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Indicadores de vulnerabilidade e percepção do risco de alagamentos: estudo de caso no município de Macau/RN - Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDONORTE

CENTRODECIÊNCIASHUMANAS,LETRASEARTES

CURSODEGEOGRAFIA

PROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEPESQUISAEMGEOGRAFIA

ELZAEDIMARASOARESDASILVA

NATAL/RN 2019

INDICADORES DE VULNERABILIDADE E PERCEPÇÃO DO RISCO DE ALAGAMENTOS:

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ELZA EDIMARA SOARES DA SILVA

INDICADORES DE VULNERABILIDADE E PERCEPÇÃO DO RISCO DE ALAGAMENTOS:

ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE MACAU/RN - BRASIL

Dissertação apresentada ao curso de Pós-graduação em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida.

NATAL/RN 2019

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ELZA EDIMARA SOARES DA SILVA

INDICADORES DE VULNERABILIDADE E PERCEPÇÃO DO RISCO DE ALAGAMENTOS:

ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE MACAU/RN - BRASIL

Dissertação apresentada ao curso de Pós-graduação em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Geografia.

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BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida

Orientador(a)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

______________________________________ Prof. Dr. Adriano Lima Troleis

Membro interno

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

______________________________________ Dra. Francisca Leiliane Sousa de Oliveira

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DEDICO

A todos que acreditaram no meu potencial e neste trabalho, quando nem eu mesma acreditava.

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AGRADECIMENTOS

Escrever esta parte do trabalho significa MUITO para mim. Engana-se quem pensa que estamos sozinhos nas lutas da vida. E na pós-graduação não é diferente. Por trás de todas as madrugadas de silêncio e pensamentos atordoados, sempre existiram pessoas que me acompanharam, desde o processo seletivo, até o fim desta jornada. Estes agradecimentos são tão importantes quanto meus mapas, resultados, análises e conclusões. Muitos são os obstáculos a serem vencidos até chegarmos ao dia de colocar o tão esperado ponto final no trabalho! Durante todo o percurso de realização deste trabalho, pude contar com a colaboração da minha família e de diversos (as) amigos (as), os quais foram de suma importância para o meu sucesso até aqui. Sendo assim, eu agradeço:

À minha mamãe e a tia Zélia... Obrigada por todas as vezes que vocês se disponibilizaram a me acompanhar nessa longa jornada acadêmica, que durou 07 anos... Por todos os cafés, almoços, auxílios financeiros, apoio emocional... Por serem minha fortaleza e alicerce!

À Letícia, companheira de todas as aventuras acadêmicas desde a graduação até aqui... A vida nos presenteia com amigos e irmãos ao longo do caminho, e você ocupa as duas funções no meu coração! Você divide comigo, o papel de protagonista nessa história!

À Bruna, por dividir sua vida comigo desde 2017... Quem diria, que essa amizade iria se transformar num laço tão lindo de irmandade!

Ao Vítor Spinelli, por todas as contribuições dadas, regadas a pizza e Heineken!!

À Marysol e Joyce grandes amigas, companheiras e confidentes... Agradeço imensamente por todo o apoio acadêmico e emocional!

À Leila, pelos momentos de descontração, conversas, parcerias, conselhos, puxões de orelha, paciência, muitos e muitos auxílios nesse trabalho, amizade e pela frase que sempre levarei comigo: ''tudo ao seu tempo''!

À Juliana, por todo o apoio incondicional, amizade, parceria, vinhos, pizzas e tantos outros momentos...

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Aos grandes parceiros que fiz na turma 2017 desse curso tão cheio de altos e baixos, pelos 02 anos de uma calorosa e divertida companhia... Foram momentos ímpares que pretendo levar comigo para sempre! Nem preciso citar nomes, pois cada um sabe a importância que tem!

Aos meus companheiros de pesquisa do GEORISCO, família que me acolheu desde 2013;

Aos parceiros de trabalho conquistados em Macau: Camilo e Cledmilson... Por me possibilitarem o acesso a arquivos e dados do município, além de acompanharem de perto, toda a coleta de dados... Vocês foram peças fundamentais na conquista desse resultado! A união entre o poder público e a universidade é de suma importância para o desenvolvimento de ambas, pois possibilita parcerias e resultados incríveis.

Aos amigos da graduação, (e por que não, da vida?) por me darem todo o apoio e por todo o companheirismo: Lucas Souto, Lucas Costa, Victor Queiroz, Talita Câmara;

Aos amigos da sala 515, com quem dividi muitas horas de angústia e estudos;

Aos amigos da sala 512, por me acolherem sempre que eu estava sem teto para estudar... Welton, Cristóvão, Rafael, Léo... Vocês são show!!

Um MUITO OBRIGADA ao meu orientador, Lutiane Almeida, por toda a paciência, por sempre acreditar no meu potencial, por me fazer andar com minhas próprias pernas nos caminhos acadêmicos, mas sempre presente para os devidos elogios ou puxões de orelhas, necessários... Eu não poderia ter sido orientada por outro professor. Você é um exemplo de professor, pesquisador, profissional e pessoa!

Ao Prof. Dr. Adriano Troleis, por toda sua contribuição durante esta etapa, desde o meu estágio docência, passando pela qualificação até o momento da defesa;

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Aos colegas que me auxiliaram em campos, mapas, tabulações, cálculos, padronizações, processamento de imagens: Anderson, Zé Luiz, Andreza, Débora, Erick, Dyego, Pedro, Vinnícius, Ana Clara, Eduardo, Carol, Vavá, Gabryel, Gilmar e Jonathan.

Aos meus colegas de trabalho da Stone Pagamentos, por me aguentarem nesses 07 meses de choro, nervosismo e desesperança... Agora a vida muda!

Aos que não estão mais nesse plano, mas que com certeza mandam boas vibrações que refletem positivamente na minha vida (vovô, vovó, irmão, mãe, tios...)

Enfim... A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a minha formação e para os resultados desse trabalho!

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“Você tem que ter uma atitude positiva e tirar o melhor da situação na qual se encontra”. (Stephen Hawking)

“Seja resiliente, acredite na sua força, no seu potencial, creia que é capaz e você será”. (Roger Stankewski)

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”. (Albert Einstein)

“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. (Charles Chaplin)

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa concentrou-se em elaborar indicadores que pudessem mensurar a percepção, capacidade de lidar e capacidade adaptativa dos moradores da sede urbana do município de Macau/RN. Como referência norteadora de toda a pesquisa, utilizou-se a metodologia de Oliveira (2018) a qual baseou-se na metodologia desenvolvida pela UNU-EHS (Institute for Environment and Human Security), no World Risk Index, através de quatro componentes: exposição, suscetibilidade, capacidade de lidar e capacidade adaptativa. Após adaptar a metodologia para a escala necessária à análise da área de estudos, os dados foram espacializados em mapas, possibilitando a construção do índice de vulnerabilidade para o local. Como estudo de caso, essa metodologia foi aplicada na área urbana do município de Macau/RN. Os Índices podem auxiliar na tomada de decisões dos gestores públicos sobre os alagamentos e inundações que ocorrem constantemente na região, além de empoderar a população com conhecimento sobre a situação de vulnerabilidade na qual estão inseridas. Além disso, expõe uma metodologia que pode contribuir com o desenvolvimento de ações de gestão de risco, bem como prevenção dos desastres. Dessa forma, o trabalho realizado com indicadores locais segue a lógica de priorizar as informações específicas do local de estudo, facilitando a organização dos dados em um único local que possa servir para a compreensão das prioridades do local, bem como formulação de cuidados comunitários, dando mais força para auxiliar na tomada de decisão tanto para a preparação/prevenção de desastres, quanto para o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Palavras-chave: Redução do risco de desastres. Índice de vulnerabilidade. Alagamentos.

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ABSTRACT

The objective of this research was to develop indicators that could measure the perception, coping and adaptive capacity of residents of the urban headquarters of the municipality of Macau / RN. As a guiding reference for all research, we used the methodology of Oliveira (2018), which was based on the methodology developed by the UNU-EHS (Institute for Environment and Human Security), in the World Risk Index, through four components: exposure, susceptibility, coping and adaptive capacity. After adapting the methodology to the scale required for the analysis of the study area, the data were spatially mapped, enabling the construction of the vulnerability index for the site. As a case study, this methodology was applied in the urban area of Macau / RN. The Indexes can assist in decision-making by public managers about the constant flooding and flooding in the region, as well as empowering the population with knowledge of the vulnerability situation in which they operate. It also exposes a methodology that can contribute to the development of risk management actions as well as disaster prevention. Thus, work with local indicators follows the logic of prioritizing site-specific information, facilitating the organization of data in a single location that can serve to understand site priorities as well as community care formulation, more strength to assist in decision-making for both disaster preparedness / prevention and sustainable community development.

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LISTADEFIGURAS

Figura 1 - Pirâmide etária do Município em 2010 ... 29

Figura 2 - Setores censitários em Macau ... 31

Figura 3 - Desenho antigo do centro urbano de Macau ... 33

Figura 4 - Mapa de localização das áreas suscetíveis a alagamentos no centro de Macau ... 35

Figura 5 - Mapa das áreas de alagamento ou com risco de inundação em Macau ... 37

Figura 6 - Rua do centro de Macau após fortes chuvas em mar/2018 ... 38

Figura 7 - Área do centro após chuvas em março de 2018. ... 39

Figura 8 - Setor centro (C) e seus subsetores ... 51

Figura 9 - Setor porto de São Pedro (P) e seus subsetores ... 53

Figura 10 - Setor Valadão (V) e seus subsetores ... 55

Figura 11 - Setor navegantes ... 57

Figura 12 - Setor arnóbio abreu ... 59

Figura 13 - Frequência anual de inundações no Brasil ... 62

Figura 14 - Afetados a desastres e suas consequências ... 63

Figura 15 – Esgoto doméstico sendo despejado em canaleta para o escoamento de águas pluviais. ... 66

Figura 16 – Esgoto doméstico sendo despejado na rua, no bairro centro. ... 67

Figura 17 - Canal do rio cheio de lixo ... 67

Figura 18 - Estimativa de pessoas no centro urbano ... 69

Figura 19 - Rua sem acessibilidade, no bairro Porto de São Pedro. ... 70

Figura 20 – Percentual dos grupos mais vulneráveis na sede urbana do município ... 70

Figura 21 – top 10 dos subsetores menos suscetíveis a alagamentos e inundações. ... 71

Figura 22 - Família em condições precárias, no bairro Arnóbio abreu, área de expansão da zona urbana de Macau/RN. ... 72

Figura 23 - Nível das calçadas em residências do bairro Centro. ... 73

Figura 24 – Mapa de Suscetibilidade no centro urbano de Macau/RN. ... 74

Figura 25 - Capacidade de Lidar ... 75

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Figura 27 - Capacidade adaptativa ... 79

Figura 28 - Capacidade adaptativa ... 80

Figura 29 - Índice de vulnerabilidade do centro urbano de Macau ... 82 Figura 30 - Galeria para o escoamento de água, que cruza boa parte do centro..75 Figura 31 - Galerias contendo águas servidas e lixo...76

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LISTADEQUADROS

Quadro 1 - Tipos de riscos e suas definições ... 18 Quadro 2 – Atividades de campo realizadas o município ... 43 Quadro 3 - Ocorrência de inundações por estado NE com destaque para o RN .. 61 Quadro 4 - Indicadores de risco ... 65

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LISTADETABELAS

Tabela 1 - Código dos subsetores, questionários e total aplicados para o setor C 52 Tabela 2 - Código dos subsetores, questionários e total aplicados para o setor P 54 Tabela 3 - Código dos subsetores, questionários e total aplicados para o setor V 56 Tabela 4 - Código dos subsetores, questionários e total aplicados para o setor N 58 Tabela 5 - Código dos subsetores, questionários e total aplicados para o setor A 60 Tabela 6 - Top 10 suscetibilidade ... 72 Tabela 7 - Top 10 capacidade de lidar ... 76

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LISTADEABREVIATURAS

GEORISCO Grupo de Pesquisa em Dinâmicas Ambientais, Riscos e Ordenamento do Território

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LISTADESIGLAS

ARP Aeronave Remotamente Pilotada

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

IRDB Indicadores de Risco de Desastres no Brasil ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ONU Organização das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto

RRD Redução do Risco de Desastres RN Rio Grande do Norte

SIG Sistema de Informações Geográficas

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization -

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNISDR United Nations Office for Disaster Risk Reduction - Estratégia

Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres

WCDR World Conference on Disaster Reduction - Conferência Mundial Sobre

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO 14

2.1 Risco, perigo e vulnerabilidade: conceitos e abordagens a partir da Ciência Geográfica 15

2.1.1 O conceito de risco e vulnerabilidade 16

2.1.2 Os conceitos de percepção e suscetibilidade aplicados ao estudo dos riscos 22

2.1.4 Capacidade de lidar e capacidade adaptativa 25

3 CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS 28

3.1 Localização e breve caracterização do Município de Macau - RN 28

3.2 Caracterização do centro urbano de Macau – RN 31

3.2.1. Perfil socioeconômico da população urbana 33

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 40

4.1 Procedimentos metodológicos e técnico-operacionais 41 4.2 Atividade de campo: coleta de dados, aplicação de questionários e validação espacial

43

5 RESULTADOS: O ÍNDICE DE VULNERABILIDADE – InV E OS MAPAS 64

5.1 Identificação e avaliação da vulnerabilidade na sede municipal de Macau/RN 64

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1 INTRODUÇÃO

As modificações antrópicas realizadas no meio ambiente estão diretamente relacionadas a fatores externos, os quais não levam em consideração as características do lugar. Tais fatores influenciam na vulnerabilidade socioambiental, trazendo desafios na gestão de risco de desastres. Quando destacamos a aplicação das temáticas globais em estruturas locais, o desafio é ainda maior, pois é necessário entender a dinâmica em microescala, para dessa forma adaptar o necessário.

Para Birkmann et al. (2013) o risco e a vulnerabilidade são entendidos como fenômenos contínuos, já que estão presentes no lugar independente do tempo ou do espaço, diferente do desastre, o qual é o resultado da combinação destes anteriores. Para estes autores, o desastre é tido como intermediador na descentralização de comunidades ou sociedades, trazendo mudanças nos modelos de administração pública, sobretudo na gestão de recursos e elaboração de medidas mitigadoras e de adaptação.

Em janeiro de 2019, o desastre de Brumadinho ocorrido no Estado de Minas Gerais, após o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração, marcou o país, no que diz respeito a desastres de grandes magnitudes. Foram registradas 249 mortes e 21 pessoas seguem desaparecidas. Isso trouxe à tona a discussão sobre o projeto de lei que estabelece regras mais rígidas para a atividade mineradora, o qual foi fortalecido finalmente sancionado.

Para mensurar o impacto de um desastre ocorrido a partir de eventos extremos, é necessária uma análise criteriosa da vulnerabilidade da área ou da sociedade atingida. Por este motivo, é de suma importância trazer o olhar para uma escala maior, com mais detalhes, levando em consideração o microlocal, já que quando ocorrem desastres nestas áreas, estes são ainda mais negligenciados, frente aos grandes desastres.

Diante disso, tornou-se cada vez mais importante, a implementação de ações que busquem a Redução do Risco de Desastres (RRD) que de acordo com a Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (United

Nations Office for Disaster Risk Reduction - UNISDR, 2009) é a prática de dirimir ou

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No que diz respeito à escala desta pesquisa, esta foi pensada a partir da análise espacial e temporal do objeto de estudos. Para isso, decidiu-se utilizar a sede urbana do município de Macau – RN, levando em consideração o microlocal, como mostra o mapa da figura 01.

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Figura 1: Sede urbana do município de Macau, RN. e

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Neste sentido, entende-se que a suscetibilidade da população da área de estudos está diretamente relacionada às variáveis sociais e ambientais externas, bem como a percepção destas, e que a capacidade adaptativa é variável a partir das classes da população.

Destarte, os resultados desta pesquisa mostram a percepção da população em relação à sua vulnerabilidade frente aos fenômenos de alagamento. Tais resultados poderão ser aplicados na elaboração de medidas para adaptação às consequências desses eventos, através da análise e interpretação de imagens de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) e mapas elaborados.

Outro ponto importante na discussão de percepção e suscetibilidade trata-se dos eventos extremos, como as chuvas torrenciais e as estiagens prolongadas, as quais afetam diretamente a dinâmica natural e social do município em questão.

Buscando-se responder este questionamento, parte-se do pressuposto hipotético de que as inundações irão alterar a dinâmica natural e a produção do espaço no local, favorecendo a intensificação e/ou aparecimento de territórios de risco, como também estimulando a percepção da população frente a esse fenômeno. Com base no que foi exposto, o objetivo principal deste trabalho concentrou-se em elaborar indicadores que pudessem mensurar a percepção, capacidade de lidar e a capacidade adaptativa dos moradores da sede urbana do município de Macau/RN face às possíveis ocorrências de alagamento, a fim de identificar as áreas suscetíveis a tal.

Foram levados em consideração aspectos relacionados à degradação ambiental e impermeabilização do solo, como também as áreas de risco já mapeadas pela Prefeitura Municipal. Sobre os objetivos específicos, concentraram-se em:

● Discutir os conceitos de risco, perigo, vulnerabilidade e desastres, sobre o âmbito da ciência geográfica, a fim de dar suporte teórico ao estudo;

● Identificar os principais riscos existentes no município, com o intuito de quantificar as áreas mais e/ou menos vulneráveis, de acordo com seus níveis de exposição;

● Elaborar um conjunto de indicadores que pudessem subsidiar a busca por respostas relacionadas à percepção, capacidade de lidar e capacidade adaptativa da população;

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● Elaborar e analisar os mapas de suscetibilidade, capacidade adaptativa e capacidade de lidar, a partir da criação de um banco de dados em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas) indicando a população mais exposta, vulnerável e as áreas em situação de risco a desastres em diferentes níveis, na sede municipal de Macau.

● Contribuir para o mapeamento da suscetibilidade em escala local.

Para tanto, foi realizado o mapeamento das áreas impactadas, levando em consideração seus aspectos físicos e sociais. Tal mapeamento foi realizado através de ARP, tendo em vista sua escala de detalhes de maior precisão, em centímetros.

Este trabalho possibilitou uma análise da percepção da população sobre o risco de alagamento e suas consequências para eles. Contribuiu também na identificação de áreas de com grau significativo de exposição a inundações, como também na produção de materiais e ferramentas para o planejamento territorial.

Para que os objetivos expostos nesta pesquisa fossem atingidos, seguiram-se alguns procedimentos metodológicos, tais como pesquisa, além da utilização de geotecnologias com ênfase na utilização dos ARP’s para o mapeamento de áreas. Foram realizados trabalhos de campo para o mapeamento aerofotográfico, além da aplicação de questionários para a elaboração do Índice de Risco (InRisco). Por fim, foi feita a sobreposição dos indicadores de percepção, capacidade de lidar e a capacidade adaptativa dos moradores do município, chegando, assim, aos resultados finais da pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

As referências bibliográficas discutidas a seguir têm o objetivo de abordar os conceitos e abordagens teóricas e metodológicas de risco e vulnerabilidade na Geografia, levando em consideração a teoria geossistêmica como subsídio para o desenvolvimento da discussão. Para atingir o objetivo deste capítulo, é necessário que a definição da concepção sobre “risco”, “perigo” e “vulnerabilidade” e suas respectivas relações com a área a ser estudada e com a temática da pesquisa estejam de acordo com o que mais se aproxima do debate da ciência geográfica (além do

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mais, essas expressões serão tratadas ao longo de todo o trabalho) traçando a evolução destes conceitos, abordando também a temática relacionando-a às áreas costeiras.

A partir desta fundamentação teórica, bem como das referências bibliográficas citadas ao longo do trabalho, foi possível dar os devidos encaminhamentos e os primeiros passos desta pesquisa, como também, serviu de embasamento para as discussões metodológicas e apreciação dos resultados, sendo possível atender os objetivos da pesquisa.

2.1 RISCO, PERIGO E VULNERABILIDADE: CONCEITOS E ABORDAGENS A PARTIR DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA

Ao tratarmos das relações entre a sociedade e a natureza, devemos considerar as influências trazidas por cada um desses meios, na vida do homem. Considerando a relação intrínseca entre o homem e o meio em que ele vive, sobretudo, em seus aspectos físicos e sociais, a discussão sobre o conceito de risco é de extrema importância, em razão da emergência deste tema a nível local, nacional e mundial.

Para tanto, é válido trazer um paralelo sobre os conceitos de espaço geográfico, objeto de estudo da ciência geográfica, e paisagem, uma de suas categorias de análise, como forma de contextualizar a importância da abordagem destes conceitos, nos estudos geográficos. Segundo Santos (1988), o espaço seria o conjunto de objetos e ações, que se materializam sobre estes objetos. Em outras palavras, o espaço trata-se do resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, considerando seus objetos naturais e artificiais.

No que diz respeito ao conceito de paisagem na geografia, este se configura como chave para o entendimento dos processos desenvolvidos no espaço, referentes à interação dos elementos naturais e antrópicos. Sobre isso, Bertrand afirma que a paisagem:

É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. (BERTRAND, 2004, p. 141.)

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Dessa forma, a paisagem encontra-se inserida no espaço, porém sua dinâmica difere-se deste em razão da sua constante evolução ao longo do tempo. Assim, o estudo das variáveis da paisagem é de suma importância para realizar a identificação dos componentes responsáveis por sua intensa dinâmica.

Tradicionalmente, o estudo do espaço geográfico tem como base os seus componentes naturais, sendo um marco histórico da ciência geográfica. Aos geógrafos, principalmente físicos, eram atribuídos os estudos destes aspectos naturais do espaço. Assim ocorreu até a década de 1960, quando o interesse pelas relações entre o meio ambiente e a sociedade ganharam maior visibilidade (ALMEIDA, 2011). A partir de então surgiram os primeiros, e hoje clássicos, trabalhos sobre “natural hazards” (perigos naturais).

Os estudos pautados na análise dos riscos naturais na geografia tiveram seu início na década de 1920, sendo anteriores aos estudos geossistêmicos. Porém, os resultados destas pesquisas não levaram em consideração o meio social. Apenas na década de 1980, após todas as mudanças ocorridas na sociedade em razão da II Guerra Mundial, os estudos pautados na análise dos riscos voltou sua atenção para os perigos de ordem antrópica.

A temática ambiental e seus vários desdobramentos (mudanças climáticas, poluição, secas, enchentes alagamentos, entre outros) estão entre as principais preocupações e discussões, sejam estas científicas, técnicas ou do senso comum e, por este motivo, é de fundamental importância que exista a discussão sobre seus desdobramentos, em diversas escalas.

A partir do reconhecimento do papel do geógrafo no estudo dos riscos naturais, justifica-se o fato de existir a necessidade de se discutir o conceito de risco, vulnerabilidade, desastres, assim como os condicionantes relacionados a ele, a exemplo de áreas urbanizadas, de fragilidade ambiental, utilizando técnicas que possibilitem atenuar os efeitos negativos trazidos pelo risco.

2.1.1 O conceito de risco e vulnerabilidade

De acordo com a Real Academia Espanhola, a palavra risco implica a proximidade de um dano que pode afetar a vida dos homens (Real Academia

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Española, 1992, p.1.562). Este termo, comumente utilizado nas ciências Econômica, Política e na Medicina, atualmente encontra-se inserido em todas as ciências. (CASTRO, 2000).

Almeida (2010) considera que os riscos e catástrofes são inerentes à modernidade, tendo em vista que com o passar dos anos, as mudanças ambientais a partir da ação antrópica, bem como o aumento populacional e consequentemente, das desigualdades sociais, o que resulta em catástrofes com maiores danos e perdas.

Conforme Veyret (2007), o risco consiste em um objeto social, já que para existir, é necessário que haja uma população (ser social) ou um(uns) indivíduo(os), pois é a partir da percepção dos indivíduos/ população de que poderá sofrer os possíveis efeitos da exposição aos riscos que estes podem existir. Sem esses atores não é possível existir o risco. Ainda de acordo com Veyret (op.cit.), os riscos podem ser assumidos, recusados, estimulados e até calculados. Dessa forma, o risco pode ser entendido como a representação de uma ameaça para quem ou o que está sujeito a ele e o percebe como algo “perigoso”.

Para Aurélio Buarque de Holanda Ferreira o significado do termo risco está relacionado ao “perigo” ou a possibilidade de perigo, onde existe a possibilidade da ocorrência de perdas ou danos.

Cardona (2003) define “natural hazard” como a probabilidade de ocorrência de um evento, em determinado período, no tempo e no espaço. Sendo assim, podemos afirmar que o perigo está diretamente relacionado ao conceito de risco, já que o risco se configura como a probabilidade de ocorrência do fenômeno e, o perigo, o fenômeno propriamente dito.

Podemos dizer então, que quanto maior o risco, maior a probabilidade de ocorrência de um evento potencialmente danoso (perigo). Dessa forma, para que possa existir o risco e o perigo, é necessário que um indivíduo ou conjunto deles esteja exposto, pois o risco está relacionado à probabilidade do acontecimento, assim como o grau de exposição também (MEDEIROS, 2014).

Castro et al., (2005) afirma que o risco está relacionado à probabilidade de acontecimentos no tempo e no espaço, levando-se em consideração a maneira com a qual estes processos afetam de forma direta ou indireta, o meio antrópico.

Almeida (2010) considera que a noção do risco confunde-se com o próprio evento o qual gera a ameaça ou perigo, o que acaba dificultando a percepção deste

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risco. Sendo assim, é importante considerar que a noção de perigo distingue-se de risco. Enquanto este se refere ao lugar, aquele faz alusão aos indivíduos que o ocupam. O perigo é um dos componentes do risco e diz respeito a uma ameaça para as pessoas e seus bens, a própria ocorrência de um evento danoso.

A análise dos riscos está definida a partir de sua relação com o desenvolvimento industrial, porém, de acordo com Cutter (1993), Augusto Filho (2001) e Castro et al. (2005), a noção do risco e sua origem é relatada desde a Babilônia antiga¹, sendo este o marco de início da análise dos riscos.

Já para Veyret, o termo risco data desde o Renascimento italiano, valorizando-se posteriormente em outros paívalorizando-ses, dado o aumento da demanda por valorizando-segurança associada à necessidade de aumento da qualidade de vida (VEYRET, 2007). É válido lembrar que, o conceito de risco é abrangente e pode se referir a diversos tipos, como mostra o quadro a seguir.

Quadro 1 - Tipos de riscos e suas definições

Tipos de risco Definições, características e exemplos

Riscos Ambientais

Riscos naturais

Riscos pressentidos, percebidos e suportados por um grupo social ou sujeito à ação passível de um processo físico natural; podem ser de origem litosférica (terremotos, desmoronamentos de solos, erupções vulcânicas), e hidroclimáticas (ciclones, tempestades, chuvas fortes, inundações, nevascas, chuvas de granizo, secas); apresentam causas físicas e escapam largamente a intervenção humana e são de difícil previsão.

Riscos naturais agravados pelo homem

Resultado de um perigo natural cujo impacto é ampliado pelas atividades humanas e pela ocupação do território; erosão, desertificação, incêndios, poluição, inundações e etc

Riscos tecnológicos

Distinguem-se em poluição crônica (fenômeno perigoso que ocorre de forma recorrente, às vezes lenta e difusa) e poluição acidental (explosões, vazamentos de produtos tóxicos, incêndios

Riscos econômicos, geopolíticos e sociais

Riscos atrelados à divisão e ao acesso a determinados recursos (renováveis ou não), que podem se traduzir em conflitos latentes ou abertos (caso das reservas de petróleo e

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água); podem ser ainda de origem nas relações econômicas na agricultura (insegurança alimentar), causas da globalização (crises econômicas), insegurança, violência em virtude da segregação socioespacial urbana, riscos a saúde (epidemias, fome, poluição, consumo de drogas e etc).

Outros tipos de risco

Ex. riscos maiores

A compreensão do risco também depende da escala de análise; o risco maior é assim considerado quando o custo de recuperação e o número de perdas humanas são relativamente elevados para os poderes públicos e seguradores; os riscos maiores correspondem a eventos de baixa frequência e grande magnitude e consequências (ex.: Chernobyl, Seveso, Bhopal, Katrina, etc.); há ainda exemplos de “territorialização” dos riscos, como é o caso específico dos riscos urbanos, em razão da complexidade e da multidimensionalidade de atores e variáveis das cidades.

Ex. riscos urbanos

Fonte: Organizado por Almeida (2010), a partir de Veyret (2007).

As interpretações e os trabalhos relacionados ao conceito de risco mostram um significativo aprofundamento sobre a temática, nas últimas décadas, com destaque para o estudo dos riscos ambientais. (AUGUSTO FILHO, 2001).

No que diz respeito à ciência geográfica, seus profissionais dedicaram, por muito tempo, os seus estudos aos aspectos físico-naturais do espaço, além de sua cronologia. Essa atribuição, de acordo com Gregory (1992), manteve-se constante até as décadas de 1950 e 1960, onde os geógrafos passaram a se interessar pelas relações entre as atividades humanas e o meio ambiente. O mesmo autor destaca ainda que, a geografia desenvolveu-se ao longo do tempo de forma isolada, em seu arcabouço teórico-metodológico, o que só mudou a partir do fim da década de 1950, quando a geografia física inseriu em seu escopo, a análise dos ambientes sob uma perspectiva socioeconômica.

O estudo dos perigos naturais aponta como uma tradição entre os geógrafos, surgida antes mesmo do “boom” referentes aos problemas ambientais, sobretudo a sua degradação, como também da questão da qualidade de vida no meio urbano (MARANDOLA JR; HOGAN, 2004).

Na década de 1980, os estudos passaram a enfatizar a relação entre perigos naturais e o subdesenvolvimento econômico, tendo em vista que este último é fator

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preponderante para a intensidade dos efeitos danosos dos desastres, como também o fato de a relação entre os perigos naturais e a economia promover a constatação de que este é um tema multidisciplinar (CASTRO, 2000; ALMEIDA, 2010).

Marandola e Hogan (2004) consideram que, no estudo dos riscos, os geógrafos se tornaram profissionais importantes para compor as análises do risco, assim como de sua natureza, pois o geógrafo é capaz de analisar o problema de uma forma holística, pelo fato de a sua formação conceitual estar relacionada ao estudo do espaço e suas relações com a dinâmica socioambiental. Os geógrafos, ao trabalharem as dimensões social e ambiental de forma simultânea, buscam identificar as interações entre a sociedade, natureza, os riscos e perigos que atingem o indivíduo e também o lugar.

Com a participação destes profissionais nos estudos, houve um maior direcionamento destes para os impactos resultantes da ação antrópica, no meio natural, devido ao fato de as investigações estarem pautadas na relação homem-natureza. É válido salientar que estes direcionamentos foram mais presentes, inicialmente, entre os geógrafos físicos, tendo em vista seu foco de estudo baseado nos elementos naturais e sociais do espaço geográfico (MARANDOLA; HOGAN, 2004).

Em nível internacional, diversos autores se destacam no estudo dos perigos naturais, os quais são bastante relevantes no que diz respeito ao desenvolvimento desses estudos, a nível nacional. A exemplo destes autores, temos o geógrafo Gilbert F. White, o qual baseava os seus estudos na ecologia humana, além de defender a ideia de que as interações socionaturais são responsáveis pela formação dos perigos naturais. (MILETI, 1999 apud ALMEIDA, 2010).

Burthon e Kates, juntamente com White, buscaram em um de seus trabalhos, trazer um histórico das pesquisas relacionadas ao risco, com o objetivo de mostrar os avanços nesta linha de pesquisa, o que fez com que este grupo se tornasse referência para os pesquisadores da área.

Considerando a temática desta pesquisa, é importante destacar o conceito de risco natural, o qual se encaixa na discussão sobre alagamentos. Sendo assim, consideramos que os riscos naturais são: Riscos pressentidos, percebidos e suportados por um grupo social ou um indivíduo sujeito à ação possível de um processo físico natural; podem ser de origem litosférica (terremotos,

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desmoronamentos de solo, erupções vulcânicas), e hidroclimática (ciclones, tempestades, chuvas fortes, inundações, nevascas, chuvas de granizo, secas); apresentam causas físicas escapam largamente à intervenção humana e são de difícil previsão (ALMEIDA, 2010, p.101).

No que diz respeito à vulnerabilidade, de acordo com Cutter (1996), existem diversas formas de abordar este conceito. Para ela, vulnerabilidade “é a probabilidade de um indivíduo ou grupo ser exposto e afetado adversamente por um perigo. Isto é, a interação de perigos do lugar (risco e mitigação) com o perfil social das comunidades”. (CUTTER apud MEDEIROS, 2014, p.32).

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC, 2014), a vulnerabilidade está relacionada à propensão ou predisposição a ser negativamente afetado; a vulnerabilidade é um conceito que incorpora outros conceitos e elementos, a exemplo da susceptibilidade a danos e falta de capacidade para lidar e se adaptar.

Para Deschamps (2004) a vulnerabilidade está diretamente ligada à probabilidade de um indivíduo ou sociedade sofrer as consequências de um fenômeno natural, levando em consideração que, áreas mais instáveis têm maiores chances de ter um grau de vulnerabilidade maior aos eventos naturais. Este pensamento confirma-se na realidade, quando observamos que, os riscos estão presentes em áreas consideradas de intensa dinâmica, como os ambientes costeiros, de encostas, áreas de planície, entre outras.

Conforme dito por Almeida (2010), a vulnerabilidade está diretamente relacionada às desigualdades sociais e espaciais, e é por este motivo que se torna imprescindível, o estudo dessas áreas, de forma individual e comparativa com outros lugares, para que se possa ter uma dimensão do grau de vulnerabilidade de áreas com características semelhantes. O mesmo autor considera ainda que a vulnerabilidade social alta está diretamente relacionada à desigualdade social, determinada por fatores como escolaridade, renda, qualidade de vida, urbanização, entre outros. Quando atrelamos estes fatores às características naturais das áreas socialmente vulneráveis, consideramos que existe uma vulnerabilidade socioambiental no local.

A vulnerabilidade apresenta-se no espaço através de ambientes perigosos, ou de perigo iminente, a exemplo de encostas, topos de morro, áreas costeiras, áreas de

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várzea, inundação, entre outras. Dessa forma, a comparação entre ambientes que oferecem determinado grau de vulnerabilidade, torna-se essencial para a compreensão do fenômeno e suas consequências para os indivíduos que estão expostos.

O risco, segundo Almeida (2011) está posto em função do Perigo e da Vulnerabilidade, o que pode ser explicado pela equação R(f) = P x V, onde P é o perigo/evento perigoso ou sua probabilidade de ocorrência e V a vulnerabilidade de um ou mais indivíduos. O conceito de vulnerabilidade abarca ainda a resiliência, adaptação e suscetibilidade, conceitos que podem ser explicados a partir da equação anterior.

Os conceitos de risco, perigo e vulnerabilidade são imprescindíveis na discussão e entendimento do fenômeno propriamente dito que está relacionado a esta categoria: o desastre. De acordo com a Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISRD), 2009, o desastre configura-se como uma espécie de perturbação, responsável por afetar de forma severa o funcionamento de uma sociedade. Esta perturbação envolve perdas humanas, materiais e /ou econômicas, e seus impactos são superiores à capacidade de àquela sociedade atingida conseguir se recuperar com recursos próprios.

Almeida (2011) cita Quarantelli (1998) para constatar que o desastre se concentra no tempo e no espaço, período onde os indivíduos expostos sentem as consequências de um perigo extremo, com destruição de serviços essenciais para eles, além das perdas humanas e materiais.

2.1.2 Os conceitos de percepção e suscetibilidade aplicados ao estudo dos riscos

A temática dos riscos ambientais sempre foi tratada por uma perspectiva objetiva, utilizando métodos tradicionais da ciência. Porém, de acordo com Souza e Zanella (2010), diante de tantas perguntas tornou-se imprescindível a utilização de abordagens alternativas para auxiliar a compreensão da relação entre o homem e os riscos.

Tal relação não se estabelece simplesmente a partir de aspectos objetivos, mas, ao contrário, é profundamente influenciada por

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questões subjetivas. Portanto, sem que se compreenda a percepção que temos dos riscos, é pouco provável que possamos chegar a conclusões razoáveis e, mais ainda, a interferir nessa relação. (SOUZA E ZANELLA, 2010, p.8)

De acordo com White (1973), os estudos sobre percepção dos riscos datam do início do século XX, nos Estados Unidos, onde foram realizadas pesquisas com o intuito de propor soluções para controlar as frequentes inundações que ocorriam tanto na área urbana quanto rural do país. Apesar destes estudos terem fornecido um bom arcabouço técnico e teórico para que os governantes pudessem gerir as áreas de risco, como análises técnicas, os resultados não levavam em consideração a percepção dos moradores sobre suas decisões e comportamentos frente às situações de risco. Somente a partir da década de 1960 foi que o geógrafo Gilbert F. White trouxe pesquisas que tinham como objetivo principal entender a relação de interdependência entre os fenômenos da sociedade e o meio natural. A expressão “risk perception” é entendida por White (1985) como o processo no qual os riscos são subjetivamente ou intuitivamente compreendidos e avaliados. Por este motivo, a percepção dos indivíduos sobre determinado fator pode ser influenciada por diversos fatores, tais como nível de instrução, o que irá nos levar a uma avaliação que considere as relações existentes entre o objetivo, ou, fato propriamente dito, operacional e o subjetivo, que é percebido pelo indivíduo. (SOUZA; ZANELLA, 2010).

É possível constatar que algumas características das situações podem influenciar a percepção do risco e a análise que cada indivíduo tem da realidade. Dentre elas destaca-se a causa do risco, as vítimas envolvidas, o possível cenário de destruição e também a intensidade das consequências. Esta última constitui o principal parâmetro de avaliação dos riscos, exatamente por estar ligada aos prejuízos. É possível encontrar autores que citam que a força do evento é o aspecto que mais exerce influência sobre a percepção, mas também percebidos pelos impactos causados.

Souza e Zanella (2010) destacam o estudo realizado por Kates (1962) que trouxe uma comparação entre a visão da sociedade e aquela dos técnicos e pesquisadores, no que dizia respeito ao risco de inundações naquele país. Foi levado em consideração o tempo de retorno destas inundações, servindo de parâmetro para que os pesquisadores pudessem avaliar a percepção dos indivíduos quanto à probabilidade da ocorrência de evento perigosos.

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Uma segunda pesquisa relacionada à percepção, também de autoria de Kates (1967), investigou a percepção dos riscos ligados às tempestades tropicais, também nos Estados Unidos. Tal pesquisa mostrou que apenas uma pequena parte da população daquelas regiões tomava algum tipo de medida preventiva para reduzir o risco. A maioria das pessoas se mostrou alheias ou até contrárias às medidas de prevenção ao risco, por motivos econômicos. (SOUZA e ZANELLA, 2010).

Adentrando aos casos das áreas de risco de inundações, é possível notar que muitas vezes os riscos são facilmente ignorados quando há a necessidade de escolha, de certa forma forçada. As vantagens da moradia são imediatas, no ato da ocupação, sendo os eventos extremos meras possibilidades. Mesmo que os indivíduos estejam conscientes das possíveis perdas futuras, as medidas preventivas não são consideradas.

Em estudo realizado por Chardon (1997) na cidade de Manizales, na Colômbia, também é possível analisar essa perspectiva. Apesar de ter abordado sobre os riscos de escorregamento, Chardon cita que a população mais pobre tende a ignorar os riscos principalmente por terem preocupações mais imediatas. Aproximadamente 28% da população entrevistada reconhece que o bairro constitui uma área de risco. Porém, mais de 75% demonstrou satisfação com o local, uma vez que a questão ambiental e os riscos são fatores secundários e não imediatos.

Assim, é possível inferir que muitos dos acidentes decorrentes de eventos extremos são reflexo do aumento da vulnerabilidade da população, da maior exposição ao risco, e não necessariamente do aumento da magnitude dos mesmos, como é pensado pela maioria. Cardona (2001) ressalta o fato de que algumas leituras impregnadas de ideologia tratam os acidentes como produtos do destino ou atos divinos, falta de sorte.

Mesmo com a importância desse tipo de análise, de acordo com Souza e Zanella (2010), a nível nacional, poucos são os trabalhos que utilizam a percepção dos riscos como elemento da pesquisa. O trabalho de Paschoal (1981) foi um dos primeiros a ser noticiado. A pesquisa buscou investigar a percepção dos moradores do bairro do Cambuci, na cidade de São Paulo, onde constantes inundações ocorreram desde a década de 1960.

Em uma importante contribuição para o estudo de percepção de risco, Souza (1999) avaliou os alunos de uma escola pública de Juiz de Fora/MG. A pesquisa

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concentrou-se em analisar o quanto os alunos percebiam os riscos existentes no bairro, principalmente os riscos relacionados a escorregamentos e inundações. Dentre os resultados, o principal destaque é para o fato dos riscos ambientais nunca terem sido abordados pelos professores em classe, mesmo os alunos demonstrando um conhecimento empírico sobre esses assuntos, analisando os fenômenos que acontecem ao seu redor. Neste aspecto, é importante destacar a influência que o debate sobre o tema pode causar no âmbito escolar, auxiliando na redução de risco de desastres, tendo em vista o poder multiplicador da informação através das crianças e jovens.

Oliveira (2018) destaca que a percepção/análise das transformações de determinado espaço geográfico e a localização dos grupos de indivíduos mais vulneráveis, podem contribuir para ações de redução de risco de desastres locais e micro-locais. É imprescindível analisar o conhecimento da população acerca dos fenômenos que a ameaça, independente da sua natureza. Através do entendimento da percepção dos riscos daqueles indivíduos, o profissional, especialmente o geógrafo, pode auxiliar em medidas de prevenção de acidentes, levando em consideração o conhecimento da comunidade local.

Dessa forma, infere-se que as pesquisas relacionadas aos riscos e eventos desastrosos que utilizam a percepção são de fundamental importância para os geógrafos. Ao trazerem resultados condizentes com a realidade daqueles que estão efetivamente inseridos em áreas de risco potencialmente vulneráveis, torna possível o reconhecimento das diferentes respostas das pessoas a diferentes tipos de eventos extremos. Tais pesquisas são importantes por serem capazes de fornecer recursos para o planejamento urbano, já que conseguem solucionar questões que as metodologias convencionais usadas pela ciência não conseguiriam.

2.1.4 Capacidade de lidar e capacidade adaptativa

Acontecimentos definidos como catástrofes ou desastres naturais têm colocado as relações entre a sociedade e a natureza no centro de debate da sociedade. Como já destaca Mendes e Tavares (2011), a problemática do risco e da vulnerabilidade

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social vem ganhando notoriedade nas discussões sobre planejamento e gestão territorial, assim como nos debates sobre preparação e capacidade de recuperação das populações diante de eventos extremos.

Ao discutirmos o fenômeno das inundações, podemos inferir que o mesmo só se torna um problema quando a população é afetada pelos seus efeitos, ou seja, quando relacionamos a sociedade e a natureza. Se partirmos do pressuposto que a alagamento é um fenômeno natural, originado de causa física, podemos criar a imagem de fenômenos não acidentais, que podem então ser previsíveis e até mesmo controláveis pelos indivíduos.

Ao pensar em um evento extremo é possível analisar a existência de quatro etapas: preparação, resposta, recuperação e mitigação dos efeitos causados. No que tange a preparação para uma possível ocorrência, é necessário considerar que se deve

(...) envolve sistemas de detecção e aviso, identificação de rotas de evacuação e abrigos, mantimentos de emergência e sistema de comunicação, procedimento para notificação e mobilização de “pessoas-chave” e pré-estabelecimento de acordo mútuo com comunidades vizinhas. Treinar e educar pessoal, cidadãos e líderes comunitários também é crucial para o processo de prevenção.” (KUHNEN, 2013, p.43)

É a análise da vulnerabilidade e dos riscos, visando identificar potenciais problemas e preparar a população para as possíveis e necessárias respostas, é primordial neste processo.

Porém, há, de certa forma, uma complexidade em definir claramente a capacidade adaptativa da população a eventos extremos. Quando analisamos os diferentes tipos de eventos, atores e suas interações com o meio, devem ser levados em consideração os diferentes indivíduos, muitas vezes as comunidades ou até mesmo os países, transcendendo limites territoriais. Como exemplo temos os furacões que ocorrem no hemisfério norte do planeta, que muitas vezes afetam diferentes estados e até mesmo diferentes países.

Portanto, a capacidade de lidar e a capacidade adaptativa estão intimamente ligadas à ideia de vulnerabilidade, variando de acordo com o tipo e a proporção dos riscos de desastres e principalmente com a localização do grupo em análise e sua realidade. É importante destacar as diversas variáveis envolvidas, principalmente

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relacionadas ao cenário social, econômico e cultural daquela população. Kuhnen (2013) cita que aspectos relacionados à etnia, gênero, status socioeconômico, recursos econômicos, idade e capacidade física, por exemplo, “têm um impacto na propensão da pessoa na preparação, evacuação e tomar medidas de mitigação”.

De acordo com o IPCC, “adaptação” é o processo de ajuste de sistemas humanos em resposta ao clima e seus efeitos, buscando minimizar danos ou explorando oportunidades benéficas de mudanças. Portanto, o ser humano busca adaptar-se como forma de evitar prejuízo. Um bom exemplo é o caso de fazendeiros na Ásia, que mudaram suas produções agrícolas para aquícolas tanto por estas terem um maior valor agregado quanto pela insustentabilidade do uso agricultável da terra. Ou seja: por questões econômicas e ambientais houve adaptação.

Kuhnen (2013) destaca que os estudos acerca das respostas à questão ambiental é uma importante fonte de informações. O acesso a informações relacionadas às realidades locais ajuda a determinar quais dados são importantes no processo de elaboração de políticas públicas. Di Giulio e Ferreira (2013) ressaltam que

“O acesso a tais informações só é possível quando há o reconhecimento de que aquelas pessoas que vivenciam o risco também possuem seu próprio conhecimento sobre os problemas que as atingem e que, portanto, devem participar do diálogo e do processo de tomada de decisão.” (p.32)

Tais autoras analisaram, em sua pesquisa, a questão dos riscos em três cidades costeiras do Litoral Norte Paulista: São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Citam que, dentre os resultados obtidos, o enfrentamento dos problemas associados às situações de risco nos locais estudados caracteriza-se pelo atraso ou pela ausência de ações institucionais, mas também pela falta de confiança da população afetada nos órgãos responsáveis pelo gerenciamento dos riscos. Ou seja, ainda que haja o conhecimento da importância de analisar as reações da população, não há uma boa interação entre o Estado e a população.

Foi descrito pelas autoras que também existem limitações relacionadas às informações técnicas e científicas sobre as questões ambientais e climáticas. Muitas vezes as informações são recebidas em linguagem acadêmica, o que dificulta o

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entendimento principalmente por parte dos moradores, impedindo a compreensão da sua realidade. Também é citado que o

(...) governo local tem dificuldade em usar a informação científica para responder aos problemas. Essa dificuldade está associada à ausência de recursos econômicos para implementar ações efetivas e/ou à ausência de interesse político para implementar soluções. (DI GIULIO, FERREIRA, 2013, p. 37)

Portanto, observa-se como a informação possui aspecto primordial na redução da vulnerabilidade. Todas as políticas de planejamento e ação só são eficazes quando entendidas pela população, através da sua percepção/aceitação do risco e compreensão dos fenômenos que acontecem à sua volta. Toda essa transmissão de conhecimentos contribui, mais uma vez, para o processo de tomada de decisões.

3 CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

3.1 LOCALIZAÇÃO E BREVE CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MACAU - RN

O município de Macau, área de estudo desta pesquisa, localiza-se no extremo norte da mesorregião Central do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 02), possuindo uma área territorial de 775,302 km² e distante 175 km da capital, a cidade de Natal.

Conforme cita o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018), a população do município era de 28.954 habitantes em 2010 e a população estimada, em 2018, é de 31.584 habitantes. A composição etária da população, em 2010, era bastante concentrada na base da pirâmide etária, sendo a faixa mais expressiva de 10 a 44 anos, como podemos visualizar na Figura 01.

Em relação às questões econômicas do Município, em 2016 o PIB per capita era de R$ 17.222,31, o 21º de 167 no Estado, e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em 2010 era de 0,665. No ano de 2017, a média salarial mensal da população era de 1,9 salários mínimos e o percentual de pessoas ocupadas em relação à população total era de 12.9%, um índice que, apesar de baixo, estava na 36ª posição dos 167 municípios do Estado.

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Macau está entre um dos principais produtores de sal marinho do Brasil. Em conjunto com os demais municípios do Pólo Costa Branca1, são responsáveis por cerca de 95% da produção salineira do país (PAULA JUNIOR, 2017) e além desta importante atividade, outras atividades são desenvolvidas ao longo da Costa Branca, a exemplo da extração de petróleo on shore, parques eólicos e carcinicultura (SOUTO, 2009).

Figura 2 - Pirâmide etária do Município em 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010.

Quanto à Educação no Município, a taxa de escolarização de crianças 6 a 14 anos de idade em 2010 era de 97,7 %. A nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) dos anos iniciais do ensino fundamental na rede pública em

1 Situado na Zona Oeste do Estado, o Pólo Costa Branca é marcado por um incrível contraste: de um lado, a vegetação caatinga, repleta de xique-xiques e juremas. Do outro, o mar, dunas multicoloridas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A tranqüilidade da atividade rural convive em plena harmonia com a movimentação turística. Essa região é grande produtora de sal, petróleo e fruticultura. Reúne sítios arqueológicos e paleontológicos.

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2017 foi de 4,0, a dos anos finais foi 3,3. Em 2018, o município tinha 27 estabelecimentos de de ensino fundamental, com 3.842 matrículas e 200 professores. No ensino médio, eram 1.363 matrículas e 111 professores.

Em relação à Saúde, o Município contava com 18 Estabelecimentos de Saúde em 2009 e tinha uma taxa de Mortalidade Infantil de 2,99 óbitos a cada 1000 nascidos vivos em 2017. Essa taxa é considerada alta para a média do estado, classificando Macau na posição 111 de 167.

Quanto ao esgotamento sanitário, em 2010, Macau ficou em 13º posição entre os 167 dos municípios do RN. De acordo com o IBGE, de todas as residências com banheiro de uso exclusivo dos moradores, 70% possuíam esgotamento sanitário via rede geral de esgoto ou pluvial, considerado um tipo esgotamento adequado. Porém, 25% da população possui esgotamento via fossa rudimentar, dado que merece atenção pela possibilidade de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, além de possíveis contaminações dos dos solos e a proliferação de doenças.

No que tange o abastecimento de água, mais de 85% dos domicílios possuem abastecimento via rede geral, fator que possibilita um melhor controle da qualidade da mesma. Em relação ao destino do lixo, é relevante destacar que mais de 95% da população têm seu lixo coletado, seja por serviços de limpeza ou em caçambas. Ou seja, o lixo queimado, enterrado, lançado em terrenos baldios ou que apresenta outros destinos representa uma pequena parcela. Tais infraestruturas urbanas são de extrema importância na qualidade de vida da população.

Macau possui apenas 4,8% de urbanização das vias, principalmente por ter uma área predominantemente rural, como podemos constatar na Figura 04. Fato curioso é que a maior parte da população está localizada no perímetro urbano, com cerca de 22 mil pessoas, enquanto na área rural localizam-se apenas 7 mil habitantes (IBGE, 2010).

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Figura 3 - Setores censitários em Macau.

Fonte: IBGE, 2010.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO CENTRO URBANO DE MACAU – RN

A localização do centro urbano de Macau, próxima ao estuário do rio Piancó-Piranhas-Assu, contribui significativamente para as consequências trazidas pelas inundações. Além de ter um histórico de impactos oriundos das inundações, as características do centro urbano, como impermeabilização do solo e ausência de sistema drenagem de águas pluviais, também corroboram para a ocorrência de alagamentos. Nesse aspecto, a cidade de Macau necessita de estudos e prognósticos referentes a essas temáticas em suas áreas urbanas e de expansão, a fim de auxiliar o planejamento territorial urbano.

A palavra Macau, originada da palavra chinesa A-ma-ngao, significa ‘Abrigo ou Porto de Ama”. Ama era considerada a deusa Neong-ma, protetora dos navegantes. De acordo com o IBGE Cidades, o povoamento de Macau foi na verdade iniciado na ilha de Manuel Gonçalves. Porém, em meados de 1825 a ilha começou a sofrer fortes influências do Atlântico, sendo registrados eventos extremos como maremotos. A ilha

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era habitada por portugueses, dedicados à exploração e ao comércio do sal. Em 1829, tornou-se impossível a permanência desses habitantes na ilha, obrigando-os a transferirem-se para outro local. O local escolhido foi a então ilha de Macau, na foz do rio Açu.

Ao longo dos anos, em função da sua posição geográfica estratégica e pelo alto potencial salineiro, Macau foi sendo habitada. Mas foi somente no século XX, em meados de 1965, que o primeiro núcleo urbano foi estruturado.

De acordo com registros históricos, o povoamento de Macau teve início

na ilha de Manoel Gonçalves, que em 1825 começou a ser invadida e destruída pelas águas do Atlântico. A ilha era, nesse tempo, habitada por portugueses, dedicados à exploração e ao comércio do sal. Em 1829, tornando-se impossível a permanência desses habitantes na ilha, decidiram transferir-se para outro local, escolhendo então a ilha de Macau, na foz do rio Açu.

Com o passar do tempo e o desaparecimento completo da ilha de Manoel Gonçalves, a pequena Macau foi crescendo e se desenvolvendo, consolidando-se como um forte povoado às margens do oceano Atlântico. Impulsionado pela grande produção de sal o povoado de Macau foi crescendo e no dia 2 de outubro de 1847, de acordo com a Lei no 158, tornou- se oficialmente um município do Estado do Rio Grande do Norte. Com 165 anos de existência Macau é uma das principais cidades produtoras de sal marinho do Brasil, assim como de petróleo e de pescados (Prefeitura Municipal de Macau).

O município de Macau está localizado na Mesorregião Central Potiguar, a aproximadamente 175 km de distância da capital do Rio Grande do Norte, Natal. Ao norte do município está o oceano Atlântico, ao sul os municípios de Pendências e Pedro Avelino, a oeste os municípios Porto do Mangue e Pendências e a leste o município de Guamaré. A extensão territorial do município de Macau é de 788,02 km2. As principais rodovias para chegar ao município são as BR-406 e a RN-118.

A figura 03 mostra a disposição do município de Macau no território. É possível observar a baixa densidade de construções no local, o que contrasta com a atual situação urbana do município.

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Figura 1 - Desenho antigo do centro urbano de Macau

Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Macau, 2018.

3.2.1. Perfil socioeconômico da população urbana

O município de Macau, em 2000, possuía uma população de 25.700 habitantes, número equivalente a população urbana e rural, de acordo com o censo do IBGE. Em 2010, o total da população foi de 28.954 habitantes, um aumento de 12,66 % em relação ao último censo. O grau de urbanização do município é 75,87%. Abaixo pode-se obpode-servar os gráficos 10 e 11 com o total da população e a sua distribuição por pode-sexo e zonas de ocupação (urbana e rural) nos anos de 2000 e 2010.

A indústria salineira e a produção petrolífera são as principais atividades responsáveis pela dinâmica econômica da região, pois são à base de sustentação para a geração de emprego e renda no município.

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O município se destaca como um dos principais produtores de sal do Brasil. As atrações culturais, como o carnaval, também se concretizam como uma importante fonte de recursos financeiros para este município, pois além de gerar emprego e renda no período, os visitantes impulsionam a economia local.

3.3 ÁREAS EXPOSTAS A ALAGAMENTOS

A prefeitura municipal mapeou as áreas de risco a alagamentos localizadas na sede urbana, tendo como parâmetro as localidades com maior reincidência dos episódios de alagamento. O mapa da figura 04 mostra essas localidades.

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Figura 2 - Mapa de localização das áreas suscetíveis a alagamentos no centro de Macau

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Quando confrontamos o mapa anterior com o da figura 05, conseguimos que grande parte das áreas de risco coincidem com a localização do sistema de

drenagem do centro urbano. Isso se dá em razão de boa parte desse sistema não funcionar de maneira esperada, tendo em vista sua utilização para despejar esgoto doméstico e até lixo. Em razão disso ocorrem os alagamentos e suas consequências para a população, como podemos observar nas figuras 06 e 07.

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Figura 3 - Mapa das áreas de alagamento ou com risco de inundação em Macau

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Figura 4 - Rua do centro de Macau após fortes chuvas em mar/2018

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para dar início a esta pesquisa, foram necessárias diversas leituras e revisões bibliográficas, a fim de se compreender as questões que norteiam as categorias eleitas para análise. Dessa forma, como embasamento teórico para as questões referentes à suscetibilidade, procurou-se compreender os conceitos para que a elaboração da pesquisa possa trazer respostas mais coerentes possível com a realidade do local.

As fontes dos dados para a pesquisa estão apoiadas, inicialmente, em dados secundários, tanto para informações ambientais quanto sociais do município. Porém, para que tais dados fossem mais detalhados, foram realizadas atividades de campo.

Todos os trabalhos de campo foram de suma importância para a pesquisa. O primeiro deles, realizado em setembro de 2017, teve como objetivo realizar o reconhecimento do município, possibilitando uma prévia identificação das áreas mais críticas em relação à exposição às inundações e aos alagamentos. Foi possível também, obter diversos registros fotográficos e entrar em contato com os moradores, com o objetivo de verificar, mesmo que de forma preliminar, a percepção dos mesmos quanto aos riscos existentes no local, conhecendo sua visão deles sobre os locais de riscos e os eventos que causam possíveis desastres no local.

Um dos papéis fundamentais dos trabalhos de campo diz respeito às visitas e consultas aos órgãos responsáveis pela gestão do município (prefeitura e secretarias), bem como aqueles que se objetivam na formulação e aplicação de políticas públicas (defesa civil, conselhos comunitários, hospitais, postos de saúde) para prevenção de riscos e desastre. Foram realizadas visitas a Prefeitura Municipal de Macau, nos setores de Defesa Civil e Meio Ambiente, sendo possível o acesso a mapas, base cartográfica, imagens antigas do município como também documentos oficiais. Também foi possível o acesso a documentos relacionados a desastres, como Relatórios de ocorrência de eventos extremos e decretos emergenciais de calamidade pública.

Em outra oportunidade, foi feito um trabalho de campo para realizar o levantamento fotográfico da área estudada. A partir do ARP modelo “DJI – Phantom 3 Pro”, próprio do Grupo de Pesquisa em Dinâmicas Ambientais, Riscos e Ordenamento do Território (GEORISCO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), comandado por controle remoto, foram capturadas imagens em alta

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resolução e pequena escala de detalhes, sendo de fundamental importância na geração de curvas de nível e elaboração do material cartográficos. Posteriormente, em ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG), tais imagens foram processadas para a geração de curvas de nível, com precisão de centímetros.

Foi realizada aplicação de questionários referentes à primeira etapa do processo de análise do grau de exposição do município às inundações e alagamentos. Os questionários foram elaborados a partir dos indicadores de vulnerabilidade e mediram a percepção quanto ao seu grau de exposição a eventos extremos. Foram abordados aspectos relacionados à infraestrutura das moradias e do entorno, aspectos sociais e econômicos, escolaridade e toda a estrutura para resposta de desastres por parte do poder público.

Por fim, foram produzidos mapas com os resultados dos questionários aplicados, relacionando-os com os indicadores previamente selecionados. Esses indicadores originaram um Índice de Vulnerabilidade Social à ocorrência de inundações e alagamentos da sede municipal do Município de Macau/RN.

4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E TÉCNICO-OPERACIONAIS

A escolha da metodologia focada em resultados de escala micro local foi o ponto de partida para a adaptação dos procedimentos metodológicos e técnico-operacionais da pesquisa, para que os objetivos da mesma pudessem ser atingidos.

O estudo de caso na sede urbana do município de Macau trouxe a possibilidade de identificar a percepção da população frente ao risco de inundações, bem como às estratégias lidar e adaptar-se às condições de desastre.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram adotados os procedimentos metodológicos e técnico-operacionais listados a seguir, com base em Oliveira (2018):

I – Definição do recorte espacial adequado à análise a partir de micro escala: escolha da sede urbana do município.

II – Seleção dos indicadores e variáveis de sua composição, levando em consideração os dados necessários para a validação de cada um;

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