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Diário Açores. dos O quotidiano mais antigo dos Açores. Carlos César e Francisco César desconhecem investigação criminal //Pág. 24

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(1)PUB. 0,80 € Fundado em 1870 por M. A. Tavares de Resende Director Paulo Hugo Viveiros | Director Executivo Osvaldo Cabral. Diário Açores Sexta-feira, 5 de Fevereiro de 2021 | Ano 152 | N.º 42.395. Ano. 152º. dos. O quotidiano mais antigo dos Açores ç. José Manuel Bolieiro Jos eiro. Adriana Novo Adria. “O Diário dos do Açores tem m história e méritos his tos rreconhecidos””. O fundador fun e o continuador con or do D Diário dos Açores A. Entrevista Ent. O tempo em que Mota Amaral foi jornalista entrevista//Págs. 6 e 9. regional//Págs. 18 e 19 regiona. opinião//Pág. 3. escrevem nesta edição. Rubens Pavão, António Valdemar, Eduardo Medeiros, José Gabriel Ávila, Mário Freitas, Lúcia Simas, Cristina Valverde, Francisco Resendes, Norberto Aguiar, Osvaldo Cabral. Cerca mais restrita Carlos César e Francisco em Rabo de Peixe, regresso às aulas César desconhecem presenciais e proibição de Carnaval investigação criminal. regional //Pág. 24. regional//Pág. 22. PUB. Queixa na “Chega” poderá Comissão romper acordo da coligação Europeia contra nos Açores incineradora regional//Pág. 36. PUB. regional//Pág. 36. PUB. ERA.   . 

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(4) . t.. 296 650 240. ERA. 

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(6) .      . t.. 296 247 100. ERA   . . 1300. 1.

(7)    . . -.    . 138. 1611. . 3.  

(8)   . .   1. 3. 2.    . 306.            . t.. 405. .   . . 296 096 096.

(9) 2. OPINIÃO. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. Como combater a desinformação? Osvaldo Cabral osvaldo.cabral@diariodosacores.pt. Como ajudar os cidadãos para que sejam mais resistentes às notícias falsas? Esta é uma questão que tem suscitado amplo estudo e debate por parte de inúmeros especialistas, em vários países, com muitas teses sobre as teorias de desinformação, propaganda e conspiração, que se tornam “virais”. Greg Weiner, um destes especialistas, cientista político da Assumption University, nos EUA, defende uma tese, corroborada por muitos, de que a via educacional é um dos instrumentos mais eficazes para o combate à desinformação. Como se sabe, nas redes sociais a desinformação é replicada e evolui a um ritmo difícil de controlar pelas próprias plataformas. Conta Weiner que, quando as grandes operadoras, como o Twitter e Facebook, cancelaram a conta de Trump e a Fox News deixou de ser leal ao ex-Presidente, ele virou-se para outras plataformas, como a One America News Network e a Newsmax, que o receberam de braços abertos. Resultado: a Fox News perdeu 25% de audiência e a Newsmax quase triplicou a sua audiência, o que só prova, na teoria do referido especialista, que a mentira encontra sempre uma saída para se implantar. Numa sociedade livre, como ele explica, a melhor resposta à desinformação viral é fortalecer o nosso sistema imunológico contra ela, desenvolvendo cidadãos motivados e capazes de distinguir a verdade da ficção. Um dos focos para esta motivação é na comunidade escolar, onde o “pensamento crítico” deve ser ensinado e desenvolvido como actividade intelectual nobre. O problema, na teoria de Greg, é quando, nos dias de hoje, o pensamento crítico é, muitas vezes, mais crítica do que pensamento... A equação é simples: quando queremos trabalhadores qualificados, instruímos os alunos com as ferramentas adequadas, mas se quisermos cidadãos informados, a abordagem passa a ser a de ensinar a cultura de hábitos de boa informação. Ela está bem identificada nas sociedades democráticas, como a nossa, onde os média tradicionais são regulados e os seus profissionais obedecem a princípios éticos. Qualquer solução geracional passa pela educação e os média tradicionais devem fazer parte integrante desta educação e cultura de hábitos. Só assim será mais fácil combater a desinformação a que todos, mas principalmente os mais jovens, estão expostos, por razões incontornáveis da nossa globalização, a começar pela ligação permanente às plataformas digitais. A imunidade colectiva só se alcança com este foco na educação, pelo que a ausência dos média das escolas é logo um obstáculo a este combate. Foi um erro acabar com as disciplinas de Iniciação ao Jornalismo no ensino secundário, como agora se comprova. Os jornais são incontornáveis para a defesa da liberdade e do pensamento plural, como têm demonstrado ao longo destes séculos. Quanto mais enfraquecida for a imprensa, pior será a democracia e todo o sistema de escrutínio da sociedade. A Câmara Municipal de Ponta Delgada, ao tempo do Dr. José Manuel Bolieiro, tomou uma decisão inovadora neste aspecto, ao mandar várias assinaturas dos jornais do concelho para distribuir pelos alunos, docentes e pessoal auxiliar das escolas do município. Replicar esta ideia por toda a Região seria um progresso extraordinário para a literacia da informação, pelo que Governo Regional e Associação de Municípios dos Açores têm aqui um papel. decisivo, contribuindo para a literacia dos média nas escolas e, ao mesmo tempo, fortalecendo o apoio económico à imprensa das nossas ilhas. Tenho sido chamado - como outros colegas - por escolas da nossa ilha para conversas com alunos acerca da problemática da desinformação, do jornalismo e a influência das redes sociais. Constato uma ausência generalizada, por parte dos jovens, no contacto com os média tradicionais açorianos e uma cada vez maior propensão para a obtenção de “notícias” apenas pelos canais das redes sociais. Começa mesmo a formar-se a ideia, perigosa, entre estas comunidades mais jovens, de que tudo o que vem lá relatado é verdadeiro, “porque se assim não fosse não estava lá publicado”, como já ouvi bastas vezes. É uma geração fortemente influenciada pela informação desregulada, sem filtro de verdade e totalmente exposta a parâmetros que nem as próprias famílias ou educadores conseguem controlar. À semelhança do que já acontece no Continente e um pouco na Madeira, é imperioso que se crie nos Açores um programa específico que ajude a alertar os jovens para a desinformação, “fake news” e os ajude a criar hábitos de leitura dos jornais. A Secretaria Regional da Educação, a Secretaria da Cultura e a própria Universidade dos Açores, em colaboração com os média regionais, poderiam liderar este programa de literacia mediática, sobretudo agora, nesta época pandémica, em que há, cada vez mais, uma enorme necessidade de informação de qualidade. Durante esta época de crise sanitária, em que o medo se apoderou de milhões de pessoas, a Comissão Europeia detectou, em média, por dia, mais de 2.700 notícias falsas sobre a Covid-19. Inês Amaral, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, explica que “é a primeira vez que há uma pandemia na era digital e que, à escala mundial, há esta generalização do medo. E esse poderá ter sido um factor-chave para fazer crescer a desinformação e trazer dividendos — não só económicos, mas também políticos”. O consumo desenfreado de informação, neste novo mundo pandémico, mostrou-se propício para a propagação das notícias falsas, tão depressa como o próprio vírus. Nos Açores não fugimos ao fenómeno, tal é a exposição dos jovens às plataformas digitais, que têm uma forte penetração em todos os lares açorianos, com cerca de 70% das famílias açorianas a terem computador em casa e mais de 60% dispondo de ligação à internet com banda larga. No futuro, segundo Bill Kovach, um jornalista americano de descendência da Albânia, ex-chefe do departamento de Washington do New York Times, o desafio será saber onde procurar o tipo de informação que nos permita estar inseridos numa comunidade, porque “sem partilha de informação uma comunidade não se pode formar e, por isso, o papel mais importante para os média será o de fornecer a informação básica de que a audiência necessita para funcionar em comunidade”. É este desafio que o “Diário dos Açores” também enfrenta nestes 151 anos de publicação. Com as dificuldades acrescidas que toda a imprensa regional está a enfrentar, agravadas pela crise sanitária, o “Diário dos Açores” pretende dar esse contributo no combate à desinformação, mantendo-se no rigor do jornalismo com critério, combativo, plural, incómodo e de respeito para com os seus leitores, na linha dos seus fundadores. O nosso obrigado aos que nos lêem todos os dias, aos que nos suportam com o seu patrocínio e aos inúmeros colaboradores desinteressados que ajudam a trazer mais qualidade a este jornal..

(10) OPINIÃO. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. Mensagem do Presidente do Governo. José Manuel Bolieiro “A comunicação social pode, ainda, ser um forte contribuinte para atenuar os conflitos sociais e promover a reconciliação social. A credibilidade da comunicação social, enquanto instituição da democracia, será fortalecida se ela for responsável perante o público, reconhecer os seus erros e assegurar que os padrões éticos e profissionais são garantidos. O Diário dos Açores tem história e méritos reconhecidos.”. O aniversário centenário de um jornal é sempre um hino à cultura, à informação, ao conhecimento e à liberdade de expressão. O Diário dos Açores é ícone representativo desse hino celebrativo. Felicito o Diário dos Açores e todos os seus colaboradores, de ontem e de hoje, pelos seus 151 anos de vida. Aos seus leitores aqui testemunho, com sentido de justiça, que a história do Diário dos Açores acrescentou sempre prestígio e bom nome à comunicação social dos Açores, no espectro da imprensa nacional, contribuindo para o fortalecimento do espírito micaelense e açoriano das exigências do desenvolvimento económico, social e cultural das nossas ilhas, e pela conquista da Democracia no País e de uma Autonomia Política para a Região. A qualidade da democracia e a qualidade do jornalismo independente estão profundamente interligadas. Há um generalizado reconhecimento do relevante papel da Comunicação Social na implementação da Democracia e da Autonomia Açoriana. A Comunicação Social enquanto parceiro na construção de uma Democracia mais. participativa e num regime autonómico mais transparente e propiciador de mais igualdade de oportunidades aos cidadãos justifica mais reflexão sobre a responsabilidade pública no seu apoio financeiro, com transparência e isenção. Até porque temos de ter em consideração, com realismo, a acelerada perda de influência da comunicação social tradicional, substituída por algoritmos de comunicação diretos e assentes na utilização das redes sociais e da inteligência artificial. Desde os finais do século XVII que a comunicação social é considerada como o quarto poder da democracia representativa. Hoje, exatamente por causa da comunicação direta das redes sociais e do sensacionalismo e superficialidade de muitos, o papel da comunicação social é cada vez mais preponderante, enquanto guardião do interesse público, designadamente como intermediário digno entre a fonte de informação e os leitores, gerador de ponderação deontológica e ética na formação de opinião, bem como intermediário isento entre governantes e governados. No seu contributo para a democracia, a comunicação social tem como função a dissemi-. nação da informação sobre a política e os políticos, ao maior número de cidadãos, e o papel de fórum de debate, refletindo a diversidade de interesses na sociedade. Nos Açores, e na nossa autonomia democrática, a presença de uma comunicação social forte, ativa, independente e responsável é primordial para o aprofundamento da nossa democracia, para o debate político, para a responsabilização dos jornalistas e dos agentes políticos, para o triunfar do nosso regime autonómico. O debate ou a opinião de fação que aposta na divisão em vez do consenso, no discurso do ódio em vez do debate plural, ético e urbano, e na suspeição em detrimento da confiança social, está a contribuir para o cinismo e para declínio da democracia. Precisamos de uma comunicação social que informe, esclareça e mobilize os açorianos para uma maior participação dos cidadãos e para o exercício de uma cidadania responsável. Uma comunicação social privada sem recursos – financeiros e humanos – muito dificilmente poderá desempenhar o papel que lhe assiste enquanto 4º poder da democracia açoriana, no fortalecimento e promoção da nossa Autonomia Política. É preciso assegurar a sua valorização e salvaguardar a sua independência. É preciso dar espaço à sociedade. O debate público sobre o estado da nossa sociedade, economia, cultura e políticas públicas, a adotar ou já implementadas, é um dos maiores contributos que a comunicação social açoriana poderá dar, promovendo, assim, uma cultura cívica e uma fiscalização ativa dos cidadãos sobre a ação governativa. A comunicação social pode, ainda, ser um forte contribuinte para atenuar os conflitos sociais e promover a reconciliação social. A credibilidade da comunicação social, enquanto instituição da democracia, será fortalecida se ela for responsável perante o público, reconhecer os seus erros e assegurar que os padrões éticos e profissionais são garantidos. O Diário dos Açores tem história e méritos reconhecidos. A sua continuidade perene é, por isso, fundamental para o pensamento, para a cultura democrática e autonómica das nossas ilhas e para a crescente promoção de uma cidadania esclarecida e coautora de desenvolvimento, com participação ativa. Parabéns ao Diário dos Açores, por mais este aniversário de confirmação e sobretudo de esperança.. 3.

(11) 4. OPINIÃO. 5 de Fevereiro 2021. www.diariodosacores.pt. Página do enfermeiro. No 151º aniversário do Diário dos Açores Rubens Pavão. “Para mim, quase nonagenário, tudo é memória... saudade, mas uma saudade que revejo com uma continuada projecção de futuro: pela justeza da informação, pela imparcialidade como aprecia e comenta factos políticos, a vida das instituições públicas e privadas, a que se junta um conjunto de colunistas os quais englobando vários quadrantes de pensamento, proporcionam ao ‘Diário dos Açores’ um papel insubstituível no jornalismo insular.” Ao iniciar 152 anos de publicação, o “Diário dos Açores” - o primeiro quotidiano que se publicou nestas ilhas atlânticas - já vai a caminho das 42.400 edições, o que se tivermos em conta o que se passa nos altos e baixos da imprensa nacional e mesmo internacional, estamos na presença de um ciclo glorioso de cultura informativa que ainda felizmente se mantém nos Açores, sem esquecer que por aqui também se edita o já centenário “Correio dos Açores” e ainda a relíquia do jornalismo nacional “Açoriano Oriental”. E, se olharmos às restantes ilhas, o panorama jornalístico continua a dignificar-nos, apesar de se consumir já muito na comunicação digital que chega às próprias casas e anda de mão em mão nos telemóveis e nos ‘tablets’. No entanto, aquilo que podemos chamar “o jornal físico” ainda é para muitos (como eu) aquela companhia indispensável que nos permite ler e reler o mundo que nos rodeia, para além de, nos serões de família, manter uma conversação sempre agradável, mas que parece estar faltando... Talvez por isso, nestes “novos tempos”, a publicação de um jornal diário continua a não ser tarefa fácil, porquanto sujeita a este tipo de natural “discriminização”, cada vez mais exige que as empresas procurem superar os efeitos de crises que se acumularam, reinventando tudo o que lhes é possível para sobreviver. Se olharmos a um passado distante os nossos jornais passaram já por três séculos de vida: pela Monarquia, pela 1ª e 2ª República e também por uma Revolução que instaurou em Portugal um novo ciclo de democracia, mas sempre que as situações políticas o permitiram, com uma linha editorial em liberdade de pensamento e foi a voz da vontade do povo açoriano. Tudo o que acima afirmei prende-se, muito particularmente, com o que tem sido o percurso de vida do “Diário dos Açores” durante esses já longos 151 anos de publicação - e que jubilosamente me associo - pois pude acompanhar, numa parte desse percurso, os seus bons e maus momentos. Considero, por isso, que é mais uma gloriosa efeméride de jornalismo nacional e insular que festejamos, evocando com muita saudade aquela escola de saber onde muito aprendi e que bastante contribuiu para consolidar a minha formação pessoal, humanista e até profissional. Quando o jornalista Osvaldo Cabral assumiu o cargo de director-adjunto, escrevi uma saudação que creio que intitulei de “Um novo ciclo de vida...”. Hoje creio – e muitos me acompanham – que o prognóstico não foi exagerado, pois mantendo o “Diário dos Açores” um conselho de Administração e de Redacção muito coeso, renovou-se e. continua a ser um observador atento e muito oportuno ao que por aqui se passa em todos os sectores da vida política, social, empresarial e económica, com particular enfase para os difíceis tempos que correm. O “Diário Inconveniente” e alguns outros editoriais são a prova do que deve ser um jornalismo exigente, que influencia um alargado debate público. Impresso na “Gráfica Açoriana”, as suas oficinas – comuns a outras publicações - são hoje bastante diferentes das que conheci no início da década de 50, quando iniciei a minha colaboração neste “Diário”, então instaladas nos baixos da residência de família, quando o patriarca, Manuel Resende Carreiro, assumiu entre 1892-1939 a sua direcção, depois “passada” a seus filhos Carlos e Manuel da Silva Carreiro, os quais sempre sem grandes desafogos financeiros com a empresa de que eram proprietários, conseguiram modernizar o jornal em equipamento tipográfico e em projecto editorial. Para mim, quase nonagenário, tudo é memória... saudade, mas uma saudade que revejo com uma continuada projecção de futuro: pela justeza da informação, pela imparcialidade como aprecia e comenta factos políticos, a vida das instituições públicas e privadas, a que se junta um conjunto de colunistas os quais englobando vários quadrantes de pensamento, proporcionam ao “Diário dos Açores” um papel insubstituível no jornalismo insu-. lar. Enquanto pude participar no dia-a-dia, por vezes agitado, de “pôr um jornal na rua”: uns a escrever, outros a desenhar, outros a corrigir, outros a compor e a montar... mas todos envolvidos em elaborar um meio de comunicação que seja transmissor do compromisso que sempre foi assumido desde 5 de Fevereiro de 1870 - servir uma comunidade que continua a acreditar na fidelidade da sua informação, agora e cada vez mais na defesa e solidez do pensamento autonómico. Hoje, talvez conste do rol dos seus mais antigos leitores – pelo menos desde há 80 anos, a soletrar os seus títulos; e, já lá vão 68, como parte integrante dos seus redactores e colaboradores - um espaço de vida que muito me honra, mas continuando a ter um olhar de muita esperança para o dia de amanhã. Um amanhã que - como escreveu o Cardeal Tolentino de Mendonça - “traduza uma visão mais integradora da vida, que compreenda a importância de valores como o dom, a gratuitidade e a partilha e nos capacite para um maior equilíbrio entre a pessoa e a comunidade.”. Na pessoa do seu digno director, Dr. Paulo Hugo Viveiros, abraço muito efusivamente todos quantos trabalham ou concorrem para que o “Diário dos Açores” continue a ser um transmissor critico, mas consciente dos valores e das aspirações dos açorianos..

(12) Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. PUB.. PUBLICIDADE. 5.

(13) 6. ENTREVISTA. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. Mota Amaral recorda a sua passagem pelo jornalismo. “Não é possível haver Liberdade e Democracia sem jornais” Houve um tempo em que Mota Amaral foi jornalista. Desse tempo e do de hoje, em que o jornalismo se transformou, falanos o ex-Presidente do Governo dos Açores, para memória futura. por Osvaldo Cabral. Houve um tempo em que o Dr. Mota Amaral foi jornalista, como correspondente nos Açores do semanário Expresso, à data da fundação do jornal (1973). Fale-nos desse tempo e da experiência? Foi um tempo inesquecível, de entusiasmo pela conquista da Liberdade e da Democracia, que era o objectivo do Expresso e do seu grupo fundador. O regime autoritário agonizava, sem conseguir enfrentar o problema da guerra nos territórios africanos sob domínio português. Havia desenvolvimento económico, mas muito desigual, em termos territoriais e sociais. As reformas políticas desejadas, visando a transição para fórmulas democráticas, tinham sido travadas. As poucas oportunidades de debate eram aproveitadas pelos novos protagonistas da cena nacional, uma geração jovem e com o sangue na guelra: é por essa altura que se funda a Sedes e logo depois aparece o Expresso. O seu contributo para a eclosão do 25 de Abril é evidente e depois para garantir a consolidação no nosso País de instituições verdadeiramente democráticas. No jornal procurava-se dar conhecimento da verdadeira situação de Portugal e dos desafios dos novos tempos, entre os quais se destacavam os efeitos da guerra e a dinâmica da integração europeia, que estava atraindo milhares de emigrantes portugueses, a maioria deles atravessando a fronteira clandestinamente. Pela minha parte, procurei chamar a atenção para a injusta situação das nossas ilhas, sufocadas nas suas perspectivas de progresso pela pulsão centralista do poder nacional. Nessa altura encontrava-se em Lisboa como deputado nacional. Como é que escrevia sobre os Açores estando tão longe do arquipélago? Nessa era não existiam telemóveis, muito menos Internet.. Eram pessoas amigas que me escreviam daqui a mandar notícias. Durante os anos do meu mandato como Deputado, tratei de estabelecer uma rede de contactos por toda a volta das ilhas de São Miguel e de Santa Maria, que eram as que se encontravam abrangidas pelo meu círculo eleitoral. Visitei todas as freguesias de ambas em cada um desses anos, conforme um programa previamente acertado com as respectivas Juntas. Toda esta actividade decorria à margem da organização política oficial do regime e não era bem vista pelos seus responsáveis; mas eles sabiam que não me podiam fazer parar. Lia também os jornais, claro, quando chegavam a Lisboa, normalmente bastante atrasados. Assinava as suas crónicas com o pseudónimo Soares Botelho. Porquê? Mais exactamente: J. Soares Botelho! Tinha adoptado este nome, que aliás corresponde aos apelidos de família de minha Mãe, para assinar alguns dos artigos publicados na revista Rumo, da qual tinha sido Chefe de Redacção. Mantive-o como correspondente do Expresso para não perturbar o desempenho das tarefas parlamentares. Mas julgo que não tardou muito a ser identificado, pela amplitude e qualidade da informação veiculada nos textos do Expresso. Escrevia sobre quê? Tinha pre-. ocupação em levar aos leitores do Expresso uma boa imagem dos Açores? Escrevia sobre os problemas então sentidos nas nossas ilhas, sem pretensão de dar delas boa imagem, mas antes de dar a conhecer a nossa complexa e difícil situação. Tinha sido o mesmo o tom adoptado nos meus discursos parlamentares de antes da Ordem do Dia, ao tempo destinadas a debater os assuntos julgados prioritários pelos Deputados. Tal como ainda em conferências e debates em que fui convidado a intervir nas mais diversas circunstâncias e perante públicos variados. Alguma vez foi visado pela censura? Julgo que sim, embora não tenha presente sobre que temas e quando, daí o tom dubitativo da resposta. É possível que esteja a fazer confusão com algum episódio dos meus tempos na Rumo. Entretanto, nos Açores escreveu muitas crónicas no Diário dos Açores, continuando nos dias de hoje. Como é que tudo começou? Foi por iniciativa própria ou por convite dos Directores de então? Já contei alguma vez que o Diário dos Açores era o jornal que se assinava em casa de meus Pais. Aliás, éramos vizinhos, pelos quintais, do Dr. Carlos Carreiro, um dos Directores do jornal e portanto também da redacção, que ficava na casa ao lado. A minha primeira colaboração no. Diário deve ter ocorrido em 1959, por alturas do aniversário de Antero de Quental, pleiteando em favor da conclusão do monumento evocativo, o que veio a acontecer umas décadas mais tarde, quando era Presidente do Governo da nossa Região Autónoma... No ano seguinte publiquei um conto, com o qual tinha concorrido a uns jogos florais no Liceu, por altura das festas do Senhor Santo Cristo. Sou portanto um colaborador bem antigo, senão mesmo uma antiguidade no jornal... Foram os Directores, Drs. Manuel e Carlos Carreiro, a convidarem-me para uma colaboração regular, quando terminei a licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa. Ao ser eleito Deputado mantive até ao fim do mandato uma correspondência com o título Cartas de um Deputado. Era uma maneira de comunicar com o eleitorado e comentar o trabalho realizado em São Bento e fora dele e, favor dos interesses das nossas ilhas. Mário Mesquita comentou alguns desses textos, no República, em tom crítico e mordaz, mas com elevação, tão diferente do barafustar insano que agora se pode ler nas prosas de alguns plumitivos despeitados. A presença nos jornais açorianos era importante para a conjuntura que se vivia naquele tempo? Há quem diga que a consciência política e autonómica fez-se com a imprensa açoriana... (continua na página 9).

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(26) 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. ENTREVISTA/OPINIÃO. “Os jornais e os jornalistas têm sempre momentos bons e momentos maus na sua relação com o Poder” Norberto Aguiar *. A voz da açorianidade (continuação da página 6) Hoje mantém essa presença na imprensa açoriana. É muito diferente dos tempos de então? A presença nos jornais era importante então e continua a sê-lo agora e há-de ser sempre! Os nosso grandes ideais precisam de ser mantidos em pleno vigor e para isso não há melhor veículo que os jornais. Sou um entusiasta da Imprensa e julgo que não é possível haver Liberdade e Democracia, que no caso dos Açores se declinam como Autonomia, sem jornais vibrantes, pugnando por uma mentalidade aberta. Felizmente, hoje os tempos são outros e já damos como bens adquiridos. “Há quem diga que os jornais em papel têm os dias contados e que os digitais vão prevalecer, mas julgo que será pena se tal acontecer.” aquilo por que antes foi preciso lutar e até sofrer muito, como aconteceu com alguns adversários do regime autoritário, cujo mérito sempre reconheci e exaltei. Convém ter, porém, presente que há também perigos e ameaças novas aos ideais democráticos. Talvez seja por isso que gosto de escrever nos jornais e julgo que o farei sempre, enquanto houver quem neles me dê acolhimento... Enquanto Presidente do Governo Regional dos Açores olhava de maneira diferente para os jornalistas e o jornalismo de então? Os jornais e os jornalistas têm sempre momentos bons e momentos maus na sua relação com o Poder. Quem governa tem em regra mais informação que os jornalistas e por isso tende a reagir mal perante críticas que considera injustas. Quando exerci tais funções assim. também aconteceu, naturalmente. Mas a Imprensa Livre é uma Instituição indispensável numa sociedade saudavelmente democrática! Procurei ter isso sempre presente, mesmo no meio de alguma zanga. As novas plataformas digitais e as redes sociais vão matar os média tradicionais? Acha que os jornais em papel vão acabar? Espero que não! A força destes novos meios de comunicação é muito grande e a tendência é para os ter em conta, mesmo por parte dos jornais, que lhes dão eco inconsideradamente, sem perceberem que com isso a sua própria credibilidade se afunda... Noto que há muitas pessoas, até bem formadas, que deixaram de ler jornais e colhem a sua informação desses novos meios, o que acho lamentável. Por eles pululam ignorantes alçapremados em juízes de tudo e todos. O resultado não é positivo e não falta quem esteja já chamando a atenção para os riscos que está correndo o próprio debate democrático. Há quem diga que os jornais em papel têm os dias contados e que os digitais vão prevalecer, mas julgo que será pena se tal acontecer. Por mim continuo a gostar de ler jornais em papel e até gasto muito tempo em cada dia nisso, sempre com proveito e abrindo os olhos a variados campos de interesse. O Diário dos Açores completa hoje 151 anos. O Correio dos Açores fez 100 anos. O Açoriano Oriental já vai nos 185 anos. Ter 3 jornais diários em Ponta Delgada com esta longevidade o que lhe leva a concluir? Escrevi sobre isso no ano passado e reitero a minha opinião: é um sinal de alta qualidade da nossa vida cívica plural e uma responsabilidade para a nossa cidade, que deve tudo fazer para preservar tão meritórias instituições e a memória do seu contributo para a construção da nossa identidade colectiva. O Museu da Imprensa reveste óbvia prioridade. jornal@diariodosacores. “Apesar dos tempos difíceis por que passam os órgãos de Comunicação Social, tanto nos Açores, como em Portugal e mesmo por esse Mundo fora, temos fé que o Diário dos Açores saberá lidar com esta fase difícil”. Que poderei eu dizer de um consagrado jornal que acaba de comemorar os seus 151 anos? Digo que o Diário dos Açores – em boa hora fundado em 1870 por M.A. Tavares de Resende – é o jornal açoriano que mais e melhor serve a comunidade açoriana emigrada! E isto tem sido possível porque tem como atual diretor executivo Osvaldo Cabral, o jornalista que mais se debruça pelo que se passa nas comunidades da diáspora. E não é de agora! Vem de trás, de há muitos anos, creio mesmo que desde que ele abraçou esta tão nobre profissão. É por isso que aparecem amiúde nas páginas centenárias deste periódico peças jornalísticas sobre as comunidades açorianas da Nova Inglaterra, da Califórnia, nos Estados Unidos da América. O Canadá também tem merecido interesse do Diário dos Açores, com reportagens oriundas do Ontário e do Quebeque, para não falar das outras províncias canadianas. Devido a esta faceta, considero que o Diário dos Açores é das poucas instituições a defender o princípio de que um açoriano vivendo no estrangeiro vale tanto como um açoriano em território arquipelágico ao mostrar atitude com atos, enquanto para outros e outras isto não passa de um slogan vazio de sentido. Apesar dos tempos difíceis por que passam os órgãos de Comunicação Social, tanto nos Açores, como em Portugal e mesmo por esse Mundo fora, temos fé que o Diário dos Açores saberá lidar com esta fase difícil e que continuará a servir os seus muitos leitores, seguindo numa caminhada segura que o levará – custa a imaginar! – à espantosa marca dos 200 anos de vida! No entretanto, continuaremos todos – leitores dos Açores e da Diáspora – a desfrutar com gosto dos ricos e eruditos ensinamentos bebidos nas páginas do nosso Diário dos Açores, o mais antigo quotidiano da nossa querida e amada Terra. Para a EQUIPA que, dia após dia, dá vida ao Diário dos Açores – sob todas as suas formas – na pessoa do seu diretor Osvaldo Cabral, vão os nossos sinceros parabéns por tão significativo aniversário! * Editor do Lusopress de Montreal. 9.

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(28) OPINIÃO. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. António Valdemar*. Os desafios inadiáveis. O rumo do fundador no universo digital, as prioridades nas áreas da saúde, da economia, da educação e da justiça e um açoriano no “olho do furacão”. O tempo que estamos a viver é de extrema perplexidade e de grande angústia. Todas as apreensões encontram – se voltadas para a expectativa da solução de problemas imediatos, para estabilizar o presente e lançar os projetos necessários para a construção do futuro O Diário dos Açores tem uma responsabilidade histórica que ganha maior significado quando comemora mais um aniversário. Um dos desafios inadiáveis é continuar o rumo traçado por Manuel Tavares de Resende que, ao fundar o jornal, em 1870, colocou em primeiro lugar, o que se viria a denominar a «livre administração dos Açores pelos açorianos». Antecipou, em vinte anos, o combate da geração dos paladinos da autonomia, do fim do século XIX e do começo do século XX, para alterar as condições políticas e sociais, erradicar o ostracismo, romper o isolamento e melhorar a qualidade de vida dos açorianos. Mas o fundador do Diário dos Açores, na definição dos objetivos editoriais quis lançar e consolidar um jornal recetivo às aspirações da população da cidade, da ilha de São Miguel e das outras ilhas dos Açores, no âmbito das realidades regionais, nacionais e internacionais. E, simultaneamente, destacar os açorianos que, dentro ou fora da região, se distinguem e alcançam prestígio, pelos méritos pessoais e profissionais nos vários sectores de atividade. O meu colega Osvaldo Cabral, na direção do Diário dos Açores – e apresento-lhe as minhas felicitações - tem prosseguido a linha de rumo do fundador com os reajustamentos impostos pelas exigências da globalização e do universo digital. Desde sempre, o Diário dos Açores, procurou estar junto dos açorianos dispersos, indo ao seu encontro em todos os continentes e oceanos. Mas atualmente. renovou o compromisso, para comunicar, todos os dias, onde quer que estejam os açorianos e em qualquer parte do mundo. Uma das conquistas efetivas do 25 de Abril foi o reconhecimento da Autonomia e a integração na Europa. Apesar das transformações irreversíveis que se alcançaram não se podem dar por concluídas as atribuições consagradas no texto do Estatuto da Autonomia. A participação dos cidadãos na vida pública requer o aprofundamento contínuo. A multiplicação vertiginosa do número de infetados e de mortos, devido à pandemia da Covid-19, que alastra, não se sabe, até quando, nem se sabe até onde e tem atingido os Açores, requer - numa hierarquia de prioridades - a operacionalidade e eficácia nas áreas da saúde, da economia, da educação e da Justiça. Em face da crise que atravessamos e permitome salientar, entre outros contributos decisivos, a ação desempenhada por um açoriano, natural de São Miguel, nascido no Nordeste e que, embora radicado em Lisboa, mantém a casa na sua terra e sempre que lhe é possível, passa ali as suas férias. Refiro-me ao médico Germano de Sousa, figura de grande projeção nacional e internacional. Professor universitário, autor de obras científicas, literárias e históricas, foi bastonário das Ordem dos Médicos, entre 1999 e 2004. Há 46 anos, dirige um Centro Laboratorial de análises clínicas com uma rede de serviços instalada em todo o território português. Logo no início da pandemia e ao avaliar as suas consequências criou novas estruturas que permitem acompanhar, muito de perto, a evolução do processo, nas suas várias dimensões. Tem sido uma das personalidades mais interventivas na avaliação e no combate à pandemia. E que demonstra que, sem os. laboratórios privados, não se teria feito metade dos testes efetuados. A pneumónica que, ocorreu há cem anos e teve efeitos devastadores que se estenderam às ilhas, contou com outro açoriano, o Prof. Sousa Júnior, diretor da Faculdade de Medicina do Porto – sucessor de Ricardo Jorge – e ministro de várias pastas na I República. Biografado por Vitorino Nemésio, num dos capítulos do livro Quase que os Vi Viver, exerceu liderança científica e intervenção direta que o Diário dos Açores na época deu o devido relevo. Germano de Sousa permanece hoje no «olho do furacão». Desempenha especial protagonismo médico e científico. Em recentes declarações, após fazer um ponto da situação, afirmou acerca do que será o futuro: «Se for daqui a dois ou quatro anos estaremos mais preparados. Se for daqui a vinte anos, já ninguém se lembra». Todavia é muito difícil esquecer que, até agora, Germano de Sousa superintende nas equipas que já fizeram um milhão de testes nos Centros Laborais que funcionam sob a sua responsabilidade. E como se isto não bastasse estabeleceu um protocolo com o Instituto Gulbenkian de Ciência, através do qual disponibiliza os resultados obtidos no rastreio dos testes, a fim de intensificar a investigação para identificar os surtos e cortar as cadeias de irradiação dos contágios. Tal como se verificou noutras circunstâncias, assinaladas em 150 anos ao longo da coleção do Diário dos Açores, ao transpor o «olho do furacão», Germano de Sousa passará a ter honras - se é que já não as tem - na História da Medicina e da Investigação Científica. *Jornalista, Carteira Profissional número UM. 11.

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(30) OPINIÃO. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. Página do enfermeiro. 151 anos do Diário dos Açores. Eduardo Medeiros(*). Falta de resposta e de respeito!. “Neste nosso tempo só os grande jornais nacionais têm vencido a batalha das dificuldades que a imprensa, na generalidade, tem sofrido porque ainda são muitas as carências em pessoal e em equipamento moderno dos jornais regionais, a maior parte deles contando quase exclusivamente com as suas próprias forças e com a leal e empenhada dedicação e esforço dos seus colaboradores. Nota-se muita falta de respeito pelo trabalho dos jornalistas, pelo seu constante esforço a bem da causa pública”. 1. O centenário jornal DIÁRIO DOS AÇORES é um dos mais respeitáveis órgãos de comunicação social dos Açores e faz parte da história desta Região Atlântica. Fundado por ilustres Micaelenses , sempre foi um jornal de referência, de leitura obrigatória, nunca se desviando do rumo inicialmente traçado de defender os Açores e os habitantes destas nove ilhas de bruma, magistralmente cantadas por poetas e escritores e de onde saíram estadistas, políticos, governantes, altos dignitarios da Igreja, poetas, escritores, artistas, desportistas e jornalistas que reforçaram o prestígio dos Açores além fronteiras. Muitos deles aprenderam as primeiras letras nas páginas do quotidiano mais antigo do Arquipélago e outros foram seus habituais colaboradores concedendo ao jornal um inestimável estatuto e um respeitável prestígio que o colocavam no mercado como leitura obrigatória. Sempre ofereceu aos seus leitores uma informação isenta, clara, atualizada, com páginas de Opinião, de Letras, de Atualidade, de Desporto, muito apreciadas pelos que o liam diariamente . Esta poderia ser a síntese do historial deste nosso Diário dos Açores dos seus 151 anos de vida, que muito contribuíram para o progresso e desenvolvimento do povo que vive nestas ilhas, da sua emancipação e autonomia , uma luta que vem dos nossos primórdios. 2. Um jornal continua a ser um manancial de conhecimento e de cultura , de indispensável leitura, como continua a ser o DA, renovado nas suas páginas, dia a dia, com informação atual e útil e opiniões diversificadas que tanto o prestigiam, com editoriais bem sustentados, oportunos e muitas vezes lancinantes na crueza da realidade política e social do meio onde está inserido, dando voz à sociedade e aos seus fiéis leitores e também aos que não têm voz suficiente de chegar a quem detém o poder, seja público ou privado. Um jornal também se faz na luta diária de quem lá trabalha, dos canais e das fontes e do tipo e fidelidade dos que com ele colaboram. E como prestam um serviço público, sem que, com isso, fiquem amarrados ao poder executivo dos governos, têm direito aos apoios oficiais que, para o efeito, são destinados numa altura em que são mais escassos os que frequentemente são mais fiéis leitores do jornal em. papel, não estivéssemos todos a atravessar a época áurea do digital, que muito leitores preferem nas suas opções de vida.. dificuldades eram idênticas, o que denota falta de respeito e de ética pelos que têm a missão de informar diariamente os seus leitores.. 3. Neste nosso tempo só os grande jornais nacionais têm vencido a batalha das dificuldades que a imprensa, na generalidade, tem sofrido porque ainda são muitas as carências em pessoal e em equipamento moderno dos jornais regionais, a maior parte deles contando quase exclusivamente com as suas próprias forças e com a leal e empenhada dedicação e esforço dos seus colaboradores. Nota-se muita falta de respeito pelo trabalho dos jornalistas, pelo seu constante esforço a bem da causa pública. Não podem os profissionais da imprensa fiar-se apenas nos canais oficiais que multiplicam notas por tudo e por nada e são, muitas vezes, dificultados os contatos com os governantes ou seus representantes ou atrasadas as respostas que os jornalistas precisam para elaborar corretamente uma notícia, com verdade e transparência. Já quando por aqui passei na direção do DA as. 4. Neste aniversário achei oportuno lembrar da necessidade de se promover, através dos canais oficiais, uma campanha criativa e atrativa nos mesmos moldes daquela que rezava que “ ler jornais é saber mais “, agora virada para as novas realidades e procurar que a Secretaria da Educação promova também, a nível curricular, um programa relacionado com a importância dos jornais e da sua leitura, alargando a difusão e a sua leitura por todos os estabelecimentos de ensino da Região. O futuro dos Açores passa também pelo relevante papel desempenhado por este indispensável setor, que alguns chamam de quarto poder! A todos os que trabalham neste agraciado e prestigiado jornal, na pessoa dos seus diretores, formulamos votos de um futuro promissor a bem dos Açores. (*) Antigo Director do Diário dos Açores. 13.

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(32) 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. José Gabriel Ávila* jgazores@gmail.com. OPINIÃO. “Vão ver! Gastem a sola dos sapatos”. “Os media de menor expansão, para sobreviverem, estão sujeitos a um garrote constante que ameaça a fronteira da liberdade, da criatividade, o dever de independência, o relato da realidade nua e crua, princípios deontológicos que credibilizam a informação e os jornalistas”.. O aniversário do Diário dos Açores, o mais antigo quotidiano dos Açores, sugere-me uma série de questões sobre o jornalismo – a profissão que abracei por influência do meu saudoso pai. Ao ler a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra no próximo dia 31 de maio, encontrei orientações que conduzem a uma séria reflexão sobre o exercício da profissão e da missão do jornalista e dos Meios de Comunicação Social (MCS), na sociedade adoentada e confinada em que vivemos. Sob o título: “Vem e verás” (Jo 1, 46). “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”, Francisco afirma ser este o “método de toda a comunicação social autêntica” que pretenda ser “transparente e honesta”. Mas para isso “é necessário sair da presunção cómoda do «já sabido» e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspetos.“ Sendo esta a norma do verdadeiro jornalismo, quem conhece a realidade empresarial dos media, sobretudo da imprensa regional, sabe com quantas dificuldades eles se confrontam para desempenhar com transparência, verdade e honestidade o seu estatuto editorial, com um reduzido corpo redatorial. Este é o quadro com que se deparam os proprietários dos jornais e rádios regionais e locais de reduzida tiragem e audiência. Sobretudo. agora que a sua sustentabilidade económica se confronta com um tecido industrial e comercial muito depauperado e uma sociedade forçosamente dependente dos apoios estatais. O Papa conhecendo a situação dos media, descreve-a assim: “há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco dum nivelamento em «jornais fotocópia» ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os géneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca duma informação pré-fabricada, «de palácio», auto-referencial, que cada vez menos consegue intercetar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individualizar os fenómenos sociais mais graves nem as energias positivas que se libertam da base da sociedade.” Melhor retrato da realidade não poderia ser feito. E esta realidade da imprensa de hoje que o Papa designa por “crise editorial” “corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem «gastar a sola dos sapatos», sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações.” O verdadeiro jornalismo - acrescenta Francisco - seja ele produzido em qualquer OCS, é “exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver.” Em oposição a estes princípios. basilares d jornalismo – acrescenta o Papa -“foram-se tornando evidentes, para todos, os riscos duma comunicação social não verificável” o que dá origem a que “notícias e até as imagens sejam facilmente manipuláveis, por infinitos motivos, às vezes por um banal narcisismo.” No diversificado e global mundo da Comunicação Social, a rede (net) disponibiliza uma panóplia imensa de suportes digitais que competem, sem grandes custos, com os MCS em suporte de papel. Esta é uma desvantagem que as entidades públicas têm o dever de subsidiar, tal como acontece com os livros, o cinema, o teatro e outras manifestações culturais que dão voz à liberdade – bem maior inerente à pessoa e à coletividade. Mas sem os poderes esperarem qualquer retorno que interfira com o direito à liberdade de expressão e de opinião. Aliás, os media de menor expansão, para sobreviverem, estão sujeitos a um garrote constante que ameaça a fronteira da liberdade, da criatividade, o dever de independência, o relato da realidade nua e crua, princípios deontológicos que credibilizam a informação e os jornalistas. Sendo a net “um instrumento formidável, que nos responsabiliza a todos como utentes e desfrutadores”, importa ter sobre ela uma consciência crítica, “uma maior capacidade de discernimento e um sentido de responsabilidade mais maduro”, para denunciar as notícias falsas, desmascarando-as - salienta Francisco. “O desafio que nos espera é o de comunicar, encontrando as pessoas onde estão e como são.”- conclui o Papa na sua mensagem. Que grande responsabilidade pesa, neste tempo de tragédia e de mudança, sobre os profissionais de informação e empresas de comunicação, por terem de informar a realidade dos fatos e o sentir das pessoas, com transparência e liberdade. Muitos perseguem estes objetivos, sem meios humanos e financeiros, para “gastarem a sola dos sapatos”, mas com a preocupação constante de ouvir e dar voz aos sem-voz e de confrontar os discursos e ditames dos detetores do poder com a realidade dos fatos e a verdade. Quando um jornal, com mais de 150 anos, decide continuar a publicar-se a bem da liberdade, da igualdade e do progresso dos açorianos, merece o nosso aplauso e os votos de longa vida! *jornalista c.p. 239 A http://escritemdia.blogspot.com. 15.

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(34) 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. Francisco Resendes*. OPINIÃO. Jornal de referência e arauto das comunidades açorianas da América do Norte. “Confesso que comecei por interessar-me pela leitura do D.A. ainda nos tempos em que estudava em Ponta Delgada e sempre vi nesta publicação um instrumento da açorianidade na defesa dos interesses, preocupações e desafios dos açorianos, conseguindo, ao longo dos anos, solidificar o seu prestígio levando aos seus leitores, tanto nos Açores como, mais recentemente, nas comunidades açorianas da diáspora, uma informação objetiva, independente e atualizada sobre o que acontece nos Açores de hoje.” O Diário dos Açores, um dos mais antigos jornais portugueses, comemora dia 05 de fevereiro, 150 anos + 1 de existência, um caso sério de longevidade em jornais que se publicam em Portugal. Falar do Dário dos Açores é falar de um jornal de referência do jornalismo de qualidade, pelo bom aspeto gráfico e paginação cuidada e bem estruturada, mas sobretudo pelo seu conteúdo, a par e passo do quotidiano nos Açores e pela riqueza jornalística dos seus colaboradores. É mais do que justo evocar aqui a memória de todos aqueles que ao longo de um século e meio deram o seu indelével contributo para que o Diário dos Açores continuasse a sair à rua, no seu importante papel não apenas de informar os seus leitores mas também no reforço da memória coletiva do pensar açoriano nas várias etapas do seu rico percurso. Efetivamente, o DA tem sido um repositório rico de reflexões sobre as vivências e experiências dos açorianos e isso tem-se manifestado através de um rico leque de colaboradores que contribuem para a riqueza deste diário de Ponta Delgada. Confesso que comecei por interessar-me pela leitura do D.A. ainda nos tempos em que estudava em Ponta Delgada e sempre vi nesta publicação um instrumento da açorianidade na defesa dos interesses, preocupações e desafios dos açorianos, conseguindo, ao longo dos anos, solidificar o seu prestígio levando aos seus leitores, tanto nos Açores como, mais recentemente, nas comunidades açorianas da diáspora, uma informação objetiva, independente e atualizada sobre o que acontece nos Açores de hoje. E foi, e continua a ser, um instrumento importante na luta e defesa da Autonomia, mercê do dinamismo dos seus colaboradores e diretores que por aqui passaram ao longo dos anos. Segundo o seu atual diretor, Osvaldo Cabral, o maior desafio deste diário micaelense “é mantê-lo na procura da verdade, sem ceder às modas globais do presente, onde impera muita desinformação e interesses obscuros”, o que deve ser apanágio de uma informação séria e de qualidade. Durante 151 anos o Diário dos Açores resistiu a diversas “tempestades” que assolaram o país, nomeadamente no tempo do regime fascista e estamos certos que continuará a resistir a novos “vícios” da sociedade moderna que ameaçam o jornalismo sério, a liberdade de informação e,. vamos lá, a democracia. Esses novos vícios e perigos, de acesso espontâneo, estão perfeitamente identificados na cultura snack e imediatista, no populismo, no clientelismo, na dependência de grupos de interesses, quer sejam económicos ou políticos, levando à perda de afirmação, identidade e independência. Como referiu há tempos o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “os jornais são ferramentas necessárias e importantes para a solidificação das democracias, na medida em que devem servir de arautos dos seus leitores, das suas comunidades, da região, de um país, na procura de respostas aos seus anseios, preocupações, desafios”. Há quase seis anos que Portuguese Times e Diário dos Açores mantêm uma relação de proximidade e parceirismo, uma sugestão que partiu do atual diretor do D.A., Osvaldo Cabral, e que foi prontamente aceite pela gerência e direção deste semanário. Muitos dos colaboradores do Diário dos Açores encontram também espaço no Portuguese Times, uma vez que a “décima ilha açoriana banhada de América” (como se referiu um dia Gabriela Silva aos açorianos residentes nos EUA) é o prolongamento do arquipélago e mantém na-. turalmente uma ligação afetiva com as outras nove ilhas. Por isso faz todo o sentido esta parceria PT/DA, até porque Osvaldo Cabral, que as comunidades açorianas bem conhecem de outros tempos através da RTP-Açores e agora como cronista do PT, com a sua apreciada coluna “Crónica do Atlântico” (das mais lidas dos leitores do PT) é dos poucos jornalistas dos Açores que conhece bem as preocupações, desafios e anseios dos açorianos da diáspora, as suas vivências e experiências, particularmente os da América do Norte. O Diário dos Açores tem sido efetivamente, desde que o nosso amigo Osvaldo Cabral assumiu a sua direção, um importantíssimo elo de ligação entre todos os açorianos da diáspora. Bem hajam e que o nosso Diário dos Açores continue na sua missão de bem informar, dando voz às necessidades de desafios de TODOS os açorianos: os da Região e os das Comunidades. Que esta parceria Diário dos Açores/Portuguese Times continue! Parabéns pelo excelente serviço prestado em prol de todos os açorianos. *Director e Editor do jornal Portuguese Times (EUA). 17.

(35) 18 REPORTAGEM. 5 de Fevereiro 2021 . www.diariodosacores.pt. O fundador e o continuador do Diário dos Açores “O percurso do Diário dos Açores não foi fácil. Manuel Augusto Tavares de Resende enquanto fundador, proprietário, editor, administrador e primeiro diretor do jornal, enfrentou grandes adversidades, não só devido às limitadas condições técnicas da altura, mas também devido à falta de assinantes e leitores, pois os problemas económicos e os elevados índices de analfabetismo característicos da época foram grandes entraves à manutenção deste quotidiano micaelense”. por Adriana A. Novo*. Manuel Augusto Tavares de Resende nasceu a 23 de fevereiro de 1849. Era filho de João José de Resende e de Margarida Augusta Tavares de Resende. Casou com Rosa Leopoldina de Resende, de quem teve apenas uma filha, Maria do Carmo Carreiro Resende, a quem chamavam, carinhosamente, de «Mariquinhas». Infelizmente, a menina conviveu apenas 5 anos com o seu pai, pois Tavares de Resende como era conhecido, faleceu precocemente a 3 de janeiro de 1892, com apenas 42 anos de idade. Em 1870, Tavares de Resende, influenciado pelo lançamento do Diário de Notícias (surgido, em Lisboa, em 1865), havia fundado um periódico que se pretendia diário (apesar de algumas irregularidades na periodicidade do mesmo), precisamente intitulado Diário dos Açores e que tinha como objetivo informar, atempadamente, os açorianos das mais recentes notícias regionais, nacionais e até internacionais (por exemplo, sobre a guerra franco-prussiana que rebentou, precisamente, em 1870). Para isso, o fundador do Diário dos Açores, procurara montar uma rede de colaboradores e distribuidores por toda a ilha de São Miguel, pelas outras ilhas dos Açores e até fora da região (Brasil, França, Califórnia, etc.). Foi a 5 de fevereiro de 1870, que saiu o primeiro número do jornal, apresentando-se como «publicação noticiosa de instrução e recreio». De formato pequeno (com aproximadamente 26 cm de altura e 18 cm de largura) começou por ser impresso na Tipografia de Manuel Correia Botelho (localizada na Rua do Provedor, nº 6). Não era publicado às segundas-feiras, custava 10 réis, cada número avulso e a tiragem diária inicial era de 1500 exemplares. O percurso do Diário dos Açores não foi fácil. Manuel Augusto Tavares de Resende enquanto fundador, proprietário, editor, administrador e primeiro diretor do jornal, enfrentou grandes adversidades, não só devido às limitadas condi-. Homenagem a Manuel Augusto Tavares de Resende e a Manuel Resende Carreiro. Fonte: Diário dos Açores, 5 de fevereiro de 1945. ções técnicas da altura, mas também devido à falta de assinantes e leitores, pois os problemas económicos e os elevados índices de analfabetismo característicos da época foram grandes entraves à manutenção deste quotidiano micaelense. Prova de outras atribulações, foi a temporária alteração do nome do jornal. No dia 11 de junho de 1881 publicou-se o último número do Diário dos Açores, substituído, a 25 do mesmo mês, pelo título O Novo Diário dos Açores, que se manteve por um período de aproximadamente 9 anos. Logo no início de 1891, voltou-se à designação inicial, Diário dos Açores. Esta mudança de nome deveu-se a uma polémica com José Augusto da Costa Resende, redator do jornal a Ventosa Sarjada. Todas estas dificuldades teriam feito desistir qualquer pessoa menos corajosa e decidida, mas Manuel Augusto Tavares de Resende, provido de grande resiliência, conseguiu sempre de forma inteligente transcender os seus infortúnios. Ele era um verdadeiro apaixonado pela imprensa e a sua atividade jornalística não se iniciou com a publicação do Diário dos Açores. Ainda muito jovem, iniciou a publicação do Clamor Artístico (cujo primeiro número data 5 de novembro de 1867). No entanto,. não conseguiu manter a publicação deste jornal. Em 1869, lançou o periódico Democracia, que, por sua vez, também não teve um futuro risonho. No mesmo ano, iniciou a publicação do jornal A Semana, que terminou em 1870. Ainda antes da fundação do Diário dos Açores, Tavares de Resende foi também editor do Diário de Notícias, juntamente com João Clímaco dos Reis (jornal este que veio a público a 1 de julho de 1869 e terminou a 9 de janeiro de 1870). Mesmo depois da fundação do Diário dos Açores, Tavares de Resende continuou ligado a vários jornais, tendo sido impulsionador, editor e colaborador de muitos outros, como: o Aurora Povoacense (1883), o Correio de Lisboa (1875), o Correio Michaelense (1878), o República Federal (1880), A Vontade do Povo (1882) e o Povo Açoriano (1886). Do ponto de vista político, Manuel Augusto Tavares de Resende era afeto ao partido progressista, facto que é possível perceber através da leitura de vários artigos publicados no próprio Diário dos Açores, que, apesar de nunca se ter declarado órgão de partido algum, tinha a sua linha de orientação política, neste caso progressista/popular. O parágrafo seguinte é elucidativo desta preferência:. «Reappareceu O Correio Michaelense, que promete não desdizer o seu originário programma. O Correio aspira ao progresso e consagra-se à justa defesa da causa da emancipação popular. (…) Desenrolando o seu velho partido e a geração moderna, para que triunphem as idéas consagradas no programma do partido Progressista, (…).» (Diário dos Açores, 21 de julho de 1878). O espírito idealista de Tavares de Resende, levou-o ainda a defender a autonomia das ilhas açorianas, servindose do seu jornal para divulgar aquilo em que acreditava. Publicou no Diário dos Açores vários artigos que tinham como tema a autonomia administrativa do arquipélago dos Açores. Aliás, o primeiro lema autonómico é publicado por ele no seu Diário. É ainda de referir que o último artigo que o fundador do Diário dos Açores escreveu, pouco tempo antes da sua morte, exaltava precisamente a fraternidade insular. Como foi dito anteriormente, Manuel Augusto Tavares de Resende partiu de forma inesperada em 1892, ano em que o jornal celebrou vinte e dois aniversários. À frente do destino do Diário dos Açores ficou o seu sobrinho, Manuel Resende Carreiro, que continuou com o trabalho que tinha sido começado e desenvolvido pelo tio. A perda do fundador e primeiro diretor do Diário dos Açores foi sentida por muitos açorianos, e não só, que fizeram questão de lhe prestarem as mais sentidas homenagens. Aquando do seu funeral, tomaram a palavra ilustres personalidades da altura, como o Dr. Mont’Álverne de Sequeira, o Dr. Caetano de Andrade, Manuel Pereira de Lacerda, entre outros..

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