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Estresse, ansiedade e estratégias de coping em bailarinos profissionais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

LUIZA VAZ VIDAL

Estresse, ansiedade e estratégias decoping em bailarinos profissionais

Campos dos Goytacazes-RJ 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Luiza Vaz Vidal

Estresse, ansiedade e estratégias de coping em bailarinos profissionais

Trabalho monográfico apresentado à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Psicologia Tipo de Trabalho: Relato de pesquisa Formato: Monografia em formato Artigo

ORIENTADORA: Profa. Dra. Ana Lúcia Novais Carvalho

Campos dos Goytacazes-RJ 2018

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ESTRESSE, ANSIEDADE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense.

____________________________________________ Prof

________________________________ TERMO DE APROVAÇÃO

Luiza Vaz Vidal

ESTRESSE, ANSIEDADE E ESTRATÉGIAS DE COPING EM BAILARINOS PROFISSIONAIS

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau rel em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Profa. Dra. Ana Lúcia Novais Carvalho

Departamento de Psicologia UFF/ESR

Professora orientadora

________________________________ Profa. Dra. Mayra Silva

Departamento de Psicologia UFF/ESR

EM BAILARINOS

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau rel em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense.

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Termo de Autorização para Publicação de Monografias por meios eletrônicas

Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Coordenação do curso de Psicologia/ESR, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a lei nº 9610/98, o texto integral da obra abaixo citada, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir dessa data.

Identificação da Monografia Autor: Luiza Vaz Vidal E-mail: luizavaz@id.uff.br

Título do Trabalho: Estresse, ansiedade e estratégias de coping em bailarinos profissionais.

Orientadora: Ana Lúcia Novais Carvalho Data de Defesa/Emissão de parecer:

Palavras-chave: estresse; ansiedade; estratégias de coping; bailarinos profissionais; ballet clássico

Palavras-chave em língua estrangeira: stress; anxiety; copingstrategies; professionaldancers; classic ballet

______________________________________________________________ Assinatura da Autora

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UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESR - INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

CPS - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DE CAMPOS COORDENAÇÃO DA GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Ata da Sessão de Avaliação de Trabalho Final d

parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Psicologia. Aos 20 dias do mês de dezembro

Banca encarregada de examinar o Trabalh ansiedade e estratégias de coping

Vidal, Matrícula UFF nº

Professores Mayra Silva e Ana Lúcia Novais Carvalho, o Banca. Dando início aos trabalhos, a

normas e procedimentos da avaliação.

Examinadora, concluiu pela sua APROVAÇÃO, atribuindo mais havendo a tratar, a Pre

trabalhos e, para constar, foi lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, vai assinada por todos os membros da Banca Examinadora e pela discente.

__________________________________________ Professora – Orientadora e Presidente:

__________________________________________ Professora – MAYRA SILVA

_________________________________________ Discente – LUIZA VAZ VIDAL

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DE CAMPOS

COORDENAÇÃO DA GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Ata da Sessão de Avaliação de Trabalho Final de Curso de Psicologia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.

dezembro do ano de dois mil e dezoito foi emitido parecer da Banca encarregada de examinar o Trabalho Final de Curso intitulado: “Estress

coping em bailarinos profissionais” do(a) disce

114081102. A Banca Examinadora foi constituída pelos e Ana Lúcia Novais Carvalho, orientadora e Presidente da Dando início aos trabalhos, a Presidente da Banca deu ciência a todos das normas e procedimentos da avaliação. Após as considerações finais, a Banca Examinadora, concluiu pela sua APROVAÇÃO, atribuindo-lhe a nota

mais havendo a tratar, a Presidente da Banca Examinadora deu por encerrados os trabalhos e, para constar, foi lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, vai assinada por todos os membros da Banca Examinadora e pela discente.

____________________________________________________________________ e Presidente: ANA LÚCIA NOVAIS CARVALHO

____________________________________________________________________ MAYRA SILVA

____________________________________________________________________ LUIZA VAZ VIDAL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO

e Curso de Psicologia, como requisito foi emitido parecer da o Final de Curso intitulado: “Estresse, ” do(a) discente Luiza Vaz A Banca Examinadora foi constituída pelos a e Presidente da Presidente da Banca deu ciência a todos das Após as considerações finais, a Banca lhe a nota10,0 (dez).Nada sidente da Banca Examinadora deu por encerrados os trabalhos e, para constar, foi lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, vai assinada

______________ ANA LÚCIA NOVAIS CARVALHO

__________________________

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Dedicatória

A minha avó, Dona Aneze, que no último ano da graduação torceu por mim do céu. Ao meu pai, Luiz Vidal, que acompanhou de perto a construção deste trabalho, lendo cada capítulo e fazendo seus apontamentos.

As minhas sobrinhas, Ana Clara e Alice, por serem tão pequenas e me ensinarem muito a cada reencontro.

Agradecimentos

A Deus, por cuidar de todo meu trajeto dentro da universidade. Por zelar por mim e me acompanhar de perto durante os 5 anos da graduação.

A minha orientadora, Prof. Dra. Ana Lúcia, por abraçar o meu desejo de falar sobre dança e por cada suporte oferecido. Por sua disponibilidade e cuidado ímpar no processo de construção do desde trabalho e também no meu processo enquanto profissional.

A Prof. Dra. Mayra, por se disponibilizar para leitura e avaliação desse trabalho.

A minha família, por serem refúgio aos finais de semana e por sempre entenderem a minha ausência. Especial a minha mãe Claudia, minha irmã Nathália e meu cunhado Saulo.

Aos meus amigos construídos durante a graduação, por estarem sempre comigo e por terem sido família na ausência da minha. Em especial, a Rosa Cristina, meu suporte desde os primeiros períodos da graduação; Letícia Ferrari, que além de dupla fiel na construção dos trabalhos no decorrer do curso, foi importante na finalização desta pesquisa e a Fernanda Fonseca, por ser meu ombro amigo e por me dar todo apoiona planície goytacá.

Aos meus amigos cabofrienses, que sempre estiveram dispostos a ouvir minhas lamentações e por serem gentis frente a minha ausência em suas vidas.

A todos os bailarinos que contribuíram para a construção deste estudo. Em especial, atrêstalentosas artistas, que dividiram os palcos comigo; Cecília Valadares, que me ajudou na distribuição e coleta da pesquisa no Rio de Janeiro, Beatriz El-bainy, por

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fazer o mesmo em Belo Horizonte e Beatriz Póvoas, por levar esse sonho para além das fronteiras e possibilitar meu acesso aos bailarinos da Flórida.

“Dentro do peito dela

Bate um coração bailarino

Mesmo convivendo com a dor

Dos pés esfolados

E com o cansaço

Das inúmeras tentativas

E repetições

Esse coração movido por paixão

Ama dançar essa dança

Chamada amor.”

(ZackMagiezi)

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Estresse, ansiedade e estratégias de coping em bailarinos profissionais

Luiza V. Vidal e Ana Lúcia. N. Carvalho

Universidade Federal Fluminense – Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional – ESR

RESUMO

O ballet clássico teve início no século XV na Itália, nos moldes palacianos que vigoram na época. Com seu aprimoramento e popularidade tornou-se conhecido em toda Europa e chegou ao Brasil no século XX. Os bailarinos profissionais que hoje dançam em território nacional estão expostos a fatores estressores que afetam seu desempenho nos palcos e comprometem a consolidação da carreira. O objetivo desse estudo é avaliar o nível de estresse e ansiedade em bailarinos profissionais e analisar as estratégias decoping utilizadas diante dessas situações. Foi realizada uma pesquisa descritiva quantitativa, contando com a participação de 61 bailarinos brasileiros do estado o Rio de Janeiro, Minas Gerais e também de profissionais que trabalhavam em outros países.Os participantes preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o Questionário Sociodemográfico, a Escala de Ansiedade, Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos e o Inventário de Estratégias de Coping. Os resultados indicaram que a maioria dos profissionais apresentavam sintomas de estresse, na fase exaustão, com predominância de sintomas psicológicos e ansiedade (leve, moderada ou grave). Naqueles na fase exaustão para sintomas de estresse, a estratégia de coping mais utilizada foi a de luta e fuga, seguido de reavaliação positiva. Análises sobre os efeitos da rotina destes profissionais e intervenções necessárias para desenvolvimento de estratégias de enfrentamento mais adaptativas são apresentadas.

Palavras-chave: estresse; ansiedade; estratégias de coping; bailarinos profissionais; ballet clássico

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ABSTRACT - The classical ballet began in the fifteenth century in Italy, in the palatial molds that were in force at the time. With its improvement and popularity it became known throughout Europe andarrived in Brazil in the XX century. However, the professional dancers who dance today in the national territory are exposed to stressors that affect their stage performance and compromise the career consolidation. The objective of this study is to evaluate the level of stress and anxiety in professional dancer and to analyze the coping strategies used in these situations. A quantitative descriptive research was carried out, with the participation of 61 dancers from the state of Rio de Janeiro and Minas Gerais who completed the Informed Consent Form, the Sociodemographic Questionnaire, the Anxiety Scale, the Inventory of Stress Symptoms for Adults and the Coping Strategies Inventory. The results indicated that most of the professionals had symptoms of stress in the exhaust phase, with a predominance of psychological symptoms and anxiety (mild, moderate or severe). In those in the exhaustion phase for stress symptoms, the coping strategy most used was that of fight and flight, followed by positive reevaluation. Analyzes on the effects of the routine of these professionals and interventions needed to develop more adaptive coping strategies are presented.

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O ballet clássico iniciou na Itália, no século XV, reverberando para outros países do continente europeu. Na França ganhou forma e sistematização, tornando-se popular na corte Francesa. Na Rússia o ballet clássico alcança seu esplendor, através da combinação das acrobacias italianas, da técnica francesa e do folclore russo (Santos, 2009). No século XX o ballet chega ao Brasil na cidade do Rio de Janeiro, compondo o corpo de baile do Teatro do Municipal (Sono, 2009).

O bailarino profissional, usualmente, passa por um longo período de formação, que pode ter início a partir dos 4 anos completos. Os treinos são diários, contando com grande dedicação do futuro profissional em união ao professor de dança. A técnica é aprimorada dia a dia e espera-se que, mesmo depois de formado, o bailarino continue buscandoaprimorar sua performance. (Sono, 2009).

Contudo, sabe-se que o bailarino clássico está envolvido em um meio de extrema hostilidade, onde espetáculos, competições e audições podem trazer grande prejuízo psicológio, comprometendo seu rendimento (Ghiraldini, 2012). Níveis elevados de estresse e ansiedade podem comprometer a coordenação, concentração, atenção e levar a um maior gasto e energia (Pereira et al., 2014).

Porém, apesar do cenário estressor é possível o bailarino desenvolver estratégias adaptativas para lidar com as demandas do ambiente. As estratégias de coping são um conjunto de estratégias de enfrentamento usadas para pelo indivíduo para se ajustar as situações adversas e estressantes (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998). Tais estratégias podem ser modificadas com o tempo e descartadas quando não sustentam mais sua efetividade. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o nível de estresse e ansiedade em bailarinos profissionais e analisar as estratégias decoping utilizadas diante de circunstâncias desagradáveis.

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Início do Ballet Clássico

Os espetáculos de dança tiveraminício na Itália, no século XV, junto ao Renascimento Italiano. Os nobres organizavam apresentações para distrair seus visitantes e estas envolviam música, dança e drama. Segundo Amaral (2009), todos dançavam, tanto convidadosquanto serventes, com bandejas e copos na mão. M. M. Santos (2011) afirma que o Ballet era composto por passos temporais e finos, executadosem bailes e cerimônias.Além disso, em determinados momentos reproduziam temas renascentistas, fazendo uso de roupas e adereços.

Já na França, o Ballet passa a compor as atividades da corte, sendo introduzido na cultura do país. Ainda segundo M. M. Santos (2011), o Ballet era composto por passos palacianoscomplexos e ágeis, com finalizaçõesem poses que lembravam esculturas da época.Neste primeiro momento inaugura-se o Ballet de Corte com caráter cômico e que tinha como fim o divertimento da platéia.

Em 1661 o Rei Luiz XVI inaugura a Escola Real de Dança e, segundo M. M. Santos (2011), este foi um importante acontecimento para que a França se tornasse palco das artes. A autora afirma que, com estas mudanças na dança, o Ballet de Corte dá lugar ao Ballet de Comédia, baseado em peças irônicas e comicidades. Ainda, a meritocracia daqueles que se destacavam na técnica e na interpretação passou a ser considerada para ocupação dos cargos. Exigia-se bailarinos técnicos, com bom desempenho na realização dos movimentos. A autorareintera que George Noverre, coreógrafo e dançarino do século XVII, foi pioneiro em debater sobre o teatro dentro dos espetáculos de dança e foi o responsável pela inauguração do Ballet de Ação, onde buscava-se a interpretação dos papéis a partir dos passos, da caracterização e da encenação sobre os palcos.

Com o aprimoramento da dança os figurinos tornaram-se mais leves e expositivos. Os bailarinos, antes atrapalhados por tecidos e acessórios, tinham seus corpos livres para novas possibilidades coreográficas. Segundo Amaral (2009) isto trouxe maior rigor na execução dos movimentos, promovendo inovação no bailado. Assim nasceu o Ballet Sequencial, que contava histórias sobre os palcos.

M. M. Santos (2011) afirmaque no século XVIII a Ópera de Paris passou a ser cada vez mais exigente com o corpo de baile, composto por bailarinos profissionais escolhidos através de audições. As seleções contavam com júris e comitês, que

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evitavam o favoritismo dos mestres. A França buscava em sua arte excelência profissional, ética meritocrática e disciplina. A autora salienta que o Ballet pedia reforma, mas carecia de uma referência artística na época.

Assim surge uma nova forma de dançar, o Ballet Romântico. Segundo M. M. Santos (2011), o romantismo foi resultado de diferentes estilos de espetáculo, o modelo aristocrático francês, a selvageria italiana e um pouco do estilo vienense.

O estilo romântico da dança veio à procura das formas, linhas e proporções gregas, simplicidade e virtuosidade, longe dos sorrisos, grandes figurinos e muitas piruetas, efinalmente refinou as bravuras italianas. As mulheres passaram a se utilizar também de força muscular justamente para dar ilusão de leveza. (M. M. Santos, 2011, p. 15).

O Ballet continuava metrificado, voltado para a disciplina, enquanto na Itália os bailarinos esbanjavam criatividade e energia. Entretanto, a certa distância, outro país buscava novos rumos à cultura. A Rússia entra para a história do Ballet clássico e passa a lutar pela própria identidade no mundo da dança.

Segundo M. M. Santos (2011) Ballet russo entrou em ascensão com a decadência do Ballet italiano, que teve muito de seus artistas migrando para o país. Os mestres de dança buscaram refinar a técnica italiana elevando a virtuosidade e bravura dos bailarinos, utilizando-se da confiança e autocracia russa.O desejo do rei, Pedro I, era trazer a cultura européia para seu paísa partir da dança e dos costumes europeus, na tentativade refinar a corteaos moldes ocidentais. Segundo a autora, desde o início o Ballet não era visto como arte e sim como um projeto de ocidentalização voltado para a etiqueta e bons costumes.

Contudo, em 1847, a Rússia ganha um novo mestre e os teatros imperiais passam a ser conduzidos por MariusPetipa. Segundo Vaganova (1991),Petipa foi influenciado pelo polonês Felix Kschessinsky, famoso por suas coreografias húngaras, ciganas e danças polonesas. A autora afirma que nesse período o BalletRomântico retorna aos palcos, e assim, ninfas, fadas e camponesas brilham novamentenos espetáculos russos. “Os passos eram franceses, mas as combinações eram um aspecto central das danças folclóricas transformado em arte formal da corte russa.” (M. M. Santos, 2011, p.31).

Assim, o Ballet clássico se instaura na Europa e passa a construir história não só na Itália, França e Rússia, mas em todo continente. No Brasil, o Ballet clássico teve início na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Sono (2009) em 1927 o Ballet chega ao

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Brasil na Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, atualmente Escola Estadual de Dança Maria Olenewa.

Após desvendar o percurso do Ballet clássico e como se deu sua construção, o próximo passo é conhecer aqueles que fazem da dança possibilidade e doam seus corpos para que a arte fale através deles, os protagonistas, donos dos corpos que dançam. A Vida do Bailarino Profissional

Segundo Sono (2009) a preparação do bailarino envolve anos de formação, exigindo cuidados físicos, alimentares e grande dedicação. Para quem dança sempre há algo a se aprimorar.

Assim como os colégios possuem uma metodologia de ensino, o Ballet tem sua forma de introduzir o corpo à dança. Segundo Sono (2009) a primeiras aulas de Ballet clássico iniciam-se cedo, geralmente a partir dos 4 anos de idade. Os exercícios aumentamem dificuldade, apresentando novos movimentos aos pequenos dançantes.

O autor afirma que “o treino diário resulta em melhor percepção do corpo, do espaço que ocupa, de sua estabilidade, da corretamanutenção da postura elevada e da consciência do próprio peso sobre uma ou ambas as pernas.”(Sono,2009, p. 6).Não há uma única maneira de ensinar o Ballet clássico, mas a organização dos exercícios tem sua própria didática facilitando a execução dos movimentos e dando a devida atenção a musculatura do bailarino. Segundo o autor, as aulas devem combinar passos ricos, que exigem maior técnica e sobrecarga muscular, com exercícios leves e dançantes, que respeitam as articulações.

Todo bailarino, até mesmo os profissionais, passa pelas etapas de aquecimento, exercícios de barra e exercícios de centro, seguindo essa ordem para preparar o corpo para os exercícios centrais. Segundo Vaganova (1991), a utilização da sapatilha de ponta leva alguns anos e conta com as etapas acima para preparaçãoda musculatura dos tornozelos. A autora afirma que o corpo e as potencialidades do bailarino serão exercitadas ao longo de quase uma década, preparando, os desejosos, para a carreira profissional.

Segundo o estatuto do Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro, o bailarino profissional possui como componentes da categoria de Profissional de Dança a e execução de:

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Danças de movimentos coreográficos pré-estabelecidos ou não; ensaia seguindo orientação do Coreógrafo, atuando individualmente ou em conjunto, interpretando papéis principais ou secundários: pode optar pela dança clássica, moderna, contemporânea, folclórico, popular ou “shows”; pode ministrar aulas de dança em academias ou escolas de dança, reconhecidas pelo Conselho Federal de Educação, obedecidas as condições para registro como professor. (BRASIL. Decreto n. 82.385, de 05 de outubro de 1978. Componentes da categoria de Profissional da Dança, Rio de Janeiro, RJ, outubro 1978).

Entretanto, o bailarino está para além dos treinos diários, dos passos executados com precisão e perfeição. O bailarino, acima de tudo, é aquele que se expressa através dos movimentos. A ClassificaçãoBrasileira de Ocupações (CBO), atualizada em 2002, dá um novo nome ao profissional de dança, denominado bailarino, para artista da dança, compreendendo a amplitude do campo da atuação do profissional, que ultrapassa o interpretar e criar coreografias. Segundo Strazzacappa e Morandi (2006, citado por Santos, 2008) a nova definição busca destacar que o dançarino é antes de tudo, um artista.

Sono(2009)afirma que o bailarino depois de formado que deseja entrar em uma academia de dança, encara as audições das Companhias de Dança. Estas resultam em grande tensão, onde o bailarino deve mostrar sua técnica trabalhada durante anos, a fim de agradar os avaliadores. O autor reitera que nas audições os bailarinos fazem uma aula, onde são pedidos “exercícios coreográficos diversos para analisar técnica, expressividade, inteligência corporal, flexibilidade, capacidade de compreensão e apreensão dos movimentos etc.” (Sono, 2009, p. 7). Ao fim da audiçãoescolhe-se quem poderá compor o corpo de baile e ingressar na companhia.

Dançar em uma companhia de dança é uma etapa quase que obrigatória na vida dos bailarinos profissionais. Uma fase coberta de significados, onde os ensaios e espetáculos tornam-se parte da vida do corpo de baile. Segundo Vaganova (1991) os bailarinos profissionais fazem uso de diversos recursos para ajudar no aprimoramento da técnica e na recuperação das lesões. São esses “ioga, pilates, musculação, tai chi, meditação, automassagens e etc.” (Sono, 2009, p. 8).

Segundo Vaganova (1991) os ensaios pré-apresentações são cheios de detalhes, onde busca-se a limpeza dos movimentos, linguagem muito usada na dança. Primeiramente o bailarino aprende a coreografia de forma precisa e dedica-se a máxima fineza dos passos, como passagens de pés e posição dos braços. O coreógrafo cuida de

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cada pormenor da coreografia, buscando ser fiel à criação. Essa fase é acompanhada de grande exigência, onde inúmeras vezes leva o bailarino ao esgotamento.

E. A. Santos (2008) afirma que a curta duração de uma apresentação sobre o palco envolve inúmeras horas de ensaio, preparação técnica, criação, elaboração de figurino, iluminação, maquiagem, cenografia, gravação de trilha sonora etc. Vaganova (1991) reitera que em cena toda a preparação se une, com o objetivo de encantar a platéia. “Elementos se unem – corpos, luzes, movimento, cenários, figurinos, música – para criar o espetáculo de dança.” (Sono, 2009, p. 10). Neste momento a técnica divide o palco com a arte, que comunica ao público a mensagem representada pelo espetáculo. O bom bailarino é aquele que consegue unir todo o trabalho físico, aprimorado em sala de aula, com a expressividade do personagem que interpreta. Segundo o autor, ser bailarino é ter algo profundamente espiritual, que o torna capaz de se comunicar com o corpo e com a alma.

Assim, o bailarino profissional passa por inúmeras exigências que acompanham, de forma naturalizada, sua rotina. Apesar de uma longa formação e dedicação, isto poderá ser insuficiente para que o bailarino tenha lugar no mercado trabalho, trazendo angústia e frustração. Além disso, aquele que teve sucesso em determinada companhia se dedica em tempo integral para que seu lugar seja mantido, já que a competição está sempre presente dentre aqueles que dançam, trazendo prejuízos físico e emocionais que serão abordados a seguir.

Ansiedade

No meio artístico há inúmeros desafios pessoais e profissionais. A carreira de bailarino é acompanhada por diferentes obstáculos gerando nos profissionais prejuízos que comprometem o rendimento dentro e fora dos palcos. A ansiedade é considerada um desses agravos visto que, dependendo de sua intensidade, pode comprometer de forma negativa o resultado da apresentação/competição.

Segundo Ghiraldini (2012) a ansiedade é um fator psicológico que gera aflição e incômodo na presença de circunstâncias complexas, arriscadas ou custosas, desencadeando reações fisiológicas como: taquicardia, sudorese, trepidações e desconforto estomacal. Possato (2006) acrescenta que a ansiedade tem sua essência na preservação da vida, onde pode funcionar de forma positiva, atuando na proteção do homem, ou negativa quando usada de forma irracional e compulsiva. Para Leahy (2011,

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citado por C. A.Silva, 2012) a ansiedade é uma herança biológica, ou seja, os problemas vivenciados estão de acordo com a interpretação de cada indivíduo, conforme o que causa ansiedade para cada um. Quando a interpretação da situação é modificada, a sensação também será. Constantino, Prado e Prado (2010) afirmam que a ansiedade é um estado emocional que pode intervir de forma significativa no desempenho de atletas, podendo ser caracterizada por tensão, apreensão, preocupação e nervosismo. Possato (2006)reitera que a ansiedade é condição de vigilância na mente humana, que corrobora na elaboração de alternativas para determinados cenários. Assim, a ansiedade prepara o corpo para determinada situação ou algo que o cérebro sinaliza como importante. Ghiraldini (2012) acrescenta que sempre que o cérebro interpreta a situação como perigosa ele prepara o corpo de forma imediata e instintiva para o evento, mesmo que a ocasião seja desnecessária. O autor afirma que níveis elevados de ansiedade são prejudiciais na qualidade da atenção assim como no comportamento quando se trata no resultado das performances artísticas.

Segundo Constantino, Prado e Prado (2010)a ansiedade decorrente da competição é um dos fatores psicológicos que influencia de maneira significativa o resultado final do atleta. O mesmo afirma que atletas que apresentam ansiedade elevada podem mostrar dificuldade no domínio, na concentração, maior gasto de energia e retraimento da atenção. Esta situação é comum em pré-estréias ou grandes apresentações de dança. Pereira et al. (2014) afirma que a elevação do nível de ansiedade corrobora negativamente na coordenação, concentração, no gasto de energia e até mesmo na redução do campo de atenção. Assim, à medida que a ansiedade aumenta o nervosismo e a tensão a acompanham. Segundo C. A.Silva (2012) estudos confirmam altos níveis de ansiedade em bailarinos durante a préestréia de um espetáculo, trazendo menor desempenho ao bailarino.Gutierrez (2012) reitera que quando se trata da relação do bailarino com a estréia de um espetáculo deve-se pensar em determinados fatores, como: medo de cometer erros, esquecer sequências coreográficas e a ocorrência de tombos ou escorregões. Além disso, o bailarino deve encarar a platéiae tudo que ela representacomo amigos, parentes e críticos da área. Segundo Constantino, Prado e Prado (2010)fatores como a ojeriza frente ao erro, esquecimento da sequência coreográfica e a estada da platéia podem influenciar de forma negativa o desempenho físico e psicológico do bailarino. Os autores afirmam que a dança é vista por muitos como uma atividade lúdica, o que não deixa de ser, mas não se pode esquecer que

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também gera tensões e necessidade de aprimoramento técnico, ambos fruto do perfeccionismo presente nas apresentações. Assim, o sofrimento vivido por atletas de alto rendimento também se faz presente na dança. Pereira et al. (2014) salienta que o bailarino enfrenta situações similares às de um atleta de alto rendimento, como a necessidade de um equilíbrio físico e mental, onde as variáveis psicológicas se fazem presente, como estresse e ansiedade.

Autores defendem que a ansiedade é um fenômeno cognitivo, resultante de traços do indivíduo e de sua percepção de mundo. A preocupação é um importante componente cognitivo da ansiedade, que se apresenta através de pensamentos negativos e repetitivos quanto a um evento futuro (Leigh &Hirsch, 2011; Provencher, Freeston, Dugas, &Ladouceur, 2000, citado por Moreno et al., 2015). Ao longo da apresentação e/ou competição o surgimento do estresse relaciona-se com o nível de ativação e com a ansiedade somática e cognitiva do indivíduo. A interpretação cognitiva tem papel fundamental nesse processo, visto que a intensidade da resposta emocional será resultado da avaliação dos atletas diante da situação. A interpretação será influenciada por diversos fatores pessoais, como: cultura, crença religiosa, autoconceito, nível de habilidade, nível de condicionamento físico e nível de expectativa. (Gasparini, Landgraf Lee & Rose Junior, 2012). Kurt Goldstein, investigador da ansiedade orientada para o estímulo, conduziu o seu modelo ao que chamou de “reação catastrófica” (Correia & Barbosa, p. 90, 2008). Segundo os autores a situação catastrófica equivale a qualquer condição que represente uma ameaça à existência de um indivíduo ou valores essenciais a sua existência. Em vista disso, a ansiedade corresponde à interpretação subjetiva que o indivíduo tem a respeito da condição catastrófica (Correia & Barbosa, 2008). À medida que esses pensamentos ocorrem com regularidade e intensidade a preocupação passa a ser patológica (Moreno et al., 2015)

Contudo, a ansiedade não é de todo um mal. Quando equilibrada pode trazer benefícios aos bailarinos em situações competitivas. Segundo Ghiraldini (2012) nem toda ansiedade é prejudicial. Há um nível bom de ansiedade que quando alcançado e não ultrapassado traz benefícios ao atleta, mantendo-o em estado de alerta sem afetar o rendimento.C. A.Silva (2012) reitera que a ansiedade pode intervir de forma negativa ou positiva na performance do bailarino durante a apresentação, de acordo com a sua intensidade.

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Pesquisas pré-competição realizadas com bailarinos confirmam a literatura acima. Pereira et al. (2014) em seu estudo com bailarinos do 31º Festival de Dança de Joinville, constatou que antes das apresentações 83,9% dos bailarinos apresentaram nível médio de ansiedade e 11,0% apresentaram nível alto de ansiedade devido a competição de dança. Ghiraldini (2012) afirma que a ansiedade pré-apresentação apresenta maiores índices devido à incerteza dos bailarinos sobre a qualidade de sua apresentação. Constantino, Prado e Prado (2010)em sua pesquisa no 14º Festival Internacional de Dança do Recife detectaram que antes das apresentações 80,95% dos bailarinos apresentaram nível médio de ansiedade de estado. Além disso, observou-se que os bailarinos apresentavam maiores níveis de ansiedade antes da apresentação, do que após as mesmas. Gutierrez (2012) em sua pesquisa realizada no 28º Festival de Dança de Joinville em Santa Catarina salienta que as bailarinas apresentaram sintomas significativos, que indicaram a presença de estresse e ansiedade por ocasião da competição no festival de dança.

Estresse

Segundo Gasparini, Landgraf Lee e Rose Junior (2012) o estresse é fruto da interação do ser humano com o meio físico e sociocultural. A. M. B.Silva (2012) afirma que este resulta em uma assimetria biopsicossocial propulsora de mudanças psicofisiológicas. Fatores psíquicos, somáticos, físicos e sociais são produtos no aparecimento e manutenção do estresse (Nitsch, 1981, citado por Gasparini, Landgraf Lee & Júnior, 2012). O estresse é um evento físico ou psicológico que pode levar a modificações neurofisiológicas.

Assim como a ansiedade, o estresse pode ser positivo ou negativo para o indivíduo e sua condição está relacionada com a liberação de cortisol na corrente sanguínea. (Leite et al., 2011). Este surge a partir de três fases: 1) Alarme: diante do evento estressor, o indivíduo conduz sua energia para a adaptação; 2) Manejo do comportamento humano frente o agente estressor devido mudança físico-química; 3) Exaustão: esgotamento dos recursos do indivíduo devido a exposição prolongada ao agente estressor (Moreno et al., 2015). O estresse pode ser associado a duas categorias, eustress e distress. O primeiro é positivo para o indivíduo e tem ação protetora. Ao contrário, o distress é prejudicial e pode ser associado a patologias (Silva, 2012). O distress pode apresentar conseqüências que podem provocar: 1) Distresse Cerebral:

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fadiga, dores, depressão, ataques de pânico e insônia; 2) Distresse Gastrintestinal: úlceras, cólicas, diarréia e gastrite; 3) Distresse Cardiovascular: Hipertensão, infarto, taquicardia e embolia; 4) Distresse Dermatológico: Problemas cutâneos e eczemas. (Keller, 2006, citado por Silva, 2012). O desequilíbrio causado pelo estresse, a longo prazo, pode resultar em doenças cardiovasculares e hipertensão. (Valle, Souza, & Ribeiro, 2013, citado por Moreno et al., 2015).

Segundo Gasparini, LandgrafLee e Rose Junior (2012) as circunstâncias ambientais do estresse podem estar associadas a situações competitivas e extracompetitivas. Tratando-se das situações competitivas a ocorrência do estresse pode estar relacionada a razões internas, como: interpretação individual diante da apresentação, personalidade, experiência e o nível de motivação. Além disso, o estresse também pode ser relacionado com razões externas, como: pais, amigos, coreógrafo e o próprio grupo. Tratando-se dos fatores extracompetitivos pode-se pensar naqueles que ocorrem paralelamente à prática da dança, como: escola, faculdade, relacionamentos e questões financeiras. Nas competições o estresse pode ser causado por dois fatores: inter-pessoal e situacional provocando esgotamento, dor, angústia, ansiedade, depressão, diminuição do desempenhointelectual, desorientação espaço-temporal, atenção dispersa, impossibilidade de relaxamento, alteração do estado de alerta, tensão muscular facial e mandibular e respostas desproporcionais aos estímulos externos (ROJAS, 1997, citado por Leite et al., 2011). Atletas com níveis elevados de estresse estão mais vulneráveis a distúrbios do sono e de apetite após a competição e muitos apresentam tais condições independentes do resultado (Leite et al., 2011).

Contudo, apesar dos estímulos estressores presentes, estes não são determinantes no gerenciamento do estresse. Há fatores psíquicos intermediários que interferem nesse processo. Assim, o mesmo ambiente e a mesma situação de espetáculo ou competição pode ser interpretada de maneira diferente entre os bailarinos, gerando um estado diferente de estresse e ansiedade (Gasparini, Landgraf Lee & Rose Junior, 2012). Os autores afirmam que o estresse se manifesta por meio de aspectos cognitivos, como preocupações e expectativas referentes ao resultado final da apresentação ou competição. O estresse se dá a partir da interpretação frente à situação ou circunstância, que pode ser percebida como perigosas ou não. Além disso, pode ser resultado de uma resposta a um estímulo, emitindo uma resposta ansiosa frente à situação estressante. (Leite et al., 2011).

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Estratégias de Coping

A participação de competições exige do atleta não só preparo físico, mas também habilidade para lidar com circunstâncias estressantes que podem surgir durante o processo competitivo. Coping, palavra inglesa, derivada do verbo to cope, significa “lidar com”, “enfrentar”, “lutar” (Michaelis, 2018). Segundo Antoniazzi, Dell’ Aglio e Bandeira (1998) copingé definido como um conjunto de estratégias usadas pelo sujeito para se ajustar a situações adversas e estressantes. Folkman e Lazarus (1984) afirmam quecopingsãomudanças cognitivas e comportamentais usadas pelo ser humano para administrar as demandas internas e externas de uma situação específica. (Folkman&Lazarus, 1984, citado por Nascimento et al., 2010). Segundo Lisboa (2002, citado por Kristensen, Schaefer&Busnello, 2010) as estratégias de copingsão recursos cognitivos, comportamentais e emocionais, utilizados pelo indivíduo para lidar com circunstâncias estressoras. Desse modo, copingsão recursos comportamentais e cognitivos utilizados pelo homem frente à situações estressoras.

Quanto maior o número de estratégias desenvolvidas pelo sujeito menor é a sensação de perigo ou medo frente ao estresse (Nascimentoet al., 2010). Segundo Viera et al. (2013) pessoas que possuem estratégias de comportamento cognitivas e comportamentais lidam melhor com fatores que poderiam gerar estresse crônico. Assim, é fundamental que o atleta tenha um vasto repertório de estratégias para enfrentar as diferentes ocasiões de estresse (Nascimento et al., 2010).

O modelo de Folkman e Lazarus (1980) envolve quatro conceitos principais de coping:a) é forma de relação entre o indivíduo e o ambiente; b) tem como objetivo administrar a circunstância estressora; c) conta com a avaliação do indivíduo diante da situação, ou seja, como é apreendido pelo sujeito e descrito cognitivamente no indivíduo; d) constitui uma administração de esforços (cognitivos e comportamentais) combinados para lidar com as demandas internas e externas que surgem a partir da interação com o ambiente (Folkman&Lazarus, 1980, citado por Antoniazzi, Dell’Aglio& Bandeira, 1998).

Partindo da perspectiva cognitivista, Folkman e Lazarus (1984) apresentam um modelo que separa ocoping em duas categorias: coping focadona emoção e coping focado no problema. O primeiro busca eliminar o desconforto à curto prazo, na tentativa de controlar o estado emocional relacionado ao estresse. Este tipo de estratégia busca

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atingir níveis somáticos e/ou emocionais, tendo como finalidade a mudança da condição emocional do indivíduo. O segundo busca interferir no fator gerador de estresse, a fim de modificá-lo. Este busca alterar a causa do estresse entre o sujeito e o ambiente (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998). Segundo Dell’Aglio (2003, citado por Kristesen, Schaefer&Busnello, 2010), o coping focalizado na emoção busca administrar emoções negativas associadas a situação de estresse, enquanto o coping focalizado no problema tem por objetivo modificar aspectos de um lugar, pessoa ou relação percebida como estressante. As estratégias que copingfocadas nos problemas tendem a ser mais utilizadas quando a situação é passível de alteração, enquanto as estratégias de coping focadas na emoção são usadas em situações vistas como inalteráveis (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998).

Segundo Fernandes e Inocente (2010) os métodos de enfrentamento podem ser chamados de padrões diretos ou indiretos. O primeiro ocorre quando o enfrentamento está associado à capacidade de resolução de problemas, envolvendo o sujeito em uma ação referente à demanda do ambiente. O segundo altera a forma com que o sujeito lida/interpreta a realidade, sem alteração da mesma (Lorenceti&Simonetti, 2005, citado por Fernandes & Inocente,2010).

O coping focado na emoção pode contribuir com o coping focado no problema, de modo que o primeiro poderá atuar reduzindo a tensão, enquanto o segundo poderá diminuir a ameaça, minimizando a assim a tensão emocional. Aposteriori surge uma terceira estratégia de coping focalizada nas relações interpessoais, onde o sujeito procura suporte de pessoas próximas para a solução do estresse. . (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998).

Sabemos, portanto, que a escolha da estratégia de coping é resultante da avaliação da pessoa frente a circunstância geradora de estresse (Dell’Aglio, 2003, citado por Fernandes & Inocente,2010). Estas estratégias estão correlacionadas a fatores circunstanciais, podendo sofrer modificações durante a situação de estresse. (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998). Segundo Lisboa (2002, citado por Fernandes & Inocente,2010), as características pessoais e os contextos onde as pessoas estão inseridas interferem nas estratégias de coping a serem utilizadas.Beresford (1994, citado por Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998) afirma que as estratégias decoping são compostas por fatores físicos e psicológicos, como: saúde física, princípios, crenças, intelecto, experiências anteriores de coping e outras características pessoais.

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confronto(esforços agressivos de alteração da situação, podendo apresentar grau de hostilidade e risco envolvido); afastamento (esforços cognitivos de desprendimento e minimização da situação); autocontrole (esforços de regulação dos próprios sentimentos e ações); suporte social (procura de suporte informativo, suporte tangível e suporte emocional); aceitação de responsabilidade (reconhecimento do próprio papel na situação e tentativa de recompor o problema); fuga e esquiva (estratégias para escapar ou evitar o problema); resolução de problemas (esforços focados sobre o problema, buscando alterar a situação); reavaliação positiva (criação de significados positivos, podendo, também, apresentar dimensão religiosa). (Kristesen, Schaefer&Busnello, 2010, p.22).

As estratégias de coping são como tal independente do resultado final. Qualquer tentativa de gerir um evento estressor é considerada coping, atingindo o objetivo ou não. Sendo assim, as estratégias podem ser usadas, aprendidas e descartadas caso não correspondam às expectativas do sujeito agenciador. Além disso, novas estratégias podem ser desenvolvidas de acordo com a demanda do ambiente, pois a mesma estratégia não é equivalente a todas as situações de estresse e seu resultado pode mudar conforme o tempo. (Antoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998). Por mais, deve-se levar em consideração a singularidade do indivíduo, visto que os processos de coping variam com seu desenvolvimento durante a vida através de experiências particulares (Lazarus&DeLongis 1983, citado porAntoniazzi, Dell’ Aglio& Bandeira, 1998).

Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo avaliar estresse, ansiedade e estratégias de coping em bailarinos brasileiros profissionais, com espetáculos dentro e fora do país.

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Método

Foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva com abordagem quantitativa e amostragem não-probabilística, intencional (Marconi &Lakatos, 2002).

Participantes

Variável N %

Sexo

Masculino 24 39,34%

Feminino 37 60,66%

Idade Média Desvio

Padrão Mínima Máxima

Mulheres 23,97 5,10 15 36

Homens 26,38 5,10 18 46

Número de apresentações Média Desvio

Padrão Mediana Moda

Mulheres 16,54 28,69 5 3

Homens 16,56 27,74 5 3

Ano Escolar

Ensino Médio Incompleto 3 4,92%

Ensino Médio Completo 25 40,98%

Ensino Superior

Incompleto 20 32,79%

Ensino Superior Completo 12

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Tempo de Trabalho Mínima Máxima

Mulher 4,29 7,06

Homem 6,54 7,91

Dançam em Companhia Sim (%) Não (%)

Mulher 33 (89,19%) 4 (10,81%)

Homem 22 (91,67%) 2 (8,33%)

Dançam no Brasil Sim (%) Não (%)

Mulher 30 (81,08%) 3 (8,11%)

Homem 20 (83,33%) 2 (8,33%)

Remuneração Sim (%) Não (%)

Mulher 10 (27,03%) 27 (72,97%)

Homem 4 (16,66%) 20 (83,33%)

Outra profissão Sim (%) Não (%)

Mulher 17 (45,95%) 20 (54,05%)

Homem 15 (62,5%) 9 (37,5%)

Apresentação com lesões Sim (%) Não (%) Algumas vezes (%)

Mulheres 20 (54,05%) 2 (5,4%) 0 (0%)

Homens 14 (58,33%) 0 (0%) 6 (25%)

Lesão nos últimos meses Sim (%) Não (%)

Mulher 22 (59,46%) 15 (40,54%)

Homem 20 (83,33%) 4 (16,67%)

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Instrumentos

Termo de consentimento livre e esclarecido Questionário Sociodemográfico

O instrumento foi desenvolvido para que algumas informações que caracterizam a amostra pudessem ser colhidas. Composto por 14 perguntas. As questões correspondiam àremuneração, vinculação a companhia de dança, último espetáculo, lesões musculares, dentre outros.

Inventário de Ansiedade (BAI)

O inventário de ansiedade de Aaron Beck (BAI, 2011) consiste em 21afirmações que medem a intensidade da ansiedade na última semana através de uma escala de 4 pontos que vai de “Absolutamente não” a “Gravemente”.

Inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp (ISSL)

O inventário de sintomas de stress para adultos (Lipp, 2015) busca identificar a presença ou não de sintomatologia de estresse e se os sintomas existentes tem característica somática ou psicológica, além de identificar em qual fase do estresse a pessoa se encontra (alerta, resistência, quase exaustão e exaustão). Contendo34 itens com sintomas físicos e 19 itens com sintomas psicológicos.

Inventário de Estratégias de Coping

O inventário de estratégias de copingde Folkman e Lazarus (1985) procura identificar pensamentos e ações utilizadas pelas pessoas para lidarem com demandas internas e externas do ambiente. Contém 66 afirmações medidas através de uma escala de 4 pontos que vai de “Não usei esta estratégia” a “Usei em grande quantidade”.

Procedimentos

Os participantes foram contactados em abordagem presencial, onde foi explicado que se tratava de uma pesquisa de monografia. Os interessados foram esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento

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Livre e Esclarecido (TCLE), como condição para participação na mesma. Todos os documentos foram entregues e devolvidos em envelope lacrado.

Procedimentos de Análise de Dados

Os dados dos participantes foram inseridos no software estatístico SPSS – StatisticalPackage for the Social Sciences (versão 24) e análises descritivas foram realizadas.

Sobre os sintomas de ansiedade e estresse, os participantes foram classificados conforme as orientações descritas nos manuais dos respectivos instrumentos. Especificamente sobre o BAI, não foram analisados os dados dos participantes com 15 ou 16 anos. Sobre as estratégias de coping, para avaliar a estratégia mais utilizada pelo participante foi calculado o percentual para cada fator. O fator com percentual mais elevado era considerado como a estratégia de coping mais utilizada. Quando havia o mesmo valor percentual para mais de um fator, todos as estratégias com o mesmo valor foram registradas.

Análises descritivas foram realizadas para avaliação da frequência de sintomas de ansiedade, estresse, bem como as estratégias de coping mais utilizadas pelos participantes. Os mesmos procedimentos foram utilizados para analisar a estratégia de coping mais utilizada pelos participantes, na fase exaustão do estresse.

Resultados

Sintomas de estresse nos participantes

Um total de 58 participantes responderam a todas as perguntas do ISSL. Destes, 51 participantes apresentavam sintomas de estresse e 7 não apresentavam. Observamos que a maioria dos participantes estava na fase Exaustão do estresse, com a

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Tabela 2- Classificação dos participantes de acordo com as fases do estresse e a frequência de sintomas físicos, psicológicos ou mistos

ISSL (fases do estresse) Sintomas N de participantes (%)

Alerta Físicos 2 Psicológicos 3 Mistos 2 Alerta Total 7 (13,73) Resistência Físicos 3 Psicológicos 9 Mistos 1 Resistência Total 13 (25,50) Quase-exaustão Psicológicos 1 Quase-exaustão Total 1 (1,96) Exaustão Psicológicos 30 Exaustão Total 30 (58,82) Número de participantes = 51

Na análise dos sintomas de ansiedade, novamente observamos uma maior frequência de participantes com sintomas desadaptativos de ansiedade. O BAI é um instrumento que tem como um dos objetivos avaliar a intensidade dos sintomas de ansiedade e, portanto, neste instrumento não é possível classificar alguém como sem sintomas de ansiedade. Desta forma, analisamos os participantes com resultado mínimo

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no BAI separadamente daqueles com resultados leve, moderado e grave no mesmo instrumento e, a partir desta análise, observamos que a grande maioria dos participantes apresentava sintomas de ansiedade (54,39%).

Tabela 3- Classificação dos participantes de acordo com a intensidade dos sintomas de ansiedade

BAI (intensidade) Número de participantes (%) Mínimo 26 (45,61) Leve 20 (35,09) Moderado 9 (15,79) Grave 2 (3,51) TOTAL 57 (100)

Número de participantes = 57. Foram excluídos os participantes com 15 ou 16 anos.

Um total de 50 participantes responderam a todos os itens do questionário de coping. Para avaliação da estratégia de coping mais utilizada pelo participante foi calculado o valor percentual para cada fator. O fator com percentual mais elevado era considerado como a estratégia de coping mais utilizada e, havendo o mesmo valor para mais de um fator, ambos eram considerados. Desta forma, foram registradas 53 estratégias de coping.

Considerando todas as estratégias registradas, a Resolução de Problemas foi a que apareceu mais frequentemente, ou seja, dos 53 registros, 30 eram desta estratégia. Ao analisarmos a estratégia de coping utilizada pelos participantes com estresse na fase exaustão, segundo o ISSL, observamos que 26 participantes registraram 27 estratégias. Destas, um total de 7 eram sobre a estratégia de Luta e Fuga e 6 eram sobre a estratégia

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de Reavaliação Positiva. Destacamos, portanto, o relato do uso de estratégia de Luta e Fuga com maior frequência.

Discussão

A partir dos resultados coletados,59,46% das mulheres apresentaram lesões músculo-esqueléticas nos últimos meses e 54% afirmaram já ter participado de apresentações/espetáculos/competições portando lesões. Tratando-se dos homens, 83,33% apresentaramlesões nos últimos meses e 58,33% afirmaram já terse apresentado portando lesões.

Esses valores se enquadram em estudo feito nas academias de dança de Bauru-SP, onde 53,27% dos participantes apresentaram entre 1 a 6 lesões agudas (Grego et al., 1999). Outro dado coletado por Solomonetet al. (1995) corroboram os resultados descritos acima, onde foram constatadas 137 lesões em 70 bailarinos profissionais da Europa.Bowling (1989, citado por Azevedo et al., 2007) em seu estudo com 141 bailarinos de sete companhias diferentes mostrou que 42% dos bailarinos apresentavam, pelo menos, uma lesão num período de seis meses. No Reino Unido,Brinson e Dick (2001, citado por Azevedo et al., 2007), relatam que de 658 bailarinos profissionais, 83% sofreu, pelo menos, uma lesão noperíodo de 12 meses.

Tratando-se do Inventário de Estresse, dos 58 bailarinos participantes, 51 apresentaram sintomatologia de estresse, desses 51, 7 se mostraram em fase de alerta, 13 em fase de resistência, 1 em fase quase-exaustão e 30 em fase de exaustão. A partir do manual de correção do ISSL, sabe-se que a fase de alerta é considerada a fase positiva do estresse, onde o ser humano se energiza através da produção da adrenalina, a sobrevivência é preservada e uma sensação de plenitude é frequentemente alcançada. Na fase de resistência o sujeito automaticamente tenta lidar com os seus estressores de modo a manter a homeostase interna. Se os fatores estressantes persistirem em freqüência ou intensidade há uma quebra na resistência da pessoa e ela passa à fase de quase-exaustão. Nesta fase o processo do adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deteriorização. Se não há alívio para o estresse por meio da remoção dos estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, o estresse atinge sua fase final. Na fase de

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exaustão as doenças graves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como enfarto, úlceras, psoríase, depressão e outros (Lipp, 2005).

Assim, estudo realizado por Sousa, Mariani e Samulski (2003) em quatro grupos de bailarinos profissionais de Belo Horizonte mostrou que tanto bailarinos quanto bailarinas apresentavam sintomas de estresse e ansiedade por ocasião de préestréia de espetáculos de dança. Logo, 90,5% das bailarinas apresentaram sintomas relacionados à ocorrência de estresse e ansiedade e 75% dos bailarinos relataram os mesmos sintomas.

Tratando-se do Inventário de Ansiedade, 31 participantes apresentaram queixa de ansiedade, sendo que 26 com ansiedade mínima, 20 leve, 9 moderada e 2 grave. Pereira et al. (2014) obteve resultado semelhante em estudo pré competitivo realizado com bailarinos da categoria sênior do 31º Festival de Dança de Joinvile. Verificou-se que 83,9% dos bailarinos apresentaram nível médio de ansiedade e 11% bailarinos apresentaram nível alto de ansiedade. Após a apresentação, 71,8% dos bailarinos continuaram apresentando níveis médios de ansiedade. Constantino et al. (2010) em seu estudo contendo 21 bailarinos profissionais, 80,95% dos bailarinos apresentaram nível médio de ansiedade.

Além disso, fazendo uma comparação entre os instrumentos BAI e ISSL, constatou-se correlação entre a ansiedade e o estresse em fase de exaustão. Segundo Hackforte e Schwenkmezger (1993, citado por Gutierrez, 2012) a ansiedade é considerada uma emoção comum do fenômeno de estresse, estando assim estritamente relacionados. Dados semelhantes foram identificados através da pesquisa realizada por Gutierrez (2012) com bailarinos da categoria avançada com 28º Festival de Dança de Joinvile. Verificou-se que 38,46% das bailarinas apresentaram sintomas de estresse e ansiedade por ocasião da competição.

Tratando-se das estratégias de coping, para avaliar as mais utilizadas pelo participante foi calculado o percentual para cada fator. O fator com percentual mais elevado foi considerado como estratégia decoping mais utilizada. Quando havia o mesmo valor percentual para mais de um fator, todos com o mesmo valor eram registrados. Dos 61 participantes respondentes da pesquisa, 50 responderam corretamente o questionário decoping e 54 registros foram feitos.

Fazendo uma correlação entre os dados, os 7 participantes sem estresse, os 4 participantes que se encontravam com estresse na fase I (fase de alerta) e os 11 participantes que se encontravam com estresse na fase II (fase de resistência) a principal estratégia de coping utilizada foi a estratégia de Resolução de Problemas. Apenas 1

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participante que se encontrava na fase III (quase-exaustão) portanto, esse dado não foi considerado. Por último, dos 26 participantes na fase IV (exaustão) a principal estratégia decoping utilizada foi de Fuga-Esquiva (fator VI). Sendo assim, bailarinos com menor nível de estresse recorreram a formas mais adaptativas de enfrentamento. Segundo (Shure&Spivack, 1982; Borges &Marturano, 2009, citado por Rodrigues et al., 2010) as habilidades de resolução de problemas interpessoais promovem uma tomada de decisão de forma cautelosa e reflexiva, pois facilita a análise das consequências de cada comportamento emitido e permitem a escolha e implementação da alternativa mais adequada ao conflito, evitando a emissão de respostas agressivas. Dias, Cruz e Fonseca (2009) em sua pesquisa qualitativa com atletas de elite constataram que as principais estratégias de coping eram adaptativas e centradas na resolução de problemas.

Além disso, os dados encontrados no presente estudo conversam com pesquisas anteriores a respeito da relação da sintomatologia da ansiedade com o comportamento de Fuga-Esquiva. A ansiedade é um estado que envolve excitação biológica, redução na eficiência comportamental e comportamento de fuga e/ou esquiva (Gentil, 1998; Kanfer& Phillips,1970, citado por Zamignami&Banaco, 2005). O comportamento padrão de pessoas com transtorno de ansiedade é a esquiva fóbica, quando se depara com um evento ameaçador ou incômodo (Zamignami&Banaco, 2005).

Conclusão

Portanto, os resultados indicaram que a maioria dos bailarinos profissionais apresentaram sintomas de estresse, na fase de exaustão, com predomínio de sintomas psicológicos e de ansiedade. A principal estratégia de copingutilizada pelos bailarinos em fase de exaustão do estresse foi de Fuga-Esquiva, enquanto os bailarinos que se encontravam nas demais fases (alerta e quase-exaustão) foi de Resolução de Problemas.

A literatura apresenta grande crescimento de estudos sobre estresse e ansiedade sobreatletas de alto rendimento. Entretanto, tratando-se de bailarinos profissionais, as pesquisas ainda se encontram escassas, sendo necessário recorrer à literatura esportiva apesar das particularidades que a carreira de um bailarino apresenta. É necessário o desenvolvimentos de estudos focais nesta área a fim de tornar próxima a realidade dos bailarinos, corroborando para saúde física e mental desses profissionais.

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Por último, vale resultar as diferentes modalidades de dança e as diversasexigências que se aplicam a estes profissionais. Por isso, é importante o investimento em estudos específicos que sejam coerentes com as competências de cada modalidade.Assim, novos estudos são necessários levando em consideração as limitações da presente pesquisa.

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Referências

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