Introdu¸c˜
ao `
as Equa¸c˜
oes Diferenciais
BCN0405 - Aula 10
Edson Alex Arr´azola Iriarte
Universidade Federal do ABC
October 29, 2018
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 1 / 30
Equa¸c˜
oes Lineares de Segunda Ordem
Uma equa¸c˜ao diferencial de segunda ordem tem a forma
d2y dx2 = f x , y ,dy dx ou y00= f (x , y , y0) onde f ´e alguma fun¸c˜ao.
Consideremos a equa¸c˜ao de segunda ordem mais simples:
d2y
dx2 = f (x )
Resolvemos integrando duas vezes dy
dx = F (x ) + C1, onde F ´e a primitiva de f
y (x ) = ˜F (x ) + C2x + C1, onde ˜F ´e a primitiva de F
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 2 / 30
Note que a condi¸c˜ao y (x0) = y0 n˜ao ´e suficiente para encontrarmos a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao. Precisamos de duas condi¸c˜oes iniciais:
y0(x0) para encontrar C1
y (x0) para encontrar C2
Problema de Valor Inicial
(
y00= f (x , y , y0)
y0(x0) = y00 e y (x0) = y0
Note que, a solu¸c˜ao do problema de valor inicial ´e tal que passa pelo ponto (x0, y0)
a reta tangente `a solu¸c˜ao no ponto (x0, y0) tem coeficiente angular y
0
0.
Equa¸c˜
ao Linear de Segunda Ordem
Uma equa¸c˜ao linear de segunda ordem ´e uma equa¸c˜ao da forma a2(x )y00+ a1(x )y0+ a0(x )y = g (x )
onde
as fun¸c˜oes definidas num intervalo I
a2, a1, a0, g : I → R dependem s´o da vari´avel x
a2(x ) 6= 0, para todo x ∈ I .
Note que, como a2(x ) 6= 0, podemos escrever
Equa¸c˜
ao Homogˆ
enea
A equa¸c˜ao
y00+ p(x )y0+ q(x )y = 0 (H)
´
e chamada equa¸c˜ao homogˆenea.
Note que, a equa¸c˜ao (S ) ´e homogˆena se f (x ) = 0, para todo x ∈ I .
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 5 / 30
Exemplos
1 y00− 3y0− 4y = 2 sen x
2 (x2− 4)y00+ y0+ (sen x ) y = e
x
x , para x 6= 0
3 Equa¸c˜ao do oscilador harmˆonica am´ortecido e for¸cado
mx00+ µ x0+ k x = f (t) As seguintes equa¸c˜oes s˜ao homogˆeneas:
y00− 3y0− 4y = 0
(x2− 4)y00+ y0+ (sen x ) y = 0
Equa¸c˜ao do oscilador harmˆonica am´ortecido
mx00+ µ x0+ k x = 0
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 6 / 30
Teorema de Existˆ
encia e Unicidade
Sejam p, q, f : I → R fun¸c˜oes cont´ınuas. Ent˜ao, o problema de valor inicial (
y00+ p(x )y0+ q(x )y = f (x ) y0(x0) = y00 e y (x0) = y0
tem uma ´unica solu¸c˜ao y = φ(x ) definida em todo o intervalo I
Exemplo
(PVI ) (x2− 4)y00+ y0+ (sen x )y = e x x y0(1) = y00 e y (1) = y0 As fun¸c˜oes p(x ) = 1 x2− 4, q(x ) = sen x x2− 4, f (x ) = ex x (x2− 4)s˜ao cont´ınuas para x 6= ±2 e x 6= 0, ou seja, nos intervalos
(−∞, −2), (−2, 0), (0, 2) e (2, ∞)
Como x0 = 1 pertence ao intervalo aberto I = (0, 2), pelo Teorema de
Duas solu¸c˜
oes para a equa¸c˜
ao (H)
Consideremos a equa¸c˜ao diferencial
(H) y00+ p(x )y0+ q(x )y = 0
onde p, q s˜ao fun¸c˜oes cont´ınuas no intervalo I . Fixado x0∈ I , segue do
Teorema de Existˆencia e Unicidade que existem duas, e somente duas,
solu¸c˜oesy1 e y2 de (H) satisfazendo as condi¸c˜oes inicias
y (x0) = 1 e y0(x0) = 0 (1)
y (x0) = 0 e y0(x0) = 1 (2)
Note que que uma das solu¸c˜oes n˜ao pode ser m´ultipla da outra.
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 9 / 30
Princ´ıpio de Superposi¸c˜
ao
Se y1, y2 s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao homogˆenea (H), ent˜ao y (x ) = c1y1(x ) + c2y2(x )
tamb´em ´e solu¸c˜ao de (H), para quaisquer constantes c1, c2.
Isso significa que, qualquer combina¸c˜ao linear de solu¸c˜oes de (H) tamb´em ´e solu¸c˜ao de (H).
Para ver isso, note que y0 = c1y
0 1+ c2y 0 2 e y00= c1y 00 1 + c2y 00 2, logo y00+ p(x )y0+ q(x )y = c1 h y100 + p(x )y10 + q(x )y1 i +c2 h y200 + p(x )y20+ q(x )y2 i = 0
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 10 / 30
Observa¸c˜
ao
A equa¸c˜ao (S ) define umoperador diferencialem C2(I ) como segue L : C2(I ) → C (I )
y → L[y ]
onde
L[y ] = y00+ p(x )y0+ q(x )y Com essa nota¸c˜ao temos que
L[c1y1+ c2y2] = c1L[y1] + c2L[y2]
ou seja, L ´e um operador linear.
Exemplos
1 As fun¸c˜oes y1(x ) = e2x e y2(x ) = e3x s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao
y00− 5y0+ 6y = 0 Pelo princ´ıpio de superposi¸c˜ao temos que
y (x ) = c1e2x+ c2e3x para constantes c1, c2, tamb´em ´e solu¸c˜ao.
2 As fun¸c˜oes y1(x ) = cos kx e y2(x ) = sen kx s˜ao solu¸c˜oes de
y00+ k2y = 0 Pelo princ´ıpio de superposi¸c˜ao temos que
y (x ) = c1cos kx + c2sen kx para constantes c1, c2, tamb´em ´e solu¸c˜ao.
Qualquer solu¸c˜ao de (H) ´e da forma
y (x ) = c1y1(x ) + c2y2(x ) para constantes c1, c2 escolhidas de forma conveniente.
Seja y uma solu¸c˜ao de (H) e tome
c1= y (x0) e c2= y0(x0)
A fun¸c˜ao definida por
φ(x ) = y (x ) − c1y1(x ) − c2y2(x ) ´
e solu¸c˜ao de (H) tal que
φ(x0) = 0 e φ0(x0) = 0
Segue do Teorema de Existˆencia e Unicidade que φ(x ) = 0. Da´ı
y (x ) = c1y1(x ) + c2y2(x ).
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 13 / 30
Dependencia Linear de Fun¸c˜
oes
Defini¸c˜ao
1 Duas fun¸c˜oes y1, y2: I → R s˜ao linearmente dependentes (`.d .)se
existe uma constante α tal que
y1(x ) = α y2(x ), para todo x ∈ I ,
2 Duas fun¸c˜oes y1, y2: I → R s˜ao linearmente independentes (`.i .)se a
condi¸c˜ao
c1y1(x ) + c2y2(x ) = 0, para todo x ∈ I , implica que c1 = c2= 0.
Note que as fun¸c˜oes y1 e y2 s˜ao (`.i .) se elas n˜ao forem (`.d .)
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 14 / 30
Exemplos
1 y1(x ) = sen x e y2(x ) = cos x s˜ao `.i .
2 y1(x ) = eax e y2(x ) = ebx, com a 6= b s˜ao `.i . 3 y1(x ) = eax e y2(x ) = xeax, s˜ao `.i .
4 y1(x ) = eµxsen βx e y2(x ) = eµxcos βx s˜ao `.i .
O Wronskiano
A dependencia linear para fun¸c˜oes diferenci´aveis est´a relacionada com o determinante wronskiano:
Defini¸c˜ao
Sejam y1, y2: I → R duas fun¸c˜oes diferenci´aveis. O determinante
W [y1, y2](x ) = det "
y1(x ) y2(x ) y10(x ) y20(x )
#
Teorema 1
Sejam y1, y2 : I → R duas fun¸c˜oes diferenci´aveis tais que
W [y1, y2](x0) = det " y1(x0) y2(x0) y10(x0) y 0 2(x0) # 6= 0
para algum x0∈ I . Ent˜ao y1 e y2 s˜ao (`.i .)
Note que a rec´ıproca do Teorema 1 ´e falsa. Considere as fun¸c˜oes y1(x ) = x3 e y2(x ) = |x |3
Teorema 2
Sejam y1, y2 : I → R duas solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (H).
y1 e y2 s˜ao `.i ⇔ W [y1, y2](x0) 6= 0 para algum x0∈ I
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 17 / 30
Teorema 3
Sejam y1, y2: I → R duas solu¸c˜oes (`.i.)da equa¸c˜ao (H). Ent˜ao, qualquer solu¸c˜ao y (x ) da equa¸c˜ao (H) ´e da forma
y (x ) = c1y1(x ) + c2y2(x )
com c1 e c2 constantes.
Do Teorema temos que determinando um par qualquer de solu¸c˜oes (`.i .)
da equa¸c˜ao (H), ent˜ao a solu¸c˜ao geral est´a obtida e dada pela express˜ao acima.
As fun¸c˜oes do Teorema formam um conjunto de fun¸c˜oes chamado
conjunto fundamental de solu¸c˜oes.
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 18 / 30
Equa¸c˜
ao Linear Homogˆ
enea com Coeficientes Constantes
Vamos determinar a solu¸c˜ao geral da eq homogˆenea
y00+ py0+ qy = 0 (?)
em que os coeficientes p e q s˜ao constantes.
Segue do Teorema de Existˆencia e Unicidade que as solu¸c˜oes desta equa¸c˜ao s˜ao fun¸c˜es definidas em toda a reta.
Sabemos que a solu¸c˜ao geral ´e da forma
y (x ) = c1y1(x ) + c2y2(x ) onde y1 e y2 s˜ao solu¸c˜oes `.i .
O m´etodo de solu¸c˜ao consiste em buscar solu¸c˜oes da forma y (x ) = eλx
onde λ ´e um parˆametro a determinar. Como
d dx(e
λx) = λ eλx e d2
dx2(e
λx) = λ2eλx
substituindo na equa¸c˜ao temos
λ2eλ x+ pλ eλ x + q eλ x = 0 eλ x(λ2+ p λ + q) = 0
Como eλ x 6= 0, segue que
A equa¸c˜ao
λ2+ p λ + q = 0
´
e chamada equa¸c˜ao caracter´ıstica.
O discriminante desta esqua¸c˜ao ´e
p2− 4q
Dependendo do sinal do discriminante temos trˆes casos a considerar:
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 21 / 30
CASO 1: p
2− 4q > 0 (ra´ızes reais distintas)
Neste caso, as ra´ızes da equa¸c˜ao caracter´ıstica s˜ao
λ1= − p 2 + r p 2 2 − q e λ2 = − p 2 − r p 2 2 − q Ent˜ao, as fun¸c˜oes
y1(x ) = eλ1x e y2(x ) = eλ2x
s˜ao solu¸c˜oes `.i . da equa¸c˜ao (?).
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 22 / 30
Exemplos
1 Encontre a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao
y00+ y0− 6y = 0 e a solu¸c˜ao que satisfaz as condi¸c˜oes iniciais
y (0) = 1 e y0(0) = 2.
2 Encontre a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao
y00− 2y0 = 0
CASO 2: p
2− 4q = 0 (ra´ızes reais repetidas)
Neste caso, temos que
λ1 = λ2 = λ = −
p 2
e assim obtemos apenas uma solu¸c˜ao
y1(x ) = e−p x/2
Pergunta: Como determinar uma outra solu¸c˜ao y2(x ) de modo que y1 e y2
M´
etodo da redu¸c˜
ao da ordem
Conhecendo uma solu¸c˜ao encontramos uma equa¸c˜ao diferencial de primeira ordem que permitir´a encontrar a segunda solu¸c˜ao
Fazendo a substitui¸c˜ao y (x ) = u(x ) eλx, onde λ = p2 na equa¸c˜ao (?) obtemos u00= 0 Fazendo u0= v temos v0 = 0
Ent˜ao v = c e assim u = cx + ˜c. Tomando c = 1 e c = 0 temos que a
segunda solu¸c˜ao de (?) ´e
y2(x ) = xeλx, onde λ = p2
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 25 / 30
Exemplo
Encontre a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao
y00+ 2y0+ y = 0 e a solu¸c˜ao que satisfaz as condi¸c˜oes iniciais
y (0) = 0 e y0(0) = 1.
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 26 / 30
CASO 3: p
2− 4q < 0 (ra´ızes complexas conjugadas)
Neste caso, as ra´ızes da equa¸c˜ao caracter´ıstica s˜ao complexas
λ1= −µ + i ν e λ2= −µ − i ν onde µ = p 2 e ν = 1 2 p 4q − p2
Ent˜ao, as fun¸c˜oes
y1(x ) = e−µ xei ν x e y2(x ) = e−µ xe−i ν x s˜ao solu¸c˜oes `.i . da equa¸c˜ao (?).
Note que usando af´ormula de Euler
ei x = cos x + i sen x podemos escrever
y1(x ) = e−µ x[cos (ν x ) + i sen (ν x )]
y2(x ) = e−µ x[cos (ν x ) − i sen (ν x )]
Pela linearidade da equa¸c˜ao (?) temos que v1(x ) = 1 2[y1(x ) + y2(x )] = e −µ xcos (ν x ) e v2(x ) = 1 2i[y1(x ) − y2(x )] = e −µ x sen (ν x )
Exemplo
Encontre a solu¸c˜ao geral da equa¸c˜ao
y00+ 2y0+ 5y = 0 e a solu¸c˜ao que satisfaz as condi¸c˜oes iniciais
y (0) = 1 e y0(0) = 0.
Edson Alex Arr´azola Iriarte (UFABC) sites.google.com/site/edsonarrazolairiarte October 29, 2018 29 / 30
Usando o Geogebra, esbo¸car o gr´afico de fun¸c˜oes da forma y (x ) = eρ x[Acos (ωx ) + Bsen (ω x )] para A = B = 1 e ω = 1 e para ρ = −1, ρ = 0 e ρ = 1