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O impacto das políticas europeias a nível regional e local: o concelho de Amarante

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Academic year: 2021

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O impacto das Políticas Europeias a nível regional e local - o concelho

de Amarante

Entidade acolhedora: Município de Amarante

Discente: Saulo Emanuel Carvalho Fonseca

Número Mecanográfico: 34140

Orientadora: Prof.ª Doutora Marlene Loureiro

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3 Índice Resumo ... 7 Abstract... 7 Agradecimentos ... 9 Introdução ... 10

Capítulo 1. Componente teórica - O impacto das políticas europeias a nível regional e local ... 13

1.1 - A União Europeia: breve percurso histórico ... 13

1.1.1 - Princípios fundamentais da União Europeia ... 18

1.1.2 - As Políticas Comuns ... 20

1.1.2.1 - Política Agrícola Comum ... 21

1.1.2.2 - A Política Comum das Pescas ... 25

Capítulo 2: O impacto das políticas europeias utilizadas pelo Município de Amarante ... 29

2.1: O impacto das Políticas Europeias em Amarante até 2013 ... 34

Capítulo 3 - Componente prática - Estágio no Município de Amarante ... 40

3.1 Apresentação da entidade acolhedora – Município de Amarante ... 40

3.2 Apresentação e descrição detalhada das atividades desenvolvidas durante o estágio ... 41

3.2.1 Atividades do dia-a-dia ... 43

3.2.2 Traduções ... 51

3.2.3 40 anos do 25 de abril: Contado às crianças lembrado ao povo ... 54

3.2.4 Amarra-te a Amarante Lab ... 59

Capítulo 4 - Apreciação crítica ... 76

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4 Referências bibliográficas ... 82 Apêndices ... 85 Anexos ... 86

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5 Índice de Figuras

Figura 1: Organigrama da estrutural da Câmara Municipal de Amarante ... 41

Figura 2: Desafio da Limonada (fonte própria). ... 48

Figura 3: Imagem corporativa das atividade do 25 de abril em Amarante (fonte própria)... 55

Figura 4: Atividade do Amarra-te a Amarante Lab (fonte própria). ... 63

Figura 5: Atividade do Amarra-te a Amarante Lab (fonte própria). ... 65

Figura 6: Primeira apresentação AaA Lab (fonte própria)... 67

Figura 7: Atividade do AaA Lab (fonte própria). ... 69

Figura 8: Workshop com funcionários da CMA (fonte própria). ... 73

Figura 9: Atividade Gentes de Amarante (fonte própria). ... 74

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6

Lista de abreviaturas

AC/ KA: Ações chave / key actions; AaA Lab: Amarra-te a Amarante Lab;

CECA: Comunidade Europeia do Carvão e do Aço; C.E.D: Comunidade Europeia de Defesa;

CEE: Comunidade Económica Europeia; CMA: Câmara Municipal de Amarante; CV: Curriculum Vitae;

DJ: Disco Jockey; E.B: Escola Básica; E-M: Estado Membro;

FEDER: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional; FEOGA: Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola FSE: Fundo Social Europeu;

IFOP: Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca;

IFPDR: Instituto Financeiro Para o Desenvolvimento Regional; IPDJ: Instituto Português do Desporto e Juventude;

PAC: Política Agrícola Comum; PCP: Política Comum de Pescas;

PDR: Planos de Desenvolvimento Regional;

PEDAP: Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultora Portuguesa; PEDIP: Programa Específico de Desenvolvimento da Industria Portuguesa; PME: Pequenas e Médias Empresas;

PNDES: Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social; O.E.C.E: Organização Europeia de Cooperação Económica

QCA: Quadro Comunitário de Apoio;

QREN: Quadro de Referência Estratégica Nacional; UE: União Europeia;

ZE: Zona Euro;

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7 Resumo

O presente relatório pretende ser o elencar de todas as atividades realizadas no estágio pedagógico-profissional, realizado entre 17 de janeiro e 25 de julho de 2014 na Câmara Municipal de Amarante. Tendo por base o concelho de Amarante, foi definido como tema teórico explorar a importância e o impacto das políticas europeias no desenvolvimento amarantino.

Deste modo, começamos por explorar a parte teórica, que aborda a história da União Europeia, desde a sua formação até aos dias de hoje, passando pelas políticas de apoio aos Estados Membros (Política Agrícola Comum e Política Comum de Pescas) e terminamos esta primeira parte, procurando analisar o impacto das políticas de apoio comum no concelho de Amarante.

De seguida, são apresentadas as atividades desenvolvidas durante o estágio pedagógico-profissional: traduções, atividade de comemoração dos 40 anos do 25 de abril, desafio da limonada, coordenação da universidade sénior de Amarante e culminando com o laboratório de inovação urbana Amarra-te a Amarante Lab. Esta narração culmina com uma apreciação crítica não só do estágio, mas de todo o processo que terminou com a redacção do presente relatório de estágio.

Abstract

This report aims to be the list of all the activities in the educational and vocational training, conducted between 17th January and 28th July of 2014 in the Municipality of Amarante. Inspired in the Amarante municipality, it was defined as a theoretical issue explore the importance and the impact of European policies in city’s development.

Thus, I begun to explore the theoretical part, which covers the history of the European Union, from its formation to the present day, through the policy support to Member States (Common Agricultural Policy and the Common Fisheries Policy) and ended the first part, trying to analyze the impact of common support policies in the municipality of Amarante.

Next are presented the activities developed during the pedagogical and professional stage: translations, celebrations of the 40 years the 25th April, lemonade challenge, coordination of Amarante’s senior university and culminating with the urban innovation laboratory the Amarra-te a Amarante Lab. This storyline culminates with a critical

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appreciation not only of the internship but the whole process that ended with the drafting of the probation report.

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9 Agradecimentos

Gostaria primeiramente de agradecer ao Município de Amarante por me ter acolhido da forma que acolheu e por me ter feito sentir em casa desde o primeiro momento. De seguida, uma palavra de apreço aos meus pais, por toda a dedicação e compromisso para que fosse possível concluir esta etapa tão importante que agora termina. Um agradecimento especial à Raquel Silva, por também se ter mantido do meu lado durante este percurso.

Não posso também esquecer a Professora Marlene Loureiro, minha orientadora, por ter estado sempre disposta a esclarecer qualquer dúvida que tivesse e com bons conselhos para a redação do relatório. Uma palavra de apreço também para com a Professora Olinda Santana.

No que diz respeito ao estágio, agradeço ao meu orientador na Câmara Municipal, Dr. Gabriel Gomes, por toda a paciência que teve para comigo e pela confiança que depositou em mim; ao Vereador André Magalhães, que, apesar do cargo que ocupa, nunca me colocou qualquer constrangimento quando necessitei de falar com ele, e que, a par do Dr. Gabriel, contribuiu para que o meu conhecimento do mundo do trabalho tenha aumentado exponencialmente, quer no que diz respeito às relações interpessoais e conhecimento gerais, quer no modo como lidar com os problemas e obstáculos que surgem.

À minha equipa do projeto “Amarra-te a Amarante”: Richard Hylerstedt, Luís Mendes, Tété Oliveira e Ana Rita Silva, pelos bons e maus momentos que passámos juntos e, acima de tudo, por termos levado o barco a “bom porto”.

Finalmente, um agradecimento do tamanho do Marão ao magnífico Reitor da muy nobre academia que frequentei durante 5 anos, por me ter dado uma motivação extra para a elaboração deste relatório.

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10 Introdução

A inserção no mundo laboral é essencial para qualquer estudante que acabe o seu percurso académico. Desta forma, o estágio passa por ser o elo de ligação entre o fim dos estudos e o possível início da vida laboral e, assim, é possível colmatar a prática que não é ensinada nas aulas tem, isto porque, encarar uma situação na real é totalmente diferente da situação que se encontra na sala de aula.

Assim sendo, durante a realização do estágio, o estagiário é incumbido de realizar funções que a entidade onde está inserido necessita, sem nunca esquecer que as atividades deviam estar relacionadas com aquilo que o aluno aprendeu durante o seu percurso académico.

No decorrer do estágio é esperado que o estagiário consiga contactar instituições nacionais e estrangeiras de modo a que seja possível estabelecer o elo de ligação entre entidades, organizar dossiês, fazer a atualização de ficheiros, proceder a pesquisas para elaboração de boletins informativos/ circulares para divulgação das atividades da entidade de estágio, redação de documentos, preparação de eventos, reuniões, seminários, elaboração de traduções e planeamento de projetos.

Para a plena habilitação do aluno estagiário, este deve ser capaz de dominar a língua materna e pelo menos duas línguas estrangeiras, ter conhecimentos de informática, possuir algumas noções de gestão, contabilidade, ter conhecimento de conceitos de publicidade e relações públicas, ser dinâmico e flexível e ter iniciativa e capacidade de trabalhar em equipa, além de ter vontade de aprender; este processo de aprendizagem passa também pela capacidade de assimilar competências que permitam alargar a capacidade de ação a diferentes áreas de forma a enriquecer a sua capacidade laboral.

O principal objetivo deste estágio foi adquirir experiência profissional que possibilitasse uma melhor integração no mundo laboral, assim como o aumento do leque de competências dominadas, para se estar mais preparado para superar os desafios que surgirão no futuro. Entre outros objetivos traçados para o estágio, destacam-se a tentativa de integração na estrutura já existente na Câmara, a execução das tarefas pedidas, o estabelecimento de contactos com entidades extramunicipais, tanto a nível nacional como a nível internacional, e, também, a realização de traduções necessárias para uma melhor comunicação com visitantes de outras línguas. Uma outra meta a ser atingida com a realização do estágio passou por testar a capacidade de decisão, sem perder a capacidade de concentração, de foco nos objetivos e de discernimento.

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11 Neste relatório de estágio também foi desenvolvida uma componente teórica, ou seja, uma investigação sobre uma temática relacionada com o estágio - o impacto das políticas comuns em Amarante. Nesta parte teórica do relatório será narrada a história da constituição da União Europeia e os seus princípios basilares, abordando-se posteriormente as políticas comuns (Política Agrícola Comum e Política Comum de Pescas) e ainda o Quadro Comum de Apoio, mais conhecido como QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional, que decorreu entre 2007 e 2013. Como o estágio decorreu numa câmara municipal, será ainda feito um estudo sobre a forma como os fundos provenientes do QREN foram utilizados na cidade de Amarante por parte da Câmara Municipal. Desta forma, o presente relatório será dividido em 4 capítulos:

- No primeiro capítulo, surge a componente teórica, que narra toda a investigação desenvolvida sobre a História da União Europeia e seus princípios basilares, as Políticas Europeias de convergência comum, nomeadamente a Política Comum de Pescas e a Política Agrícola Comum.

- No segundo capítulo, faz-se a análise do impacto das políticas europeias no concelho de Amarante.

- No terceiro capítulo, o relatório centra-se no relato das atividades desenvolvidas durante o estágio, que teve a duração de 900 horas presenciais na entidade acolhedora.

- Por fim, o último capítulo constitui-se como uma apreciação crítica de como decorreu o estágio pedagógico-profissional e a posterior redação do presente relatório.

No que diz respeito à metodologia, este relatório vai desenvolver um estudo de caso. Efetivamente, as técnicas e métodos a utilizar devem ser definidas previamente antes da investigação ser desenvolvida, devendo os métodos ser correspondentes às necessidades da investigação.

Desenvolver um estudo de caso passa por explorar um “único fenómeno, limitado no tempo e na acção (…) é um estudo intensivo e detalhado de uma entidade bem definida, um caso, que é único, específico, diferente e complexo.” (Sousa e Baptista 2011:64).

Partindo da premissa “Apoios da união Europeia” terminando em “O impacto das Políticas Europeias a nível regional e local - o concelho de Amarante”.

Desta forma, num primeiro momento foi necessário investigar, através de documentos oficiais europeus, as Políticas Comuns europeias para determinar o grau de influência que estas políticas tiveram nos países membros.

De seguida desenvolveu-se a investigação sobre quais os Quadros Comunitários que existiram no decorrer dos anos para apoiar os países membros, desenvolvendo-se assim uma

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12 investigação sobre o QREN - único quadro de apoio comunitário ao qual Amarante apresentou candidatura a financiamento. Para me ajudar a tratar deste assunto recorri às informações que o Dr. José Miguel Gomes possuía, isto porque trabalhou no gabinete nacional que trata das candidaturas a fundos comunitários; com este “trunfo” ao meu dispor tive a possibilidade de realizar uma breve entrevista (a ser consultada nos apêndices) na qual abordamos o tema dos apoios comunitários a que o município havia concorrido e consequentes impactos. No decorrer da entrevista foi feita a comparação entre a forma de atuação de Amarante e outros concelhos vizinhos. Desta forma e para poder tratar com mais detalhe desta comparação, procedi à análise de três municípios: Amarante, Celorico de Basto e Felgueiras.

Para a análise final dos dados sobre Amarante fez-se o levantamento de artigos existentes em jornais locais sobre a forma de como Amarante estava a utilizar os fundos comunitários para requalificar os espaços da cidade. Passados estes processos, foram analisados todos os dados e foi elaborada uma lista das obras realizadas com cofinanciamento europeu.

Em suma neste relatório estará descrita a formação da União Europeia e seu princípios fundamentais, políticas europeias comuns, o que darão origem à premissa da investigação aprofundada no segundo capítulo o impacto das políticas Europeias utilizadas no concelho de Amarante, terminando a presente tese com a descrição detalhada de todas as atividades desempenhadas no decorrer do estágio letivo no Município de Amarante.

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13 Capítulo 1. Componente teórica - O impacto das políticas europeias a nível regional e local

1.1 - A União Europeia: breve percurso histórico

“O processo de construção desta nova Europa foi, contudo, difícil e conturbado.” (Silva s/d)

Antes de existir a União Europeia que hoje em dia se conhece observou-se um grande processo marcado pelos avanços e recuos.

Os motivos que levaram à unificação dos países europeus foram o facto de a Europa estar destruída humana e materialmente, fruto do holocausto vivido durante a Segunda Guerra Mundial (a perda de milhões de vidas e a destruição das cidades das principais potências económicas) e a crise económica que se instaurou no continente, também fruto do conflito. Por sua vez, a a perda de influência para os blocos Soviético e Americano agudizavam a crise económica.

A 16 de setembro de 1946, na ressaca da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchil celebrizou a expressão da necessidade de “(…)criar uma espécie de Estados Unidos da

Europa.” (Moreau 1989: 24). No ano seguinte, em 1947, grande parte dos países europeus

fica sem poder financeiro para estabelecer transações. Fruto desta “falência”, os Estados Unidos da América, parceiro comercial dos países europeus, com medo de perder o seu poder de influência sobre a Europa para a União Soviética, lançam a 5 de junho do mesmo ano o Plano Marshall. Este plano de ajuda económica, idealizado pelo General americano George Marshall, para além de auxiliar os parceiros europeus, continha uma contrapartida, pretendia que os países sob influência do plano “(…) se associem para elaborar em comum um programa de reconstrução económica” (Moreau 1989: 27). O primeiro impacto direto da adesão dos países europeus ao plano Marshall é a criação, em 1948, da Organização Europeia Cooperação Económica, ou seja a O. E.C. E, que se destina a gerir os capitais provenientes do Plano do general Marshall. Ainda em 1948, Holanda, Bélgica e Luxemburgo criam a primeira união aduaneira, a BENELUX. Inspirado por este movimento e cooperação entre países, Robert Schumann faz a célebre Declaração Schumann (a 9 de maio de 1950), na qual defende “a organização comum das suas produções de carvão e aço” (Moreau 1989: 29). Esta declaração é feita com o objetivo de restaurar a economia da Alemanha Ocidental e de controlar os movimentos nacionalistas alemães, assim como criar um eixo entre Paris e Berlim. Moreau refere que a “proposta de R. Schumann é favoravelmente acolhida pelos

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14 governos democratas-cristãos da Alemanha (Ardenauer) e de Itália (De Gasperi) bem como pelos da Bélgica, Luxemburgo e Holanda, já agrupados na Benelux” (Moreau 1989: 29).

No entanto, esta proposta que Schumann apresentara foi recusada por Clement Attle (primeiro ministro inglês entre 1945 e 1951), que não aceitou que a Grã-Bretanha perdesse a sua soberania para a uma instituição europeia. Fruto deste discurso de Schumann é assinado, em 18 de abril de 1951, em Paris, o Tratado de Paris, que marcou a criação de uma nova entidade acima de todos os países soberanos, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Este tratado passou a unir sobre os mesmos valores França, Alemanha, Itália e os países da Benelux, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.

O tratado de Paris pretendia que

[…] os «seis» transferem, por 50 anos, a sua soberania no domínio do carvão, do minério de ferro, do ferro e do aço para uma instituição comunitária independente, encarregada de assegurar um crescimento regular das produções, uma livre circulação, uma concorrência leal e uma melhoria do nível social. (Moreau 1989: 31).

Movidos pelo sucesso da CECA, a comunidade dos seis pretende rapidamente que a defesa comum seja uma realidade, e assim, a 27 de maio de 1952 assina-se um novo “Tratado de Paris”, que ratificava o Plano Pleven, no qual os seis países uniam forças para que fosse criado um “exército comum” para defesa conjunta. Criava-se assim a Comunidade Europeia de Defesa (C.E.D). Apesar de ter sido assinado pelos seis países, em França a questão da C.E.D gera uma grande discórdia política, fruto da oposição ao regime por parte de comunistas e gaulistas.

Apesar da crise gerada pela C.E.D a opinião à união é favorável e assim dá-se início às negociações que criariam em 1958 a C.E.E.

Em 1958 os membros da CECA assinam em Roma o Tratado de Roma, dando assim início à Comunidade Económica Europeia; ainda no mesmo tratado ficou estabelecida a criação de uma agência europeia para o desenvolvimento da energia nuclear, a EURATOM.

A CEE pretendia a criação de uma união aduaneira que permitisse a abolição dos obstáculos à livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais, a adoção de uma política económica comum “nos sectores da agricultura, dos transportes, da energia, da concorrência, de investimentos, fiscalidade (…) ” (Moreau 1989: 36). No entanto, apesar de a CEE estar focada no desenvolvimento industrial dos países membros, “vê-se obrigada a discutir as condições de implementação de uma política agrícola comum” (Silva s/d: 7) que também será

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15 uma das charneiras de desenvolvimento mais importante, apesar de ser também “a maior fonte de atritos entre a CEE e os demais parceiros comerciais mundiais” (Silva s/d: 7).

A EURATOM teve como objetivo o desenvolvimento comum da energia nuclear, através da partilha de conhecimento, utilização desta energia nas indústrias, criação de entidades comuns, para fins de segurança e principalmente para a criação de um mercado nuclear comum.

Neste processo, ainda antes da assinatura do Tratado de Roma, os países membros da CECA convidaram a Grã-Bretanha a integrar a lista de países abrangidos pela união aduaneira. Face a este convite, e novamente com o receio de perder a sua influência (tal como sucedera em 1950), a Grã-Bretanha retira-se das negociações. No entanto, em 1958, o Reino Unido tenta reunir-se com os membros da CEE e outros países da Europa Ocidental de modo a criar uma “Grande Zona de Comércio Livre”; no entanto estas negociações caem por terra em 1959. Em resposta a esta atitude dos membros da CEE, o Reino Unido e outros parceiros europeus assinam em 1959 o Tratado de Estocolmo, que elimina as taxas aduaneiras internas, mas não estabelece a Pauta Aduaneira Comum, assim como a exclusão de “certos sectores «sensíveis» da economia britânia: agricultura, pesca, capitais” (Moreau 1989: 36).

Gérard Moreau refere ainda que “A Comunidade Europeia não cede à tentação de fechar-se sobre si própria. (…) praticou uma política de grande abertura, contribuindo para o estabelecimento de uma nova ordem económica mundial” (Moreau 1989: 103).

Neste contexto e fruto das pressões por parte do partido trabalhista inglês, com receio de um isolamento, a Grã-Bretanha apresenta, no início dos anos 60, a candidatura à CEE. “A entrada do Reino Unido na CEE implica na aceitação de países tradicionalmente ancorados na área de influência da libra, como a Irlanda, a Noruega e a Dinamarca, dimensionando agora a CEE com um formato continental” (Silva s/d: 8). Só em 1973 a Grã-Bretanha, acompanhada da Irlanda e Dinamarca aderem à CEE, dando origem à “Europa dos 9”. A Europa dos 9 rapidamente se torna apetecível a novas entradas, e assim os países mediterrâneos, como a Grécia, que apresentou a candidatura de adesão em 1975, e os países ibéricos, Portugal (candidata-se à adesão em 1977) e Espanha (candidata-se à adesão em 1977) entram também na corrida à CEE. Os países mediterrânicos candidatam-se principalmente para conseguirem superar as dificuldades económicas e sociais; afirmarem-se perante a comunidade internacional, isto porque acabavam de sair de regimes totalitários e reforçarem “os laços sociais e culturais entres os três países e os «Nove» ” (Moreau 1989: 109).

O acolhimento destes países seria um passo em frente isto porque seria possível reforçar a democracia no sul da Europa e assim desenvolver a região e a política destinada ao

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16 mar Mediterrâneo e alargar a Comunidade ao sul da Europa. No entanto, acolher estes países poderia não ser favorável, isto porque os países apresentavam economias subdesenvolvidas (principalmente Portugal) e este facto iria dar origem ao outro receio para a adesão: o abrandamento do crescimento económico da CEE; o aumento da Política Agrícola Comum (que será abordada no seguinte ponto deste capítulo) e consequente degradação de relações com os outros parceiros mediterrâneos. No entanto, e depois de negociações difíceis, a Grécia adere à CEE em 1981, depois da assinatura do Tratado de Atenas, em 1979, tornando-se o décimo membro. A 12 de junho de 1985 assinam-se os tratados de Lisboa e Madrid, entrando estes tratados em vigo a 1 de janeiro de 1986, data em que tanto Portugal e Espanha se tornam membros da CEE, culminando assim com o alargamento para doze membros, e com este alargamento, a União Europeia deixa de ser uma união de países da Europa central e “assume claramente as novas realidades económicas da Europa” (Silva s/d: 9).

Ainda em 1985 é assinado o Acordo de Cooperação Schengen. Este acordo pretendeu promover a livre circulação de pessoas nos estados membros, abolindo assim as fronteiras entre os países, sendo adotadas medidas únicas que vigoraram nesse espaço: livre circulação de pessoas e a introdução de um passaporte comum.

Em 1987 é assinado o Ato Único Europeu, que prevê o fim de todos os constrangimentos alfandegários. Este Ato Único trata-se da primeira revisão do Tratado de Roma – modifica o funcionamento institucional das entidades europeias e prevê um aumento das competências dizem-no que diz respeito à investigação e desenvolvimento, nas políticas externas, assim como do ambiente.

Em 1993 entra em vigor o Tratado de Maastricht. Este tratado fez com que a CEE assentasse em três pilares fundamentais: Comunidades Europeias, Política Externa e Segurança Comum, e Cooperação Policial e Judiciária. Neste tratado é criada a Cidadania Europeia e o Parlamento Europeu vê os seus poderes reforçados e cria-se a União Económica Monetária. A CEE deixa de ser assim designada, passando a ser Comunidade Europeia ou CE.

No ano seguinte, em 1994, assina-se o tratado de adesão da Áustria, da Finlândia e da Suécia, que se tornam membros da CE em 1996.

No ano de 1999, é assinado o Tratado de Amesterdão. Com este tratado foi criada uma política comum de combate ao desemprego, foram tomadas medidas que permitiram à CE tornar-se mais próxima dos seus cidadãos e foram criadas formas de cooperação (cooperações reforçadas entre Estados-Membros). Entra também em vigor com este tratado a medida de votação por maioria qualificada e a renumeração dos artigos em vigor nos tratados.

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17 Em 2001, é assinado o Tratado de Nice, que entra em vigor em 2003. Este tratado aborda a composição da Comissão Europeia e da votação do Conselho; é também simplificada a forma de cooperação entre os países. Caso não tivesse ocorrido o atentado ao

World Trade Center a 11 de setembro de 2001, a inclusão do Euro (moeda única europeia)

teria sido o maior acontecimento na União Europeia e no Mundo, no entanto este atentado terrorista marcou o despoletar da “guerra ao terrorismo”. Os países europeus começaram a colaborar na luta contra a criminalidade (europeia e mundial).

Em 2004 dá-se o maior alargamento até à data, com 10 novos membros (Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Chipre e Malta) a aderirem à União Europeia, ultrapassando-se assim a divisão do continente europeu entre Europa de leste e ocidental.

Em 2007 aderem à União Bulgária e Roménia e assina-se o Tratado de Lisboa, que entra em vigor em 2009, que concede uma nova estrutura para a União Europeia, com o objetivo de melhorar a forma de tomar decisões tendo em conta que a União tem agora 27 membros, o que muitas vezes dificulta as decisões por unanimidade. Este tratado introduz reformas nas políticas internas e externas da União Europeia.

Em 2008 eclode uma profunda crise que devasta toda a economia mundial, que serve para que os Membros da União trabalhem em conjunto para o bem comum; e o tratado de Lisboa é a tentativa por parte dos Estados-Membros da União responderem à crise que se havia instalado.

A um de julho de 2013 a Croácia torna-se no 28º membro da União Europeia. A década que se aproxima (2010-2020) tem como precursora uma profunda crise económica, no entanto, as crises possuem sempre esperança; destaca-se a vontade de investir em economias amigas do ambiente, e que a cooperação entre os membros possa ser a chave para ultrapassar as dificuldade e consiga dar origem a um crescimento sustentado e duradouro e um bem-estar para todos os membros.

Apesar de toda a evolução e desenvolvimento da União, há autores como António Duarte que consideram que a “UE e muitos dos seus E-M’s desperdiçaram a oportunidade de adaptação ao novo mundo da globalização competitiva” (Duarte 2012:4). No entanto, já Jean Monnet referia que “ (…) apenas se aceita a mudança quando se é confrontado com a necessidade, e esta, só é reconhecida quando uma crise deflagra (…) ” (Duarte 2012: 14). É esta capacidade de mudança que fez com que a União Europeia, tal como é conhecida nos dias de hoje, se tenha adaptado, desde os primórdios da sua fundação, onde só estavam presentes seis países da Europa central, até aos dias de hoje, onde se assiste a uma unificação

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18 da Europa, de norte a sul, de oeste a este. A União Europeia é o lar de cerca de 500 milhões de pessoas, que se dividem em 28 países e falam 24 línguas, fazendo jus ao lema “In varietate

concordia”.

1.1.1 - Princípios fundamentais da União Europeia

A constituição da União Europeia assenta em princípios fundamentais (paz, igualdade, unidade, liberdade, solidariedade e segurança) que serviram de mote para a criação da União tal como é conhecida nos dias de hoje. Desta forma, os países da Europa, criaram entre si uma união cada vez mais vincada, decidindo partilhar o seu futuro assente em valores comuns. De entre os princípios fundamentais “destacam-se a realização de uma paz duradoura, a unidade, a igualdade, a liberdade, a segurança e a solidariedade” (Mendes 2011).

A União Europeia reconhece ainda o “ (…) respeito da liberdade, da democracia e do estado de direito (…) ” (Mendes 2011) valores fundamentais para a adesão à Comunidade Europeia e princípios basilares à adesão.

Enumerando os princípios fundamentais pode-se referir que:

• O princípio da paz e de união entre os diferentes estados membros permitiu a que não tenham ocorrido conflitos armados no continente Europeu nos últimos 40 anos.

• O princípio da igualdade visa a premissa de que todos os cidadãos europeus devem ser tratados da mesma forma e para isso, “é necessário combater a discriminação baseada no sexo, raça, origem etnia, religião ou ideologia, deficiência, idade ou orientação sexual. Todos os cidadãos europeus são iguais perante a lei.” (Mendes 2011).

• O princípio da solidariedade, sendo que esta é considerada como “o necessário elemento corretivo da liberdade” (Mendes 2011);

• Respeito pelas identidades nacionais, respeitando a premissa de que os estados membros não devem perder a sua essência patriótica por pertencerem à União, respeitando o lema “Unidos na diferença”.

• O princípio da segurança; este princípio é a pedra basilar de todos os outros princípios fundamentais, isto porque caso não fosse possível existir um clima

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19 de segurança na Europa seria impossível estabelecer a União tal como a conhecemos.

Os povos europeus, conscientes do património imaterial basearam-se em valores “indivisíveis e universais da dignidade do ser humano” (Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia: 2) assentando-os no Estado de direito e democrático, pondo o ser humano no centro da equação através da instituição da cidadania europeia.

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20 1.1.2 - As Políticas Comuns

De acordo com os princípios referidos no ponto anterior, União Europeia tem como objetivos primordiais, “repensar a Europa, na base da consciência de pertença e de valores éticos e humanistas, com três desígnios em mente: realizar a paz entre as nações, acabar com as veleidades totalitárias e assegurar a prosperidade para os cidadãos” (Duarte 2012: 3). Desta forma, e visando “assegurar a prosperidade para os cidadãos” (Duarte 2012: 3), a União desenvolveu políticas comuns para que fosse possível um maior desenvolvimento dos países membros e assim surgiu a política regional comum. Esta política tem como base o estímulo do crescimento macroeconómico das populações dos diferentes Estados-Membros, apoiando de uma forma exemplar as regiões mais necessitadas. Assim sendo, a União definiu que os fundos estruturais deveriam ser dedicados a quatro diferentes áreas: investigação e inovação; tecnologias de informação e comunicação; competitividade das empresas; uma economia mais amiga do ambiente.

Dados recentes (de 2007 a 2012) demonstram que graças a estes apoios estruturais, os países membros da União Europeia alcançaram: a criação de mais de 594 mil empregos; investimento em mais de 190 mil empresas; financiamento de mais de 60 mil projetos; aumento da cobertura de internet para mais cinco milhões de cidadãos europeus; mais de 9 mil projetos que visaram a melhoria da qualidade de vida.

Este tipo de políticas é financiado por instituições europeias, nomeadamente o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo de Coesão, estando as entidades nacionais de cada país encarregadas da gestão diária do financiamento, sendo que esta gestão é supervisionada pela Comissão Europeia. Para o financiamento ser concedido, as entidades gestoras, “selecionam, financiam e monitorizam os projetos que melhor se adaptam às necessidades locais” (Comissão Europeia 2012: 1).

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21 1.1.2.1 - Política Agrícola Comum

Iniciada na década de 60 do século XX, a PAC visou ajudar os agricultores a superarem as necessidades que surgiam, tendo como objetivo: “melhorar a produtividade agrícola a fim de que os consumidores disponham de um abastecimento estável de alimentos a preços acessíveis; garantir que os agricultores da UE tenham condições de vida razoáveis” (Ciolos 2012: 3).

Nos dias de hoje, a Política Agrícola Comum tem como objetivo ajudar os agricultores a produzir alimentos com qualidade e quantidade suficiente (destacam-se os cereais, as carnes, frutas, produtos hortícolas, produtos e lácteos) para os consumidores da União e tem como objetivo contribuir para a diversificação da produção económica rural, visando a proteção dos animais e do meio ambiente, pesando também a satisfação do consumidor, sendo assim uma consequência da PAC o rótulo europeu de qualidade.

Os rótulos informam sobre a origem (geográfica e métodos de produção) do produto. Estes rótulos indicam ainda se o produto foi confecionado utilizando métodos tradicionais e/ ou biológicos, contribuindo para a competitividade dos produtos europeus nos mercados mundiais.

A promoção de práticas agrícolas inovadoras e de transformação de produtos alimentares, com o objetivo de aumentar a produtividade reduzindo os impactos ambientais, principalmente através do reaproveitamento energético dos resíduos excedentários é outro dos objetivos da PAC.

Impulsionar as relações comerciais com os países em desenvolvimento, acabando com os embargos às exportações de produtos e a facilitação das exportações provenientes da UE para os países em causa.

Os estudos mais recentes da Comissão Europeia de 2014, demonstram que face ao aumento do crescimento demográfico, até 2050 será necessário duplicar a produção mundial de alimentos. Face ao desafios que a sociedade impõe e tentando responder às necessidades dos cidadãos europeus, a PAC sofreu reformas em 2013, passando a dar prioridade a práticas mais ecológicas, à inovação, sistemas mais justos para os agricultores dando-lhes o lugar de destaque que eles merecem.

A agricultura é um dos domínios económicos a nível europeu que tem como principal legislador a própria União Europeia. O objetivo desta governação agrícola central passa por garantir a todos os cidadãos da União uma reserva alimentar com qualidade; para isto, os agricultores credenciados recebem ajudas para a modernização das produções agrícolas e

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22 também para combater as dificuldades que vão enfrentando, como o caso das intempéries e crises de mercados.

A PAC tem vindo a perder importância ao longo dos anos nos orçamentos planeados pela União Europeia, contrariamente à década de 70 quando foi criado e que atingiu um máximo de quase 70% dos orçamentos da União, nos dias de hoje engloba (Comissão Europeia 2012) cerca de 40%, este decréscimo de orçamento é causado por causa das responsabilidades que a União assume em outras frentes, que originam estas reformas. Desde a década de 70, a União viu o número de países aumentado contando hoje com um total de 28 países. Com o passar dos anos, as Políticas Agrícolas Comuns foram sofrendo mutações, estando nos dias de hoje e face às exigências do mercado, a União defende que deve existir um futuro para os jovens agricultores, isto porque

Dois terços dos agricultores da União Europeia têm atualmente mais de 55 anos. A passagem de testemunho para a próxima geração terá de ser organizada. Caso contrário a alternativa afigura-se drástica: êxodo rural, rápido envelhecimento demográfico e população insuficiente a dar entrada no setor. Ciente da importância da continuidade, a PAC disponibiliza formação e financiamento para incentivar o envolvimento dos jovens em atividade agrícolas (Comissão Europeia 2012: 19)

Desta forma, o agricultor é desafiado a tornar-se num empreendedor, a vender os produtos diretamente no mercado, respondendo às políticas de oferta / procura e assim pode decidir o que fazer com os seus produtos. O agricultor não tem de se sentir somente um produtor de hortícolas e seus derivados, pode tornar a sua quinta num atrativo para o turismo rural.

Abordando ainda a temática dos apoios agrícolas, a PAC prevê o auxílio aos pequenos agricultores, uma vez que apenas possuem 3% dos territórios agrícolas europeus. No entanto, estes produtores têm de lidar com as mesmas burocracias dos grandes produtores e convém não esquecer que os pequenos produtores representam um terço dos agricultores europeus. Neste sentido e citando o livro A política agrícola comum – a história continua (2012), da autoria da Comissão Europeia, as reformas da PAC propõem “simplificar os procedimentos administrativos e de pagamento dos pequenos produtores, para que estes possam produzir mais e lidar menos com formalidades” (Comissão Europeia 2012: 16). Os estudo levados a cabo comprovam que os agricultores são o primeiro elo de produção alimentar, mas na maior parte das vezes não estão organizados de forma a que a produção alimentar seja o mais eficiente possível – isto é, os agricultores não são capazes de competir com as empresas de

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23 transformação alimentar, que para além de produzirem os seus produtos são capazes de os distribuir por diferentes pontos de venda e fruto desta comparação ressalva feita para as capacidades de negociação superior que estas empresas possuem face aos pequenos agricultores. Desta forma, “a futura PAC tem por objetivo ajudar os agricultores a formarem organizações que os ajudem a negociar conjuntamente uma maior fatia do preço final que o consumidor paga pelo que produzem” (Comissão Europeia 2012: 16).

Com a adesão de 12 países entre 2004 e 2007 os apoios prestados pela PAC quase que duplicaram. A União Europeia presta auxílio a 27 estados membros (documento consultado sem que a Croácia estivesse incluída na lista).

A PAC é, de acordo Francisco Silva, importantíssima para países que dependem profundamente dos recursos agrícolas, como por exemplo a Polónia e tem um grande impacto no desenvolvimento dos países que deixaram de ter influência comunista. Esta expansão da PAC aos países de leste, obriga os Estados-Membros a um aumento do orçamento agrícola comunitário “de uma forma insustentável” (Silva s/d). O mesmo autor refere que “os subsídios agrícolas da União são um fator de desequilíbrio, e mesmo um estorvo, ao comércio mundial, prejudicando principalmente os grandes países emergentes” (Silva s/d) que têm grande parte da sua riqueza fruto da produção agrícola.

A Política Agrícola Comum chegou a Portugal em 1985. Fruto desta política, constata-se que

(…)a agricultura portuguesa foi capaz de sobreviver aos violentos choques que teve de defrontar no início da década de 1990, pela conjugação dos efeitos da harmonização de preços e desarmamento alfandegário previstos para a segunda etapa, redução real dos preços comunitários, turbulência da reforma da PAC de 1992 e redução para metade da duração da segunda etapa, devido ao início da aplicação do mercado único. (Cunha 2010: 164)

A agricultura portuguesa teve ainda de enfrentar uma redução da produção; no entanto em contrapartida foi possível observar um aumento dos rendimentos provenientes da agricultura. Fruto da política da PAC, o número de produtores decresceu e Portugal, ainda que de uma forma tímida e começou a convergir com as metas europeias.

(…) a agricultura experimentou um ajustamento estrutural profundo, com redução para cerca de metade do numero de activos, aumento de 6 para 10 hectares da dimensão média das explorações, aumento e melhoria qualitativa do capital fixo e, sobretudo, uma notável melhoria da qualidade dos produtos. Apesar disso, a

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24 produtividade da terra ainda se encontrava a pouco mais de 70% do nível médio da

UE, enquanto a produtividade do trabalho se mantém a cerca de 30% da respetiva média comunitária. (Cunha 2010: 165)

Com a PAC foi evidente que a agricultura nacional foi incapaz de estabelecer novas dinâmicas que estivessem habilitadas a enfrentar os efeitos resultantes da reestruturação agrícola que a PAC obrigou a fazer.

Em particular, não foi capaz de encontrar uma estratégia de desenvolvimento alternativa “ (…) para vencer este desafio Portugal terá de fazer uma forte aposta aos investimentos nas explorações e na organização económica da produção, algo que não foi conseguido nos últimos anos” (Cunha 2010: 165).

Para os anos que se seguem, entre 2014 e 2020, Arlindo Cunha sugere que “o nosso país seja capaz de encontrar o seu próprio caminho dentro da PAC” (Cunha 2010: 166).

João Amaral abordando a temática dos fundos estruturais considera que “para além de alguns – poucos – fundos que recebemos na fase de chamada pré-adesão, a nossa adesão à CEE tornou-nos beneficiários importantes somos a título de subsídios para diversas utilizações” (Amaral 2006: 118). Os fundos provenientes do Fundo Social Europeu deram aso à criação de entidades específicas para a gestão e investimento destes capitais sendo assim criados o PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento da Industria Portuguesa) e o PEDAP (Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultora Portuguesa), programas destinados ao desenvolvimento da indústria e da agricultura. Analisando apenas o PEDAP, citando João Amaral,

O problema foi outro: a aplicação do programa e de outros fundos FEOGA, permitiu, indubitavelmente, uma melhor adaptação à Politica Agrícola Comum (PAC). (…) esta adaptação está longe de poder ser considerada uma benesse para a agricultura portuguesa, uma vez que a PAC – um dos casos mais evidentes dos múltiplos excessos do centralismo europeu – não estava (…) adequada a países do sul da Europa como Portugal. (Amaral 2006: 120).

Em suma no que diz respeito à PAC as mudanças foram positivas no seu papel de introdução de novas formas de cultura, modernização dos meios de auxílio à produção agrícola, o que levou a uma melhoria significativa na qualidade dos produtos destinados ao consumidor; no entanto no que diz respeito às metodologias aplicadas, a Política Agrícola Comum falhou, porque tal como se tem vivido nos dias atuais com outras formas de atuação, foram utilizadas metodologias criadas para os países que são considerados os motores da União; há que tomar consciência que depois de todo o processo evolutivo que decorreu, ainda

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25 existe uma Europa a duas velocidades – os países do norte (mais desenvolvidos) e os países do sul (com um maior défice de desenvolvimento).

1.1.2.2 - A Política Comum das Pescas

Chama-se Política Comum das Pescas a um conjunto de normas que (…)se aplicam à gestão das frotas de pesca europeias e à conservação das unidades populacionais de peixe. Concebida para gerir um recurso comum, esta política confere a todas as frotas de pesca europeias igualdade de acesso às águas e aos pesqueiros da UE e permite uma concorrência leal entre os pescadores.” (Comissão Europeia S.D: S.P)

Estas normas foram pensadas, porque embora se regenerem, as populações de peixe são finitas e algumas espécies estão a ser extraídas de uma forma que compromete a sua regeneração natural. Desta forma os países da União deliberaram medidas para assegurar a sustentabilidade da indústria piscatória europeia e assim evitar a devastação das espécies alvo dos pescadores europeus.

Esta política foi introduzida, assim como a PAC, na década de setenta do século XX e, tal como a sua homónima para a agricultura, tem vindo a ser atualizada com o decorrer das necessidades.

A política comum de pesca pretende atingir uma pesca e aquacultura ambientalmente sustentáveis, isto porque o peixe constituiu uma fonte de alimento bastante saudável para a população europeia. Um outro objetivo da PCP é a promoção de um setor piscatório mais dinâmico do que aquele que existe e, acima de tudo, uma maior retribuição e garantias de qualidade de vida para as famílias e comunidades dependentes da pesca.

Apesar de ser importante aumentar as capturas, há que as tornar sustentáveis. Uma sociedade consciente tem de se adaptar ao meio ambiente e se esta não for ambientalmente sustentável será impossível assegurar as práticas que a União Europeia se propõe a atingir, assim para não prejudicar a capacidade de regeneração das espécies, a PCP indica que para o período entre 2015 e 2020 serão impostas quotas de captura, de forma a que seja possível manter as populações piscícolas a médio e longo prazo.

Até aos dias de hoje não há dados que permitam estabelecer uma conclusão sobre qual o impacto nos oceanos das pescas e, tendo em conta esta premissa, a política comum de

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26 pescas tem uma abordagem cautelosa e reconhece que há de facto um impacto na frágil vida marinha e procura tornar a pesca das frotas europeias mais seletivas e quando ocorrer a pesca de peixes que não correspondam às normas estabelecidas, estes sejam prontamente devolvidos ao oceano.

A reforma da política comum de pescas pretende ainda alterar a forma de como é regulamentada a política piscatória, dando aos estados-membro um maior poder de decisão quer a nível nacional, quer regional. A nível organizacional, a PCP divide-se em quatro áreas: 1ª a gestão de pesca, que pretende entre outros aspetos assegurar a capacidade de regeneração das espécies para que seja possível ter rendimentos piscatórios a longo prazo; 2ª estabelecer bases para que o setor piscatório possa ser lucrativo; 3ª assegurar que as possibilidades de pesca são iguais para todos os membros; 4ª por último mas não menos importante, salvaguardar os recursos marítimos.

A nível da política internacional, trata de possibilitar a pesca fora da jurisdição da União Europeia, como o caso de mares internacionais e alto mar; há que ter em conta que cerca de 20% do produto piscatório é pescado em alto mar, fora da jurisdição Europeia.

As políticas de mercado e políticas comerciais, referem-se à estabilização dos mercados e assegurar os rendimentos apropriados aos pescadores, tendo esta política de regulação evoluído de um sistema de “intervenção no mercado” para “um sistema centrado na sustentabilidade”. Desde que a aquacultura assumiu um maior destaque na gestão dos próprios recursos tem-se assistido a uma “simplificação das regras e a uma melhoria das práticas administrativas” (Comissão Europeia 2012: S.P).

Os financiamento da PCP esteve entregue ao Fundo Europeu das Pescas entre 2007 e 2013; para os anos entre 2014 e 2020 o financiamento estará entregue ao Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).

A Política Comum de Pescas entrou em vigor em Portugal em 1986 e afirmou-se como uma pedra basilar da construção europeia (assim como a PAC). Nestes termos Portugal tem-se demonstrado um país bastante cumpridor, beneficiando do ponto da PCP que defende a reserva absoluta numa área de 12 milhas costeiras (este valor encontra-se sobre discussão e será aumentado brevemente). A redução da frota existente foi assegurada, pelos Planos de Orientação Plurianual das Pescas (POP), tendo sido reduzidas a frota de cerca de 18 mil embarcações (números de 1986) para 9000 (números de 2006). “Atualmente, cerca de 90% das embarcações nacionais têm um cumprimento de fora inferior a 12 metros e apresentam reduzida capacidade em termos de arqueação bruta” (Cunha 2010: 166).

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27 O país tem também tirado bom partido das medidas europeias, nomeadamente daquelas que dizem respeito ao acesso a águas extracomunitárias, nomeadamente águas africanas. Apesar de a políticas europeias terem causado um enorme impacto na dimensão da frota portuguesa, o impacto nas capturas não foi proporcional à redução da frota, uma vez que se verificou uma queda de cerca de 6,3% nas capturas (em 1986 o volume de captura era de 305 mil toneladas, passando para 286 mil).

O setor piscatório modernizou-se consideravelmente o que fez com que as embarcações sejam cada vez mais equipadas, o que faz com que os pescadores portugueses possam ambicionar cada vez mais (os barcos são cada vez mais seguros e conseguem ser mais eficiente). Se as entidades souberem, de acordo com Arlindo Cunha “aproveitar estas oportunidades, poderemos aspirar a ter uma atividade de pesqueira durável, com mais elevados níveis de rendimento e condições de vida mais dignos para os pescadores e maior competitividade para as nossas indústrias” (Cunha 2010: 167).

A Politica Comum de Pescas aborda também a temática da aquacultura, em Portugal não existe ainda uma cultura de aquacultura muito aprofundada, é fundamental que os nossos produtores/ pescadores sejam capazes de enfrentar este desafio e apostar profundamente nestas práticas, porque representam oportunidades de criação de emprego e riqueza, que muito viria a beneficiar o país.

Na verdade, importa sublinhar que a aquicultura não pode ser encarada como uma ameaça para o setor pesqueiro tradicional, mas sim como um atividade complementar cujo desenvolvimento contribui para assegurar a sustentabilidade e, consequentemente, o futuro da história da pesca de captura. (Cunha 2010: 167)

Em contrapartida, deve ser referido, que apesar de se encontrar em vigor desde o mesmo ano em que surgiu a PAC, a Política Comum de Pescas só se autonomizou em 2002 com o surgimento do seu regulamento próprio. De acordo com António Duarte “…Só em 2002 apareceu um Regulamento (nº.2371/2002, de 20 DEZ) que autonomizou e transferiu para a CmE a competência exclusiva, no âmbito da Política Comum de Pescas.” (Duarte 2012).

Esta legislação a nível nacional levou a que Portugal perdesse “as cláusulas de salvaguarda na faixa entre as 100 e 200 milhas das respetivas ZEE’s insulares (Açores, Madeira…) ” (Duarte 2012: 25). O mesmo autor suporta a ideia de que penaliza dos países periféricos neste caso Portugal referindo que “as disposições (…) sobre esta matéria constituam um legado de uma política comum que foi sendo paulatinamente edificada, com

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28 acolhimento dos diversos tratados anteriores e em consonância com o método dos pequenos passos (…) ” (Duarte 2012: 25) medida que tem vindo a penalizar toda a União ao longo dos tempos. O autor relembra que se o tratado fosse vantajosos países fortemente industrializados, como a Noruega, estes já teriam aderido à União “Recorde-se que a Noruega tem recusado liminar e repetidamente a adesão à UE porque entende que os seus interesses marítimos não ficariam suficientemente acauteladas o perante o desenvolvimento da PCP” (Duarte 2012: 26).

Face a todas as evidências apresentadas, o progresso do país face à Politica Comum de Pescas tem sido assinalável em semelhança com o apresentado na PAC, no entanto as medidas não terão sido proporcionais às necessidades do país penalizando fortemente os pescadores principalmente, no que diz respeito à ZEE que existia anteriormente à PCP. Citando o filosofo José Gil em “Portugal Hoje, O medo de existir”: “se a Europa entrou em nós, nós ainda não entramos na Europa”.

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29 Capítulo 2: O impacto das políticas europeias utilizadas pelo Município de Amarante

O município de Amarante começou a recorrer a fundos comunitários muito recentemente, nomeadamente com o Quadro de Referência Estratégica Nacional. Desta forma, será feita de seguida uma análise ao QREN, referindo as especificidades deste quadro, que pela primeira vez na história dos Quadros Comunitários de Apoio deu liberdade ao país de escolher as áreas que deveriam ser mais desenvolvidas.

O Quadro de Referência Estratégico Nacional, também denominado QREN, tem uma característica que diferencia de todos os outros quadros de apoio comunitários: a Comissão Europeia delegou a Portugal toda a autonomia para definir o processo de distribuição e organização de fundos, devendo estes mesmos fundos estar orientados de acordo com as políticas aprovadas no tratado de Lisboa: deveria organizar-se de acordo com a política de coesão e ir de encontro aos objetivos da União Europeia para este período.

Desta forma o QREN teve como “linha guia” os seguintes princípios: - melhorar a atractividade dos Estados-Membros,

- incentivar a inovação, o espírito empresarial e a economia do conhecimento,

- criar mais e melhores empregos. (Instituto Financeiro Para o Desenvolvimento Regional, 2014)

Seguindo as indicações europeias, o Quadro de Referência Estratégico Nacional, foi aprovado em Conselho de Ministros a 11 de janeiro de 2006 e destacou-se como o grande paradigma estratégico para a formação dos portugueses.

O QREN baseou-se no desenvolvimento territorial, económico e social sustentado, sem pôr de parte o aumento da eficácia dos serviços públicos. A execução do Quadro foi assegurada por entidades Europeias, nomeadamente pelos apoios dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão.

O Quadro de Referência Estratégico Nacional estava organizado em Agendas Temáticas: Potencial Humano, Fatores de Competitividade e Valorização do Território.

De acordo com o Observatório do QCAIII que contribuiu para a planificação do novo QREN, cada uma destas três agendas temáticas teve objetivos específicos:

• Agenda para o Potencial Humano visou as ações que tiveram como objetivo promover a qualificação escolar e profissional dos portugueses, o emprego, inclusão social, e a valorização dos princípios de igualdade social.

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30 Qualificação Inicial, Adaptabilidade e Aprendizagem ao Longo da Vida, Gestão e

Aperfeiçoamento Profissional, Formação Avançada para a Competitividade, Apoio ao Empreendedorismo e à Transição para a Vida Activa, Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social, Promoção da Igualdada de Género. (Observatório do QCA III 2007: 5).

• Agenda para os Fatores de Competitividade teve como objetivo intervir e qualificar os trabalhadores ligados à produção, através de desenvolvimento tecnológico e do empreendedorismo. Esta agenda teve ainda como meta melhorar as componentes empresariais, nomeadamente na redução da despesa pública.

Estímulos à Produção do Conhecimento e Desenvolvimento Tecnológico, Incentivos à Inovação e Renovação do Modelo Empresarial e do Padrão de Especialização, Instrumentos de engenharia Financeira para o Financiamento e Partilha de Risco na Inovação, Intervenções Integradas para a Redução dos Custos Públicos de Contexto, Acções Coletivas de Desenvolvimento Empresarial, Estímulos ao Desenvolvimento da Sociedade da Informação, Redes e Infra-Estruturas de Apoio à Competitividade Regional e Acções Integradas de Valorização Económica dos Territórios menos Competitivos. (Observatório do QCA III 2007: 5).

• Agenda para a Valorização do Território teve como objetivo enriquecer as regiões nacionais com condições que apelassem à atratividade para o investimento e à promoção da qualidade de vida das populações.

As agendas não poderiam funcionar de forma eficaz sem que estivessem agrupadas em diferentes princípios orientadores, dividindo-se desta forma em Programas Operacionais:

Programa Operacional Temático: Potencial Humano, Fatores de Competitividade e Valorização do Território, financiados pelo Fundo Social Europeu, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, Fundo de Coesão e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Programa Operacional do Regionais do Continente: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve, com financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional;

- Programa Operacional das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, com financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e pelo Fundo Social Europeu.

- Programa Operacional de Cooperação Territorial, Transfronteiriça (Portugal – Espanha e Bacia do Mediterrâneo, Madeira – Açores – Canarias), Inter-regional e Redes de

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31 Cooperação Inter-regional, programa financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

- Programa Operacional de Assistência Técnica, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e pelo Fundo Social Europeu.

O QREN teve financiamento operacional dos programas europeus numa verba que rondou os 21,5 mil milhões de euros, o que assegurou um investimento geral de cerca de 44 milhões de euros, que se regeu por três orientações específicas:

- Reforço das dotações para a Qualificação dos Recursos Humanos, sendo que o Fundo Social Europeu assegurou cerca de 37% dos fundos destinados a Portugal, o que equivale a um aumento de 10% comparativamente ao Quadro Comunitário de Apoio III.

- Reforço do financiamento direcionado para a Promoção do Crescimento Sustentado da Economia Portuguesa, recebendo uma tranche de 5,5 mil milhões de euros, envolvendo o Programa Operacional Temático sobre os Fatores de Competitividade e os Programas Operacionais Regionais. As intervenções financeiras estiveram a cargo do FEDER e 66% do montante foi suportado pelo mesmo, com um aumento que rondou os 12% comparativamente ao Quadro transato.

- Reforço da importância dos Programas Operacionais Regionais do Continente, financiado unicamente pelo FEDER, que correspondeu a um financiamento de 55% do valor total – um aumento de 9% face ao QCAIII.

O enquadramento do QREN no contexto do desenvolvimento social, económico e territorial através de uma nova fórmula competitiva - caraterizada pela qualificação dos produtos produzidos - procurou dar resposta às procuras globais (domesticas e internacionais), cada vez mais baseadas em produtos de alta tecnologia.

As políticas portuguesas focaram-se em ajustamentos estruturais capazes de gerar produtividade eficaz e ganhos concorrenciais de forma a melhorar o “posicionamento internacional de Portugal” (Quadro de Referência Estratégico Nacional – Portugal 2007-2013: 11).

A agenda portuguesa teve ainda como objetivo a construção e solidificação das condições necessárias para a existência de estabilidade macroeconómica. Focou-se também na formação de cidadãos para que fosse possível um aumento da mão-de-obra qualificada e para uma unificação do desenvolvimento de dinâmicas nacionais, tendo como objetivo a descentralização dos meios, de forma a conseguir uma coesão territorial, social e económica.

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32 Um simples impulso não era suficiente para relançar a economia e para isso focaram- -se os esforços e recursos na renovação em modelos de crescimento económico, que fossem capazes de suportar o reequilíbrio da produtividade dos parceiros económicos externos.

Os métodos de ensino não foram os únicos a estar incluídos nesta agenda, estando também o QREN focado na qualificação académica de modo a que fosse possível manter o nível de desenvolvimento sustentado na educação.

A consolidação territorial não era por si só suficiente, foi necessário consolidar a participação das entidades regionais para melhorar a competitividade e o crescimento sustentado no emprego, apoiando a criação de protocolos e acordos entre instituições de forma a potencializar os recursos disponíveis e assim aumentar a dinâmica competitiva regional.

Neste contexto, as orientações estruturais para o QREN organizaram-se de acordo com os seguintes propósitos: concentrar os Programas Operacionais para que não houvesse uma dispersão nas áreas de ação; seletividade no desenvolvimento e financiamento, devendo as candidaturas serem rigorosamente analisadas e hierarquizadas de acordo com a sua importância; valorização dos projetos que visaram a coesão territorial e potencialização do desenvolvimento intelectual e sustentável.

Para além de todas as remodelações estruturais que referidas, procedeu-se a uma reformulação da política regional. Esta reformulação traduziu-se num aumento das exigências e da responsabilização referente a uma intervenção comunitária, “não sendo mais assumida como apenas promotora da equidade regional, é chamada a intervir pró-activamente no desenvolvimento económico das regiões”(Observatório do QCAIII 2006: 12).

Num contexto de globalização, as dependências nacionais e inter-regionais aprofundam-se, influenciando o desempenho nacional e caracterizando-se naturalmente na convergência de metas e prioridades comuns.

A situação específica do desempenho insatisfatório da economia europeia e a vontade de promover uma dinâmica sustentada de crescimento com base no conhecimento e na inovação conduziram, nesse contexto, à reedificação pelo Conselho Europeu de ambiciosos objetivos no quadro da Agenda de Lisboa, cuja prossecução é assegurada de forma empenhada pelos Estados-Membros (…) Também em Portugal a politica regional é renovada, com consequências significativas na valorização do território e das suas potencialidades diversificadas que, superando as restrições decorrentes de uma concepção baseada na referência regional, assume a crescente complexidade das dinâmicas territoriais em que as cidade e as áreas metropolitanas desempenham funções centrais na promoção da

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33 competitividade e da coesão. (Quadro de Referência Estratégico Nacional – Portugal

2007-2013: 12).

Esta abordagem determinou a direção da intervenção pública e privada no território nacional, de forma criar condições favoráveis para o surgimento de economias, principalmente nos territórios menos desenvolvidos e assim cumprir o desejo tornar o território nacional o mais homogéneo possível e na captação do investimento que levaria a um aumento da produção de riqueza e a correção das diferenças sociais.

Contrariamente ao que era pretendido pelo QREN, que esperava que a intervenção pública e privada fosse destinada à criação de condições para o reforço da economia, Quesado afirma que “Os atores económicos e sociais (…) preocupam-se unicamente com a sua sobrevivência conjuntural e, com isso, têm desperdiçado a oportunidade de fazer do QREN uma aposta sustentada para o futuro do país.” (Quesado 2013) Sustentando ainda que o novo QREN referente ao Horizonte 2020 “tem muito de mudar!” (Quesado 2013).

O mesmo autor aborda ainda um resumo breve sobre a forma de como Portugal recorreu aos apoios comunitários, baseando-se na “melhoria das infraestruturas, numa lógica não raras vezes pouco coordenada e monitorizada (…), falhas sucessivas nas ações de formação empreendidas ai longo das três intervenções levadas a efeito” (Quesado 2013). Fruto das falhas apontadas por Francisco Quesado, os resultados apresentados foram “muito frágeis nas áreas essenciais da inovação, conhecimento e competitividade” (Quesado 2013). O QREN foi utilizado como um instrumento de ajuste financeiro com o intuito de colmatar a falta de investimento que se verificou no país, fruto da crise global existente. O autor assume que o próximo QREN deverá ser utilizado “de uma vez por todas, de se assumir como um fator estratégico de convergência positiva do país face aos novos desafios duma economia global complexa e exigente” (Quesado 2013).

Desta forma é possível concluir que no seu cerne, o QREN 2007-2013 falhou, na medida em que não foi utilizado nas áreas a que se tinha proposto: áreas do conhecimento, da dinamização de trabalho e da uniformização do território nacional.

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34 2.1: O impacto das Políticas Europeias em Amarante até 2013

Fruto da investigação sobre fundos comunitários que tem vindo a ser realizada ao longo do presente relatório, foi considerado de elevado interesse canalizar essa investigação para a forma de como o município de Amarante atraiu cofinanciamento europeu para desenvolver a cidade. Desta forma irá ser apresentada a comparação entre a cidade de Amarante e duas cidades vizinhas com as mesmas dimensões geográficas e densidades populacionais .

Amarante é uma cidade com uma área de cerca de 301 km2 com 56 mil habitantes. Carateriza-se por uma vasta riqueza paisagística natural, destacando a importância das serras da Aboboreira e do Marão e o rio Tâmega. Refira-se ainda a importância dos monumentos edificados pelo homem, como a Igreja/ Mosteiro de São Gonçalo e o Solar dos Magalhães, entre outros. A nível macroeconómico, destaca-se a grande importância a nível nacional da produção metalomecânica, possuindo um grande leque de empresas da especialidade, das quais se podem destacar a MetaloCardoso e a Metalocar. Existe ainda uma forte produção de vinho, sendo a região de Amarante conhecida pelos vinhos verdes de elevada qualidade.

Abordando a temática da capitalização recorrendo a fundos Europeus, durante os anos de 2007 e 2014, anos em que o QREN esteve em vigor, muito sinteticamente o Município Amarantino procedeu à candidatura para obtenção de capitais que permitissem desenvolver uma ecopista, uma loja de turismo interativo, acessibilidades/ estradas e centros escolares. A lista que elenca os investimentos levados a cabo pela Câmara Municipal de Amarante poderá ser consultada na tabela 1.

Ecopista da Linha do Tâmega 1 310 111,52 €

Loja Interativa de Turismo de Amarante 198 147,46 €

Acessibilidades, Exp. Permanente/Serviços Educativos do MMASC. 160 814,78 €

Centro Escolar do Marão 459 035,95 €

Centro Escolar de Freixo de Cima 136 399,50 €

CENTRO ESCOLAR DE MADALENA/LUFREI 2 036 959,56 €

CENTRO ESCOLAR DE ABOIM/CHAPA/GATÃO/VILA GARCIA 1 535 636,57 €

CENTRO ESCOLAR DE TELÕES 1 209 972,50 €

CENTRO ESCOLAR DE TRAVANCA 1 392 910,31 €

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Tabela 1: Obras e Valor do Cofinanciamento do FEDER

Refira-se que o investimento total em Amarante durante os anos de 2007 e 2014 rondou os 12 milhões de euros, tendo sido cofinanciados pelo FEDER 8,86 milhões de euros, sendo o resto do montante financiado pelo Município, de acordo com a contrapartida nacional.

Pode-se constatar assim que este recurso ao financiamento europeu “ (…) é revelador da falta de arrojo e visão estratégicas para o futuro, que permita conduzir o conselho a um desenvolvimento sustentável” (Carvalho 2012b: S.P). O mesmo autor refere que o executivo ao cair na “tentação de agradar rapidamente ao eleitorado (…) tem sido uma das principais causas para a não evolução do nosso concelho, para a perda constante de oportunidades, serviços e importância” (Carvalho 2013b: S.P). Fruto destas avaliações, constata-se que o executivo do Município de Amarante durante os anos em que esteve em vigor o QREN preocupou-se mais com as “necessidades eleitorais” do que em criar condições para que fosse possível alavancar a cidade de Amarante para poder voltar a ser denominada por “Princesa do Tâmega”.

De acordo com Gomes (2014), no que diz respeito aos fundos aprovados pelo FEDER para Amarante e duas cidades vizinhas, Felgueiras e Celorico de Basto notam-se discrepâncias acentuadas de financiamento (cf. tabela 2).

Municípios Investimento Total Feder (aprovado)

Amarante 12 855 666,23 € 8 865 577,09 €

Celorico de Basto 22 700 719,74 € 16 566 226,27 €

Felgueiras 42 545 564,25 € 29 378 129,48 €

Tabela 2: Comparação entre os Município de Amarante, Celorico de Basto e Felgueiras relativo ao financiamento aprovado pelo FEDER entre 2007 e 2014. (Fonte: Gomes 2014)

A tabela 2 refere-se ao valor total de fundos aprovados por parte do FEDER entre os anos de 2007 e 2014. A comparação de Amarante com duas cidades vizinhas, neste caso Felgueiras e Celorico de Basto, demonstra as diferenças existentes entre o financiamento obtido pelas três. Celorico de Basto é uma cidade com cerda de 180 quilómetros quadrados e cerca de 20 mil habitantes. Felgueiras tem cerca de 115 quilómetros quadrados de área e 58 mil habitantes.

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36 Desta análise, percebe-se que Celorico de Basto, com cerca de metade da área e metade dos habitantes de Amarante, obteve o dobro do financiamento de Amarante; em Felgueiras, o investimento realizado na cidade, toma números mais elevados e surpreendentes. Amarante obteve apenas um terço do financiamento de Felgueiras.

Refira-se que do investimento realizado nas três cidades, entre 2007 e 2014, o Município de Amarante investiu em três eixos: a criação de uma ecopista intermunicipal, a construção de centros escolares e na requalificação de troços de estradas (ainda que não tenha sido desenvolvida a requalificação em todo o município, apenas nas freguesias de Real, Travanca e Vila Caiz).

Quanto aos investimentos comuns desenvolvidos pelos três Municípios, salientam-se: - A construção de centros escolares recorrendo a auxílios comunitários: Felgueiras construiu 15 destes centros; Celorico de Bastos 3 e Amarante 5. A nível de densidade populacional, Amarante possui o mesmo nível populacional de Felgueiras e acabou por investir um terço do que Felgueiras investiu na dinamização da formação escolar. Comparativamente a Celorico de Basto, que tem menos de metade da população amarantina, o investimento observado permitiu a construção de 3 centros escolares.

- O desenvolvimento da capacitação para receção de turistas. Neste aspeto, as três cidades financiaram-se para criar um centro de turismo. Neste ponto, o Município de Amarante foi o que recebeu uma maior parcela de investimento, rondando os cerca de 198 mil euros, enquanto as cidades de Felgueiras e Celorico de Basto ficaram-se pelos 160 mil euros.

- A requalificação urbana nas três cidades. Em Amarante, foram feitas as empreitadas que visaram a requalificação da ligação entre as freguesias de Travanca, Vila Caiz e Real. Felgueiras desenvolveu uma vasta lista de obras, destacando-se a requalificação urbana do centro da vila da Lixa. Fazendo uma comparação sobre a forma de como se procederam às obras de requalificação urbanas em Amarante e em Felgueiras, destaca-se que ao passo que em Amarante as obras de requalificação do centro histórico no Arquinho foram realizadas recorrendo a capitais próprios, o município de Felgueiras procedeu à candidatura para ser cofinanciada. Neste aspeto, os municípios de Felgueiras e Celorico obtiveram por parte das entidades europeias um financiamento superior a 4 milhões de euros, enquanto Amarante ficou-se pelo meio milhão.

- A ecopista do Tâmega, que liga Amarante a Arco de Baúlhe, foi construída por troços, ou seja, cada cidade construiu o troço que lhe competiu. Amarante e Celorico de Basto recorreram a capitais comunitários para a construção dos respetivos troços.

Imagem

Figura 1: Entrada da sede do Município de Amarante (fonte CMA).
Tabela 3: Cronograma das atividades
Figura 2: Desafio da Limonada (fonte própria).
Figura 4: Atividade do Amarra-te a Amarante Lab (fonte própria).
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Referências

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