Conselho Tutelar e
Sistema de Justiça
Curitiba– 2015
Aline Pedrosa Fioravante Equipe de Apoio do Conselho de Supervisão dos Juízos da Infância e Juventude do
Direitos das Crianças e Adolescentes
O problema que temos diante de nós não é filosófico, mas
jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se trata
de saber quais e quantos são esses direitos, qual a sua
natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou
históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo
mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar
das solenes declarações, eles sejam
continuamente violados.
Paulo Afonso Garrido de Paula. Direito da Criança e do Adolescente e Tutela Jurisdicional Diferenciada. 2002
Situação de Risco: quando qualquer dos direitos
fundamentais de crianças e adolescentes é ameaçado ou
violado
Para garantir/restaurar direitos fundamentais e solucionar situações de risco
o ECA estabeleceu pelo artigo 86 uma Política de Atendimento (Sistema de Garantia de Direitos) a ser realizada através de um conjunto articulado de ações e instituições governamentais e não governamentais, nas três
esferas de Governo, tendo por diretrizes, a descentralização político-administrativa e a participação da sociedade na elaboração, execução
e controle social das políticas públicas relacionadas à infância e adolescência.
A Justiça da Infância e da Juventude
• Diferencia-se da Justiça comum por ter uma
finalidade específica: a proteção dos direitos
de crianças e adolescentes.
• Em geral, seus ritos e funcionamento se
adequam ao atendimento desta finalidade.
Prerrogativas processuais
Atuação em rede
PODER JUDICIÁRIO
• A autoridade judiciária prevista no Estatuto é o Juiz da
Infância e Juventude, que deve ser imparcial no julgamento
das ações envolvendo crianças ou adolescentes.
• A atuação do Juiz deverá ser simples e célere, visando à
realização dos direitos da criança e adolescente.
• Suas decisões devem ser fundamentadas.
• Suas atribuições estão previstas no artigo 148 e seguintes do
Estatuto.
Competência Jurisdicional
• ART. 148 - A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão como forma de suspensão ou extinção do processo; III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção a criança ou adolescentes;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
•Parágrafo Único - Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder, perda ou modificação da tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder;
e) conceder a emancipação nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou
representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.
A construção da figura do
Na construção da identidade do Conselho Tutelar
Busca-se uma identidade não-fragmentada e que seja reconhecida como
institucionalizada dentro do Sistema de Garantia de Direitos, de modo a
conferir o devido espaço ao conselheiro na Rede de proteção e na sociedade em geral.
Conselho Tutelar, para quê?
Para “desjurisdicionalizar”
tornar mais rápido e menos burocrático o atendimento
das
crianças
e
adolescentes
em
situação
de
vulnerabilidade e suas respectivas famílias, e conferir
agilidade ao encaminhamento aos programas e
serviços
destinados
a
solucionar
os
problemas
existentes.
De acordo com o ECA
É um órgão permanente e autônomo, não
jurisdicional, encarregado de zelar pelos direitos
da criança e do adolescente. (art. 131)
ÓRGÃO NÃO-JURISDICIONAL
...Mas com intensa integração com
o sistema de Justiça!
• Não integra o poder judiciário. Exerce funções de
caráter administrativo;
• Não aprecia ou julga conflitos de interesse;
• Não tem poder para fazer cumprir determinações
legais;
• O CT pode e deve encaminhas ao MP notícia de fato
que constitua infração administrativa ou penal contra
os direitos infanto-juvenis;
• Deve fiscalizar entidades de atendimento (art.
95 ECA);
• Iniciar os procedimentos de apuração de
irregularidades em entidades de atendimento,
por meio de representação (art. 191 do ECA);
• Iniciar os procedimentos de apuração de
infração administrativa às normas de proteção
à criança e ao adolescente (art. 194 do ECA).
• Aplicar medidas de proteção;
• Assessorar na definição de prioridades para o
OCA
Quais as medidas de proteção aplicadas
pelo Conselho Tutelar?
1. Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
termo de responsabilidade
2. Orientação, apoio e acompanhamento temporários
3. Matrícula e freqüência obrigatória em estabelecimento
oficial de ensino fundamental
4. Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à
família, à criança e ao adolescente
5. Requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial
6. Inclusão em programa oficial ou comunitário de
• Tomar providências para cessar a ameaça ou violação
de direitos da criança e do adolescente.
As medidas que o juiz aplica o tutelar não aplica e
vice-versa; há divisão de trabalho entre os dois, mas
não executam medidas. Aplicam para que outros a
executem.
• Como o Conselho deve proceder
para efetivar suas atribuições?
Representar
Requisitar
Notificar
Encaminhar
Providenciar
• Requisição é o ato, praticado por quem tem autoridade para
isso, de determinar uma medida.
• O Estatuto (artigo 136, III, “a”) dá poderes administrativos ao
Conselho para requisitar serviços públicos.
REPRESENTAR JUNTO A AUTORIDADE JUDICIÁRIA NOS CASOS DE DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DE SUAS DELIBERAÇÕES
• O assunto deve ser levado ao Poder Judiciário que tem a
competência para julgar conflitos.
• Representar é pedir providências, expondo à autoridade judiciária
fato ocorrido no âmbito da família, da sociedade ou da
administração pública, através do qual alguém sem justificativa,
descumpriu deliberação do Conselho Tutelar, seja quanto à
aplicação de medidas (de proteção ou pertinentes aos pais ou
ENCAMINHAR AO MINISTÉRIO PÚBLICO NOTÍCIA DE QUE
CONSTITUA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU PENAL CONTRA
OS DIREITOS DA CRIANÇA OU ADOLESCENTE
• Comunicar ao Promotor da Infância e da Juventude da Comarca
local os fatos de que o Conselho tenha tomado conhecimento e que
estejam enquadrados no que dispõem os artigos 225 a 258 do
PROVIDENCIAR A MEDIDA ESTABELECIDA PELA AUTORIDADE
JUDICIÁRIA, DENTRE AS PREVISTAS NO
ARTIGO 101, DE I A VI PARA O AUTOR DE ATO INFRACIONAL
• O Estatuto prevê que o Conselho Tutelar faça o controle nos
casos em que a medida aplicada for “de proteção” (artigo 101
do Estatuto) e acione os serviços públicos que as garantam.
• encaminhamento aos pais, mediante termo; orientação,
apoio e encaminhamento temporários; matrícula e freqüência
obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental; inclusão em programa de auxílio à família, à
criança e ao adolescente; requisição de tratamento médico,
psicológico ou psiquiátrico em regime hospitalar ou
EXPEDIR NOTIFICAÇÕES
• Notificar é situar alguém sobre notícia de fato ou ato
praticado que legalmente gera importantes conseqüências
jurídicas no âmbito do Direito da Criança e do Adolescente. A
notificação pode ser feita através de correspondência oficial
ou em impresso especialmente criado para esse fim.
REQUISITAR CERTIDÕES DE NASCIMENTO E DE ÓBITO DE
CRIANÇA OU ADOLESCENTE QUANDO NECESSÁRIO
ECA:
art. 102. As medidas de proteção de que trata este capítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.
Parágrafo 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
Parágrafo 2º Os registros e certidões necessárias à regularização de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
REPRESENTAR AO MINISTÉRIO PÚBLICO, PARA EFEITO DAS
AÇÕES DE PERDA OU SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
• O Conselho Tutelar aplica medidas de proteção relacionadas à criança ou adolescente, ou medidas relativas aos pais ou responsável, as quais se destinam a garantir que o afastamento da ameaça ou violação do direito. • Todavia, as medidas de proteção de sua competência se revelem brandas,
e o Conselho Tutelar avaliar necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família.