a realidade cultural de São Luís e o fazer dos pregoeiros. Os resultados evidenciam o uso marcante da metalinguagem referente ao próprio ato de vender; de vocativos e linguagem informal, que contribuem precipuamente para persuadir a clientela; da ocorrência de hipérbato, com o intuito de enfatizar o produto apregoado, e de incisiva repetição da mercadoria apregoada a fim de dar ênfase ao produto posto à venda, como observado nos pregões a seguir: “Quando o dia amanhece/Saio gritando o meu pregão/Meu pregão é a minha prece/Prece, vida, meu irmão.”; “Seu José, seu Portela/Venham comer pamonha/feita pela Nhá Ela.” e “É o derresó, é o derresó, minha gente, que estou vendendo”. As escolhas lexicais feitas pelos pregoeiros dão ao conhecer informações sobre a preparação dos produtos e dos utensílios utilizados em sua venda: “Minha irmã/Quem rala o coco/Mãe Zabé que rala o milho/Eu me encarrego da lenha/A Francisca da cozinha/Mas, na hora do tempero/Quem tempera é a Dindinha”, “Uma palha de Juçara/Ela sempre traz à mão/Grossa rodilha à cabeça/Pra firmar o panelão/Um prato grande de estanho/Tapando a mercadoria/Xícara pequena com asa/Pra servir a freguesia.”. Como se pode constatar, a análise da língua usada pelos pregoeiros – os arranjos linguísticos, a seleção lexical – é fundamental para entender-se como o grupo social, foco deste estudo, lê / interpreta o universo em que se insere.

ANTÔNIO VIEIRA E LOPES BOGÉA: UM OLHAR SOBRE

OS PREGÕES DE SÃO LUÍS

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Amparado ao conceito de Novas Diásporas de Gayak Spivak e ao conceito de Cosmopolitismo de James Clifford, o trabalho discute o “sense of belonging” em The “Thing Around Your Neck”, da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Gayak Spivak afirma que os movimentos migratórios da atualidade põem em evidência e eventualmente transformam conjuntos ideológicos, sociais e culturais que operam nas relações de gênero. Essa relação com os mecanismos acima citados aparecem no texto de Adichie uma vez que, quando se muda da Nigéria aos EUA, a personagem principal, Akunna, deve escolher entre sucumbir ao sistema para ser bem sucedida como sua família espera ou seguir seus princípios - ou seja, o que forma a sua identidade – e não superar estas expectativas. Sua família está convencida de que em pouco tempo, Akunna terá um carro e uma casa grande, mas para que isso aconteça, ela deve desistir de muitas coisas para ganhar outras, como explica o tio com quem ela mora nas primeiras semanas.

Na perspectiva cosmopolita de Clifford, a identidade não pode ser relacionada apenas a um determinado local, mas também à experiência do sujeito, à deslocação e as ligações do indivíduo. Sob esse aspecto, além de sentir-se sufocada neste novo espaço, após descobrir que seu pai morreu há mais de dois meses Akunna opta por voltar à Nigéria.

É importante apontar que o texto é escrito em segunda pessoa. Este recurso aproxima ainda mais o leitor, causando mais facilmente as sensações de Akunna para o leitor. O recurso também pode ser interpretado como parte de um aviso ou um conselho sobre a situação real dos imigrantes na “América”.

O texto apresenta uma experiência contemporânea da diáspora feminina, expondo os resultados da diáspora em uma circunstância majoritariamente cosmopolita em que a personagem principal não consegue se identificar com esse novo lugar, deixando que o sentimento de pertencimento do lugar de origem fale mais alto.

AQUILO QUE SUFOCA: COSMOPOLITISMO E DIÁSPORA EM “THE THING

AROUND YOUR NECK” DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

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O pós-modernismo e a pós-modernidade são campos recentes e muito amplos, por isso são foco de muitos debates e discussões, tanto no seu aspecto político, quanto econômico, cultural e artístico. Desta forma, é um problema político e social, quando falamos da sociedade e do sistema econômico atual, e um problema estético no que se refere às diversas formas de arte pós-modernas.

No que concerne à literatura, o que o pós-moderno faz é aceitar e interrogar: aceitar e debater as diferenças, observar e dar voz à margem (ou ex-cêntrico), ver o fragmento como um todo e o todo como um fragmento, ouvir e refletir sobre as vozes da história, desafiar aquilo que é aceito como verdade. Enfim, refletir e questionar a realidade.

Dito isso, o presente trabalho faz uma leitura comparada sob a luz do pós-modernismo entre os romances: Em Liberdade, do autor brasileiro Silviano Santiago, e Respiração Artificial, do argentino Ricardo Piglia, ambos publicados na década de 80, apogeu da literatura pós-moderna. Cabe ressaltar que a literatura comparada é uma estratégia de investigação literária que coteja duas ou mais literaturas e que possibilita um amplo campo de estudos. Além disso, destaca-se que a comparação é sempre um instrumento, um meio, e não um fim. Aqui, os estudos de literatura comparada são um meio de efetuar os estudos sobre nosso objeto maior: a pós-modernidade.

O trabalho busca analisar as semelhanças e diferenças entre os dois textos citados e aceitos como pós-modernos. Bem como, procura mostrar, por um viés literário, mais a respeito desse movimento fragmentado, multifacetado e questionador, centrando-se, para tanto, na leitura cruzada dos dois romances mencionados.

O trabalho aborda temas e recursos literários caros à chamada ficção pós-moderna. Assim, na análise dos romances podemos constatar que questões sobre a realidade e a verdade, o conhecimento histórico, a referência histórica e literária, a autorreflexividade, a narratividade, as ideologias, as relações políticas e de poder, entre outras questões, são problematizadas. Tais características, na acepção da teórica canadense Linda Hutcheon, levam à caracterização das obras como metaficções historiográficas, e as insere, por conseguinte, no âmbito das produções literárias pós-modernas ou contemporâneas.

Por fim, cabe afirmar que o presente trabalho comprova a complexidade e a pluralidade acerca do pós-modernismo e suas produções literárias. Motivo pelo qual há um leque enorme de definições e concepções contraditórias a seu respeito. Desta forma, o pós-modernismo e suas respectivas produções

AS FICÇÕES DE PIGLIA E SANTIAGO NO ENREDO PÓS-MODERNO

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mostraram ser um campo amplo, complexo, extremamente produtivo, e portanto, merecedores de atenção e de estudos ainda mais elaborados.

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Este estudo pretende investigar a encenação de histórias presentes em Fogo Morto (1943) e como a literatura regional de José Lins do Rego universaliza conflitos que constituem a existência humana, como a busca por uma identidade ou mesmo o remoer de memórias que constituem toda uma vida. O contexto em que as histórias são tecidas não pode/deve ser desconsiderado, contudo, o diálogo descrito aqui não se limita ao ciclo da cana-de-açúcar nem às cenas dos engenhos. A proposta consiste em analisar as três partes do romance e seus respectivos personagens: Mestre José Amaro, Lula de Holanda e Capitão Viturino. Três homens que, apesar de representarem posições sociais distintas, comungam de desgraças semelhantes. A incessante busca pela identidade e as crises dos protagonistas são apresentadas à luz dos estudos de Stuart Hall que fundamentam as discussões sobre o processo de reconhecer-se e reconstruir-se na pós-modernidade, embora se tenha como objeto de pesquisa uma obra do início do século XX, são formas de aproximar discursos e eleger a produção literária de José Lins do Rego como atemporal, considerando a universalidade das tramas interiores e subjetivas. A literatura, livre de qualquer pretensão e carregada de possibilidades, permite uma ressignificação coletiva, a partir de leituras particulares. Pretende-se neste trabalho promover o dialogismo entre leitores e obra, ao conceber esta literatura como um recurso libertador, capaz de envolver os leitores nos cernes das questões, de modo a instigar o autoconhecimento e (re)pensar suas mazelas interiores. A teoria da recepção encontra-se como pano de fundo para as abordagens entendendo a atividade artística como uma atividade produtora, receptiva e comunicativa, defendida por Hans Robert Jauss. Indo de encontro à tradição, Jauss busca compreender como funcionam as ressignificações na experiência de fruição da obra de arte e acredita que esta não pode ser privilégio dos especialistas, limitando a experiência estética a interpretações ou eventuais intenções do autor. Acredita-se, pois, que o estudo sobre as condições que circundam a experiência da recepção literária transcende a hermenêutica.

AS NARRATIVAS DE FOGO MORTO (1943): UMA BUSCA DA

IDENTIDADE POR MEIO DE MEMÓRIAS

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Essa pesquisa tem como objetivo descobrir os motivos dessa relação. E no que essa relação contribuiu para o desenvolvimento do nosso país. Dentro de um contexto histórico em que a Áustria atravessava nessa época, descobriremos no que o Brasil pôde contribuir de forma direta para a Áustria.

Analisando documentos tais como: Correio Braziliense, que era o jornal que circulava na época do Império, o livro de Ezequiel Stanley sobre a relação da Áustria e o Brasil, um artigo da prof..: Úrsula Prutsch que estuda há um bom tempo sobre essa relação Áustria x Brasil em Viena. E o livro de Friedrich Von Weech que é a respeito dessa imigração em massa para o nosso país. Fora outros livros complementares que poderão ajudar no desencadeamento da pesquisa tal como o livro de Edward Carr : “Que é história?”, como também teses de mestrado sempre voltados pra essa temática em estudo. Ao longo das pesquisas teremos as expansões marítimas como uma base de apoio para entendermos toda a relação precedente dos países em estudo.

Através do cotidiano, os alunos de Ciências Humanas estudam a história do Brasil de uma forma fragmentada; ou seja, de um modo que alguns detalhes importantes que mudaram o rumo da nossa história passaram despercebido. Sem contar que esse estudo facilitará não só estudantes de história, mas também os mesmos em Letras/ Alemão, que terá oportunidade de conhecer como a Alemanha se comportava frente à um país em expansão comercial e política como o Brasil Imperial.

Sou aluna de Letras/ Alemão na UFRJ.Também faço parte do LIEDH (Linguagens e Discursos Históricos) que é um grupo de pesquisa aqui da Faculdade de Letras, meu projeto está no site: www. liedh.ufrj.br, sem contar que toda a minha informação acadêmica está no Lattes: www.lattes.cnpq.br . Também faço Iniciação Científica, sem bolsa,com o Prof. Dr. Luis Barros Montez sobre esse tema que foi citado acima. Que por sinal é o organizador geral do LIEDH. Este grupo é destinado aos estudos de relatos de viajantes europeus para o Brasil, o que é relevante para a minha pesquisa central.

Sempre meu interesse foi voltado para os estudos ligando o Brasil com a Europa , especificamente a Alemanha.Comecei pesquisando sobre a Colonização alemã no estado do Rio de Janeiro em que o

AS RELAÇÕES BRASIL E ÁUSTRIA NO CORREIO BRAZILIENSE (1808-1822)

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Império. Esse estudo abrange vários ramos de outras pesquisas que podem ser feitas. E também no acúmulo de cultura que o leitor se utilizará dentro do seu meio de trabalho (especialmente professores de geografia e história) e também para outros profissionais ,como por exemplo turismólogos ,que necessitam saber do passado do local e da história em um contexto mais ampliado.

E os motivos que levou-me a pesquisar esse tema é por ter muito a ver com a área da qual futuramente exercerei que é no Turismo. E dentro desta área de letras em alemão, meu curso atual, pude aproveitar conhecimentos que ajudaram-me a decidir por este tema. Além de um conhecimento geral , também irá enriquecer meu conhecimento na língua lema haja vista que terão alguns documentos em alemão de relatos de viajantes que terei que traduzir. E também irá tornar-me uma profissional com um diferencial no mercado de trabalho, mesmo que eu venha dar aulas de alemão em colégios.

As contribuições teóricas que essa pesquisa traz são conhecimentos dos fatos por meio da literatura e até da poesia. Os viajantes relatam sobre o Brasil, ora por meio de poemas ou em forma de diário. E esses poemas eram sempre enaltecendo as paisagens que eles encontravam aqui no Brasil, especificamente na Costa Brasileira. E quanto à literatura, sempre vemos uma escrita com tendências ao português europeu mas sempre descrevendo de forma erudita os acontecimentos. Desde a vinda dos colonos alemães até relatos de como foi a viagem de navio da Europa até o Brasil.

A cultura miscigenada que é a identidade do nosso país, é comprovada através dessa pesquisa. E podemos encontrar essa relação estreita política e econômica dos países europeus com o Brasil,que geralmente não são mencionados nos livros didáticos de história. Digamos que, seja um recorte da história, no período do Império para entendermos profundamente o que se passava, refletido até hoje no nosso país.

Um dos questionamentos que sempre a maioria das pessoas que vão para a Região Serrana por exemplo é: “Por que aqui não parece o Rio de Janeiro? Aquela metrópole agitada?”.Tudo tem uma explicação. E ainda: Porque D. Pedro II casou-se com Leopoldina que era austríaca, e porquê?. O Rio de Janeiro sendo um dos estados que mais contribuem para o PIB do Brasil. E porque a maior parte provém da Região serrana ?.

São questionamentos válidos para serem discutidos e analisados, pois a nossa sociedade deve e muito à esses colonos que saíram de seu próprio país a fim de crescerem economicamente nas terras brasileiras. E o professor, ou por exemplo, o turismólogo terá uma base suficiente para utilizar a história como um objeto de esclarecimento para a sociedade.

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nunca é definitiva. Mas sim um levantamento de futuras hipóteses para entendermos o presente. Logo, a pesquisa tem diversas hipóteses a serem descobertas. E os resultados são favoráveis para entender por exemplo porque somente a Alemanha e a Áustria foram países que estreitaram relações com o Brasil, tendo um possível interesse em crescerem economicamente expandir a economia, haja vista que o nosso país estava em ascensão no expansionismo Marítimo de imigrantes. Por isso essa pesquisa sempre será relevante para o meio acadêmico e até para profissionais no mercado de trabalho.

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As relações simbólicas – os enunciados, propriamente ditos – perpassam todos os meios de interação em sociedade. As formações discursivas (FOUCAULT, 2010) seguem essas relações que diversas vezes trazem à superfície linguística preconceitos formados historicamente. A construção das identidades de gênero, campo discursivo “pantanoso” e quase sempre polêmico, pode ser considerada cheia dessas interações preconceituosas e desiguais. Em nosso trabalho, abordaremos os preconceitos endereçados ao gênero feminino.

A mulher sempre foi mais vitimada dentro do jogo de identidades e imagens. Há, em torno da figura feminina, toda uma construção ideológica (ORLANDI, 2012) que a define como “sexo frágil”, “inferior ao homem”, “objeto sexual”, além de “cuidadora do lar”. Apesar das tentativas de modificação dessas imagens historicamente construídas, a mulher ainda hoje sofre preconceitos. Através da análise de algumas letras de música, poderemos perceber como essas representações preconceituosas ainda fazem parte de nosso imaginário.

Por meio do arcabouço da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, procuraremos expor quais são os discursos que constroem a imagem da mulher na sociedade; que tipos de “jogos” de poder são instituídos como sendo pertencentes a ela, além de abordamos os deslocamentos de sentido que sua identidade sofreu nas últimas décadas.

Para alcançarmos o nosso propósito, trabalharemos com um corpus em que são analisadas letras de música dos seguintes estilos musicais: samba/pagode, funk e rock – pois acreditamos serem os ritmos mais populares atualmente. Procuraremos verificar seus pontos de semelhança e diferença, além dos deslizamentos de sentido que elas trazem em relação aos discursos que perpassam o senso comum. Como corpus auxiliar, abordaremos também sobre alguns projetos de lei, tais como o PL 19.203/2011, da deputada estadual baiana Luiza Maia (PT), que proíbem o uso de dinheiro público em apresentações de bandas que possuam em seu repertório músicas que desvalorizam ou constrangem as mulheres, além da grande polêmica ocasionada pela publicação desse documento.

Tratando sobre esse tema, buscamos trazer alguma contribuição aos estudos sobre “identidades, culturas, imaginários e territorialidade”, pois procuraremos explorar, através das manifestações linguísticas – enunciados –, os sentidos que são construídos/desconstruídos sobre a representação feminina dentro das relações de gênero em nossa sociedade.

AS RELAÇÕES DE GÊNERO: REPRESENTAÇÕES FEMININAS

EM LETRAS DE MÚSICA

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A poesia portuguesa no período da modernidade tem Fernando Pessoa como expoente. A poesia pessoana caracteriza-se por uma grave preocupação existencial. Dentro dessa temática, saltam aos olhos alguns aspectos filosóficos: a subjetividade, a temporalidade, o niilismo (descrença absoluta), a finitude, a contingência, a autenticidade, a solidão existencial, a escolha, o estar no mundo, o estar próximo da morte e o fazer a si mesmo. Apontamos todos estes aspectos para o eixo temático IDENTIDADES, CULTURAS, IMAGINÁRIOS E TERRITORIALIDADE na qual notamos a alteridade e a identidade plural do poeta português que não apresentou um sistema filosófico, no entanto recorreu à filosofia para enriquecer seu lirismo poético. Seguindo um enfoque existencialista, corrente de pensamento da modernidade entre guerras, tentaremos apenas constatar traços filosóficos e jamais enquadrar o poeta na corrente de pensamento da filosofia da existência que durante as décadas de 1930 e 1950 designou uma corrente literária surgida na Europa que obteve grande divulgação de Jean-Paul Sartre. Adotaremos a metodologia seguinte: procederemos a uma crítica hermenêutica, com recorrências a soluções ontológicas. Primeiramente, faremos uma explicação do processo de criação de heterônimos, e logo depois, analisaremos as poesias do ortônimo (Fernando Pessoa, ele mesmo) e dos principais heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos), baseando-se nos estudos de Linhares Filho (1982). Por fim, faremos correlações com os pensamentos dos filósofos existencialistas oriundo de estudos historiográficos de Giles (1975) e Giordani (1976). Em suma, em toda a obra pessoana, são notáveis laivos de pensamentos dos filósofos existencialistas, como: Jean Paul-Sartre, Martin Heidegger, Gabriel Marcel, Kierkegaard, Friedrich Nietsche.

ASPECTOS EXISTENCIALISTAS EM FERNANDO PESSOA

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Em todo percurso da obra de Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007) verifica-se o estabelecimento de um diálogo intenso com o legado artístico, histórico e filosófico da tradição ocidental. Essa interlocução em sua obra engendra uma produção poética excessiva sobre a arte em geral. Desde sua estréia com Morfismos, na revista-movimento Poesia 61 (1961), até sua última obra Cenas vivas (2007), Fiama procura pensar as questões da linguagem em sua caris artística, tanto na tradição cultural portuguesa, quanto num macro contexto europeu. Em 1978, a autora publica Área Branca, livro de poemas que discute as questões concernentes à produção de sua poética, bem como da portuguesa. Nesse sentido, nosso trabalho tem por conta apresentar uma leitura metalinguística do poema 6 do livro Área Branca, contido e re-editado na antologia poética Obra breve (1991), realizada pela autora. Para tanto, investigamos as questões de natureza da poética em dois planos de abordagem: a poética da poeta e a estética portuguesa sob olhar do poema de Fiama. Em Área Branca, nossa leitura contemplará a descrição de alguns expedientes metalinguísticos, como quando Fiama discute as diferentes esferas da arte, da língua e da linguagem. Dessarte, nosso trabalho se mostra pertinente aos influxos do eixo temático: identidades, culturas, imaginários e territorialidade; uma vez que, a tradição artística do imaginário fundante de nossa sociedade é ocidental. Com efeito, dada a riqueza de exploração metalingüística pôde-se reconstruir um quadro panorâmico da poética contemporânea eivada das vicissitudes e idiossincrasias da poeta. Portanto, com o ensejo de procurar refletir acerca da forma pela qual Fiama Hasse Pais Brandão opera o signo poético, analisamos algumas dessas profusões metalinguísticas acerca da cena das artes plásticas portuguesa, bem como da própria “po-ética” da autora de Área Branca. Consequentemente, nosso trabalho discutirá a relação metalinguística do poema “6” e seu discurso acerca das pinturas de Eduardo Nery e Guilherme Perante, assim como da própria Fiama Hasse, sempre em consonância com a História da Arte e da Sociedade.

Palavras-chave: Fiama. Metalinguagem. Área Branca. Poesia. Artes Plásticas.

DA “ÁREA BRANCA”: PROFUSÕES METALINGUÍSTICAS EM

FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO

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Os romances Linha do Parque (1959), de Dalcídio Jurandir (1909-1979) e, A Hora Próxima (1955), de Alina Paim (1919-2011), retratam a participação proletária feminina em greves importantes do final da década de 1940 e início da década de 1950. Neste sentido, a pesquisa observou as personagens femininas em seus enredos, no que diz respeito ao aspecto da militância, bem como, estabeleceu relações entre a análise do papel da mulher em Linha do Parque e em artigos de Dalcídio Jurandir sobre a militância feminina, publicados no periódico carioca Imprensa Popular, pois o romancista, paralelamente à vida artístico-literária, também participou da história político-intelectual do país a partir do seu comprometimento com as causas sociais, presentes nos textos jornalísticos.

Para tanto, além da leitura e análise das personagens femininas dos romances em questão, houve a verificação do contexto histórico da década de 50, no qual o Partido Comunista Brasileiro (PCB) intervém na produção cultural de seus intelectuais filiados com uma política cultural partidária. De acordo com Moraes (1994), os romances em estudo foram barrados pela censura do próprio Partido. Este fato aponta para a hipótese de que os intelectuais mesmo filiados ao PCB não aceitavam atuar como meros propagadores de uma ideologia partidária, pois, ao aderir à estética da política cultural do PCB - o realismo socialista -, Dalcídio Jurandir e Alina Paim, além de realizar a tarefa da militância como escritores politicamente engajados, também assumiram uma postura de indignação e confronto diante dos problemas sociais que assolavam os trabalhadores da época em que os romances foram produzidos, em especial as mulheres.

E, por intermédio de suas criações literárias, narraram a realidade do operariado, visando fortalecer a consciência proletária no leitor ao denunciar as precárias condições de trabalho as quais estes (as) eram constantemente submetidos (as) e ao expor a transformação da imagem feminina, da passividade à resistência, tanto no lar quanto no local de trabalho, diante de uma sociedade patriarcal e opressora.

DALCÍDIO JURANDIR E ALINA PAIM: DIÁLOGOS ENTRE

LITERATURA E MILITÂNCIA E A PERSPECTIVA FEMININA

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Este artigo pretende, a partir do texto Medeia Zona Morta, de Leticia Andrade, encenado pelo grupo Teatro Invertido , de Belo Horizonte (Brasil), verificar como o teatro, por meio do texto, procura resgatar o mito e/ ou seu arquétipo como fio condutor da sua trama para tratar temas de caráter social, como questões feministas, marginalidade, abandono a partir da cidade.

O trabalho se faz a partir da leitura da obra, analisando a re-invenção do mito a partir da realidade em que ele se insere, contribuindo para a discussão da construção das identidades através da dinâmica política-social da cidade.

DRAMATURGIAS CONTEMPORÂNEAS E A RE-INVENÇÃO DO MITO

DE MEDÉIA A PARTIR DA CIDADE

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A fortuna crítica de Grande Sertão: Veredas por vezes tem se preocupado em desvendar suas referências (literárias, religiosas ou místicas), localizar sua correspondência com a geografia do sertão mineiro ou situar filiações a determinados eixos temáticos da literatura, como o mito fáustico e o romance de formação. Contudo, situar corretamente referências, tradições e correspondências não contribui para demonstrar as potências de Grande Sertão: Veredas. Esses dados sobre possíveis origens na composição da obra somente ganham relevância quando identificamos de que modo os dados de origem foram metamorfoseados para apontar novas possibilidades.

O próprio conceito de sertão, por exemplo, é ainda apresentado como um dos núcleos duros de

Grande Sertão: Veredas, mas merece uma reflexão crítica como modulador. Mais do que um lugar

físico, geograficamente localizável ou uma paisagem, no sentido de percepção mediada pelo recorte subjetivo, o sertão de Rosa é uma terra, um território desterritorializado, em termos deleuzianos. Assim compreendido, esse sertão-terra, sem limites, pode ser enriquecido no cotejo com a tradição literária. As narrativas fáusticas, desde a obra teatral de Christopher Marlowe, apresentam o inferno como um lugar vivenciável na Terra. Quando Fausto pergunta a Mefistófeles onde é o inferno, este responde que o inferno é sem limites, não está circunscrito a um lugar. Esta resposta já foi apontada como uma aprovação de Marlowe a visões heréticas que floresciam na Inglaterra elizabetana. Questionando a punição infernal, questionava-se, por conseguinte, todo o aparato punitivo estatal, que não se dissociava da Igreja.

Na fala de Riobaldo, o lugar sem limites, que está em toda parte, é o sertão. Confunde-se com o inferno na travessia do Liso do Sussuarão. E confunde-se com a própria travessia da vida: “Sertão sendo do sol e os pássaros: urubú, gavião — que sempre voam, às imensidões, por sobre...Travessia perigosa, mas é a da vida”. Desse modo, mais do que uma região geográfica, ou um estado mental, o sertão se confunde com o próprio ato de narrar e com a memória, que reconstitui a travessia vivida:

ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES DO MITO FÁUSTICO EM GRANDE SERTÃO:

VEREDAS – ESPAÇO E LUGAR

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movimento que já vinha se configurando desde Goethe, como já apontado por Haroldo de Campos. Quando Riobaldo afirma que diabo não há, que se for é o homem humano em sua travessia, postula a responsabilidade total do homem diante do vazio e do deserto, pois não há mais Deus, diabo, nem História, somente estórias. O sertão, como um espaço em branco para o narrar, constitui-se, assim, como um espaço de liberdade sobre o qual o homem pode se recriar.

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O folheto de cordel – narrativa popular nordestina – tem como referência territorial os ‘sertões’ do Nordeste Brasileiro. Tal gênero literário teve suas origens na Europa Medieval, e chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses, no século XVI, estabelecendo-se no Brasil no século XIX, quando se tem os primeiros cordéis impressos. O cordel faz parte da literatura do povo. São versos que refletem acontecimentos recentes, figuras políticas, assuntos do fim do mundo, temas de animais, cidades, hábitos e costumes, epopeias e romances. Daí, os próprios poetas populares classificarem como o “ jornal dos sertões”, em épocas anteriores ao “boom” midiático.

A partir das pesquisas desenvolvidas pelo projeto do PROLICEN desde 2003 pela professora Beliza áurea de Arruda Mello junto ao alunado da Graduação em Letras Clássicas e Vernáculas, foca-se , segundo os pressupostos teóricos de Zumthor(1993, 2000, 2003) sobre o impacto dos meios eletrônicos sobre a vocalidade e como, o poeta popular, “manipula” os novos sistemas da pós-modernidade, que embora tendam a apagar as referências espaciais da voz viva, retoma a imagem e a voz, tornando reiterável a performance. Na contemporaneidade, há uma movência territorial, o mundo rural dá espaço ao mundo urbano influenciando também na escolha dos suportes.

Se os cordéis antes eram fixados em folhetos, publicações em papel jornal, na atualidade eles emigraram para outros suportes como livros e o ciberespaço, principal fonte mediadora do homem contemporâneo. Atualmente, o ciberespaço é a principal ferramenta de comunicação e/ou obtenção de conhecimentos e de pesquisa. Este espaço vem se ampliando, chegando a lugares e a populações que possuem poucos recursos. Tal crescimento é resultante de um movimento mundial de pessoas ansiosas por novas experiências, novas formas de comunicação. Os folhetos de cordel estão emigrando para o ciberespaço, visto que a necessidade de acompanhar novas tecnologias recria os gêneros. Em decorrência disso, o cordel sai do seu território e se reterritorializa no meio virtual. Os poetas populares ao usarem também esse novo recurso, confirmam o “trajeto antropológico” das práticas das modalidades da poética oral, as tradições “sempre reinventadas”.

FOLHETO DE CORDEL: MOVÊNCIAS E TRAVESSIAS

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O humor é comumente explorado na literatura infantil de diversas formas e em níveis diferentes. Na literatura infantil brasileira este fenômeno é também considerado um reflexo da cultura, já que o povo brasileiro se percebe como extremamente humorístico e capaz de superar o sofrimento através do riso e da arte de fazer rir. Mas como o humor é visto e experienciado no Líbano? De que forma a cultura libanesa do riso se reflete na literatura infantil?

Este trabalho tem como objetivo apresentar o humor na literatura infantil libanesa através de duas obras contemporâneas, ambas de 2009, da autora infantil libanesa Rania Zaghir: Man Lahasa Karna il Booza (Quem tomou o meu sorvete?) e Sisi Malakit Talbes Kharofan wa Dodatayn (Sissi Malaket se veste com uma ovelha e dois bichos-da-seda!). Esta, além de ter sido traduzida para o italiano, recebeu o prêmio de melhor história infantil árabe para crianças – Assabil ( Amigos das Bibliotecas Públicas) 2009/2010. Aquela, foi traduzida para o alemão e tornou-se desenho animado na BBC Cebebees. Ambas foram traduzidas para o português, porém, ainda não foram publicadas no Brasil. Rania Zaghir é libanesa, tem mestrado em psicologia educacional, escreveu 18 livros, e fundou a editora Al Khayyat Al Saghir (O pequeno alfaiate).

Este trabalho é adequado ao eixo temático escolhido por apresentar a literatura infantil libanesa como um espaço para dialogar com as crianças, através do humor, sobre a identidade e alteridade. É uma literatura, incluindo a ilustração das obras, que leva a criança a refletir sobre si mesma, sobre seus conflitos com o Outro, a valorizar o eu-criativo no processo de resolução de problemas.

Quem tomou o meu sorvete? é uma história divertida de uma menina que busca ajuda nos seres mágicos

e míticos para decidir qual é a melhor forma de tomar o seu sorvete, uma atividade comum do dia a dia de uma criança. A trama fortalece a criança como indivíduo e cidadão, apontando para a necessidade de se aprender a tomar decisões, assim como a assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas.

Sissi Malaket ressalta o senso de moda de uma menina muito vaidosa e criativa, que utiliza diferentes

animais para se vestir nas diferentes estações do ano, até perceber que não é possível retirar os animais de seu habitat, e então, é forçada a buscar uma solução viável para todos os envolvidos.

FUKAHA: HUMOR NA LITERATURA INFANTIL LIBANESA

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Ainda que a fase romântica do seu trabalho não tenha sido a de maior destaque para Machado de Assis, pode-se observar que o autor retrata em suas obras de então questões ainda não tão frequentes na época. Em Helena, Machado de Assis, além da critica social, aborda a questão do incesto entre os “irmãos” Helena e Estácio. Tudo tem início com a morte do Conselheiro Vale: sua herança é dividida entre Estácio, seu filho legítimo, e Helena, que todos acreditam ser fruto de um relacionamento extraconjugal. Com isso, Helena passa a morar na casa do Conselheiro junto com Estácio e família e, no decorrer da narrativa, a ligação entre os supostos irmãos torna-se algo maior que um sentimento de fraternidade. Embora não haja, de fato, ligação sanguínea entre os dois, o filho do Conselheiro Vale não possui tal informação e pensa sentir-se atraído por sua própria irmã, e não vê possibilidade de concretização desse amor, uma vez que por convenções sociais e leis cristãs essa relação seria um desvio de conduta moral, além de ser caracterizada como pecado. Esse sentimento é alertado pela personagem padre Melchior, que é o mediador das vontades e repressões sentidas por Estácio. A partir desta situação, o tema incesto será analisado nas perspectivas de Freud e de Lévi-Strauss. Em Freud, será trabalhado o Complexo de Édipo na construção de uma relação incestuosa desde a infância e como esse tema tabu está como “proibido” na sociedade, de religiões a comunidades primitivas. Em Lévi-Strauss será abordada a questão natural e cultural acerca do incesto, pois, para o filósofo e antropólogo francês, a proibição de uma relação incestuosa é tida como “socialmente absurda”. Busca-se por meio do estudo da PsicanáliBusca-se e Antropologia melhor compreender o incesto como algo tão absurdo e imoral no processo de desenvolvimento humano e social.

HELENA: O INCESTO À LUZ DOS PENSAMENTOS DE FREUD E LÉVI-STRAUSS

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Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa de doutorado sobre as figurações do passado na obra do escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez (Bogotá, 1973). O objetivo aqui é fazer uma análise do romance Historia secreta de Costaguana (2007), enfocando principalmente as inúmeras reflexões do livro sobre história e ficção. Tendo uma trama familiar como fio condutor e uma especulação literária como pano de fundo, a obra de Vásquez é, em última análise, um livro sobre a Colômbia oitocentista, mas que resiste logo no título – que alude à república imaginária do romance Nostromo (1904), de Joseph Conrad – aos esforços de verossimilização que caracterizam a ficção histórica tradicional (JITRIK, 1995).

Centrada na construção do Canal do Panamá, a narrativa questiona a história oficial e resgata vários episódios esquecidos, como a morte de trabalhadores chineses, os surtos de febre amarela e o superfaturamento das obras, mas o tom, longe da denúncia, é mais próximo do escárnio, da ironia e da farsa. Favorecidas pelo discurso em primeira pessoa, observações sobre a escrita e os métodos historiográficos são um dos distintivos do romance: do início ao fim, o protagonista discorre sobre o ato de narrar, questionando-se sobre o espaço que deve dedicar a cada acontecimento ou sobre a conveniência, para fins estilísticos, de alterar ligeiramente alguns dados.

Figura onipresente no livro, pairando às vezes irônico, às vezes impertinente, o “Anjo da História” determina o destino dos personagens – sem jamais oferecer qualquer tentativa de previsão. Ao apontar essas características, pretendo demonstrar que, além de uma obra canônica do início do século XXI, como definiu Carlos Fuentes (2011), o livro de Vásquez exibe vários dos traços apontados por Seymour Menton (1993) como definidores de um “novo romance histórico”, assim como se insere na categoria de “metaficção historiográfica” criada por Linda Hutcheon (1991). Como em todos os seus principais romances, o autor colombiano retorna ao passado de seu país com uma postura crítica e ao mesmo tempo desconfiada de suas próprias ferramentas.

HISTÓRIA E FICÇÃO EM HISTORIA SECRETA DE COSTAGUANA,

DE JUAN GABRIEL VÁSQUEZ

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Atualmente, a sociedade vem discutindo questões relacionadas às minorias e isso tem contribuído para a diminuição das diferenças entre os povos. Este novo olhar voltado para os menos favorecidos tem apontado que novos direcionamentos vêm alcançando êxito nos grupos sociais da contemporaneidade. Considerando este contexto de discussão e estudos recentes de Hall (2003), Moita Lopes (2006), Serrani, (2005) e outros, este trabalho propõe uma reflexão sobre a formação docente quanto a necessidade da inserção de temas oriundos das culturas africana e afrobrasileiras, nas etapas do curso Normal. Para isso, consideramos a lei 10.639 que torna obrigatório o estudo das culturas africanas no ensino regular. Observamos que há um déficit desses conteúdos nas disciplinas humanas em geral, assim como na de língua portuguesa, que mesmo com a promulgação desta lei, continua a restringir o estudo da cultura africana às questões como escravidão e poucas heranças mais expressivas na contemporaneidade. No ensino de língua, a escolha dos materiais didáticos e paradidáticos, a realização de atividades artísticas, educacionais e culturais, são fundamentais para a (re)construção da identidade cultural do aprendiz. Logo, o responsável por essa tarefa, nas séries iniciais, tem um trabalho árduo: lidar, tanto com a necessidade de formar esses alunos como indivíduos conscientes das questões relativas às culturas africanas, tanto pelo esforço de vencer suas limitações de formação. Para isso, utilizamos a legislação brasileira, que prevê o exercício dos conteúdos relativos à cultura africana; uma breve ambientação no contexto escolar com formandos do ensino médio Normal, que logo estarão aptos a conferir o ensino regular para séries iniciais ( 1ª ao 5º ano) para a constatação da motivação principal do trabalho. Dessa forma, pretendemos entender as dificuldades encontradas pelos discentes para lidar com esse universo de conteúdos, contribuindo para uma formação de qualidade ao tomar lugar de profissional na educação brasileira.

Palavras-chave: Identidade Cultural, Formação docente, Africanidade

IDENTIDADE CULTURAL, AFRICANIDADE E CONTEMPORANEIDADE:

DIFICULDADES DO EDUCADOR RECÉM-FORMADO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Referências

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