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O Lúdico e a sua importância na Educação de Jovens e E Adultos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

DEUSIMÁRIA SEVERO DA SILVA

Currais Novos/RN 2018

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DEUSIMÁRIA SEVERO DA SILVA

O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Artigo apresentada ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Profª. Ms. Ivone Priscilla de Castro Ramalho.

Currais Novos/RN 2018

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O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Por

DEUSIMÁRIA SEVERO DA SILVA

Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia.

Aprovado em 06 de julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Ma. Ivone Priscilla de Castro Ramalho (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________ Dr. Mônica Karina Santos Reis

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Ms. Louize Gabriela Silva de Souza

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O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Deusimária Severo da Silva - UFRN deusasevero@yahoo.com.br

Resumo

O presente estudo bibliográfico tem como objetivo principal discutir sobre a importância do lúdico nas práticas pedagógicas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), como uma possibilidade de torná-las mais significativas. A pesquisa busca responder a seguinte questão: Como o lúdico pode contribuir para repensar as práticas pedagógicas na EJA? A relevância desta pesquisa justifica-se pelo fato da ludicidade ser uma temática pouco explorada no contexto da EJA e por favorecer a reflexão crítica sobre a problemática desta na sociedade contemporânea, no sentido de conceber o público dessa modalidade de ensino como sujeitos de direitos. No desenvolvimento do trabalho, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre o contexto sócio-histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e sobre a importância do lúdico como atividade cultural inerente ao ser humano, destacando as suas contribuições para esse contexto educativo. As considerações finais evidenciaram que a educação lúdica é de fundamental importância para a referida modalidade de ensino, uma vez que é uma prática inerente ao ser humano em todas as fases da vida, o que não pode ser negligenciado nas práticas pedagógicas desse contexto educativo, principalmente por estimular e favorecer a busca pela aprendizagem, despertando jovens e adultos a se envolverem com entusiasmo na construção do conhecimento. Diante disso, o presente estudo aponta para a necessidade de maior aprofundamento teórico e prático para que a educação lúdica se configure como uma estratégia pontual nas políticas e práticas curriculares desse cenário educativo. Como fundamentação teórica, utilizamos os seguintes autores: Capucho (2012); Pierro, Joia e Ribeiro (2001); Paiva (2004); Arroyo (2006); Almeida (2013); Kraemer (2010).

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LUDIC AND ITS IMPORTANCE IN YOUTH AND ADULT EDUCATION

Deusimária Severo da Silva - UFRN deusasevero@yahoo.com.br

Abstract

The main objective of this study is to discuss the importance of playfulness in the pedagogical practices of Youth and Adult Education (EJA) as a possibility to make them more meaningful. The research seeks to answer the following question: How can playfulness contribute to rethinking pedagogical practices in EJA? The relevance of this research is justified by the fact that ludicity is a topic not explored in the context of the EJA and to favor the critical reflection on the problem of this in contemporary society, in the sense of conceiving the public of this modality of teaching as subjects of rights. In the development of the work, a bibliographical research was done on the socio-historical context of Youth and Adult Education in Brazil and on the importance of play as a cultural activity inherent to the human being, highlighting their contributions to this educational context. The final considerations evidenced that play education is of fundamental importance for the said modality of education, since it is an inherent practice to the human being in all phases of life, which can not be neglected in the pedagogical practices of this educational context, mainly for stimulating and favoring the search for learning, by awakening young people and adults to engage with enthusiasm in the construction of knowledge. Therefore, the present study points to the need for a greater theoretical and practical depth so that play education can be seen as a punctual strategy in the curricular policies and practices of this educational scenario. As theoretical basis, we use the following authors: Capucho (2012); Pierro, Joia and Ribeiro (2001); Paiva (2004); Arroyo (2006); Almeida (2013); Kraemer (2010).

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo principal discutir sobre a importância do lúdico nas práticas pedagógicas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), como uma possibilidade de torná-las mais significativas. O interesse por essa investigação surgiu com base em minhas experiências durante o período em que fui bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), em uma escola pública localizada no município de Currais Novos-RN, onde pude atuar no cenário da EJA de forma a refletir sobre alternativas lúdicas para atrair os alunos e envolvê-los no processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a pesquisa buscar responder à seguinte questão: Como o lúdico pode contribuir para repensar as práticas pedagógicas na EJA?

Este estudo mostra-se relevante pelo fato da ludicidade ser uma temática pouco explorada no contexto da EJA, apontando para a necessidade de maior discussão e aprofundamento na área, assim como por favorecer a reflexão crítica sobre a problemática da EJA na sociedade contemporânea, no sentido de buscar superar os desafios do fracasso escolar, contribuindo para tornar o processo de ensino e aprendizagem mais significativo.

No desenvolvimento do trabalho, fez-se uma pesquisa bibliográfica sobre o contexto histórico da Educação de Jovens e Adultos e sobre a importância do lúdico como atividade cultural inerente ao ser humano, destacando as suas contribuições para esse contexto educativo. O artigo está organizado em duas partes. Na primeira, apresento o contexto da EJA na contemporaneidade, problematizando as práticas pedagógicas nesse cenário educativo. Na segunda, teço sobre a importância do lúdico como uma importante estratégia pedagógica, enfatizando o papel da escola e o papel do professor nesse sentido. Dentro deste contexto, referencio alguns autores como: Capucho (2012); Pierro, Joia e Ribeiro (2001); Paiva (2004); Arroyo (2006); Almeida (2013); Kraemer (2010), que fundamentaram a busca de um caminho para entender e desenvolver métodos que possam contribuir para uma maior significância na aprendizagem de jovens e adultos por meio de uma educação lúdica.

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1 CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

De acordo com Capucho (2012), a Educação de Jovens e Adultos (EJA), historicamente, está permeada por processos discriminatórios na sociedade brasileira, a qual ainda não apresentou atitudes necessárias para romper com a lógica da negação dos direitos educativos aos jovens, adultos e idosos, uma vez que ainda são precárias as condições de oferta e muito frágeis as políticas de acesso, permanência e elevação da escolaridade nesse contexto educativo.

Vale destacar que apesar desses direitos serem pronunciados na legislação brasileira, a EJA é um campo ainda não consolidado nas áreas de pesquisa, de políticas públicas e diretrizes educacionais, da formação de educadores e intervenções pedagógicas, conforme Capucho (2012). É, dessa forma, um campo aberto, que necessita ser amplamente discutido e aprofundado em relação às suas práticas e estudos.

Não obstante, essa modalidade de ensino encontra novos espaços para pesquisas educacionais, principalmente no âmbito acadêmico a partir de políticas atuais. De acordo com Arroyo (2006), as universidades, e os centros de pesquisa e de formação assumem os jovens e adultos e seus processos de formação como foco de pesquisas e de reflexão teórica. Ou seja, as universidades em suas funções de ensino, pesquisa e extensão se voltam para a EJA, o que pode identificar um aspecto promissor. Há ainda outros indicadores promissores para reconfiguração da EJA, pois vem encontrando condições favoráveis para se configurar como um campo específico de políticas públicas, de formação de educadores, de produção teórica e de intervenções pedagógicas.

Além disso, percebemos na sociedade sinais de preocupação com os milhões de jovens e adultos que têm direito à educação básica. ONG’s, igrejas, sindicatos e movimentos sociais do campo como o MST, criam propostas direcionadas à educação desse público, modificando o perfil educacional em que se configura com o compromisso dessa diversidade de coletivos da sociedade e não mais de campanhas nem de ações assistencialistas. “Um novo trato mais profissional está se consolidando como indicador de que tanto o Estado quanto à sociedade em seus

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diversos atores são mais sensíveis aos jovens e adultos e a seus direitos à educação. Surge uma nova institucional idade entre o Estado e a sociedade” (ARROYO, 2006, p. 20).

A educação de jovens e adultos é um campo conflituoso que ultrapassa os limites da escolarização, em sentido estrito, principalmente porque abrange processos formativos diversos que visam desde a qualificação profissional ao desenvolvimento comunitário e à formação política. Além disso, o padrão rígido da escola regular com seus tempos e espaços delimitados apresentam-se como uma problemática para o público dessa modalidade de ensino (PIERRO, JOIA, RIBEIRO, 2001).

Dessa forma, a EJA, na contemporaneidade, adquire um novo sentido, que é fruto das práticas que se vão fazendo nos espaços que educam nas sociedades: escolas, movimentos sociais, trabalho, práticas cotidianas, legitimando-se por meio de ordenações jurídicas, de acordos, firmados e aprovados pelas instâncias de representação que conformam as normas da ordem social. (PIERRO, JOIA, RIBEIRO, 2001).

De acordo com Paiva (2004), duas vertentes importantes passavam a configurar a educação de jovens e adultos pós-Hamburgo: a primeira, a da escolarização, assegurando o direito à educação básica a todos os sujeitos, independente da idade, por passar a ser vista a educação como direito fundamental; a segunda, a da educação continuada, entendida pela exigência do aprender por toda a vida, independente da educação formal, incluindo-se nessa vertente as ações educativas de gênero, de etnia, de profissionalização, questões ambientais, etc., assim como a formação continuada de educadores, estes também jovens e adultos em processos de aprendizagem.

Segundo Paiva (2004), essa vertente passa a constituir o verdadeiro sentido da EJA, por ressignificar os processos de aprendizagem pelos quais os sujeitos se produzem e se humanizam, ao longo de toda a vida. Por essa concepção, inclusive, reconceitualizava-se a área, não mais restrita à questão da escolarização, ou da alfabetização, como foi vista por longo tempo.

Ainda de acordo com a referida autora, vale ressaltar a importância da ação conjunta entre Estado e sociedade civil, em busca de espaços de atuação.Muitos são esses projetos e programas que, em certas condições e com diferentes graus de

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controle, fazem “institucionalmente” a parceria sociedade civil-Estado. Alguns são: Alfabetização Solidária, Movimento de Alfabetização para Jovens e Adultos (Mova), Telecurso 2000, Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) etc. Nesse campo de lutas, podemos destacar a experiência inovadora dos Fóruns de EJA com a finalidade de legitimar novas práticas. A estratégia desses Fóruns contribuiu para a desconstrução de posturas e atitudes centralizadoras, possibilitando o estabelecimento de relações mais igualitárias, fator decisivo para um processo de democratização da educação, nas esferas locais, como preconiza a LDB.

A visão reducionista com que, por décadas, foram olhados os alunos da EJA – trajetórias de escolas trancadas, incompletas – precisará ser superada diante do protagonismo social e cultural desses tempos da vida. A finalidade não poderá ser de suprir carências da escolarização, mas garantir direitos específicos de um tempo de vida. Precisam-se garantir direitos dos sujeitos que os vivenciam, constituindo a Educação de Jovens e Adultos como um campo de responsabilidade pública.

Essa reconfiguração não virá espontaneamente. De acordo com Arroyo (2006), a EJA tem de partir, para sua configuração como campo específico, da especificidade desses tempos da vida – juventude e vida adulta – e da especificidade dos sujeitos concretos históricos que vivenciam esses tempos. O ponto de partida deverá ser perguntar-nos quem são esses jovens e adultos. As pesquisas passaram a dar maior destaque ao conhecimento dos sujeitos da ação educativa. A começar por superar visões restritivas que tão negativamente a mascaram.

Ainda, de acordo com o autor citado, por décadas, o olhar escolar os enxergou apenas em suas trajetórias escolares truncadas: alunos evadidos, reprovados, defasados, alunos com problemas de frequência, de aprendizagem, não concluintes do 1º ao 5º ano ou 6º ao 9º. Ou seja, continuam sendo vistos pelas carências e lacunas no percurso escolar. Com esse olhar sobre esses jovens adultos não avançaremos na reconfiguração da EJA.

Nesse sentido, a EJA somente será reconfigurada se esse olhar for revisto. Quando esses alunos forem vistos, além dessas carências. Um novo olhar deverá ser construído, que os reconheça como jovens e adultos em tempos e percursos

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sociais, onde se revelam os limites e possibilidades de serem reconhecidos como sujeitos dos direitos humanos.

A reconfiguração da EJA precisa levar em consideração as múltiplas histórias e aprendizagens que esses alunos carregam em suas trajetórias de vida. Precisa reconhecer que esses jovens e adultos vêm de múltiplos espaços onde participam. Ocupam espaços de lazer, de trabalho, cultural, sociabilidade e de trocas culturais, de participação em suas comunidades. Nesse sentido, instaurar novos olhares sobre esses alunos, de reconhecimento das suas potencialidades e não apenas dos fracassos, pode significar uma reconfiguração da formação dos educadores, dos conhecimentos a serem trabalhados, dos processos e das didáticas no contexto da EJA.

Podemos, portanto, aproximar-nos com outro olhar e perceber uma riqueza nesse caráter aberto e nessa diversidade de atores e de intervenções, destacando-se a importância da diversidade de métodos, didáticas e propostas educativas; diversidade de organização do trabalho, dos tempos e espaços; diversidade de intenções políticas, social e pedagógicas nesse contexto educativo, internalizando-o como um projeto de inclusão desse público como sujeitos direitos. Daí a importância de repensarmos as práticas pedagógicas direcionadas a esse público, no sentido de instaurar uma educação lúdica como estratégia potencializadora de um processo de ensino e aprendizagem significativo, respeitando e reconhecendo os jovens e adultos como sujeitos de direitos.

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2 A LUDICIDADE NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Conforme Almeida (2013), a educação lúdica tem um significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida, destacando-se não apenas como divertimento, mas principalmente como possibilidade de desenvolver inúmeras capacidades e competências, internalizando conhecimentos. Dessa forma, compreende-se que a ludicidade mobiliza “atos funcionais, relacionando-os ao prazer, à satisfação, o que facilita a integração dos homens com o conhecimento” (p. 16).

A educação lúdica combina atos prazerosos e funcionais com a necessidade intrínseca do homem de conhecer e aprender e traz para os processos de ensino e aprendizagem uma perspectiva de integração de atividade como jogos e brincadeiras com o ato de ensinar e aprender, sem, contudo, didatizar o processo a ponto de torná-lo apenas um exercício; trata-se, sim, de uma forma de facilitar a formação de pessoas críticas e criativas, que descobrem, inventam e constroem seu conhecimento com atitudes criativas e motivadoras. (ALMEIDA, 2013, p. 16-17).

Almeida (2013) ainda destaca que por muito tempo, os termos lúdico, jogo, brincadeira e brinquedo suscitaram significados relacionados ao divertimento e às ações recreativas motoras do ser humano, sem serem estabelecidos com as realidades superiores do homem, porque eram vistos apenas como divertimento. A importância da ludicidade para os processos de ensino e aprendizagem passou a ganhar relevância a partir de estudos próprios acerca da sua significância para o desenvolvimento humano, podendo-se destacar pesquisas do comportamento e da educação, como, por exemplo, os autores, Huizinga, Piaget, Wallon, Vygotsky, Chateau, Freinet, Kishimoto, Brougére, Winnicott, entre outros, que, de certa forma, apontam nessa perspectiva, buscam demonstrar o papel fundamental do lúdico na vida do ser humano e eleva “sua posição de uma ação meramente instintiva e prazerosa para a de uma fonte de produção e reprodução do conhecimento a respeito do mundo e de si mesmo” (ALMEIDA, 2013, p. 20).

Ao analisar as diferentes tendências teóricas acerca da ludicidade, Almeida (2013) verifica que “há algumas que se aproximam de um consenso, sem, contudo, tornar uníssono o discurso a respeito do assunto” (p. 21). Dessa forma, destaca que

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a primeira defende e incorpora a concepção de lúdico, jogo e brincadeira como um impulso natural do ser humano em toda a sua complexidade psicológica, a partir de estudos de Huizinga. A segunda dá à atividade lúdica um caráter de fenômeno humano necessário e significativo, a partir dos estudos de Winnicott.

Assim, a ludicidade pode ser considerada como atividade indispensável ao desenvolvimento de capacidades e à aquisição de competências essenciais para a vida em sociedade, pois mantém em seu caráter a possibilidade de fornecer subsídios para o desenvolvimento do homem. Ainda de acordo com Almeida (2013), apenas no século XIX, o jogo passa a ser considerado como uma necessidade biológica e psicologicamente como um ato voluntário. A partir dos estudos da psicologia de base genética, o lúdico ganhou novos significados, sendo cada dia mais reconhecido como um método que auxilia no desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos, e mais recentemente como uma atividade cultural indispensável à prática pedagógica, principalmente com a contribuição dos estudos sociointeracionistas.

Nesse sentido, a expressão “lúdico” que se originou da palavra “ludus”, e que significa “jogo”, com o tempo, passou a ser reconhecida como uma possibilidade de desenvolver conhecimentos, habilidades e criatividade, por meio de jogos, músicas, brincadeiras, danças, etc. O objetivo principal é o de ensinar e educar interagindo com outras pessoas, de maneira divertida e descontraída.

Segundo Kraemer (2010), as atividades lúdico-educativas na escola favorece que o aluno aprenda com prazer na escola, principalmente por ser algo que desperta a curiosidade e o desejo de aprender. Assim, a referida autora destaca que é possível aliar essas atividades em todos os níveis e modalidades de ensino, juntamente com a proposta pedagógica da escola. Como, por exemplo, na educação de jovens e adultos, o professor pode fazer uso de jogos e materiais didáticos que recorram à estratégia da ludicidade para facilitar a compreensão de conteúdos nas mais diversas áreas do conhecimento, por meio de filmes, visitas, experimentos, etc.

Dessa forma, é importante que a ludicidade seja compreendida como um processo facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento, e não apenas como diversão. “Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social, tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio” (ALMEIDA, 2013, p. 76).

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Percebem-se, nessa perspectiva, a importância de se manterem vivas na vida adulta as perspectivas lúdicas de olhar e atuar no mundo, “o que cria uma instância de prazer em atividades que, numa visão menos acurada, parecem ser “obrigações” entendiantes, mas que, vistas com maior acuidade, denotam instâncias da formação do homem como ser social” (ALMEIDA, 2013, p. 77). Daí a relevância de incluir as práticas lúdicas nos processos educativos em todos os níveis e modalidades de ensino, refletindo continuamente sobre o seu papel e sua significação “na construção do conhecimento, na formação do cidadão e, concomitantemente, na capacidade do homem de atuar na sociedade, sem uma massificação do ser pela obrigação” (ALMEIDA, 2013, p. 77).

Para Chateau (1987 apud Almeida, 2013), a escola deve se apoiar no jogo e tornar o comportamento lúdico relevante nas práticas escolares, uma vez que tal concepção nos permite compreender a existência de uma estreita relação entre o lúdico e a função pedagógica da escola, principalmente no que se refere ao desenvolvimento e estímulo de habilidades e competências como a base de novas aprendizagens.

[...] a educação lúdica consubstancia as ações inerentes do ser com a própria vida, envolve a mobilização de múltiplas capacidades em todos os aspectos, principalmente nos cognitivos (intelectivos), no afetivo-social e, acima de tudo, no ético (compreensão de limites e vivências de relacionamento humano) e, por final, enfatiza um aprendizado prazeroso, motivado, desafiador, organizado, significativo e compartilhado. (ALMEIDA, 2013, p. 86).

Nesse contexto, para que a educação lúdica se efetive significativamente no espaço escolar faz-se necessário que o/a educador/a esteja devidamente orientado/a para colocá-la em prática. “Pouco será feito se ele não tiver profundo conhecimento da base teórica e prática da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante” (ALMEIDA, 2013, p. 87). Assim, torna-se imprescindível pensar a escola como um ambiente proveitoso ao desenvolvimento e aprendizagem, fazendo-se indispensável organizar o prédio físico como um todo, e especificamente a sala de aula, de modo que estes sejam “alegres, vivos, repletos de recursos e atrações que deslumbrem e reativem os encantamentos e os interesses dos alunos e lhes proporcionem, no mínimo, uma sensação de aconchego” (ALMEIDA, 2013, p. 89).

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No que tange ao lúdico no universo do adulto, pode-se destacar que este assume funções de aliviar tensões e remediar o tédio.

É na observação do adulto que as interpretações sobre o lúdico, a brincadeira e o jogo tomam outros sentidos ou funções, pois assumem um sentido de intencionalidade e finalidade e, por isso, deixam de ser um impulso de tendências ou simples manifestações de tensões e passam a ser um ato consciente e voluntário, o que, na criança, parece ser mais “natural” e inconsciente. (ALMEIDA, 2013, p. 27).

Para o adulto, nessa perspectiva, as brincadeiras e os jogos ganham relevância no sentido de buscar a satisfação de tensões, frutos de necessidades voltadas para a conquista do sonho, dos desejos, do desafio de superioridade, da prova de conhecimento, da autoafirmação. “Por isso, o adulto ocupa-se dos esportes, da arte, das descobertas científicas e de muitas conquistas ditas superiores” (ALMEIDA, 2013, p. 27-28).

Makarenko (1985 apud Almeida, 2013), compreende que esse sentido de satisfação, prazer e autoafirmação presentes no adulto como uma atribuição de felicidade às atividades lúdicas. Para esse autor, a realidade pode tornar-se a própria fonte de prazer, estabelecendo uma relação entre a alegria presente e a aspiração a um futuro melhor e mais feliz, destacando-se não apenas como uma realidade interior, mas coletiva, fazendo com que o lúdico adquira um valor eminentemente político-social.

Dessa forma, compreende-se que a educação lúdica esteve e está presente em todas as épocas e em todos os povos e faz parte de diversas teorias educacionais, o que nos permite, cada vez mais, reconhecer e reafirmar a sua contribuição e o seu papel para a formação integral do indivíduo, na qual seus objetivos se expressam nas relações entre as múltiplas capacidades do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural e psicológico, enfatizando “a libertação das relações pessoais passivas para as relações reflexivas, criadoras, inteligentes e intencionais, sem perder o sentido de prazer, de satisfação individual e de modificador da sociedade” (ALMEIDA, 2013, p. 57-58).

No âmbito educacional, fica claro que a ludicidade desempenha um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem dos jovens e adultos, uma vez que, facilita o entendimento do conteúdo, de maneira mais descontraída,

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despertando o interesse, curiosidade e atenção para a aula. E uma das maneiras de se obter isso é através dos jogos e brincadeiras, adequados para a faixa etária em questão.

Para Castilho; Tonus (2008 apud Heberle, 2011),

As atividades lúdicas podem e devem ser trabalhadas de diversas formas em diversas faixas etárias, especialmente na educação de jovens e adultos, pois o lúdico pode contribuir no processo de ensino e aprendizagem e para a melhoria da educação. (p. 23).

Os jogos e brincadeiras, quando são utilizados com intencionalidade educativa, certamente contribuirão para a internalização dos conhecimentos construídos durante o processo de ensino e aprendizagem.

Diante disso, torna-se enfático o papel do educador/a no que se refere ao planejamento de práticas lúdicas no contexto educativo, internalizando-o como uma ação criteriosa e intencional que deve ser cuidadosamente pensada e organizada com a finalidade de favorecer um processo de ensino e aprendizagem de forma prazerosa e significativa. Tal posicionamento, então, supõe planejamento prévio e um conhecimento no que concerne às potencialidades do lúdico no campo educacional, levando-se em consideração o contexto em que está inserido. Portanto, o/a educador/a precisa considerar a compreensão contextual da realidade dos alunos; os objetivos de aprendizagem e os conhecimentos necessários, bem como a avaliação numa perspectiva formativa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da necessidade de instaurarmos o olhar sobre o público da Educação de Jovens e Adultos como sujeitos de direitos, destaca-se a importância de diversificar os métodos, didáticas e propostas educativas, defendendo essa modalidade de ensino como uma prática eminentemente política dos sujeitos que a vivenciam. Nesse sentido, considera-se o papel importante que o lúdico exerce sobre as práticas pedagógicas na EJA, como uma possibilidade de torná-las mais significativas, recrutando os/as educadores/as a repensarem sobre estas, de modo a instaurar uma educação lúdica como estratégia potencializadora que respeite e reconheça os jovens e adultos como sujeitos de direitos.

A educação lúdica, conforme discutido no presente artigo, esteve e está presente em todas as épocas e em todos os povos e faz parte de diversas teorias educacionais, evidenciando a sua contribuição para a formação de cidadãos para atuarem criticamente na sociedade em que vivem, relacionando-se com as múltiplas capacidades do ser humano em seu contexto histórico, social, cultural e psicológico, deixando de ser práticas meramente passivas para serem reflexivas e criadoras, capazes de transformar a realidade.

Portanto, conclui-se que a educação lúdica é de suma importância para o contexto da EJA, uma vez que o lúdico é inerente ao ser humano em todas as fases da vida, o que não pode ser negligenciado nas práticas pedagógicas desse contexto educativo, principalmente por estimular e favorecer a busca pela aprendizagem, despertando jovens e adultos a se envolverem com entusiasmo na construção do conhecimento. Diante da importância de desenvolver tais práticas na EJA, o presente estudo aponta para a necessidade de maior aprofundamento teórico e prático para que a educação lúdica se configure como uma estratégia pontual nas políticas e práticas curriculares desse contexto educativo.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes: Educação lúdica: Teorias e práticas. Volume 1 -- Reflexões e fundamentos. -- 1. ed. -- São Paulo : Edições Loyola, 2013.

ARROYO, M. Educação de Jovens e Adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: GIOVANETTI, Maria Amélia; GOMES, Nilma Lino; SOARES, Leôncio (Orgs.). Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2006.

CAPUCHO, Vera. Educação de Jovens e Adultos: prática pedagógica e fortalecimento da cidadania. – São Paulo: Cortez, 2012.

HEBERLE, Karina. Importância e utilização das atividades lúdicas na educação de jovens e adultos. Disponível em:<

http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1764/1/MD_PROEJA_2012_IV_0 9.pdf> acesso em 25 de out. 2017.

KRAEMER, Maria Luiza, Aprendendo com criatividade. – Campinas, SP: Autores Associados, 2010. – (Formação de professores).

PAIVA, Jane. Educação de jovens e adultos: questões atuais em cenário de mudanças. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de; PAIVA, Jane. (Orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: Dp&A editora, 2004.

PIERRO, Maria Clara di; JOIA, Orlando; RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. In: Caderno Cades, ano XXI, n. 55, novembro, 2001.

Referências

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