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Patanjali Yoga Sutras. (Índice temático)

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Academic year: 2021

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Patanjali Yoga Sutras (Índice temático)

Capitulo 1: Samadhi Pada Sutra

1 Introdução ao yoga 2 O que é o yoga

3 O resultado da pratica de yoga

4 De outra forma o que acontece a Purusha? 5 Classificação geral dos Vrittis

6 Cinco tipos de Vrittis

7 Pramana – fontes do conhecimento correcto 8 Viparyaya – conhecimento errado

9 Vikalpa – ilusão 10 Nidra – sono 11 Smriti – memória

12 Necessidade de Abhyasa e Vairagya 13 Abhyasa significa pratica constante 14 Bases de Abhyasa

15 Vairagya: tipo baixo de desapego 16 Vairagya: tipo elevado de desapego 17 Definição de Samprajnata Samadhi 18 Definição de Asamprajnata Samadhi

19 Méritos passados necessários para Asamprajnata Samadhi 20 Outros méritos necessários para Asamprajnata Samadhi 21 A rapidez deriva da intensidade do esforço

22 Três tipos de esforço 23 Ou por devoção a Ishwara 24 Definição de Ishwara 25 Atributo de Ishwara

26 Ishwara é o professor dos professores 27 Aum designa Ishwara

28 Sadhana para alcançar Ishwara 29 Resultado deste Sadhana

30 Obstáculos no caminho do Yoga 31 Outros obstáculos

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33 Ou por cultivar virtudes opostas 34 Ou pelo controlo do prana

35 Ou pela observação da experiência dos sentidos 36 Ou pela iluminação interior

37 Ou pelo desapego da matéria

38 Ou pelo conhecimento do Sonho e do Sono 39 Ou pela Meditação

40 Frutos da Meditação

41 Unidade da Mente com o objecto 42 Savitarka Samadhi

43 Nirvitarka Samadhi 44 Outras formas de Samadhi 45 Extensão do Samadhi 46 Samadhi com semente

47 A iluminação espiritual da mente 48 Experiência cósmica

49 Características desta experiência 50 Consciência dinâmica no Samadhi 51 Alcançar o Samadhi sem semente Capitulo 2: Sadhana Pada

Sutra

1 Disciplina para Sadhana 2 Porquê disciplina 3 Causas do sofrimento 4 Avidya é a causa raiz 5 Avidya é ignorância

6 Asmita – o sentimento do Eu 7 Raga

8 Dwesha 9 Abhinivesha

10 Os Kleshas podem ser reduzidos 11 Pela Meditação

12 Karmashaya e reencarnação 13 Frutos de Karmashaya

14 Os frutos dependem dos méritos passados 15 Prazer e dor são ambos dolorosos

16 Evitar sofrimento futuro 17 Causa a ser evitada 18 Propriedades da natureza 19 Quatro estágios dos Gunas 20 O Observador (Purusha) 21 Prakriti é apenas para Purusha 22 Prakriti depois da Libertação 23 Porquê união

24 Avidya é a causa

25 Definição de Hana (libertação de Purusha) 26 Os meios para alcançar Hana

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27 Fases da iluminação de Purusha 28 Necessidade da pratica de Yoga 29 As oito disciplinas do Yoga 30 Os cinco yamas

31 A grande disciplina 32 Os cinco Niyamas

33 Forma para remover perturbações 34 Grau e natureza de perturbações 35 Frutos da pratica de Ahimsa 36 Frutos da pratica de Satya 37 Frutos da pratica de Asteya

38 Frutos da pratica de Brahmacharya 39 Frutos da pratica de Aparigraha 40 Frutos da pratica de Saucha 41 Saucha

42 Frutos da pratica de Santosha 43 Frutos da pratica de Tapas 44 Frutos da pratica de Swadhyaya

45 Frutos da pratica de Ishwara Pranidhana 46 O que é Asana

47 Como atingir a perfeição no Asana 48 Resultado da perfeição no Asana 49 Pranayama

50 Três tipos de Pranayama 51 O quarto tipo de Pranayama 52 Remoção do véu

53 A mente torna-se estável para a Concentração 54 Pratyahara

55 Controle sobre os sentidos

As seis filosofias ou “Darshanas” (pontos de vista, revelação) da Ìndia são o Nyaya, Vaiseshika, Yoga, Sankhya, Purva Mimansa e Uttara Mimansa(Vedanta). Todas têm em comum o facto de aceitarem os conceitos de karma, reencarnação, desapego e libertação.

Das seis o Yoga é a única que envolve pratica física e mental. A palavra Yoga significa “União” mas também se entende por “Separação” (Purusha de Prakriti).

Não se sabe bem ao certo em que ano terá vivido Patanjali, mas a maior parte dos autores defende que terá sido dois a quatro séculos antes de Cristo. O autor dos yoga sutras terá, segundo alguns, escrito outros textos. Como médico Patanjali terá sido Charaka e escrito o Charaka Samhita, tratado de medicina ayurvédica. Como gramático terá sido Panini e escreveu a obra Astadhyaye.

Quando falamos de Yoga, em sentido lato, entendemos qualquer tipo de yoga, qualquer método essencialmente pratico que conduz ao Samadhi. Num sentido mais restrito quando falamos de Yoga referimo-nos ao Raja Yoga, ou Ashtanga Yoga, de Patanjali e ao Yoga Sutras. Ao longo dos séculos vários autores (comentadores) escreveram comentários ao Yoga Sutra de Patanjali. Os mais importantes comentários são de Vyasa, Vijnana Bhikshu, Swami Vivekananda e Swami Satyananda.

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Os Yoga Sutras são compostos por 4 capítulos e 196 Sutras, organizados da seguinte forma:

Capítulo 1 – Samadhi Pada – 51 Sutras. Versa sobre a Introdução e definição de yoga, o estado da mente, diversos tipos de samadhi, Aum, obstáculos no progresso, pratica e desapego.

Capítulo 2 – Sadhana Pada – 55 Sutras. Explica os Kleshas, Asana e Pranayama, as oito camadas do yoga e o resultado obtido pela prática.

Capítulo 3- Vibhooti Pada – 56 Sutras. Explica o que é a concentração, meditação e super consciência. Refere ainda os poderes psíquicos que surgem com a prática do yoga.

Capítulo 4 – Kaivalya Pada – 34 Sutras. Trata do tema da Libertação, causa da individualidade, o indivíduo e a mente cósmica.

Antes de iniciarmos o estudo dos Yoga Sutras convém referir que a “filosofia do Yoga”, o conhecimento da mente e dos seus mecanismos de transcendência só pode ser obtido através da experiência directa e pratica reiterada. Podemos perceber os conceitos e trabalhar na esfera intelectual das ideias e arquétipos, mas Patanjali dá-nos instruções muito precisas para um caminho prático que deve ser trilhado se queremos ultrapassar o ego e obter a sabedoria (conhecimento intuitivo transformado em prática espiritual) e alcançar a “libertação”.

CAPÍTULO I

1.1 Agora iniciamos a exposição (instruções) do Yoga

Patanjali usa a palavra “agora” para referir que é chegado o momento do praticante ouvir as instruções completas sobre o Yoga. Isto porque o praticante já passou por um processo de pratica, de purificação individual física e mental, e está agora apto a receber instruções sobre o sistema Yoga. Quem não passa por um processo de modificação a aprimoramento da consciência não vai depois entender o alcance do Sutra. A palavra “sutra” significa fio condutor, quer dizer que existe um elemento literal de interpretação (a letra do sutra) e existe um elemento teleológico e extensivo de interpretação, o espírito do Sutra, que só pode ser verdadeiramente entendido quando o praticante tem a abertura mental, paz de espírito e pureza no coração. O mesmo acontece com os Mantras, há praticantes que estão apenas a “cantar”, mas mantra não é para cantar, é para entoar e sentir. Patanjali não inventou nada de novo, apenas compilou informação de técnicas que já existiam à data. O yoga sempre foi um sistema onde predominou a tradição oral (guru param param) pelo que não se sabe se surgiu há cinco, seis mil anos, ou mais, pois não há registos escritos.

1.2 Yoga é parar as flutuações da consciência

Esta paragem das modificações é um acto de bloquear, parar, e não de extinguir ou cessar a própria consciência. No fundo é tambem parar o fluxo mental de pensamentos. Quando vamos dormir à noite o que acontece à consciência? Não será o sono profundo (sem sonho) uma forma de unificarmos naturalmente o fluxo da actividade consciente? Se o fluxo dos Vrittis (ondas circulares de pensamento) mudar ou cessar nós experimentamos uma percepção diferente, um plano diferente, dos objectos, pessoas e lugares. Só estamos verdadeiramente em União com o “Eu superior” quando primeiro o sabemos escutar. E para escutar Purusha é necessário primeiro

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restringir a actividade dos sentidos externos e internos e ao mesmo tempo silenciar mente e cessar as ondas da consciencia. Deixar de pensar não é deixar de existir, pelo contrário, afirmaria que “Não penso logo Existo”, compreendendo que esta existência situa-se para lá do espaço e do tempo tal qual o conhecemos, num plano supra racional.

1.3 Então o observador permanece na sua natureza essencial

Este Sutra refere o resultado final da prática de Yoga, a auto realização. Isto acontece quando a mente já não é afectada pelos humores, pela ilusão e pelo jogo dos Gunas. A Libertação (Kaivalya), que é a meta final do yoga, só é possível quando o praticante tem a mente pura, controlo completo sobre os sentidos e emoções. O yoga não é o resultado, o yoga é um caminho, uma ferramenta para atingir algo. O destino final, o fim da caminhada é a super consciência, superação de Maya e separação consciente do espírito e da natureza. Quando olhamos para um cristal vemos reflectida uma ou mais cores. O reflexo é aquilo que a mente percepciona e se identifica, ou seja, vemos o reflexo do cristal e identificamo-nos com a cor, mas em ultima instancia Purusha é o cristal, o espírito reflecte a natureza no jogo cósmico. 1.4 Em outros instantes, identifica-se com as flutuações mentais.

Este sutra refere o que acontece ao Observador, o Espírito ou Eu Real, quando não existe cessação das ondas mentais. Essas flutuações são “impostas” a Purusha e ele julga que é as modificações mentais. È obvio que tudo é ilusão, nós não somos o corpo, nós não somos apenas a mente, mas em determinados momentos do ciclo cósmico de renascimentos identificamo-nos com o produto da consciência. È como ir ao cinema, identificarmo-nos com o actor ou heroína principais e sentir o que se desenrola no filme ou ainda ver as ondas criadas no lago quando existe turbulência e esquecer momentaneamente que é possível ver o fundo do lago quando as aguas estiverem calmas.

1.5 As modificações da mente são de cinco tipos e são dolorosas e não dolorosas.

As modificações da mente são percebidas pelos sentidos como Klishta ou Aklishta, isto é, dolorosas ou não dolorosas (agradáveis). As primeiras geram sofrimento e agravam o Karma enquanto as segundas atenuam, extinguem ou criam bom Karma. No sistema do Yoga entende-se que cada padrão de pensamento, os diferentes estágios da mente e da personalidade são ondas mentais (Vrittis).

1.6 As cinco modificações da mente são conhecimento correcto, conhecimento errado, imaginação, sono, memória.

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O objectivo final do Yoga é a cessação da manifestação das ondas mentais, através de um controle consciente. Para sermos felizes não é preciso pensar. Muitas vezes quanto mais pensamos mais infelicidade geramos. Muitos aspirantes julgam que basta fechar os olhos, abstrair os sentidos externos e o Mundo cessou, então vêm cenários maravilhosos imersos de som e cores. Isto não é o objectivo do Yoga mas sim um entretenimento super imposto pela mente. Qualquer produto da mente deve ser parado ou bloqueado.

1.7 São fontes do conhecimento correcto a cognição directa, a inferência lógica e o testemunho.

A cognição directa resulta da experiência dos sentidos. A inferência (Anumana) é uma operação de lógica mental, sabemos que 1+1 é igual a 2, sabemos que se há fumo então é porque algures há fogo. Inferimos um determinado resultado porque aquelas premissas assim o permitem com toda a certeza. Para estarmos perante um testemunho fidedigno é necessário observar alguns requisitos, pois não podemos simplesmente presumir a veracidade exacta dos factos que os outros nos dizem. A pessoa que transmite o testemunho (Agama) tem que ter ela própria conhecimento correcto e deve estar em condições de reproduzir esse conhecimento de uma forma isenta e sem erros. A pessoa deve ser uma autoridade, no sentido prático e experiêncial de vida. No yoga a autoridade chama-se Guru (a palavra guru significa “pesado”, alguém que tem peso). Exemplos de Testemunhos: Os Yoga Sutras, O Bhagavad Gita, a Bíblia (as verdades neles contidas foram experimentadas por sábios).

1.8 A ilusão é falso conhecimento que não é baseado na sua própria forma.

A ilusão (Viparyaya) é um falso conhecimento porque é baseado em algo que não existe, não tem um objecto real correspondente. Ilusão é uma forma de ignorância.

1.9 A imaginação é baseada no conhecimento verbal de um objecto que não existe.

A imaginação (Vikalpa) é também um produto da mente, mas ao contrário da ilusão, a imaginação tem alguma base experimental. Na imaginação nós combinamos ideias de experiências passadas com novas ideias de coisas que não (ainda) existem. O conhecimento correcto tem um objecto verdadeiro correspondente, o conhecimento errado tem um falso objecto e a imaginação não tem qualquer objecto associado.

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Entende-se sono sem sonho neste Sutra. Também o sono é uma modificação da mente, um Vritti, no entanto neste estágio não existe consciência. No sono a pessoa não deseja nada, não tem percepção de nada, todos os processos e conteúdos mentais estão unificados num só que é silencioso (não aflora a consciência). O sono profundo pode ser comparado com o estado de Samadhi pois em ambos existe ausência de consciência do mundo externo. No entanto em Samadhi existe consciência do Eu, da individualidade, enquanto que no sono não.

1.11 Memória é reter na mente a experiência dos objectos.

Classificação da memória.

Consciente (Recordar experiências passadas) Memória

Memória subconsciente imaginária Subconsciente (Sonho) (sonhos fantásticos)

Memória subconsciente real

(recordar no sonho algo do passado sem distorcer os factos)

1.12 Pela prática reiterada e desapego pára-se isso (os cinco Vrittis).

A palavra “Raga” significa a atitude de gostar intensamente de um objecto. A palavra

“Dwesha” significa a atitude contraria a Raga, aversão a um objecto. A mente torna-se instável se partimos para a meditação sem primeiro removermos o apego e a aversão.

1.13 Das duas, a prática é estabelecida através de esforço.

A prática reiterada (Abhyasa) deve ser constante e implica esforço. Quando esta prática se firma no aspirante pode terminar na experiência do Samadhi. A prática pode consistir em Hatha Yoga, em Bhakti Yoga, Discriminação e auto-análise, ou outras praticas. A prática constante é uma das formas de treinar a cessação das flutuações da mente.

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1.14 A prática torna-se firme quando continuada por um longo período com reverencia e sem interrupção.

Na prática do Yoga existem condições para que o praticante alcance o sucesso; a) deve haver esforço sincero.

b) não deve haver interrupções na pratica. c) Deve ser efectuada durante um longo período.

Patanjali não nos diz o que é um longo período, certamente porque varia conforme o praticante. Entende-se por muito anos de pratica. Devido aos méritos passados e ao esforço sincero nesta vida o praticante pode alcançar a Auto realização através da prática continuada. O que acontece muitas vezes nos praticantes é começar com grande entusiasmo nos primeiros tempos e depois a sua fé na prática vai-se perdendo e acabam por desistir. Um praticante deve continuar o seu Sadhana até atingir algo concreto e muito substancial, mas poucos conseguem chegar aqui. Estão no fundo a adiar a busca da espiritualidade, permanecendo mais uma vida em ignorância (Avidya). Entende-se que o Sadhana intenso não é para todos, pois o caminho não é fácil e os aspirantes desistem nas primeiras dificuldades e encontram desculpas para tudo. Muitos ficam entusiasmados porque se lembram de vidas anteriores, mas isso por si só não é um sinal de evolução espiritual.

1.15 Quando o indivíduo se liberta dos desejos pelos objectos que experimentou bem como os de que ouviu falar esse estado de consciência è Vairagya.

O apego é um processo do intelecto e não é necessário mudar-se a vida por completo para se praticar desapego, nem se renunciar á vida em social e retirar-se nas montanhas ou num eremitério. Desapego, no fundo, é não se identificar com Raga nem Dwesha. Estes são a causa do sofrimento. Se conseguirmos desapego do resultado (bom ou mau) das nossas acções então estamos no caminho certo. O mais importante é efectivamente a atitude que temos com as pessoas e objectos, as situações da vida.

1.16 O desapego mais elevado, no qual existe liberdade de desejo dos gunas, surge com o verdadeiro conhecimento de Purusha.

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Esta forma mais elevada de desapego chama-se “Paravairagya” e caracteriza-se pela ausência de qualquer desejo de prazer, de conhecimento, ou mesmo sono. Acontece quando o Yogi realiza a verdadeira natureza de Purusha através da meditação ou Samadhi e já nada mais lhe interessa.

O conhecimento “comum” (via inteligência) que todos nós temos deriva da experiência dos sentidos e do funcionamento equilibrado das faculdades da mente. O conhecimento “directo intuitivo” surge apenas com a realização interna. Não tem suporte externo mas na experiência interna directa e individual, alcançável ao fim de vários anos de pratica sincera e ininterrupta.

1.17 Samprajnata Samadhi está associado a razão, reflexão, bem-aventurança, sentido de individualidade.

Vitarka

Samprajnata Vichara degraus no s.samadhi

Sabeeja Samadhi Ananda

Asmita

Asamprajnata

Nirbeeja Samadhi

Podemos classificar o Samadhi em Sabeeja (com semente) e Nirbeeja (sem semente). Alguns autores descrevem o Samadhi como um estado de elevada consciencia onde as camadas mental e intelectual não estão em actividade. Apenas o veículo de Atman funciona nesse estado, ou seja, existe a consciencia mas esta é imanifestada. Para atingir Samadhi primeiro a consciencia tem de libertar-se da esfera fisica, do mundo dos sentidos. Depois desta fase ainda temos a consciencia energética das coisas, actividade pranica. Quando cessamos esta fase de consciencia é aí que inicia o Samadhi. Este começa quando a consciencia está imersa na esfera mental e livre das esferas fisica e energética. Para alem das diferentes esferas ou planos de consciencia está a consciencia absoluta, Purusha.

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Sabeeja Samadhi, ou Samadhi com suporte, é chamado de baixo Samadhi, e Nirbeeja Samadhi, ou Samadhi sem suporte, é chamado de alto Samadhi. No primeiro existe conteudo mental, a consciencia fixa-se num simbolo (fisico ou mental). Sabeeja Samadhi divide-se em Samprajnata e Asamprajnata. Neste ultimo existem apenas Samskaras (conteudos latentes ou impressões de vidas anteriores) e no primeiro Samskaras e Pratyaya (símbolo mental). Existem quatro tipos de Samprajnata Samadhi:Vitarka (razão), Vichara (reflexão), Ananda (Alegria), Asmita (sentido de individualidade). Em Nirbeeja Samadhi, sem semente ou sem suporte, não existe conteudo mental nem sequer samskaras, não há manifestação de consciencia a nenhum nível, Purusha não se manifesta em Prakriti.

1.18 Asamprajnata Samadhi é precedido pela pratica contínua de parar o conteudo da mente, permanecendo apenas as impressões.

Em Asamprajnata Samadhi estamos ainda em Sabeeja Samadhi, já não existe consciencia do simbolo ou conteudo mental, não existe Pratyaya, mas existem ainda Samskaras, traços ou impressões passadas. Quando os Samskaras são terminados, extintos, a consciencia já não se manifesta e este estado já é Nirbeeja Samadhi. Segundo o Yoga, a consciencia é um estado de movimento ou vibração. Em Nirbeeja Samadhi não existe nem movimento nem vibração, mas sim algo não manifestado, parado e imutavel.

A maior parte de nós em algum momento na vida experimenta samprajnata samadhi e mesmo asamprajnata samadhi, mas por breves instantes. Estes estados são flutuantes e não permanecem durante algum tempo. Daí a necessidade de nós não desistirmos do simbolo ou do conteudo, qualquer que ela seja, o que é muito dificil, mas não impossivel.

1.19 Videha e Prakritilaya yogis atingem Asamprajnata Samadhi desde o nascimento.

Para atingir o Samadhi é necessário fé ou coragem ou inteligencia elevada. No entanto, por vezes, encontramos pessoas que praticam quase nada a atingir o samadhi de forma muito facil. Isto é por causa dos méritos passados, de vidas anteriores. São Seres que vêm ao mundo numa missão concreta e podem atingir Asamprajnata Samadhi logo desde o nascimento, porque já o atingiram em vidas anteriores e sabem como o fazer nesta vida. Exemplos: Paramahansa Yogananda, Ramakrishna Paramahansa, Swami Vivekananda, Swami Sivananda.Videha yogis são seres que não têm corpo fisico, mas têm corpo astral ou energético. Prakritilaya yogis já nem sequer têm corpo energético, manifestam a consciencia pura no corpo causal.

1.20 Outros atingem o Asamprajnata Samadhi através da fé, força de vontade, memória e inteligencia derivadas de Samprajnata Samadhi .

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A fé é cega, a crença é firme. Geralmente as nossas crenças advêm da educação e do meio social com que aprendemos e estamos inseridos. Shraddha é uma crença que vem com a verdadeira experiencia, sabemos que é assim porque é. È uma certeza interior da qual não precisamos que nos demonstrem, nós proprios a experimentamos. Isto só surge com muita prática e quando temos um “flash” da Verdade.

Smirit é memória e neste contexto significa a lembrança do simbolo da meditação.

Na tradição do Yoga a inteligencia é de dois tipos. A Inteligencia mundana, que todos têm na sua vida e permite conhecer e apreender os objectos e pessoas que nos rodeiam e connosco interagem. A inteligencia que desenvolvemos com a experiencia do Samprajnata Samadhi , uma inteligencia e consciencia intuitivas (samadhiprajna) baseada na experiencia directa interna e que não tem suporte dos sentidos externos, tem a haver com a realização espiritual.

1.21 Aqueles cujo esforço é intenso atinjem Asamprajnata Samadhi mais cedo.

1.22 Conforme a intensidade do esforço, suave, médio, forte, Asamprajnata Samadhi pode ser alcançado rapidamente.

A sinceridade e o esforço intenso são essenciais para atingir o objectivo nesta própria vida. Às vezes encontramos praticantes sinceros e verdadeiros mas o seu esforço é pequeno e logo não atingem algo substancial tão rapidamente quanto desejariam.Outros não desejam atingir nada, e aqui já não há sinceridade espiritual, fazem a sua pratica apenas para se sentirem bem fisicamente sem se preocuparem com a auto realização.

1.23 Ou pela devoção ao Senhor

Dos Sutras 1.23 a 1.29 Patanjali refere um Sadhana especifico, Ishwara Pranidhana. Trata-se de um sistema mais facil, para uma pessoa média, um caminho pela devoção. Embora o Yoga Sutra esteja embebido da filosofia samkhya, Patanjali não partilha do ateísmo samkhya e prescreve um caminho de busca espiritual através da adoração ao Senhor. Patanjali estava consciente que já naquela época havia muitos devotos deste método e quis deixar bem presente nos sutras este tipo de caminho espiritual.

1.24 Deus é uma alma especial intocada por aflições, frutos das acções ou impressões do karma passado.

Patanjali neste sutra revela que não acredita num deus pessoal. Deus é uma consciencia cósmica livre de maya ou dos efeitos do sofrimento. Não tem uma forma física ou atributos definidos por palavras ou

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pela consciencia. Vemos novamente a presença da filosofia samkhya neste sutra: Deus é um Purusha especial, e está acima dos outros Purushas existentes no universo. A natureza essencial dos Purushas é a mesma, todos nós somos divinos, mesmo os animais, os vegetais e as pedras.

1.25 Em Ishwara existe a semente da omnisciencia ilimitada.

1.26 Não sendo limitado pelo tempo Ishwara é o professor dos professores. 1.27 Aum designa Ishwara.

A palavra AUM é constituida por tres letras, A, U e M. A corresponde ao mundo fisico do corpo e dos sentidos, U corresponde á mente subsconsciente e M corresponde á mente inconsciente. O quarto estado de consciencia corresponde a Turya, um estado imanifesto e impossível de expressar de Purusha. AUM corresponde assim ao mundo fisico, astral e causal da manifestação da consciencia cosmica. È o som da creação em movimento, é o primeiro som creado e o mantra que contem todos os mantras. Corresponde tambem á trindade e aos aspectos da criação (pai), sustentação (filho) e destruição (espirito) dos universos.

1.28 Aum deve ser repetido continuamente e o seu significado contemplado.

Atraves da repetição de mantra estamos a efectuar japa. Mas japa não pode ser uma coisa mecanica. À medida que vamos repetindo o mantra tem que se pensar, comtemplar o significado da palavra. Som e conteudo vão lado a lado. Japa sózinho não é suficiente, japa e meditação devem ser praticadas em conjunto. Se adicionarmos musica temos Kirtan. Assim, mantra, japa e kirtan tem efeitos e objectivos semelhantes, alcançar a união atraves da repetição e meditação no seu significado.

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Bibliografia de suporte:

Raja Yoga – Swami Sivananda Saraswati

The Yoga Sutras of Patanjali – Swami Satchidananda Four chapters on freedom – Swami Satyananda Raja Yoga – Swami Vivekananda

Yoga Sutras – Vyasa

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Referências

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