w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p
Artigo
de
revisão
O
uso
de
antibióticos
e
as
resistências
bacterianas:
breves
notas
sobre
a
sua
evoluc¸ão
Rui
João
Loureiro
a,∗,
Fátima
Roque
a,b,
António
Teixeira
Rodrigues
a,c,
Maria
Teresa
Herdeiro
a,de
Elmano
Ramalheira
eaDepartamentodeCiênciasMédicas,InstitutodeBiomedicina-iBiMED,UniversidadedeAveiro,Aveiro,Portugal
bCentrodePotencialeInovac¸ãodeRecursosNaturais(CPIRN)daUnidadedeInvestigac¸ãoparaoDesenvolvimentodoInterior,
InstitutoPolitécnicodaGuarda(UDI/IPG),Guarda,Portugal
cFaculdadedeFarmáciadaUniversidadedeCoimbra,Coimbra,Portugal
dCESPU,IINFACTS,InstitutodeInvestigac¸ãoeFormac¸ãoAvanc¸adaemCiênciaseTecnologiasdaSaúde,Gandra,Portugal eHospitalInfanteD.Pedro,EPE,Aveiro,Portugal
informação
sobre
o
artigo
Palavras-chave: Antibióticos Resistênciabacteriana Portugal Bactérias
r
e
s
u
m
o
Aresistênciabacterianaaosantibióticoséatualmenteumdosproblemasdesaúdepública maisrelevantesanívelglobal,dadoqueapresentaconsequênciasclínicaseeconómicas pre-ocupantes,estandoassociadaaousoinadequadodeantibióticos.Portugalé,nocontexto europeu,um paíscomumelevadoconsumodeantibióticos,apesardeumadiminuic¸ão no consumo destesfármacos nos últimosanos. A resistência bacteriana tem crescido acentuadamente,sendo queasbactériasGram-positivasmaisresistentesaos antibióti-cossãodaespécieStaphylococcusaureusedogéneroEnterococcus,aopassoqueasbactérias Gram-negativasmaisresistentesaosantibióticossãodasespéciesAcinetobacterbaumannii, PseudomonasaeruginosaedafamíliaEnterobacteriaceae.
©2016TheAuthors.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.emnomedaEscolaNacional deSaúdePública.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençadeCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Use
of
antibiotics
and
bacterial
resistances:
Brief
notes
on
its
evolution
Keywords: Antibiotics Bacterialresistance Portugal Bacteria
a
b
s
t
r
a
c
t
Thebacterialresistancetoantibioticsisactuallyoneofthemostrelevantpublichealth pro-blemsatgloballevel,sinceitpresentsclinicalandeconomicworryingconsequences,and isassociatedwiththeinappropriateuseofantibiotics.Portugalis,intheEuropean con-text,acountrywithhighantibioticconsumption,despiteadecreaseintheconsumptionof thesedrugsinthelastyears.Thebacterialresistancetoantibioticshasmarkedlyincreased
∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:ruijoao@ua.pt(R.J.Loureiro). http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2015.11.003
0870-9025/©2016TheAuthors.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.emnomedaEscolaNacionaldeSaúdePública.EsteéumartigoOpen AccesssobalicençadeCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Acinetobacterbaumannii,PseudomonasaeruginosaspeciesandtheEnterobacteriaceaefamily. ©2016TheAuthors.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.U.onbehalfofEscolaNacional
deSaúdePública.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Aresistênciabacterianaaosantibióticoséatualmenteumdos problemasde saúdepública maisrelevantes,umavez que muitasbactériasanteriormente suscetíveisaos antibióticos usualmenteutilizadosdeixaramderesponderaesses mes-mosagentes1.Odesenvolvimentoderesistênciabacteriana
aosantibióticoséumfenómenonaturalresultanteda pres-sãoseletivaexercidapelousodeantibióticos,masquetem sofrido umaexpansão muito acelerada devido àutilizac¸ão inadequadadestesfármacos,existindoumacorrelac¸ãomuito claraentreummaiorconsumodeantibióticoseníveismais elevadosderesistênciamicrobiana1.
A resistência aos antibióticos é responsável por con-sequênciasclínicas1–4eeconómicas1,5,6graves,relacionadas
comoaumentodamorbilidadeemortalidade1–4,devidoaos
atrasosnaadministrac¸ãodetratamentoseficazescontraas infec¸õescausadasporbactériasresistentes1. Porsuavez, a
hospitalizac¸ãoprolongadaeousodeantibióticosdiferentes dosdeprimeiralinhaaumentamtambém,deforma acentu-ada,oscustosdoscuidadosde saúde1,o queconstituium
problemaparticularmenterelevante,considerandoos recur-sosfinitosquesustentamossistemasdesaúdeetendoem contaaatualconjunturadecriseeconómicaefinanceira.
Tendoemcontaaimportânciadoproblemadaresistência microbianaeasuacrescenteameac¸aparaasaúdepúblicaa nívelmundial,váriasorganizac¸õesnacionais,comoa Direc¸ão--GeraldeSaúde,einternacionais,comoaComissãoEuropeia eaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde,reconhecerama relevân-ciadoestudodaemergênciadaresistênciamicrobianaedo desenvolvimentodesistemasdevigilânciaecontroloda resis-tênciamicrobiana,comooProgramadePrevenc¸ãoeControlo de Infec¸õese de Resistência aosAntimicrobianos7, a nível
nacional,eoSistema EuropeudeVigilância daResistência Microbiana(«EuropeanAntimicrobialResistanceSurveillance System[EARSS]»)8,aníveleuropeu.
Estetrabalhopretende,assim,alertarparaaimportância doproblemadaresistênciamicrobiananasaúdepública atu-almente,analisandofatoresquepodeminfluenciaroconsumo deantibióticose,consequentemente,onívelderesistênciaaos mesmos.Apresenta-seumarevisãodaevoluc¸ãodaresistência microbiananocontextomundial,europeuenacional.
Consumo
de
antibióticos
em
Portugal
e
na
Europa
Segundoos dados divulgados no relatório «European Cen-tre forDisease Preventionand Control (ECDC)Surveillance Report:SurveillanceofantimicrobialconsumptioninEurope,
2012»,existeumagrandevariabilidadenoconsumode anti-bióticosnaEuropa,avaliadoemdosesdiáriasdefinidas(DDD)/ 1.000habitantes/dia(DHD)9.Opaíscommaiorconsumode
antibióticos,aGrécia(31,9DHD),apresentaumvaloremDHD cerca de 3 vezes superior ao país com menor consumo, a Holanda(11,3DHD).Observa-setambémqueomaiornívelde consumodeantibióticosocorrenospaísesdosuldaEuropa, comparativamentecomospaísesdonortedaEuropa(fig.1)9.
Considerandoautilizac¸ãorelativadosdiferentesgruposde antibióticos,verifica-sequeaspenicilinasconstituemogrupo maisutilizadonacomunidadeemtodosospaíses,variando oseuusode30%(Alemanha)a67%(Eslovénia).Porsuavez, o usode cefalosporinas variade 0,2%(Dinamarca)a 23,5% (Malta),ousodetetraciclinasdemenosde1,9%(Itália)a24,4% (Suécia),ousodemacrólidos-lincosamidas-streptograminas (MLS)de4,4%(Suécia)a24,5%(Eslováquia)eousodas quino-lonasde2,1%(ReinoUnido)a13,9%(Hungria)dousototalde antibióticosemambulatório9.
Têm sido apontadas inúmeras razões para explicar as diferenc¸asnoconsumodeantibióticosentreospaíses euro-peus, destacando-seaincidênciadeinfec¸õesadquiridasna comunidadeeosfatoresquepodemlevaradiferenc¸asnessa incidência,determinantesculturaisesociais,organizac¸ãodas estruturas prestadoras de cuidados de saúde, os recursos humanosefinanceirosdisponíveiseasuautilizac¸ão,o conhe-cimentoacercadosantibióticos,omercadofarmacêuticoeas práticasderegulamentac¸ãoexistentes10.
Segundo dados do relatório «ECDC Surveillance Report: SurveillanceofantimicrobialconsumptioninEurope,2012», verifica-se que no período entre 2002-2012 a taxa do con-sumodeantibióticosemPortugalapresentouumatendência dedecréscimode26,5DHDpara22,7DHD,sendoque,apesar desta reduc¸ão na utilizac¸ão de antibióticos, Portugal con-tinuou a apresentar um consumo elevado relativamente a outrospaíseseuropeus,sendosuperioràmédiadosvalores de consumo (20,4 DHD) dos países que integram o pro-jeto «VigilânciaEuropeia doConsumode Antimicrobianos» («European Surveillance of Antimicrobial Consumption» [ESAC])9.
Tendo em conta a utilizac¸ão dos diferentes grupos de antibióticosemPortugal,verifica-seque,segundodadosdo relatório «ECDC Surveillance Report: Surveillance of anti-microbial consumption in Europe, 2012», as penicilinas constituemogrupodeantibióticosmaisutilizado(12,4DHD), seguindo-seogrupo dosMLS(3,2DHD),sendoqueos gru-pos menos utilizados são as tetraciclinas (1,1 DHD) e a associac¸ãodesulfonamidasetrimetoprim(0,5DHD)9.Estes
dados estão de acordo com dados de outros países euro-peus,particularmentedepaísesdosuldaEuropa9.Édenotar
que, entre2000-2012, severificou umadiminuic¸ão do con-sumonosgruposdascefalosporinas,quinolonasemacrólidos,
Doses Diárias Definidas (DDD) por 1.000 habitantes por dia Liechtenstein Luxembourg Malta 0 11,34 to < 15,46 19,57 to < 23,67 27,80 to < 31,92 Não incluídos Não reportados 23,67 to < 27,80 15,46 to < 19,57
Figura1–Consumodeantibióticosemambulatórioem30paíseseuropeus,em2012,emdosesdiáriasdefinidas/ 1.000habitantes/dia.
Fonte:ECDCSurveillanceReport:SurveillanceofantimicrobialconsumptioninEurope,20129.
enquanto ocorreu umaumento doconsumo no grupo das penicilinas,ogrupomaisutilizadoequeconstitui, frequen-temente,aprimeiralinhadetratamentoparamuitasinfec¸ões bacterianas9,11.
Uso
inadequado
de
antibióticos
e
a
sua
relac¸ão
com
o
aparecimento
de
resistências
Ousoinapropriado dosantibióticos, particularmente asua utilizac¸ão excessiva, tem sido considerado um dos fato-res que mais contribui para o problema da resistência microbiana2,12–15,constituindoumsérioproblemadesaúde
pública global, dado que tem aumentado a frequência de doenc¸as infeciosas estabelecidas e emergentes em con-sequência da ineficácia dos antibióticos16. Dessa forma,
verifica-sequeospaísesdonortedaEuropa,queapresentam ummenorconsumo deantibióticos,sãotambémos países ondeonívelderesistênciaémenor,verificando-seooposto nospaísesdosuldaEuropa,incluindoPortugal12.Comefeito,o
consumoinadequadodeantibióticostemcustoselevadospara asociedadeeconsequênciasnefastasparaasaúde,comoa
diminuic¸ãodaeficáciadostratamentos,oprolongamentodas doenc¸as,ocrescimentodonúmerodehospitalizac¸ões14,17eo
aumentodamorbilidadeemortalidade2,14,16,17.
Têm sido apontados vários fatores que podem levar à prescric¸ão inadequada de antibióticos, destacando-se a incertezano diagnóstico14,18–20,apressãoexercidasobreos
médicos por parte dos doentes e/ou seus familiares, e a existênciademuitasconsultaspordia,oquedificultaa preci-sãododiagnósticoedaterapêuticaeaumentaaprescric¸ão de antibióticos pelos médicos14,18,21. Para além disso,
exis-tem níveiselevados denãoadesão àterapêutica porparte dosdoentes,emqueosdoentestomamdosesdiferentesou por períodos diferentes doque o prescrito16, a par de um
nívelelevadodeautomedicac¸ão,emqueosdoentesutilizam frequentemente antibióticos de tratamentos anteriores ou obtidosnafarmáciasemprescric¸ãomédica14,16,22–26.Aprática
deautomedicac¸ãoentreapopulac¸ãoresultade característi-casculturais,crenc¸aseconhecimentossobreosantibióticos,o quepodeserconstatadoquandoseobservaquegrandeparte dapopulac¸ãodesconhecequeosantibióticosapenasatuam nasinfec¸õesbacterianas,consumindoantibióticosparatratar infec¸õesviraiscomunscomoagripe14,23,27.
ráveldousoinadequadodeantibióticos,quetemtambémum importantepapelnaemergênciaedisseminac¸ãoda resistên-ciabacterianaaosantibióticos,édevidaaousodeantibióticos em atividades como a veterinária, a zootecnia ea pecuá-ria,verificando-sequeaproximadamente 50%datotalidade dosagentesantimicrobianosconsumidosnaUniãoEuropeia nãosãoutilizadosemhumanos28.Efetivamente,verifica-se
que, em paísesonde o antibiótico avoparcina,semelhante àvancomicina,foi usado naproduc¸ãoanimal, ocorreu um aumentodoníveldeEnterococcusresistentesàvancomicina nafloraintestinaldosanimaisdeconsumotratadoscom avo-parcina,assimcomonaflorafecaldehumanossaudáveise deanimaisdomésticos28,29.Posteriormente,verificou-seuma
diminuic¸ãodonívelde resistênciasapós aabolic¸ãodouso daavoparcinanaproduc¸ãoanimalpelaUniãoEuropeia28,30.
Dessaforma,atransmissãohorizontaldegenesde resistên-ciaatravésdeelementosgenéticosmóveis,comoplasmídeos, transposõeseintegrões,entrediferentesespéciesegéneros bacterianos,patogénicos e não patogénicos,assimcomo a transmissãosubsequentedessasbactériasentrevários hos-pedeirosereservatóriosambientais,parecedesempenharum papelimportantenaemergênciaedisseminac¸ãoda resistên-ciabacterianaaosantibióticos28,31.
Evoluc¸ão
da
resistência
microbiana
a
nível
mundial
Desdeaintroduc¸ãodautilizac¸ãodosantibióticosqueonível de resistência microbiana tem crescido progressivamente, tendo aumentado acentuadamente nos últimos 15 anos13.
Os 4 principais mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticossão:amodificac¸ãooudestruic¸ãoenzimáticado antibiótico (ex: destruic¸ão dos agentes ß-lactâmicos pelas enzimas ß-lactamases); a prevenc¸ão da acumulac¸ão intra-celulardoantibióticoatravésdareduc¸ãodapermeabilidade celularao antibiótico(ex:resistência da bactéria Pseudomo-nasaeruginosa[P.aeruginosa]aoimipenem)oudaexistência debombasdeefluxodosantibióticosdascélulasbacterianas (ex: resistência da família das enterobacteriáceas às tetra-ciclinas);as alterac¸õesnasmoléculas alvo dos antibióticos (ex: resistência intrínseca das bactérias do género Entero-coccus às cefalosporinas), e a produc¸ão de moléculas alvo alternativasquenãosãoinibidaspeloantibiótico,enquanto se continua a produzir as moléculas alvo originais, con-tornando desse modo a inibic¸ão induzida pelo antibiótico (ex:resistênciadabactériaStaphylococcusaureus[S.aureus]à meticilina)32,33.
Considerandoaevoluc¸ão da resistência aos antibióticos nas bactérias Gram-positivas, verifica-se que a espécie S. aureus13,34 e o género Enterococcus são as bactérias
Gram--positivasqueapresentammaioresproblemasderesistência aosantibióticos13.
Relativamente à espécie S. aureus, é de salientar que as primeiras estirpes produtoras de penicilinases e que eramtambémresistentesaosoutrosantibióticosusualmente disponíveis causaram problemas clínicos consideráveis na décadade50,quelevaramàintroduc¸ãoda meticilinaede outraspenicilinassemissintéticas,resultandonumareduc¸ão
daintroduc¸ãodameticilinaem1960,foramisoladasamostras deS.aureusresistentesàmeticilina(MRSA]noReinoUnido,o quemarcouoaparecimentodasestirpes deS.aureus resis-tentesàmeticilina(«methicillin-resistantS.aureus»)34–36,que
posteriormentesedisseminaramanívelmundial13,34,35,37.
Ainformac¸ãodaprevalênciadeMRSAeminúmerospaíses revelaumagrandevariac¸ão,desdecercade1,0%empaíses comoaHolandaaténíveisde25,0-50,0%emmuitospaísesdo continenteamericano,naAustráliaeemalgunspaísesdosul daEuropa13,35,37.
RelativamenteàsbactériasdogéneroEnterococcus, verifica--se que, apesar de apresentarem normalmente umabaixa virulência,estasbactériaspodemcausarinfec¸õesemdoentes imunodeprimidos, particularmente naqueles queestiveram submetidosatratamentoscomantibióticos13.Oaparecimento
deEnterococcusfaeciumresistentesàvancomicinaem1986,no Reino Unido, precedeuoaparecimento nosEstados Unidos e,depois,noutrasregiõesdomundo,debactériasdogénero
Enterococcus altamenteresistentesecausadorasdeinfec¸ões difíceis de tratar13,37,38. Nos Estados Unidos verificou-se o
aparecimentodesurtoscausadosporváriosclones,emque existeumelevadonúmerodeportadoresassintomáticosede doentesinfetadosprovenientesdacomunidadeadmitidosnos hospitais,peloqueumcontrolodeinfec¸õeseficazébastante difícil13,39,40.
Considerando a evoluc¸ão da resistência aos antibióti-cos nas bactérias Gram-negativas, verifica-se que o mais importantemecanismoderesistênciaaosantibióticosnestas bactérias é a produc¸ão de enzimas ß-lactamases34.
Relati-vamente àfamília dasenterobacteriáceas, édereferirque, apósaintroduc¸ãodaampicilinanadécadade1960,a resis-tência aos agentes ß-lactâmicostornou-se um importante problemaclínico,devidoà transferênciaporplasmídeosde genesderesistênciacodificandoß-lactamasesdeserina temo-niera(TEM)e«sulfhydrylvariable»(SHV)13.
Nosanos80,apósaintroduc¸ãodascefalosporinasde ter-ceiragerac¸ão,foramreportadosgenesTEMeSHVmutados, quesedisseminaramprincipalmente entreo género Klebsi-ella sppea espécieEscherichia coli(E. coli),o quemarcoua emergênciadasestirpesprodutorasdeß-lactamasesdelargo espectro(ESBL–«extendedspectrumß-lactamases»),quese definem porserem capazesdehidrolisarcefalosporinas de terceiragerac¸ãoemonobactamos13,34,41.
Posteriormente,surgiuumanovafamíliadeß-lactamases, designadacomoenzimas«cefotaximasesMunich» (CTX-M), quesedisseminouportodososcontinentes13,42.NaEuropa,
verificaram-senaúltimadécada(2000-2010)alterac¸ões con-sideráveisnostiposdeESBLcommaiorprevalência,comas estirpesprodutorasdeCTX-Matornarem-sedominantes, par-ticularmenteasdeCTX-M-15,dominantesnoReinoUnidoe emFranc¸a,eas deCTX-M-14, frequentesemEspanha13,34.
É desalientarqueo aumentodousode carbapenemosno tratamentodeinfec¸õesporenterobacteriáceas multirresisten-tes temlevadoaoaumentoda disseminac¸ãoda resistência aestesagentes13,34,aqualémediadapelatransferênciade
enzimascarbapenemases(quedestroemoscarbapenemos), particularmentedasfamíliasimipenemases(IMP)e«Verona integron-encoded metallo-ß lactamases» (VIM),através de plasmídeos13,34,37,43.
Existem ainda outras bactérias Gram-negativas associa-das a problemasde resistência aos antibióticos, tais como as pertencentes aos géneros Pseudomonas (principalmente a bactéria Pseudomonas aeruginosa [P. aeruginosa]) e Acine-tobacter (particularmente a espécie Acinetobacter baumannii
[A.baumannii])13,34,37.AsbactériasdaespécieP.aeruginosaeda
espécieA.baumanniisãobactériasambientaisaltamente dis-seminadas,quecausamproblemassignificativosemdoentes imunodeprimidoseemdoentesinternadosemunidadesde cuidadosintensivoshospitalares,ondeexistemreservatórios destasbactérias13,44,45.
AsbactériasP. aeruginosaapresentam resistência à mai-oriadosagentes ß-lactâmicoseàsfluoroquinolonas,oque fezcomqueoscarbapenemosfossemusadoscrescentemente para o tratamento de infec¸ões porPseudomonas, levando à disseminac¸ãodaresistênciadestasbactériasmediadapelas carbapenemasesdostiposVIMeIMPportodoomundo13,34.
AsbactériasdogéneroAcinetobacterproduzemumagrande variedadedeß-lactamaseseapresentamumlargoespectro demecanismosintrínsecosderesistência,peloquealgumas estirpessão resistentesatodos osantibióticos conhecidos, excetoàcolistina13,37.
Evoluc¸ão
da
resistência
microbiana
em
Portugal
e
o
seu
enquadramento
no
contexto
europeu
Considerandoaevoluc¸ãodaresistênciamicrobianaem Por-tugal,observa-seque,àsemelhanc¸adoqueaconteceanível mundial,asbactériaspatogénicasmaisresistentesaos anti-bióticos em Portugal são: MRSA, Enterococcus resistentes à vancomicina,Streptococcus pneumoniae(S. pneumoniae) resis-tentesàpenicilina,enterobacteriáceasprodutorasdeESBLou decarbapenemases,eP.aeruginosaeA.baumanniiresistentes aoscarbapenemos46.
Atabela1apresentadadosdoCentroEuropeudePrevenc¸ão e Controlo de Doenc¸as relativos aos perfis de resistência microbianaemPortugal,nosanosde2003-201347.
Relativamenteaonívelderesistênciaàmeticilinada espé-cieS.aureus,observa-sequeesteaumentouentre2003-2013 (de45,0para47,0%),emboratendodescidoem2013faceao nívelsuperiora50%verificadonosanosanteriores,oque cons-tituiumnívelderesistênciaquecomprometeseriamenteo usodaspenicilinasparaotratamentodeinfec¸õesporS.aureus,
particularmentetendoemcontaquePortugaléoterceiropaís daEuropacomumnívelderesistênciamaiselevado47.Este
fenómenofoiobservadoem2005porAmorimetal.48,num
estudosobreoperfilderesistênciadestabactériaà metici-linanumhospitalportuguês,ondeseverificouumnívelde resistênciade55%.
Considerandoo nível de resistência à vancomicina das bactérias do género Enterococcus (particularmente da espé-cieEnterococcusfaecium), verifica-se queeste diminuiupara aproximadamentemetade(de47,0para22,0%dasamostras isoladas)no período compreendidoentre 2003-2013, sendo que,aindaassim,Portugalapresentaumvalorbastante supe-rioraovalordoconjuntodospaíseseuropeus(8,9%),sendo umdospaíseseuropeuscommaiornívelderesistênciadestas bactériasàvancomicina47.
Relativamenteàtaxaderesistênciaàpenicilinadaespécie
S.pneumoniae,observa-sequeestadiminuiuentre2003-2013, apresentandoumvalorrelativamentebaixo(7,6% em2013) einferioraovalordoconjuntodospaíseseuropeus(13,6%), existindoalgunspaíseseuropeuscomvaloresbastante supe-riores(ex:Espanha[27,6%]eFranc¸a[22,4%])47.Em2007,Correa
etal.49realizaramumestudonumhospitalemEspanha,onde
verificaramumataxaderesistênciade17,9%,valorsuperior aoapresentadoporPortugaleaoapresentadopeloconjunto dospaíseseuropeus.
ConsiderandoonívelderesistênciadaespécieE.colia anti-bióticoshabitualmenteusados,observa-sequeesteaumentou no períodoentre2003-2013,sendo queovalorde resistên-ciaàscefalosporinas deterceiragerac¸ão em2013(14,9%)é superior aovalordoconjuntodospaíseseuropeus (12,6%), existindo,porém,muitospaíseseuropeuscomvalores superi-oresderesistênciaaestesagentes(ex:Bulgária[39,6%]eItália [26,2%]),causadaemgrandepartepelaproduc¸ãodeESBL47.
Picozzietal.realizaramumestudoentrejaneirode 2008e dezembro de 2010 em hospitais de Milão, em Itália, onde observaramumníveldeE.coliprodutorasdeESBLsuperior aosvaloresverificadosemPortugalenoconjuntodospaíses europeus50.
Emrelac¸ãoàespécieKlebsiellapneumoniae(K.pneumoniae),
verifica-seque,noperíodoentre2005-2013,ocorreuumgrande aumentodaresistênciadestabactériaaantibióticos habitual-menteusadoscomoosaminoglicosídeos(de<1,0para30,3% dototaldasamostrasisoladas),apesardeexistiremvários paí-seseuropeus (ex:Polónia[58,4%]eEslováquia[64,0%]) com valoresmaiselevadosem2013,easfluoroquinolonas(de<1,0 para 35,7% do total das amostras isoladas), existindo, no entanto, muitospaíseseuropeus (ex:Grécia[67,6%] e Poló-nia[70,1%])comvaloresmaiselevadosem201347.Neonakis
etal.51realizaramumestudonumhospitaluniversitárioda
Grécia,em2008,emqueobservaramumnívelderesistência daK.pneumoniaeàsfluoroquinolonasde64%,oquecorroborao elevadonívelderesistênciadestaespécieàsfluoroquinolonas naGrécia.
Considerando o nível de resistência aos antibióticos da espécieP.aeruginosa,verifica-sequeocorreuumadiminuic¸ão do nível de resistência na maioria das classes de antibió-ticos habitualmente usadas entre 2006-2013, apesar dessa diminuic¸ãotersidopoucoacentuada(ex:resistênciaaos car-bapenemosdesceude21,0para20,6%),sendoqueovalorda resistênciaaoscarbapenemosera,em2013,superioraovalor doconjuntodospaíseseuropeus(17,6%),apesardeexistirem paíseseuropeuscomvaloresmaiselevados(ex:Grécia[49,3%] eItália[25,9%])47.
Éimportantesalientarqueosdadosdivulgadosnorelatório «SURVEILLANCE REPORT: Antimicrobial resistance surveil-lanceinEurope,2013»referem-seexclusivamenteaisolados provenientesdebacteriemiasedeinfec¸õesnolíquido cefalor-raquidiano,excluindotodososoutrosisoladosprovenientes deoutrasinfec¸õescomuns,comoasinfec¸õesrespiratóriasou urinárias,peloqueestesresultadosapresentamuma impor-tantelimitac¸ão.
RelativamenteaonívelderesistêncianaespécieA. bauman-nii,dadosdaDirec¸ão-GeraldeSaúderelativosàsunidadesde cuidadosintensivoshospitalares11revelamqueeste
deantibióticosemPortugal Agentepatogénicopor classeantimicrobiana/anos 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Streptococcuspneumoniae PenicilinaRI 20 27 17 17 16 18 18 15 10 8 8 MacrólidosR - 20 19 21 23 22 22 22 15 19 21 Staphylococcusaureus Oxacilina/meticilinaR 45 46 47 48 48 53 49 53 55 54 47 Escherichiacoli AminopenicilinasR 53 58 58 59 59 58 58 56 57 59 59 AminoglicosídeosR 9 13 12 12 12 14 11 12 16 16 16 FluoroquinolonasR 26 27 29 28 30 29 28 27 27 30 32 Cefalosporinas3.agerac¸ãoR 7 8 12 10 10 10 9 10 11 14 15 CarbapenemosR - - - - <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 Enterococcusfaecallis AminopenicilinasR 4 5 <1 2 4 4 7 17 24 12 8 GentamicinaR 34 29 38 41 41 43 34 39 30 43 37 VancomicinaR 3 6 5 5 4 4 4 2 4 3 3 Enterococcusfaecium AminopenicilinasR 88 83 92 76 93 86 91 91 81 94 90 GentamicinaR 55 66 68 53 49 28 49 53 38 58 36 VancomicinaR 47 42 34 26 29 24 23 23 20 23 22 Klebsiellapneumoniae AminoglicosídeosR - - <1 13 11 19 20 27 32 32 30 FluoroquinolonasR - - <1 20 18 22 28 31 36 36 36 Cefalosporinas3.agerac¸ãoR - - - 21 17 26 28 28 35 39 37 CarbapenemosR - - - - <1 <1 <1 1 <1 <1 2 Pseudomonasaeruginosa PiperacilinaR - - - 15 14 17 17 18 19 20 24 CeftazidimaR - - - 19 16 16 13 12 15 15 15 CarbapenemosR - - - 21 15 18 16 16 20 20 21 AminoglicosídeosR - - - 17 16 11 12 14 15 15 14 FluoroquinolonasR - - - 21 19 23 21 20 26 26 24
valores muito elevados de resistência às fluoroquinolonas (89,2%) e aos carbapenemos (90,0%). Nos últimos anos, verificou-seoaparecimentodeumcloneepidémicodeA. bau-manniiemPortugal,o«sequencetype118»(ST118),queproduz carbapenemasesdotipooxacilinases–23(OXA-23),tendo-se disseminadoporvárioshospitaiseestandoasubstituiros clo-nes,atéentão,maisfrequentesemPortugal;o«sequencetype 92»(ST92),produtordecarbapenemasesdotipoOXA-23eo «sequencetype98»(ST98),produtordecarbapenemasesdo tipooxacilinases–24(OXA-24)52,53.
Conclusões
Aresistênciabacterianaaosantibióticoséumdosproblemas desaúdepúblicamaisgravesatualmente,estandoassociada aousoinadequadode antibióticos.Portugal é, nocontexto europeu,umpaíscomumconsumodeantibióticoselevado, apesar de se verificar uma diminuic¸ão em anos recentes, peloqueéimportantetomarmedidasnosentidodereduzir oconsumodestes medicamentos.EmPortugal,verificou-se um aumento da resistência aos antibióticos nas bactérias
S. aureus, K. pneumoniae e A. baumannii, enquanto as bac-térias do género Enterococcus apresentam uma diminuic¸ão da resistência. É, assim, necessário adotar estratégias que
minimizem a resistência nas espécies em que esta apre-senta umnívelelevado, ouemquehouve umaumentoda resistênciaemanosrecentes,taiscomoousoadequadode antibióticos no tratamento de infec¸õescausadas por essas espécies13eummelhorcontrolodeinfec¸õeshospitalares13,54.
Osdadospublicadossobreresistênciasbacterianassãodados recolhidosexclusivamenteemmeiohospitalar,nãotendosido encontrados dados de resistências recolhidos emcuidados primários. Apesarde considerarmosqueasinfec¸ões causa-das porestirpes resistentesemmeio ambulatório são,não rarasvezes,tratadasemmeiohospitalar,parece-nosser fun-damental arecolha dedados deresistência bacteriananos cuidadosprimários.Desse modo,poderiaserelaboradoum mapamicrobiológicodasresistênciasemambulatórioaser, subsequentemente, divulgado pelos profissionais de saúde epopulac¸ão.Alémdisso,apromoc¸ãodacomunicac¸ãoedo fluxodeinformac¸ãoentreoscuidadosprimárioseos cuida-dosdiferenciados poderámelhorar asmedidasdecombate aoproblemadesaúdepúblicaqueasresistênciasbacterianas representam.
Uma outra medida a tomar, com vista a prevenir a emergência e disseminac¸ão das resistências bacterianas, é restringiroconsumodeantibióticosnapráticaveterináriae naproduc¸ãoanimal,atividadesresponsáveispeloconsumo inadequadodemuitosantibióticosepelaselec¸ãodeestirpes
resistentesquedepoissetransmitemparaoutrosanimaise paraoshumanos.
Financiamento
ProjetofinanciadopelaFundacãoparaaCiênciaeTecnologia (FCT) (PTDC/SAU-ESA/105530/2008), Ministério da Educacão e Ciência e co-financiado pelo FEDER através do POFC--COMPETE.iB.
Agradecimentos
OsautoresagradecemaoiBiMED(UID/BIM/04501/2013).
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
b
i
b
l
i
o
g
r
a
f
i
a
1. WorldHealthOrganization.Containingantimicrobial resistance.Geneva,Switzerland:WHO;2005.(WHOPolicy PerspectivesonMedicines;10).
2. LivermoreDM.Minimisingantibioticresistance.LancetInfect Dis.2005;5:450–9.
3. KollefMH.Inadequateantimicrobialtreatment:Animportant determinantofoutcomeforhospitalizedpatients.ClinInfect Dis.2000;31Suppl4:S131–8.
4. KollefMH,ShermanG,WardS,FraserVJ.Inadequate antimicrobialtreatmentofinfections:Ariskfactorfor hospitalmortalityamongcriticallyillpatients.Chest. 1999;115:462–74.
5. KoppBJ,NixDE,ArmstrongEP.Clinicalandeconomicanalysis ofmethicillin-susceptibleand-resistantStaphylococcus aureusinfections.AnnPharmacother.2004;38:1377–82. 6. ReedSD,FriedmanJY,EngemannJJ,GriffithsRI,AnstromKJ,
KayeKS,etal.Costsandoutcomesamong
hemodialysis-dependentpatientswithmethicillin-resistant ormethicillin-susceptibleStaphylococcusaureusbacteremia. InfectControlHospEpidemiol.2005;26:175–83.
7. Portugal.MinistériodaSaúde.Direc¸ão-GeraldeSaúde. ProgramaNacionaldePrevenc¸ãodasResistênciasaos Antimicrobianos.ProgramaNacionaldePrevenc¸ãoeControlo dasInfec¸õesAssociadasaosCuidadosdeSaúde.Lisboa: Direc¸ão-GeraldeSaúde;2009.[citado8Jan2013].Disponível em:http://www.dgs.pt/.
8. EuropeanCentreforDiseasePreventionandControl. EuropeanAntimicrobialResistanceSurveillanceNetwork (EARS-Net).Stockholm:ECDC;2010.[citado18Jan2013]. Disponívelem:http://www.ecdc.europa.eu/.
9. EuropeanCentreforDiseasePreventionandControl.ECDC surveillancereport:Surveillanceofantimicrobial
consumptioninEurope2012.Stockholm:ECDC;2014.[citado 8Ago2015].Disponívelem:http://www.ecdc.europa.eu/. 10.FerechM,CoenenS,Malhotra-KumarS,DvorakovaK,
HendrickxE,SuetensC,etal.EuropeanSurveillanceof AntimicrobialConsumption(ESAC):Outpatientantibioticuse inEurope.JAntimicrobChemother.2006;58:401–7.
11.ObservatórioPortuguêsdeSistemasdeSaúde.Relatóriode Primavera2011:dadepressãodacriseparaagovernac¸ão prospetivadasaúde.Lisboa:OPSS;2011.
12.BronzwaerSLAM,CarsO,BuchholzU,MölstadS,GoettschW, VeldhuijzenIK,etal.Therelationshipbetweenantimicrobial useandantimicrobialresistanceinEurope.EmergInfectDis. 2002;8:278–82.
13.HawkeyPM.Thegrowingburdenofantimicrobialresistance.J AntimicrobChemother.2008;62Suppl1:i1–9.
14.RamalhinhoI,CabritaJ,RibeirinhoM,VieiraI.Evoluc¸ãodo consumodeantibióticosemPortugalContinental(2000-2007). Lisboa:FaculdadedeFarmáciadaUniversidadedeLisboa; 2010.
15.SteinkeD,DaveyP.Associationbetweenantibioticresistance andcommunityprescribing:Acriticalreviewofbiasand confoundinginpublishedstudies.ClinInfectDis. 2001;33:S193–205.
16.WorldHealthOrganization.TheWorldMedicinesSituation 2011:Rationaluseofantibiotics.Geneva,Switzerland:WHO; 2011.
17.RossignoliA,ClavennaA,BonatiM.Antibioticprescription andprevalencerateintheoutpatientpaediatricpopulation: Analysisofsurveyspublishedduring2000-2005.EurJClin Pharmacol.2007;63:1099–106.
18.VazquezME,PastorE,BachillerMR,VazquezMJ,EirosJM. Geographicvariabilityinprescribingantibioticsinthe pediatricpopulationofCastilleandLeonduring2001-2005. RevEspQuimioter.2006;19:342–8.
19.YagueA.Variabilityintheprescriptionofantibiotics.Enferm InfeccMicrobiolClin.2002;20:78–84.
20.DavyT,DickPT,MunkP.Self-reportedprescribingof antibioticsforchildrenwithundifferentiatedacute respiratorytractinfectionswithcough.PediatrInfectDisJ. 1998;17:457–62.
21.Teixeira-RodriguesA,RoqueF,FalcaoA,FigueirasA,Herdeiro MT.Understandingphysicianantibioticprescribing
behaviour:Asystematicreviewofqualitativestudies.IntJ AntimicrobAgents.2013;41:203–12.
22.GrigoryanL,BurgerhofJGM,Haaijer-RuskampFM,DegenerJE, DeschepperR,MonnetDL,etal.Isself-medicationwith antibioticsinEuropedrivenbyprescribeduse?JAntimicrob Chemother.2007;59:152–6.
23.GrigoryanL,BurgerhofJGM,DegenerJE,DeschepperR, LundborgCS,MonnetDL,etal.Determinantsof
self-medicationwithantibioticsinEurope:Theimpactof beliefs,countrywealthandthehealthcaresystem.J AntimicrobChemother.2008;61:1172–9.
24.CamposJ,FerechM,LázaroE,deAbajoF,OteoJ,StephensP, etal.Surveillanceofoutpatientantibioticconsumption inSpainaccordingtosalesdataandreimbursementdata. JAntimicrobChemother.2007;60:698–701.
25.GrigoryanL,Haaijer-RuskampFM,BurgerhofJG,MechtlerR, DeschepperR,Tambic-AndrasevicA,etal.Self-medication withantimicrobialdrugsinEurope.EmergInfectDis. 2006;12:452–9.
26.RoqueF,SoaresS,BreitenfeldL,Lopez-DuranA,FigueirasA, HerdeiroMT.Attitudesofcommunitypharmaciststo antibioticdispensingandmicrobialresistance:A qualitativestudyinPortugal.IntJClinPharm.2013;35: 417–24.
27.GrigoryanL,BurgerhofJGM,DegenerJE,DeschepperR, LundborgCS,MonnetDL,etal.Attitudes,beliefsand knowledgeconcerningantibioticuseandself-medication:A comparativeEuropeanstudy.PharmacoepidemiolDrugSaf. 2007;16:1234–43.
28.VandenBogaardAE,StobberinghEE.Epidemiologyof resistancetoantibiotics:Linksbetweenanimalsandhumans. IntJAntimicrobAgents.2000;14:327–35.
29.VandenBogaardAE,JensenLB,StobberinghEE.
Vancomycin-resistantenterococciinturkeysandfarmers.N EnglJMed.1997;337:1558–9.
30.CoglianiC,GoossensH,GrekoC.Restrictingantimicrobialuse infoodanimals:LessonsfromEurope:Banningnonessential antibioticusesinfoodanimalsisintendedtoreducepoolsof resistancegenes.Microbe.2011;6:274–9.
31.OhmaeK,YonezawaS,TerakadoN.Rplasmidwithcarbadox resistancefromEscherichiacoliofporcineorigin.Antimicrob AgentsChemother.1981;19:86–90.
33.ForbesBA,SahmDF,WeissfeldAS.Diagnosticmicrobiology. 12thed.St.Louis,MO:MosbyElsevier;2007.
34.HawkeyPM,JonesAM.Thechangingepidemiologyof resistance.JAntimicrobChemother.2009;64Suppl1:i3–10. 35.GrundmannH,Aires-de-SousaM,BoyceJ,TiemersmaE.
Emergenceandresurgenceofmeticillin-resistant Staphylococcusaureusasapublic-healththreat.Lancet. 2006;368:874–85.
36.DuckworthGJ,LothianJL,WilliamsJD.Methicillin-resistant Staphylococcusaureus:ReportofanoutbreakinaLondon teachinghospital.JHospInfect.1988;11:1–15.
37.GouldIM.Theepidemiologyofantibioticresistance.IntJ AntimicrobAgents.2008;32Suppl1:S2–9.
38.UttleyAH,GeorgeRC,NaidooJ,WoodfordN,JohnsonAP, CollinsCH,etal.High-levelvancomycin-resistantenterococci causinghospitalinfections.EpidemiolInfect.1989;103:173–81. 39.MorrisJG,ShayDK,HebdenJN,McCarterRJJr,PerdueBE,
JarvisW,etal.Enterococciresistanttomultipleantimicrobial agents,includingvancomycin:Establishmentofendemicity inauniversitymedicalcenter.AnnInternMed.
1995;123:250–9.
40.CaminsBC,FarleyMM,JerniganJJ,RaySM,SteinbergJP, BlumbergHM.Apopulation-basedinvestigationofinvasive vancomycin-resistantEnterococcusinfectioninmetropolitan Atlanta,Georgia,andpredictorsofmortality.InfectControl HospEpidemiol.2007;28:983–91.
41.JacobyGA,MedeirosAA.Moreextended-spectrum beta-lactamases.AntimicrobAgentsChemother. 1991;35:1697–704.
42.EuropeanCentreforDiseasePreventionandControl. AntimicrobialresistancesurveillanceinEurope2012:Annual ReportoftheEuropeanAntimicrobialResistanceSurveillance Network.Stockholm:ECDC;2013(EARS-Net).
43.CastanheiraM,SaderHS,DeshpandeLM,FritscheTR,Jones RN.Antimicrobialactivitiesoftigecyclineandother broad-spectrumantimicrobialstestedagainstserine carbapenemase-andmetallo-beta-lactamase-producing Enterobacteriaceae:ReportfromtheSENTRYAntimicrobial SurveillanceProgram.AntimicrobAgentsChemother. 2008;52:570–3.
44.HouangET,ChuYW,LeungCM,ChuKY,BerlauJ,NgKC,etal. Epidemiologyandinfectioncontrolimplicationsof
AcinetobactersppinHongKong.JClinMicrobiol. 2001;39:228–34.
epidemiologicalfeatures.ClinMicrobiolRev.1996;9:148–65. 46.Portugal.MinistériodaSaúde.Direc¸ão-GeraldaSaúde.
ProgramaNacionaldePrevenc¸ãodasResistênciasaos Antimicrobianos.Lisboa:DGS.MinistériodaSaúde;2009. 47.EuropeanCentreforDiseasePreventionandControl.
SurveillanceReport:Antimicrobialresistancesurveillancein Europe2013:AnnualReportoftheEuropeanAntimicrobial ResistanceSurveillanceNetwork(EARS-Net).Stockholm: ECDC;2014.[citado6Ago2015].Disponívelem:
http://www.ecdc.europa.eu/.
48.AmorimML,FariaNA,OliveiraDC,VasconcelosC,CabedaJC, MendesAC,etal.Changesintheclonalnatureandantibiotic resistanceprofilesofmethicillin-resistantStaphylococcus aureusisolatesassociatedwithspreadoftheEMRSA-15clone inatertiarycarePortuguesehospital.JClinMicrobiol. 2007;45:2881–8.
49.CorreaAM,SanzJC,delasCuevasC,GuiuA,DomingoD, AlarcónT,etal.Pneumococcalbacteremiainadultpatientsat ahospitalinMadrid:Serotypesandsusceptibility.RevEsp Quimioter.2012;25:155–60.
50.PicozziS,RicciC,GaetaM,MacchiA,DinangE,PaolaG,etal. Dowereallyknowtheprevalenceofmulti-drugresistant Escherichiacoliintheterritorialandnosocomialpopulation? UrolAnn.2013;5:25–9.
51.NeonakisIK,SamonisG,MessaritakisH,BaritakiS, GeorgiladakisA,MarakiS,etal.Resistancestatusand evolutiontrendsofKlebsiellapneumoniaeisolatesina universityhospitalinGreece:Ineffectivenessofcarbapenems andincreasingresistancetocolistin.Chemotherapy. 2010;56:448–52.
52.GrossoF,QuinteiraS,PeixeL.Understandingthedynamicsof imipenemresistantAcinetobacterbaumanniilineageswithin Portugal.ClinMicrobiolInfect.2011;17:1275–9.
53.ManageiroV,Jones-DiasD,FerreiraE,LouroD,CanicaM. Geneticdiversityandclonalevolutionof
carbapenem-resistantAcinetobacterbaumanniiisolatesfrom PortugalandthedisseminationofST118.IntJAntimicrob Agents.2012;40:398–403.
54.BissonG,FishmanNO,PatelJB,EdelsteinPH,LautenbachE. Extended-spectrumbeta-lactamase-producing
EscherichiacoliandKlebsiellaspecies:Riskfactorsfor colonizationandimpactofantimicrobialformulary
interventionsoncolonizationprevalence.InfectControlHosp Epidemiol.2002;23:254–60.