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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e MAURO CONTI MACHADO.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1015319-94.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante BANDEIRANTES ENERGIAS S/A, é apelada MARILZA CAZZETA (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de

Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo.

Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e MAURO CONTI MACHADO.

São Paulo, 30 de junho de 2015.

Galdino Toledo Júnior RELATOR

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Apelação Cível nº 1015319-94.2014.8.26.0100 Comarca de São Paulo

Apelante: Bandeirantes Energias S/A Apelada: Marilza Gazzeta

Voto nº 17.312

RESPONSABILIDADE CIVIL - Dano moral - Concessionária de serviço público de energia elétrica - Restrição de crédito decorrente de indevida inscrição do nome da autora no cadastro de devedores inadimplentes do SERASA/SCPC - Dívida oriunda de tarifas não pagas de energia elétrica, reconhecidamente não fornecida à demandante - Falha na contratação dos serviços em nome desta, fato não refutado com prova válida pela ré - Dever de reparar - Dano moral “in re ipsa” - Indenização - Fixação que deve ser apta para desestimular a reiteração de atos gravosos, sem, no entanto, constituir fonte de enriquecimento desproporcional à vítima - Arbitramento em R$ 10.000,00, que se mostra adequado aos fins supra - Apelo desprovido.

1. Ao relatório constante de fls. 76/78 acrescento que a sentença julgou procedente a ação declaratória de inexistência de débitos, cumulada com indenização por danos morais proposta por Marilza Gazzeta, fundada em indevida inscrição de seu nome no cadastro de devedores inadimplentes do SERASA/SCPC, fixando o montante indenizatório em R$ 10.000,00.

Pretende a concessionária vencida,

sustentada em suas razões recursais, a reforma do julgado, uma vez considerar que a inserção de mácula cadastral em nome da

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autora foi lícita, posto que desde 30.10.1991 esta é sua cliente e consumidora de energia disponibilizada no endereço situado à Rua Maria Alves Bonfim, 153 (instalação 73127400), tanto que por ocasião da celebração do contrato, houve apresentação dos documentos originais da interessada, fato que afasta a hipótese de fraude. Invoca, então, a excludente de responsabilidade prevista pelo artigo 14, §3º, II, do Código de Defesa do Consumidor. Além do mais, a prova do dano hipoteticamente suportado pela autora não ficou demonstrada, uma vez ausente a conduta ilícita e o nexo de causalidade, circunstância que torna descabida a indenização perseguida, ou, no mínimo, sua redução (fls. 81/89).

Recurso regularmente processado, com oferecimento de contrarrazões às fls. 93/98.

2. Constitui fato induvidoso que a ré, incluiu o nome da autora no rol dos devedores inadimplentes do SERASA/SCPC (fls. 17/18), por conta de supostos débitos pelo não pagamento de conta de consumo de energia elétrica (fl. 02), assim como o fato que esta jamais teve unidade consumidora no endereço da instalação.

Corrobora com essa assertiva, a ausência de qualquer contra prova válida a testificar a tese da concessionária ré de que a autora solicitou ligação de energia elétrica no registro medidor situado a Rua Maria Alves Bonfim, 153.

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Nem mesmo quando instada pela magistrada a quo a fornecer “documentos comprobatórios da

cobrança de energia elétrica, quais sejam o contrato, o extrato com memória de cálculo específica e o número do medidor de energia elétrica com o endereço em que estaria instalado” (fl.

68), limitou a concessionária demandada a apoiar-se

estritamente na reprodução de tela de computador da empresa (fls. 72 e 74/75), anotação de caráter unilateral, pelo que inservível, isoladamente considerada, como prova do fato.

Aliás, o print acima indica que o local da instalação/ligação 73127400 é a Rua Waldemar de Paula Ferreira, 864, Guarulhos/SP e não como sustentado no apelo (Rua Maria Alves Bonfim, 153 item “7” fl. 83), sem contar que ambos são divergentes do endereço informado da autora (fls. 01 e 05), daí a inutilidade dessa prova.

Ademais, nem mesmo beneficiaria à demandada a alegação de inexistência de nexo causal ou de ausência de culpa, já que, como ressaltado em réplica (fls. 49/57), não produziu nenhuma prova justificável e válida para o ato, tanto que sequer fez carrear aos autos o contrato que vinculassem as partes, acrescida de ficha de cadastro ou boletos e faturas registradas em nome da autora.

Logo, desse ônus não se desincumbiu a demandada (artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor e artigo 333, II, do Código de Processo Civil), fato este que vem confirmar, somado ao vazio probatório, o desrespeito e sua

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incúria.

Verifica-se, assim, demonstrado no caso, que a apelante, através de seus prepostos, agiu de modo negligente, pois, especialmente na contratação de abertura de ficha cadastral ou solicitação de ligação de energia elétrica por pessoas interessadas, resta aos empregados, militantes no sistema, a verificação exaustiva dos documentos operando-se a certeza de que a pessoa contratada é a mesma que apresenta a documentação. A inobservância do dever de cuidado facilitou o erro ou até mesmo a atuação de falsário e, por conseguinte, a ocorrência do evento lesivo, configurando ato culposo dos funcionários suficiente para afastar a alegada culpa exclusiva de terceiro.

Nem mesmo o fato de ter obedecido aos procedimentos usuais em operação dessa natureza não significa que o serviço por ela prestado não tenha sido defeituoso. Pelo contrário, acontecimentos como os narrados nestes autos somente demonstram que essas rotinas administrativas são insuficientes para evitar a ocorrência de falhas ou fraude, mediante o uso ilícito de dados pessoais ou documentos alheios ou falsos.

Assim, ao deferir a abertura de cadastro ao consumidor que se lhe apresenta como interessado, está a empresa se utilizando de meio para captar clientela, com o que assume o risco por eventual serviço defeituoso, incluindo a negativação inserida por terceiro prejudicado ante a ausência de

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pagamento de contas vinculadas a unidade de consumo de energia elétrica fornecidos a terceiros.

Ademais, prevalece quanto à

concessionária ré o princípio jurídico da responsabilidade objetiva pelo risco do negócio, somente se isentando desse mister na eventualidade de restar cabalmente comprovada a culpa grave do cliente, caso fortuito, ou de força maior (RT 589/143), circunstâncias que, como visto, não são vislumbradas neste caso.

Além disso, pacífico o entendimento da jurisprudência no sentido de que a simples inclusão injusta do nome da ofendida no rol dos devedores inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito é o suficiente para configurar lesão extrapatrimonial à sua honra, autorizando imposição ao responsável do dever de indenizar.

Assim tem decidido o C. Superior Tribunal de Justiça, como exemplifica o julgamento proferido no REsp 710959/MS: “A exigência da prova do dano moral

satisfaz-se com a demonstração do indevido protesto do título e da irregular inscrição no cadastro de proteção ao crédito” (4ª Turma

Relator Ministro Barros Monteiro).

Definida a obrigação de indenizar, resta a questão relacionada ao quantum indenizatório. No que concerne à quantificação dos danos morais deve o julgador atentar para as circunstâncias da causa, o grau de culpa do causador, as consequências do ato, as condições econômicas e

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financeiras das partes, de forma a não permitir que o valor deferido premie imoderadamente a ofendida, mas também não seja tão ínfimo que estimule seu causador a não cessar seu proceder incorreto.

Nesse ponto, data venia, reconhece-se adequada a condenação imposta à apelante a título de dano moral. Descabido, dessa forma, o pleito alternativo para minorar o valor reparatório, posto que o valor fixado em R$ 10.000,00 (dez mil reais), não extrapola os limites razoáveis da reparação, como também o escopo admoestatório para inibir a reiteração, não se convertendo em enriquecimento sem causa. Importante ter sempre em mente que valor da indenização, consoante precedente do Superior Tribunal de Justiça, "não pode contrariar

o bom senso, mostrando-se manifestamente exagerado ou irrisório" (RT 814/167).

3. Ante o exposto, meu voto nega provimento ao recurso.

Galdino Toledo Júnior

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