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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Lopes

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Lopes

fevereiro a julho de 2018

Roberta Irene Queirós Sousa

Orientadora: Doutora Sara Sobreiro Vieira de Araújo

Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Isabel Pereira Casal Vicente

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 28 de setembro de 2018

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Agradecimentos

Sou eternamente grata a toda a equipa da Farmácia Lopes, pois foram eles que me acompanharam, ensinaram e vivenciaram o meu crescimento ao longo do estágio. Estes seis meses de estágio foram uma experiência única, de enorme aprendizagem e extremamente úteis para o meu futuro profissional. Assim, quero agradecer, de forma sincera, à Dra. Sara Araújo, Dra. Magda Gonçalves, Dra. Sofia Viana, ao Dr. Mário Leitão, ao Rui, à Zeza, ao Joel e à Dona Lurdes por toda a ajuda prestada, ensinamentos, paciência, companheirismo e simpatia. São sem dúvida uns excelentes profissionais e uma bela equipa.

Agradeço também à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, que foi essencial para a realização e para o sucesso do estágio.

Por fim um agradecimento especial aos meus pais, irmã, familiares e amigos por estarem sempre ao meu lado e me ajudarem nos momentos mais difíceis.

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Resumo

O presente relatório tem como objetivo demonstrar o meu trabalho durante o estágio curricular, para a conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Estagiei na Farmácia Lopes, em Barroselas – Viana do Castelo, de 1 de fevereiro a 31 de julho, sob a orientação da Dra. Sara Araújo.

O estágio curricular é muito útil para aprendermos e pormos em prática todos os conhecimentos adquiridos. Com ele ganhamos experiência e formação para, num futuro próximo, sermos bons profissionais.

Na farmácia comunitária estamos em constante aprendizagem, pois todos os dias são diferentes. Como farmacêuticos, devemos ter uma boa relação com o utente, com os colegas de trabalho e devemos saber como a farmácia funciona, estando a par de todas as situações. Desta forma, no decorrer do estágio, participei na receção de encomendas, aquisição e armazenamento das mesmas, regularização e gestão de devoluções, verificação do receituário, determinação de parâmetros bioquímicos, dispensa de medicamentos e aconselhamento ao utente, assim como nas atividades desenvolvidas pela farmácia.

Durante o estágio elaborei uns panfletos acerca dos riscos da suplementação desportiva, visto que hoje em dia é cada vez mais frequente a toma de suplementos desportivos, muitas vezes sem se conhecerem os riscos associados à mesma. A ideia foi consciencializar a população e alertar para os riscos de saúde que a toma de suplementos desportivos pode provocar.

Também realizei uma palestra sobre a obesidade na adolescência, destinada a adolescentes e pais. Esta palestra foi realizada com o intuito de alertar os adolescentes para os inúmeros problemas que a obesidade pode provocar, mostrando medidas que podem ser adotadas para combater e prevenir a obesidade, onde também abordei a importância do pequeno-almoço. Para além disto, realizei um rastreio, onde foram medidos vários parâmetros, de modo a que cada pessoa ficasse a saber o seu estado de saúde. Em todos eles tive oportunidade de intervir ativamente no sentido de educar para a saúde.

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ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS... ix

Parte I ... 1

Introdução ... 1

1. Farmácia Lopes – Espaço físico e Funcional ... 1

1.1. Localização e espaço físico exterior ... 1

1.2. Espaço interior ... 2

1.3. Recursos humanos, perfil dos utentes e caracterização das relações interpessoais ... 3

1.4. Horário de Funcionamento da Farmácia Lopes ... 4

1.5. Sistema Informático ... 4

2. Biblioteca e Fontes De Informação ... 4

3. Gestão da Farmácia ... 5

3.1. Gestão de stocks ... 5

3.2. Aquisição de produtos e fornecedores ... 5

3.3. Receção e verificação das encomendas ... 6

3.4. Aprovisionamento... 7

3.5. Controlo dos Prazos de Validade ... 8

3.6. Devoluções ... 8

3.7. Fecho do dia ... 8

4. Classificação dos Produtos Existentes na Farmácia Lopes ... 9

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 9

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 9

4.3. Medicamentos homeopáticos ... 10

4.4. Medicamentos de uso veterinário ... 10

4.5. Produtos de Cosmética e Higiene Pessoal ... 11

4.6. Produtos fitoterapêuticos ... 12

4.7. Produtos dietéticos ... 12

4.8. Artigos de puericultura ... 12

4.9. Dispositivos médicos ... 13

5. Dispensa de Medicamentos ... 13

5.1. Prescrição médica e sua validação ... 13

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5.1.2. Processamento das receitas ... 16

5.2. Medicamentos genéricos ... 17

5.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 17

5.4. Medicamentos manipulados ... 18

5.5. Preparações extemporâneas ... 19

5.6. Comparticipações ... 19

6. Indicação Farmacêutica e Automedicação ... 20

7. Serviços Prestados na Farmácia ... 22

7.1. Determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos... 22

7.2. Administração de vacinas e injetáveis ... 22

7.3. Outros serviços ... 23

7.4. Farmacovigilância ... 23

7.5. VALORMED ... 24

8. Contabilidade e Gestão na Farmácia – Receituário e Faturação ... 24

Parte II ... 26

Tema 1: Suplementação Desportiva. Quais os Riscos? ... 26

1. Enquadramento Teórico ... 26

a. Suplementos Alimentares e Ergogénicos ... 26

b. Motivos Para a Toma de Suplementação no Desporto ... 26

c. Riscos da suplementação ... 27

2. Objetivos ... 29

3. Discussão ... 29

4. Conclusão ... 30

Tema 2: Obesidade Na Adolescência ... 30

1. Enquadramento Teórico ... 31

1.1. Características da adolescência ... 31

1.2. O que é a obesidade ... 31

1.3. Principais fatores que predispõem para a obesidade ... 32

1.3.1. Biológicos ... 32

1.3.2. Comportamentais ... 33

1.3.3. Ambientais ... 33

1.3.4. Socioeconómicos ... 34

1.4. Consequências da obesidade nos adolescentes ... 34

1.5. O papel do farmacêutico ... 35

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viii 1.7. A importância do pequeno-almoço ... 36 2. Objetivo ... 37 3. Discussão ... 37 4. Conclusão ... 38 Conclusão... 39 Referências ... 40 Anexos ... 44

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LISTA

DE

ABREVIATURAS

BPF- Boas Práticas Farmacêuticas

DCI – Denominação Comum Internacional DDR – Dose Diária Recomendada

EAA – Esteróides Androgénicos Anabolizantes IMC – Índice de Massa Corporal

IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado

MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica OMS – Organização Mundial de Saúde

PRM – Problemas Relacionados com os Medicamentos PV – Prazo de Validade

PVP – Preço de Venda ao Público

RAM – Reação Adversa ao Medicamento

RCM – Resumo das Características do Medicamento SI – Sistema Informático

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P

ARTE

I

I

NTRODUÇÃO

A realização do estágio curricular em Farmácia comunitária permite um primeiro contacto com o ambiente farmacêutico e com o utente, após quatro anos e meio de formação teórica e prática, sendo uma etapa muito importante para a nossa formação. Durante o estágio obtêm-se novas competências, essencialmente práticas e deontológicas e consolidam-se as já aprendidas, sendo ambas importantes para um bom desempenho da atividade farmacêutica. Para além disto, alcançamos a capacidade de trabalhar em equipa, entendemos a dinâmica de trabalho, e começamos a ganhar confiança na prestação dos nossos serviços.

Neste relatório descrevo as atividades realizadas diariamente na Farmácia Lopes, tal como os conhecimentos adquiridos acerca do papel do farmacêutico em farmácia comunitária, a gestão e organização da mesma.

Realizei o estágio desde o dia 1 de fevereiro ao 31 de julho, sendo que o meu horário era, preferencialmente, das 9:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00, de Segunda a Sexta-feira, tendo as atividades sido distribuídas conforme o cronograma presente na Figura 1.

Figura 1- Cronograma das atividades realizadas.

1. Farmácia Lopes – Espaço físico e Funcional 1.1. Localização e espaço físico exterior

A Farmácia Lopes situa-se no Largo da Feira, nº 430, na freguesia de Barroselas, pertencente ao concelho e distrito de Viana do Castelo. Está bem localizada, uma vez que se encontra perto do Centro de Saúde de Barroselas, bem como de outras clínicas

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2 médicas. Para além disso, é uma freguesia com uma ampla área residencial e com vários estabelecimentos comerciais.

As instalações obedecem às Boas Práticas Farmacêuticas (BPF), estando a fachada da farmácia devidamente identificada com uma cruz verde, com informação rotativa da data, hora e temperatura ambiente. O horário de funcionamento está afixado à entrada, tal como uma placa com o nome da farmácia e do diretor técnico, sendo elaboradas constantemente montras profissionais que oferecem informação aos utentes.

A entrada da farmácia garante a “acessibilidade à farmácia de todos os potenciais utentes, incluindo crianças, idosos e cidadãos portadores de deficiência”.1 (ANEXO I)

1.2. Espaço interior

O Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de Agosto, refere que as instalações das farmácias devem garantir a segurança, conservação e preparação de medicamentos, bem como a acessibilidade, comodidade e privacidade do utente e do pessoal de trabalho, tendo, então, que dispor de uma sala de atendimento ao público, de armazém, de laboratório e de instalações sanitárias.2 Desta forma, e respeitando as BPF, a Farmácia Lopes tem uma sala de atendimento com ambiente calmo, iluminado e ventilado, com um sofá, para os utentes/acompanhantes usarem enquanto esperam, e cinco balcões de atendimento, estando estes separados fisicamente para, assim, permitir a privacidade do doente (ANEXO II). Por trás dos balcões de atendimento, existem vários expositores com diversos produtos: de cosmética e dermocosmética; de puericultura; de uso veterinário; produtos sazonais, bem como, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

De forma a permitir a maior confidencialidade e privacidade ao doente, a farmácia dispõe de 4 gabinetes de atendimento: um é utilizado especificamente para a realização de testes bioquímicos e fisiológicos (ANEXO II, figura 2 e 3), outro para a administração de injetáveis e realização de primeiros socorros, e os outros dois tanto são utilizados para consultas de podologia e nutrição, como para aconselhamento farmacêutico. O armazenamento dos medicamentos dá-se em três zonas distintas da farmácia, garantindo sempre as condições de conservação dos mesmos. A principal é a zona de backoffice onde estão todos os medicamentos, tanto de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) como MNSRM, em pequeno volume, de forma a permitir um acesso fácil e rápido, estando organizados em gavetas por ordem alfabética e dose (ANEXO II, figura 4 e 5). A outra zona destina-se, essencialmente, a excedentes de MSRM, MNSRM, produtos de cosmética, higiene corporal, uso veterinário e de dispositivos médicos de maior volume (ANEXO II, figura 6 e 7), existindo também um armazém para guardar produtos com stock mais elevado.

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3 O laboratório destina-se, essencialmente, à reconstituição de preparações extemporâneas, uma vez que não há preparação de manipulados.

1.3. Recursos humanos, perfil dos utentes e caracterização das relações interpessoais

Os recursos humanos da Farmácia Lopes cumprem os requisitos da legislação em vigor, apresentando uma equipa muito experiente, de grande profissionalismo e com espírito de entreajuda, constituída pela Diretora Técnica (Dra. Sara Araújo), por uma Farmacêutica Adjunta (Dra. Sofia Viana), uma Farmacêutica (Dra. Magda Gonçalves), três Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (Sra. Maria José Passeira, Sr. Rui Crasto e Sr. Joel Monteiro) e uma Auxiliar de Limpeza (Sra. Lurdes Costa).2

Todos os dias a Farmácia Lopes recebe uma grande diversidade de utentes, de vários níveis socioeconómicos e culturais. Para além disso, existe uma grande parte de utentes que são habituais por residirem na área, o que permite haver uma relação de confiança mútua e um aconselhamento ou acompanhamento personalizado.

Na Farmácia Lopes existe um bom relacionamento entre todos os profissionais, o que é fundamental para o bom funcionamento da mesma contribuindo também para a qualidade dos serviços prestados.

Em relação aos outros profissionais de saúde, é necessária uma relação de confiança e cooperação para o bem-estar e saúde do utente. Durante o meu estágio foi necessário, em algumas situações, entrar em contacto com o centro de saúde da localidade, de onde provem grande parte do receituário, e com médicos de outras instituições, com o intuito de assegurar o bem-estar do utente.

No que diz respeito ao utente, e às relações com ele estabelecidas, é fundamental criar empatia e transmitir confiança, tendo sempre em conta o profissionalismo e mantendo a ética profissional, pois é no utente que nos devemos focar. Como farmacêuticos temos que ter sempre cuidado com a comunicação e a imagem, as quais fui melhorando. Pus em prática, ao longo do estágio, tudo o que fui aprendendo, tendo sempre o cuidado com a minha imagem e postura corporal e com o diálogo estabelecido com o utente, demonstrando interesse pelos seus problemas e ouvindo tudo o que nos tem para dizer. Tentei transmitir segurança nas informações prestadas, garantindo que a informação transmitida é assimilada pelo utente. Aprendi a prestar a informação necessária ao utente, de uma forma simples, clara e compreensível, tanto a nível oral como escrito, adaptando o meu comportamento a cada utente.

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1.4. Horário de Funcionamento da Farmácia Lopes

A Farmácia Lopes está aberta, nos dias úteis, das 9h até às 20h30min, encerrando para almoço das 13h às 14h. Ao sábado abre às 9h e encerra às 19h30min, sendo que encerra para almoço das 12h30min às 14h30min. Ao Domingo encontra-se aberta das 9h até às 12.30h. À quarta-feira esta abre excecionalmente às 8h devido à feira semanal que se realiza no largo onde a farmácia se localiza.

1.5. Sistema Informático

O sistema informático (SI) é de extrema importância para o funcionamento de uma farmácia, visto que assegura a maior parte das funções nela exercida. Assim, a Farmácia Lopes possui 7 terminais informáticos equipados com o sistema SIFARMA 2000®, cuja responsabilidade é da Associação Nacional das Farmácias (ANF), e cuja instalação e manutenção são feitas pela Glintt, permitindo otimizar e facilitar as tarefas relacionadas com administração, gestão financeira, processamento de encomendas e todo o acompanhamento de vendas. Desta forma, o SIFARMA 2000® permite acompanhar o percurso do medicamento, desde a sua entrada até à sua saída, permitindo efetuar a venda ao utente, fazer o acompanhamento do utente e a gestão da sua terapêutica, a gestão de stocks e prazos de validade, bem como, efetuar encomendas, devoluções, processamento do receituário, entre muitas outras tarefas. Devido à elevada importância do SI, durante o estágio fui aprendendo a trabalhar com o SIFARMA 2000®, bem como a saber efetuar a maior parte das funções presentes neste SI, sendo que, durante todo o estágio, trabalhei com ele.

2. Biblioteca e Fontes De Informação

Existe um local específico na Farmácia Lopes, gabinete da diretora técnica, destinado à biblioteca e que, de acordo com o manual das BPF, dispõe de fontes de informação atualizadas e organizadas sobre o medicamento, auxiliando a resolução de eventuais questões que surjam no dia-a-dia.

Algumas destas fontes existentes na farmácia são: Farmacopeia Portuguesa IX, Prontuário Terapêutico, Índice Nacional Terapêutico e o Formulário Galénico Português (FGP). Para além destas, tem outras publicações referentes a dermatologia, microbiologia, doenças infeciosas, análises clínicas, veterinária e diversas revistas. Outra fonte de informação de útil e rápido acesso é a internet. Esta, algumas vezes, permitiu-me resolver algumas situações, tendo sempre o cuidado de aceder a fontes de informação fidedignas e atualizadas.

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3. Gestão da Farmácia 3.1. Gestão de stocks

A gestão de stocks é um aspeto fundamental para uma farmácia, tanto a nível financeiro como para a satisfação do utente.

São diversos os fatores a ter em conta ao se definir o stock de um determinado produto, devendo este estar adaptado aos níveis diários médios de consumo, evitando que haja a rutura do produto e a acumulação de stock muito elevado do mesmo. Para além disso, as condições e as margens de lucro do produto são fatores muito importantes a ter em conta na gestão de stocks.

O SIFARMA 2000® facilita bastante a definição da quantidade de stock, uma vez que permite consultar facilmente o histórico de vendas de cada produto e, assim, termos uma noção real do número de vendas do produto e podermos definir a quantidade máxima e mínima.

Quando se atinge a quantidade mínima o SI gera, então, diariamente a encomenda para os fornecedores pré-estabelecidos.

As contagens físicas dos produtos permitem verificar se existem ou não erros de stock, e se existirem conseguimos corrigi-los. Durante o estágio tive a oportunidade de realizar a contagem física de todos os produtos existentes na farmácia.

3.2. Aquisição de produtos e fornecedores

A aquisição de produtos pela farmácia é feita através da compra direta a laboratórios ou representantes de marcas, bem como através da compra a distribuidores grossitas. É essencial ter em atenção alguns fatores na escolha dos fornecedores, tais como: condições financeiras, tempo de entrega da encomenda e cumprimento dos horários da mesma, aviamento das quantidades corretas, número de entregas diárias que o fornecedor pode fazer, capacidade de stocks, flexibilidade e capacidade de aceitar alterações, entre muitos outros fatores.

No início do estágio a Farmácia Lopes trabalhava, essencialmente, com a distribuidora Alliance Healthcare, sendo que atualmente trabalha com estes dois distribuidores grossistas: OCP Portugal e Cooprofar. São efetuadas duas encomendas diárias através do SI. Quando algum medicamento não está disponível nestes distribuidores opta-se pela Alliance Healthcare.

Por vezes, aquando o atendimento, verificamos que não temos determinado medicamento e que este não foi encomendado na encomenda diária. Quando isto acontece fazemos encomenda aos nossos distribuidores via telefone ou pela área de cliente disponível online, garantindo, deste modo, o medicamento ao utente.

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6 A compra direta a laboratórios ou marcas dá-se normalmente pelo intermédio de delegados. Estes deslocam-se periodicamente à farmácia e geralmente dão formação acerca de novos produtos, de modo a adquirirmos informações úteis sobre os mesmos e a ganharmos confiança no seu aconselhamento, atribuindo também boas condições de aquisição (descontos e bonificações). O tempo de entrega destas encomendas é mais alargado.

Todos os produtos existentes na farmácia têm uma ficha de produto registada informaticamente, com informações acerca do mesmo, para que se possa fazer um correto controlo de stocks e das aquisições. Na Farmácia Lopes há um colaborador responsável que analisa a proposta da encomenda diária e faz as retificações necessárias para esta ser aprovada e enviada para o fornecedor pretendido, sendo, também, o responsável pela maioria das compras diretas.

3.3. Receção e verificação das encomendas

Diariamente são entregues várias encomendas na farmácia. Estas, maioritariamente, vêm em contentores devidamente identificados, com o nome da farmácia e o código da encomenda (ANEXO III – figura 1 e 2). A acompanhar a encomenda vem a respetiva fatura (original e duplicado) ou, em certos casos, uma guia de transporte em que a fatura é enviada, posteriormente, à farmácia. Estes documentos são numerados e possuem: a identificação do fornecedor e da farmácia, a identificação dos produtos pelo código nacional português (CNP), acrescido do nome comercial ou denominação comum internacional (DCI) e apresentação (forma farmacêutica, dosagem e número de unidades), o preço de venda à farmácia, o preço de venda ao público (PVP), se aplicável, o valor de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de cada produto, as bonificações e/ou descontos atribuídos pelo fornecedor e, por fim, o valor total da compra e o respetivo IVA.

Após a chegada da encomenda, há a receção da mesma, com recurso ao SI, no qual são inseridos todos os produtos que chegaram, ao mesmo tempo que se verifica o prazo de validade (PV), para um controlo eficaz deste parâmetro em todo o stock, e se verifica se a quantidade e o preço correspondem ao que consta na fatura.

Quando se deteta alguma inconformidade (produto em falta e faturado, embalagem danificada, entre outras) contactamos o fornecedor para efetuar uma reclamação e resolver a situação, ou fazemos uma gestão de devoluções. Depois de ser dada a entrada de todos os produtos, passam-se as faltas e confirma-se a entrega da encomenda no SI, enviando a informação dos produtos em falta para o INFARMED. O duplicado da fatura é arquivado e o original é colocado na pasta respetiva para posterior pagamento e envio para a contabilidade. No início do mês seguinte, o

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7 fornecedor envia um resumo das faturas do mês anterior e, em certos casos envia as notas de crédito atribuídas por falhas ocorridas nas encomendas do mês, assim como o valor total a pagar. No caso das encomendas diretas aos laboratórios ou marcas, o pagamento é efetuado pouco tempo após a receção da mesma, para assim obtermos melhores condições de compra.

Outro aspeto a ter em conta na receção de encomendas é o preço dos MNSRM e outros produtos de venda livre, uma vez que, nestes casos, é a farmácia que estipula o preço, tendo, os produtos, que ser etiquetados. Aqui tem-se que ter em atenção as margens, de modo a não ocorrerem erros na marcação dos preços.

A receção de encomendas foi uma das etapas pela qual iniciei o meu estágio curricular na Farmácia Lopes, o que me permitiu aprender a trabalhar com o SI, a saber dar entrada de encomendas, fazer a gestão e regularização de devoluções, entre muitas outras funções, e a conhecer melhor os medicamentos e outros produtos disponíveis na farmácia. Assim, tive a oportunidade de me familiarizar com os nomes comerciais e respetiva DCI e forma farmacêutica.

3.4. Aprovisionamento

Todos os produtos são armazenados em locais específicos, seguindo uma boa organização, para que, aquando o atendimento ao utente, se tenha fácil acesso aos produtos, permitindo um atendimento rápido e eficaz, e em condições de humidade, temperatura e luminosidade adequadas, de modo a garantir a sua qualidade. Também existe o registo de temperatura e humidade todos os dias, através de sondas espalhadas em locais específicos na Farmácia.

Assim, os produtos termolábeis são armazenados o mais rapidamente possível no frigorífico para não sofrerem alterações (anexo IV). Os medicamentos são armazenados em gavetas deslizantes, devidamente identificados, organizados por ordem alfabética, da menor para a maior dosagem, do menor para o maior número de unidades e respeitando a máxima “First expires, First out”. As ampolas e xaropes são armazenados numa zona distinta, nas gavetas, para haver maior cuidado, devido ao risco de quebra, e devido ao espaço que ocupam.

Relativamente aos medicamentos e produtos de uso veterinário, estes são aprovisionados na zona de atendimento, bem como os produtos de dermofarmácia e cosmética, puericultura e certos MNSRM, sendo que os de uso veterinário encontram-se encontram-separados dos restantes, numa zona só dedica ao Espaço Animal.

O armazenamento de produtos foi também uma das primeiras etapas que realizei no estágio, e, tal como a receção, ajudou a familiarizar-me com os produtos existentes na

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8 farmácia e revelou-se muito útil quando iniciei o atendimento ao balcão, pois já sabia onde estavam os medicamentos/produtos na farmácia.

3.5. Controlo dos Prazos de Validade

O controlo dos PV é efetuado mensalmente. São emitidas listas pelo SI com os produtos que apresentam um PV que expira dentro de um determinado número de meses, para, assim, garantir a segurança e a eficácia dos mesmos e evitando prejuízos para a farmácia. Depois de emitidas as listas com os produtos, estes são localizados e são confrontados um a um com a validade do SI. Se os produtos tiverem efetivamente um PV curto emite-se uma nota de devolução que é enviada com os produtos aos distribuidores ou laboratórios. A devolução resulta posteriormente na emissão de uma nota de crédito, no envio do mesmo produto com maior PV ou então na devolução dos produtos não aceites, tendo que ser regularizada no SIFARMA 2000®.

O limite de meses para a devolução dos produtos varia consoante a natureza do produto e a entidade a quem é feita a devolução.

Para além deste controlo, diariamente, e aquando a receção de encomendas e o respetivo aprovisionamento, verifica-se os prazos de validade dos produtos, tal como referido anteriormente.

3.6. Devoluções

São vários os motivos para a devolução de um produto. Para além do PV, um produto pode ser devolvido por vir com embalagem danificada ou incompleta, ser pedido por engano, troca de produto, produtos retirados do mercado, entre outros. Para se efetuar uma devolução tem de se criar no SI uma nota de devolução que é impressa em triplicado, em que duas acompanham o produto e a terceira fica arquivada na farmácia. Neste documento tem de constar os produtos a serem devolvidos, a quantidade, o motivo, o fornecedor e a identificação de cada produto. Assim, o fornecedor avalia a situação, aceitando ou não a devolução. Em caso de não ser aceite, o produto volta à farmácia juntamente com a justificação. Em caso de ser aceite, tal como nos PV, há a emissão de nota de crédito, a qual tem que ser regularizada, ou há troca por um produto igual, dependendo dos casos.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de emitir algumas notas de devolução bem como de as regularizar no SIFARMA 2000®.

3.7. Fecho do dia

Todos os dias, após a farmácia fechar, recolhem-se todos os pagamentos realizados por multibanco, encerram-se os mesmos, e também se recolhem todos os talões do

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9 cartão saúda e das vendas suspensas, procedendo-se também ao encerramento da caixa automática. Para terminar, fazem-se as seguranças, que registam os dados referentes ao dia que terminou, numa unidade de armazenamento de dados.

4. Classificação dos Produtos Existentes na Farmácia Lopes 4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Os MSRM são aqueles que “possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar ou destinem-se a ser administrados por via parentérica”.3

Desta forma, os MSRM são todos os que só podem ser dispensados mediante a apresentação de uma prescrição médica. Podem ser prescritos em receita médica não renovável e renovável, receita médica especial e receita médica restrita.4

Estes são os medicamentos que apresentam um maior número de vendas e também aqueles com mais exigências. Para poderem ser cedidos ao utente, temos que analisar a receita, inseri-la no SI de modo a ser validada, e depois transmitir a informação necessária ao utente para que haja uma utilização correta dos medicamentos.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM são aqueles que não preencham qualquer uma das condições referidas para os MSRM. No entanto, estes medicamentos têm que ter indicações terapêuticas na lista de situações passíveis de automedicação.4 Este tipo de medicamentos não são comparticipados pelo estado, a não ser que sejam reconhecidas razões de saúde pública que assim o justifique.3

Como qualquer medicamento, os MNSRM obedecem aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. Normalmente são aconselhados pelo farmacêutico, prescritos pelo médico ou solicitados pelo doente. Sendo medicamentos de venda livre, aqui, nós farmacêuticos, temos um papel muito importante, tentando promover junto do doente o uso racional do medicamento e permitindo-nos muitas vezes, um aconselhamento para o tratamento de situações menores, o qual pude realizar ao longo do meu estágio. Neste campo tive a oportunidade de participar em formações sobre alguns produtos.

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4.3. Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é definido como um medicamento “obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode ter vários princípios”.5

Verifiquei que existe alguma procura destes medicamentos, existindo, na Farmácia Lopes, principalmente aqueles que são mais frequentemente pedidos pelos utentes, ou então são encomendados mediante solicitação.

4.4. Medicamentos de uso veterinário

O medicamento de uso veterinário é “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”.6

Hoje em dia, há cada vez mais pessoas com animais domésticos e com cuidados com os animais, havendo, com isto, mais procura deste tipo de medicamentos, sendo a localização da farmácia um fator apelativo a estes produtos.

Assim, é fundamental que o farmacêutico tenha conhecimentos atualizados para que a utilização destes produtos ocorra da forma correta e racional. É também importante sensibilizar os utentes para a necessidade de vacinar e desparasitar interna e externamente os animais, bem como adquirir hábitos de higiene e respeitar os intervalos de segurança necessários para o consumo seguro de produtos alimentares provenientes de animais tratados com medicamentos de uso veterinário.

Na Farmácia Lopes a procura destes medicamentos recai sobretudo para animais de companhia e de exploração. Nos animais de companhia os utentes procuram frequentemente antiparasitários e anticoncecionais, quanto aos de exploração é essencialmente vacinas, antibióticos e antiparasitários. Os medicamentos de uso veterinário encontram-se expostos na zona de atendimento, separados dos de uso humano, tal como referido anteriormente.

Esta foi sem dúvida a área na qual aprendi mais e mais informação fui adquirindo, com a ajuda de todos os membros da equipa, visto não ser muito abordada ao longo do curso e ser muito procurada nas farmácias mais rurais. Para além disso, também tive a oportunidade de participar em formações (ANEXO V) dadas por um representante da KRKA®,sobre alguns produtos de uso veterinário.

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4.5. Produtos de Cosmética e Higiene Pessoal

Produto cosmético é “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protege-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais”.7

O Decreto-Lei n.º 189/2008 de 24 de Setembro regulamenta os produtos cosméticos e de higiene corporal, de modo a garantir os direitos dos consumidores e a proteção da saúde pública, estipulando as substâncias que não podem entrar na composição dos produtos cosméticos ou as que estão sujeitas a determinadas restrições e condições.8 O INFARMED é a entidade que tem como missão regular e supervisionar o mercado dos produtos cosméticos, garantindo, assim, o acesso a produtos cosméticos de qualidade e seguros.7

Atualmente há uma maior preocupação com a imagem, assim como a utilização de muitas estratégias de marketing, muitas vezes utilizando influenciadores digitais, como os youtubers, e meios de comunicação, de modo a promover este tipo de produtos, levando a uma maior procura.

Enquanto farmacêuticos, devemos estar preparados para o aconselhamento deste tipo de produtos, tendo sempre o cuidado de avaliar cada caso como sendo único.

A Farmácia Lopes tem várias marcas comerciais ao dispor dos utentes, para as mais variadas situações, sejam elas afeções da pele, problemas capilares, produtos antienvelhecimento, proteção solar, higiene corporal, produtos direcionados à podologia, cuidados do bebé, entre outros. Estes produtos encontram-se dispostos em expositores na área de atendimento, localizados de forma estratégica. Para além disto, a rotatividade destes é influenciada por vários fatores, nomeadamente campanhas publicitárias, variação sazonal, produtos novos que exigem maior destaque, entre outros.

Esta foi outra área de enorme aprendizagem e aprofundamento de conhecimentos, na qual também tive a oportunidade de participar em formações (ANEXO V) dadas por representantes de determinadas marcas, como Vichy® e La Roche-Posay®, que me foram bastante úteis. Consegui ir ganhando confiança a nível de aconselhamento ao doente, e sempre que necessário tinha o apoio dos membros da equipa, que sempre estiveram dispostos a transmitirem-me conhecimentos sobre esta área.

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4.6. Produtos fitoterapêuticos

A fitoterapia refere-se ao tratamento à base de plantas com propriedades medicinais que podem diagnosticar, tratar ou prevenir algumas doenças, proporcionando melhoria da qualidade de vida do utente. Para além disto, é muito importante que o farmacêutico transmita ao utente que estes produtos não estão isentos de efeitos adversos, promovendo um uso racional dos mesmos.9

As pessoas também têm vindo a procurar estes produtos, pois segundo elas tudo o que é natural faz melhor e não faz tanto mal à saúde, tendo os farmacêuticos um papel ativo para promover a saúde e o bem-estar do utente.

A Farmácia Lopes tem diversos produtos fitofarmacêuticos, entre os quais uma diversa gama de produtos da Arkocápsulas® e ArkoReal®, adaptados às necessidades fisiológicas de cada indivíduo, existindo alternativas para cada patologia. Durante o estágio tive a oportunidade de me ir familiarizando com os mesmos e ir conhecendo as suas propriedades e condições de utilização.

4.7. Produtos dietéticos

Os produtos dietéticos são géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial, distinguindo-se dos de consumo corrente graças à sua composição ou aos processos de fabrico. Estes devem satisfazer as necessidades nutricionais de pessoas com perturbações do sistema digestivo ou de metabolismo e que se encontram numa condição fisiológica especial.10

De realçar, novamente, que o farmacêutico deve-se destacar pelos seus conhecimentos técnico-científicos atualizados e por uma formação constante nesta área, para assim proporcionar um bom aconselhamento às pessoas que procuram estes produtos. Existe, também, alguma procura por estes produtos, onde fui adquirindo conhecimento relativo aos produtos dietéticos de modo a podê-los aconselhar, quando me era solicitado. Sobre esta temática tive a oportunidade de assistir a uma formação (ANEXO V) sobre “Emagreça Onde Mais Precisa”.

4.8. Artigos de puericultura

Os produtos de puericultura destinam-se ao cuidado dos mais novos, sendo muito solicitados pelas mães dos bebés. Estes, na Farmácia Lopes, encontram-se expostos na zona de atendimento, e incluem produtos de alimentação (papas, boiões, …), higiene, conforto do bebé, produtos para grávida e para a fase após o parto, entre outros.

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13 A Farmácia desenvolve diversas atividades sobre esta temática de forma a tirar dúvidas e a transmitir informações úteis às mamãs, quer sobre a gravidez, quer sobre os produtos destinados aos bebés e às mães.

Ao longo do estágio aprendi imenso sobre estes produtos, sempre com a ajuda de toda a equipa, de forma a poder fazer um correto aconselhamento ao utente.

4.9. Dispositivos médicos

Um dispositivo médico é “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação.” Tem como objetivo melhorar e prolongar a qualidade de vida dos utilizadores e doentes. Destinam-se a ser utilizados em seres humanos para fins semelhantes aos dos medicamentos, tais como: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença. O efeito pretendido no corpo humano não deve ser alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios.11-12

Estes são classificados em quatro classes distintas (I, IIa, IIb e III), sendo esta classificação feita tendo em conta os potenciais riscos decorrentes da conceção técnica e do fabrico, em que a classificação I corresponde aos de menor risco e a III aos de maior risco.12

Em relação a estes produtos, a Farmácia Lopes possui alguma variedade, estando alguns expostos na zona de atendimento. É importante conhecermos estes produtos, e sabermos a sua utilização, de modo a explicarmos a finalidade dos mesmos ao doente e conseguirmos aconselhá-los de uma forma assertiva.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de contactar muito com estes produtos, consolidando os meus conhecimentos e podendo aconselhá-los quando necessário.

5. Dispensa de Medicamentos

A cedência de medicamentos é um ato profissional, em que o farmacêutico deve avaliar a medicação dispensada, de modo a identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos (PRM), para depois dispensar os medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes. Esta cedência pode ser mediante a prescrição médica, em situações de indicação farmacêutica ou em automedicação, tendo sempre o cuidado de transmitir a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos.1

5.1. Prescrição médica e sua validação

A receção de uma prescrição envolve muitas medidas que devem ser adotadas por parte de um farmacêutico. Este tem que garantir que as prescrições são dispensadas de uma forma segura e eficaz, devendo tomar as seguintes medidas: identificar o

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14 doente, o médico e a entidade responsável pelo pagamento, verificar a autenticidade da prescrição e a data de validade da prescrição, identificar o medicamento, a forma farmacêutica, posologia, apresentação, modo de administração e duração do tratamento, interpretar as intenções do prescritor e o tipo de tratamento e, quando ocorrer algum erro na prescrição ou esta não poder ser dispensada, tentar ajudar o utente a resolver o problema.1

A portaria n.º 224/2015, de 27 de julho aplica-se a todos os medicamentos de uso humano, incluindo os manipulados, estupefacientes e psicotrópicos, independentemente do local de prescrição. Esta portaria aplica-se ainda às prescrições de outros produtos comparticipados pelo Estado, como produtos para o controlo da diabetes mellitus.13

Atualmente, a maioria das receitas são prescritas por via eletrónica, o que veio facilitar bastante a comunicação entre os profissionais de saúde e diminuir o erro durante a prescrição e dispensa de medicamentos. Apesar disto, as receitas manuais ainda são permitidas em situações excecionais, tais como: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio, até 40 receitas/mês. Quando isto acontece o médico tem que assinalar a exceção em causa.

A prescrição de um medicamento inclui a DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia. Assim, o utente pode optar por qualquer medicamento com as mesmas características. No entanto, em situações em que o medicamento de marca não apresente o genérico, a prescrição pode ser feita pelo nome comercial do medicamento ou do titular de autorização de introdução no mercado. Isto também se aplica quando o prescritor insere na receita a justificação técnica quanto à insusceptibilidade de substituição do medicamento prescrito. São apenas admissíveis as exceções técnicas seguintes: a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; b) suspeita de intolerância ou reação adversa; c) medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração superior a 28 dias.13 No último caso, o utente pode optar por um medicamento mais barato do que o prescrito.

Em cada receita médica só podem estar prescritos até 4 medicamentos ou produtos de saúde distintos, não podendo o número total de embalagens ultrapassar o limite de duas por medicamento, nem de 4 no total. No caso de se tratar medicamentos embalados sob a forma unitária podem ser prescritos até 4 embalagens do mesmo medicamento.13 Aquando a receção de uma receita médica é necessário ter em conta vários aspetos para a validar. Desta forma, uma receita só é válida se incluir os seguintes elementos:

 Número da receita;  Local de prescrição;

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15  Nome e número de utente e, sempre que necessário, de beneficiário de

subsistema;

 Entidade financeira responsável;

 Regime especial de comparticipação de medicamentos, quando aplicável;  Denominação comum internacional da substância ativa;

 Dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens;

 Posologia;

 Se aplicável, DCI;

 Se aplicável, identificação do despacho que estabelece o regime especial de comparticipação de medicamentos;

 Data de prescrição;  Assinatura do prescritor.14

As receitas eletrónicas são válidas por 30 dias ou podem ser renováveis, contendo um prazo de validade de seis meses.

As receitas manuais têm que obedecer aos mesmos critérios que as eletrónicas, mas, para além disto, têm que conter vinhetas identificativas do local de prescrição e do prescritor, a identificação da especialidade médica e o contacto telefónico. Diferem das eletrónicas na validade, uma vez que estas não são renováveis, ou seja, só é emitida 1 via com validade de 30 dias.13-14

Nas receitas manuais, no final do atendimento é impresso no verso da receita toda a informação relativa à venda, tendo o utente que assinar, de forma a comprovar a dispensa efetuada. Depois a receita é carimbada, assinada e datada pelo farmacêutico.13

As prescrições de medicamentos que incluam estupefacientes ou psicotrópicos só podem conter esse mesmo medicamento, não podem constar outros medicamentos na mesma receita. Isto também se aplica em produtos do protocolo da diabetes, medicamentos manipulados e produtos dietéticos.13

No que diz respeito às receitas desmaterializadas, estas têm sido cada vez mais utilizadas por parte dos prescritores, sendo enviadas por meio de um equipamento eletrónico. Contudo, ainda continuam a existir receitas eletrónicas em papel, e também receitas manuais. Estas novas receitas facilitam o atendimento, uma vez que colocam automaticamente o organismo a que pertence o utente, atribuindo assim o desconto correto, e dá para ter a certeza no momento da validação da receita.

Ao longo do estágio tive a oportunidade de dispensar os medicamentos através de todo o tipo de receitas, o que me foi bastante útil, visto que um farmacêutico lida diariamente

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16 com vários tipos de receitas, tendo que estar adaptado a validar cada uma delas, caso não ocorram erros de prescrição.

5.1.1. Interpretação e avaliação farmacêutica da prescrição médica

A prescrição médica tem que ser avaliada farmacoterapeuticamente pelo farmacêutico durante o atendimento. O farmacêutico quando receciona uma receita tem de averiguar a necessidade do medicamento, a adequação ao doente, as condições do doente para administrar o medicamento e, caso necessário, contactar o médico prescritor para resolver algum PRM detetado. O farmacêutico deve fornecer toda a informação necessária para um uso eficaz, seguro e correto dos medicamentos, tendo em conta as necessidades individuais de cada utente. É essencial a comunicação oral estabelecida com o utente, sendo que esta deve ser reforçada por escrito ou com materiais de apoio apropriados, de modo a que a informação e os conselhos sejam consolidados. Assim, é fundamental que o utente saia da farmácia informado e sem dúvidas quanto às precauções de utilização, como tomar, posologia e alertado sobre possíveis reações adversas mais frequentes e contraindicações.

A avaliação da prescrição, o aconselhamento e cedência dos medicamentos foi certamente onde eu me esforcei mais, e onde fui evoluindo gradualmente de forma a garantir que prestava toda a informação necessária ao utente, não pondo em causa a utilização segura e eficaz do medicamento.

5.1.2. Processamento das receitas

O processamento das receitas corresponde à venda dos medicamentos que constam na mesma. Para isso, começa-se por selecionar no SI o separador que corresponde à venda com comparticipação. Depois, se for uma receita eletrónica, coloca-se o número da receita e o código de acesso.

De seguida os medicamentos aparecem todos no ecrã com o respetivo plano associado e selecionamos o/os medicamentos que o utente vai levar. Este é que, quando possível, opta por um medicamento de marca ou por um genérico.

No caso das receitas manuais inserem-se os MSRM por leitura ótica e, quando presente, a exceção técnica aplicável. Por fim, seleciona-se o plano de comparticipação. Ao finalizar a venda imprime-se no verso da receita as informações da mesma, o utente assina e imprime-se a fatura. A receita é também assinada, carimbada, datada no verso pelo farmacêutico e guardada, para no final do mês ser enviada juntamente com todas as outras receitas para o Centro de Conferência de Faturas.

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5.2. Medicamentos genéricos

Um medicamento genérico é um medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substância ativa, a mesma forma farmacêutica e que tenha demonstrado bioequivalência com o medicamento de referência, em estudos de biodisponibilidade.15 Ou seja, apresenta a mesma substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e a mesma indicação terapêutica que o medicamento de marca que serviu de referência.15 Desta forma, tem de ser identificado pela sua DCI, seguida da dosagem, forma farmacêutica e da sigla “MG” (medicamento genérico).

Todas as farmácias são obrigadas a terem disponíveis, no mínimo, três dos cinco medicamentos genéricos mais baratos de cada grupo homogéneo. Desta forma, deve-se informar o utente da existência de medicamentos genéricos e dispensar, caso o utente pretenda um medicamento genérico, o de menor preço, salvo se for outra a opção do utente.13

A maioria das pessoas opta por medicamentos genéricos, por estes serem mais baratos, contudo, ainda existem utentes que preferem os medicamentos originais por acharem que “fazem melhor”. Esta ideia tem vindo a ser desmitificada, visto que se tem vindo a explicar às pessoas que o medicamento genérico tem a mesma eficácia, qualidade e segurança do medicamento original. Durante o estágio apanhei o aparecimento do genérico do medicamento CRESTOR®. Quando comunicávamos ao doente que existia um genérico mais barato (Rosuvastatina), estes hesitavam na escolha, visto que já estavam habituadas ao medicamento original. O preço do medicamento genérico era quase metade do preço do medicamento original, acabando por ser um motivo de opção por parte do utente. Houve ainda outras situações em que o utente simplesmente não queria medicamento genérico por não acreditar de todo na sua eficácia, sendo que nestes casos dispensei sempre o medicamento de marca, para, assim, satisfazer o utente.

5.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes estão muito associados à prática de crime e ao consumo de drogas, sendo também utilizados na terapêutica de diversas doenças. Assim, são alvo de atenção por parte das autoridades competentes (INFARMED). Atuam a nível do sistema nervoso central, podendo atuar como depressores ou estimulantes, sendo utilizados no tratamento de diversas doenças. São usados em doenças psiquiátricas, em oncologia, ou como analgésicos ou antitússicos. Apesar dos seus benefícios, estas substâncias apresentam riscos, podendo causar habituação e dependência física e psíquica, sendo fundamental o controlo do seu uso.

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18 Devem ser utilizados apenas por indicação médica e só são dispensados mediante receita médica.16

Tal como referido anteriormente, a prescrição tem que ser feita isoladamente, ou seja, não podem constar outros medicamentos na receita.13 É importante referir que, na dispensa, o farmacêutico tem que, obrigatoriamente, verificar a identidade do adquirente e registar os dados do mesmo, como o nome, morada, idade, e número de identificação civil.13 São também necessários os dados do doente (nome e morada) e o nome do médico prescritor.

No final do atendimento, sai automaticamente, para além da fatura, um documento em duplicado com os dados registados anteriormente, que depois é arquivado na farmácia. As farmácias enviam mensalmente ao INFARMED o registo de saídas destas substâncias, até ao 8º dia do mês seguinte, trimestralmente o registo de entradas (até 15 dias após o termo do trimestre) e anualmente o mapa de balanço entradas/saídas (até 31 de Janeiro do ano seguinte).13 Isto também se aplica para as benzodiazepinas, tendo que ser enviado anualmente o balanço de entradas e saídas.

No decorrer do meu estágio aviei várias receitas contendo medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes, sendo que os mais frequentes eram utilizados em dor oncológica e em hiperatividade infantil, tendo sempre o cuidado de explicar aos utentes as precauções a ter com a utilização destes medicamentos, para assim promover o seu uso racional e o bem-estar do doente.

5.4. Medicamentos manipulados

Um medicamento manipulado é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal, preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”.18 O farmacêutico responsável pela preparação tem de garantir a qualidade do mesmo e a sua segurança, no que concerne às doses da substância ativa e à existência de interações que possam por em causa a sua ação ou a segurança do doente.17 A Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho, aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos em farmácia de oficina e hospitalar. Esta pretende garantir a segurança e qualidade dos medicamentos manipulados, regulamentando oito vertentes essenciais: pessoal, instalações e equipamentos, documentação, matérias-primas, materiais de embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem.19

Os medicamentos manipulados permitem a personalização da terapêutica e um ajuste ao perfil fisiopatológico de cada doente, contribuindo, assim, para uma otimização do seu tratamento.

A Farmácia Lopes atualmente não produz medicamentos manipulados, desta forma, durante o meu estágio não contactei com os procedimentos ligados à sua produção.

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5.5. Preparações extemporâneas

Alguns medicamentos, necessitam que a preparação da suspensão seja feita no ato de dispensa, devido à sua instabilidade. Caso a preparação não ocorra aquando da dispensa é necessário certificarmo-nos que o utente compreendeu o modo correto de a fazer. Estas preparações extemporâneas, geralmente, dizem respeito a antibióticos orais. É necessário alertar os utentes sobre o modo de utilização, devendo-se sempre agitar bem o frasco antes de cada utilização, sendo que para algumas preparações é necessário armazenar a mesma no frigorífico. Geralmente o prazo de validade deste tipo de medicamentos, após a preparação é muito curto. Ao longo do estágio tive a oportunidade de preparar vários medicamentos de preparação extemporânea, tendo sempre o cuidado de transmitir toda a informação necessária ao utente.

5.6. Comparticipações

A legislação atual prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos através de dois regimes: o regime geral e o regime especial. O regime especial aplica-se a determinadas situações que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes, sendo a comparticipação definida por despacho do membro do Governo responsável pela área da Saúde e, assim, diferentemente graduada em função das entidades que o prescrevem ou dispensam. Deste modo, o médico prescritor deve mencionar na receita o despacho ou portaria aplicado ao medicamento ou doença, para que o utente usufrua da comparticipação.

No regime geral de comparticipação, o Estado comparticipa uma percentagem do PVP dos medicamentos conforme os seguintes escalões: Escalão A – 90%, Escalão B- 69%, Escalão C- 37%, Escalão D – 15%, consoante a sua classificação terapêutica, enquanto que no regime especial de comparticipação, a comparticipação é feita em função dos beneficiários e das patologias ou grupos especiais de utentes. Assim, relativamente aos beneficiários a comparticipação é acrescida de 5% no escalão A (95%), de 15% nos escalões B (84%), C (52%) e D (30%). Para além disto, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos para estes pensionistas é ainda de 95% para o conjunto dos escalões, para os medicamentos cujos preço de venda ao público sejam iguais ou inferior ao 5º preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem.20,21

A comparticipação pode ser também realizada em regime de complementaridade ao SNS por várias entidades, como a Caixa Geral de Depósitos, a EDP energias de Portugal, entre outros. Para tal, é necessário que o utente se faça acompanhar do cartão de beneficiário da entidade em causa.

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20 É ainda de referir que os medicamentos que sejam considerados imprescindíveis à vida são 100% comparticipados pelo Estado, como é o caso das insulinas.20

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus beneficiam de uma comparticipação especial, em que as tiras-teste para determinação de glicemia e cetonúria têm uma comparticipação de 85% e de 100% nas agulhas, seringas e lancetas.

Os medicamentos manipulados também podem ser comparticipados em 30% desde que sejam os presentes no anexo de Despacho nº18694/2010, de 16 de dezembro.21

6. Indicação Farmacêutica e Automedicação

A indicação farmacêutica, é o ato profissional em que o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objetivo de aliviar ou resolver um determinado problema de saúde, considerado como um transtorno ou sintoma menor, de carácter não grave, autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clinicas de outros problemas de saúde. Neste ato, é importante que o farmacêutico estabeleça um diálogo com o doente, para que possa recolher a informação suficiente para avaliar o problema de saúde. É importante questionar o doente acerca do sintoma ou motivo de consulta ao farmacêutico, a duração do problema, o local e intensidade da dor, a existência de outros sinais ou sintomas associados ao problema de saúde, outros problemas de saúde e quais os medicamentos que toma. Após esta avaliação, o farmacêutico poderá indicar uma opção terapêutica, oferecer ao doente outros serviços de cuidados farmacêuticos ou, caso necessário, encaminhar o doente ao médico ou a outro profissional de saúde. Se o farmacêutico verificar que existem condições para a indicação de um tratamento ao doente, deverá ter em atenção a seleção da substância ativa, dose, frequência de administração, duração do tratamento e forma farmacêutica. Esta seleção depende muito da situação fisiológica do doente, alergias medicamentosas, problemas de saúde já diagnosticados e medicamentos que o utente já tome. Desta forma, o farmacêutico tem que ter sempre a sua formação atualizada, devendo-se reger pelas Normas de Orientação Farmacêuticas, protocolos de indicação, guias clínicas e guias farmacoterapêuticos, tendo em conta a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos.

O farmacêutico não se pode esquecer, nunca, de aconselhar as medidas não farmacológicas para a melhoria do estado clínico do doente, a mudança ou o reforço de determinados atos e a informação acerca da importância deles, permitindo ao doente melhorar o autocuidado e consequentemente a sua qualidade de vida.1

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21 Tal como na dispensa com receita médica, o farmacêutico quando indica um MNSRM tem que garantir que o utente ficou esclarecido em relação à ação do medicamento, posologia, duração e possíveis efeitos secundários, contraindicações e interações. Deve também, sempre que possível, seguir o estado do doente e avaliar, assim, a eficácia do tratamento e a necessidade de ser indicado ao médico, caso não se verifiquem melhorias no seu estado de saúde.

A intervenção do farmacêutico neste tipo de situações, ligeiras e autolimitadas, permite, assim, melhorar o estado de saúde das populações, economizando recursos ao Estado e libertando pressão sobre os sistemas de saúde. Por outro lado, é também essencial que promova o uso racional dos MNSRM de forma a reduzir os problemas de saúde associados ao seu uso indevido. É fundamental, que o farmacêutico tenha um papel educador para com as populações relativamente ao comportamento que devem ter face à automedicação.1

A automedicação é a o ato de iniciar um tratamento medicamentoso por iniciativa própria do doente. Nestes casos, o farmacêutico tem que orientar a utilização ou não do medicamento solicitado pelo doente, fazendo com que a automedicação se realize de maneira adequada e segundo o uso racional do medicamento. Desta forma, o farmacêutico deve avaliar as necessidades do utente, avaliando o problema de saúde do doente, ou seja, qual o problema, os sintomas, há quanto tempo persistem e se já tomou alguma medicação. Deve avaliar se se tratam de patologias graves, em que, neste caso, deverá ser aconselhado a recorrer a uma consulta médica, ou de patologias menores, em que aí terá de prestar a informação adequado ao utente, só dispensando os medicamentos em caso de manifesta necessidade.1

Esta área é de extrema importância para um farmacêutico e é onde nos podemos destacar, demonstrando os nossos conhecimentos e indicando os MNSRM mais adequados a cada situação, em prol da saúde do utente.

Na Farmácia Lopes os utentes prezam muito o aconselhamento farmacêutico. Ao longo do meu estágio, o aconselhamento farmacêutico foi integrado de forma progressiva, à medida que ia contactando com a realidade do atendimento ao público. Com a ajuda de toda a equipa, fui aprendendo imenso sobre quais os medicamentos mais adequados e seguros para indicação farmacêutica. As situações mais comuns foram: constipações, inflamações, tosse e rouquidão, diarreia, obstipação, enjoo de movimento, endoparasitoses intestinais, dermatomicoses, picadas de insetos, alergias solares, herpes labial e febre. É também nesta área que sentimos o nosso esforço recompensado e onde podemos ser úteis para a promoção da saúde e qualidade de vida das populações.

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7. Serviços Prestados na Farmácia

Os serviços farmacêuticos são cuidados de saúde prestados nas farmácias que podem ser complementares às outras unidades de saúde. São serviços prestados com o objetivo de promover a saúde e o uso racional do medicamento, fornecendo a informação correta aos utentes. A Portaria n.º 97/2018, de 9 de abril, define quais os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias.

7.1. Determinação dos parâmetros fisiológicos e bioquímicos

A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos permite a medição de indicadores para avaliação do estado de saúde do doente. Estes parâmetros vão depender da efetividade e segurança da medição.1

No que concerne a estes parâmetros, a Farmácia Lopes determina os seguintes: peso, altura, índice de massa corporal, pressão arterial, colesterol total, triglicerídeos, ácido úrico e glicemia capilar. Deve-se, sempre, aproveitar para conversar com o utente, de modo a conhecer um pouco do seu histórico de saúde, para se poder fazer uma interpretação mais objetiva dos resultados. Os resultados devem ser registados para o utente ir acompanhando o seu estado de saúde, sendo também úteis para nós fazermos uma correta interpretação dos resultados e para o médico avaliar o perfil do utente e ver o seu seguimento. De modo a facilitar este processo, a farmácia possui um cartão de bolso para o registo destas determinações (ANEXO VI).

Ao longo do meu estágio fiz inúmeras determinações, pois a população, principalmente a mais velha, já está bastante sensibilizada para o autocontrolo. Os testes mais realizados eram a medição da pressão arterial, da glicemia capilar e do colesterol. Como a realização destes testes se faz numa divisão específica da farmácia, tal como mencionado anteriormente, os utentes aproveitam para falarem a sós com o farmacêutico, esclarecendo dúvidas que tenham relativas à medicação e aos estilos de vida, e muitas vezes para desabafarem sobre os seus problemas.

7.2. Administração de vacinas e injetáveis

Um dos serviços farmacêuticos de promoção da saúde a prestar pelas farmácias segundo a Portaria n.º 97/2018, de 9 de abril, é a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação.

A administração de vacinas e injetáveis deve ser executada por farmacêuticos, que têm que estar habilitados com formação complementar específica, reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos. Para além desta formação, é obrigatório ter o curso de suporte básico de vida, para saber atuar no tratamento de uma reação anafilática. Para isto, a farmácia deve dispor de instalações adequadas e autonomizadas, com um gabinete de atendimento personalizado que obedece aos requisitos expressos na Deliberação

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23 n.º139/CD/2010. A farmácia deve, ainda, registar os dados de cada administração, como o nome do utente, a data de nascimento, o medicamento, lote e via de administração, bem como do farmacêutico que fez a administração.22

Na Farmácia Lopes há a administração de vacinas e injetáveis, em que se obedece a todos os requisitos que a lei obriga, para garantir a segurança do doente e a nossa própria segurança. Ao longo do estágio não pude administrar nenhuma vacina ou injetável, devido ao facto de não ter o curso. Contudo, foi-me permitido assistir a este serviço na farmácia diversas vezes.

7.3. Outros serviços

A Farmácia Lopes, além dos serviços anteriormente referidos, tem também ao dispor dos utentes consultas realizadas por profissionais de podologia e nutrição.

Para além disto, o farmacêutico também presta alguns serviços de primeiros socorros, em casos menores, como curativos a pequenos cortes e o teste das infeções urinárias. Para a realização do teste de infeções urinárias são utilizadas tiras de teste Comburtest® para autodiagnóstico, através das quais é possível detetar vários componentes na urina. Este teste é realizado no gabinete de atendimento personalizado para preservar a privacidade do utente e para que o farmacêutico possa promover um diálogo com o mesmo, avaliando, assim, que sintomas de uma possível infeção urinária apresenta. Se o teste for negativo, o farmacêutico incute as medidas não farmacológicas que podem melhorar o seu estado de saúde. Deve-se também referir que, se os sintomas continuarem ou agravarem é melhor repetir o teste. Se o teste for positivo, deve-se encaminhar o utente ao médico, para que seja devidamente medicado. Ao longo do estágio, tive a oportunidade de acompanhar o serviço de primeiros socorros e a realização do teste de infeções urinárias.

7.4. Farmacovigilância

O Sistema Nacional de Farmacovigilância tem como função a recolha sistemática de toda a informação relativa a suspeitas de reações adversas ao medicamento (RAMs) e posterior avaliação científica, tratamento e processamento dessa informação, de modo a implementar medidas de segurança adequadas para minimizar os riscos associados à utilização dos medicamentos. O INFARMED é a entidade responsável pelo seu acompanhamento, coordenação e aplicação.

Os profissionais de saúde, devido á sua relação de proximidade e confiança com o utente, devem comunicar ao INFARMED ou às Unidades Regionais de Farmacovigilância, as reações adversas ao medicamento de que tenham conhecimento.23

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