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PROCESSO - TC-630/2006 INTERESSADO - PREFEITURA MUNICIPAL DE JERÔNIMO MONTEIRO ASSUNTO - CONSULTA

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PARECER/CONSULTA TC-019/2006

PROCESSO - TC-630/2006

INTERESSADO - PREFEITURA MUNICIPAL DE JERÔNIMO MONTEIRO ASSUNTO - CONSULTA

POSSIBILIDADE DA GRATIFICAÇÃO PAGA AOS

MEMBROS DE COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO INTEGRAR O CÔMPUTO DO PAGAMENTO DE DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO - OBSERVÂNCIA DO QUE DISPUSER O ESTATUTO DOS SERVIDORES MUNICIPAIS SOBRE REMUNERAÇÃO.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC-630/2006, em que o Prefeito Municipal de Jerônimo Monteiro, Sr. Newton Fonseca Vidal, formula consulta a este Tribunal, nos seguintes termos:

“Existindo lei municipal específica autorizando aos membros da Comissão Permanente de Licitação receberem gratificação para desempenharem tal função, seria viável o pagamento de 13° (abono natalino) aos membros da comissão incluindo a gratificação?”

Considerando que é da competência deste Tribunal decidir sobre consulta que lhe seja formulada na forma estabelecida pelo Regimento Interno, conforme artigo 1º, inciso XVII, da Lei Complementar nº 32/93.

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RESOLVEM os Srs. Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Espírito

Santo, em sessão realizada no dia onze de maio de dois mil e seis, por unanimidade, acolhendo o voto do Relator, Conselheiro Enivaldo Euzébio dos Anjos, preliminarmente, conhecer da consulta, para, no mérito, respondê-la nos termos da Instrução Técnica nº 092/2006 da 8ª Controladoria Técnica, firmada pela Inspetora, Soraide Ruy Bragatto, e do Parecer nº 1698/2006, da ilustrada Procuradoria de Justiça de Contas, da lavra do Procurador-Chefe, Dr. Ananias Ribeiro de Oliveira, abaixo transcritos:

INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº 092/2006 DA 8ª CONTROLADORIA TÉCNICA:

Tratam os autos de consulta formulada a esta Egrégia Corte de Contas pelo Exmo. Sr. Newton Fonseca Vidal, na qualidade de Prefeito Municipal de Jerônimo Monteiro, na qual textualmente indaga: “1 - Existindo lei municipal específica

autorizando aos membros da Comissão Permanente de Licitação receberem gratificação para desempenharem tal função, seria viável o pagamento de 13° (abono natalino) aos membros da comissão incluindo a gratificação?”

Ultrapassada a fase do artigo 97, caput, da Resolução TC 182/2002 (Regimento Interno), vieram-nos os autos a fim de nos pronunciarmos quanto ao mérito da proposição. É o

relatório. DO MÉRITO O décimo terceiro salário também denominado gratificação natalina é compulsório e tem natureza salarial. Cabe lembrar, que sua origem foi de liberalidade do empregador que pretendia obsequiar o empregado por ocasião das festas de fim de ano. Em decorrência da prática rotineira, dos costumes, tornou-se uma tradição, essa reiteração criou para o empregado, uma expectativa de contar com o valor correspondente nos seus ingressos econômicos, o empregado então passou a exigi-la, sempre que habitual. Desta forma, a lei trabalhista passou a considerar o que antes era uma liberalidade uma verdadeira obrigação do empregador. O direito ao décimo terceiro salário é uma garantia constitucional prevista no art. 7°, VIII, aos trabalhadores: “Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: {...} VIII. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.” Direito este estendido aos servidores ocupantes de cargo público, conforme preceitua o art.39, § 3° da Lei Maior: “Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política

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de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. {...} § 3°. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7°, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.”

(grifo nosso) Cabe aclarar que há dois tipos de comissão de

licitação, a permanente e a especial, conforme artigo 51 caput da Lei 8.666/93: “Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por comissão permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação. {...} § 4º - A investidura dos membros das Comissões permanentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período subseqüente.” A comissão permanente tem atribuições genéricas, sua duração não excede um ano, geralmente, julga as licitações de objetos que se inserem na atividade normal e usual do órgão licitante. A comissão especial é designada em situações especiais, em decorrência das peculiaridades do objeto licitado. Em regra, os membros da comissão são servidores integrantes dos quadros da Administração, e excepcionalmente, em razão da especialidade do objeto a ser licitado, serão convocados terceiros para integrá-la, detentores de requisitos técnicos específicos que justifique tal convocação. O décimo terceiro integra o conjunto de garantias constitucionais conferidas ao servidor/empregador. Tendo em vista que, a comissão permanente de licitação é formada por servidores da Administração, fazem eles jus a tal direito. Mas o ponto nodal da presente orientação técnica é saber se a gratificação recebida pelos membros da CPL, para desempenharem tal função, autorizada por lei, pode ser incluída no quantum do pagamento do 13° salário. Conforme art. 7°, VIII da Lei Maior transcrito o décimo terceiro é pago tomando por base a

remuneração referente no mês de dezembro ou no mês de

aniversário ou de outra data estabelecida no Estatuto do respectivo servidor. Remuneração é a soma do vencimento - padrão do cargo fixado em lei - e das vantagens pecuniárias que compreende as gratificações e adicionais. Entendimento esposado pelo saudoso mestre Hely Lopes Meirelles:

“Vantagens pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas a título definitivo ou transitório pela decorrência de tempo de serviço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais (exfacto officii), ou em razão das condições anormais em que se realiza o

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serviço (propter laborem), ou finalmente, em razão de condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primeiras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das gratificações (gratificações de serviço e gratificações pessoais). Todas elas são espécies do gênero retribuição pecuniária, mas se apresentam com características próprias e efeitos peculiares em relação ao beneficiário e à Administração, constituindo os “demais componentes do sistema remuneratório”... Somadas ao

vencimento (padrão do cargo), resultam nos vencimentos,

modalidade de remuneração.” (MEIRELLES. Hely Lopes. Direito

Administrativo Brasileiro. São Paulo. Editora Malheiros. 1999, p. 430. (grifo

nosso) Discorreremos somente com relação à gratificação, por

ser esta, a quantia paga aos membros da comissão de licitação, abarcando a situação sub examine. Gratificações são vantagens pecuniárias concedidas ao servidor, não por liberalidade da Administração, mas por recíproco interesse do serviço ou das condições pessoais do servidor, mas são transitórias, não se incorporam automaticamente ao vencimento, nem geram direito subjetivo à continuidade de seu recebimento. A gratificação não é vantagem inerente ao cargo ou à função, sendo concedida em face das condições excepcionais do serviço ou do servidor. A gratificação de serviço é chamada de propter laborem que é aquela que a administração estabelece para compensar os riscos ou ônus decorrentes dos trabalhos normais, mas que são executados em condições anormais de perigo ou de encargos para o servidor, como risco de vida e saúde ou prestados fora do expediente, da sede ou pela execução de trabalho técnico ou científico não decorrente do cargo. Essas gratificações são percebidas pelo servidor enquanto este estiver prestando o serviço que as enseja. Enuncia Hely Lopes Meirelles: “Cessado o trabalho que lhes dá causa ou desaparecido os motivos excepcionais e transitórios que as justificam extingue-se a razão de seu pagamento. Daí por que não se incorporam automaticamente ao vencimento, nem são auferidas na disponibilidade e na aposentadoria...” (MEIRELLES. Hely Lopes.Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo. Editora Malheiros. 1999,

p. 439). Vistas essas considerações, constata-se que a quantia

recebida pelos membros da comissão de licitação tem natureza jurídica de gratificação, espécie de vantagem pecuniária, e esta, por sua vez, constitui a remuneração (vencimento + vantagens pecuniárias). Sendo o pagamento de 13° salário calculado sobre o valor da remuneração percebida pelo servidor na época do pagamento, entende-se que a supracitada gratificação deverá ser computada no cálculo para pagamento do décimo terceiro. Cabe ressaltar que a lei federal 8.112/90, que trata do Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, aduz por remuneração, em seu artigo 41: “Art. 41. A remuneração é o vencimento do cargo

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efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.” (grifo nosso) Observa-se que os servidores federais não têm direito à computar no pagamento do décimo terceiro a gratificação pelo exercício de tal mister, por ser vantagem de caráter temporário, não perene. Por outro lado, a lei complementar n° 46/94, que versa sobre o Estatuto dos Servidores Civis do Estado do Espírito Santo, não faz tal

restrição, conforme art. 69: “Art. 69. Remuneração é o vencimento do

cargo, acrescido das vantagens pecuniárias estabelecidas em lei:”

Diante da divergência dos Estatutos mencionados, faz-se necessária à observância ao regramento legal do Município. Se albergado pela doutrina mencionada e a exemplo da lei complementar n° 46/94, disciplinar que remuneração engloba vantagens pecuniárias temporárias (gratificações) e permanentes (adicionais), incluirá a gratificação recebida pelos membros da CPL no cômputo do valor do 13° salário. Caso contrário, se o Estatuto Municipal dispor da mesma forma que o federal, estabelecer que remuneração somente abrange vantagens pecuniárias permanentes, não poderá ser incluída dita gratificação para o pagamento. 4.CONCLUSÃO

Deste modo, considerando o ordenamento pátrio aplicável ao presente caso e a fundamentação exposta, opinamos para, no mérito, responder que em decorrência do décimo terceiro salário ser pago com base na remuneração - constituída do vencimento (padrão do cargo fixado em lei) e das vantagens pecuniárias (adicionais e gratificações) - percebida pelo servidor no mês do pagamento, deverá ser observado o que dispuser o Estatuto dos Servidores Municipais sobre a remuneração. Se estabelecer que remuneração integra vantagens pecuniárias (adicionais + gratificações) conclui-se que a gratificação recebida pelos membros da Comissão Permanente de Licitação (autorizada por lei) inclui no cômputo do pagamento do décimo terceiro salário, por outro lado, se o Estatuto dos Servidores disciplinar que somente compreende as vantagens pecuniárias permanentes (adicionais), não será computada tal gratificação, por ser esta uma vantagem transitória. Respeitosamente, esse é o nosso entendimento. Esse é o nosso entendimento.

PARECER Nº 1698/2006 DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA DE CONTAS:

Cuidam os presentes autos de Consulta formulada pelo Senhor Newton Fonseca Vidal, na qualidade de Prefeito Municipal de Jerônimo Monteiro. Indaga o Consulente: “Existindo lei municipal específica autorizando aos membros da Comissão Permanente de Licitação receberem gratificação

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para desempenhar tal função, seria viável o pagamento de 13º (abono natalino) aos membros da Comissão incluindo gratificação?” De acordo com a fundamentação exposta pela Controladoria Técnica, no parecer de fls. 06/11, o Ministério Público opina para, no mérito, responder que em decorrência do décimo terceiro salário ser pago com base em remuneração, esta constituída do vencimento e das vantagens pecuniárias percebida pelo servidor no mês de pagamento, deverá ser observado o que dispuser o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais sobre a remuneração. Se este estabelecer que remuneração integra vantagens pecuniárias, conclui-se que a gratificação recebida pelos membros da Comissão Permanente de Licitações (autorizada por lei) inclui no cômputo do pagamento do décimo terceiro salário. Se dispuser que somente compreende as vantagens pecuniárias permanentes (adicionais), não será computada tal gratificação, por ser uma vantagem transitória. Diante de tais fatos, somos pelo CONHECIMENTO da presente consulta, adotando as respostas e fundamentos discriminados neste Parecer e na análise técnica de fls. 06/11.

Presentes à sessão plenária da apreciação os Srs. Conselheiros Elcy de Souza, Vice-Presidente no exercício da Presidência, Enivaldo Euzébio dos Anjos, Relator, Mário Alves Moreira, Umberto Messias de Souza e João Luiz Cotta Lovatti. Presente, ainda, o Dr. Ananias Ribeiro de Oliveira, Procurador-Chefe do Ministério Público junto a este Tribunal.

Sala das Sessões, 11 de maio de 2006.

CONSELHEIRO ELCY DE SOUZA

Vice-Presidente no exercício da Presidência

CONSELHEIRO ENIVALDO EUZÉBIO DOS ANJOS

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CONSELHEIRO MÁRIO ALVES MOREIRA

CONSELHEIRO UMBERTO MESSIAS DE SOUZA

CONSELHEIRO JOÃO LUIZ COTTA LOVATTI

DR. ANANIAS RIBEIRO DE OLIVEIRA

Procurador-Chefe

Lido na sessão do dia:

FÁTIMA FERRARI CORTELETTI

Secretária Geral das Sessões

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