• Nenhum resultado encontrado

Mobilidade internacional de mulheres e o mercado global de cuidados: um estudo sobre domésticas filipinas em São Paulo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Mobilidade internacional de mulheres e o mercado global de cuidados: um estudo sobre domésticas filipinas em São Paulo"

Copied!
21
0
0

Texto

(1)

Título:

MOBILIDADE INTERNACIONAL DE MULHERES E O MERCADO GLOBAL DE CUIDADOS: um estudo sobre domésticas filipinas em São Paulo

Resumo

Este trabalho se refere às mulheres imigrantes internacionais que se inserem laboralmente no trabalho doméstico, destacando o caso do recente movimento de imigrantes filipinas para o Brasil. No contexto da globalização, de acordo com as estimativas, 100 mil mulheres de todo o mundo se movem anualmente em fluxos migratórios para assumirem trabalhos domésticos na esfera privada (Lisboa, 2007, p. 817). O Brasil também passa a retratar essa imigração, refletindo característica essencial da globalização em forjar fluxos migratórios específicos (Sassen, 2000), sendo um fator na geração da demanda por serviços estratégicos para a manutenção desse sistema socioeconômico, que afeta, de maneira bastante particular, mulheres de diversas partes do globo, a partir da formação de uma rede global de assistência. Assim, objetiva-se estudar a presença dessas mulheres imigrantes internacionais com origem nas Filipinas no Brasil, que revela, de um lado, as desigualdades nessa estrutura global e o país como um novo lugar de destino. De outro lado, denota também o “recrutamento ativo de trabalhadores” por parte dos empregadores brasileiros que reproduzem, nessa nova configuração global do trabalho doméstico, antigas estruturas de divisão sexual e racial desta atividade.

Palavras-chave: migração internacional de filipinas; trabalho doméstico; mercado global de cuidados.

(2)

1. Introdução

Neste estudo, abordaremos algumas questões relacionadas à modalidade migratória que envolve especialmente mulheres proveniente do Sul global para abastecimento do chamado mercado global de cuidados, destacando o recente movimento de imigrantes filipinas para o Brasil. Esse setor se caracteriza pela realização de trabalho reprodutivo, bem como por uma inserção que denota um “recrutamento ativo de trabalhadores” por parte dos empregadores brasileiros que reproduzem, nessa nova configuração global do trabalho doméstico, antigas estruturas de distinção social, divisão sexual e racial desta atividade.

Por essa razão, o trabalho se encontra dividido em quatro partes: a primeira trata do trabalho reprodutivo, suas vicissitudes e problemáticas; a segunda parte, de sua dimensão internacional, a partir da formação de um mercado global de cuidados. A terceira parte, por sua vez, trata especificamente da origem dessa migração ao Brasil: as Filipinas, um país do Sul global, que se coloca de maneira específica na hierarquia estrutural global de relações. Por mim, abordaremos um pouco das relações estabelecidas pelas migrantes no Brasil, um país com histórico de distinções de classe, raça e sexo bastante marcadas no que se refere ao trabalho doméstico remunerado.

2. Métodos

A metodologia de trabalho envolveu técnicas qualitativas, especialmente revisão bibliográfica e documental. A revisão bibliográfica e documental se deu através da leitura dos relatórios e artigos científicos sobre migração internacional de mulheres, política migratória das Filipinas e do Brasil, divisão sexual do trabalho, problemáticas inerentes ao trabalho doméstico remunerado, especialmente no contexto brasileiro.

Ademais, utilizamos também os dados apresentados pela Organização Internacional do Trabalho e pela Organização das Nações Unidas, bem como do Phillipine Statistics Authority (PSA), para conhecermos o volume e o perfil dessa imigração filipina para o trabalho doméstico em São Paulo em anos recentes.

(3)

3. Resultados e Discussão

3.1 Questões sobre o trabalho reprodutivo

O trabalho improdutivo é aquele que não gera mais valia ao capital, muito embora possa ser de extrema necessidade social. Huws (2014, p. 23) entende o trabalho doméstico como trabalho improdutivo, “no sentido de que não produz valor direto para o capital na forma de mais-valia a partir do trabalho direto de alguém, mas sim “reprodutivo” no sentido de que é necessário para a reprodução da força de trabalho”. Ainda que alguém seja empregado para realizar tais atividades, os valores de uso produzidos pelo/a trabalhador/a, são para consumo privado improdutivo e não trocados por capital. Inclusive, o assalariamento que existe se dá por meio de renda, ou seja, do dinheiro que os empregadores gastam com o custo de determinado serviço, e não o transformam em capital produtor de mais-valia.

A autora também ressalta que o trabalho reprodutivo não é diretamente produtivo para empresas capitalistas individuais, mas é produtivo para a sociedade e para o capitalismo em geral (Huws, 2014, p. 16). Assim, vemos que muito embora as atividades domésticas e de cuidado não participem do processo de valorização do capital, estas se mostram vitais para a manutenção do modo de produção e para a própria produção de mais-valia, na medida em que o trabalho doméstico propicia a reprodução tanto física como social dos indivíduos. Anderson (2000, p. 13), inclusive, não conceitua o trabalho doméstico como uma lista de determinadas tarefas, mas como o trabalho mental, físico e emocional que cria não só trabalhadores, mas pessoas em toda a sua complexidade social, cultural e ideológica.

Ademais, acrescenta a autora que a reprodução social não se restringe à família, mas ao próprio modo de produção e ao que a ele se relaciona, como classe, raça, gênero, gerações. A reprodução dos corpos e das estruturas sociais é uma necessidade para o modo produtivo, mas o que se produz também é consumido pelos grupos, pelas famílias. O trabalho doméstico, portanto, mostra-se crucial para a manutenção de determinado estilo de vida, de status, do nosso lugar em comunidade, das relações sociais, das relações de gênero.

(4)

O dispêndio emocional no trabalho doméstico também não pode ser ignorado, já que “a manutenção da saúde emocional de uma família e a manutenção das redes sociais em que está inserida é uma parte necessária para assegurar a sobrevivência de um lar, então uma série de atividades não físicas pode ser incluída nessa categoria” (Huws, 2014, p. 24). Nesse sentido, vemos a aproximação entre o trabalho de faxineiras, empregadas domésticas, babás, enfermeiras/os, profissionais do sexo, acompanhantes, como trabalhadoras/es que executam atividades essencialmente ligadas ao bem estar de pessoas, às emoções, seja na limpeza do ambiente, dos corpos, na manutenção da vida por meio de alimentos, de medicamentos, da socialização, dos cuidados a crianças/idosos/adultos enfermos (Parreñas, 2012, p. 203). Assim, o trabalho de cuidado ( ​care work​) inclui “qualquer tipo de atenção pessoal, constante e/ou intensa, que visa melhorar o bem estar daquela ou daquele que é seu objeto” (Zelizer, 2012, p. 18).

Essas são atividades vêm sendo impostas quase que exclusivamente às mulheres, numa clara divisão sexual do trabalho doméstico e de cuidados. A título de exemplo, temos que em média, as mulheres dinamarquesas despendem 242 minutos/dia em trabalhos não pagos, enquanto os homens dinamarqueses gastam 186 minutos/dia. A média dos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 271 minutos/dia de trabalho não remunerado sendo realizado por mulheres, e 137 minutos/dia sendo realizado por homens (OCDE Stat, 2017). No Brasil, estima-se que os afazeres domésticos ocupem quase 21 horas semanais das mulheres (180 minutos/dia) e 10 horas na semana dos homens (85 minutos/dia) (Andrade, 2016, p. 26).

Em todas essas situações, quando se soma a carga de trabalho remunerado com o trabalho reprodutivo não pago, constata-se que as mulheres possuem uma jornada de trabalho superior à masculina. Essa é a chamada dupla jornada enfrentada pelas mulheres em todo o mundo, muito embora haja diferenças substanciais entre as mulheres em distintos estratos sociais quanto ao dispêndio de tempo nessas atividades (Sorj e Fontes, 2012, p. 109). De toda forma, o que se vê é que as atividades de

(5)

cuidado para com a casa e a família recaem sobre o doméstico, as relações privadas, ou seja, a esfera simbolicamente feminina. Nesse contexto é que se insere o trabalho doméstico remunerado, a contratação de outras mulheres para se fazer um trabalho desvalorizado e rejeitado por mulheres privilegiadas, e que fora primeiramente (e continua sendo) rejeitado por homens.

Uma das maiores questões envolvidas no trabalho de cuidados de maneira

geral, é a forma de pensar a compensação por esse trabalho que é essencialmente marcado por solicitude, atenção ao outro, emoções, intimidade. A contratação de uma pessoa para prestação de um serviço ligado ao cuidado introduz o elemento mercantil na relação e se questiona se isso modifica a provisão do cuidado (e de que maneira). Afinal, como valorar o trabalho de afeição, ensinamento e envolvimento empregados nos atos de cozinhar, limpar, cuidar, trocar, supervisionar?

Segundo Zelizer (2012, p. 22), olhando “de perto a vida de trabalho das babás, constatamos rapidamente que suas relações com as crianças e os pais não se assemelham a simples relações de amor nem a transações comerciais comuns”. A contratação de uma pessoa para prestação de um serviço ligado ao cuidado, introduzindo o elemento mercantil na relação, dá origem à chamada “ambiguidade estrutural do trabalho doméstico” (Kofes, 2001). O afeto e a relação de trabalho estão intrinsecamente presentes nessas atividades, sendo que bons arranjos entre empregados/as e empregadores facilitarão no momento de se lidar com a tensão inerente a esse processo.

O trabalho doméstico remunerado, portanto, torna-se um espaço para se pensar na interseccionalidade dos marcadores de diferença, sendo que cada contexto histórico e social produzirá hierarquias distintas entre os eixos de opressão de gênero, de raça e de classe (Crenshaw, 2002). A geometria variável dessa interação é que condicionará as experiências das diversas mulheres e que determinará quais delas executarão as tarefas reprodutivas -para si mesmas e para as outras-.

É paradoxal, por fim, que a comodificação do trabalho reprodutivo permita que homens permaneçam afastados das tarefas indesejadas, possibilite que mulheres

(6)

privilegiadas deleguem “suas responsabilidades” a outras mulheres, mas que o trabalho reprodutivo permaneça como um “trabalho de mulher”, baseado num pretexto de qualidades que lhe seriam inerentes, como a maternidade idealizada, o afeto e sua capacidade de assistência à família, aos doentes, aos idosos.

3.2 O mercado global de cuidados

Estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) refletem a relevância do trabalho doméstico remunerado e também das migrações para o abastecimento desse mercado: dentre 67 milhões de trabalhadores domésticos em todo o mundo, 11,5 milhões seriam migrantes internacionais (OIT, 2015, p. 6). Dentre os migrantes internacionais, 73% são mulheres, ou seja, quase 8,5 milhões. Lisboa (2007, p. 817) também estima que, nesse contexto global, 100 mil mulheres se movem anualmente para assumir trabalhos domésticos na esfera privada.

Das quase 8,5 milhões de mulheres que trabalham como domésticas fora de seu país de origem, temos que:

Imagem 1 - Quantidade absoluta de migrantes internacionais trabalhadoras domésticas e percentual em relação ao grupo total de trabalhadoras domésticas (migrantes internacionais e não migrantes) nas sub-regiões onde se encontram trabalhando:

Sub-região onde se encontra trabalhando

Quantidade absoluta (em milhões)

Percentual das migrantes em relação ao total de trabalhadoras

domésticas da sub-região

Norte da África 0,05 9,8

África subsaariana 0,31 4,9

América Latina e Caribe 0,69 4,4

América do Norte 0,58 71,0

Norte, Sul e Oeste europeu 1,87 65,8

Leste europeu 0,06 23,6

(7)

Estados árabes 1,6 73,1

Leste asiático 0,99 7,6

Sudeste asiático e Pacífico 2,03 26,9

Sul da Ásia 0,1 2,5

TOTAL 8,46

Elaboração própria. Fonte dos dados: OIT, 2015, p. 18 e 23.

As sub-regiões que mais concentram domésticas migrantes internacionais em números absolutos são, primeiramente, o Sudeste asiático junto aos países banhados pelo Oceano Pacífico (2,03 milhões), seguido pela Europa meridional, setentrional e ocidental (1,87 milhão), pelos Estados árabes (1,6 milhão), e pelo leste asiático (990 mil). Por outro lado, temos que o percentual de migrantes internacionais em relação ao total de trabalhadoras domésticas se mostra especialmente elevado na América do Norte (71%), na Europa meridional, setentrional e ocidental (65,8%) bem como nos Estados árabes (73%).

Portanto, é a força de trabalho de mulheres migrantes, provendo serviços domésticos no chamado Norte global que tem abastecido o mercado de cuidados nessas localidades, configurando o que Hoschschild e Ehrenreich denominaram de “cadeia global de assistência” (2003). Conforme as autoras, essas cadeias são estruturas que, na maioria das vezes, ligam três conjuntos de mulheres: as mulheres que, por inúmeras e complexas razões, emigram de seu país de origem para realizar um trabalho que tradicionalmente é de responsabilidade de um segundo grupo de mulheres num país mais rico (trabalho esse que fora, primeiramente, recusado pelos homens). E um terceiro grupo de mulheres é ainda considerado: aquelas que permanecem no país de origem da migrante, cuidando dos filhos desta.

Isaksen et al (2008) também argumentam que isso se caracteriza por uma transferência de afeto (​mais valia emocional​) do Sul para o Norte global, somente possível num cenário de extrema desigualdade entre Estados. Conforme essas autoras, em fases anteriores do imperialismo, extraíam-se riquezas naturais e produtos

(8)

agrícolas dos países colonizados. Hoje, a extração iria além da força de trabalho na indústria e na agricultura, pois o Norte também ​dependeria de recursos emocionais trazidos por mulheres que viajam longas distâncias para prover cuidados com crianças, idosos e doentes, para executar tarefas domésticas e serviços sexuais.

É importante notar que essa modalidade migratória se insere num contexto de globalização da força de trabalho feminina, e especificamente para a provisão dos cuidados e da reprodução da vida -biológica e social- de uma maneira geral. Entendemos que o conceito de cadeias globais de assistência ressalta uma das facetas normalmente esquecidas da globalização: a migração de mulheres que, em razão de um mercado de trabalho estratificado -tanto no país de origem, como no país receptor-, são dirigidas para a realização de tarefas tradicionalmente femininas (e desvalorizadas), segmentadas em função de seu gênero, sua raça, nacionalidade.

Analisando a demanda por trabalhadoras domésticas no Reino Unido, Anderson (2007) constata o racismo existente contra mulheres negras e islâmicas em geral (muitas vezes travestido de certa crença na inadequação de determinada

nacionalidade ​ou etnia ou ​religião ​para a atividade a ser realizada); a preocupação em se empregar homens para o cuidado de crianças; o maternalismo nas relações entre empregadora/trabalhadora; e também a naturalização da aptidão para o trabalho de cuidado de mulheres de determinadas nacionalidades, como as filipinas.

Ademais, Parreñas (2000) entende que a globalização da economia de mercado estendeu as políticas de trabalho reprodutivo a um nível internacional, sendo que a migração e a entrada de mulheres filipinas no trabalho doméstico (por exemplo) constitui parte da divisão internacional do trabalho reprodutivo (p. 561). Enquanto mulheres privilegiadas de nações mais ricas contratam a força de trabalho das filipinas, estas contratam ou delegam suas responsabilidades reprodutivas para outras mulheres nas Filipinas.

(9)

As migrações do Sul para o Norte global têm sido mais estudadas e divulgadas em diversos meios, muito embora a migração Sul-Sul não seja um fenômeno recente e represente, pelo menos, a metade das migrações internacionais (OIM, 2014). O Brasil, por exemplo, contava com uma população de, aproximadamente, 713 mil migrantes internacionais em 2015, sendo que as nacionalidades mais presentes eram a portuguesa, a japonesa, a paraguaia e a boliviana (ONU, 2015).

Contudo, o Brasil entra na rota das migrações internacionais com fluxos migratórios Sul-Sul com a inserção diferenciada das nacionalidades no mercado de trabalho (Baeninger, 2015). Na verdade, trata-se do mercado global de trabalho imigrante (Guarnizo et al, 2003), no qual o emprego doméstico filipino compõe este mercado.

Não só a América Latina e o Caribe contam com cerca de 690 mil mulheres migrantes internacionais que realizam trabalho doméstico nessa sub-região (conforme Imagem 1), como o Brasil recebeu aproximadamente 300 mulheres de nacionalidade filipina imigraram para o Brasil para atuar como trabalhadoras domésticas em casas de alto padrão, principalmente na capital paulista, entre os anos de 2013 e 2015 (Veja SP, 2015). Estimativas da ONU referentes ao meio do ano de 2015 apontam que 223 mulheres de nacionalidade filipina se encontravam no Brasil, muito embora a ocupação delas não seja necessariamente o trabalho doméstico (ONU, 2015, Table 18).

Outro dado interessante é a existência de 130 empregadores na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), responsáveis pela contratação de 180 trabalhadores domésticos internacionais, sendo que a grande maioria desse grupo é de filipinos, embora haja também imigrantes nepaleses (Locatelli, 2017). A empresa que agenciou a vinda de muitas desses trabalhadores filipinos ao Brasil anunciava em seu sítio eletrônico que “os trabalhadores filipinos são considerados em todo o mundo a melhor mão de obra especializada em serviços domésticos, com personalidade alegre, são sempre leais e confiáveis para cuidados com sua casa e sua família”.

No Brasil, os arranjos privados para a provisão de cuidados sempre foram a regra. Historicamente, as mulheres negras cumpriam esse papel, seja quando

(10)

escravizadas, seja quando lhes oferecem poucas oportunidades de inserção laboral. Na RMSP, as mulheres negras representam 55% das empregadas domésticas, um percentual alto, “considerando-se que a participação de negros na População Economicamente Ativa (PEA) é de cerca de 38% na RMSP” (DIEESE, 2016, p. 6).

Mudanças significativas foram sendo alcançadas pela luta desse grupo ao longo do tempo: desde a garantia de alguns direitos trabalhistas na Constituição Federal em 1988, até a recente Lei Complementar nº 150/2015, quando se regulamentou a extensão dos direitos de empregados celetistas à categoria dos domésticos e disciplinou algumas questões específicas dessa atividade, como a definição de empregado doméstico, a forma de procedência e remuneração em caso de viagens com o/a trabalhador/a, etc.

Além disso, mudanças na estratificação social e na estrutura demográfica do país permitiram que algumas pessoas, por exemplo, deixassem de realizar certas atividades ou se recusassem a fazê-lo sob determinadas condições. Na RMSP, praticamente não há mais empregadas domésticas que dormem no emprego, o que significa uma vitória para a categoria também, já que isso as tornava disponíveis a todas as horas do dia, todos os dias da semana, para toda e qualquer tarefa. Em 1992, essa era uma realidade para 22,5% das domésticas na região. Em 2015, esse número chegou a 1% (DIEESE, 2016, p. 6).

Vemos, assim, que as mudanças demográficas no país, na regulamentação do trabalho doméstico, bem como alterações nos processos da migração interna, levaram a transformações do trabalho doméstico, como se queixam as patroas: “no Brasil, babá é só babá, cozinheira só cozinha e empregada só limpa, e não aceitam dormir no local de trabalho” (Folha, 2015).

Nesse contexto, determinado grupo social passou a recorrer à força de trabalho de imigrantes internacionais para o trabalho doméstico remunerado, como as mulheres filipinas: consideradas dóceis, leais e que aceitam dormir no local de trabalho. A demanda por uma trabalhadora doméstica imigrante filipina com fluência em inglês revela a reprodução do ​habitus ​de classe de seus empregadores, permitindo que

(11)

usufruam de certo estilo de vida, onde a distinção simbólica de um grupo social é manifesta nas suas propriedades e práticas, princípio da unidade de estilo (Bourdieu, 2003, p. 74).

O estilo de vida de fração da classe média que, muito embora não seja proprietária dos modos de produção, possui função gerencial e capacitação técnica, é determinado muito mais pelo luxo e escassez do que pelo valor de uso dos objetos e dos gostos (Bourdieu, 2003, p. 76). Possivelmente, é nesse sentido que podemos entender a “importação” de mulheres filipinas para realizar tarefas reprodutivas: “um novo consumo, mais raro e, portanto, distintivo” (Bourdieu, 2003, p. 76).

A importação desses “bens escassos” é também valorizada na medida em que as filipinas falam inglês, podem oferecer uma educação bilíngue às filhas e filhos da classe média paulistana e perpetuar mais um tipo de distinção no capital cultural. Ademais, esteriótipos raciais e de gênero são novamente invocados para se naturalizar a afinidade de certas mulheres para com o trabalho doméstico “[a babá filipina] está sempre bem humorada e eu preciso até pedir para ela parar de trabalhar; o povo filipino gosta de servir”, falou uma empregadora brasileira em reportagem do jornal Folha de São Paulo (Folha, 2015).

Entendemos que cada migrante filipina no Brasil é expressão de um sujeito coletivo. Há uma modalidade migratória, um fluxo que vem se estabelecendo e concretizando entre as Filipinas e o Brasil (possivelmente com outros locais de destino intermédios). O Brasil passa, então, a retratar essa imigração, refletindo característica essencial da globalização em forjar fluxos migratórios específicos (Sassen, 2000), sendo um fator na geração da demanda por serviços estratégicos para a manutenção desse sistema socioeconômico, que afeta de maneira bastante particular, mulheres de diversas partes do globo.

Assim, parece-nos que é necessário complexificar a análise das cadeias globais de assistência, ou mesmo da divisão internacional do trabalho reprodutivo, no sentido de que as estratificações e desigualdades presentes no Brasil, um país do chamado Sul global, mostram-se como fatores estruturantes do recrutamento ativo de

(12)

trabalhadores por parte de fração da classe média brasileira. É certo que os países do Sul global possuem algumas características em comum, e nosso objetivo não é acabar com essa categorização, apenas nublar certas fronteiras teóricas que já se encontram esmaecidas na realidade. A ambiguidade das relações concretas coloca dúvidas sobre o papel que grupos sociais ocupam na estrutura global, não necessariamente condicionados à sua nacionalidade.

As oportunidades de vida, possibilidades de agência dos sujeitos e de grupos vão além de nosso nacionalismo metodológico, sendo preciso reconhecer que a globalização se compõe de diversos processos que deixam de se institucionalizar no Estado-Nação, para se institucionalizar no globo, atravessando os Estados-Nação (Ianni, 1992). Esse é o caso das mulheres filipinas agenciadas para o trabalho nas residências de uma fração da classe média alta paulistana, esta inserida no mercado de consumo global como um “espaço luminoso” (Santos e Silveira, 2001).

Aqui, emprestamos a categoria de Santos e Silveira (2001) referente à integração do território na dinâmica da economia global, para usá-la no sentido de que grupos sociais se inserem de maneira desigual na dinâmica global também. No caso, vemos que há grupos no Brasil cujo padrão de consumo e acesso aos bens simbólicos ligados à economia global se assemelham ao que é considerado próprio do Norte global, que por sua vez também possui assimetrias.

A migração de mulheres do Sul global para o trabalho na residência de um grupo localizado no Sul também, que as agencia ativamente conforme seus interesses, nos aponta para uma inserção assimétrica de grupos nas relações globais, que superam o nacionalismo e também os Estados-Nação. Muito embora a proporção de migrantes internacionais trabalhando como domésticas no Brasil seja pequena em relação ao fluxo para o Norte, essa realidade existe e demonstra que as existem grupos mais ou menos integrados à economia de mercado global, mais ou menos “luminosos” em relação ao acesso a bens, serviços e oportunidades também globais.

Assim, argumentamos no sentido de que a estratificação social brasileira, com sua historicidade e especificidades, proporciona a integração de certa fração da classe

(13)

média na economia e nas relações globais, seja por seu capital cultural, econômico e/ou social, de maneira diversa de outros grupos nacionais, e que isso permite que o consumo de bens e serviços desse grupo se assemelhe ao chamado Norte global. Possibilita também a inserção do Brasil no mercado global de cuidados, tendo grupos sociais específicos como destino, e permite que desigualdades tipicamente brasileiras continuem a se reproduzir, como a divisão racial e sexual do trabalho doméstico, agora com a figura da migrante filipina.

3.4 A origem da migração nas Filipinas

A existência de mercados e fluxos de capital atravessando as fronteiras dos Estados-Nação proporciona a formação, ou intensificação, de formas também globais de sobrevivência. Estas dependem, inclusive, de certo grau de institucionalização, razão pela qual vemos que os Estados-Nação possuem um papel considerável nessa dinâmica.

Por um lado, temos os Estados receptores, que se beneficiam dos diversos serviços prestados e da força de trabalho imigrante. Por outro lado, temos Estados que incentivam e financiam muitas dessas migrações, visto ser esse um processo vantajoso na medida em que as/os migrantes enviam remessas significativas de dinheiro em moeda estrangeira para as famílias que permanecem no país de origem.

Não podemos deixar que considerar que a dinâmica da globalização econômica nos países do Sul global se mostrou bastante perversa aos interesses da cidadania local: programas de ajustes estruturais ditados pela política neoliberal, liberalização do comércio e abertura da economia a empresas estrangeiras, sucateamento de indústrias nacionais e da agricultura voltada para o mercado local e nacional, eliminação de subsídios estatais, crises financeiras, dívidas governamentais, arrochos salariais e desemprego são cíclicos na vida dos países pobres e/ou em desenvolvimento.

Esse é justamente o caso do Estado filipino: seu primeiro empréstimo de credores internacionais ocorreu em 1962. Sua dívida externa chegou a 52 bilhões de dólares em 2000, sendo que os juros anuais são de aproximadamente 2,5 bilhões de

(14)

dólares (Parreñas, 2007, p. 40). A fim de pagar tais empréstimos, o país se endivida ainda mais perante as mesmas agências credoras (principalmente Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Asiático), com a condição de implementar uma economia baseada em exportação.

As Filipinas têm produzido bens para exportação, que por sua vez são ditados pela necessidade de investidores estrangeiros de países mais ricos, especialmente Japão e Estados Unidos da América (Parreñas, 2007, p. 40). Segundo um manual do governo brasileiro sobre como exportar para as Filipinas, “a eletrônica é conhecida como o maior condutor da economia filipina. […] A indústria [de eletrônicos e semicondutores] efetivamente tornou as Filipinas uma nação com umas das estruturas de exportação mais avançadas tecnologicamente do mundo” (MRE, 2013, p. 21). Assim, a exportação de eletrônicos, junto ao trabalho de emigrantes, são os dois setores que mais geram retorno de moeda estrangeira ao país, e são também setores onde a força de trabalho feminina é bastante significativa (Parreñas, 2007, p. 40).

De acordo com as estatísticas do governo filipino, a taxa de participação feminina na força de trabalho era de 49,7% em 2010 (PSA, 2011). Na indústria eletrônica, aproximadamente 74% dos trabalhadores são mulheres (Parreñas, 2007, p. 40). Outras ocupações tradicionalmente ocupadas por mulheres nas Filipinas são na área de educação, saúde e trabalho social, e trabalho doméstico (PSA, 2006). Muito embora a qualificação da força de trabalho feminina seja superior à masculina nas Filipinas, a inserção laboral das mulheres e também a discriminação de gênero faziam com que em média, as mulheres ganhassem 0,39 centavos para cada 1 peso ganho por um homem nos anos 2000 (Parreñas, 2007, p. 40-41).

A emigração de trabalhadores filipinos é também uma das fontes de renda do país, já que as remessas enviadas pelos migrantes representam 10% do PIB filipino (Banco Mundial apud Locatelli, 2017). No ano de 2016, o total de remessas teria sido de 31 bilhões de dólares.

Em 2004, o número estimado de filipinos emigrados era de 1 milhão aproximadamente, sendo 51% de mulheres. Em 2008, estima-se que cerca de 2

(15)

milhões de homens e mulheres das Filipinas estivessem trabalhando fora de seu país de origem, sendo a proporção de mulheres de 48% (PSA, 2010).

Em 2004, os principais destinos das migrantes filipinas eram Hong Kong, Arábia Saudita, Singapura e Japão (PSA, 2006). Nesse ano, 79 mil emigrantes se ocupavam em serviços e vendas nos locais de destino, atividades que incluem o trabalho doméstico. Em 2008, esse número havia se ampliado para 179 mil de filipinas na área de serviços e vendas.

Considerando-se homens e mulheres em 2008, haveria 286 mil emigrados filipinos ocupados com serviços e vendas. Locatelli (2017) estima que, em 2012, 155 mil filipinos emigrados (homens e mulheres) estariam ocupados especificamente com trabalho doméstico.

É interessante também notar que, muito embora a migração de homens e mulheres das Filipinas ocorra na mesma proporção, as remessas enviadas pelos grupos são de diferentes montantes: em 2004, as mulheres enviaram uma média de 39% do total (PSA, 2008). Isso nos remete à ideia de que homens e mulheres se utilizam de redes distintas para migrar, ocasionando com que os grupos se destinem a locais distintos, bem como a ocupações diversas também.

Parreñas (2007, p. 43) ressalta que a ideia de domesticidade das mulheres filipinas é uma das razões pelas quais seriam sempre dirigidas a ocupações que são entendidas como extensão da esfera doméstica, realizando tarefas pelas quais há pouco apreço e baixa remuneração. Inclusive, essa construção de gênero se mostra bastante compatível e propícia à reprodução da estrutura econômica global de desigualdade entre nações, já que são as micro-relações entre homens e mulheres num contexto nacional que suportam as desigualdades entre os grupos, inclusive a desvalorização da força de trabalho feminina e suas ocupações tradicionais, e que permitem a intensificação da exploração de um Estado sobre outro.

(16)

A divisão sexual do trabalho doméstico é frequentemente acompanhada da divisão racial dessa atividade. Como herança de 350 anos de escravidão de homens e mulheres negros, e sem ter agido no sentido de compensação por esse passado, o Brasil é estruturado a partir dessa desigualdade racial, e o trabalho doméstico remunerado está inserido nessa realidade.

Estima-se que haja cerca de 6 milhões de domésticas no Brasil (DIEESE, 2013, p. 3), sendo que 61% seria de mulheres negras na média nacional (DIEESE, 2013, p. 6). Nas regiões Norte e Nordeste do país, o percentual chega a 79%. Na RMSP, como apontado anteriormente, o percentual de mulheres negras dentre as domésticas é de 55%, uma taxa acima da própria participação de negros na População Economicamente Ativa. Ainda segundo o DIEESE,

o contingente elevado de mulheres negras no trabalho doméstico é consequência da histórica associação entre este tipo de atividade e a escravidão, em que tal função era majoritariamente delegada às mulheres negras. Atualmente, ainda existem resquícios dessas relações escravagistas no emprego doméstico, havendo, com frequência, preconceito e desrespeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais no trabalho (2013, p. 6).

Nesse sentido, reiteramos que o trabalho doméstico remunerado se mostra estruturado a partir da desigualdade racial histórica existente no Brasil, e apresenta inúmeras correlações para com a escravidão: falta de formalização, de reconhecimento da doméstica como uma trabalhadora com direitos; ausência de discriminação acurada de tarefas; a “predestinação histórica” de mulheres negras para a ocupação; as frequentes relações abusivas, incluindo humilhações e privações. Isso é importante de ser ressaltado a fim de desvelarmos um pouco das relações sociais constitutivas e interseccionais que estruturam o lugar a ser ocupado pela doméstica filipina no Brasil. Afinal, esse fluxo se insere num local específico da estrutura de relações de poder, e acaba por lançar luz sobre um grupo historicamente oprimido no país.

Trabalhando num condomínio de alta renda na RMSP, três filipinas conseguiram escapar do confinamento e denunciaram que estavam trabalhando durante meses sem descanso, sem alimentação suficiente, sem remuneração adequada em 2017. Uma delas relatou que “sentia fome e chegou a se alimentar da comida do cachorro, para

(17)

quem ela cozinhava pedaços de carne” (Locatelli, 2017). As jornadas de trabalho chegavam a 16 horas por dia, muitas vezes sem folga alguma durante meses, sem pagamento de horas extras. Isso ainda combinado a servidão por dívida e promessa enganosa “feita pelos agenciadores de que, após dois anos trabalhando, receberiam a residência permanente no país” (Locatelli, 2017), uma possibilidade inexistente no ordenamento jurídico pátrio.

Por essa razão, auditores fiscais do trabalho entenderam que a situação caracterizava trabalho escravo, dada a combinação entre jornada exaustiva, servidão por dívida e trabalho forçado, além de possivelmente tráfico de pessoas, dado o agenciamento fraudulento. Cabe ressaltar que o trabalho forçado possui ligação direta com migrantes, visto que a retenção de passaportes ou outros documentos de identificação da pessoa é indicativo da existência de coerção. Essa prática, combinada com outros elementos, como violência física ou sexual, restrição da liberdade de locomoção, manutenção do vínculo de trabalho por dívidas, recusa a pagar remuneração, ameaça de denúncia às autoridades, aponta para a existência de trabalho forçado (Ryan e Mantouvalou, 2014, p. 196).

Evidentemente, as vivências das trabalhadoras migrantes são heterogêneas. Há empregadores responsáveis, que cumprem com seus deveres, respeitam e valorizam o trabalho das domésticas. Independentemente disso, o que se vê é uma exploração sistemática dessa força de trabalho: se por um lado, o trabalho de cuidado não pode ser considerado produtivo para o capitalismo; por outro lado, ele se aproveita de outras (e antigas) formas de exploração da força de trabalho de pessoas que lutam contra diversas formas de opressão. A exploração capitalista é uma delas, mas não se resume a isso. A “disponibilidade” e “aptidão” das migrantes filipinas para com o trabalho doméstico é o que permite que seus empregadores brasileiros estejam disponíveis para gerar valor e mais valia, ao passo em que sua corporalidade permanece marcada por construções sociais que garantem a manutenção do modo hegemônico de divisão social do trabalho na era global, que permitem que o trabalho produtivo de alguns seja, inclusive, mais intensamente explorado pelo capital.

(18)

Referências bibliográficas

ANDERSON, Bridget. Doing the dirty work? The global politics of domestic labour. Londres: Zed Books, 2000.

_______. A very private business - Exploring the demand for Migrant Domestic Workers. European Journal of Women’s Studies, Roterdã, Vol. 14(3), pp. 247-264, 2007.

ANDRADE, Tânia. Mulheres no mercado de trabalho: onde nasce a desigualdade? (Junho/2016). Disponível em:

http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/

areas-da-conle/tema7/2016_12416_mulheres-no-mercado-de-trabalho_tania-andrade.

Acesso em 31/08/2017.

BAENINGER, Rosana. Migrações contemporâneas no Brasil: desafios para as políticas sociais. In: Ministério Público do Trabalho (MPT). Migrações e Trabalho. Brasília: MPT, 2015. Pág. 79-86.

BOURDIEU, Pierre. Gostos de classe e estilos de vida. In: ORTIZ, Renato (Org.). A sociologia de Pierre Bourdieu. São Paulo: Olho d’Água, 2003.

BRASIL. Lei Complementar nº 150/2015. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp150.htm. Acesso em 31/08/2017.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, Florianópolis, 10(1), pp. 171-188, 2002.

DIEESE. O emprego doméstico no Brasil (2013). Disponível em:

https://www.dieese.org.br/estudosetorial/2013/estPesq68empregoDomestico.pdf.

Acesso em 11/09/2017.

_______. O trabalho doméstico em 2015 (Abril/2016). Disponível em:

https://www.dieese.org.br/analiseped/2015/2015empreDomSAO.pdf. Acesso em

31/08/2017.

EHRENREICH, Barbara; HOCHSCHILD, Arlie Russell. Nannies, Maids, and Sex Workers in the New Economy. In: EHRENREICH, Barbara; HOCHSCHILD, Arlie Russell (Org.). Global woman. New York: Metropolitan Books, 2003. Cap. 14, pp. 530-539.

FOLHA de São Paulo. Empresa ‘importa’ babás e domésticas das Filipinas para o Brasil (atualizado em 10/05/2015). Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/05/1627108-empresa-importa-babas-e-do mesticas-das-filipinas-para-o-brasil.shtml. Acesso em 11/09/2017.

(19)

GUARNIZO, Luis Eduardo et al. Assimilation and Transnationalism: Determinants of Transnational Political Action among Contemporary Migrants. American Journal of Sociology, vol. 18, nº 6, pp. 1211-1248, May/2003.

G1. Mulher gasta 16h por semana a mais que homem em tarefas domésticas (atualizado em 23/05/2012). Disponível em:

http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/05/mulher-gasta-16-h-por-semana-mais-que

-homem-em-tarefas-domesticas.html. Acesso em 31/08/2017.

IANNI, Octavio. A sociedade global. A grande transformação. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S/A, 1992. Capítulo I.

ISAKSEN, Lise Widding; DEVI, Sambasivan Uma; HOCHSCHILD, Arlie Russell; Global care crisis. A problem of Capital, Care Chain, or Commons? American Behavioral Scientist, vol. 52, nº 3, November/2008, pp. 405-425.

HUWS, Ursula. Vida, trabalho e valor no século XXI: desfazendo o nó. Caderno CRH, Salvador, v. 27, n. 70, pp. 13-30, Jan./Abr. 2014.

KOFES, Suely. Mulher, mulheres. Identidade, diferença e desigualdade na relação entre patroas e empregadas domésticas. Campinas: Editora da Unicamp, 2001. LISBOA, Teresa Kleba. Fluxos migratórios de mulheres para o trabalho reprodutivo: a globalização da assistência. Estudos Feministas, Florianópolis, 15(3): 000, pp. 805-821, 2007.

LOCATELLI, Piero. Domésticas das Filipinas são escravizadas em São Paulo (atualizado em 31/07/2017). Disponível em:

http://reporterbrasil.org.br/2017/07/domesticas-das-filipinas-sao-escravizadas-em-sao-p aulo/. Acesso em 31/08/2017.

MRE (Ministério das Relações Exteriores). Como Exportar: Filipinas. Brasília: MRE, 2013.

OCDE Stats. Employment: Time spent in paid and unpaid work, by sex (dados retirados em Agosto/2017). Disponível em:​ ​http://stats.oecd.org/index.aspx?queryid=54757#. Acesso em 31/08/2017.

OIM (Organização Internacional para as Migrações). South-South Migration: partnering strategically for development (2014). Disponível em:

http://www.iom.int/files/live/sites/iom/files/What-We-Do/idm/workshops/South-South-Mig ration-2014/Background-paper-en.pdf. Acesso em 11/09/2017.

OIT (Organização Internacional do Trabalho). ILO global estimates on migrant workers: results and methodology - special focus on migrant domestic workers (publicado em

(20)

2015). Disponível em:

http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/documents/publication/

wcms_436343.pdf. Acesso em 31/08/2017.

ONU (Organização das Nações Unidas). International migrant stock 2015, by destination and origin (Table 18) (dados retirados em Agosto/2017). Disponível em: http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/data/estimates2/estimates

15.shtml. Acesso em 31/08/2017.

PARREÑAS, Rhacel Salazar. Migrant Filipina domestic workers and the international division of reproductive labor. Gender & Society, vol. 14, nº 4, pp. 560-581, August 2000.

_______. The Gender Ideological Clash in Globalization: Women, Migration, and the Modernization Bulding Project of the Philippines. Social Thought & Research, Vol. 28, (Social “Movements”) 2007, pp. 37-56.

_______. O trabalho de care das acompanhantes. Imigrantes filipinas em Tóquio. In: HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya Araujo (Org.). Cuidado e Cuidadoras: as várias faces do care. São Paulo: Atlas, 2012. Parte 4.12, pp. 201-215.

PSA (Phillipine Statistics Authority). Distribution of Overseas Filipino Workers by By Occupation, Sex and Year (2004). Disponível em:

http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=PO48&ti=Distribution+of+ Overseas+Filipino+Workers++by+By+Occupation%2C+Sex+and++Year%2E&path=../D

atabase/NSCB/Areas/migration/&lang=1&unit=Numbers+in+Pesos. Acesso em

11/09/2017.

_______. Distribution of Employed Women and Men by Occupation, Sex and Year (2006). Disponível em:

http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=Le8&ti=Distribution+of+E mployed+Women+and+Men++by+Occupation%2C+Sex+and+Year%2E+&path=../Data

base/NSCB/Areas/labor/&lang=1&unit=numbers+in+thousands. Acesso em 11/09/2017.

_______. Ratio of Girls to Boys in Primary, Secondary and Tertiary Education, by Year and level (2007). Disponível em:

http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=ed31&ti=Ratio+of+Girls+t o+Boys+in+Primary%2C+Secondary++and+Tertiary+Education%2C++by+Year+and+le vel%2E+&path=../Database/NSCB/Areas/education/&lang=1&unit=percent. Acesso em 11/09/2017.

_______. Distribution of Overseas Filipino Workers by Place of Work, Year and Sex (2004 e 2008). Disponível em:

http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=PO45&ti=Distribution+of+ Overseas+Filipino+Workers+++by+Place+of+Work%2C+Year++and+Sex%2E+&path=.

./Database/NSCB/Areas/migration/&lang=1&unit=Numbers+in+Thousands. Acesso em

11/09/2017.

_______. Distribution of Overseas Filipino Workers by Occupation, Year and Sex (2008). Disponível em:

(21)

Overseas+Filipino+Workers++by+Occupation%2C+Year+and++Sex%2E&path=../Data

base/NSCB/Areas/migration/&lang=1&unit=Numbers+in+Thousands. Acesso em

11/09/2017.

_______. Average Cash Remittance of Overseas Filipino Workers by Place of Work, Sex and Year. Disponível em:

http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=PO47&ti=Average+Cash+ Remittance+of+Overseas+Filipino+Workers++by+Place+of++Work%2C+Sex+and+Yea r%2E+&path=../Database/NSCB/Areas/migration/&lang=1&unit=Numbers+in+Pesos. Acesso em 11/09/2017.

_______. Women and Men Aged 15 Years And Over, by Employment Indicators, Sex and Year. Labor Force Participation Rate (Women) in 2010 (011). Disponível em: http://www.nap.psa.gov.ph/gender/PX/Dialog/varval.asp?ma=Le6&ti=Women+and+Men +Aged+15+Years+and+Over%2C++by+Employment+Indicators%2C+Sex++and+Year %2E+&path=../Database/NSCB/Areas/labor/&lang=1&unit=percent. Acesso em

11/09/2017.

RYAN, Bernard; MONTOUVALOU, Virginia. The Labour and Social Rights of Migrants in International Law. In: RUBIO-MARÍN, Ruth. Human Rights and Immigration. Oxford University Press: Oxford, pp. 177-211, 2014.

SANTOS, M.; SILVEIRA, M.L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SASSEN, Saskia. Women's Burden: Counter-geographies of Globalization and the Feminization of Survival. Journal of International Affairs, Vol. 53, No. 2, Spring 2000, pp. 503-524.

SORJ, Bila, e Adriana FONTES. O care como um regime estratificado. In: HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya Araujo (Org.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do

care​. São Paulo: Atlas, 2012. Parte 2.6, pp. 103-116.

Veja SP. Famílias investem em empregadas e babás filipinas (atualizado em 01 de junho de 2017). Disponível em:

https://vejasp.abril.com.br/cidades/babas-empregadas-filipinas/. Acesso em 11/09/2017.

ZELIZER Viviana. A economia do ​care​. In: HIRATA, Helena; GUIMARÃES, Nadya Araujo (Org.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do ​care​. São Paulo: Atlas, 2012. Parte 1.1, pp. 15-27.

Referências

Documentos relacionados

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

Vestir uma peça de roupa, para lá dos motivos de pudor, ornamento e proteção, é essencialmente um ato de significação” (BALDINI, 2005, p. Ou seja, a própria performance em

Essa revista é organizada pela Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE) e por isso foram selecionados trabalhos que tinham como objetivo tratar a

O estudo da extração de ligantes seguida pela sinterização em ciclo único em reator de plasma é o principal escopo deste trabalho no qual é investigada a influencia da velocidade

Realizar a análise RAM do sistema de automação de uma linha de laminação a frio, avaliando seus níveis de confiabilidade, mantenabilidade e disponibilidade, e propor ações

Para o controle da sarna, os fungicidas podem ser aplicados sistematicamente, com base na fenologia da macieira (calendário), ou seguindo além da fenologia,

Araújo (2018) estudou análise do comportamento estrutural de blocos de concreto ar- mado sobre estacas como fundação para aerogerador onshore, onde modela uma estrutura de

A solução, inicialmente vermelha tornou-se gradativamente marrom, e o sólido marrom escuro obtido foi filtrado, lavado várias vezes com etanol, éter etílico anidro e