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Diretrizes Assistenciais HEMORRAGIA GENITAL

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Academic year: 2021

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Diretrizes Assistenciais

HEMORRAGIA GENITAL

Versão eletrônica atualizada em

Maio – 2009

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1. Definição

Hemorragia genital é definida como presença de sangramento que se exterioriza pela vagina e vulva em grande quantidade, com ou sem alteração de intervalo, frequência ou duração do ciclo menstrual.

2. Diagnóstico e Conduta

1. Sempre que houver uma queixa de sangramento excessivo, verificar os sinais vitais. Na presença de alterações, providenciar acesso venoso calibroso, iniciar infusão endovenosa de fluidos imediatamente e administrar drogas e/ou hemocomponentes se necessário, visando à estabilização hemodinâmica da paciente.

2. A seguir, realizar anamnese completa, com antecedentes pessoais e familiares. É importante avaliar a possibilidade de gravidez.

3. Fazer exame físico geral e exame ginecológico completos.

4. Solicitar hemograma, coagulograma, dosagens de TSH, enzimas hepáticas e β-HCG no plasma, ultrassonografia pélvica (transvaginal ou transabdominal), assim como provas pré-transfusionais, dependendo da gravidade do caso.

5. Demais exames devem ser solicitados baseados nos dados clínicos. Se a paciente tiver mais de 45 anos, pode ser importante obter uma biópsia de endométrio no seguimento.

6. Para se estabelecer o diagnóstico, devem-se levar em conta as causas orgânicas, disfuncionais ou iatrogênicas, excluindo-se sempre a possibilidade de gravidez.

Causas orgânicas - Sistêmicas

Desnutrição, coagulopatias (ex.: doença de von Willebrand), distúrbios endócrinos (ex.: hipotiroidismo), uso de drogas, distúrbios metabólicos (ex.: cirrose hepática levando à hiperplasia endometrial) ou descompensação cardíaca (ex.: congestão venosa associada à insuficiência cardíaca).

- Genitais

Vulva e vagina: lesões ocasionadas por traumas, lesões ulceradas, vegetantes ou friáveis e presença de corpo estranho.

Colo uterino: ectopia, lesões ulceradas, vegetantes ou friáveis, presença de corpo estranho, pólipo cervical, mioma, cervicite aguda e neoplasia.

Corpo uterino: mioma, endometrite, produtos patológicos da concepção, pólipo endometrial, adenomiose, sarcoma, corpo estranho, hiperplasia endometrial e câncer do endométrio.

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Tubas uterinas: salpingite, neoplasia e gravidez ectópica. Ovários: endometriose e neoplasias produtoras de hormônios.

Causas iatrogênicas

Alguns medicamentos e substâncias podem causar ou acentuar sangramentos genitais. Dentre eles, destacam-se: terapêutica hormonal, anticoagulantes, ácido acetilsalicílico, antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação da serotonina, antidepressivos tricíclicos), tamoxifeno, fenotiazina, corticosteróides, tiroxina, contraceptivos e ervas (ginseng, ginkgo biloba e produtos derivados da soja).

Causas disfuncionais

Caracteriza-se por sangramento anormal do endométrio na ausência de afecção orgânica, iatrogênica ou de gestação. Deve-se a distúrbios na interrelação do eixo hipotálamo-hipófiso-ovariano ou da ação dos hormônios no útero e seu diagnóstico é de exclusão.

Tratamento

A depender do diagnóstico, o tratamento deve ser específico, com sutura nos casos de lacerações, tamponamento de lesões cervicais friáveis, ou exérese de tumores e corpos estranhos, por exemplo. A conduta em unidade de pronto atendimento deve estar acordo com diagnóstico, intensidade do sangramento, contraindicação a determinada modalidade terapêutica e vontade da paciente. Lembrar da importância da biópsia de endométrio, em especial nas pacientes acima de 45 anos em que o tratamento não é efetivo ou quando ocorre recorrência das queixas hemorrágicas.

Nos sangramentos oriundos do corpo uterino, principalmente naqueles com componente disfuncional, o tratamento inicial visa a estancar a hemorragia e pode ser realizado com administração de medicamentos hormonais por via endovenosa, respeitando-se possíveis contraindicações. A opção disponível em nosso meio é o succinato de estriol (Styptanon® frasco-ampola de 20 mg), podendo-se infundir um frasco-ampola a cada 12 horas até que se obtenha controle do sangramento, por um período máximo de 48 horas. A adição de anti-inflamatórios não hormonais (cetoprofeno, tenoxicam, entre outros) e de antifibrinolíticos (ácido tranexâmico), também por via endovenosa, contribui para a homeostase endometrial e acelera a recuperação da paciente. Na alta hospitalar, pode-se prescrever combinações estroprogestativas (contraceptivos, terapia hormonal), anti-inflamatórios não hormonais e antifibrinolíticos para uso por via oral, buscando controle a médio prazo. Esquemas com e sem pausa são descritos para esse fim.

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Mulheres hipertensas, tabagistas ou diabéticas devem ser avaliadas com cuidado antes do tratamento medicamentoso. Lembrar que, devido ao potencial trombogênico, a prescrição de hormonioterapia deve ser feita com cautela, principalmente em pacientes com cirurgias agendadas, imobilizadas ou com antecedentes de tromboembolismo e/ou distúrbios da coagulação.

Por fim, citamos condutas de exceção que podem, eventualmente, ser necessárias quando não temos sucesso no controle de quadros agudos que colocam em risco a vida da paciente. Assim, destacamos tratamentos endovasculares, como tamponamento com balão ou embolização das artérias uterinas, e tratamentos cirúrgicos, como curetagem, histeroscopia, ligadura das artérias uterinas ou histerectomia.

Representações esquemáticas das condutas hospitalar e ambulatorial sugeridas seguem na figura 1 e no quadro 1.

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Hemodinamicamente estável? Não

1. Acesso venoso com gelko 18

2. História completa 3. Exame físico geral e

ginecológico

4. Hemograma, β HCG, provas de coagulação 5. US* pélvica (se

possível, por via transvaginal)

1. Succinato de estriol 20 mg

(Styptanon® #) EV, 12/12 h;

tenoxicam 20 mg EV, 12/12 h; ácido tranexâmico 500 mg EV, 6/6 h, até cessar o sangramento

2. EAU**, curetagem, histeroscopia ou

histerectomia, se não houver resposta adequada

3. Transfundir 2 unidades de GV*** se

Hb< 7,5 g/dL

Tratamento imediato Causa orgânica Causa disfuncional Tratamento específico

1. Verificar o ABC: vias áreas, respiração, coração (pulso, PA) 2. Acesso venoso com

gelko 18

3. Infundir ringer lactato 4. Solicitar ao banco de sangue exames pré-tranfusionais 1. Centro cirúrgico ou unidade de terapia intensiva 2. Hemocomponentes

Paciente estável? Sim

Não

Tratamento de manutenção sugerido (a critério do médico assistente):

1. Após controle do sangramento agudo, trocar por ACO**** de média ou de alta dosagem por, pelo menos, 3 ciclos

2. Caso haja contraindicação ao uso de ACO, usar medroxiprogesterona, progesterona micronizada, megestrol ou noretrindona por, pelo menos, 3 meses

*Ultrassonografia

**Embolização das artérias uterinas ***Glóbulos vermelhos

****Anticoncepcional oral combinado #Medicação padronizada no hospital

Figura 1 – Algoritmo para diagnóstico e conduta na hemorragia genital, no Hospital Israelita Albert Einstein.

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2 0 0 9 Medicação Ação

Anti-inflamatórios não hormonais:

• Ácido mefenâmico (250 mg) • Naproxeno (250–275 mg) • Ibuprofeno (200–400 mg)

Dose: 1–2 comprimidos antes ou no início da menstruação,

seguindo com 1 comprimido a cada 6–8 h, por 3 dias

Inibem a síntese de prostaglandinas, reduzindo o sangramento e a cólica menstrual

Antifibrinolíticos:

Ácido tranexâmico (500 mg– 1000 mg a cada 8 horas, conforme a necessidade

Diminuem a atividade fibrinolítica, reduzindo a perda sanguínea

Anticoncepcionais orais combinados

Indicados nos sangramentos

anovulatórios, podem ser úteis também nos sangramentos ovulatórios, apesar da ausência de evidências consistentes

Progestagênios:

• Endoceptivo com

levogenestrel

• Progestagênios orais: acetato

de medroxiprogesterona (5–10 mg/d, por 10–14 dias)

Estabilizam o endométrio. Endoceptivo com levogenestrel pode provocar sangramento irregular em um pequeno numero de pacientes

Agonistas do hormônio liberador das gonadotrofinas:

• Acetato de leuprorrelina (3,75 mg IM/mês ou 11,25 mg IM/3 meses)

• Acetato de nafarrelina (200 µg

intranasal, duas vezes ao dia)

• Acetato de gosserrelina (3,6

mg SC/mês ou 10,8 mg SC/3 meses)

Efeitos colaterais: sintomas próprios da menopausa. A administração de

estrogênios e progestagênios cíclicos pode minimizar os sintomas colaterais

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Albers JR, Hull SK, Wesley RM. Abnormal uterine bleeding. Am Fam Physician. 2004;69(8):1915-26.

Bordman R, Telner D, Jackson B, Little D. An approach to the diagnosis and management of benign uterine conditions in primary care. Toronto, Ont: Centre for Effective Practice, Ontario College of Family Physicians; 2005.

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Referências

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