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Introdução aos Problemas Econômicos (Noções Gerais de Economia)

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IX

APRESENTAÇÃO

O

presente texto divide-se em três partes distintas. A Parte I, denominada Introdução aos Problemas Econômicos, tem por objetivo apresentar aos estudantes concei-tos básicos de economia, conceiconcei-tos estes necessários à compreensão do restante da obra. Examinam-se, no Capítulo I (Noções Gerais de Economia), os problemas ineren-tes à definição e ao objeto de estudo da Ciência Econômica; em seguida apresentam-se os conceitos de “necessidades humanas”, “bens e serviços” e “recursos produtivos”, fundamentais para o entendimento da escassez. A definição e as etapas na construção de um modelo são também nele apresentadas. O capítulo termina com um apêndice matemático que explica ao leitor como trabalhar com gráficos. No Capítulo II (Questões Econômicas Fundamentais Decorrentes do Problema da Escassez e da Necessidade de Escolha), abordam-se as questões econômicas fundamentais – o que e quanto, como e para quem produzir –, procurando mostrar que, em razão da escassez, a economia é uma ciência ligada a problemas de escolha, e que são três as maneiras pelas quais as sociedades se organizam a fim de resolver suas questões econômicas fundamentais: economia de mercado (ou de livre empresa), economia planificada centralmente e econo-mia mista. O capítulo se encerra com as definições formais de Micro e de Macroeconoecono-mia. A Parte 2 denomina-se Noções Gerais de Microeconomia, e se estende do terceiro ao oitavo capítulo. No Capítulo III (Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado), são introduzidos os conceitos de demanda, oferta e equilíbrio em um mercado competitivo, abordando, também, aplicações dos conceitos vistos, como, por exemplo, o controle de preços por parte do governo. O capítulo traz ainda um apêndice com a determinação matemática do equilíbrio. O Capítulo IV (Reações do Mercado: Mudanças nas Curvas de Demanda e de Oferta e Alterações no Equilíbrio) estuda, com especial atenção, as mudanças no equilíbrio em decorrência das alterações das curvas de demanda e de oferta. O Capítulo V (Elasticidades) dedica-se ao estudo do conceito de elasticidade parte00-cap00.qxd 6/1/2006 11:34 AM Page IX

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X Princípios de Economia – Editora Thomson

(elasticidade-preço da demanda, elasticidade-renda da demanda, elasticidade-preço cruzada da demanda e elasticidade da oferta), bem como a análise da relação dos impostos com a elasticidade. No Capítulo VI (Teoria da Produção), aborda-se o com-portamento da firma no tocante a sua atividade produtiva, por meio da Teoria da Produção. Especial atenção é dedicada aos conceitos de “eficiência técnica“ e “eficiên-cia econômica”. Deve-se salientar o fato de que a análise se concentra especificamente no curto prazo, uma vez que é nesse período que toda ação econômica tem lugar. No Capítulo VII (Teoria dos Custos), continua-se o estudo da firma, só que no aspecto refe-rente aos custos de produção. Nesse momento o leitor tem contato com a “Teoria dos Custos“. À semelhança do que ocorreu no capítulo anterior, a atenção dos autores tam-bém está voltada aos custos no curto prazo, embora façam algumas considerações a respeito do comportamento dos custos no longo prazo. O capítulo apresenta ainda dois apêndices: o primeiro destina-se a ensinar como trabalhar com curvas de custo e o segundo mostra uma análise do Break-Even Point (ou Ponto de Equilíbrio) da empresa. No Capítulo VIII (Estruturas de Mercado), estudam-se a maneira pela qual se determinam os preços dos produtos e as quantidades que serão produzidas nos diversos mercados de uma economia, analisando-se, então, os Mercados de Concorrência Perfeita, o Mono-pólio, a Concorrência Monopolista e o Oligopólio.

A Parte 3 denomina-se Noções Gerais de Macroeconomia e nela se introduz o leitor no campo da Teoria Macroeconômica. Assim é que, no Capítulo IX (A Macroeconomia: Definições e Campo de Estudo), são introduzidas definições de vários autores a respeito desse segmento da Teoria Econômica. No Capítulo X (Noções de Contabilidade Nacional), a intenção é mostrar, por meio do modelo simples de Fluxo Circular da Atividade Econômica, a maneira pela qual indivíduos e firmas interagem na economia. O entendi-mento do funcionaentendi-mento dos fluxos de produto e de renda é básico, uma vez que eles fazem parte do primeiro modelo, ainda que simples, do funcionamento de uma econo-mia. A preocupação macroeconômica consiste em se determinar a magnitude desses fluxos e por que eles variam ao longo do tempo. Ainda aproveitando o modelo do fluxo, apresentam-se ao leitor os conceitos básicos de produto e de renda, e a relação existente entre eles. Procuram-se, neste capítulo, mostrar a importância da Contabilidade Nacional, particularmente para se medir o desempenho da economia. O Capítulo XI (Teoria da Determinação da Renda) estuda a maneira pela qual o nível de equilíbrio da renda é determinado em uma economia fechada (sem relações com o “Resto do Mundo”). Por meio do modelo Keynesiano de curto prazo, analisam-se os elementos que compõem a demanda agregada, como o consumo, as despesas de investimento e os gastos governamentais. A Política Fiscal também é objeto de estudo neste capítulo. No Capítulo XII (O Papel e a Importância da Moeda), busca-se evidenciar a importância da moeda para o funcionamento do sistema econômico. Além de historiar a origem e a evolução da moeda, os autores mostram quais são os determinantes da oferta e da deman-da de moedeman-da, como se dá o equilíbrio no mercado monetário e a ligação entre a moedeman-da, a taxa de juros, o nível de investimento e o nível de renda na economia. A Política Monetária também é objeto de atenção por parte dos autores, em função da sua importância no que diz respeito ao controle do nível de atividade econômica e estabili-dade de preços. No Capítulo XIII (Inflação e Desemprego), procuram-se descrever o fenômeno da inflação, suas causas e as conseqüências que um descontrole de preços pode acarretar à economia. Neste capítulo, o problema do desemprego é abordado do ponto de vista teórico, quando então são conceituados os tipos de desemprego exis-parte00-cap00.qxd 6/1/2006 11:34 AM Page X

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Apresentação – Passos/Nogami XI

tentes. O Capítulo XIV (Relações Internacionais), apresenta não só as teorias do comér-cio internacomér-cional (vantagem absoluta e vantagem comparativa), os conceitos de Balanço de Pagamentos e de Taxa de Câmbio, como também a importância do Setor Externo no que diz respeito à determinação do nível de renda de uma economia. Finalmente, no Capítulo XV (Crescimento e Desenvolvimento Econômico), faz-se uma abordagem obje-tiva sobre o tema, evidenciando suas nuanças e características, bem como o seu aspec-to social.

Todos os capítulos contêm exercícios, cujas respostas podem ser encontradas ao final do livro.

O texto inclui ainda um anexo com estatísticas relevantes sobre a economia brasileira, que permitirá ao leitor estabelecer relação entre as teorias e conceitos discu-tidos e a realidade que o cerca.

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XIII

SUMÁRIO

PARTE 1

Introdução aos Problemas Econômicos

CAPÍTULO I – NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA

1 PRÓLOGO 3

2 O PROBLEMA DA ESCASSEZ 4

3 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA 4

4 POR QUE A ECONOMIA É CONSIDERADA UMA “CIÊNCIA SOCIAL”? 6

5 SISTEMA ECONÔMICO 6

6 RACIOCINANDO COM TEORIAS E MODELOS 7

7 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS 10

Apêndice – Trabalhando com Gráficos e Outras Ferramentas 23

Exercícios 44

CAPÍTULO II – QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS

DECORRENTES DO PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA NECESSIDADE

DE ESCOLHA

1 QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS 47

2 A CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO: UMA ILUSTRAÇÃO

DO PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA ESCOLHA 48

3 ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA 59

4 A MICRO E A MACROECONOMIA 70

Exercícios 71

(5)

XIV Princípios de Economia – Editora Thomson

PARTE 2

Noções Gerais de Microeconomia

CAPÍTULO III – DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO

1 INTRODUÇÃO 75

2 A DEMANDA 76

3 A OFERTA 87

4 O EQUILÍBRIO 97

5 UMA APLICAÇÃO: CONTROLE DE PREÇOS 105

Apêndice – Determinação Matemática do Equilíbrio 112

Exercícios 130

CAPÍTULO IV – REAÇÕES DO MERCADO: MUDANÇAS NAS CURVAS

DE DEMANDA E DE OFERTA E ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO

1 INTRODUÇÃO 133

2 MUDANÇAS NA DEMANDA 134

3 A DISTINÇÃO ENTRE MUDANÇAS NA QUANTIDADE DEMANDADA

4 MUDANÇAS NA OFERTA 152 5 MUDANÇAS NO EQUILÍBRIO 161 Exercícios 170

CAPÍTULO V – ELASTICIDADES

1 INTRODUÇÃO 173 2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA 174 3 ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA 198

4 ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA 201

5 ELASTICIDADE DA OFERTA 204

6 IMPOSTOS E ELASTICIDADE 210

Exercícios 216

CAPÍTULO VI – TEORIA DA PRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO 219

2 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS 220

3 EFICIÊNCIA TÉCNICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 220

4 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO 223

5 OS FATORES DE PRODUÇÃO FIXOS E VARIÁVEIS 224

6 PERÍODOS DE TEMPO RELEVANTES PARA A FIRMA 224

7 PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO 225

Exercícios 236

CAPÍTULO VII – TEORIA DOS CUSTOS

1 INTRODUÇÃO 239

2 CUSTOS EXPLÍCITOS E CUSTOS IMPLÍCITOS 240

3 LUCRO ECONÔMICO E LUCRO CONTÁBIL 241

(6)

Sumário – Passos/Nogami XV

4 O CURTO E O LONGO PRAZOS 244

5 CUSTOS DE PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO 244

6 OS CUSTOS NO LONGO PRAZO 259

7 ANÁLISE DO BREAK-EVEN POINT (OU PONTO DE EQUILÍBRIO) 265

Apêndice – Identificação do Custo Total, do Custo Variável e do Custo Fixo a Partir

das Curvas de Custo Médio e de Custo Variável Médio 277

Exercícios 282

CAPÍTULO VIII – ESTRUTURAS DE MERCADO

1 INTRODUÇÃO 285

2 CONCORRÊNCIA PERFEITA 286

3 MONOPÓLIO 324

4 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA 344

5 OLIGOPÓLIO 349

6 RESUMO DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 353

Exercícios 354

PARTE 3

Noções Gerais de Macroeconomia

CAPÍTULO IX – A MACROECONOMIA: DEFINIÇÕES E CAMPO DE

ESTUDO

1 INTRODUÇÃO 359

2 ALGUNS ASPECTOS SOBRE A EVOLUÇÃO DA TEORIA

MACROECONÔMICA 360

3 A MACROECONOMIA E SEU CAMPO DE ESTUDO 365

Exercícios 367

CAPÍTULO X – NOÇÕES DE CONTABILIDADE NACIONAL

1 INTRODUÇÃO 369

2 FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA: PRODUTO E RENDA 369

3 CONTABILIDADE NACIONAL 372

4 O PNB PELA ÓTICA DA DESPESA 381

5 SÍNTESE DO PRODUTO NACIONAL 383

6 ALGUMAS IDENTIDADES IMPORTANTES 386

Exercícios 390

CAPÍTULO XI – TEORIA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA

1 INTRODUÇÃO 393

2 OFERTA AGREGADA, DESEMPREGO E NÍVEL GERAL DE PREÇOS 394

3 A DEMANDA AGREGADA 395

4 O CONSUMO 396

5 INTRODUZINDO O INVESTIMENTO 411

6 O GOVERNO E O NÍVEL DE RENDA 429

(7)

XVI Princípios de Economia – Editora Thomson

7 POLÍTICA FISCAL E NÍVEL DE RENDA 436

Apêndice – O Setor Público 438

Exercícios 444

CAPÍTULO XII – O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DA MOEDA

1 INTRODUÇÃO 447

2 A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA MOEDA 447

3 AS FUNÇÕES DA MOEDA 454

4 AS CARACTERÍSTICAS DA MOEDA 457

5 FORMAS DE MOEDA 457

6 QUASE-MOEDAS 458

7 A OFERTA MONETÁRIA 458

8 DEMANDA DE MOEDA (VERSÃO KEYNESIANA) 463

9 POLÍTICA MONETÁRIA 480

10 SISTEMAS MONETÁRIOS E FINANCEIROS – A INTERMEDIAÇÃO

11 SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO 488

Exercícios 503

CAPÍTULO XIII – INFLAÇÃO E DESEMPREGO

1 INTRODUÇÃO 505

2 CONCEITO 505

3 EFEITOS DA INFLAÇÃO 505

4 TIPOS DE INFLAÇÃO 506

5 A INTERAÇÃO ENTRE INFLAÇÃO DE DEMANDA E INFLAÇÃO DE

CUSTOS 510

6 A VISÃO MONETARISTA 510

7 FORMAS DE COMBATE À INFLAÇÃO 510

8 SISTEMA DE METAS INFLACIONÁRIAS 511

9 A QUESTÃO DO DESEMPREGO 513

10 A CURVA DE PHILLIPS 518

Exercícios 520

CAPÍTULO XIV – RELAÇÕES INTERNACIONAIS

1 INTRODUÇÃO 521

2 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 522

3 POLÍTICA COMERCIAL INTERNACIONAL 526

4 BALANÇO DE PAGAMENTOS 528

5 VARIÁVEIS DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES E DAS

6 TAXAS DE CÂMBIO 534

Exercícios 548

(8)

Sumário – Passos/Nogami XVII

CAPÍTULO XV CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

1 INTRODUÇÃO 551 2 CRESCIMENTO ECONÔMICO 551 3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 553 4 INDICADORES TRADICIONAIS 555 5 NOVOS INDICADORES 556 Anexos 558 Exercícios 570

Respostas dos Exercícios 571

Dados Estatísticos Referentes à Economia Brasileira 601

Glossário 637

Referências Bibliográficas 655

(9)

3

1 PRÓLOGO

D

eparamo-nos, em nosso dia-a-dia, com diversas questões de natureza econômica. Como exemplo, podemos citar:

• desemprego; • inflação; • déficit público;

• alterações nas taxas de juros; • aumento de impostos;

• desvalorização da taxa de câmbio.

Na realidade, os princípios e as práticas econômicas têm, ao longo do tempo, moldado o cotidiano dos cidadãos e, por conseguinte, da sociedade.

Atualmente o conhecimento sobre assuntos econômicos se faz mais necessário do que nunca, uma vez que a maior parte dos complexos problemas das sociedades modernas, tais como a globalização, a pobreza e a questão do meio ambiente, entre outros, está atrelada a problemas de natureza econômica.

Entretanto, apesar de a maioria das pessoas participar de atividades de natureza econômica, poucas possuem conhecimentos teóricos que lhes permitam analisar os problemas econômicos que nos cercam em nosso cotidiano.

Esse é, sem dúvida, o grande motivo pelo qual devemos estudar economia. O seu estudo nos proporcionará um conjunto de conhecimentos que nos ajudará a formar opiniões a respeito dos grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em nossa sociedade.

Capítulo I

NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA

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4 Princípios de Economia – Editora Thomson

2 O PROBLEMA DA ESCASSEZ

A escassez é o problema econômico central de qualquer sociedade. Se não houvesse es-cassez, tampouco haveria a necessidade de se estudar economia.

Mas, por que existe a escassez?

A escassez existe porque as necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas etc.) e serviços (trans-porte, assistência médica etc.) são infinitas e ilimitadas, ao passo que os recursos

produ-tivos (máquinas, fábricas, terras agricultáveis, matérias-primas etc.) à disposição da

sociedade e que são utilizados na produção dos mais diferentes tipos de produtos são finitos e limitados, ou seja, são insuficientes para se produzir o volume de bens e

NECESSIDADES HUMANAS

ILIMITADAS RECURSOS PRODUTIVOSLIMITADOS

ESCASSEZ DE BENS

×

serviços necessários para satisfazer as necessidades de todas as pessoas.

É preciso não confundir escassez com pobreza. Pobreza significa ter poucos bens. Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, ainda que haja muitos bens. É preciso também não confundir escassez com limitação. Um bem pode ter sua oferta limitada. Entretanto, se esse bem não for desejado, se não houver procura por ele, ele não será escasso.

Assim, o fenômeno da escassez está presente em qualquer sociedade, seja ela rica ou pobre. É verdade que para países como os Estados Unidos e a Suécia ela não é um problema tão grave como para países como a Somália e a Etiópia, em que sequer as necessidades básicas da população são satisfeitas. Mesmo assim, a escassez continua sendo um problema, uma vez que as aspirações por bens e serviços em geral superam a quantidade de bens e serviços produzidos pela sociedade.

Pode-se dizer, então, que a escassez é a preocupação básica da Ciência Econômica. Somente devido à escassez de recursos em relação às ilimitadas necessidades humanas é que se justifica a preocupação de utilizá-los da forma mais racional e efi-ciente possível.

Da dura realidade da escassez decorre a necessidade da escolha. Já que não se pode produzir tudo o que as pessoas desejam, devem ser criados mecanismos que de algu-ma foralgu-ma auxiliem as sociedades a decidir quais bens serão produzidos e quais neces-sidades serão atendidas.

3 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA

Uma vez entendido o sentido econômico da escassez, podemos passar para a definição parte01-cap01.qxd 6/1/2006 12:06 PM Page 4

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Capítulo I Noções Gerais de Economia – Passos/Nogami 5

de Economia.

Em termos etimológicos a palavra “economia” vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Teríamos, então, a palavra oikonomia que significa “administração de uma unidade habitacional (casa)”, podendo também ser entendida como “administração da coisa pública” ou de um Estado.

Por essa razão, quando nos referimos a uma pessoa tachando-a de econômica, estamos querendo dizer que ela é cuidadosa e parcimoniosa no gasto de dinheiro ou na utilização de materiais, ou seja, que ela é cuidadosa na administração dos seus recursos. Em Economia, por sua vez, estudamos as maneiras pelas quais os diferentes tipos de sistemas econômicos administram seus limitados recursos com a finalidade de pro-duzir bens e serviços, objetivando satisfazer as ilimitadas necessidades da população. “Se o objetivo é atender ao máximo as necessidades da população e se os recursos são limitados, então a administração desses recursos tem de ser feita de maneira cuida-dosa, econômica (parcimoniosa), racional e eficiente.” Em outras palavras, temos de “economizar” recursos.

Podemos, então, definir Economia como “a Ciência Social que estuda como as pes-soas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribuí-los entre as várias pes-soas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas”.

Na realidade existem muitas definições da Economia como ciência, e elas têm evoluído ao longo da história, desde as primeiras escolas econômicas, datadas do sécu-lo XVIII, até o presente. Vejamos, então, as definições de três autores contemporâneos:

• Myron H. Umbreit, Elgin F. Hunt e Charles V. Kinter:1

A economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos.

• Stonier e Hague:2

Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia. A Economia é, fundamental-mente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes.

• Paul A. Samuelson:3

A economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados e para os distribuir para consumo, agora ou no futuro, entre várias pessoas e grupos da sociedade.

Depreende-se dessas definições que a Economia é uma Ciência Social que tem por

1 UMBREIT, Myron H. et al. Economics: an introduction to principles and problems. Nova York:

McGraw-Hill, 1957.

2 STONIER, Alfred W.; HAGUE, Douglas C. Teoria econômica. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. 3 SAMUELSON, Paul Anthony; NORDHAUS, William D. Economia. 12. ed. Portugal, 1988.

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6 Princípios de Economia – Editora Thomson

objeto de estudo a questão da escassez.

Cabe, então, à Ciência Econômica, através do seu corpo teórico, fornecer respostas, ainda que parciais, para questões do tipo:

• O que é inflação? Quais suas causas? Como baixá-la?

• Por que existe uma distribuição tão desigual de renda? Como reduzir esse problema?

• O que é desemprego? Por que ocorre esse fenômeno? Como fazer para que o nível de emprego aumente?

• Qual o papel do governo no bem-estar da população? • Como se determinam os preços?

• O que determina a existência de relações econômicas internacionais?

4 POR QUE A ECONOMIA É CONSIDERADA UMA “CIÊNCIA SOCIAL”?

A Economia é considerada uma Ciência Social porque as ciências sociais estudam a organização e o funcionamento da sociedade. O Direito, a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia são ciências sociais, uma vez que cada qual estuda o funcionamento da sociedade a partir de um determinado ponto de vista. A título de exemplo, vejamos as definições dessas ciências:

• Direito: Ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade;

• Sociologia: Estudo objetivo das relações que se estabelecem, consciente ou inconscientemente, entre pessoas que vivem em uma comunidade ou em um grupo social, ou entre grupos sociais diferentes que vivem no seio de uma sociedade mais ampla;

• Antropologia: Ciência que reúne várias disciplinas cujas finalidades comuns são descrever o homem e analisá-lo com base nas características biológicas (antropolo-gia física) e culturais (antropolo(antropolo-gia cultural) dos grupos em que se distribui, dando ênfase, através das épocas, às diferenças e variações entre esses grupos;

• Psicologia: Ciência que trata da mente e de fenômenos e atividades mentais. Ciência do comportamento animal e humano em suas relações com o meio físi-co e social.

A Economia, portanto, também é uma Ciência Social, pois se ocupa do compor-tamento humano e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços.

5 SISTEMA ECONÔMICO

5.1 Definição

Um “Sistema Econômico” pode ser definido como a forma na qual uma sociedade está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as atividades parte01-cap01.qxd 6/1/2006 12:06 PM Page 6

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Capítulo I Noções Gerais de Economia – Passos/Nogami 7

econômicas de produção, troca e consumo de bens e serviços.

Toda economia opera segundo um conjunto de regras e regulamentos. Exemplificando, as firmas devem ter licenças específicas a fim de que possam produzir e vender seus pro-dutos; os trabalhadores devem ser registrados em carteira; os economistas, a fim de que possam exercer sua profissão, devem ser formados em escolas oficialmente reconhecidas; exige-se também que sejam filiados ao órgão de classe (no caso, o Conselho Regional de Economia – Corecon). Faz-se o mesmo tipo de exigência para profissionais de diversas categorias, tais como médicos, engenheiros, advogados etc.

Essas são apenas algumas das regras existentes em nossa economia. Assim, todas as leis, regulamentos, costumes e práticas tomados em conjunto, e suas relações com os componentes de uma economia (firmas, famílias – que são unidades domiciliares de consumo – e governo), constituem o que denominamos “Sistema Econômico”.

6. RACIOCINANDO COM TEORIAS E MODELOS

6.1 Teorias e Modelos

Como qualquer outra ciência, a Economia preocupa-se com a previsão e a explicação de fenômenos. Para tanto, utiliza-se de teorias.

E o que significa construir teorias?

Em economia, construir teorias significa extrair conhecimentos sobre o funciona-mento do sistema econômico.

Uma teoria pode ser apresentada sob a forma de um modelo. Um modelo é a repre-sentação simplificada da realidade ou das principais características de uma teoria. Ele é composto por um conjunto de relações que podem ser expressas na forma de palavras, diagramas, tabelas de dados, gráficos, equações matemáticas ou qualquer combinação desses elementos, o que possibilita a simulação de fenômenos, observados empirica-mente ou não.

Imaginemos, como exemplo, um guia com mapas da cidade de São Paulo. De certa forma, esse guia nada mais é do que um modelo, e é útil porque simplifica. Ele nos mostra as ruas da cidade, o sentido do tráfego, as linhas de ônibus, por onde tais ônibus circu-lam etc., de tal forma que um indivíduo consegue, a partir das informações nele contidas, orientar-se, ir de um ponto a outro da cidade, podendo, inclusive, prever o tempo ne-cessário para efetuar seus deslocamentos. Esse guia (ou modelo), entretanto, não mostra determinados aspectos da cidade, porque a maneira pela qual foi desenhado, omitindo certos detalhes, faz que ele ganhe clareza em função da finalidade para a qual foi pro-duzido, que é a de orientar pessoas em seus deslocamentos pela cidade. Se mostrasse cada prédio, cada casa, cada semáforo existente, haveria uma confusão que tornaria incompreensíveis os detalhes, e o guia seria então inútil.

Um modelo é mais fácil de manipular do que a realidade representada por ele, uma vez que apenas as características relevantes ou as propriedades importantes da realidade são nele retratadas. Em outras palavras, uma teoria,4ou um modelo, denota,

aproximadamente, e não exatamente, os fatos observados, uma vez que é uma

simpli-4 Usaremos a palavra teoria como sinônimo de modelo.

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8 Princípios de Economia – Editora Thomson

ficação da realidade.

6.2 Etapas na Construção de uma Teoria

O procedimento para se construir e testar teorias usado em trabalhos científicos é o mesmo, quer a disciplina seja Biologia, quer seja Sociologia ou Economia. Apresen-tamos, a seguir, um resumo do processo de construção de teorias.

1. Decidir sobre o que se deseja explicar ou predizer.

Por exemplo, pode-se querer explicar ou predizer a relação existente entre taxa de juros e nível de emprego.

2. Identificar as variáveis que se acredita serem importantes para aquilo que se deseja explicar ou predizer.

Variáveis são magnitudes que podem mudar. Exemplificando: o preço é uma variável. Assim, uma mercadoria pode custar $ 5,00 em um determinado dia e $ 8,00 na semana seguinte. Desse modo, se algum economista deseja explicar ou predizer o compor-tamento dos consumidores em suas compras, deve construir sua teoria levando em consideração o comportamento da variável preço.

3. Especificação das suposições da teoria.

A suposição é o elemento decisivo da teoria. Ela é uma declaração que se supõe ser ver-dadeira. A suposição é diferente, por exemplo, de um fato. Para um fato não existe dúvida. Exemplificando: é fato que você está lendo este livro neste momento. Com as supo-sições, sempre resta um espaço para se ter dúvida. Um economista pode fazer a suposição de que os proprietários de negócios têm somente um objetivo: ganhar o maior lucro possível. Entretanto, isso pode não ser verdade, uma vez que os donos de empresas podem não ser motivados apenas pelo lucro.

4. Especificação das hipóteses.

Uma hipótese é uma declaração condicional especificando como duas variáveis estão relacionadas. Geralmente, uma hipótese segue a forma “se-então”. Exemplificando: se um indivíduo tem um aumento salarial, então ele tem uma grande probabilidade de gastar parte do aumento da renda na compra de bens de consumo.

5. Testar a teoria comparando as previsões contra os acontecimentos do mundo real.

Suponha que a teoria de um economista faça a previsão de que, se as taxas de juros subirem, haverá diminuição no consumo da economia. Para testar essa teoria, devemos observar os dados de consumo para ver se as evidências dão sustentação à teoria que produziu aquela previsão.

6. Se a evidência dá sustentação à teoria, então nenhuma ação adicional é necessária.

Suponha que uma teoria faça a previsão de que se a taxa de juros diminuir, deverá parte01-cap01.qxd 6/1/2006 12:06 PM Page 8

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Capítulo I Noções Gerais de Economia – Passos/Nogami 9

haver aumento nas despesas de consumo da economia. Se a taxa de juros diminuir e as despesas de consumo aumentarem, então as evidências dão sustentação à teoria.

7. Se as evidências não dão sustentação à teoria, então a teoria é rejeitada. Nesse caso, uma nova teoria deve ser formulada.

6.3 Economia Positiva e Economia Normativa

Os “argumentos” que compõem a teoria econômica classificam-se em “positivos” e “normativos”.

Os argumentos positivos procuram entender e explicar os fenômenos econômicos como eles realmente são; assim, qualquer rejeição a esses argumentos pode ser con-frontada com a realidade. Vejamos, então, um exemplo:

“São Paulo é o primeiro Estado na produção industrial brasileira.”

Assim, se duas pessoas discordarem em relação a essa questão, devem estar em condições de dirimir a divergência diante dos fatos.

Os argumentos normativos, por sua vez, dizem respeito ao que “deveria ser”. Os argumentos normativos são pontos de vista influenciados por fatores filosóficos, soci-ais e cultursoci-ais; dependem de nossos julgamentos a respeito do que é certo e do que é errado, do que é bom e do que é ruim. Por envolverem “juízos de valor” sobre o que deve ser, tais argumentos não podem ser confrontados com os fatos objetivos da reali-dade. Vejamos, então, um exemplo:

“O combate ao desemprego deveria ser uma prioridade em relação ao combate da inflação.”

Assim, se duas pessoas estiverem discutindo sobre desemprego e inflação, pode ser que, dependendo do que cada uma pensa em relação ao assunto, não se consiga chegar a um acordo sobre ele.

Quanto à análise econômica propriamente dita, a análise econômica positiva tem por objetivo maior a compreensão e a previsão dos fenômenos econômicos do mundo real, sem que haja qualquer intenção de julgar essa realidade, ou de alterar o curso dos acon-tecimentos. Uma questão de natureza positiva seria, por exemplo:

– Qual deverá ser o aumento no preço dos automóveis populares caso o governo aumente o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) desse tipo de veículo em 10%?

Já a análise econômica normativa preocupa-se em compreender e prever a realidade, questionando se algo é moralmente bom ou não. Uma questão de natureza normativa seria, por exemplo:

– Deve-se elevar o IPI dos automóveis populares?

Na prática, a análise econômica positiva e a análise econômica normativa estão intimamente relacionadas. O economista dificilmente consegue adotar uma atitude parte01-cap01.qxd 6/1/2006 12:06 PM Page 9

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10 Princípios de Economia – Editora Thomson

exclusivamente positiva desvencilhando-se de sua realidade social, econômica, cultural e política. Por outro lado, jamais conseguirá construir uma teoria econômica normativa sem os conhecimentos da economia positiva.

7. ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS

7.1 Necessidades Humanas

Entense por necessidade humana a sensação da falta de alguma coisa unida ao de-sejo de satisfazê-la.

Sabemos, por experiência própria, que as pessoas necessitam de ar, água, alimen-tos, roupas e abrigo para que possam sobreviver. Sabemos, também, que não há limite à variedade e ao número das necessidades humanas.

Para exemplificar, suponhamos que o leitor seja presenteado com uma “Lâmpada de Aladim” capaz de atender a todos os seus desejos. Se o leitor for um cidadão que tenha um padrão de comportamento semelhante ao da maioria das pessoas, com certeza vai imediatamente preparar uma lista impressionante de coisas que deseja.

E o que conterá tal lista?

Inicialmente, talvez o leitor deseje coisas materiais. Por exemplo, roupas mais finas e variadas de grifes sofisticadas e caras, que jamais sonhou possuir; por certo, também dese-jará melhores tipos de alimentos, comparativamente àqueles que esteja habituado a con-sumir. E esse seria apenas o começo, uma vez que seu apetite terá apenas sido despertado. Passará então a desejar uma magnífica mansão, com belos jardins, piscinas, quem sabe até uma sauna e, na garagem, os mais modernos tipos de carro, prontos para serem utilizados. Prosseguindo, com certeza também vai querer uma casa na praia, com todo o conforto que a vida moderna pode proporcionar e, é claro, um belo iate. Naturalmente, o leitor não se esquecerá de um avião e de um helicóptero, que certamente agilizarão seus deslocamentos, evitando que perca tempo ao se transportar de um lado para outro. Viajar, freqüentar restaurantes sofisticados e badaladas casas noturnas figurarão, é claro, entre os desejos listados. O fato é que, quanto mais desejar o leitor, mais descobrirá coisas capazes de tornar a vida mais agradável, confortável e, por que não dizer, bela.

Entretanto, isso não é tudo. O leitor poderá desejar também outras coisas pessoais e imateriais, e que são igualmente importantes em matéria de qualidade de vida: sabedoria, autoconfiança, prestígio, paz, liberdade, amor.

Assim, se pedirmos para qualquer pessoa considerada “normal” por nossa sociedade uma lista do que desejaria ter ou ser, a extensão da lista ficaria além da nossa com-preensão e cresceria dia a dia, desafiando a capacidade de contar de qualquer um. Por essa razão é que os economistas dizem que as necessidades humanas são ilimitadas.

Além disso, não podemos nos esquecer de que as necessidades biológicas do ser humano renovam-se dia a dia, exigindo da sociedade a produção contínua de bens com a finalidade de atendê-las. Paralelamente, a perspectiva de elevação do padrão de vida e a evolução tecnológica fazem que ”novas” necessidades apareçam, o que demonstra o fato de que as necessidades humanas são, realmente, ilimitadas.

Por essa razão, sabemos que nem todas as necessidades humanas podem ser satis-feitas. E é esse fato que explica a existência da economia, cabendo ao economista o estudo do modo de satisfazer, tanto quanto possível, tais necessidades.

Referências

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