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34º Encontro Anual da ANPOCS. ST 07 Dilemas da modernidade periférica

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34º Encontro Anual da ANPOCS

ST 07 – Dilemas da modernidade periférica

Qualidade da democracia e modernidade periférica: entre os direitos e

a cultura da transgressão

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Qualidade da democracia e modernidade periférica: entre os direitos e

a cultura da transgressão –

MILTON LAHUERTA

∗∗∗∗

Os organismos multilaterais que passaram a utilizar o termo “governança” o definiram como o conjunto de maneiras através das quais indivíduos e instituições, públicas e privadas, administram problemas comuns. Com essa definição, procurou-se destacar sua dimensão de processo contínuo de acomodação de interesses conflitantes ou diferentes, visando obter ações cooperativas e jogos de soma positiva. Nesse sentido, pensar a governança exigiria que se analisasse não só o papel das instituições governamentais na obtenção do consentimento dos cidadãos, mas principalmente os acordos informais que atendem a interesses de pessoas, grupos e instituições. Uma boa governança dependeria, portanto, de uma específica articulação entre instituições e cultura política. Por isso, num país como o Brasil, falar em boa governança implica não só focar a performance institucional dos governos, mas também enfrentar temas como a cidadania incompleta, o não reconhecimento e a violação de direitos, a naturalização da desigualdade1, o aumento expressivo dos níveis de violência e de incivilidade,

relacionando-os com a baixa qualidade da democracia e forçando o pesquisador a privilegiar uma abordagem que transcenda a perspectiva conjuntural. No limite, trata-se de colocar em pauta a reflexão acerca da qualidade da democracia, o que exige, por sua vez, ir além do minimalismo schumpeteriano – que a pensa essencialmente como um método de seleção das elites e restringe sua compreensão ao funcionamento das

Professor de Teoria Política – UNESP – Universidade Estadual Paulista – São Paulo – Brasil. Diretor de

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instituições e aos procedimentos –, colocando em foco os fundamentos e os mecanismos de reprodução da cultura política que vigora no país.

Capitalismo autoritário e qualidade da democracia

O Brasil contemporâneo é marcado por índices assustadores de violência e de criminalidade2, com graves violações de direitos humanos, grande desrespeito ao meio

ambiente e baixíssima consideração pelo interesse público e pelos direitos coletivos; disso tudo advém uma percepção genérica entre sua população de que a democracia ainda é frágil e a cidadania é incompleta. É freqüente também a idéia de que os direitos, ainda que existam formalmente, não são estendidos da mesma forma e nem na mesma proporção para todos os setores da população. Corroborando tal interpretação da realidade, uma expressiva parcela da população prossegue vivendo em condições precárias de existência, com baixo acesso às condições básicas para uma vida digna, amontoando-se em habitações mais ou menos precárias (favelas, cortiços, conjuntos habitacionais mal feitos, etc) que não favorecem a construção de formas de sociabilidade mais cidadãs. Justamente por isso, não são poucos os que dão as costas às instituições públicas, desacreditando de toda e qualquer perspectiva que se centre em alguma idéia de um bem comum3. Com isso a autoridade pública encontra muita

dificuldade de se afirmar e de se mostrar legítima, já que não prosperam – pelo contrário, se erodem – os mecanismos de formação da solidariedade social4. Basta notar

1 Ou de subcidadania que seria a condição própria e permanente de uma “ralé estrutural”, como prefere nomear Jessé Souza (2003; 2005) para se referir ao problema com o acento numa dimensão mais estrutural.

2 Pelo menos desde o final dos anos 1980, a expressiva média de 40.000 pessoas assassinadas por ano é algo que fala por si e nos permite entender a situação de paranóia social e de insegurança em que a sociedade brasileira se encontra. O mais estarrecedor nessas cifras é que, em sua quase totalidade, são compostas por jovens do sexo masculino entre 15 e 25 anos,

3 Santos, 1992.

4 A distinção entre a construção da autoridade pública e a constituição da solidariedade social pode ser estabelecida com base nas formulações de R. Bendix (1996) para caracterizar o processo de estabelecimento do Estado Moderno.

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que, de modo cada vez mais intenso, um grande número de brasileiros simplesmente deixa de reconhecer o Estado como garantia da norma legítima, recusa-se a aceitar a ordem jurídica e procura resolver seus problemas a revelia da legalidade vigente, transgredindo-a e, muitas vezes, colocando-se, explicitamente, contra ela. Tal situação, além de acirrar o conflito social e a violência, generaliza a insegurança e faz florescer uma “cultura híbrida, que oscila entre o medo generalizado e a transgressão, expondo a sociedade brasileira a um processo sistemático de negação do Estado de direito5.

Tendo em conta esse diagnóstico preliminar, há que reconhecer que no Brasil ainda que as condições básicas da governabilidade estejam asseguradas e se viva sob o império de uma ordem constitucional bastante inclusiva, a qualidade da democracia permanece num nível bastante baixo e preocupante. Para se tentar entender tamanho descompasso entre instituições políticas e movimentação social sempre é possível se buscar as raízes mais profundas da cultura brasileira, dando destaque à tradição ibérica e ao conservadorismo presentes na colonização portuguesa, inegavelmente aspectos fundamentais na história do país, que teriam legado à sociedade brasileira o fardo do patrimonialismo e do personalismo6. No entanto, observando-se mais detidamente o

problema, nota-se que nesse caso a marca mais perversa no estabelecimento dessa cultura política avessa ao reconhecimento de direitos é a da não superação até hoje da obra negativa da escravidão7.

5 Pastana, 2003.

6 Faoro, 1988; Holanda, 1979. Jessé Souza (2001; 2005) tem trabalhado criticamente essa tradição, qualificando-a a partir da idéia de “sociologia da inautencidade” e mostrando como esse modo de pensar a história do país tem elidido a questão social e racial, contribuindo para a naturalização da desigualdade no país.

7 “Depois que os últimos escravos houverem sido arrancados ao poder sinistro que representa para a raça negra a maldição da cor, será preciso desbastar, por meio de uma educação viril e séria, a lenta estratificação de trezentos anos de cativeiro, isto é, de despotismo, superstição e ignorância. O processo natural pelo qual a escravidão fossilizou nos seus moldes a exuberante vitalidade do nosso povo durou todo o período do crescimento, e enquanto a nação não tiver consciência de que lhe é indispensável adaptar à liberdade cada um dos aparelhos do seu organismo de que a escravidão se apropriou, a obra desta irá por diante, mesmo quando não haja mais escravos”. (Nabuco, 1997: p. 3)

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A escravidão agregou à tradição ibérica, num contexto de grandes extensões e isolamento das propriedades rurais, formas de mando sobre os subalternos que “contaminaram” toda a história política e cultural posterior do país. Inclusive porque, juntamente com a violência inerente às relações escravistas, é relativamente consensual na bibliografia a existência de um circuito complexo de relações de dependência pessoal, que alguns autores, a partir das formulações clássicas de Sérgio Buarque de Holanda8,

qualificam a partir da idéia de favor e/ou de cordialidade, que impregna profundamente a estruturação valorativa da sociedade brasileira, dificultando o desenvolvimento dos pressupostos necessários para a vigência de instituições impessoais e duradouras. Dito em outros termos, tal combinação teria estabelecido a questão central da modernidade brasileira: “a dificuldade de estabelecer elos igualitários entre pessoas e normas impessoais, e os modos pelos quais as leis são concebidas e aplicadas na nossa sociedade”.9

No entanto, se move...

Essa gênese colonial e escravocrata, que marcou profundamente a sociedade brasileira, não impediu que ao longo do século XX (em especial, a partir da chamada “revolução de 1930”), ainda que seguindo a forma de uma “revolução passiva10”, se

desenvolvesse uma tendência no sentido da ampliação e do reconhecimento de direitos de cidadania11. Tendência que, a despeito dos percalços, vinha se impondo de modo sólido

até ser interditada pelo golpe militar de 1964. Essa “construção interrompida”, no que se refere à formulação de uma pauta mais clara de democratização da sociedade brasileira,

8 Holanda, 1979. 9 Da Matta, 2008: p.118.

10 Sobre a utilização da categoria gramsciana de “Revolução Passiva” para analisar o processo de modernização capitalista no Brasil, ver: Lahuerta, 1997; Vianna, 1997; Nogueira, 1999.

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talvez esteja na raiz do aumento do descompasso entre práticas e normas, que muitas vezes se aproxima da ilegalidade e do crime, contribuindo para a generalização da lógica não cooperativa e para a naturalização da irresponsabilidade cívica.

O golpe militar de 1964, sem sombra de dúvidas, interrompeu inúmeras experiências promissoras que estavam em curso, especialmente no plano cultural, esterilizando-as através de um processo crescentemente repressivo. Dentre elas, pode-se destacar as iniciativas do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, as campanhas em defesa da escola pública, a constituição dos Centros Populares de Cultura – CPCs (nas suas várias seções estaduais), a formulação da Pedagogia do Oprimido, o Cinema Novo, o Teatro de Arena12. Todos esses empreendimentos eram expressivos de uma sociedade

bastante ativa culturalmente e em busca de alternativas para o país, revelando assim – como disse certa vez Roberto Schwarz – um “Brasil irreconhecivelmente inteligente”13.

Sinteticamente, havia um movimento cultural que acompanhava o processo de modernização em curso na sociedade brasileira e procurava dar a ele uma consciência de si, inclusive no sentido de propor uma agenda para o futuro. Pretensão que, obviamente, mantinha forte relação com a formulação de um projeto de nação essencialmente centrado na idéia do desenvolvimento.

O golpe militar é desencadeado anunciando seu caráter provisório, mas paulatinamente vai se desdobrando num regime forte que não só restringe as liberdades como também se explicita plenamente como uma ditadura militar terrorista. No entanto, o projeto do novo bloco é de aceleração da acumulação capitalista, consolidando assim um processo de acumulação capitalista que será caracterizado como “uma fuga para

12 Sobre esses movimentos há uma vastíssima literatura. Apenas como referência para o leitor, citamos: Pécaut, 1990; Schwarz, 1979; Lahuerta, 2005; Ridenti, 2000; Toledo, 1978; Berlinck, 1984; Nascimento, 2001. Vale a pena lembrar também o livro recente O moderno em questão, integralmente dedicado ao tratamento da década de 1950. (Bastos; Boas & Botelho, 2008).

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frente”, na expressão sintética de Florestan Fernandes14. Em termos econômicos,

portanto, o regime militar mostra-se extremamente transformador; ainda que, nos planos político e cultural, tenha procurado sistematicamente impedir que essa transformação ganhasse expressão pública e adquirisse uma feição efetivamente mais moderna. Daí a contradição entre o caráter mudancista do regime militar no plano econômico e o autoritarismo e o conservadorismo que o caracterizam nos planos cultural e político.

Uma leitura liberal da contraposição Estado e Sociedade Civil

Do ponto de vista político, essa contradição foi equacionada nos anos 1970 em torno da consigna autoritarismo versus democratização15. A idéia básica que se afirmou

ao longo dessa década centrava-se na percepção de que se estava diante de um processo de democratização econômico e social no país que não encontrava correspondência no plano político em virtude da vigência de um regime autoritário que limitava os movimentos de uma sociedade civil emergente. Para tal interpretação do Brasil, de certo modo, o regime militar apenas atualizava as piores tradições que decorriam da herança ibérica, do patrimonialismo, da vigência da escravidão, do populismo e do nacionalismo. Essa interpretação do país que ganhou consistência teórica e política durante os anos setentas, tornou-se o principal referencial para a oposição que passou a defender como ponto fundamental da agenda política a luta por direitos. O que, diga-se de passagem, revelou-se uma estratégia bastante acertada, já que permitiu superar o revolucionarismo voluntarista presente na cultura de esquerda e entre a juventude universitária. Tal luta por direitos exigiu a afirmação de um novo ator social que deveria tornar-se o principal

14 Fernandes, 1975.

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protagonista no cenário que se anunciava com a democratização: a “sociedade civil” 16.

No entanto, a afirmação desse novo personagem não se deu sem uma grande dose de ambigüidade conceitual. Da forma como foi concebido nos anos 1970, o conceito de sociedade civil ganhou uma enorme autonomia com relação à idéia de Estado, como se a sociedade civil fosse um “outro” do Estado. Com isso estabeleceu-se o primado de uma lógica liberal simplista, como se o país estivesse polarizado entre o Estado (expressão de todas as mazelas autoritárias da história brasileira) e a sociedade civil (pensada como depositária de um potencial democrático ilimitado). É óbvio que essa polarização gerou uma compreensão equivocada do nexo entre o Estado e a sociedade civil nas sociedades capitalistas17.

Basta notar que a sociedade brasileira chega aos anos 1980 permeada por uma idéia chave: a de que todos têm direitos e esses direitos devem ser reconhecidos sem nenhum tipo de limite – o que, em tese, é muito positivo. Mas, ao mesmo tempo, em nome da crítica que vinha se fazendo ao Estado autoritário, torna-se comum um posicionamento genérico que vê qualquer obrigação com o coletivo e qualquer regulamentação exercida pelo Estado como intrinsecamente negativas porque anacrônicas e autoritárias. Mas, mais importante do que isso foi ter se criado uma espécie de “Muralha da China” entre o Estado e a sociedade civil, como se o Estado fosse sempre a expressão do mal e a sociedade civil a personificação do bem e o lugar dos direitos; como se o Estado fosse a expressão de tudo de ruim que se queria negar e a sociedade civil a

16 Francisco Weffort (1988: p. 518), um dos mais vigorosos defensores da afirmação da sociedade civil como categoria analítica e como ator político, faria a seguinte colocação sobre o assunto: “Nós queríamos uma sociedade civil, precisávamos dela para nos defender do Estado monstruoso à nossa frente. Isso significa que, se não existisse, precisaríamos inventá-la. Se fosse pequena, precisaríamos engrandecê-la. Não havia lugar para excessos de ceticismo nesta questão, pois só serviriam para tornar os fracos ainda mais fracos. É evidente que quando falo aqui de “invenção” ou de “engrandecimento” não tomo estas palavras no sentido da propaganda artificiosa. Tomo-as como sinais de valores presentes na ação política, e que lhe conferiam sentido exatamente porque a ação pretendia torná-los uma realidade. Numa palavra, nós precisávamos construir a sociedade civil porque queríamos liberdade”.

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encarnação do bem e das virtudes cívicas. Paradoxalmente, a perspectiva de negar o autoritarismo do Estado engendrou também uma recusa a toda e qualquer autoridade. E uma das conseqüências desse caldo de cultura foi que a aversão ao público, ao estatal e ao político, pensados como se fossem sinônimos de autoritarismo, fez com que perdesse força a idéia – central para a democracia – de que para haver cidadania é necessário não somente o reconhecimento de direitos, mas também algum tipo de obrigação do indivíduo para com a comunidade.

Debilidade da esfera pública e fragilidade da cultura cívica

A cultura política que emergiu da ditadura militar e ganhou expressão a partir do processo de transição para a democracia, paradoxalmente, acabou menosprezando os motivos e estratégias que haviam motivado aqueles que lutaram contra a ditadura militar18. É por isso que para a nova sociedade brasileira, que emergiu com a

modernização autoritária, o processo de democratização representou, essencialmente, a emergência dos interesses e acima de tudo o direito de fazer aquilo que se quer. Foi exatamente durante as últimas décadas que a sociedade brasileira vivenciou suas maiores taxas de crescimento demográfico e transformou-se numa moderna sociedade de massas, com forte presença da juventude. Talvez esteja aí a chave para se explicar este momento da história do país, no qual, a despeito dos inegáveis avanços garantidos pela Carta de 198819, os comportamentos transgressivos e predatórios ampliam-se, fomentando uma

cultura política que estimula a irresponsabilidade cívica.

Faz sentido, portanto, o diagnóstico que atribui as dificuldades da democracia no Brasil à ausência de alternativas doutrinárias mais sólidas acerca desse regime político

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durante o processo de transição20. O que nos obriga a recolocar uma questão teórica de

fundo: talvez o foco intelectual que, nos anos 1970, identificou o autoritarismo exclusivamente no Estado deixou de considerar de modo sistemático, pelo menos, duas importantes dimensões: de um lado, o fato de ter se colocado num plano secundário o importante tema do “projeto nacional”; de outro, o de ter se menosprezado inteiramente o tema dos traços autoritários vigentes naquela sociedade civil que se pretendia fortalecer. As décadas seguintes nos mostrariam que, diferentemente do que se pensava, uma sociedade civil forte não é por si só antídoto ao autoritarismo. Afinal, se a cultura política na qual a sociedade civil se sustenta é autoritária, os interesses vão vir à tona em estado bruto, deseducados para a vida civil, destituídos de qualquer treinamento moral para atuar no espaço público, prisioneiros de um individualismo apetitivo, e coniventes com particularismos de todos os tipos. Esses serão, portanto, interesses “mal compreendidos”, como consagrado na análise de A. Tocqueville, desde o século XIX.

Observando-se a sociedade brasileira no período posterior à sua democratização, é inegável que ocorreram mudanças substanciais no que se refere ao reconhecimento e a ampliação de direitos de cidadania. Não obstante e paradoxalmente, talvez até pelo excesso de expectativas criadas e não atendidas com relação ao regime democrático, foi se generalizando também um sentimento de desencantamento com relação à política, à democracia e a tudo que é identificado com o poder público, traduzindo-se no âmbito do senso comum por uma aversão crescente ao interesse coletivo e a qualquer idéia de bem comum. Dito em outros termos, a despeito dos avanços institucionais e constitucionais, instaurou-se um mecanismo de individualização perverso que se traduz em formas societais que menosprezam a democracia e recusam a cultura cívica e o reconhecimento 19 Para uma avaliação boa e pluralista de aspectos importantes da Constituição de 1988, ver Oliven; Ridenti; Brandão, 2008.

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universal dos direitos de cidadania21. É exatamente nesse contexto que há uma enorme

aceitação tanto dos comportamentos transgressivos, quanto do estabelecimento de formas extra-estatais de resolução de conflitos sociais e jurídicos, que para alguns autores já constituem uma espécie de “direito informal22. Dentre eles o avanço da violência criminal

e o fascínio exercido pelo “mundo do crime” são indicadores bastante significativos e preocupantes, inclusive porque têm como principais protagonistas – seja como vítimas, seja como algozes – jovens do sexo masculino na faixa de 18 a 24 anos. O mais preocupante nessa situação não é apenas a disseminação de um nível de violência assustador, que já atinge a dramaticidade e a mortandade típicas das guerras civis23, mas

sim sua naturalização através da celebração da cultura da violência e do crime. Esse quadro tem como contrapartida a forte demanda de ordem que toma a sociedade brasileira e a coloca vis-à-vis um impasse: num curto espaço de tempo, a mesma sociedade civil que vivenciou uma espécie de “revolução dos interesses” e se mobilizou fortemente em defesa da democracia, pode passar a legitimar, em nome do restabelecimento de algum horizonte de ordem, formas autoritárias de intervenção estatal e a aceitar níveis crescentes de ilegalidade e de violação dos direitos humanos.

Ou seja, nos últimos trinta anos, em nome da defesa dos direitos e das liberdades individuais, criou-se na sociedade brasileira uma ambiência política e cultural propensa não só a negar o autoritarismo político, mas também a menosprezar o Estado e a política, e as instituições coletivas de construção da solidariedade social. Com isso, vivencia-se a modernidade radicalizada, sem a presença de qualquer pedagogia democrática, voltada para a formação das novas gerações para a cidadania, educando-as na perspectiva de desenvolverem ações cooperativas para encontrar soluções e alternativas para os

21 Carvalho, 2003. 22 Barbato Jr, 2007.

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problemas. O que se nota, após décadas de combate ao autoritarismo e de afirmação da democracia como algo desejável, é que a “sociedade civil” do país encontra-se mais próxima da irresponsabilidade generalizada do que de formas de autogoverno. Paradoxalmente, para esse resultado contribuiu a rotinização da perspectiva – em princípio, bastante positiva – de que todos os brasileiros têm direitos e devem ampliá-los. O problema é que a afirmação da idéia de direitos deu-se sem que se afirmasse como contrapartida uma noção de obrigação política para com o coletivo, no sentido de que os problemas sociais dizem respeito ao conjunto dos cidadãos – concebidos esses como indivíduos autônomos que têm consciência de seus direitos e reivindicam liberdade e emancipação – e que sua associação é elemento decisivo para superá-los.

É conhecida a interpretação que insiste no diagnóstico de que, por faltar-lhe a tradição do autogoverno (ou seja, por ela não ter resultado da experiência anglo-saxônica), a sociedade brasileira estaria condenada por um largo período de tempo ao autoritarismo e às formas de Estado fortes24. Mas o fato é que, na ausência de uma

tradição de autogoverno, no Brasil – e em outras partes da América Latina – vive-se esta época, em que a liberdade torna-se quase que um dado natural, de modo crescentemente destituído de sentido ético e marcado por uma grande irresponsabilidade. E toda época de grande irresponsabilidade social acaba gerando como contrapartida o estabelecimento de limites; limites que são solicitados a alguma autoridade que se qualifique para exercer um poder soberano. No caso, essa “autoridade coletiva”, paradoxalmente, só poderá se legitimar pela atividade política e se estabelecerá como Estado e como governo, por mais que diariamente a política e toda a esfera pública sejam objeto de desqualificação pelas 23 Conforme já informamos anteriormente, em média, nos últimos vinte e cinco anos, foram cometidos entre 40 e 50 mil assassinatos por ano no Brasil.

24 Pelo menos desde as formulações de Oliveira Vianna, essa interpretação encontra acolhida nas análises de várias gerações de sociólogos e cientistas políticos. Os trabalhos de Gildo Marçal Brandão (2007) reunidos no livro Linhagens do pensamento político brasileiro sistematizam de modo definitivo essa naturalização do “programa de pesquisa conservador”, especialmente os capítulos 1 e 2.

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mídias. Enfim, trata-se de um processo contraditório, mas que sem exagero nos remete à uma imagem hobbesiana: a sociedade está cada vez mais aterrorizada diante da violência e da insegurança que se generalizam na convivência cotidiana, fazendo com que se ampliem a demanda de ordem e a aceitação de formas de exercício do poder que negam o Estado de direito. Com isso, os avanços democráticos obtidos pela sociedade brasileira nas últimas décadas – avanços, muitas vezes, garantidos constitucionalmente – podem ficar seriamente comprometidos, levando à perda de legitimidade da autoridade pública e comprometendo, assim, a solidariedade social e a qualidade da democracia que se busca implantar no país25.

Sinteticamente, o que esse cenário nos permite afirmar é que um dos traços mais marcantes da sociedade brasileira refere-se à debilidade de sua ordem normativa, num contexto de grandes mudanças sociais que favorece a emergência e o desenvolvimento de comportamentos transgressores. Ou seja, o advento da modernidade radicalizada entre os brasileiros não tem significado a redução, mas sim a ampliação dos grupos sociais propensos a transgredir a legalidade e o sistema de normas vigentes, com a desqualificação da idéia de direitos e a reprodução do modelo das “pequenas máfias”, empenhadas na reprodução de privilégios e na reiteração de lógicas particularistas e corporativas.

25 “Claro que nós escolhemos com esse passado todo pesando. Então, quando comparo cultura política brasileira e francesa, alemã, etc., claro que tem diferença. Até mesmo considerando que estamos mudando em termos de cultura política, com tudo que entrou no Brasil de privatização, anti-estatismo, ainda temos uma percepção do Estado como responsável. Aqui, isto é muito mais forte do que em outras sociedades. A nossa idéia de quem deve fazer alguma coisa para resolver a situação é o Estado. Ou seja, o peso do passado não pode ser jogado fora. Mas o uso que vai ser feito disso compete a nós. Não acho que o autoritarismo esteja prestes a voltar, não acho que seja uma possibilidade realista a curto prazo, mas também não posso dizer que nunca mais teremos governos autoritários. Isso vai depender muito das nossas escolhas aqui e agora. O nosso aqui e agora e o das gerações futuras” (Reis, 2002: p.35).

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Cultura da transgressão e dificuldades para a democracia

É evidente que numa sociedade marcada pelo estigma da escravidão, o trabalho sistemático, muitas vezes identificado com o trabalho manual e árduo, jamais tenha sido plenamente valorizado. Basta notar o quanto permanece atuante na cultura brasileira a aversão ao trabalho, justificada e traduzida culturalmente pelo culto da “malandragem” 26.

A despeito das campanhas que, pelo menos desde o Estado Novo, procuraram valorizar o trabalho e por mais que se tenha reconhecido os direitos dos trabalhadores, permaneceu forte a tendência à recusa ao trabalho, identificado ou com privação da liberdade ou como algo que estaria destinado a uma minoria e ao qual a massa nunca teria acesso. Manteve-se forte também um outro comportamento social que Manteve-se combinou com a desvalorização de uma ética fundamentada no trabalho sistemático. Refiro-me ao fascínio pelo improviso que acaba por alimentar entre os brasileiros a tendência de se cultuar uma espécie de “moralidade elástica”. Os brasileiros de todas as classes, a princípio, são extremamente moralistas e intransigentes nas situações de adversidade, no entanto, na maior parte delas, não chega a ser incomum o fato de se renderem a alguma forma de conciliação, não só de interesses, mas também de princípios morais. Essa “moralidade elástica”, que ficou conhecida na cultura do país como o “jeitinho”, acabou por se constituir como uma norma de conduta desejável para caracterizar o “autêntico brasileiro”. E, ainda que não esteja escrita em nenhum lugar, funciona como uma instituição social que prossegue plasmando a cultura política do país.

Em texto recente, Roberto da Matta recolocou o problema recorrendo ao conceito de transgressão:

26 Antonio Cândido (1993, p. 51), em texto clássico sobre o livro de Manoel Antonio de Almeida,

Memórias de um sargento de milícia, oferece uma definição precisa da gênese dessa situação: “[Em uma

sociedade] que exprime a vasta acomodação geral que dissolve os extremos, tira o significado da lei e da ordem, manifesta a penetração recíproca dos grupos, das idéias, das atitudes mais díspares, criando uma

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O conceito de transgressão remete, imediatamente, à idéia de ultrapassagem ou de fronteiras para atingir uma terra-de-ninguém ou um não-lugar. Um espaço negativamente demarcado por alguma regra ou norma de comportamento. Sendo assim, o ato de transgredir nos fala de classificações sociais imperativas (aquilo que a sociedade considera crime, pecado ou tabu), cujo rompimento traria como conseqüência vergonha, culpa ou a renúncia da vida social; bem como dos balizamentos de um espaço onde nos vemos às voltas com tropos morais afins da transgressão: a deficiência das instituições destinadas ao combate dos atos criminosos, o abuso do poder a ela relacionado e, no caso do Brasil, a discussão muito mais centrada em quem as cometeu do que sobre as ações propriamente ditas, o que conduz a desfaçatez, arrogância e perda de confiança na atuação legal, que acabam por legitimar certos tipos de delito27.

O que se quer destacar com essa colocação é que, diante de certos constrangimentos, particularmente legais, é crescente a parcela dos brasileiros que se permite transgredir as regras (formais ou informais), não considerando esse comportamento uma atitude moralmente condenável, mas sim uma espécie de consagração do “caráter nacional”. A circunstância terrível revela uma tradição cultural na qual a todo o momento se recusa o reconhecimento de direitos, seja o seu próprio direito seja o dos outros, e se reitera a busca de privilégios. Essa é, portanto, uma cultura que não valoriza nem os comportamentos cooperativos nem a ação coletiva, já que se nutre de um tipo de individualismo afeito a não respeitar regras e a burlar a lei para se levar algum tipo de vantagem.

Esses traços, que remontam à estrutura do favor – talvez o principal legado da “obra da escravidão” –, se acentuaram bastante no contexto democrático que se seguiu ao termino da ditadura militar, quando, inclusive, a “cultura do jeitinho e da malandragem” se transmutou em incultura do banditismo. A tal ponto, que hoje, principalmente entre os jovens e adolescentes de todas as camadas da sociedade, é comum cultivar um espécie de terra-de-ninguém moral, onde a transgressão é apenas um matiz na gama que vem da norma e vai ao crime”.

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comportamento “marginal”, inclusive com a adesão a uma “estética bandida”, que se identifica com o universo de referência valorativo daqueles que vivem nos morros e nas periferias das grandes cidades. É fato verificável entre os jovens de classe média (e mesmo entre os filhos dos ricos) a valorização e a reprodução de uma linguagem típica daqueles que se encontram encarcerados, com evidentes prejuízos no que se refere á capacidade de expressão escrita sistemática. É cada vez mais comum encontrar jovens de classe média e de classe alta que adotam uma estética marginal e passam a ter como um “valor” agir como se fossem bandidos ou, no mínimo, reproduzindo os trejeitos que eles identificam com os dos moradores das favelas e periferias das grandes cidades28.

Sem dúvida, tais comportamentos são expressivos de que a sociedade vive uma crise de referenciais; e os que estão se impondo, principalmente entre os mais jovens, são os do individualismo consumista, fascinado pela glamourização da transgressão e do desrespeito à lei, que favorece a banalização do crime e da violência, consubstanciados na cultura do narcotráfico29.

De fato, milhões de brasileiros nem sequer identificam o que há de transgressivo em certas transgressões; outros tantos as vêem com complacência ou indiferença; e muitos admitem havê-las cometido ou cometê-las com freqüência. (LAMOUNIER, 2008, p.50).

Ou seja, a tolerância social com os comportamentos transgressivos corrobora a generalização dos referenciais da violência, da competição sem regras e da vitória a 27 Da Matta, 2008: p. 118.

28 “A cultura da periferia ocupa a mídia com um novo discurso de rebeldia e potência, decisivo na mobilização e sedução das camadas juvenis, sejam elas da periferia ou não. E mais do que isso: vem se impondo como novo discurso com conotações políticas, para além dos guetos e faixas etárias.” (Bentes e Herschmann: 2002, p. 10).

29 O domínio das periferias pelo “Primeiro Comando da Capital” (PCC), também chamado do “Partido do Crime”, uma organização criminosa que se estruturou a partir dos presídios de São Paulo e que tem provocado verdadeiros atentados contra o poder público, é expressivo desse fascínio pela “vida bandida” que a classe média do país tem manifestado nos últimos anos, inclusive por sua valorização da estética

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qualquer preço, associando-se assim à longa tradição de recusa ao trabalho sistemático e a consagração da “cultura do jeitinho e da malandragem”, presentes na cultura brasileira. No âmbito do senso comum da sociedade, a conseqüência disso é que quem trabalha, respeita o outro, zela pelo meio ambiente e cumpre as leis, é muitas vezes tratado como um perfeito idiota. Não é exagerado nem descabido, portanto, considerar que os brasileiros de todas as classes sociais adentraram na modernidade radicalizada imersos numa verdadeira inversão de valores morais.

Qualidade da democracia, direitos e ética do bem comum

A argumentação desenvolvida ao longo do texto procurou apresentar um ponto de vista que recusa tanto as generalizações abstratas quanto a abordagem estritamente conjuntural. Procurou-se enfatizar que responder ao desafio da boa governança (que no fundo nos remete ao tema da qualidade da democracia), exige pensar não apenas sobre o funcionamento das instituições políticas, mas também sobre a dimensão valorativa, que organiza os consensos sociais e nos remete ao problema da cultura política. No fundo, para equacionar a “crise brasileira”, há que se enfrentar o tema dos valores e dos compromissos éticos, no sentido de que aqueles setores que exercem na sociedade funções intelectuais, em vários níveis, se coloquem de modo crescente a necessidade de se construir uma cultura política centrada na valorização da responsabilidade cívica, que contribua de fato para que se eduque e se valorize a cidadania. Só com o estabelecimento de algum horizonte de projeto será possível o enfrentamento efetivo do problema da juventude abandonada e/ou descrente de valores positivos e solidários.

que se afirma na contestação e na transgressão da ordem expressa pelas juventudes das periferias, diariamente aviltadas em seus direitos mais elementares.

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Dito mais claramente, sem enfrentar o tema dos valores e sem a perspectiva de se estabelecer um novo compromisso ético entre os setores organizados da sociedade não se enfrentará seriamente a questão da banalização da transgressão que, por sua vez, naturaliza o crescimento do crime e da violência, e escamoteia a falta de perspectivas sociais, principalmente entre a juventude. O que significa dizer que a violência e os comportamentos criminosos não podem continuar sendo tratados como uma mera questão de polícia. Da mesma forma, o problema das “vidas desperdiçadas” da juventude, sem perspectivas profissionais, sem esperança, sem limites e sem valores cívicos, não pode prosseguir sendo encarado como um problema restrito às instituições educacionais e correcionais. Igualmente, a falência do sistema educacional público diz respeito a todos e sua resolução exige, inclusive, o exercício de algum controle democrático sobre os meios de comunicação, no sentido de que eles colaborem com a escolarização e contribuíam para o estabelecimento da cultura cívica, contribuindo assim para o desenvolvimento de formas de pedagogia democrática. É evidente que somente será possível lograr alguma alteração na situação atual se, de vários pontos da sociedade, houver a compreensão de que as mídias precisam ter um papel construtivo na democracia. Um papel de passar novos valores, de efetivamente contribuir para se abrir horizontes de futuro, horizontes projetuais para as pessoas.

O que significa dizer que a preocupação com o destino da juventude sem perspectiva de futuro30 é um problema estratégico que diz respeito a toda sociedade

brasileira. Sem nenhum catastrofismo, enquanto os setores organizados da sociedade, especialmente aqueles relacionados com o ensino e a pesquisa, não se colocarem seriamente a necessidade de se chegar a algum acordo público com relação ao que deve

30 Evidentemente esse não é um problema específico do Brasil e das situações de modernidade periférica. Apenas como ilustração, cabe lembrar a reflexão de Z. Baumman (2004) sobre o que ele chama de vidas desperdiçadas.

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ser prioritário, escolhendo claramente alguns temas como divisor de águas em relação a suas perspectivas de futuro, o país caminhará célere para a desagregação social, reforçando uma imagem de beco sem saída, que o mero crescimento econômico não será capaz de contraditar por muito tempo.

Não é razoável, ao mesmo tempo em que se efetiva uma afirmação inédita de direitos na sociedade brasileira, que continuem a se reproduzir de forma generalizada comportamentos irresponsáveis e transgressores que dão as costas ao estado de direito e se recusam a experimentar formas de vida mais sustentáveis. Exatamente pela dimensão macro-estrutural do processo social contemporâneo, há uma dimensão que hoje é comum ao mundo todo: a percepção de que uma democracia com maior qualidade não será resultado apenas da ação de bons governantes, mas dependerá cada vez mais das atitudes e escolhas de cada um dos cidadãos no sentido de influir nos processos de decisão que efetivamente importam. A velocidade das transformações, estimulada ainda mais pelo processo de aceleração do tempo, impõe à cidadania uma agenda urgente no sentido de se construírem soluções inteligentes, menos pautadas pela competição e pelo consumismo, e mais pela perspectiva de emancipação individual e de respeito pelo outro. Essa educação para a vida civil e para o reconhecimento e a valorização da dimensão pública depende, essencialmente, daqueles que exercem funções intelectuais, porque estes, no limite, podem estimular a reflexividade e o desenvolvimento de ações mais solidárias e cooperativas.

Em sua trajetória, a cultura brasileira se estruturou sob uma espécie de “moralidade elástica”, convivendo com níveis estarrecedores de pobreza e de violência, e naturalizando gritantes desigualdades e absurdas formas de discriminação. Não obstante, essa sociedade também absorveu intensamente a idéia de que os indivíduos têm direitos, mas ainda encontra dificuldades profundas para impedir a reprodução das estruturas de

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privilégios mantidas e/ou impulsionadas em seu processo de modernização. Uma das razões dessa dificuldade é que a idéia de cidadania e de direitos permanece refém da emergência de “interesses mal compreendidos”, que contribuem para o aumento da desagregação social e dos comportamentos transgressivos, e acabam tangenciando freqüentemente o ilícito e o crime. O brasileiro médio ainda confunde a condição de um cidadão portador de direitos com a afirmação de interesses econômicos em estado bruto. Para haver plena cidadania e uma democracia com maior qualidade, além de se garantir direitos e instituições que funcionem, é necessário existir algum compromisso do cidadão com a dimensão coletiva e com o bem comum. Afinal, o direito não é algo que somente um indivíduo singular tem, mas, por seu caráter universalista, diz respeito sempre ao indivíduo em geral. O que significa dizer que qualquer transformação efetiva na qualidade da democracia no Brasil exigirá mudanças substantivas não apenas em suas instituições, mas também na cultura política que vigora em sua sociedade.

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