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DINÂMICA POPULACIONAL EM GOIÁS: COMPARAÇÃO ENTRE MUNICÍPIOS DO AGRONEGÓCIO E OS DA RESERVA BIOSFERA GOYAZ.

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DINÂMICA POPULACIONAL EM GOIÁS: COMPARAÇÃO ENTRE

MUNICÍPIOS DO AGRONEGÓCIO E OS DA RESERVA BIOSFERA GOYAZ. Ronan Eustáquio Borges Universidade Federal de Goiás – UFG ronanborges@ufg.br

INTRODUÇÃO

A análise do território goiano a partir da dinâmica populacional oferece um amplo cenário de pesquisa, que pode revelar especificidades derivadas de políticas públicas populacionais e do processo de modernização territorial, materializado no estado.

O presente artigo tem como objetivo central, analisar a dinâmica populacional de três microrregiões goianas: Sudoeste de Goiás (composta por 18 municípios e que possui como principais centros populacionais: Rio Verde e Jatai), Chapada dos Veadeiros (com oito municípios, dentre estes, estão localizados os municípios de Cavalcante, Alto Paraíso de Goiás) e Vão do Paranã (composta por 12 municípios, entre eles destacamos Posse), estas, estão localizadas na porção Norte do estado (figura 01). Para análise estabelecemos como recorte temporal os censos de 1991, 2000 e 2010.

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Figura 01- Localização das microrregiões Chapada dos Veadeiros, Sudoeste Goiano e Vão do Paranã – Goiás/Brasil

A escolha dessas microrregiões foi baseada na diferenciação do território usado. A primeira microrregião é considerada o território do agronegócio, com uma produção considerada moderna, voltada para o mercado externo, a partir da produção de “commodities”. Nela também estão localizadas empresas de dois complexos agroindustriais (CAI´s) importantes no cenário nacional, o CAI de grãos, sendo a soja o principal, com a atuação de empresas regionais como a COMIGO – Cooperativas, multinacionais como: CARGIL S/A e Louis Dreyfus Commodities (antiga COINBRA S/A), além de outras que não tem plantas industriais na microrregião.Também o CAI de carnes, centrado fortemente na presença e atuação da empresa BRF – Brasil Foods, unidade da Perdigão. A empresa tem duas grandes unidades uma no município de Rio Verde e outra no município de Mineiros.

Já a segunda e a terceira microrregiões apresentam uso distinto do território, reservado, através da Biosfera Goiáz, para a preservação ambiental e que tem sido usada, em parte, para a compensação ambiental de áreas desmatadas na região Sudoeste do estado e com uma produção agropecuária em padrões técnicos inferiores aos dos aplicados em outras regiões do estado. Nessas microrregiões está localizado o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, além de outras APPs.

A reserva Biosfera Goyaz ou RESBIO é um programa instituído pelo governo estadual, incentivado pelo projeto da Organização das Nações Unidas – UNESCO. Grande parte dos municípios que compõem a RESBIO está localizada nas regiões Norte e Nordeste do estado. Essas regiões têm as áreas de vegetação mais preservadas do estado.

Segundo estudo coordenado por Borges e Gouveia (2004) a região apresenta um cenário dubio, de um lado é a região com maior desigualdade social do estado, onde os índices socioeconômicos estão entre os mais baixos; de outro, possui a maior biodiversidade do bioma cerrado e as principais áreas de preservação no estado.

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Portanto, temos um cenário territorial que tem características de uso distintas e uma dinâmica populacional proporcionalmente distinta. Essa distinção é que nos incentivou a realizar a pesquisa sobre a dinâmica populacional nas três microrregiões.

A nossa pesquisa baseou-se na análise dos censos demográficos de 1991, 2000 e 2010, nas informações do IMB (Instituto Mauro Borges), vinculado a Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás e nos dados do Atlas de desenvolvimento Humano - 2013. Nesta pesquisa, selecionamos algumas variáveis para análise: fecundidade, mortalidade, envelhecimento, distribuição da população por faixa etária, distribuição espacial da população. E, nos aspectos socioeconômicos, optamos por usar os indicadores: concentração de renda, renda per capita, IDHM – Índice de desenvolvimento Humano municipal, índice GINI.

Metodologicamente trabalhamos com a análise dos dados secundários, disponibilizados pelo IBGE, IMB e do Atlas de Desenvolvimento Humano. Inicialmente, sistematizamos as informações por municípios, segundo cada microrregião; depois trabalhamos essas informações analisando as variações que nelas ocorreram, através de análises comparativas.

2- RESULTADOS E DISCUSSÕES

A distribuição espacial da população nas microrregiões é variada, dos 38 municípios analisados, 25 possuem menos de 10 mil habitantes, e 33 tinham (2010) menos de 30 mil.

O Sudoeste tinha o maior número de habitantes em 2010 e a Chapada dos Veadeiros o menor. A diferença em número de habitantes, entre essas duas regiões era de 383.749 habitantes (conforme tabela 01).

Tab. 01- Goiás – GO – Microrregiões pesquisadas – População Total – 1991 a 2010

Microrregiões 1991 2000 2010 % pop. em relação a estadual Chapada dos Veadeiros 49.723 56.011 62.684 1,04 Vão do Paranã 85.655 91.975 107.311 1,78 Sudoeste de Goiás 287.159 344.377 446.433 7,45 Goiás 4.018.903 5.003.228 6.003.788 100

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Fonte das informações: Instituto Mauro Borges – IMB, 2014.

As informações nos permitem afirmar que houve um crescimento demográfico significativo em duas décadas. A microrregião que teve maior crescimento foi o Sudoeste de Goiás, com 35% de crescimento em relação a população de 1991. A Chapada dos Veadeiros teve o menor crescimento, 20,67% em relação a 1991.

Mas, o crescimento microrregional está concentrado em alguns municípios, o principal exemplo está no Sudoeste, que em 2010 tinha 79% da população concentrada em quatro municípios (Rio Verde, Jataí, Mineiros e Santa Helena de Goiás) (figura 02). Nas demais regiões, a população está mais bem distribuída nos pequenos municípios, do ponto de vista populacional (figuras 03 e 04).

Figura 02- Distribuição da população por município

na microrregião do Sudoeste de Goiás em 2010 Figura 03- Distribuição da população por município na microrregião do Vão do Paranã em 2010.

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Figura 04- Distribuição da população por município na microrregião da Chapada dos Veadeiros em 2010 Alguns municípios tiveram decréscimos populacionais nos dois períodos censitários, sendo quatro na microrregião do Vão do Paranã, dois na Chapada dos Veadeiros e um no Sudoeste.

Existe uma desigualdade na distribuição populacional no estado de Goiás muito exagerada, porque mais de 50% da população do estado está na região metropolitana, e na pesquisa percebemos este fato quando comparamos o percentual da população microrregional em relação à do estado. O Sudoeste tinha em 2010 7,45%, Vão do Paranã 1,78 e Chapada dos Veadeiros 1,04.

Mas, essa grande desigualdade não se repete em todas as variáveis, a exemplo da taxa de fecundidade, que apresenta percentuais próximos entre as regiões.

2.1- FECUNDIDADE: SUPERIOR À TAXA DE REPOSIÇÃO.

A fecundidade é o número de filhos por mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos). É a variável que nos permite analisar a tendência de crescimento da população de um país, estado, região ou município.

Nos últimos anos a fecundidade no mundo e no Brasil está em declínio, revelando uma redução do crescimento populacional mundial e nacional. Este

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comportamento da população se deve a alguns motivos, dentre eles: o retardamento da nupcialidade, a entrada da mulher no mercado de trabalho, opção pela formação profissional, aspectos culturais, políticas de planejamento familiar (incentivo governamental para o planejamento familiar).

A microrregião do Sudoeste de Goiás, com 18 municípios, apresenta um declínio na taxa de fecundidade em todos os municípios no período de 1991 a 2010. Em 1991 a taxa estava entre 2,4 e 4,0 filhos por mulheres. A menor taxa era de Rio Verde e a maior no município de Perolândia. Percebe-se que mesmo a menor taxa em 1991 estava acima da taxa de reposição, que é de 2,1 filhos por mulheres. A média da fecundidade em 1991 era de 3,03 e em 2010 caiu para 2,27.

Em 2010 apenas quatro municípios da microrregião Sudoeste tiveram taxas abaixo da reposição, ambos com 1,9 filhos/mulheres (Mineiros, Rio Verde, Santa Helena de Goiás e Palestina de Goiás). No último censo as taxas de fecundidade ficaram entre 1,9 e 2,7. Em outras palavras, 88% dos municípios estão com taxas acima da reposição. Três dos que apresentaram taxas menores que 2,1 estão entre os mais populosos da microrregião.

Nas microrregiões pertencentes à Reserva da Biosfera Goyaz (Resbio) a fecundidade é mais alta do que a média do estado e do Sudoeste de Goiás. A microrregião da Chapada dos Veadeiros possui a média ligeiramente maior do que a do Vão do Paranã, respectivamente 2,6 e 2,57 (tabela 02). No entanto, o município com maior taxa (2010) está localizado na segunda microrregião, Mambaí - GO, com 3,7 filhos/mulher.

Os dados de 1991 mostraram que a Chapada dos Veadeiros é historicamente a região com maior taxa de fecundidade e, consequentente, maior taxa de natalidade, tendo naquele ano um município com taxa de 6,3. Já o Sudoeste de Goiás no período analisado apresentou as menores taxas de fecundidade, mas mesmo assim acima da de reposição.

Tab. 02- Goiás – GO – Microrregiões pesquisadas – Comportamento da taxa de Fecundidade – 1991 a 2010

Microrregiões Intervalo Taxa Fecundidade Intervalo Taxa Fecundidade Média da Taxa Fecundidade Nº. municípios taxas abaixo da

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1991 2010 2010 reposição Chapada dos Veadeiros 4,4 a 6,3 2,2 a 3,1 2,62 0 Vão do Paranã 3,3 a 4,8 1,8 a 3,7 2,57 1 Sudoeste de Goiás 2,4 a 4,0 1,9 a 2,7 2,27 4 Goiás 2,88 (média) 1,89 ---- Brasil 2,58 (média) 1,87 ---

Fonte das informações: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt. Acesso em: 20 jun. 2014.

1-É a diferença entre a menor e a maior taxa de fecundidade em municípios distintos.

Os dados revelam um potencial maior das microrregiões da RESBIO na reposição da população do estado e da compensação das baixas taxas de outras microrregiões do estado de Goiás, entre elas a microrregião de Goiânia.

2.2- Mortalidade infantil1: Redução importante em três décadas de três para uma. Os governos brasileiros implantaram várias políticas diretas e indiretas para a redução da mortalidade infantil nas últimas três décadas, fato que levou a uma redução substancial e rápida da mortalidade infanto-juvenil. Entre as politicas e ações, podemos citar as campanhas de imunização infantil, os acompanhamentos da gravidez com vários exames, políticas de assistência socioeconômica para as famílias mais pobres, campanhas de conscientização sobre cuidados com as crianças, aleitamento materno, etc.

Os efeitos dessas políticas são vistos nos dados censitários nas regiões analisadas. O declínio da mortalidade infantil nas três microrregiões ficou muito próximo, ocorrendo no Vão do Paranã o maior declínio entre 1991 e 2010 no município de Flores de Goiás, com redução de 25,1 mortes por mil habitantes, em três décadas. Em seguida Monte Alegre de Goiás com redução de 23 mortes. E no Sudoeste de Goiás o município de Palestina de Goiás com 20,6 mortes/1000 nascidos vivos (tabela 03).

1A taxa de mortalidade infantil é calculada estabelecendo uma relação entre o número de nascidos vivos em um determinado ano, dividido pelo número de crianças menores de 1 ano que morrem, multiplicando esse resultado por 1000 para fins de comparação.

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Tab. 03- Goiás – GO – Microrregiões pesquisadas – Comportamento da taxa de mortalidade infantil (até 1 ano) – 1991 a 2010

Microrregiões Intervalo Taxa de mortalidade1 1991 (0/1000) Intervalo Taxa Fecundidade 2010 (0/1000) ≠ entre a menor e a maior taxa 2010 (mortes/1000) Maior redução da mortalidade Mortes/1000 Chapada dos Veadeiros 25,6 a 37,6 14,3 a 17,7 3 25,1 Vão do Paranã 29 a 41,2 13,5 a 16,1 3 23,0 Sudoeste de Goiás 21,8 a 33,5 11,7 a 15,8 4,1 20,6 Goiás (média) 29,53 13,96 --- --- Brasil (média) 44,68 16,7 --- ---

Fonte das informações: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt. Acesso em; 20 jun. 2014.

1-É a diferença entre a menor taxa de mortalidade infantil e a maior taxa em municípios distintos da mesma microrregião.

Já no censo de 2010 a diferença entre as maiores e menores taxas de mortalidade foi fortemente reduzida e ficaram muito próximas, com uma curiosidade: a maior diferença foi registrada entre os municípios do Sudoeste de Goiás. Isso porque na região está o município com a menor taxa de mortalidade infantil (entre os pesquisados) 11,7 em Rio Verde, contrapondo a taxa de 15,8 encontrada no município de Portelândia. A maior taxa registrada entre os pesquisados está no município de São João D´aliança, Chapada dos Veadeiros, com 17,7 mortes/1000 hab..

Com a exceção deste município, todos os outros estavam com taxas inferiores à média brasileira. Isso também vale para o censo de 1991. Mas, quando comparamos as taxas municipais, com as do estado de Goiás, verificamos que apenas nove municípios apresentam taxas iguais ou inferiores a do estado. Destes, oito localizam-se no Sudoeste de Goiás e um na Chapada dos Veadeiros.

O resumo que se faz do comportamento dessa variável nas regiões pesquisadas é que: a) apresentam diferenças menores do que em outras variáveis, quando há comparação entre as microrregiões; b) as desigualdades numéricas reduziram consideravelmente, internamente as microrregiões; c) estão abaixo da média brasileira que é de: 16,96 mortes/1000 nascidos vivos; d) as reduções são frutos das politicas de combate à mortalidade infantil, congregando diversos atores e ações em diferentes

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frentes e; e) sofreram um forte declínio, cujos valores saíram de três dezenas para uma dezena;

2.3- ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA: BÔNUS DEMOGRÁFICO E ENVELHECIMENTO

A análise da distribuição da população em faixa etária permite verificar, principalmente, a dinâmica de envelhecimento, natalidade e a razão de dependência de um grupo populacional.

A desigualdade regional fica aparente quando se analisa, principalmente, a razão de dependência. A razão de dependência caiu nos últimos três censos, chegando, já em 2000, em vários municípios a um pequeno bônus demográfico. Em 2010 esse bônus se efetiva, uma vez que a população participante da PIA (População em Idade ativa) ultrapassa os 50% dos habitantes, revelando o inicio da superação de dependência massiva. Em outras palavras, temos nos municípios pesquisados mais pessoas potencialmente produtivas, do que aquelas que não estão em idade produtiva, como as crianças até 15 anos e os idosos de mais 65 anos.

Nos dados avaliados na pesquisa, percebemos que houve uma redução continua da população abaixo dos 15 anos, fruto da queda na fecundidade. A região com os menores percentuais de crianças até 15 anos é o Sudoeste de Goiás, em que o intervalo dos percentuais ficou entre 19 e 24%. Esses números são maiores nas outras duas regiões: no Vão do Paranã o intervalo fica entre 23,75% e 30,72% e na Chapada dos Veadeiros, entre 26,53% a 33,39%.

Os números da população entre 15 e 64 anos também apresentam o mesmo padrão explicativo. O Sudoeste tem os percentuais mais elevados, revelando um quadro potencialmente melhor para ampliar a produção e a produtividade. Esses dados revelam que as populações das microrregiões goianas pesquisadas estão envelhecendo e criando um quadro favorável para o aumento da produção (sentido latu).

No entanto, há diferenças entre as três microrregiões. O Sudoeste apresenta um cenário favorável na razão de dependência, mais próximo à média nacional e estadual.

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Já nas outras duas microrregiões a população dependente, ainda supera população em idade ativa (tabela 04), em valores superiores às médias nacional e estadual. Esse quadro de discrepâncias regionais do bônus demográfico é apontado pelo estudo dos pesquisadores do Instituto Mauro Borges (IMB) (IMB, 2013)

Tab. 04- Goiás–GO – Microrregiões pesquisadas – Razão de dependência – 2010 Microrregiões Intervalo entre os

< e > % de 15 – 64 anos Intervalo entre < e > percentuais Razão de dep. Razão de dependência Média Chapada dos Veadeiros 59,73 a 66,58 49,90 a 66,54 57,35

Vão do Paranã 63,77 a 67,47 48,22 a 56,34 52,42

Sudoeste de Goiás 66,58 a 71,43 39,99 a 50,20 44,57

Goiás --- --- 43,41

Brasil --- --- 45,92

Fonte das informações: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt.

Quanto ao processo de envelhecimento da população, podemos afirmar que está em curso, por duas frentes: a primeira pela redução da natalidade e da fecundidade, diminuindo número de crianças e proporcionalmente elevando o número de adultos. E na segunda frente, às pessoas estão vivendo mais, graças a uma série de fatores que adiam a morte.

As taxas de envelhecimento estavam (2010) entre 4,74 e 9,10 % na Chapada dos Veadeiros e 4,74 e 8,78% no Vão do Paranã e, por fim, 4,6 e 8,6 no Sudoeste de Goiás. Um aspecto a destacar é que as maiores taxas de envelhecimentos estão na região da RESBIO.

De certa forma, o envelhecimento está ocorrendo de forma semelhante nos municípios, com taxas que se mantem em crescimento médio de 2,5 a 3% a cada censo. Permanecendo esse crescimento em duas décadas o número de idosos chegará muito próximo ao número de crianças, se mantiver a redução da natalidade no ritmo que observamos.

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2.4- INDICADORES SOCIOECONÔMICOS: DESIGUALDADE MICRORREGIONAL E INTRA-MICRORREGIONAL.

Nesta parte selecionamos como variáveis para análise: a concentração de renda, per capita, IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) e índice Gini.

Ao analisar as informações verificamos que há uma forte concentração de renda em todas as microrregiões, embora abaixo da média estadual e nacional, nos itens: concentração de renda nos 20% mais ricos e o índice de Gini, conforme observado na tabela 05.

A renda per capita tem uma variação muito grande inter-regionalmente e entre as regiões pesquisadas. A microrregião do Sudoeste, mesmo tendo a maior média de renda per capita, apresenta a maior diferença entre o município com menor renda e o de maior renda, totalizando R$ 514,00. Em seguida vem a microrregião do Vão do Paranã e da Chapada dos Veadeiros, respectivamente R$ 459,59 e R$ 402,00. Entre as regiões a diferença entre as médias da renda chega a R$ 298,71 (Sudoeste de Goiás - Vão do Paranã).

Tab. 05- Goiás–GO – Microrregiões pesquisadas – Indicadores socioeconômicos – 2010

Microrregiões Concentração da renda (%) 20% + ricos

Renda per capta R$ (média) IDHM Média Índice Gini Média

Chapada dos Veadeiros 58,46 429,48 0,65 0,55

Vão do Paranã 58,84 385,41 0,63 0,55

Sudoeste de Goiás 53,73 684,12 0,70 0,47

Goiás 59,83 810,37 0,73 0,55

Brasil 63,40 793,87 0,72 0,60

Fonte das informações: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt.

Quando comparadas as rendas médias verifica-se em todas as microrregiões pesquisadas que a renda é menor que a média estadual e nacional. Vale comentar que a renda média nacional é extremamente baixa R$ 793,87 e a estadual não é diferente. Esse quadro é fruto da forte concentração de renda que ocorre no país e é observado nas escalas mais reduzidas do território.

Esse item contribui para o baixo índice de desenvolvimento humano (IDH), que melhorou muito nas últimas décadas, sobretudo pela melhora nos níveis educacionais,

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longevidade (redução da mortalidade) e na redução da mortalidade infantil. O IDHM mostra que apenas o Sudoeste de Goiás pode ser classificado como alto, as outras microrregiões estão no nível médio, segundo a classificação do IDHM que varia de muito baixo a muito alto.

Entre os municípios, o Sudoeste tinha o melhor cenário em 2010 com 50% de IDHM considerado alto e 50% médio. Já nas microrregiões da RESBIO a maioria com IDHM médio, apenas um em cada microrregião, tinha IDHM alto e três com índice considerado baixo.

As informações aqui trabalhadas demonstram a desigualdade regional e situação de vulnerabilidade dos municípios pertencentes á RESBIO, que recebeu na divisão territorial do trabalho a função de conservação e preservação do bioma cerrado. No entanto, isso não conseguiu gerar um desenvolvimento regional, reduzindo as grandes diferenças socioeconômicas e melhorando a qualidade de vida dos habitantes dessas regiões.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa nos revelou uma realidade diferenciada dentro das microrregiões analisadas e uma desigualdade inter-regional, principalmente nos indicadores socioeconômicos. Aponta, também, para o entendimento que os municípios da RESBIO são fornecedores de força de trabalho para outras regiões do estado, em função das maiores taxas de envelhecimento e da taxa de fecundidade mais elevada.

As microrregiões da Chapada dos Veadeiros e do Vão do Paranã, embora tenham reduzido as desigualdades, ainda apresentaram números que revelam um quadro de pobreza e desigualdade maior do que o Sudoeste de Goiás.

A dinâmica econômica mais intensa no Sudoeste de Goiás, de alguma forma, influenciou as variáveis demográficas analisadas, tornando-as mais próximas às médias nacionais e estaduais, porém, não menos desiguais.

Finalizamos, reforçando que outras análises ainda são possíveis para compreender melhor as desigualdades regionais no estado, ampliando a gama de

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conhecimentos sobre a dinâmica populacional, visando subsidiar melhor as ações governamentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATLAS de desenvolvimento Humano - 2013. Disponível em:

http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/o_atlas_/. Acesso em: 22-26 jun. 2014.

BORGES, MARCOS M. ; GOUVEIA, Karina R. de (coord.). Plano de desenvolvimento turístico sustentável da Reserva da Biosfera Goyaz. 2004. Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/Windows%20XP/

Meus%20documentos/Downloads/PlanoTuristicoBiosfera27agosto2004.pdf. Acesso em: 28 jun. 2014.

IMB -INSTITUTO MAURO BORGES. Estatísticas municipais. Disponível em: http://www.imb.go.gov.br/.

INSTITUTO MAURO BORGES – IMB. Dinâmica populacional: características e discrepâncias do bônus demográfico em Goiás. 2013. Disponível em: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/down/dinamica_populacional_caracteristicas_e_disc repancias_do_bonus_demografico_em_goias.pdf. Acesso em: 13 jun. 2014.

SANTOS, Jair L. F.; LEVY, Maria Stella Ferreira; SZMRECSANYI, Tamas (Org.). Dinâmica da população: teoria, métodos e técnicas de análise. São Paulo: T. A. Queiroz Editor Ltda., 1991. 362p

IBGE- Institutos Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de dados agregados – Sidra. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/.

Estágio da Pesquisa: A pesquisa está em fase de conclusão, restando a análise da variável demográfica migração e suas relações com outras variáveis já analisadas.

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