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A influência da afetividade no trabalho pedagógico em creches

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO TRABALHO PEDAGÓGICO EM CRECHES

ANGELÚCIA PEREIRA DE ALMEIDA LIMA

Currais Novos/RN 2018

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ANGELÚCIA PEREIRA DE ALMEIDA LIMA

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO TRABALHO PEDAGÓGICO EM CRECHES

Artigo apresentada ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Profª. Ms. Ivone Priscilla de Castro Ramalho.

Currais Novos/RN 2018

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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO TRABALHO PEDAGÓGICO EM CRECHES

Por

ANGELÚCIA PEREIRA DE ALMEIDA LIMA

Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia.

Aprovado em 06 de julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Ma. Ivone Priscilla de Castro Ramalho (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________ Dr. Mônica Karina Santos Reis

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Ms. Louize Gabriela Silva de Souza

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RESUMO

O presente artigo trata da influência da afetividade no processo de ensino e aprendizagem das crianças de 0 a 3 anos. Situa e define a importância afetiva no processo de desenvolvimento das crianças a partir da teoria walloniana, destacando a valorização das emoções como sendo tão importante quanto o aspecto cognitivo para a aprendizagem do sujeito. A pesquisa bibliográfica partiu da necessidade de entender melhor como o fator emocional interfere no processo ensino-aprendizagem e como isso é tratado na prática docente do dia a dia das creches. Compreende que o tema é de extrema subjetividade, o que não esgota as reflexões acerca da temática neste trabalho, pois muito se tem a conhecer e apreender sobre a relevância da afetividade para o desenvolvimento integral da pessoa humana. A partir das leituras realizadas, pôde-se concluir que é necessário que os professores da educação Infantil ampliem seus conhecimentos sobre afetividade, conheçam os estados emocionais e suas manifestações no contexto de sala de aula, visando favorecer positivamente o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo das crianças pequenas.

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ABSTRACT

This article deals with the influence of affectivity in the teaching-learning process of children from 0 to 3 years old. It establishes and defines the affective importance in the process of development of the children from the Walonian theory, emphasizing the valorization of the emotions as being as important as the cognitive aspect for the learning of the subject. This research started from the need to better understand how the emotional factor interferes in the teaching-learning process and how it is treated in the day-to-day teaching practice of day-care centers. We well know that the subject is extremely subjective, which does not exhaust the reflections on the subject in this valuable work, much has been known and learned about the relevance of affectivity for the integral development of the human person. From the readings made, I was able to conclude that it is necessary for the teachers of Infantile Education to broaden their knowledge about affectivity, to know the emotional states and their manifestations in the context of the classroom, in order to favor positively the social, cognitive and affective development of the small children .

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INTRODUÇÃO

Este artigo surgiu da necessidade de querer investigar a influência da afetividade no processo de ensino e aprendizagem das crianças de 0 a 3 anos, visto que, nas instituições de Educação Infantil, o lidar com as emoções e sentimentos têm influenciado o relacionamento entre professores e crianças, bem como intensificado seu vínculo com o processo de construção do conhecimento.

Bem sabemos que, o ensino em creches envolve crianças que estão em processo de desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor e que a prática pedagógica exercida pelos profissionais dessas instituições deve estar pautada no brincar, cuidar e educar, sempre com um olhar sensível às expressões de natureza diversa. É, a partir de práticas pedagógicas que levam em consideração as especificidades das crianças, suas experiências afetivas, valorização das interações, que o educador infantil garante em sua prática pedagógica a pluralidade de

situações, que promovem o desenvolvimento pleno das crianças. Nesse sentido, este trabalho parte do seguinte questionamento: Por que a

relação afetiva entre professor/criança é de extrema importância para o processo de ensino e aprendizagem das crianças?

Ainda é realidade nas creches, um ensino baseado na memorização e repetição, em que as crianças pequenas permanecem sentadas em rodinhas ou pequenos grupos, ouvindo o direcionamento das ações pedagógicas. Dessa forma, há valorização dos conhecimentos das crianças pela escola? Qual o papel das emoções, sentimentos e desejos no processo de aprender?

Por meio de estudos bibliográficos, como os de Henri Wallon, que têm se dedicado a investigar a influência da afetividade na educação, pretendo trazer algumas reflexões sobre a existência de diversos fatores que interferem no relacionamento entre professores e crianças, uma vez, que, ao desconsiderar a importância das dimensões expressivo-motoras, afetiva e sociocultural das crianças, o educador estará contribuindo para a formação de seres humanos insensíveis, ou seja, pessoas incapazes de conviver em grupo respeitando as diferenças.

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8 1 O SURGIMENTO DAS CRECHES: BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA

Durante muito tempo, a educação e o cuidado das crianças pequenas ficaram exclusivamente na responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual elas pertenciam, não havendo outras instituições responsáveis pela educação das crianças menores de três anos. De acordo com Bujes (2001), a educação destas deveria se desenvolver junto aos adultos e outras crianças de seu meio social, com o objetivo de conduzi-las a aprender os conhecimentos básicos e participar das tradições, tão necessários a sua sobrevivência material e enfrentamento da vida adulta. Nesse sentido, percebe-se que durante um duradouro período a sociedade desvalorizou a infância, tornando-a despercebida da antiguidade até meados do século XIII.

Rizzo (2006) discute que a desvalorização da criança era justificada pelo fato das mães de classes menos favorecidas aceitarem se afastar dos filhos, que eram entregues às amas de leite, em que só voltavam anos depois para serem entregues aos seus preceptores, isso quando não morriam por falta de higiene e maus tratos.

Apesar de a maior parte da educação das crianças pequenas se desenvolver no seio familiar, foram instituídos arranjos alternativos para cuidar das crianças desfavorecidas. Oliveira (2010, p. 59) enfatiza que foram inúmeras concepções que guiaram os modelos precários de atendimento às crianças pequenas durante longo tempo, como “pobreza, culpa, favor e caridade”.

Tais arranjos vão desde o uso de redes parentais, nas sociedades primitivas, ou de “mães mercenárias”, já na Idade Antiga, até a criação de “rodas” – cilindros ocos de madeira, giratórios, construídos em muros de igrejas ou hospitais de caridade que permitiam que bebês fossem neles deixados sem a identidade de quem os trazia precisasse ser identificada – para recolhimento dos “expostos” ou a deposição de crianças abandonadas em “lares substitutos”, já na Idade Média e Moderna. A responsabilidade por esse recolhimento ficava a cargo de entidades religiosas, que procuravam fazer com que os enjeitados fossem conduzidos a um ofício, quando crescessem. (OLIVEIRA, 2010, p. 59).

Segundo Rizzo (2006), o surgimento da indústria modificou de forma intensa a estrutura social vigente, o que trouxe transformações nos costumes familiares e no papel social exercido pela mulher, traduzindo-se em grandes mudanças no que se

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refere à proteção da criança. A referida autora afirma que o francês João Frederico Oberlim foi o pioneiro nesse contexto, por introduzir uma alternativa de escola para crianças de dois a seis anos. A inquietação inicial era atender as crianças de uma classe em ascensão – a burguesia, mas não se caracterizou na ideia de abrigo, nem de escola em tempo integral, sendo a primeira intenção focalizada para a Educação Infantil, no entanto não houve tanta propagação por não ter uma base filosófica que a concretizasse.

De acordo com Sanches (2003), somente em meados finais do século XVIII e início do século XIX, a creche surge na Europa com a intencionalidade de atender crianças de zero a três anos, durante o período laboral das famílias.

Em 1844, Firmem Marbeau criou em Paris a primeira creche. Na Alemanha, Friedrich Froebel criou o jardim de infância, com o intuito de desenvolver potencialidades, liberdade de expressão e criatividade nas crianças. (RIZZO, 2006).

No século XX consolidam-se os passos em direção ao estudo científico da criança. Foi nesse período que médicos, educadores e sanitaristas buscaram orientar o atendimento feito às crianças em instituições fora do contexto familiar. (OLIVEIRA, 2010).

No que se refere à institucionalização da creche no Brasil, percebe-se que a mesma acompanha os processos históricos ao redor do mundo. O atendimento às crianças em outros espaços fora do seio familiar praticamente não existia até meados do século XIX. Tal aspecto passou por modificações a partir da segunda metade do século XIX, quando houve a abolição da escravatura, o processo de migração para a zona urbana dos grandes centros urbanos, o avanço tecnológico e o aparecimento do regime republicano como modelo governamental. (OLIVEIRA, 2010).

Assim, até a Proclamação da República, os movimentos de proteção às crianças eram quase inexistentes, não passando de ações isoladas, muitas de combate aos altos índices de mortalidade infantil. Com a abolição da escravatura, surge o problema de fazer com que os filhos dos escravos, que já não ocupariam os lugares de seus pais, o que, em certa medida, concebeu o aumento significativo do abandono de crianças e a busca para solucionar o problema da infância nesse contexto. Criaram-se, dessa forma, as creches, asilos e internatos, instituições estas que eram semelhantes e dirigidas aos menos favorecidos. Oliveira et al (2011, p. 24)

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afirma que “até o início do século XX, o atendimento das crianças em creches não se distinguia do atendimento em asilos e internatos”.

Com a implantação da indústria no Brasil, na segunda metade do século XIX, surge a necessidade de adicionar um grande percentual de mulheres casadas ou solteiras nas fábricas. E com a chegada dos imigrantes europeus no país, no início do século XX, para incluir-se nesse contexto de trabalho, percebeu-se que um novo modo de tratamento passou a ser assistido aos filhos de trabalhadores fabris, como, por exemplo, a destinação das creches para os seus filhos. Não obstante os avanços, as creches precisavam de melhores condições de atendimento, pois não se observava a valorização de um trabalho direcionado para a educação, para o desenvolvimento da criança.

A Constituição de 1988 veio reavaliar e repensar os papeis sociais da creche, reconhecendo-a como instituição educativa, como “um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, p. 14), no seu capítulo II, artigo 15, esclarece que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1986, a Educação Infantil passou a fazer parte da primeira etapa da Educação Básica, sendo ofertada em creches e entidades equivalentes, conforme regulamentado em seu artigo 30, inciso I.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) veio reforçar a relevância da Educação Infantil, enfatizando a importância de focalizar no desenvolvimento afetivo, cognitivo, social e emocional da criança de zero a seis anos.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010, p. 33) fica evidente que o atendimento às crianças deve ser oferecido em “creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam”.

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Embora sejam notórios os avanços no contexto da Educação Infantil no Brasil, a sua sistematização ainda é muito precária na contemporaneidade, o que demonstra ser um campo conflituoso, em uma busca constante pela garantia de direitos.

A partir dessa perspectiva histórica, percebemos que a concepção atual de creche é de um espaço educativo, um ambiente cuidadosamente instituído para estimular o desenvolvimento integral da criança nos seus primeiros três anos de vida e responder pelos cuidados da criança na ausência da família, conforme Rizzo (2006).

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2 O PAPEL DO EDUCADOR NA PRIMEIRA INFÂNCIA

O educador deve ser um mediador de aprendizagens, ser capaz de respeitar os conhecimentos que as crianças possuem advindos das mais variadas experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostos. Esse deve ter uma competência polivalente, o que significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas, que abrangem desde cuidados essenciais, até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (2018), o papel do educador é: refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. É preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as aprendizagens das crianças, realizando a observação da trajetória de cada criança e de todo o grupo - suas conquistas, avanços, possibilidades e aprendizagens.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) destaca que o educador deve atentar-se na organização do trabalho educativo para situações de caráter significativo para as crianças, a fim de que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso, tais como: a interação com crianças da mesma idade e de idades diferentes, os conhecimentos prévios de qualquer natureza, a individualidade e a diversidade, o grau de desafio que as atividades oferecem e o fato de que devem ser significativas e mostradas de modo integrado para as crianças, além de ser importante que estas estejam mais próximas possíveis das práticas sociais reais; internalizando a metodologia de resolução de problemas como forma de aprendizagem.

O trabalho de creche está pautado no cuidado que deve ser algo indissociável ao processo educativo, bem como, as expressões motoras, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural. Deve-se assegurar a participação, o diálogo, e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização de suas formas de organização. É de extrema importância a valorização dos aspectos de interação das crianças de mesma faixa etária e de faixas etárias diferentes, a acessibilidade, a diversidade de materiais, a apropriação pelas crianças das contribuições

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culturais dos diversos povos.

A organização do tempo e do espaço nas instituições de Educação Infantil se constitui em um instrumento de grande relevância para a prática educativa com crianças pequenas, pois prever possibilidades diversas e muitas vezes simultâneas de atividades, como atividades mais ou menos movimentadas, individuais ou em grupo, com maior ou menor grau de concentração; de repouso, alimentação e higiene; atividades referentes aos diferentes eixos de trabalhos.

As situações de aprendizagem no cotidiano das creches e pré-escolas podem ser organizadas de três maneiras: as atividades permanentes, os projetos e as sequências de atividades. A rotina é uma forma de orientar as ações das crianças, como também, dos professores, possibilitando a antecipação das situações que irão acontecer. É um momento que deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orientadas. A rotina na Educação Infantil pode ser facilitadora ou cerceadora dos processos de desenvolvimento e aprendizagem.

Com referência na BNCC, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas na educação Infantil são as interações e a brincadeira, assegurando às crianças pequenas os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se.

Dessa forma é importante que os profissionais da educação infantil repensem sua prática pedagógica quanto à importância da construção de vínculos afetivos essenciais para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, que de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), respeite-a como sujeito histórico e de direitos, que nas interações cotidianas vivenciadas constrói sua identidade, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa e busca significados importantes para o seu desenvolvimento e aprendizagem; de forma que possam contribuir na efetivação de uma educação mais íntegra, pautada no respeito às especificidades da infância.

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3 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

Discorrer sobre afetividade não é uma tarefa fácil, pois é um campo onde a subjetividade é o elemento principal, porém, faz-se necessário a discussão sobre a importância dessa temática, porque o contexto escolar é um ambiente que necessita de afetividade, principalmente na Educação Infantil.

Como grande pesquisador e estudioso dessa temática, vale iniciar as discussões a partir do pensamento de Wallon sobre afetividade:

É possível pensar a afetividade como um processo amplo que envolve a pessoa em sua totalidade. Na constituição da estrutura da afetividade, contribuem de forma significativas diferentes modalidades de descarga do tônus, as relações interpessoais e a afirmação de si mesmo, possibilitada pelas atividades de relação. (WALLON, 2010, p.14).

Os estudos de Wallon são referência sobre afetividade como um processo amplo, total do ser humano, nossas relações são recheadas de afetividade, que são construídas desde a concepção. Todo indivíduo cresce permeado por relações de afetividade, essas relações vão construindo seu caráter. Wallon deixa claro a importância da relação no processo de afetividade. As relações interpessoais, ou seja, a relação entre pessoas são muito importantes no processo ensino-aprendizagem.

Segundo Gabriel Chalita (2004, p.33): “(...) afetividade é ter afeto no preparo, afeto na vida e na criação. Afeto na compreensão dos problemas que afligem os pequenos (...)”. Compete, assim, ao professor analisar as crianças de uma forma completa, não apenas se preocupando com o ensino, mas também analisando suas emoções, pedagogicamente.

Para Wallon (2010), é nos anos iniciais, que a criança, a partir da relação com o outro, através do vínculo afetivo, começa a ter acesso ao mundo simbólico e conquistar avanços no âmbito cognitivo. Assim, os vínculos afetivos vão ampliando-se e o professor repreampliando-senta figura fundamental no processo educativo. Afirma ainda, que existe uma base afetiva permeando as relações no espaço escolar; toda aprendizagem está impregnada de afetividade, não acontece somente no cognitivo.

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Baseado no pressuposto acima, a perspectiva walloniana considera que a afetividade que se manifesta na relação adulto-criança constitui-se elemento inseparável do processo de construção do conhecimento.

A afetividade, de acordo com Antunes (2006, p.5) é:

Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções que provocam sentimentos. A afetividade se encontra escrita na história genética da pessoa humana e deve-se a evolução biológica da espécie como o ser humano nasce extremamente imaturo, sua sobrevivência requer a necessidade do outro, essa necessidade se traduz em amor.

A afetividade é desenvolvida durante toda a vida, é essencial para nossa sobrevivência e aceitação no mundo, é através das relações afetivas que o ser humano sobrevive e vai construindo sua história, a partir das relações interpessoais. Dessa forma, é necessário que o ambiente escolar, seja como está exposto no RCNEI (1998):

(...) As instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social ond3e as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesma, dos outros e do meio em que vivem. (p.15).

A criança precisa se sentir segura no ambiente escolar para poder se desenvolver de forma completa. O professor da Educação Infantil precisa ter conhecimento sobre a importância da afetividade no processo ensino-aprendizagem, assim não há preocupação apenas em transmitir conteúdos, certificar de que a criança aprendeu a ler e escrever.

O processo de afetividade no ensino não rotula as crianças, muito pelo contrário, compreende suas limitações e procura estratégias viáveis, para superação das dificuldades.

Especialmente no contexto da creche, as crianças de 0 a 3 anos, se relacionam afetivamente. Para Wallon (2010), a expressão emocional antecede a linguagem verbal, em que é possível atribuir à vida coletiva suas primeiras impressões.

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Partindo da orientação de que os eixos norteadores da educação infantil são interações e brincadeiras (BRASIL, 2010), compreende-se que na creche a criança terá oportunidade desenvolver-se interagindo em seu meio social. Com isso, pode-se inferir que a afetividade é de fundamental relevância durante todo o processo de ensino e aprendizagem, devendo atravessar todas as experiências nesse contexto educativo.

Rizzo (2006, p. 81) esclarece que toda ação planejada para essa faixa etária “tem que estar implantada em fortes bases afetivas, pois o desabrochar da inteligência se faz envolvido em profundas emoções, todas frutos da convivência do aluno com o seu educador”. Com isso, percebe-se a importância do educador conceber a criança como um ser integral, em que a influência do meio social deixará profundas marcas na sua maneira de pensar e agir.

A noção de pessoa apresentada por Wallon é contrária à compreensão do humano de forma fragmentada.

É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfose. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2010, p. 198).

Nesse sentido, Oliveira et al (2011) afirma que o educador da primeira infância cria várias relações e interações com as crianças, destacando a importância de definir o seu papel, assumindo-se como alguém que contribuiu significativamente para que a criança se desenvolva.

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17 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se busca dar um novo significado à arte de educar, passa-se por múltiplos desafios que só o homem apaixonado pelo que faz tem a coragem de arriscar.

O presente artigo foi de extrema importância, pois permitiu fazer uma discussão prazerosa sobre a temática afetividade. Com esse trabalho foi possível aprofundar meus conhecimentos sobre o tema, quando comecei a produzir, dei-me conta das minhas limitações sobre a temática afetividade, e isso me motivou a buscar conhecimento sobre o assunto, através das leituras de teóricos renomados na área.

Diante da complexidade do tema, percebi o quanto precisamos pesquisar e discutir o assunto, já que faz parte da formação integral do ser, enquanto ser em constante construção e dotado de capacidades amplas.

Vale salientar que, a aprendizagem das crianças é um tema sério, todo profissional preocupado com sua prática pedagógica busca inovar suas aulas, e isso se dá através de formações continuadas, aperfeiçoamentos, reflexões permanentes, entre outros. A relação professor x aluno também deve estar intrínseca a essas inquietações, pois é na relação amigável que o processo de ensino e aprendizagem acontece de forma transformadora. É num ambiente acolhedor e prazeroso que as crianças se desenvolvem de forma harmônica e saudável. As crianças pequenas aprendem brincando, se divertindo, interagindo, aceitando a imagem de forma positiva, a cada dia se amando e amando aos outros.

A afetividade no ambiente da Educação Infantil só traz benefícios que as crianças levarão por toda sua vida, aprendem a lidar com as diferenças, ser cooperativas, solidárias, aprendem com prazer e assim se desenvolvem satisfatoriamente.

Fundamentar a prática pedagógica levando em consideração o cognitivo, o emocional e o psicomotor representa um modelo de educação que leva o homem a uma transformação, tornando-o mais humanizado e humanizante, qualificado e qualificante.

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Enfim, esse trabalho foi muito importante para minha formação, pois bem sabemos o quanto o fator emocional contribui para a formação integral do ser. Hoje, a sociedade exige pessoas bem equilibradas, que sabem lidar com os conflitos, que trabalham em equipe e são solidárias, para agirem e transformarem essa sociedade individualista e competitiva em que o outro é tratado como descartável.

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19 REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. A Afetividade na escola: educando com firmeza. Londrina: Maxiprint, 2006.

BRASIL, Ministério da Educação e Desporto, Secretaria de Educação fundamental BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.

______. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC, 2018.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal n.º

9.394, de 26/12/1996. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. - Brasília: MEC/SEB, 1998. v. 1.

______.Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br.htm.

BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Escola infantil: Pra que te Quero?.In: CRAIDY, Carmem , Kaercher, Gládis E. Educação Infantil: Para que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.

CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2004.

OLIVEIRA, Zilma de M. R. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2010.

OLIVEIRA, Zilma de M. R. et al. Creches: crianças, faz de conta & cia. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

SANCHES, E. C. Creche: realidade e ambigüidades. Petrópolis, RJ, Vozes, 2003.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo; Martins Fontes, 2010.

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