• Nenhum resultado encontrado

Rainhas do Alambrado: um radio documentário sobre a representatividade feminina nas torcidas do futebol potiguar

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Rainhas do Alambrado: um radio documentário sobre a representatividade feminina nas torcidas do futebol potiguar"

Copied!
34
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

KELEN GLADSON FERREIRA DOS SANTOS

RAINHAS DO ALAMBRADO: UM RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NAS TORCIDAS DO FUTEBOL POTIGUAR

NATAL/RN 2019

(2)

KELEN GLADSON FERREIRA DOS SANTOS

RAINHAS DO ALAMBRADO: UM RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NAS TORCIDAS DO FUTEBOL POTIGUAR

Projeto de pesquisa elaborado para o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Comunicação Social com habilitação em Audiovisual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Orientador: Ivan Mussa Tavares Gomes.

NATAL/RN 2019

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Santos, Kelen Gladson Ferreira dos.

Rainhas do Alambrado / Kelen Gladson Ferreira dos Santos. - Natal, 2019.

33f.: il.

Monografia (graduação) - Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019. Orientador: Prof. Dr. Ivan Mussa Tavares Gama.

1. Radiodocumentário - Monografia. 2. Futebol - Monografia. 3. Mulheres - Monografia. I. Mussa, Ivan Tavares Gama. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 796-055.2

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

RAINHAS DO ALAMBRADO: UM RADIODOCUMENTÁRIO SOBRE A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NAS TORCIDAS DO FUTEBOL POTIGUAR

KELEN GLADSON FERREIRA DOS SANTOS

Monografia apresentada e aprovada em 22 de novembro de 2019, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

_________________________________________ Prof. Ivan Mussa Tavares Gomes (UFRN)

Orientador

_________________________________________ Prof. Dra. Leila Salim Leal (UFRN)

Examinadora

_________________________________________ Me. Maralice Magalhães de Freitas (FMU)

(5)

Agradeço a Deus pelos sonhos gerados em mim e pela capacitação que me permitiu chegar até o final desta jornada.

A minha dupla de trabalho de conclusão, Kevin Muniz, por toda paciência e dedicação que teve durante toda essa jornada até aqui.

A todos que de alguma forma fizeram parte de todas as minhas vivências e aprendizados de graduação.

A cada professor, cada colega de classe e cada amigo servidor, vocês sem dúvida melhoraram ainda mais o meu curso.

A meu professor Ygor que me ajudou no início desta produção, dando total apoio e direções necessárias para a construção deste trabalho.

A meu professor orientador Ivan Mussa, que topou o desafio de me orientar quando o produto já estava no meio do caminho e de tão bom grado me ensinou muito sobre como produzir um bom artigo.

Por fim, agradeço à todo apoio da minha família e amigos que nunca se recusaram a doar incentivo a mim, me mostrando o tanto de coisa que eu era capaz. Amo vocês.

(6)

RESUMO

Rainhas do alambrado é um projeto rádio documental que busca por meio deste

formato transmitir ao ouvinte a vivência de mulheres dentro de estádios de futebol, tanto como torcedoras, quanto como profissionais da área desportiva. O projeto dá ênfase nas dificuldades que elas enfrentam por partilharem de um meio onde prevalece o machismo com questionamentos indevidos sobre o direito delas de frequentar esse ambiente de público predominantemente masculino. Mais do que trazer à tona vozes femininas silenciadas pela discriminação ao seu gênero, o trabalho apresenta ainda o propósito de preservação do rádio e sua importância no processo de construção democrática da mídia. Por meio do formato documental que propicia tratamentos à temas amplos e complexos, Rainhas do alambrado busca desconstruir diálogos atuais e resgatar fatos atemporais, sendo feito pela utilização de sons ambientes do estádio e a inserção de falas que promovem reflexão sobre o assunto.

Palavras chave: Rádio; Rádiodocumentário; Mulheres no futebol; Mulheres;

(7)

“Rainhas do Alambrado” is a documentary radio project that seeks through this format to broadcast to the audience the experience of women in soccer, both as fans as sport professionals. The project emphasizes the hardships they face to take part a venue where sexism prevails, with all its inappropriate inquiries about their rights to attend this male-dominated environment. Further than giving a voice to these silenced female voices by gender discrimination, this thesis presents the purpose of preserving the radio and its importance in the democratic media construction. Through the documentary format, which reach out to broad and complex themes, “Rainha do Alambrado” seeks to confront existing dialogues and retrieve timeless facts, as it is constructed with the usage of stadium background sounds and insertion of speeches that promote reflection on the subject.

(8)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 8

2 A LUTA DA MULHER PELOS SEUS DIREITOS ... 10

3 O FUTEBOL NO BRASIL ... 13

4 A RELAÇÃO DA MULHER COM O FUTEBOL ... 15

4.1 MUITO MAIS QUE TORCEDORA ... 16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 19

REFERÊNCIA... 21

APÊNDICE A - DIÁRIO DE BORDO ... 25

APÊNDICE B - ROTEIROTÉCNICO DO RÁDIO DOCUMENTÁRIO ... 26

(9)

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe a mostrar quais são as dificuldades ainda enfrentadas pelas mulheres que participam de torcidas organizadas de futebol, mesmo após todo o avanço na desconstrução do preconceito de gênero nos estádios. O tema foi escolhido por não ser um assunto muito abordado entre os trabalhos acadêmicos até hoje.

O TCC foi desenvolvido na cidade de Natal - Rio Grande do Norte, e por isso, foram utilizadas para análise as torcidas de times locais de maior força: ABC e América. As entrevistas foram guiadas de forma informal, visto que permitiam uma maior aproximação das torcedoras, fazendo assim, que elas ficassem mais à vontade ao expor suas vivências.

Deixar o entrevistado à vontade, criar, desde o primeiro momento, uma atmosfera de cordialidade e simpatia é de extrema importância para o sucesso da entrevista. Gil (1999) acredita que o entrevistado deve sentir-se absolutamente livre de qualquer coerção, intimidação ou pressão. Desta forma, torna-se possível estabelecer o rapport (quebra de gelo) entre entrevistador e entrevistado. (JÚNIOR, 2011, p. 45)

Não é bem novidade a luta que as mulheres enfrentam diariamente pela igualdade de gênero. Este combate se estende há décadas e com o passar do tempo, através de muito esforço, são vistas mudanças positivas acontecendo em diversos âmbitos da vida feminina. No contexto desportivo, cresceu a representatividade da mulher em esportes que décadas atrás eram vistos como predominantemente masculinos, mas apesar de todo avanço, ainda são apenas 40% das mulheres em relação aos homens que praticam algum esporte no Brasil. (FARIA, 2019)

No futebol, as mulheres tiveram sua primeira Copa do Mundo em 1991, jogos realizados na China, que contou com 12 seleções participantes. Em contrapartida, a primeira Copa do Mundo masculina foi em 1928, ou seja, 63 anos de diferença entre os dois momentos, com o acréscimo da falta de investimento ao esporte feminino que é um problema enfrentado até hoje.

Ainda assim, a realidade para as mulheres que tentam o esporte continua sendo marcada por obstáculos que começam desde o início de suas carreiras e vão da falta de incentivo financeiro, às peneiras – seleção que os clubes fazem para descobrir jogadoras – lotadas, falta de moradias e alojamentos para as que almejam a profissionalização e até o preconceito de gênero. (REDAÇÃO RBA, 2019)

(10)

9

Se para estar dentro de campo elas já enfrentam grandes problemas, fora dele não seria diferente. Com um público de maior volume masculino, as mulheres precisam lidar com o medo do assédio quando vão acompanhar uma partida do desporto, já que são frequentes as notícias de abuso de homens ao sexo feminino em ocasiões como esta, como relata a jornalista Renata Medeiros sobre agressão que sofreu uma torcedora no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, durante uma partida entre Grêmio e Internacional, no dia 11 de março de 2018:

Elas se aproximaram de uma aglomeração de torcedores e, em meio a cerca de cinco pessoas, as garotas começaram a ser insultadas. "Vadias", era o xingamento que ouviam dos homens ali do setor. (NINA, 2019)

O material então tem o interesse de dar visibilidade às mulheres envolvidas no ambiente esportivo e levantar um questionamento sobre a luta que ainda é enfrentada contra o machismo na sociedade atual, trazer a tona o debate se estamos ou não avançando para uma sociedade que preza pela igualdade de gênero.

O projeto foi desenvolvido no formato de radiodocumentário em que o meu parceiro de produção, Kevin Muniz, ficou à frente de toda edição. Nosso desejo é que, ao ouvirem “Rainhas do Alambrado”, as pessoas sintam a adrenalina do futebol através dos efeitos sonoros da produção radiofônica e também sejam levadas à conscientização da luta feminina à um direito que na teoria já foi conquistado.

Para construir o relatório técnico - científico, foram feitas pesquisas bibliográficas que apoiam de forma empírica a investigação do tema, e também justificam a escolha do formato. O trabalho passeia sobre a trajetória feminina na batalha por diversos direitos, conta resumida história do futebol no Brasil, evidencia a figura feminina nesta temática, aborda a narrativa do rádio e finaliza com diário o de bordo contando a minha experiência como mulher indo a um estádio para produzir o produto.

(11)

2 A LUTA DA MULHER PELOS SEUS DIREITOS

Historicamente, as mulheres foram ensinadas a viver à sombra de uma figura masculina, acreditando sempre que necessitavam disso para se sentirem protegidas e resguardadas como uma boneca de porcelana fácil de ser quebrada. Elas eram vistas como sinônimo da fragilidade e por muito tempo acreditaram ser, bom exemplo disso são os relatos de Colette Dowling em sua obra “Complexo de Cinderela”.

No livro, a autora relata suas descobertas pessoais sobre como suas atitudes se dão pelo reflexo de sua criação, e que por mais que tenha enfrentado momentos de fuga da sua “zona de conforto”, na primeira oportunidade que teve de voltar ao campo da submissão, Colette não pensou duas vezes e foi correndo viver à margem de uma figura masculina para se sentir segura. (CASSEPP-BORGES 2006, p. 240, apud DOWLING, 1981/1995)

A partir do conceito de gênero, é possível entender como essas atribuições de características diferenciadas, colocam as mulheres em posição de desigualdade em relação ao homem, uma vez que, essas atribuições estão associadas á afirmação do poder dos homens sobre as mulheres, fato que, pode ser observado concretamente na História, com a atribuição do gerenciamento da esfera pública sendo delegada aos homens.

(PEDRO; GUEDES, 2010, p.4)

Como na historia de Colette Dowling, essa foi a realidade feminina ao longo de muitas décadas e somente no final do século XIX surgem os primeiros indícios da reivindicação da mulher pelos seus direitos através do movimento sufragista, conhecido como “primeira onda do feminismo” que acontece logo após a Revolução Francesa. Para Marcelino (2018),

Seu surgimento pode ser lido como um sintoma de um cenário histórico específico. Enquanto movimento social é um fenômeno essencialmente moderno, relacionado ao contexto de profundas transformações no campo do trabalho, da cultura, do Estado e da vida nas cidades, que surgiram de forma efervescente na Europa após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

Esta mobilização que movimentou mulheres de diversos países em prol a liberação do voto como uma antecedente conquista na luta pela igualdade de gênero, em primeira instância foi negada, mas isso não permitiu que a luta acabasse. Como bem retrata Guedes e Pedro (2010, p.5),

A luta das mulheres está na libertação das amarras de um senso moral construído pela cultura machista, cristalizada durante séculos. Não é apenas pela igualdade econômica e política que as mulheres conquistam seu espaço; mas são, também, na construção de uma sociedade livre de

(12)

11

relações preconceituosas e discriminações. Trata-se de uma luta pela liberdade, para além da equiparação de direitos, e pelo respeito à alteridade.

O feminismo tem como bandeira central que orienta a ação a promoção da igualdade de direitos entre mulheres e homens; ele é capaz de abarcar uma enorme variedade de bandeiras específicas que vão desde direitos trabalhistas, passando por direitos políticos, produção do conhecimento e educação não sexista até temas relacionados à sexualidade. (BEZERRA, 2014, p.49)

O tempo foi passando e as mulheres resistindo com muitas perdas e dificuldades no caminho, pois, como não possuíam nenhum tipo de apoio em sua causa, eram constantemente reprimidas e até agredidas verbal e fisicamente pelo sexo oposto na tentativa de pará-las a todo custo. Foram em situações como esta que muitas das líderes do movimento feministas tiveram sua vida ceifada.

No ano de 1893, as mulheres enfim conquistaram seu direito de votar na Nova Zelândia, em seguida, 1897 nos EUA e somente em 1932, no Brasil. Estes momentos foram marcos da história feminina porque foi a partir daí, que muitos outros direitos de igualdade de gênero foram garantidos. O movimento permaneceu e cresceu em busca da revolução ideológica contra valores patriarcais representados diretamente por figuras paternais, conjugais, fraternas e até em âmbitos profissionais entre colegas de trabalho. Isso significava para as mulheres um enfrentamento à história de submissão e descobrimento das próprias potencialidades. (Costa; Sardenberg, 2008)

Vemos grandes avanços por direitos de voto, trabalhistas, leis voltadas aos direitos das mulheres, mas ainda assim, os sofismas do patriarcado permanecem sobre a mente de muitos. As protagonistas dessa história progridem em se destacar em várias áreas profissionais e sociais, mas não têm a valorização devida pelos seus esforços. Buscam andar livremente, mas ainda não são bem vindas em muitos ambientes.

Compreender essas mulheres, “segundo os homens, não é fácil” sabemos nós que sentimos na pele todos os dias o que é ser mulher, e ter de desafiar para conquistar. Esse termo é usado diariamente pelos homens, relatado por elas nas rodas de conversas. Frequentemente elas falam a respeito de seus sonhos, seus objetivos, que foram desaprovados e ignorado pelos parceiros. Quando inseridas no mercado de trabalho tentam seguir uma carreira, mas quando assume um cargo de igual posição do homem, seu salário é desigual. (Martini; Souza, 2015, p.8)

(13)

Todos esses embates na história pela autonomia feminina reflete no sentimento de resistência que reside até hoje entre as mulheres. O medo de chegar a lugares e ainda sofrer repressão, o temor pelo assédio que circula livremente mesmo apesar da existência de leis que as defendem, como a Maria da Penha, só contribuem para o aspecto de vulnerabilidade e desproteção permanente no dia a dia feminino.

São guerras que ainda precisam ser travadas em muitos outros contextos decorrentes a violação dos direitos da mulher, um trajeto que já se fez longo até aqui, mas que ainda tem muito caminho pela frente.

(14)

13

3 O FUTEBOL NO BRASIL

Conhecido como paixão brasileira, o futebol é um esporte europeu que chegou ao Brasil em 1895 através de grande influência de Charles Miller, paulista de pais estrangeiros que passou parte da sua infância na Inglaterra, onde teve seu primeiro contato com o desporto.

As primeiras partidas aconteceram em São Paulo, entre ingleses que residiam na cidade, porém, não demorou muito para que a atividade se tornasse famosa entre os brasileiros também. Logo, surgiram clubes e competições futebolísticas com o intuito de gerar diversão entre os homens, tudo muito despretensioso.

O esporte de origem elitista no estrangeiro chegou a nosso país de forma não muito diferente, pois no primeiro instante, só eram bem vindos para uma partida os filhos da elite. Nada de pobres e muito menos, negros. Para quebra dessa conjuntura, surge Arthur Friedenreich. Ele,

filho de alemão com negra brasileira, dividindo sua infância entre o clube fechado do pai e as peladas democráticas do bairro da mãe, o mulato de olhos verdes foi, até fins dos anos 20, uma espécie de estranho no ninho, um homem do povo vestindo a mesma camisa dos jovens da elite, fazendo-se campeão e artilheiro, chegando à seleção paulista e depois à brasileira, tudo isso numa época em que nenhum de seus europeizados companheiros e adversários jogava a metade de seu futebol. (MÁXIMO, 1999, p.183)

Foi apenas em 1900 que nasceu o primeiro clube que permitiria a participação de negros, o Ponte Preta, fundado em Campinas. Em seguida, surgiram outros clubes com o manifesto de uma inclusão racial e de classes, defendendo que o futebol não deveria ser apenas um jogo da elite. Bangu e Vasco são clubes pioneiros neste combate contra o racismo, um, por ter em sua composição jogadores da classe operária de uma fábrica em Bangu, e o outro, por conquistar um campeonato com jogadores em sua maioria, negros. (CARVALHO, 2018)

Passada a poeira de conflitos interraciais no esporte e a aceitação enfim estabelecida, o futebol é percebido como de fato a paixão do brasileiro durante o fim do Campeonato Sul-Americano de 1919, em que o país parou para comemorar a vitória junto com o jogador responsável pelo gol da decisão. (MÁXIMO, 1999, p.184). Mas oficialmente, o primeiro campeonato de futebol aconteceu em 1971,

(15)

tendo como campeão o já existente clube Atlético Mineiro (SILVA, 2009) e em 1979 é criada a CBF - Confederação Brasileira de Futebol.

Pela dimensão que o esporte ganhou, dedicar-se integralmente a ele para um bom resultado era necessário da parte dos jogadores. Com isso, começam as contratações dos clubes e o envolvimento financeiro pelos torcedores, que agora, começam a acompanhar seus clubes do coração onde quer que eles estejam jogando.

Esses campeonatos também trazem um grande movimento financeiro no país com suas vendas e patrocínios, fazendo o mercado da bola aumenta cada dia mais. Como muitos clubes possuem a agenda cheia por disputarem mais de um campeonato ao mesmo tempo, constantemente precisam viajar para cumprir as partidas das tabelas em diferentes Estados (dentro e fora do país). Os torcedores mais apaixonados pelos times acompanham suas equipes nessas viagens e com isso precisam comprar passagens para sua locomoção, pagar estadias em hotéis, comprar ingressos para os jogos, enfim, acabam consumindo mais e ajudando a movimentar o capital nacional e internacional. (MANOEL, 2015, p.3)

E assim, o futebol passa a influenciar não apenas o amor dos torcedores, mas também a economia do país. Segundo pesquisa do site Monitor Mercantil (2019), no ano de 2017, o faturamento dos 27 maiores clubes do país chegou à marca de R$ 4,9 bilhões com a ajuda de receitas de televisão, marketing e programas de sócio torcedor.

Hoje, são 789 estádios no Brasil (MONTEIRO, 2019), 742 clubes profissionais (GOULART, 2019) e mais de 120 mil torcedores associados a apenas um grande time (MEU TIMÃO, 2018). É realmente uma paixão nacional.

Contudo, é importante salientar que mesmo na literatura de gênero sobre o futebol se reconhece que o esporte em boa parte dos países, inclusive no Brasil, se construiu como um lugar sagrado dos homens. Daí a recorrência, feita como brincadeira ou seriamente pela sociedade, de colocar no contrato de matrimônio o dia sagrado da pelada ou o de assistir o jogo. (LOVISOLO, 2006, p.176)

(16)

15

4 A RELAÇÃO DA MULHER COM O FUTEBOL

Regidas por normas de uma sociedade patriarcal, por muitos anos o contato das mulheres com o futebol era nulo. Não que elas não gostassem do esporte, mas sua presença em debates sobre o tema ou numa partida de futebol era proibida.

No governo de Getúlio Vargas, o presidente assinou um decreto que declarava a prática do alguns esportes inapropriada para mulheres, visto as condições incompatíveis de sua natureza. Esse decreto não explicitava quais eram os desportos, mas a sociedade masculina entendeu por incluir o futebol e, então, rejeitaram a presença feminina na atividade. Posteriormente, na Ditadura Militar, foram esclarecidos quais eram os esportes e ai sim, as mulheres tiveram uma barreira maior entre elas e o futebol. (MARTINELLI, 2019)

Esta lei foi revogada 1979, mas não interferiu muito na vida das brasileiras que já estavam acostumadas com a impossibilidade da prática. A regulamentação do esporte tido como feminino aconteceu na década de 1980 e aos poucos foram surgindo times e competições femininas. Mas aí, surge o conflito, pois

Se por um lado, sua inserção no futebol pode ser observada como uma atitude transgressora porque as mulheres fizeram valer suas aspirações, desejos e necessidades, enfrentado um universo caracterizado como próprio do homem, por outro, pode significar uma adaptação aos valores e práticas comuns a esse esporte visto que, em algumas situações, essa inserção esteve atrelada a afirmação de uma representação hegemônica de feminilidade “medida”, como se pode esperar, pela aparência dos corpos das jogadoras. (GOELLNER, 2005, p.5)

Daí por diante, a figura da mulher em estádios de futebol se resumia a visão sexualizada, e o único lugar de destaque que possuíam era o cargo de musa do esporte ou líder de torcida. Surgem competições televisivas como o “Musa do Brasileirão”, apresentado no programa Caldeirão do Huck, na Rede Globo, e incentiva-se cada vez mais a visão de que a torcedora é apenas um corpo de entretenimento erótico que acrescenta “diversão” ao público masculino. Comportamentos como estes só afirmavam ainda mais a cultura machista da qual as mulheres vem a décadas lutando para desconstruir.

Tão distante de fugir dessa realidade, as mulheres prosseguiram por tentar fazer parte do esporte. Em 1988 surge a primeira formação da seleção de futebol feminina e na década de 90 alguns poucos destaques em campeonatos, mas foi a partir de 2000, com a chegada da jogadora Marta, que esse quadro começou a mudar (GLOBO ESPORTE, 2019). Desde então, o futebol feminino aos poucos tem

(17)

sido reconhecido pelos patrocinadores e anos após ano ganham mais incentivos de clubes estaduais para a elaboração de escolas de base para times femininos.

Vê-se mais mulheres nos estádios, e até mesmo homens acompanhando as partidas femininas com a visão além de um corpo bonito. Mas ainda assim, este movimento nem se compara a extravagante visibilidade que têm o futebol masculino.

Por que as manifestações de apoio ao futebol feminino chegam com atraso? Falta incentivo, falta visibilidade e falta transmissão, sem dúvidas, mas também falta vontade de pesquisar. Os jogos da Copa América foram todos transmitidos em redes sociais, com a própria CBF se encarregando da divulgação das partidas. Em dois meses criou-se um súbito interesse por um título que, já passado, é colocado como contraponto aos jogos do masculino na Copa do Mundo de forma equivocada. O contraste chega a ser desleal com o feminino, que nunca venceu o Mundial. (Arreguy, Juliana, 2018) Em pesquisa realizada em 2016, o canal virtual “Mais Esportes” declara a grande diferença salarial entre dois grandes profissionais do futebol: Marta e Messi, e diz “O problema não é só no futebol feminino dos Estados Unidos. Cinco vezes melhores do mundo, Marta e Messi têm contas bancárias muito diferentes. Ao faturar US$ 26 milhões por temporada, o argentino ganha 65 vezes mais que a brasileira, que leva US$ 400 mil anuais para atuar na Suécia”. Se problemas como este existem em pleno âmbito profissional, fora de campo a luta por um igualitário caráter de valor, não será diferente.

4.1 MUITO MAIS QUE TORCEDORA

O futebol se tornou parte da vida dos brasileiros. As arquibancadas estão cada vez mais lotadas de pessoas que desejam acompanhar seu time do coração. Torcer se tornou algo tão sério, que até torcidas de futebol organizadas foram criadas, cada time tem a sua, e alguns até possuem mais de uma torcida.

De acordo com Campos e Silva (2010), "uma atitude ativa perante o lazer é aquela em que o sujeito não consome o produto apenas, mas se interage com ele, o compreende, o aprecia e o explora, podendo até, recriá-lo”. O intuito é sempre movimentar o sócio torcedor a enriquecer a celebração durante a partida para manter os jogadores motivados rumo à vitória.

Infelizmente, também nestes espaços, as mulheres possuem histórico de experiências negativas entre as torcidas, onde são vistas apenas como

(18)

17

acompanhantes de uma figura masculina durante um jogo, e não porque escolhem estar ali pelo mesmo motivo que os homens (o amor pelo esporte).

Apesar disto, números recentes comprovam a crescente assiduidade feminina nos estádios e como reflexo disso, surgem levantamentos como o feito pelo Esporte Clube Bahia, feito em agosto deste ano, onde mostrou que 69% das torcedoras do clube têm vivência de estádio e, em contrapartida, 23% delas afirmaram ter sofrido algum tipo de discriminação nas arquibancadas pelo simples fato de serem mulheres. Dados como este frisam que a falta de liberdade do ir e vir diário ainda é algo frequentemente vivenciado pelas mulheres, causada pelo medo de serem atacadas violentamente e se tornarem mais uma vítima de crimes de ódio motivados pela condição de gênero.

A violência não está somente ao redor do futebol, segundo pesquisa feita pelo portal de jornalismo G1, houve um aumento de 6,5% em relação a 2016 de casos registrados como feminicídio.

Com a Lei 13.140, aprovada em 2015, o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputada ao autor do crime. (REVISTA EXAME, 2017)

A definição de feminicídio como forma extrema de violência de gênero que resulta na morte da mulher reproduziu o conceito clássico feminista. Na sua justificação, a menção a diversas definições teóricas e legalmente utilizadas, tais como assassinato relacionado a gênero, morte de mulher por ser mulher, crime de ódio contra mulheres, manifestação extrema de formas existentes de violência contra mulheres (CAMPOS, 2015, P. 103-04).

Apesar de serem criminalizados a partir do ano de 2015, os casos não foram extintos e isso gera o medo diário na população feminina, que por sua vez, sente-se desconfortável de ir, por exemplo, a um estádio onde a grande maioria dos torcedores é de gênero masculino.

Mas não se trata apenas de ir ao estádio para torcer no decorrer de um jogo. A atuação da torcida vai além dos 90 minutos da partida e das quatro linhas do gramado, e mais uma vez pela persistência das mulheres de não sucumbirem a opressão, em 2006, foi criada a primeira torcida organizada oficial exclusivamente feminina, a Torcida Flu Mulher. Com 150 associadas, a torcida foi fundada com a

(19)

finalidade de ampliar o número de mulheres nos estádios e diminuir o preconceito com as torcedoras.

Sabe-se que o Brasil possui uma dívida histórica da sociedade para com as mulheres, sejam elas torcedoras ou jogadoras, que por décadas foram tratadas como um ‘não-público-alvo’ do esporte. Uma pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos do Corinthians (Neco) apontou que 60% dos formados em atividades ligadas ao futebol são mulheres, mas não se é visto a ocupação de cargos dentro dos clubes por elas. A luta diária é contra um machismo e invisibilidade seletiva.

Portanto, embora enfrentem inúmeras adversidades, elas persistem com seu amor pelos clubes e seus respectivos movimentos, e mostram que não possuem apenas espaço dentro de torcida organizada, mas poder de fala e tomadas de decisões.

Elas têm sido a resistência e mostrado que antes de qualquer coisa, é necessário desmistificar a ideia de que o ambiente de futebol é de uso exclusivo para homens (masculino). É fugir de uma cultura de caráter mundial que declara uma exponencial diferença de valor do esporte com base no gênero, e que menospreza o interesse com termos pejorativos.

(20)

19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante deste panorama, o projeto radiofônico Rainhas do Alambrado busca contar por meio de depoimentos de líderes de torcidas organizadas e profissionais femininas que atuam nas equipes de times do futebol potiguar atuais, quais são as dificuldades e desafios enfrentados pelas mulheres nos estádios de futebol, trazendo de uma forma dinâmica e clara um pouco do que elas vivenciam nos estádios, que é um dos ambientes que ainda prevalece o caráter masculino. É fazer literalmente o exercício de ouvir vozes que por muito tempo foram caladas e que ainda hoje batalham para conquistar o seu espaço.

O formato se desenvolve a partir de uma narrativa construída através de personagens envolvidos na temática.

Outro ponto relevante que complementa a justificativa da elaboração do radiodocumentário Rainhas do Alambrado, é a atual conjuntura social em relação às mulheres. No esporte, nos clubes, nos estádios, nas torcidas organizadas, as mulheres ocupavam posições de fragilidade, onde são vistas apenas como acompanhantes de uma figura masculina durante um jogo, e não porque escolheram estar ali pelo mesmo motivo que os homens (o amor pelo esporte). Isso não favorecia à sua participação no meio popular desse âmbito, atualmente assumem também parte dessas organizações rumo à uma autonomia de comando e respeito entre os demais membros.

Já que as mulheres conquistaram tantos espaços, os meios de comunicação também devem seguir esse crescimento, estas mulheres líderes nestes espaços predominantemente masculinos necessitam de veículos de informação capaz de acompanhar esse empoderamento, por isso compreendemos que é de suma importância registrar por meio de um radiodocumentário as histórias dessas mulheres que buscam igualdade no ambiente esportivo.

Com essa presença massiva crescendo nos estádios brasileiros as mulheres se perguntam como continuar quebrando barreiras e enfrentando preconceitos, como dar mais visibilidade ao papel na sociedade e no esporte, é estes tipos de questionamentos que busca responder o radiodocumentário Rainhas do Alambrado. Abordar em profundidade histórias de mulheres líderes de torcidas organizadas dos clubes do Rio Grande do Norte.

(21)

6 CRONOGRAMA

Atividades Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Elaboração do projeto x x Entrega do projeto x Pesquisa Bibliográfica x x Coleta de dados x x x Apresentaçã o e discussão dos dados x x Conclusão x Entrega do TCC x

(22)

21

REFERÊNCIA

A inserção do negro no futebol brasileiro. 2018. Disponível em: <https://observatorioracialfutebol.com.br/historias/a-insercao-do-negro-no-futebol-brasileiro/>. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

Arreguy, Juliana. Comparar o futebol masculino com o feminino é prejudicial às mulheres. 2018. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/312634-1>. Acesso em: 10 de novembro de 2019.

BEZERRA, Carla. Movimento Feminista Brasileiro: Repertórios e Estratégias de

Ação. Revista Feminismos. Vol.2, N.1 Jan. - Abr. 2014.

CAMPOS, Carmen Hein de. Sistema Penal & Violência. Revista Eletrônica da Faculdade de direito. V 7, N 1, p. 103-115, 2015.

Campos, Priscila A. F.; Silva, Silvio Ricardo da. Mulher torcedora: apontamentos sócio-históricos da presença feminina nos estádios de futebol em belo horizonte/mg. 2010. Disponivel em: <https://gefut.files.wordpress.com/2010/04/6-mulher-torcedora- apontamentos-socio-historicos-da-presenca-feminina-nos-estadios-de-futebol-em-belo-horizontemg.pdf>. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

CARVALHO, Marcelo Medeiros. O negro no futebol brasileiro: inserção e racismo. 2018. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/o-negro-no-futebol-brasileiro-insercao-e-racismo/>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

CASSEPP-BORGES , Vicente. Identificação dos adolescentes de hoje com a personagem de cinderela. BOLETIM DE PSICOLOGIA, 2007, VOL. LVII, Nº 127.

COSTA, Ana Alice Alcantara; SARDENBERG, Cecilia Maria B.O feminismo no Brasil: Reflexões teóricas e perpectivas. Salvador: UFBA, Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, 2008.

(23)

FARIA, Lívia. Mulheres no Esporte: o tabu e a história por trás da pouca representatividade feminina, 2019. Disponível em: <https://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/mulheres-no-esporte-o-tabu-e-a-historia-por-tras-da-pouca-representatividade-feminina.ghtml/>. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

Globo esporte. Prazer, Marta. 2019. Disponível em:

<https://interativos.globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/especial/historia-do-futebol-feminino#content-2003>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e esporte: sobre conquistas e desafios. Revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, Ano II, número 4, Brasília, 2012

GOELLNER, Silvana Vilodre. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidade. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, vol. 19, n. 2, p. 143-51, 2005.

Goulart, Rodrigo. Quantos clubes de futebol o Brasil tem? 2019. Disponível em: <http://www.diariodoiguacu.com.br/colunas/detalhes/quantos-clubes-de-futebol-o-brasil-tem-confira-este-e-outros-numeros-7632> >. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

GUEDES, Olegna de Souza; PEDRO, Claudia Bragança. As conquistas do movimento feminista como expressão do protagonismo social das mulheres. Londrina, 2010.

JÚNIOR. A utilização da técnica da entrevista em trabalhos científicos. 2011. Disponível em: <https://met2entrevista.webnode.pt/_files/200000032-64776656e5/200-752-1-PB.pdf>. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

Levantamento junto à torcida feminina do Bahia sobre a sua vivência no estádio em jogos do clube. Disponível em: <https://esporteclubebahia.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Torcedoras-do-EC-Bahia.pdf>. Acesso em 20 Nov. 2018

(24)

23

LOVISOLO, Hugo; SOARES, Jorge Antônio; BARTHOLO, Lisboa Thiago;

Feministas, mulheres e esporte: questões metodológicas. Revista de educação

física da UFRGS. V.12, N.3, 2006.

MANOEL, Glenda Bastos. A evolução histórica do futebol no brasil. Disponível em:

<https://universidadedofutebol.com.br/wp-content/uploads/2017/03/a-evolu%C3%A7%C3%A3o-historia-do-futebol-no-brasil.pdf>.Acesso em: 03 de novembro de 2019.

MARCELINO, Giovanna. As sufragistas e a Primeira Onda do feminismo. 2018. Disponível em: <https://movimentorevista.com.br/2018/02/sufragistas-primeira-onda-feminismo/>. Acesso em: 03 de novembro de 2019.

MARTINELLI, Andréa. Há 40 anos, mulheres ainda eram proibidas de jogar futebol no Brasil. 2019. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/mulheres-proibicao-futebol-brasil_br_5cf9dd47e4b06af8b5060a3b>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

MARTINI, Méry Terezinha; SOUZA, Fernanda. MULHER DO SÉCULO XXI: CONQUISTAS E DESAFIOS DO LAR AO LAR. Disponível em: <

http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/02/Mary-Terezinha-Martini.pdf>.Acesso em: 04 de novembro de 2019.

MÁXIMO, João. Memórias do futebol brasileiro. Rio de Janeiro, 1999.

Meu Timão. Torcidas organizadas do corinthians. 2018. Disponível em: <https://www.meutimao.com.br/torcidas-organizadas>. Acesso em: 02 de novembro de 2019.

Monitor digital. O futebol pode contribuir muito mais para a economia brasileira, 2019. Disponível em: <https://monitordigital.com.br/o-futebol-pode-contribuir-muito-mais-para-a-economia-brasileira>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

(25)

MONTEIRO, Marcos. Quantos estádios existem no Brasil? 2019. Disponível em: <https://br.onefootball.com/quantos-estadios-existem-no-brasil/>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

NINA, Roberta. Assédio e agressão a mulher no estádio: como mudar essa

realidade?. 2019. Disponível em:

<https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/04/05/assedio-e-agressao-a-mulher-no-estadio-como-mudar-essa-realidade/>. Acesso em: 04 de novembro de 2019.

Redação RBA. Peneiras lotadas, falta de moradia e baixo investimento: a realidade do futebol de base feminino. Disponível em: < https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2019/06/peneiras-lotadas-falta-de-moradia-e-baixo-investimento-a-realidade-do-futebol-de-base-feminino/>.Acesso em: 03 de novembro de 2019.

SILVA, Sidney Barbosa da. História do campeonato brasileiro. 2018. Disponível em: <https://www.campeoesdofutebol.com.br/brasileiro_historia.html>. Acesso em: 02 de novembro de 2019.

Taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo. Exame. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/taxa-de-feminicidios-no-brasil-e-a-quinta-maior-do-mundo/>. Acesso em: 10 Nov. 2018

(26)

25

APÊNDICE A - DIÁRIO DE BORDO

Como primeira experiência em uma partida de futebol potiguar, posso dizer que a sensação é a mesma de estar em um jogo do meu time. O calor da torcida, a agitação dos corações que geram grande expectativa no que virá, gritos ecoando em coros muito bem ensaiados fizeram todo aquele momento valer à pena.

As observações também são as mesmas: grupos predominantemente masculinos e mulheres quase nunca desacompanhadas da figura de um homem. O desconforto da entrada só foi poupado pelo acesso a área de assessoria, mas a aflição e medo ainda assim, se fizeram presentes.

Foi esse tipo de sentimento que me levou a escrever sobre o tema. Por que para nós, mulheres, tem que ser tão difícil participar de uma área de simples lazer e paixão? Até que ponto somos livres de verdade para ter essa vivência em campo? Como quebrar o tabu na cabeça de muitas mulheres que também acreditam na falácia de que futebol é coisa para homem?

Durante o jogo, tive a oportunidade de conversar com uma torcedora abcdista que admitiu a mim que começou a torcer pelo time e ter experiência em jogos após conhecer o atual marido. E que antes tinha como time o América. Diante desse relato é impossível não pensar em como estamos sujeitas a vivermos induzidas em um pensamento machista relacionado a esporte ainda nos dias de hoje.

Rainhas do alambrado busca mostrar que mulher no futebol não é apenas objetificação, e que o nosso espaço não deve ser respeitado apenas como líderes de torcida ou musas do futebol. Também somos donas das cadeiras na arquibancada e que comentários sobre os jogos devem ser validados ao sair da nossa boca tanto quanto ao sair da boca de um homem.

Não somos menos entendedoras do que eles e não é porque a formação é feita por onze homens em campo que obrigatoriamente eles são os maiores cabeças por trás de tudo sempre.

A luta não é só por mulheres jogadoras, sendo vistas por um público masculino, é pela liberdade de ir e vir sem assédio moral e físico dentro de um estádio. É poder andar sem medo tal como eles andam por aí!

(27)

APÊNDICE B – ROTEIRO TÉCNICO DO RÁDIO DOCUMENTÁRIO TÍTULO: "Rainhas do Alambrado"

Locução: Kelen Gladson Técnica: Kevin Muniz

Direção: Kevin Muniz e Kelen Gladson CÂNTICO TORCIDA 5’’

ENTRA BG E PERMANECE ENTRA LOCUÇÃO

LOC: ATÉ QUANDO VAMOS PRECISAR OUVIR HOMENS DIZENDO

QUAL É O NOSSO ESPAÇO? EM QUE MOMENTO VÃO ENTENDER QUE A LIBERDADE É PARA TODOS E QUE SOMOS TÃO MERECEDORAS DO ESPAÇO QUANTO ELES?//

SOBE BG CAI BG

ENTRA FRASE MACHISTA 01 - 4’’ SOBE BG

CAI BG

ENTRA FRASE MACHISTA 02 – 3’’ SOBE BG

CAI BG

ENTRA FRASE MACHISTA 03 – 12’’ SOBE BG

ENTRA LOCUÇÃO

LOC: NÃO! BASTA! LUGAR DE MULHER É NO FUTEBOL SIM / MAS A AUSENCIA DA REPRESENTATIVIDADE FEMININA NO CENÁRIO FUTEBOLÍSTICO PASSA PELO AVAL DA SOCIEDADE / DA IMPRENSA E DAS TORCIDAS / E ALGO COMUM SÃO EPISÓDIOS DE MACHISMO QUE JÁ VIVENCIARAM//

(28)

27

TEC: DESCE BG TIRA BG

ENTRA SONORA 02 VANESSA – 1’18’’ ENTRA BG

LOC: EXPERIENCIAS COMO ESSAS NÃO SÃO RARAS ENTRE

MULHERES QUE FREQUENTAM ARQUIBANCAS DOS ESTÁDIOS POTIGUARES//

TEC: TIRA BG

ENTRA SONORA CHIARA – 15’’ COLADO ENTRA SONORA ZIZI – 18’’ ENTRA BG

LOC: PORÉM A CONVIVENCIA COM O MACHISMO EXPLÍCITO NÃO FICA

RESTRITA AOS ESPAÇOS DAS TORCEDORAS / AS MULHERES QUE TRABALHAM NA IMPRENSA ESPORTIVA LOCAL TAMBÉM RELATAM EXPERIENCIAS RUINS//

TEC: TIRA BG

ENTRA SONORA FERNANDA – 11’’

COLADO ENTRA SONORA ANA KARLA – 10’’ ENTRA CÂNTICO TORCIDA 02

ENTRA BG 02

LOC: NO BRASIL A PRESENÇA FEMININA NOS ESTÁDIOS NÃO É ALGO

NOVO / O PRÓPRIO TERMO PARA DESIGNAR OS FÃS DE UM CLUBE TEM A VER COM A NOSSA PRESENÇA NAS ARQUIBANCADAS / NA DÉCADA DE 1920 ERA COMUM QUE MULHERES TORCESSEM SEUS LENÇOS AFLITAS COM O QUE ACONTECIA EM CAMPO / DAÍ A ORIGEM

(29)

DO TERMO “TORCIDA” //

ANOS DEPOIS / PORÉM / NA DÉCADA DE 1940 DURANTE O ESTADO NOVO UM DECRETO LEI PROIBIU A PRÁTICA DE ESPORTES “INCOMPATÍVEIS COM A NATUREZA FEMININA” SENDO UM DELES: O FUTEBOL! // ESSE DECRETO SÓ FOI REVOGADO EM 1979 E DEMONSTRA QUE A EXCLUSÃO DAS MULHERES DOS ESTÁDIOS E DO CENÁRIO FUTEBOLISTÍCO É FRUTO INCLUSIVE DE POLÍTICAS PÚBLICAS DO ESTADO // A PESQUISADORA SORAYA BARRETO FALOU SOBRE O CENÁRIO HISTÓRICO DA PRESENÇA FEMININA NO FUTEBOL//

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA SORAYA 01 – 59” ENTRA BG 02

LOC: POR MUITO TEMPO A FIGURA DA MULHER EM TORCIDAS

ORGANIZADAS ESTEVE OCULTA / MAS, NÚMEROS RECENTES COMPROVAM A CRESCENTE ASSIDUIDADE FEMININA NOS ESTÁDIOS / VANESSA PESSOA, CONTA COMO PARTICIPOU DO PROCESSO DE REATIAVAÇÃO DE UMA DAS PRINCIPAIS TORCIDAS DO ABC FUTEBOL CLUBE //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA VANESSA 02 – 24” ENTRA BG02

LOC: O LADO ALVIRUBRO DA CIDADE TAMBÉM CONTA COM

MOVIMENTO FEMININO / SÃO DUAS TORCIDAS QUE ACOLHEM MULHERES / UMA EXCLUSIVAMENTE FEMININA QUE SÃO AS “BRAVAS ALVIRRUBRAS” QUE DESDE 2016 BRIGAM POR SEU ESPAÇO NOS JOGOS DO AMÉRICA DE NATAL // CHIARA LIMA/ UMA DAS LÍDERES DESCREVEU O PROCESSO DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA

(30)

29

TORCIDA //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA CHIARA 02 – 59” ENTRA BG

LOC: COMPONENTE DA DIRETORIA DO MOVIMENTO 90 / TORCIDA

ORGANIZADA DO ABC / ZIZI MELLO RELATA O AMBIENTE HOSTIL DOS ESTADIOS PARA AS MULHERES //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA ZIZI – 1’14”

ENTRA NARRAÇÃO FERNANDA ARAÚJO ENTRA BG 02

LOC: NA IMPRENSA É POSSÍVEL NOTAR A REPRODUÇÃO DO

MACHISMO DA SOCIEDADE / HOJE UMA DAS MAIS RENOMADAS RADIALISTAS DO RIO GRANDE DO NORTE ATUANTE NO MEIO ESPORTIVO / FERNANDA ARAÚJO / POPULARMENTE CONHECIDA COMO A VOZ DA FRASQUEIRA REVELOU O QUE SOFREU NOS BASTIDORES NO ÍNÍCIO DE SUA CARREIRA //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA FERNANDA 02 – 1’ ENTRA BG 02

ENTRA TRECHO REPORTAGEM ANA KARLA

LOC: ANA KARLA MARTINS / JORNALISTA QUE TRABALHOU EM UM

VEÍCULO DE IMPRENSA ESPORTIVA NACIONAL COMENTOU SOBRE A ABERTURA DOS ESPAÇOS NA IMPRENSA E A LUTA POR IGUALDADE NO AMBITO ESPORTIVO //

(31)

TEC: TIRA BG

ENTRA SONORA ANA KARLA 02 – 1’18’’ ENTRA CÂNTICO TORCIDA

ENTRA BG 02

LOC: MESMO CONTRA AS ADVERSIDADES / THAUANY FERNANDES/

INTEGRANTE DA TORCIDA TWITTEIROS DO MECÃO/ PROVA QUE É POSSÍVEL VESTIR O MANTO / COLOCAR O MACHISMO NO BOLSO E IR TORCER PELO SEU TIME //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA THAUANY – 1’24’’ ENTRA BG 02

LOC: O MUNDO ESTÁ MUDANDO E A POSIÇÃO DAS MULHERES NAS

ORGANIZADAS TAMBÉM! / SE ANTES ELAS ERAM COADJUVANTES / HOJE HÁ UM MOVIMENTO DE CONQUISTA DE ESPAÇOS / COMO EXPLICA A PESQUISADORA SORAYA BARRETO //

TEC: TIRA BG 02

ENTRA SONORA SORAYA BARRETO 02 – 1’11’’ ENTRA BG 03

LOC: AINDA HÁ UM LONGO CAMINHO A PERCORRER ATÉ QUE AS

MULHERES CONQUISTEM O PROTAGONISMO NO FUTEBOL / MAS / OS MOVIMENTOS DE TORCEDORAS E A PERSISTÊNCIA DA PRESENÇA FEMININA NOS ESTÁDIOS SÃO OS PRIMEIROS PASSOS PARA ALCANÇAR A IGUALDADE //

(32)

31

APÊNDICE C - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

A seguir serão apresentados todos os roteiros das entrevistas, o primeiro será a integrante da camisa 12 do ABC, Vanessa Pessoa.

ROTEIRO DE PERGUNTAS – VANESSA PESSOA 1. Como surgiu o seu amor pelo ABC?

2. Como foi o primeiro contato com torcida organizada? 3. Já vivenciou algum episódio de machismo no estádio? 4. Qual te marcou mais?

5. Como foi sua porta de entrada na camisa 12? 6. Como foi o processo de reativação?

7. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

Roteiro direcionado a Chiara Lima, uma das líderes da torcida feminina Bravas Alvirrubras.

ROTEIRO DE PERGUNTAS – CHIARA LIMA 1. Como nasceu sua paixão pelo futebol?

2. Quando você resolveu participar do Movimento de bancada em estádios? 3. Qual foi a sua porta de entrada para as bravas alvirrubras?

4. Quais as principais dificuldades encontradas como mulheres em estádios? 5. Já passou por alguma situação atípica de em estádios?

6. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

Roteiro direcionado a Zizi Mello, diretora financeira da torcida Movimento 90. ROTEIRO DE PERGUNTAS - ZIZI MELLO

1. Como nasceu sua paixão pelo futebol?

2. Quando você resolveu participar do Movimento de bancada em estádios? 3. Qual foi a sua porta de entrada para o Movimento 90?

4. Quais as principais dificuldades encontradas como mulheres em estádios? 5. Já passou por alguma situação atípica de em estádios?

6. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

(33)

Roteiro direcionado a Ana Karla Martins, jornalista na época do Esporte Interativo.

ROTEIRO DE PERGUNTAS - ANA KARLA 1. Como começou sua carreira como jornalista esportiva?

2. Durante as transmissões, já passou por algum episódio de machismo? 3. Como é ser mulher no jornalismo esportivo?

4. Como você enxerga a mídia para as torcidas organizadas?

5. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

Roteiro destinado a Fernanda Araújo, locutora da rádio 98FM. ROTEIRO DE PERGUNTAS – FERNANDA ARAÚJO 1. Como você recebeu o convite para ser locutora do abc?

2. Você já tinha tido experiência com locuções esportivas?

3. Você já foi ao estádio como torcedora? O que você acha da presença em menor número de mulheres em estádios de futebol?

4. Qual foi a sensação na primeira vez que ouviu alguém te reconhecer pela “a voz da frasqueira”?

5. Você já passou por algum caso de preconceito no estádio de futebol?

6. Do ponto de vista profissional, qual a importância de termos mulheres figurando cargos no jornalismo esportivo?

7. Como você projeta os estádios mais a frente? Um ambiente menos hostil para mulheres ou não acredita na mudança de comportamento?

(34)

33

Roteiro destinado a Soraya Barreto, pesquisadora da Universidade Federal do Pernambuco.

ROTEIRO DE PERGUNTAS – SORAYA BARRETO 1. Como nasceu sua paixão pelo futebol?

2. Quando você resolveu pesquisar sobre a presença de torcidas organizadas feminina nos estádios?

3. Quanto é representativo a presença desses grupos em combate ao machismo presente em estádios?

4. Quais as principais dificuldades encontrada pelas mulheres das Torcidas Organizadas?

5. Já passou por alguma situação atípica de em estádios?

6. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

Roteiro destinado a Thauany Fernandes, diretora da torcida Twitteiros do Mecão

ROTEIRO DE PERGUNTAS – THAUANY FERNANDES 1. Como nasceu sua paixão pelo futebol?

2. Quando você resolveu participar do Movimento de bancada em estádios? 3. Qual foi a sua porta de entrada para o Twitteiros do Mecão?

4. Quais as principais dificuldades encontradas como mulheres em estádios? 5. Já passou por alguma situação atípica de em estádios?

6. Qual a sua opinião sobre a representatividade feminina nas torcidas organizadas?

Referências

Documentos relacionados

Melo, Pereira e Carvalho (2007, p.1601), relatam vários benefícios da prática de exercício físico no período pré-natal, como melhora na circulação

A Variação dos Custos em Saúde nos Estados Unidos: Diferença entre os índices gerais de preços e índices de custos exclusivos da saúde; 3.. A variação dos Preços em

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

Ao fazer pesquisas referentes a história da Química, é comum encontrar como nomes de destaque quase exclusivamente nomes masculinos, ou de casais neste caso o nome de destaque

Foram ainda denunciados nessa fase: Alberto Youssef, doleiro; Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras; Waldomiro de Oliveira, dono da MO

Gabinetes Modelo : BP1009 Small Form Factor (SFF) ou SLIM Desk (Y7301) disponíveis nas cores Preto/Prata, Preto, ou Cool Gray; Opção para Tool-Free (não requer uso de

O número de insetos da família Scolytidae foi superior ao número de insetos das outras famílias, tanto no talhão de eucalipto quanto na área de pastagem, indicando que as

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São