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COEFICIENTES DE CULTURA PARA O PIMENTÃO IRRIGADO *

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Academic year: 2021

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COEFICIENTES DE CULTURA PARA O PIMENTÃO IRRIGADO

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VIEIRA, T.A. 1; SANTANA, M.J.2; CAMARGOS, A.E.V.3 *Parte de projeto financiado pelo CNPq.

1 Estudante de Engenharia Agronômica, bolsista FAPEMIG. 2Prof. IFTM- Uberaba, e-mail: marciosantana@iftriangulo.edu.br. 3Estudante de Engenharia Agronômica, bolsista CNPq.

RESUMO

O objetivo do atual trabalho é determinar os valores do coeficiente de cultura do pimentão irrigado para região de Uberaba, MG. Os dados de balanço de água no solo serão coletados em uma área experimental com seis tratamentos com diferentes níveis de reposição de água no solo (40%, 70%, 100%, 130%, 160% e 190% da lâmina diária para elevar o solo à capacidade de campo), com seis repetições. Serão instaladas baterias de tensiômetros em todas as parcelas experimentais. Diariamente serão coletados os dados: velocidade do vento, umidade relativa do ar, temperatura do ar, tensão de água no solo, evaporação do tanque classe A, precipitação e lâmina irrigada em função da tensiometria. Alguns dados foram levantados como a capacidade de campo, a curva de retenção de água no solo, a velocidade de infiltração básica e a calibração dos tensiômetros.

Palavras-chave: Kc, manejo irrigação, Capsicum annuum. INTRODUÇÃO

Segundo Filgueira (2000), a espécie Capsicum annuum é uma salanácea perene, porém cultivada como cultura anual. É tipicamente de origem americana, ocorrendo formas silvestres desde o sul dos Estados Unidos até o norte do Chile. Trata-se de uma olerícola cultivada em diferentes regiões do mundo, e tem grande importância econômica no Brasil e no exterior, principalmente nos Estados Unidos, México, Itália e Índia (SILVA et al., 2000). O Brasil exporta frutos frescos de pimentão para o Uruguai e pimentão em pó para a Alemanha. O pimentão é cultivado em todo o país sendo que as maiores áreas de plantio e comercialização se localizam na região Sudeste. Entretanto, em determinadas épocas do ano, mesmo com extensas áreas cultivadas, ocorre escassez da oferta de pimentão e outros produtos olerícolas, o que tem levado os olericultores a melhorarem e a renovarem seus sistemas de cultivo, de modo a obterem colheitas em períodos de baixa oferta desses produtos no mercado interno. A cultura é produzida extensivamente em condições de sequeiro, obtendo rendimentos altos com precipitações de 600 a 1250 mm bem distribuídas durante o período de crescimento. Precipitações intensas durante o período de floração provocam a queda de flores e o mau estabelecimento dos frutos e, durante o período de maturação, a podridão dos frutos. Segundo

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Doorenbos & Kassam (1994), a cultura do pimentão, em condições de campo, tem ciclo de 120 a 150 dias, apresentando coeficiente de cultivo de 0,4 logo após o transplantio, 0,95 a 1,1 durante o período de cobertura plena e, para época de colheita de pimentão verde, valores de Kc oscilando entre 0,8 a 0,9. Com respeito à sensibilidade ao suprimento de água (Ky), a cultura é classificada como de sensibilidade média a alta (Ky=1,1 para todo o ciclo), sendo bastante sensível ao déficit de umidade do solo, sobretudo, no início da floração, quando não deve utilizar mais do que 25% da água disponível. Quanto à eficiência de utilização da água, a cultura produz 1,5 a 3,0 kg de frutos verdes com 90% de umidade por m3 de água consumida pela cultura. Frizzone et al., (1987) observaram que o potencial mátrico médio de -32 kPa reduziu de forma drástica o rendimento de pimentão, sob condições de estufa. Para se obter rendimentos elevados na cultura do pimentão, necessita-se de suprimento adequado de água e solo relativamente úmido durante todo o período de crescimento. A redução no suprimento de água durante o período de crescimento tem, em geral, efeito adverso sobre o rendimento, sendo que a redução máxima do rendimento ocorre quando existe escassez contínua de água até a primeira colheita. O estágio inicial do período de floração é a fase mais sensível à escassez de água, de forma que o esgotamento de água do solo na zona radicular nesse período não deverá exceder 25%. A escassez de água um pouco antes e durante o período de floração reduz o número de frutos. A irrigação controlada é essencial para a obtenção de rendimento elevado porque a cultura é sensível tanto à irrigação excessiva como insuficiente. Em condições de suprimento limitado de água, a produção total aumenta quando as necessidades hídricas da cultura são atendidas plenamente numa área limitada, em vez de se aumentar a área e atendê-la parcialmente (DOORENBOS & KASSAM, 1994). Normalmente, 100% de absorção de água ocorre na primeira camada de 0,5 a 1 m de profundidade do solo. Em condições onde a evapotranspiração máxima é de 5 a 6 mm dia -1, pode-se esgotar de 25 a

30% da água total disponível no solo até que comece haver redução na sua absorção. O planejamento e a operação de um projeto de irrigação que vise à máxima produção e boa qualidade do produto, usando de maneira eficiente a água, requerem conhecimento das inter-relações entre solo-água-planta-atmosfera. O ponto chave no manejo da irrigação é decidir quando e quanto aplicar a água. A quantidade a ser aplicada pode ser calculada como sendo a água consumida pela cultura dividida pela eficiência do sistema, enquanto a quantidade de água consumida pode ser estimada pela evapotranspiração real (ETr) (BERNARDO, 1996). O coeficiente de cultura (Kc), proposto por Van Wijk e Vries, é adimensional e representa a razão entre a evapotranspiração da cultura, ETc e a evapotranspiração de referência, ETo (SEDIYAMA et al., 1998). A distribuição temporal do Kc para cada cultura irrigada constitui

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a curva da cultura. As curvas de cultura são corretamente obtidas de forma experimental e representam o efeito integrado da mudança na área da folha, da altura da planta, do grau de cobertura e da resistência do dossel da planta sobre a ETc (OLIVEIRA, 2003). O objetivo do atual experimento é determinar os valores dos coeficientes de cultura do pimentão irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento está sendo conduzido na área experimental do setor de Olericultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, campus Uberaba, MG. O mesmo se localiza a 800m de altitude, com latitude de 19º 39’ 19”S e longitude de 47º 57’ 27”W. O clima do local, segundo classificação de Köppen é do tipo tropical quente e úmido, com inverno frio e seco (Aw), com precipitação e temperatura média anual de 1500 mm e 21ºC, respectivamente. A cultivar empregada será o Ikeda. A condução da cultura seguirá passos de Filgueira (2000). Será instalado na área experimental um termohigrômetro para medida das temperaturas e umidades do ar. A curva de retenção de água no solo foi determinada após coletadas amostras deformadas, das camadas de 0-20 cm e 20-40 cm, serem enviadas para o Laboratório de Relação Solo-Água-Planta do IFTM/UBERABA. Para tensões de 2, 4, 6, 8 e 10 kPa foi utilizada uma mesa de tensão modificada, e, para as tensões de 33, 100, 500 e 1500 kPa, a câmara de pressão de Richards. Com o aplicativo SWRC desenvolvido por Dourado Neto et al. (1995), foi obtida relação do potencial matricial com a umidade do solo (Equação 1), ajustada segundo o modelo de Genutchen (1980), que descreve a umidade do solo em função do potencial.

(

)

( )

[

h

n

]

m

r

s

r

h

α

θ

θ

θ

θ

+

=

1

)

(

(1) em que: θ (h) = umidade do solo (g g-1) para um dado valor de h; θr = umidade residual do solo (g g-1) obtido pelo modelo; θs = umidade de saturação do solo (g g-1); α, n e m =parâmetros de ajuste do modelo; h = módulo potencial mátrico (kPa). Os valores da capacidade de campo do solo foram obtidos conforme Bernardo (1996). O delineamento é o inteiramente casualizado com diferentes níveis de reposição de água no solo (40%, 70%, 100%, 130%, 160% e 190% da lâmina diária para elevar o solo à capacidade de campo), com seis repetições. O coeficiente de cultura Kc será determinado pela Equação 2.

ETo ETc

Kc= (2)

em que: ETc = evapotranspiração da cultura (mm dia-1); ETo = evapotranspiração de referência (mm dia-1). O balanço de água no solo será realizado nas parcelas dos tratamentos

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100%, em que serão obtidos os dados da equação e, posteriormente, os valores do coeficiente de cultura (Kc). Os dados de precipitação serão obtidos no local experimental (irrigação por meio das lâminas aplicadas e precipitação por meio de pluviômetros). Para o cálculo do deflúvio superficial (E) serão confrontadas as lâminas precipitadas com a lâmina infiltrada potencial, fornecida pela equação de infiltração acumulada do solo, a qual será estimada com dados obtidos pelo método do infiltrômetro de anel. O movimento de água no contorno inferior será determinado pela Equação de Darcy-Buckingham (3):

dx t d K q =− (θ) ψ (3) em que:

q= densidade de fluxo da água no solo (mm h-1); K(θ) = condutividade hidráulica do solo (mm h-1);

dx t

dψ

= gradiente de potencial total (mm mm-1). Para a obtenção da condutividade hidráulica do solo saturado (K0), será utilizado o Permeâmetro de Guelph. A variação do

armazenamento será calculada com base a 30 cm de profundidade. A evapotranspiração de referência será determinada pelo método do tanque Classe A. A evapotranspiração da cultura será obtida promovendo-se o balanço hídrico num volume de controle correspondente à profundidade de 0,3 m. E ETc Q I P h= + ± − − ∆ (4) em que: h

∆ = variação do armazenamento (mm); P = lâmina precipitada (mm); I = irrigação (mm); Q = lâmina que entra ou sai do contorno inferior (mm); ETc = evapotranspiração (mm); E = deflúvio superficial (mm).

RESULTADOS PARCIAIS

Os dados experimentais serão coletados no período de outubro de 2009 a abril de 2010. Dados parciais mostram que o valor da tensão ótima à capacidade de campo é 9,2 kPa. A umidade na capacidade de campo foi de 20,5% e a densidade do solo de 1,04 g cm-3. A Figura 1 evidencia a curva de retenção de água no solo da área experimental.

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1 10 100 1000 10000 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 Umidade (g g-1) T en sã o (k Pa )

Figura 1. Tensão de água no solo em função da umidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todos os dados climáticos estão sendo levantados. Serão obtidos: evapotranspiração de referência pelo método do tanque classe A e evapotranspiração da cultura pelo balanço de água no solo.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto de pesquisa e a bolsa cedida a um dos autores. E à FAPEMIG pela bolsa cedida ao autor apresentador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6a ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 1996. 657p. DOORENBOS, J., KASSAM, A.H. Efeito da água no rendimento das culturas. Trad. De H.R. Gheyi; A.A. Sousa; F.A.V. Damasceno; J.F. Medeiros. Campina Grande: UFPB, 1994. 306p. (FAO, Estudos de irrigação e Drenagem, 33).

DOURADO NETO, D.; NIELSEN, D.R.; HOPANS, J.W.; PARLANGE, M.B. Programa

SWRC (Version 1.00): Soil-Water Retention Curve (Software). Piracicaba: ESALQ; Davis:

University of Califórnia, 1995. 2 disquetes.

FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa, UFV, 2000. 402p.

FRIZZONE, J. A.; OLLITA, A. F. L.; PEREIRA, G. T. Funções de resposta do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) ao uso do nitrogênio e lâmina de irrigação. Região de produção racional. ITEM. Irrigação e Tecnologia Moderna, Brasília, n. 28, p. 26-32, mar. 1987.

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GENUTCHEN, M. T. van. A closed-form equation for predicting the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science Society American Journal, Madison, v. 50, p. 288-91, 1980.

OLIVEIRA, P. M. Estimativa da evapotranspiração e do coeficiente de cultura do

cafeeiro (Coffea arabica L.). 2003. 90 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) –

Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

SEDIYAMA, C. G.; RIBEIRO, A.; LEAL, B. G. Relações clima-água-planta. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 27, Poços de Caldas.

Resumos... Poços de Caldas: UFLA/SBEA, 1998. p. 46-85.

SILVA, E.L.; PEREIRA, G.M.; CARVALHO, J.A.; VILELA, L.A.A.; FARIA, M.A. Manejo

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