Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 781.900 - PR (2005/0152562-2)RELATORA
: MINISTRA DENISE ARRUDA
AGRAVANTE
: FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR
: ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTROS
AGRAVADO
: J MATSUDA E COMPANHIA LTDA
ADVOGADO
: JAIME ANTÔNIO MIOTTO
EMENTA
TRIBUTÁRIO. CRÉDITO DE PIS E COFINS OBJETO DE COMPENSAÇÃO INFORMADA PELA CONTRIBUINTE EM DCTFs. LANÇAMENTO DE EVENTUAL DÉBITO REMANESCENTE. NÃO-OCORRÊNCIA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. POSSIBILIDADE.
1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento dos EREsp 576.661/RS (Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 16.10.2006, p. 277), consolidou o entendimento no sentido de que: a) a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF –, é modo de constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco; b) a falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras conseqüências, a de inibir a expedição de certidão negativa do débito; c) é também decorrência natural da constituição do crédito tributário por declaração do contribuinte (via DCTF) a de permitir a sua compensação com valores de indébito tributário. No precedente citado, restou ementado: "Realizando a compensação, e, com isso, promovendo a extinção do crédito tributário
(CTN, art. 156, II), é indispensável que o contribuinte informe o Fisco a respeito. Somente assim poderá a Administração averiguar a regularidade do procedimento, para, então, (a) homologar, ainda que tacitamente, a compensação efetuada, desde cuja realização, uma vez declarada, não se poderá recusar a expedição de Certidão Negativa de Débito; (b) proceder ao lançamento de eventual débito remanescente, a partir de quando ficará interditado o fornecimento da CND. "
2. Na hipótese dos autos, conforme consta do acórdão recorrido, "(...) a compensação parcial
registrada nas DARFs relativas ao pagamento de PIS e COFINS está amparada nos acórdãos transitados em julgado, que reconhecem os créditos em favor da impetrante relativos às duas exações (fls. 30-54). Não há qualquer notícia de que a Receita, rejeitando as compensações efetuadas, tenha procedido ao lançamento de eventuais diferenças encontradas. Ademais, que não há qualquer notícia de que o fisco tenha procedido ao lançamento de ofício das diferenças decorrentes do alegado erro na compensação (inclusive as decorrentes da alegada prescrição) ou das parcelas que alega estarem inadimplidas. E, sem lançamento, não há crédito constituído, fazendo jus a impetrante à CND." Como visto, o Tribunal de origem decidiu a causa em
conformidade com a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte Superior. 3. Agravo regimental desprovido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros José Delgado, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Brasília (DF), 13 de fevereiro de 2007(Data do Julgamento).
MINISTRA DENISE ARRUDA Relatora
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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 781.900 - PR (2005/0152562-2)
RELATORA
: MINISTRA DENISE ARRUDA
AGRAVANTE
: FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR
: ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTROS
AGRAVADO
: J MATSUDA E COMPANHIA LTDA
ADVOGADO
: JAIME ANTÔNIO MIOTTO
RELATÓRIO
A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):
Trata-se de agravo regimental (fls. 251/257) interposto em face de
decisão sintetizada na seguinte ementa:
"Processual civil e tributário. Violação do art. 535 do CPC. Não-ocorrência. Tributo sujeito a lançamento por homologação. Expedição da Certidão Negativa de Débito. Possibilidade.
Recurso especial a que se nega seguimento."
Nas razões recursais, a Fazenda Nacional reitera os argumentos
expendidos no recurso especial, aduzindo que enquanto não for definitivamente homologado o
pedido de compensação administrativa feita pelo contribuinte, o Fisco não está obrigado a expedir
certidão negativa de débito.
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VOTO
A EXMA. SRA. MINISTRA DENISE ARRUDA (Relatora):
A irresignação não merece acolhimento.
Com efeito, conforme consignado na decisão agravada, a Primeira Seção
deste Tribunal firmou posição no sentido de ser ilegítimo negar-se ao contribuinte a expedição de
certidão negativa de débito - CND - na hipótese em que os débitos declarados forem objeto de
compensação com créditos decorrentes de pagamento indevido de PIS e COFINS, por inexistir a
constituição regular dos créditos.
Isso porque, tratando-se de tributo sujeito a lançamento por homologação,
só se configura definitivamente o crédito tributário após a homologação do pagamento realizado ou
da compensação efetivada, quando então poderá o Fisco apurar a existência de eventual débito
tributário remanescente e proceder ao lançamento de ofício dessa diferença.
Nesse sentido são os seguintes precedentes:
"TRIBUTÁRIO. DECLARAÇÃO DO DÉBITO PELO CONTRIBUINTE. FORMA DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, INDEPENDENTE DE QUALQUER OUTRA PROVIDÊNCIA DO FISCO. COMPENSAÇÃO. MODALIDADE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO (CTN, ART. 156, II). NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO SOBRE O PROCEDIMENTO, PARA VIABILIZAR O EXERCÍCIO DO DIREITO DE FISCALIZAÇÃO.
1. Segundo jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF (instituída pela IN-SRF 129/86, atualmente regulada pela IN 8 SRF 395/2004, editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei 9.779/99) ou de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco. Precedentes da 1ª Seção: AgRg nos ERESP 638.069/SC, DJ de 13.06.2005; AgRg nos ERESP 509.950/PR, DJ de 13.06.2005.
2. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao crédito tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras conseqüências, as de (a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa; (b) fixar o termo a quo do prazo de prescrição para a sua cobrança; (c) inibir a expedição de certidão negativa do débito; (d) afastar a possibilidade de denúncia espontânea.
3. É também conseqüência natural da constituição do crédito tributário por declaração do contribuinte (via DCTF) a de permitir a sua compensação com valores de indébito tributário. A compensação, com efeito, supõe, de um lado, créditos tributários devidamente constituídos e, de outro, obrigações líquidas, certas e exigíveis (CTN, art. 170). Os tributos constantes de DCTF são desde logo passíveis de compensação justamente porque a declaração do contribuinte importou a sua constituição como crédito tributário.
4. Realizando a compensação, e, com isso, promovendo a extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, II), é indispensável que o contribuinte
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informe o Fisco a respeito. Somente assim poderá a Administração averiguar a regularidade do procedimento, para, então, (a) homologar, ainda que tacitamente, a compensação efetuada, desde cuja realização, uma vez declarada, não se poderá recusar a expedição de Certidão Negativa de Débito; (b) proceder ao lançamento de eventual débito remanescente, a partir de quando ficará interditado o fornecimento da CND.
5. Embargos de divergência a que se dá provimento." (EREsp 576.661/RS,
1ª Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 16.10.2006, p. 277)
"TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS E FINSOCIAL. CRÉDITO DECLARADO EM DCTF OBJETO DE COMPENSAÇÃO PELO CONTRIBUINTE. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. POSSIBILIDADE.
I - A jurisprudência desta colenda Corte afirma que, uma vez reconhecido o crédito tributário, por meio de DCTF, tal ato equivale ao próprio lançamento, tornando-se imediatamente exigível o débito não pago, assertiva que, em tese, teria o condão de ensejar a interpretação segundo a qual, nesta hipótese, correto o procedimento da Fazenda Pública em não fornecer certidão positiva de débitos com efeito de negativa.
II - Todavia, verifico que há peculiaridade a afastar tal entendimento, in casu, consubstanciada no fato de que o crédito declarado em DCTF foi objeto de compensação pelo contribuinte, devidamente informada ao Fisco, conforme atestado pelo acórdão às fls. 125, de maneira que cabe, em conseqüência, à Fazenda verificar a regularidade da conduta, por meio do devido procedimento administrativo-fiscal. Assim, somente em concluindo pela ilegitimidade da compensação, após o referido procedimento, é que será possível a constituição do crédito tributário respectivo. Precedentes: AgRg no REsp 327.626/RS, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 19/12/05; AgRg no REsp 641.448/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ de 01/02/05 e REsp 328.727/PR, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 30/08/04.
III - Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp 801.069/RS, 1ª
Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 26.6.2006, p. 125)
"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. PREQUESTIONAMENTO. OCORRÊNCIA. TRIBUTÁRIO. PIS. COMPENSAÇÃO INFORMADA EM DCTF. RECUSA NO FORNECIMENTO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. ILEGALIDADE. PRECEDENTES.
No tocante à alínea 'c', é de reconhecer que o dissídio jurisprudencial alegado não restou adequadamente apresentado, pois a recorrente não demonstrou as circunstâncias que identificassem ou assemelhassem os casos confrontados, vindo em desacordo com o estabelecido nos artigos 541, do Código de Processo Civil e 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ, e com o entendimento pacificado na jurisprudência deste egrégio Superior Tribunal de Justiça. Quanto à alínea 'a', contudo, do exame mais atento dos autos, verifica-se que a matéria trazida para deslinde no recurso especial foi devidamente prequestionada no v. acórdão recorrido, em que pese a ausência de menção expressa, pelo egrégio Tribunal a quo, aos dispositivos tidos por violados. Na hipótese dos autos, os débitos declarados em DCTF foram objeto de compensação pela contribuinte com créditos que esta possui, decorrentes do
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pagamento indevido do PIS.
Tratando-se de tributo cuja legislação tributária confere ao sujeito passivo o dever de antecipar o seu pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa, a teor do disposto no artigo 150 do Código Tributário Nacional, só se configura definitivamente o crédito tributário após a homologação do pagamento realizado, ou, conforme o caso, da compensação efetivada, quando então poderá o Fisco, ao constatar alguma diferença a menor, ou, se inexistente o pagamento, proceder ao lançamento de ofício dessa diferença ou do débito total.
Se é por meio do lançamento que o crédito tributário é constituído, sem ele não há cogitar de débito, afigurando-se, por isso mesmo, ilegal e abusiva a recusa da autoridade administrativa em expedir a certidão negativa, uma vez que, antes do lançamento, existe tão-somente uma obrigação fiscal, despida de exigibilidade.
Agravo regimental provido, para conhecer em parte do recurso especial, e lhe dar provimento." (AgRg no REsp 327.626/RS, 2ª Turma, Rel. Min.
Franciulli Netto, DJ de 19.12.2005, p. 303)
Na hipótese dos autos, conforme consta do acórdão recorrido, "(...) a
compensação parcial registrada nas DARFs relativas ao pagamento de PIS e COFINS está
amparada nos acórdãos transitados em julgado, que reconhecem os créditos em favor da
impetrante relativos às duas exações (fls. 30-54). Não há qualquer notícia de que a Receita,
rejeitando as compensação efetuadas, tenha procedido ao lançamento de eventuais
diferenças encontradas. Ademais, que não há qualquer notícia de que o fisco tenha
procedido ao lançamento de ofício das diferenças decorrentes do alegado erro na
compensação (inclusive as decorrentes da alegada prescrição) ou das parcelas que alega
estarem inadimplidas. E, sem lançamento, não há crédito constituído, fazendo jus a
impetrante à CND." .
Como visto, o Tribunal de origem decidiu a causa em conformidade com a
orientação jurisprudencial predominante nesta Corte Superior.
À vista do exposto, nega-se provimento ao agravo regimental.
É o voto.
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTOPRIMEIRA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2005/0152562-2 REsp 781900 / PR
Número Origem: 200170020021222
EM MESA JULGADO: 13/02/2007
Relatora
Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ EDUARDO DE SANTANA Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTROS
RECORRIDO : J MATSUDA E COMPANHIA LTDA
ADVOGADO : JAIME ANTÔNIO MIOTTO
ASSUNTO: Tributário - Certidão Negativa de Débito
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : ARTUR ALVES DA MOTTA E OUTROS
AGRAVADO : J MATSUDA E COMPANHIA LTDA
ADVOGADO : JAIME ANTÔNIO MIOTTO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros José Delgado, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília, 13 de fevereiro de 2007
MARIA DO SOCORRO MELO Secretária