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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS COMARCA DE GOIÂNIA - 2ª FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I DECISÃO

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE GOIÁS

COMARCA DE GOIÂNIA - 2ª FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - I

Processo nº 5113467.91.2017.8.09.0051 Natureza: Ação Popular

Impetrante: JUNIOR CESAR BUENO E FREITAS Impetrado: ESTADO DE GOIÁS

DECISÃO

JUNIOR CESAR BUENO E FREITAS, amplamente

qualificado na exordial, propôs AÇÃO POPULAR em face do

ESTADO DE GOIÁS, com o escopo de obter comando judicial que

assegure a declaração de ilegalidade dos artigos 2º, 3º e 4º, da Lei nº 19.611/2017, que resultou na criação de 800 (oitocentos) cargos em comissão de Assistente Técnico, cargos estes destinados à Casa Militar, DETRAN e VAPT VUPT.

Informa o autor, na exordial, que o Governador do Estado de Goiás, o Sr. Marconi Ferreira Perillo Júnior, encaminhou para a Assembleia Legislativa o Ofício Mensagem nº 10, datado de 24 de

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fevereiro de 2017, com Projeto de Lei Ordinária versando sobre modificações na Lei nº 17.257, de 25 de janeiro de 2011, que dispõe sobre a organização administrativa do Poder Executivo.

Obtempera que o texto original do referido projeto de lei tratava da inclusão da PREVCOM-GO (Fundação de Previdência Complementar do Estado de Goiás) no rol constante do inciso XV do artigo 9º da Lei nº 17.257/2011, de forma a estabelecer documento único de todas as entidades que compõem a administração direta e indireta do Poder Executivo.

Alega que, quando da tramitação do projeto de lei na Assembleia Legislativa, fora proposta emenda aditiva, de autoria do Deputado Estadual Francisco de Oliveira, que resultou na criação de 800 (oitocentos) cargos em comissão, resultando em um acréscimo de despesas mensais de custeio no montante de R$ 1.493.150,00 (um milhão quatrocentos e cinquenta e três mil e cento e cinquenta reais), conforme se depreende do texto de seu voto em separado (artigo 3º da Emenda Aditiva).

Aduz o autor que, na referida Emenda Aditiva, foram criados 102 (cento e dois) cargos em comissão destinados exclusivamente ao atendimento dos serviços afetos à Casa Militar, 150 (cento e cinquenta) cargos destinados aos serviços afetos ao Departamento

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Estadual de Trânsito – DETRAN, e 548 (quinhentos e quarenta e oito) cargos destinados ao atendimento dos serviços afetos à Secretaria de Gestão e Planejamento, exclusivamente no âmbito do VAPT VUPT.

Alude que, em decorrência desta Emenda Aditiva, foi sancionada e publicada a Lei nº 19.611/2017, em 24 de março de 2017, não obstante os vícios de iniciativa apontados.

Alfim, pugna pelo deferimento de tutela antecipada em caráter de urgência, de forma a determinar que o requerido suspenda todas as nomeações para o preenchimento dos sobreditos cargos em comissão criados pela Lei nº 19.611/2017, bem como que exonere os que foram nomeados.

No mérito, pleiteia a confirmação da tutela de urgência, a declaração de inconstitucionalidade incidenter tantum do processo legislativo da Lei nº 19.611/2017, bem como a condenação do Governador do Estado ao ressarcimento do erário.

A exordial foi instruída por documentos.

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Sucinto relatório. Decido.

Pretende o autor, por meio da presente ação popular, obter em caráter antecipatório, a declaração de ilegalidade dos artigos 2º, 3º e 4º, da Lei nº 19.611/2017, de forma a suspender todas as nomeações para o preenchimento de 800 (oitocentos) cargos em comissão criados pela referida lei, bem como que exonere os que já foram nomeados.

Consoante a dicção do artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Como se pode notar do preceptivo em estudo, a tutela pretendida é medida processual extrema, cuja concessão, ou não, impõe ao magistrado a análise de sua irreversibilidade, ou seja, a possibilidade de retorno ao “status quo” (Artigo 300 § 3º CPC 2015).

Ademais, conforme dispõe o artigo 22 da Lei da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), podem ser aplicadas à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem

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os dispositivos da lei, nem a natureza específica da ação.

No caso em apreço, após uma cognição sumária do pedido e documentos que o instruem, vislumbro a presença de ambos requisitos, no que tange ao pleito de suspensão de nomeação dos cargos em questão.

A probabilidade do direito subsidia-se no fato de que a Emenda Aditiva de autoria do Deputado Francisco Oliveira está eivada de vício formal, na medida em que resultou na criação de cargos públicos, no aumento de despesas no orçamento público, e ainda, não possui pertinência com o objeto da proposta de lei encaminhada pelo Governador do Estado.

Com efeito, estabelecem a Constituição Federal (CF), bem como a Constituição Estadual (CE), nos seguintes dispositivos:

Art. 61.

§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

(...)

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a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

Art. 20.

§1º São de iniciativa privativa do Governador as leis que:

(...)

II - disponham sobre: (...)

b) Os servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, a criação e o provimento de cargos, empregos e funções na administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo, a estabilidade e aposentadoria, e a fixação e alteração de sua remuneração ou subsídio;

Por conseguinte, denota-se que são de iniciativa privativa do Governador as leis que versem acerca da criação de cargos e funções da administração direta, autárquica e fundacional do Executivo.

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Ademais, estabelece o artigo 63, inc. I da CF e o artigo 21, inc. I da CE, que não são permitidos aumentos de despesas em projetos de lei de iniciativa privativa do Chefe do Executivo, in verbis:

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

Art. 21. Não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos:

I - de iniciativa privativa do Governador, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3º e 4º da Constituição da República;

Portanto, conforme se depreende dos dispositivos constitucionais supracitados, é inconstitucional a emenda parlamentar que resulte na criação de cargos, bem como no aumento de despesas no orçamento público, em projeto de lei cuja iniciativa seja privativa do Chefe do Poder Executivo.

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Não obstante, a referida emenda aditiva não guardou a devida pertinência com o objeto da proposta do Governador, como determina a Lei Complementar nº 75/98, em seu artigo 7º, inciso II.

Por oportuno, acerca do tema, trago à colação precedentes do egrégio Supremo Tribunal Federal, em julgamentos de Ações Diretas de Inconstitucionalidade referentes ao tema:

EMENTA: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação

direta. Arts. 22 e 25 da Lei Complementar nº 176/2000, do Estado do Espírito Santo. Competência legislativa. Administração pública. Procuradoria-Geral do Estado. Organização. Designação de procuradores para atuar noutra Secretaria. Disciplina de processos administrativos. Criação de cargos na Secretaria da Educação. Inadmissibilidade. Matérias de iniciativa exclusiva do Governador do Estado, Chefe do Poder Executivo. Normas oriundas de emenda parlamentar. Irrelevância. Temas sem pertinência com o objeto da proposta do Governador. Aumento de despesas, ademais. Ofensa aos arts. 61, § 1º, inc. II, e 63, inc. I, da CF. Ação julgada procedente. Precedentes. São

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de emenda parlamentar, não guardem pertinência com o objeto da proposta do Governador do Estado e disponham, ademais, sobre organização administrativa do Executivo e criem cargos públicos.

(STF - ADI: 2305 ES, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 30/06/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-150 DIVULG 04-08-2011 PUBLIC 05-08-2011 EMENT VOL-02560-01 PP-00001) (sem grifos

no original)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE

INCONSTITUCIONALIDADE. PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 12 DA LEI 10789 DO ESTADO DE SANTA CATARINA. EMENDA

PARLAMENTAR EM PROJETO DE LEI DE INICIATIVA RESERVADA. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. AUMENTO DE DESPESA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA.

1. Criação de gratificação - Pró-labore de Êxito

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inconstitucionalidade formal (CF, artigos 61, § 1º, II, a e c e 63, I) a norma jurídica decorrente de emenda parlamentar em projeto de lei de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo, de que resulte aumento de despesa. Parâmetro de observância cogente pelos Estados da Federação, à luz do princípio da simetria. Precedentes. 2. Ausência de prévia dotação

orçamentária para o pagamento do benefício instituído pela norma impugnada. Violação ao artigo 169 da Constituição Federal, com a redação que lhe foi conferida pela Emenda Constitucional 19/98. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.

(STF - ADI: 2079 SC, Relator: Min. MAURÍCIO CORRÊA, Data de Julgamento: 29/04/2004, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 18-06-2004 00044 EMENT VOL-02156-01 PP-00073) (sem grifos no original)

No mesmo sentido, segue precedente do egrégio Tribunal de Justiça de Goiás, o qual colaciono a seguir:

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EMENTA: ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº48/2012. MULHER POLICIAL MILITAR. APOSENTADORIA AOS 25 ANOS DE SERVIÇO. TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA. HIPÓTESE DE

INICIATIVA RESERVADA DO CHEFE DO EXECUTIVO ESTADUAL. VIOLAÇÃO AO ART. 61, § 1º, II, F, DA CF E AO ART. 20, § 1º, II, C, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. I - À luz do

princípio da simetria, é da competência privativa do governador do Estado de Goiás a iniciativa de lei que discipline o regime jurídico dos militares. II – (omissis) III - Assim, a emenda constitucional de origem parlamentar, que tenha por objeto assegurar aos militares do sexo feminino o direito de se aposentar aos 25 anos de serviço, sendo, no ato de transferência para a reserva remunerada da polícia militar do Estado de Goiás, a promoção ao posto ou graduação imediatamente superior, é inconstitucional por vício formal de iniciativa, por inobservância do princípio da reserva da iniciativa legislativa ao chefe do poder executivo, corolário do postulado da separação dos

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poderes. Arguição Incidental de Inconstitucionalidade de lei acolhida.

(TJGO, ARGUICAO DE

INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI 335447-96.2013.8.09.0000, Rel. DES. LUIZ EDUARDO DE SOUSA, CORTE ESPECIAL, julgado em 09/04/2014, DJe 1540 de 13/05/2014)(sem

grifos no original)

Por conseguinte, ante o vício de inconstitucionalidade formal de norma jurídica decorrente de emenda parlamentar em projeto de lei de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, torna-se perfeitamente possível o controle judicial, bem com a sua correção via ação popular.

De igual forma, evidenciado o risco ao resultado útil do processo, uma vez que a possibilidade de nomeação dos 800 (oitocentos) cargos em comissão criados pela Lei nº 19.611/2017, manifestamente inconstitucional, importará ao erário uma despesa mensal considerável, não obstante todas as irregularidades apontadas no processo legislativo.

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Em contrapartida, no que tange ao pleito de exoneração dos cargos que já se encontram preenchidos, tenho por bem postergá-lo quando da análise do mérito, ante a irreversibilidade dos efeitos causados pela medida, sendo, destarte, de grande insegurança jurídica sua concessão, uma vez que a parte requerida sequer apresentou contestação nos autos.

Cumpre evidenciar ainda, que a concessão da tutela de urgência para exoneração dos cargos já nomeados, implicaria em adiantamento do próprio mérito causae, ou seja, a própria execução da sentença de mérito, vulnerando os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Posto isso, DEFIRO parcialmente a tutela de urgência

pleiteada, determinando a suspensão de todas as nomeações para

o preenchimento dos cargos em comissão criados pela Lei nº 19.611/2017, até o trânsito em julgado da presente ação popular.

Determino que seja expedido Ofício ao

Procurador-Geral do Estado, para que informe qual o quantitativo de cargos

comissionados criados pela Lei nº 19.611/2017 que já foram preenchidos, bem como para que junte aos autos os respectivos atos administrativos de nomeação, nos termos do artigo 7º, inciso I,

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Cite-se o requerido, na forma da lei, para que

apresente contestação, caso queira, no prazo constante do artigo 7º, §2º, inciso IV da Lei nº 4.717/65.

Intime-se o representante do Ministério Público, para os fins de mister.

Deixo de designar audiência de conciliação em razão da indisponibilidade do interesse público que reveste a questão.

Intimem-se. Cumpra-se.

Goiânia, 19 de abril de 2017.

Suelenita Soares Correia

Juíza de Direito

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