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edição 01 outubro 2010 infraestruturas verdes F A U U S P

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edição 01 | outubro 2010

infraestruturas

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REVISTA LABVERDE

V. I - Nº 1

LABVERDE – Laboratório VERDE

FAUUSP- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

OUTUBRO 2010 ISSN 2179-2275

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Ficha Catalográfica

Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

LABVERDE v.I N° 1 Revista LABVERDE

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo / Departamento de Projeto /

REVISTA LABVERDE V. 1, nº 1 LABVERDE- Laboratório Verde

Rua do Lago, 876 - Cidade Universitária, Bairro do Butantã CEP: 05508-900 São Paulo-SP

Tel: (11) 3091-4535

Capa: Mariana Oshima Menegon

e-mail: labverde@usp.br

Home page: www.usp.br/fau/depprojeto/revistalabverde

REVISTA LABVERDE/ Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Departamento de Projeto. LABVERDE- Laboratório Verde – v.1, n.1 (2010)- . – São Paulo: FAUUSP, 2010 –

Semestral v.: cm.

v.1, n.1, out. 2010 ISSN: 2179-2275

1. Arquitetura – Periódicos 2. Planejamento Ambiental 3. Desenho Ambiental 4. Sustentabilidade I. Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Departamento de Projeto. LABVERDE. II. Título

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Revista LABVERDE Outubro - 2010 ISSN: 2179-2275

Universidade de São Paulo João Grandino Rodas (Reitor) Hélio Nogueira da Cruz (Vice-Reitor) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Sylvio de Barros Sawaya (Diretor)

Marcelo de Andrade Romero (Vice-Diretor)

Editor Responsável

Maria de Assunção Ribeiro Franco Comissão Editorial

Denise Duarte

Márcia Peinado Alucci

Maria de Assunção Ribeiro Franco Paulo Renato Mesquita Pellegrino Saide Kahtouni

Conselho Editorial

Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima (FAUUSP)

Cecília Polacow Herzog (FAUUFRJ) Denise Duarte (FAUUSP)

Demóstenes Ferreira da Silva Filho (ESALQ) Eduardo de Jesus Rodrigues (FAUUUSP) Eugenio Fernandes Queiroga (FAUUSP) Euler Sandeville Júnior (FAUUSP) Fábio Mariz Gonçalves (FAUUSP) Giovanna Teixeira Damis Vital (UFU) Helena Aparecida Ayoub Silva (FAUUSP) José Carlos Ferreira (UNL-Portugal) João Reis Machado (UNL-Portugal) João Sette Whitaker (FAUUSP) Larissa Leite Tosetti (ESALQ) Lourdes Zunino Rosa (FAUUFRJ) Marcelo de Andrade Romero (FAUUSP) Márcia Peinado Alucci (FAUUSP)

Maria Ângela Faggin Pereira Leite (FAUUSP) Maria Cecília França Lourenço (FAUUSP) Maria de Assunção Ribeiro Franco (FAUUSP)

Maria de Lourdes Pereira Fonseca (UFABC) Miranda M. E. Martinelli Magnoli (FAUUSP) Paulo Renato Mesquita Pellegrino (FAUUSP) Saide Kahtouni (FAUUFRJ)

Silvio Soares Macedo (FAUUSP) Vladimir Bartalini (FAUUSP) Colaboradores

Antonio Franco Oscar Utescher Apoio Técnico Jane Marta da Silva José Carlos Guerra Júnior José Tadeu de Azevedo Maia Leonardo Augusto Vieira Lina Rosa

Lílian Aparecida Ducci Desenvolvimento de web Edson Moura

Lucas V. O. Colebrusco Mariana Oshima Menegon

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SUMÁRIO

1. EDITORIAL

006 Maria de Assunção Ribeiro Franco

2. ARTIGOS

010 VALORAÇÃO DAS ÁRVORES NO PARQUE DO IBIRAPUERA – SP: IMPORTÂNCIA DA INFRAESTRUTURA VERDE URBANA

Valuation of Trees at Ibirapuera Park –SP: Importance of Urban Green Infrastructure

Demóstenes Ferreira da Silva Filho e Larissa Leite Tosetti

026 A NATUREZA E A CULTURA COMO ESTRATÉGIA DE DESENHO AMBIENTAL PARA ESTRELA DO SUL

The Nature and the Culture as Strategy of Environmental Design for Estrela do Sul City

Maria de Lourdes Pereira e Giovanna Teixeira Damis Vital

044 CÓRREGO BARREIRO – CONFIGURAÇÃO PAISAGÍSTICA E MODELAGEM HIDRÁULICA: UMA EXPERIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR

Stream Barreiro – Landscape Configuration and Hydraulic Modeling: A Multidisciplinar Experience

Saide Kahtouni e

Luiz Fernando Orsini de Lima Yazaki

068 INFRA-ESTRUTURAS VERDES PARA UM FUTURO URBANO SUSTENTÁVEL. O CONTRIBUTO DA ESTRUTURA ECOLÓGICA E DOS CORREDORES VERDES

Green Infrastructures for a Sustainable Urban Future. The Ecological Structure and the Greenways’ Contributions

José Carlos Ferreira e João Reis Machado

091 INFRAESTRUTURA VERDE: SUSTENTABILIDADE E RESILIÊNCIA PARA A PAISAGEM URBANA

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Recriated Landscape. Landscape Design of Mina da Cachoeira Dams

Patrícia Akinaga, Makoto Namba, Ilton Cunha, German Vinueza, Gustavo Lopes Fontes e Arsênio Neguo Júnior

134 INFRAESTRUTURA VERDE EM SÃO PAULO - O CASO DO CORREDOR VERDE IBIRAPUERA-VILLA LOBOS

Geen Infrastructure in São Paulo – The Case of the Ibirapuera-Villa Lobos Green Corridor

Maria de Assunção Ribeiro Franco

3. ENTREVISTAS

156 CECÍLIA POLACOW HERZOG

Infraestrutura Verde e Resiliência no Paisagismo

162 BENEDITO ABBUD

Arquitetura Paisagística: Uma Profissão do Futuro

167 EDUARDO MARTINS FERREIRA

Edifícios com Selo Verde

4. DEPOIMENTO

173 ALEJANDRA DEVECCHI

Áreas Prestadoras de Serviços Ambientais num Cenário de Mudanças Climáticas

5. COMUNICADOS

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Revista LABVERDE

Outubro 2010 – Nº 1

EDITORIAL

Neste primeiro número da Revista LABVERDE apresentamos sete artigos e três entrevistas. Nos artigos o desafio aos pesquisadores convidados foi o de apresentarem trabalhos dentro do tema “Infraestrutura Verde”. Assim, foram estabelecidas as rotas de pesquisa e relacionamento entre São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Lisboa. Nas entrevistas o tema de conexão foi “Sustentabilidade”, ligada às atividades profissionais nas áreas de Arquitetura e Paisagem.

Dessa forma, fazendo jus à logomarca do LABVERDE, o artigo de entrada dedica-se à valoração das árvores, tendo por badedica-se a idéia do verde como floresta urbana, compondo a infraestrutura verde da cidade de São Paulo. Assim, Silva Filho e Tosetti tratam do inventário georeferenciado das árvores do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, promovendo a valoração das árvores nas prioridades de manejo, conservação e atividades de educação ambiental junto aos freqüentadores do parque, nesta última, sob a hipótese de abrandamento de atitudes de vandalismo e descaso pela infraestrutura verde, comum em nossos dias.

O segundo artigo trata da natureza e a cultura como estratégia de desenho ambiental, utilizada na elaboração do “Plano Diretor Participativo de Estrela do Sul”, na região do Triângulo Mineiro. Segundo as autoras, a pequena Estrela do Sul se desenvolveu a partir de diversos núcleos de exploração de diamantes ao longo do rio Bagagem, alcançando destaque econômico nas últimas décadas do século XIX, sofrendo a seguir um longo período de decadência durante o séc. XX. Este trabalho destaca o papel dos espaços livres concebidos como infraestrutura verde, decisivo na estratégia de reversão da degradação ambiental e recuperação da paisagem, para que a cidade possa abrigar um turismo histórico e rural capaz de criar uma nova base econômica para seus habitantes.

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O terceiro e sexto artigos tratam de remodelagem da paisagem e recomposição da vegetação no “Córrego Barreiro”, no Campus Universitário da UNIP em Alphaville, na Região Metropolitana de São Paulo; e nas “Barragens da Mina da Cachoeira”, em Ritápolis, sul de Minas Gerais. Ambos os trabalhos tratam da amenização dos problemas de erosão e assoreamento constatados nos cursos d’água estudados, propondo soluções de arquitetura paisagística e modelagem hidráulica.

O quarto, quinto e sétimo trabalhos fazem proposições de infraestrutura verde através de corredores verdes. Assim, o Corredor de “Monsanto - Avenida da Liberdade”, em Lisboa, fala-nos da infraestrutura verde para a sustentabilidade urbana, fundamentada nos conceitos de estrutura ecológica e corredores verdes em áreas sob pressão urbana. O “Projeto Rio + Verde” trata da bacia do rio dos Macacos na “Soho carioca”, cujo eixo principal é a Rua Pacheco Leão, propondo uma infraestrutura verde multifuncional (floresta, restinga e mangue), ao longo do rio dos Macacos, procurando reduzir o assoreamento na bacia, moderando as enchentes, incrementando a biodiversidade nativa, além de possibilitar a circulação de baixo impacto na comunidade. Por último, a proposição do “Corredor Verde Ibirapuera-Villa Lobos” promove a “reconquista cidadã” da várzea do rio Pinheiros, por meio do entrelaçamento da circulação de “baixo carbono”, do andar-a-pé e das ciclovias, valorando os parques, áreas institucionais e bairros jardins, considerados como infraestrutura verde, na área balizada pelo Parque do Ibirapuera, o Parque Villa Lobos, a Cidade Universitária (CUASO), o Instituto Butantã, o Parque Alfredo Volpi e o Parque do Povo.

Nas entrevistas, podemos acompanhar o pensamento de Cecília Herzog sobre conceitos de infraestrutura verde e resiliência urbana às mudanças climáticas, bem como as opiniões experientes dos arquitetos Benedito Abbud, sobre a atividade da arquitetura paisagística no Brasil, e de Eduardo Martins Ferreira sobre certificação verde em edifícios de alta tecnologia.

Boa leitura a todos!

Maria de Assunção Ribeiro Franco Editora da Revista LABVERDE

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ARTIGO nº 1

VALORAÇÃO DAS ÁRVORES NO PARQUE DO IBIRAPUERA – SP: IMPORTÂNCIA DA INFRAESTRUTURA VERDE URBANA

Valuation of Trees at Ibirapuera Park –SP: Importance of Urban Green Infrastructure

Demóstenes Ferreira da Silva Filho e Larissa Leite Tosetti

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VALORAÇÃO DAS ÁRVORES NO PARQUE IBIRAPUERA – SP IMPORTÂNCIA DA INFRAESTRUTURA VERDE URBANA

Demóstenes Ferreira da Silva Filho1, Larissa Leite Tosetti2

1Engenheiro Agrônomo, mestrado e doutorado pela Universidade Estadual Paulista UNESP/FCAV. Professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz” da Universidade de São Paulo, Piracicaba – SP. E-mail: dfsilva@esalq.usp.br 2

Engenheira Agrônoma e mestranda em Recursos Florestais pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo, Piracicaba – SP. E-mail: laletosetti@usp.br

Resumo

Os serviços ambientais e sociais advindos da infraestrutura verde devem ser estudados e valorados para se entender a importância desse sistema. Por meio de um banco de dados relacional, elaborado a partir do Inventário Georreferenciado das árvores do Parque Ibirapuera, obteve-se a valoração dessas utilizando o cálculo do valor monetário do indivíduo arbóreo, que considera dimensões, estado geral, localização, valor biométrico e a freqüência da espécie no local inventariado. Com a valoração de cada um desses indivíduos, organizando-os em classes de valor e localizando principalmente os exemplares mais valiosos visou-se subsidiar os administradores nas prioridades de manejo. O conhecimento do valor dos indivíduos, como o mais valioso cedro rosa (Cedrela

fissilis Vell.) na pista de Cooper, pode estimular o freqüentador na compreensão

da importância da conservação e manejo adequado da infraestrutura verde urbana, que auxilia numa melhor qualidade de vida e representa alto valor econômico ao poder público na forma de patrimônio verde.

Palavras-chave: Infraestrutura verde, serviços ambientais, inventário georreferenciado, silvicultura urbana, Parque Ibirapuera, educação ambiental.

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VALUATION OF TREES AT IBIRAPUERA PARK – SP IMPORTANCE OF URBAN GREEN INFRASTRUCTURE

Abstract

Environmental and social services of the green infrastructure should be studied and valued in order to understand the importance of this system. Based upon a relational database created from the georeferenced inventory of trees of the Ibirapuera Park , this valuation was obtained by calculating the monetary value of every tree specimen, which considers size, general condition, location, biometric data and frequency rates of the species at the inventoried site. By fixing a price for every specimen the aim was to support directors on the management priorities. The market values were set by organizing the individual in classes of value and locating especially the most valuable specimens. Knowing the value of each specimen, as the most valuable Cedro Rosa (Cedrela fissilis Vell.) on the jogging track, can stimulate the attendee on understanding the importance of conservation and proper management of urban green infrastructure which helps improving life quality and represents high economic value to the government in the form of green heritage.

Keywords: green infrastructure, environmental services, georeferenced inventory,

urban forestry, Ibirapuera Park, environmental education.

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no aumento desses espaços públicos e privados. A infraestrutura verde na forma de arborização das vias públicas, áreas verdes e parques urbanos, principalmente em “Megacidades” como São Paulo, proporciona diversos serviços ambientais muitas vezes não percebidos no cotidiano dos moradores, tais como a diminuição das ilhas de calor, de poluição atmosférica e sonora, de danos aos asfaltos por aquecimento e dilatação e da amplitude térmica. A oportunidade de viver próximo as áreas verdes também proporciona uma melhoria na saúde, diminuindo os índices de doenças respiratórias e obesidade.

A sombra, o abrigo e alimento para fauna, o embelezamento da área urbana e o equilíbrio estético entre a escala humana e as construções arquitetônicas são alguns outros serviços da infraestrutura verde, porém facilmente observados pelos habitantes urbanos.

Serviços sociais também são advindos dos sistemas verdes, quando parques e praças são utilizados por toda a sociedade, unificando os moradores de um local sem distinção econômica, social, cultural ou étnica, além de representarem um contexto histórico e cultural que identifica determinada área.

Relacionado a isso, Hauer (2003) comenta sobre fazer parte da comunidade urbana tanto a infraestrutura cinza (prédios, ruas, calçadas) como a verde, porém há existência de ferramentas para gestão e políticas adequadas para o manejo e manutenção da infraestrutura cinza, mas pouco se tem sobre a infraestrutura verde.

Com todos esses benefícios, é difícil a definição do manejo ideal para cada indivíduo arbóreo dentro de uma infraestrutura verde urbana considerando o gasto no orçamento público que possa ser compreendido e aceito por todos.

Almeida (2006, p.121) comenta que “o recurso a modelos para quantificar a estrutura, função e valor das árvores e floresta urbana, bem como o inerente custo de instalação e manutenção, permitirá desenvolver planos de gestão apropriados, no sentido de otimizar a relação custo-benefício associada aos espaços arborizados da cidade.”

Incertezas sobre a importância das árvores provocam as comunidades a interrogarem se as verbas destinadas a essas justificam-se pelos benefícios que

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elas proporcionam. Provar que os benefícios das árvores compensam os custos justifica os programas de apoio as árvores (McPherson, 1995).

Wolf (2004) fala sobre a prontidão em identificar e contabilizar os custos com o plantio, a manutenção, os materiais usados e a remoção de galhos caídos, folhas secas envolvidos no gerenciamento das florestas urbanas, apontando a dificuldade em contabilizar o retorno produzido por essas despesas por meio da infraestrutura verde.

Na década de 60 iniciaram os primeiros estudos para quantificar e valorar as árvores urbanas, principalmente no sentido de quantificar os benefícios advindos desse sistema ambiental, o que levou ao desenvolvimento dos modelos americanos, sendo o primeiro modelo estruturado a partir do Projeto Climático da Floresta Urbana de Chicago em 1994, que visou apoiar as entidades responsáveis pelo planejamento e gestão do patrimônio arbóreo da cidade a aumentarem as verbas destinadas para a floresta urbana. Atualmente três modelos estão disponíveis nos Estados Unidos: CITYgreen, UFORE Model program e STRATUM (ALMEIDA, 2006). O CITYgreen software já considera na valoração dos indivíduos suas características qualitativas e quantitativas, como altura, diâmetro a altura do peito (DAP), estado geral e fitossanidade. UFORE (Urban Forest Effects) baseia-se principalmente em informações metereológicas e dados sobre poluição do ar. STRATUM (Street Tree Resource Analysis Tool for Urban Forest Managers) estima a quantidade de benefícios anuas que a arborização proporciona a cidade.

O modelo de inventário qualitativo e quantitativo utilizado nessa pesquisa apresenta um diferencial quanto aos utilizados nos EUA por considerar a freqüências das espécies dentro do contexto em que se localiza o indivíduo valorado. Esse método foi desenvolvido por SILVA FILHO (2002) na cidade de Jaboticabal – SP. Esse inventário também foi georreferenciado.

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freqüência da espécie, utilizados na fórmula de cálculo de valoração individual e relativo.

Conhecer esse valor é uma forma de traduzir aos munícipes e aos administradores dessas áreas a importância da representação do indivíduo arbóreo dentro de uma infraestrutura verde urbana. Esse conhecimento pode facilitar atividades de educação ambiental, que envolva e sensibilize a comunidade, permitindo um olhar permanente para a infraestrutura verde urbana como forma de resgate da qualidade de vida por meio da saúde, lazer, embelezamento estético, e tantas oportunidades advindas desse sistema.

Objetivos

O objetivo da pesquisa foi obter a valoração de cada indivíduo arbóreo do Parque Ibirapuera em São Paulo como ferramenta para a indicação de conservação e de prioridade de manejo e o entendimento da importância da infraestrutura verde urbana.

Os passos para alcançar esse objetivo foram: obtenção da valoração das árvores do Parque do Ibirapuera por meio do inventário georreferenciado, comparação dos resultados de valoração com ou sem freqüência e indicação dos indivíduos com maior valoração como uma possível ferramenta para justificativa de conservação e prioridade de manejo do parque.

Metodologia

O estudo foi realizado no Parque Ibirapuera na cidade de São Paulo, no bairro Moema, onde o clima é Cwa, segundo a classificação de Köppen-Geiger e as coordenadas geográficas são 23o 35’S de latitude e 46o 39’ W de longitude, com uma área de aproximadamente 160 hectares.

O Inventário Georreferenciado utilizou Estação Total e Global Position System (GPS). As informações necessárias sobre cada indivíduo arbóreo a partir de itens, escolhidos conforme a necessidade do parque, para o banco de dados relacional, foram inventariadas por técnicos do Laboratório de Silvicultura Urbana

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(LMQ) da ESALQ-USP, gerando uma planilha no programa Microsoft ACCESS. Nessa planilha contém os seguintes dados: identificação do indivíduo (número, nome popular e nome científico), localização por setor e coordenadas geográficas, nome do responsável técnico, altura geral, altura da primeira bifurcação e tipo de bifurcação, PAP (perímetro a altura do peito), largura da calçada ou tipo de canteiro, tipo de pavimento, perímetro do colo, diâmetro da copa, sentido da inclinação, ângulo da inclinação, estado geral, local de desequilíbrio, risco de queda, fenologia, afloramento de raiz, participação na paisagem, tipos de fiação, tipo e qualidade de ação realizada, recomendação de ação, cupim, interferência no tronco, presença ou ausência de liquens, ninhos, insetos, corpo de frutificação (fungos), epífitas, parasitas e foto.

Os itens da planilha são principalmente separados por localização e identificação, dimensões, biologia, entorno e interferências e definições de ações (SILVA FILHO, 2002). Com essa planilha foi calculada a valoração da seguinte maneira: considerando os dados de dimensões, estado geral e localização calcularam-se o valor biométrico (Vbm), o valor da espécie (Ve), o valor de localização (Vl), o valor de condição (Vc). Valor biométrico: é a ponderação entre o diâmetro à altura do peito (DAP), peso de 60%, e a altura da primeira ramificação (Hb), peso de 40%, sendo a fórmula: Vbm = (DAP x 0,6) + (Hb x 0,4). Os outros valores consideram dados da tabela do Access, sendo que Vc considera os valores de biologia; Ve relaciona os dados criando critérios de disponibilidade, parte desejável, desenvolvimento e adaptabilidade; e Vl considera presença ou ausência de outro indivíduo da mesma espécie, recuo na construção e adequação, conforme Silva Filho (2002).

A multiplicação desses valores fornece o índice de importância (Ii), conforme a fórmula: Ii = (Ve x Vc x Vl x Vbm). O índice de importância é transformado em moeda corrente quando multiplicado por uma constante e é o

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Essa constante foi estabelecida a partir da equivalência do Iir da menor árvore jovem da espécie mais comum na arborização, cadastrada no banco de dados, ao seu custo total de plantio. O custo de plantio considerado foi de R$8,50, baseado em uma média de custos de implantações de reflorestamentos e arborização urbana, uma vez que não se tinha os dados de custos do parque. Portanto com Iir = 0,03 (menor valor encontrado no cadastro), custo de plantio (Cplant) = R$ 9,45 a constante (Kr) = Cplant / Iir, tem-se Kr = 315.

Os mapas foram gerados com o uso do programa Quantun Gis, identificando as árvores conforme classes de valoração.

Resultados

O inventário identificou 51 famílias e 336 espécies diferentes, sendo algumas identificadas apenas no nível de gênero, num total de 15066 árvores, nas quais apenas 152 foram classificadas como mortas.

Obteve-se 10 espécies mais freqüentes somando 35% do total de árvores (Eucalyptus sp (9%), Ligustrum lucidum (7%), Eugenia uniflora (3%), Eucalyptus

saligna (3%), Tipuana tipu (3%), Holocalix balansae (2%), Aglaia odorata (2%), Ceiba speciosa (2%), Eucalyptus urophylla (2%), Tabebuia pentaphylla (2%)) e as

demais espécies representando os 65% restantes. Essas freqüências mostram uma boa distribuição nas espécies, mas existem 77 espécies que são representadas apenas por um indivíduo.

Foram valorados todos os indivíduos de duas formas: sem a freqüência da espécie e utilizando esse dado, o que mostra dois valores diferentes, um primeiro valor do indivíduo (Vind) e o segundo valor relativo (Vrel).

O mapa (Figura 1) localizando as árvores inventariadas por classe de valor relativo e o mapa (Figura 2) por classe de valor individual mostram uma distribuição por todo o parque das diferentes classes de valor, indicando uma necessidade de manejo sistematizada sem distinção de setor, necessitando a interpretação de dados conjuntamente para a tomada de atitudes de manejo que considere tanto a diversidade biológica, a fitossanidade, a segurança e principalmente a forma mais adequada do gasto de orçamento público destinado a

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essa atividade, justificado quando representado por indivíduos de alto valor monetário.

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u ra 1 . M a p a d e l o c a liz a ç ã o d a s á rv o re s n o P a rq u e I b ir a p u e ra r e p re s e n ta d a s p o r c la s s e d e v a lo r re la ti v o .

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l o c a liz a ç ã o d a s á rv o re s n o P a rq u e I b ir a p u e ra r e p re s e n ta d a s p o r c la s s e d e v a lo r in d iv id u a l.

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O valor relativo é importante por representar o valor monetário em moeda corrente (R$) do indivíduo arbóreo dentro do contexto em que está inserido, o Parque Ibirapuera. Uma árvore de baixo valor individual quando parte de uma espécie de baixa freqüência tem seu valor relativo maior, indicando a necessidade de conservação uma vez que a perda daquela espécie pode significar uma diminuição na diversidade biológica do local inventariado.

O valor individual representa a importância econômica da árvore, uma vez que considera seus dados de dimensões, biologia, localização e entorno, traduzindo a prioridade do manejo individual para que se conserve uma infraestrutura verde de qualidade.

As Tabelas 1 e 2 mostram as 20 árvores mais valiosas, sem considerar e considerando a freqüência, respectivamente.

Tabela 1. As 20 árvores mais valiosas sem considerar a freqüência da espécie.

Nome Popular Nome científico Vind (R$) Freq (%) Vrel (R$) Localização Cedro rosa Cedrela fissilis Vell. 21478,24 1,526616 14069,18 pista de cooper Eucalipto Eucalyptus ssp. 20521,8 8,748175 2345,838 pista de cooper Eucalipto Eucalyptus ssp. 17675,98 8,748175 2020,533 pista de cooper Jequitibá rosa

Cariniana legalis (Mart.)

Kuntze 17471,74 0,657109 26588,82 jardim dos cegos Ipê-amarelo2

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 17050,72 0,418160 40775,57 pista de cooper Ipê-amarelo2

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 16748,32 0,418160 40052,4 pista de cooper Guatambu amarelo

Aspidosperma ramiflorum

Müll.Arg. 16673,1 0,212399 78499,02 Pça da Paz Cedro rosa Cedrela fissilis Vell. 16232,76 1,526616 10633,16 casa da leitura Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 14753,84 0,418160 35282,75 pista de cooper Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 14724,96 0,418160 35213,7 pista de cooper Arariba rosa

Centrolobium tomentosum

Guill. ex Benth. 14435,55 1,758927 8207,018 Administração Eucalipto Eucalyptus ssp. 14127,79 8,748175 1614,941 pista de cooper Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 14091,69 0,418160 33699,27 pista de cooper Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 14005,06 0,418160 33492,1 pista de cooper Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 13968,96 0,418160 33405,78 pista de cooper Cedro rosa Cedrela fissilis Vell. 13885,74 1,526616 9095,765 Administração Eucalipto Eucalyptus ssp. 13791,3 8,748175 1576,477 pista de cooper Guatambu amarelo Aspidosperma ramiflorum 13657,99 0,212399 64303,52 Pça da Paz

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Eucalipto Eucalyptus ssp. 13582,44 8,748175 1552,603 pista de cooper Ipê-amarelo

Tabebuia ochracea (Cham.)

Standl. 13556,41 0,418160 32419,18 pista de cooper

Vind (R$) = valor do indivíduo, Freq (%) = freqüência e Vrel (R$) = valor relativo.

Tabela 2. As 20 árvores mais valiosas considerando freqüência da espécie.

Nome Popular Nome científico Vind (R$) Freq (%) Vrel (R$) Localização Casuarina Casuarina ssp. 8047,299 0,006637 1212406 jardim dos cegos Caroba branca

Sparattosperma leucanthum

(Vell.) K. Schum. 6986,737 0,006637 1052622 portão 8 Agatis

Agathis robusta (C.

Moore) F. M. Bailey 6531,618 0,006637 984053,5 viveiro Eucalipto

Eucalyptus torelliana F.

Muell 11365,88 0,013275 856191,8 pista de cooper Eucalipto

Eucalyptus campanulata

R.T.Baker & H.G.Sm. 4460,053 0,006637 671951,7 pista de cooper Ipê amarelo do brejo

Tabebuia serratifolia (Vahl.)

Nich. 3990,084 0,006637 601146

córrego do sapateiro Jacarandá da bahia

Dalbergia nigra (Vell.)

Allemão ex Benth. 3474,445 0,006637 523459,9 pista de cooper Ataúba Guarea macrophylla Vahl. 3334,038 0,006637 502306,2

córrego do sapateiro Eucalipto

Eucalyptus camaldulensis

Dehn. 11341,52 0,026550 427178,2 pista de cooper Eritrina Erythrina ssp. 2819,287 0,006637 424753,8

frente da praça da Paz Maria preta Vitex polygama Cham. 2777,564 0,006637 418467,7 portão 8 Pinos

Pinus oocarpa Schiede ex

Schltdl. 2739,208 0,006637 412689 Praça da Paz Ipê amarelo do brejo

Tabebuia umbellata (Sond.)

Sandw. 2689,417 0,006637 405187,5 portão 6 Mogno

Swietenia macrophylla King

Vell. 2638,506 0,006637 397517,4 viveiro Amburana

Amburana cearensis (Fr.

All.) A.C. Smith 2535,733 0,006637 382033,6 viveiro

Eucalipto Eucalyptus robusta Sm. 2419,604 0,006637 364537,6 pista de cooper Maria pobre

Dilodendron bipinnatum

Radlk. 2410,508 0,006637 363167,1 portão 8

Ficus Ficus insipida Willd. 2181,889 0,006637 328723,4 jardim dos cegos Guanandi

Calophyllum brasiliense

Cambess. 2176,135 0,006637 327856,5

frente da praça da Paz

Vind (R$) = valor do indivíduo, Freq (%) = freqüência e Vrel (R$) = valor relativo.

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Todas as árvores inventariadas contabilizam um valor de aproximadamente 31 milhões de reais sem considerar freqüência e 94 milhões de reais considerando a freqüência das espécies. Esse alto valor demonstra a dificuldade enfrentada pelos administrados do parque no momento da decisão de manejo das árvores, por se tratar de um patrimônio extremamente valioso.

A menor freqüência encontrada na área total do parque foi de 0,0067%, com 77 indivíduos de espécies diferentes, confirmando a necessidade da interpretação da valoração encontrada a partir de dados utilizando a freqüência. Tais indivíduos representam a importância de aproximadamente 17 milhões de reais. Mesmo quando não considerada a freqüência, essas árvores representam cerca de 11 milhões de reais.

Separando a área total do Parque Ibirapuera para organização do trabalho de coleta de dados em 30 setores (pista de Cooper, jardim dos cegos, praça da paz, frente da praça da paz, antiga PRODAM, administração, atrás da SABESP, bienal, bienal e oca, casa da leitura, córrego do sapateiro, CGM, herbário, lago chafariz, marquise, museu afro, oca e auditório, parquinho, praça da paz e córrego do sapateiro, praça de eventos, praça de jogos, planetário, portão 4, portão 4 e bienal, portão 6, portão 8, portão 9, portão 9A, SABESP + jardim japonês + jardinagem, e viveiro) encontramos que no setor chamado Pista de Cooper existem 2532 árvores, nas quais cinco estão na lista das 20 mais valiosas sem considerar a freqüência (Tabela 1), sendo a mais valiosa o Cedro rosa (Cedrela

fissilis Vell.) de 18 metros da altura. No jardim dos cegos há um total de 442

árvores inventariadas as quais duas estão na lista das 20 árvores mais valiosas considerando a freqüência (Tabela 2), a Casuarina (Casuarina ssp.) de 15 metros de altura e o Fícus (Ficus insipida Willd.) de 16 metros.

Todos os setores contam com indivíduos de todas as classes de valoração e diversidade de espécies, o que pode sugerir uma proposta de trilhas no parque por espécies e por classes de valoração, que aproximem os freqüentadores dessa realidade e dê subsídio às estratégias de manejo para os administradores do local, considerando que cada espécie possui suas necessidades particulares de manejo

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em diferentes períodos do ano e que os indivíduos representantes de cada espécie estão distribuídos por toda a área do parque.

Associado a isso, uma das ferramentas de conservação da infraestrutura verde e diminuição de gastos com manutenção, principalmente relacionados ao vandalismo, é a educação ambiental, que pode estimular o freqüentador do parque na compreensão da importância dessas áreas verdes no contexto urbano, que auxilia numa melhor qualidade de vida e representa alto valor econômico ao poder público na forma de patrimônio verde.

Conclusões

Os resultados dessa pesquisa sugerem a utilização da valoração de árvores como uma forma de auxiliar os administradores do parque Ibirapuera na prioridade de manejo e necessidade de conservação.

A valoração é apenas um dos indicadores que podem ser utilizados para a avaliação de prioridade de manejo, uma vez que outros índices não são considerados nesse cálculo, como o índice de risco de queda e até mesmo a relação histórica, cultural e a percepção do freqüentador do parque.

O inventário georreferenciado e os resultados conseguidos a partir dos dados por ele fornecido, como a valoração, indicam inúmeras possibilidades para mais estudos e pesquisas, além de ser uma oportunidade para sistematizar adequadamente o melhor manejo para árvores urbanas e aproximar os usuários da dificuldade enfrentada pelos administradores das áreas verdes públicas.

Associar o conhecimento das árvores por meio do inventário georreferenciado a atividades de educação ambiental junto aos freqüentadores do parque é um caminho interessante para a melhoria da conservação e atenuar atitudes de vandalismo e descaso pela infraestrutura verde.

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ARTIGO nº 2

A NATUREZA E A CULTURA COMO ESTRATÉGIA DE DESENHO AMBIENTAL PARA ESTRELA DO SUL

The Nature and the Culture as Strategy of Environmental Design for Estrela do Sul City

Maria de Lourdes Pereira e Giovanna Teixeira Damis Vital

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A NATUREZA E A CULTURA COMO ESTRATÉGIA DE DESENHO AMBIENTAL PARA ESTRELA DO SUL

Maria de Lourdes Pereira Fonseca, doutora em Urbanismo pela Universidade Politécnica de Cataluña, professora adjunta da Universidad Federal do ABC – UFABC, loufonseca@yahoo.com

Giovanna Teixeira Damis Vital, mestre em Estruturas Ambientais Urbanas pela Universidade de São Paulo, professora assistente da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, gtdamis@yahoo.com

Resumo

O artigo tem por objetivo apresentar os princípios utilizados para a elaboração do Plano Diretor Participativo de Estrela do Sul – MG. Essa cidade, de pequeno porte, está localizada na região do Triângulo Mineiro e se desenvolveu a partir de diversos núcleos de exploração de diamantes ao longo do Rio Bagagem, alcançando um grande destaque na região durante as últimas décadas do Século XIX. No entanto, devido à decadência da atividade mineradora, o município perdeu atratividade econômica e sua população reduziu drasticamente. O período áureo do garimpo deixou como herança um reconhecido conjunto de edificações históricas, mas também um ambiente fragmentado, espacial e socialmente, e com baixa qualidade urbana.

A estrutura espacial proposta para o município é organizada pelos ambientes natural – hidrografia, cobertura vegetal e solo -, e construído – paisagem urbana e patimônio histórico-cultural -, tendo por princípios a conservação, a preservação e a recuperação de seu patrimônio cultural e a sustentabilidade, como forma promover a qualificação ambiental e a redução das desigualdades sócio-espaciais.

O trabalho destaca também o papel dos espaços livres, concebidos como infra-estrutura verde, e decisivos na estratégia de reverter a degradação ambiental e recuperar a paisagem para que a cidade possa abrigar um turismo histórico e rural, capaz de criar uma nova base econômica e garantir novas perspectivas de vida para seus habitantes.

Palavras-chave: Plano Diretor, Estrela do Sul, infra-estrutura verde, preservação ambiental, planejamento ambiental.

THE NATURE AND THE CULTURE AS STRATEGY OF ENVIRONMENTAL DESIGN FOR ESTRELA DO SUL CITY

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This paper has as objective to present the beginnings used for elaboration of Master Plan of Estrela do Sul city, state of Minas Gerais, Brazil. That city, small load, is located in Triângulo Mineiro area and it was developed starting from several nuclei of exploration of diamonds along the river Bagagem, reaching a great prominence in the area during the last decades of 19th Century. However, due to the exploring activity decadence, the city lost economic attractiveness and its population reduced drastically. The claim golden period left as inheritance a recognized group of historical constructions, but also a broken into fragments environment, space and socially, and with low urban quality.

The structure space proposal for municipal district is organized by the natural environment - hydrographic, vegetable covering and soil -, and by the built - urban landscape and historical-cultural heritage -, tends for beginnings the conservation, the preservation and the recovery of its cultural heritage and the sustainability, as form to promote the environmental qualification and the reduction of partner-space inequalities.

The work also highlights the paper of free spaces, conceived as a green and decisive infrastructure in the strategy to reverses the environmental degradation and to recover the landscape so that the city can shelter a historical and rural tourism, capable to create a new economic base and to guarantee new life perspectives for its inhabitants.

Key-word: Master plan, Estrela do Sul, green infrastructure, environmental preservation, environmental planning.

Introdução

Estrela do Sul é uma cidade histórica, situada na região do Triângulo Mineiro, implantada no vale do Rio Bagagem, que possui uma paisagem de significativa beleza, formada por Cerrados, Veredas e fragmentos da Floresta Estacional Semidecidual, relativamente preservados e que compõem, juntamente com o ambiente cultural, um cenário ambiental urbano diferenciado.

A cidade teve a sua fundação ligada à descoberta, em 1852, do famoso diamante “Estrela do Sul”. O êxito da exploração de diamantes possibilitou um grande crescimento do povoado, que contabilizava, em 1861, aproximadamente, 30 mil habitantes e exercia uma grande influência política na região.

No entanto, esse período de crescimento e euforia começou a declinar a partir de 1870, em razão da descoberta das jazidas de diamantes da África do Sul, que fez o preço da pedra cair significativamente no mercado internacional. A partir de então, a população da cidade reduziu drasticamente, chegando a 8.524 habitantes, em 1970, e a 6.838 em 20011. A atividade mineradora praticamente desapareceu e a sua economia passou a

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Félix de Estrela, Chapada de Minas e Dolearina. Apenas o Distrito Sede e Santa Rita, apresentam, apesar de uma descontinuidade de seu tecido urbano, uma relativa proximidade.

O município conta com significativo patrimônio histórico: oitente e seis (86) bens imóveis com tombamentos municipais, urbanos e rurais, os quais incluem, além de edifícios residenciais e comerciais, sedes de fazendas, túmulos e monumentos. A grande parte desse patrimônio arquitetônico encontra-se no distrito Sede e de Santa Rita, os núcleos de fundação da cidade.

A presença de imóveis históricos, associados às manifestações sócio-culturais, conferiram ao município o reconhecimento pelo Ministério do Turismo como cidade histórica do Triângulo Mineiro. Devido a isto, foi contemplada, em 2006, pelo programa de incentivos do Governo Federal para elaboração de planos diretores.

O Plano Diretor Participativo para Estrela do Sul foi desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU, em parceria com a Prefeitura Municipal de Estrela do Sul e com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq. A sua elaboração contou com a participação de professores e alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, do Instituto de Geografia, do Instituto de Biologia, da Faculdade de Engenharia Civil e do Instituto de Economia da UFU e também de técnicos da prefeitura do referido município. A partir da articulação das dimensões ambiental, físico-territorial, econômico-social e cultural buscou-se a hierarquização das necessidades e valorização das potencialidades do município, a fim de oferecer novas possibilidades econômicas e sociais. Buscou-se, dessa maneira, promover a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento local, além de potencializar os recursos culturais e ambientais e fomentar o turismo regional e a inclusão social.

Para o desenvolvimento dos trabalhos, seguindo-se as recomendações do Ministério das Cidades (BRASIL, 2004), foram definidas quatro etapas de trabalho: leituras técnica e comunitária; formulação e pactuação de propostas; definição dos instrumentos; sistema de gestão e planejamento municipal. A realização da leitura técnica foi realizada a partir da aplicação do modelo de avaliação ambiental denominado GEO Cidades (SÃO PAULO, 2004), e as leituras comunitárias foram feitas no formato de oficinas realizadas em cada distrito, separadamente, com a participação da população utilizando a metodologia de painéis. Os resultados estão compilados em duas partes: o Panorama do Meio Ambiente Urbano e Rural, que contém o levantamento e análise de dados técnicos e comunitários, e a indicação das diretrizes gerais para a elaboração das propostas do plano; o Plano Diretor do município, que traz abordagem teórico-conceitual do Planejamento Ambiental, metodologia de criação de cenários futuros e diretrizes.

1. Patrimônio e Ambiente como princípio de sustentabilidade

Um dos principais desafios a ser enfrentado pelo Município de Estrela do Sul é a perda de sua base econômica, problema vivido desde as últimas décadas do Século XIX, com o declínio da exploração mineradora. Ao longo do século XX, a cidade não conseguiu atrair indústrias, ficando à margem do desenvolvimento da região do Triângulo Mineiro, na qual se insere. Tendo como base econômica a agricultura e a pecuária, a cidade perdeu importância na rede regional de cidades, ficando, assim como muitas outras, ofuscadas e

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dependentes da dinâmica e da concentração econômica de Uberlândia e Uberaba, que se tornaram os pólos de crescimento da região.

Os processos de mudanças da economia, conhecidos como globalização, ocorridos a partir do final da década de 1970, definiram, no entanto, novas formas de articulação entre as diferentes cidades, permitindo a redefinição do papel de cada uma na rede global. A globalização, ao mesmo tempo que cria uma nova hierarquia de cidades, a escala mundial, abre também possibilidades para que as cidades se relacionem diretamente umas com as outras, independente de sua localização geográfica.

O aumento da mobilidade de pessoas, de informações, de mercadorias e de capitais abre também novas perspectivas econômicas, com o aumento da importância do setor de prestação de serviços e, especialmente, do turismo. Diante dessas circunstâncias, os planos e projetos estratégicos têm sido adotados como elementos capazes de posicionar favoravelmente a cidade na rede global e de adaptá-las às novas exigências da produção e reprodução do capital. O planejamento urbano passou a ser visto não apenas como elemento de ordenamento e controle do crescimento, mas como elemento fundamental da política econômica da cidade, fomentador do crescimento econômico local e capaz criar vantagens competitivas.

Dessa forma, paradoxalmente, a globalização, ao tornar relativa a importância das localizações, põe em relevo justamente as diferenças entre os lugares. Busca-se, então, através da exploração das potencialidades de cada cidade, uma posição de destaque e diferenciação das demais. A imagem e qualidade urbana passam a ser elemento estratégico na competição urbana e a atenção se volta para áreas já ocupadas ou intersticiais, vazias ou degradadas, requalificando e/ou adensando os seus usos, como forma de corrigir os desequilíbrios territoriais e sociais e valorizar os seus atributos ambientais.

Nesse contexto, as áreas históricas, assim como os monumentos, são vistos como estratégicos na formação e exploração da imagem urbana e de sua diferenciação, como lugar especial e propício ao abrigo de novos tipos de comércio e serviços dirigidos, especialmente, aos turistas.

Choay (2006) e Arantes (2000) alertam, no entanto, para o risco de mercantilização do patrimônio cultural, e da própria cidade, convertendo-os em produto de consumo cultural. Com vistas a uma exploração econômica de seu status histórico e patrimonial, os monumentos e os centros e bairros antigos são transformandos em produtos de consumo cultural e de uso para fins mediáticos. E, muitas vezes, são “tratados” e “arrumados” para agradar ao turista e facilitar o seu uso, transformados em cenários para a animação cultural, como estratégia de criação de um lugar na cidade destinado à evasão e ao consumo. Isso, associado à gentrificação social e de usos, pode levar à perda da autenticidade e à banalização do ambiente urbano.

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exposição controlada e normatizada dos monumentos a uma destinação de atividades compatíveis com a morfologia e as dimensões das malhas antigas, com a manutenção e a proteção de seus usos para os seus habitantes, garantindo um uso cotidiano e equilibrado. Assim sendo, os elementos novos devem respeitar a articulação e as regras morfológicas desses tecidos.

Da mesma forma, o patrimônio ambiental é também estratégico na formulação da nova base econômica das cidades e, portanto, na busca de um posicionamento favorável na rede urbana e deve ser abordado a partir dos conceitos do Planejamento Ambiental. O Planejamento Ambiental tem como princípio “todo esforço da civilização na direção de preservar e conservar os recursos ambientais de um território, com vistas à sua própria sobrevivência” (FRANCO, 2000:34). Assim sendo, concebe a preservação do patrimônio ambiental e cultural como parte da preservação da própria biodiversidade, partindo-se do ambiente construído como o hábitat humano, como manifestação cultural, que, se destruída, não se reconstrói.

O princípio de sustentabilidade surge, então, no contexto da globalização apontando novos rumos para o desenvolvimento econômico, questionando a racionalidade e os paradigmas teóricos que fomentaram e legitimaram o crescimento econômico com base na negação da natureza (LEFF, 2001), o que terminou por desencadear a crise ambiental mundial. Nesta perspectiva, a sustentabilidade ecológica é o princípio de uma nova ordem econômica e, portanto, territorial, necessária a um crescimento duradouro e como condição para a sobrevivência humana e existência da vida, baseados nas potencialidades ecossistêmicas e no manejo prudente dos recursos naturais.

Assim, “O ambiente emerge como um saber reintegrador da diversidade, de novos valores éticos e estéticos e dos potenciais sinergéticos gerados pela articulação de processos ecológicos, tecnológicos e culturais” (LEFF, 2001, p. 17). Inicia, com isto, um processo de elaboração de novos padrões de produção e de estilo de vida baseados nas potencialidades ecológicas locais de cada região valorizando a diversidade étnica e na participação da população no processo de gestão dos recursos. Para Leff (2001), a sustentabilidade vem ecologizar a economia eliminando a contradição moderna entre economia e ecologia, por meio de um projeto que visa erradicar a pobreza, satisfazendo as necessidades básicas e melhorando a qualidade de vida da população.

No Plano Diretor de Estrela do Sul, assume-se, portanto, a questão ambiental atrelada aos princípios de conservação urbana, pois esta se estabelece a partir da necessidade de conservar, preservar e recuperar o meio ambiente garantindo a existência da vida.

2. Estrela do Sul: estagnação econômica, fragmentação urbana e degradação ambiental

Os problemas que afetam o município de Estrela do Sul, não diferem muito da realidade dos pequenos municípios do país. Apesar de ter a economia baseada nas atividades de agricultura e pecuária, a maior parte da população é urbana e com baixo nível de renda2. Devido à fraca dinâmica econômica, os estabelecimentos de comércio e serviços existentes são de pequeno porte e de caráter local, se localizando em alguns núcleos e

2Segundo dados do Censo IBGE 2000, 70% da população do município é urbana, com a renda concentrada

na faixa de 0 a 2 salários mínimos, sendo praticamente insignificante a faixa de renda de mais de 10 salários mínimos.

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em áreas lindeiras ao sistema viário principal e no entorno de algumas praças. De uma maneira geral, a população sofre com a falta de equipamentos urbanos, especialmente de cultura, lazer e educação.

Os impactos ambientais resultantes da ação antrópica estão principalmente associados à poluição das águas (superficiais e subterrâneas) e do solo: a disposição inadequada dos resíduos sólidos, o manejo inapropriado do cemitério, o uso de agroquímicos, a ocupação das margens dos cursos d’água, a contaminação das águas do Rio Bagagem pelas cidades que se localizam a montante e a falta de tratamento de esgoto. Em algumas áreas se verifica riscos de inundação, escorregamento e erosão. A produção agrícola e mineração (de pequena escala), por sua vez, são responsáveis também pela redução de cobertura vegetal natural (devido ao desmatamento) e pelo assoreamento do rio e a deposição inadequada de resíduos sólidos em bota-foras irregulares.

Os poucos equipamentos públicos existentes – escolas, hospital, a Câmara Municipal, a Prefeitura, creches, quadras poli-esportivas, praças, dentre outros – se concentram no Distrito Sede e em Santa Rita, o que dificulta o acesso dos mesmos à toda população. Dessa forma, os demais distritos se encontram numa posição desprivilegiada e pode-se dizer que vivem na condição de periferia, já que estão distantes e desconectados da estrutura urbana principal do município.

Há que se destacar, no entanto, que a estagnação econômica favoreceu a preservação do patrimônio edificado e das características rurais da paisagem, marcada pela presença do rio e das montanhas da região. Os distritos Sede e Santa Rita concentram o acervo arquitetônico e urbanístico mais significativo do município que se encontra, na sua maioria, em processo de degradação ou em total abandono por seus proprietários. Contudo, esses distritos preservam a morfologia básica de seu traçado oitocentista e poucos acréscimos foram feitos à malha original, apesar de que, algumas delas, ocorreram sem consideração à paisagem ambiental e funcionam como elementos de descaracterização da ambiência do lugar.

O Plano Diretor Participativo de Estrela do Sul buscou, portanto, apresentar possíveis caminhos de superação da problemática apresentada: os problemas ambientais; a estagnação econômica; a desarticulação social, econômica e cultural; a descontinuidade e fragmentação espacial; a falta e o acesso às infraestruturas. Para isso, partiu-se do princípio de que a cidade dispõe de recursos naturais e bens históricos que podem ser potencializados por meio de ações de incentivo e desenvolvimento do turismo ecológico e rural, e que pode dar a ela um protagonismo no roteiro de cidades históricas de Minas Gerais.

Nesta perspectiva, o Plano teve como diretrizes: a redefinição da área do perímetro urbano do Distrito Sede e Distrito de Santa Rita e a determinação dos perímetros urbanos dos demais distritos; a proposição de programas de formação profissional, direcionados às vocações de cada distrito e de diretrizes e ações para as questões culturais,

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3. A formulação dos Cenários Ambientais para Estrela do Sul

Para a geração das propostas de ação do Plano Diretor Participativo de Estrela do Sul foi utilizado a metodologia de criação de cenários futuros. De acordo com Franco (2000) , esse é um método de projeto que se aplica a qualquer mosaico paisagístico, com abordagem ligada à estrutura, função e mudança, e devem atender aos ideais de concentração, conexão e conservação, para, a partir daí, se pensar a melhor forma de se adequar ao uso do solo as condições ecossistêmicas. É, portanto, um método que parte de cenários ambientais existentes e busca soluções para uma determinada problemática por meio da projeção de uma situação futura. Dessa forma, a leitura ambiental prévia, detalhada, é de fundamental importância para a identificação dos cenários existentes, pois é a partir dela que se é possível problematizar a respeito das condições ambientais de um lugar.

A elaboração dos diversos cenários teve como princípio norteador o (re)ordenamento territorial sob a ótica da sustentabilidade, em sua perspectiva cultural e ambiental. Isso requereu, seguindo Zancheti (2000), a identificação: das áreas que necessitam de pequenas alterações no sentido de melhor se adequar às velhas e/ou novas funções; dos espaços transitórios que deverão passar por processos de transformação de vários dos seus elementos para melhor se adequarem aos usos propostos; dos espaços de grande valor ambiental, destinando-lhes uso adequado para preservá-los para as gerações futuras; das redes como estratégia de organização espacial e como principal meio de direcionar, com critérios de maior equidade social, os processos de provimento de infraestruturas e serviços urbanos.

Buscou-se desenvolver uma concepção de desenvolvimento ambiental e econômico equilibrado, com o intuito de reduzir as taxas de desigualdade social e de superar as dificuldades impostas pelo modelo econômico moderno, concentrador de poder e excludente. E, para a constituição de um projeto do desenvolvimento local, foram explorados ainda os conceitos de mobilidade e redes e de ecoturismo.

Com base na diversidade dos lugares urbanos e das unidades ambientais significantes do município, em termos de valores da natureza, cultura e história, a estrutura espacial proposta é constituída pelos elementos do ambiente natural - hidrografia, cobertura vegetal e solo -, e do ambiente construído - paisagem urbana, patrimônio histórico-cultural e formas de uso do solo.

A partir do diagnóstico elaborado, considerando as potencialidades e tendências do município, foi proposta uma divisão territorial e a identificação dos problemas urbanos a serem enfrentados a médio e longo prazo pelo município, bem como pelo direcionamento e desenvolvimento econômico sustentável pretendido para os diversos distritos, tendo como objetivos específicos: a regulação da ocupação do solo, controlando o adensamento em áreas sem infra-estrutura e equipamentos públicos ou comunitários; a qualificação, a indução e a restrição dos usos em cada área da cidade; a definição das áreas destinadas à criação de unidades de conservação e/ou parques urbanos; a preservação, a recuperação e a sustentação das áreas de interesse histórico e ambiental; a urbanização e a qualificação da infra-estrutura e a habitabilidade nas áreas de risco e ocupação precária.

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Assim, a divisão territorial foi feita a partir da idéia de paisagem como cenário, tratando cada cenário como “unidade de estudo, definidos tanto nas áreas de ambiente natural quanto de ambiente construído. A partir dos critérios de: significado histórico-cultural; potencial turístico; importância ambiental; uso e ocupação do solo; interesse social e desenvolvimento econômico do Município de Estrela do Sul, e buscando contemplar todos os níveis que caracterizam a dinâmica urbana, foram definidos os cenários de: Preservação, Recuperação e Conservação Ambiental; Identidade Cultural; Turismo;

Adensamento Urbano; Inclusão Social; Mobilidade Urbana Sustentável e

Desenvolvimento Econômico Sustentável, que resultaram no cenário síntese, Histórico-Ambiental.

Cabe destacar que a preocupação não foi de definir pontos específicos de intervenção, mas as áreas que deveriam ser objeto de ações para alcançar os diferentes objetivos. O Cenário de Preservação, Recuperação e Conservação Ambiental é formado pelos elementos de hidrografia e de vegetação, tanto as Áreas de Preservação Permanente – APP’s, como também as áreas verdes existentes no tecido urbano.

A rede hídrica do município foi tratada como elemento estruturador do território e é formada pelo Rio Bagagem, córregos e cursos d’água dentro e fora da malha urbana, integrantes da Bacia do Rio Paranaíba.

A vegetação do município é constituída por elementos de: Cerrado (o ecossistema característico do Triângulo Mineiro), Veredas e Floresta Estacional Semidecidual, e também pela arborização urbana.

O Cerrado, durante muito tempo, foi considerado terra de pouca fertilidade, apropriada apenas para algumas culturas agrícolas e a criação de gado. No entanto, atualmente se reconhece a importância desse ecossistema como depositário de grande diversidade de fauna e flora, sendo que no seu interior encontra-se uma variedade significativa de comunidades e formas de vegetação de estruturas diferentes do Cerrado típico, com a presença de campos, Matas Ciliares ou Galerias às margens dos cursos d’água é também de Veredas.

As Veredas são uma formação campestre localizada em vales suaves, com surgência do lençol freático na superfície do solo, sem demarcação de uma drenagem definida. É dominada por elementos vegetais graminosos, e destacada pela presença do buriti (uma palmeira arbórea, de ocorrência exclusiva nessas formações). Por estarem ligadas às nascentes de pequenos corpos d’água, são incluídas nas Áreas de Preservação Permanente (APP), definidas por legislação federal.

Ao contrário das Veredas, a Floresta Estacional Semidecidual são formações florestais exuberantes, com árvores de até 30m de altura, localizadas nas encostas e nos fundos dos vales. Na escala do mapeamento realizado, essas formações incluem, além da

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possa abrigar um turismo histórico e rural, capaz de criar uma nova base econômica e garantir novas perspectivas de vida para seus habitantes.

O termo infra-estrutura verde aqui é usado segundo a definição de Pellegrino et al. (2006, p. 60) e se refere a um sistema de espaços livres que desempenham funções que vão muito além das visões eminentemente estéticas ou funcionalistas comumente a eles relacionados, ou seja, de circulação, contemplação e recreação. Refere-se, portanto, às novas abordagens que visam conciliar a manutenção de fragmentos de vegetação ou de ecossistemas naturais e a ocupação humana, garantindo a sustentabilidade urbana e a manutenção da biodiversidade nas cidades.

As áreas que compõem esse Cenário são, portanto, as localizadas nas: marginais ao longo do Rio Bagagem, córregos, lagos ou reservatórios de água naturais ou artificiais e nascentes, ainda que intermitentes; nos morros, regiões escarpadas, chapadas e nos parques propostos. Elas foram tratadas com fim de exercerem a função de conservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, além de funcionarem como instrumentos de interesse sócio-cultural e de indução a sustentabilidade ambiental.

O Cenário de Preservação, Recuperação e Conservação Ambiental estrutura-se em três faixas consecutivas:

Figura nº01 - Cenário de Preservação, Recuperação e Conservação Ambiental I – Núcleo: faixas de, no mínimo, 80 metros de largura nas margens do Rio Bagagem e de, no mínimo, 50 metros de largura nas margens dos córregos e nascentes. Com a função de conservar o meio ambiente existente, nessa área, a natureza deverá permanecer intacta, não se tolerando quaisquer alterações humanas, representando o mais alto grau de preservação.

O objetivo dessa faixa é, portanto, a recuperação das áreas de fundo de vale, o controle das erosões e a recuperação da mata ciliar através do plantio de espécies nativas, a despoluição dos recursos hídricos ou através da regeneração natural. Considera-se essa faixa essencial, tanto para a sobrevivência de espécies da fauna, flora e biota regionais consideradas vulneráveis, endêmicas ou ameaçadas de extinção, bem como para biótopos raros de significados regionais e nacionais.

São permitidas atividades submetidas ao uso controlado e limitado a

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lineares, a manutenção dos remanescentes florísticos e a garimpagem de subsistência (no curso do Rio Bagagem);

II – Preservação: faixas contíguas ao Núcleo de, no mínimo, 50 metros, para proteção dos ecossistemas, dos recursos genéticos e monitoramento ambiental, que promovem a conexão do meio natural e do meio urbano de modo controlado, com o mínimo impacto humano.

O objetivo dessas áreas é promover a proteção do Núcleo, a recuperação do meio ambiente existente e a requalificação das áreas urbanas consolidadas, por meio da adequação dos espaços com a elaboração de normas específicas de uso e ocupação a serem definidas no Plano Municipal de Preservação Ambiental.

Nestas faixas é permitida a instalação de equipamentos que favoreçam o uso recreativo, educacional e de lazer, implantados de forma controlada, privilegiando o adensamento da cobertura vegetal, a permeabilidade do solo e o controle dos recursos hídricos.

III – Transição: áreas de manutenção do meio ambiente, que promovem a passagem entre os meios naturais e urbanos.

Com o propósito de minimizar os impactos negativos provocados pela infra-estrutura e adensamento urbano, o uso dessas áreas deverá ser regulamentado por normas e restrições específicas para as atividades humanas no tecido urbano existente, como o controle do uso e as taxas de ocupação do solo, a normatização no plantio da vegetação, o controle de poluentes, o tratamento de efluentes, o tratamento, disposição e reciclagem de resíduos, a redução do consumo de energia e água, o monitoramento da água pluvial, entre outros.

O Cenário de Identidade Cultural é composto pelas áreas de Conservação e de Transformação existentes, tanto do meio ambiente natural quanto do ambiente construído.

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de um modo sustentável, para a satisfação das necessidades atuais, garantindo a manutenção da riqueza ambiental urbana existente (ZANCHETTI, 2000). Dessa forma, as intervenções urbanas devem garantir a formação de uma imagem urbana em que se valorizam as especificidades da cultura local, manifestada por meio dos recursos patrimoniais, destacando-se os que apresentam valor de antiguidade.

A paisagem urbana se estrutura por elementos do meio físico natural e construído, resultado da ação humana e cultura local cujas características configuram sua história, sendo aspecto essencial da identidade cultural do município. Em Estrela do Sul, essa paisagem é marcada por um conjunto arquitetônico e urbanístico significativo, típico de cidades históricas do século XVIII, com formação urbana representativa dos arraiais de mineração.

O ambiente construído foi tratado com o objetivo de promover a distribuição espacial equilibrada dos usos e atividades urbanas, como meio de garantir os múltiplos usos em todos os distritos e possibilitar o maior acesso à população. Através da criação de novas centralidades, com o estímulo das atividades econômicas de comércio e serviço adequadas à infra-estrutura existente, espera-se contribuir para o desenvolvimento de cada local e, conseqüentemente, reduzir os deslocamentos. Espera-se, ainda, regular as atividades incômodas e/ou prejudiciais e implantar empreendimentos de impacto socioeconômico e urbanístico.

Com base nesses pressupostos, para o Município de Estrela do Sul foram definidas: a) Áreas de Conservação: as áreas do tecido urbano que já possuem uma certa uniformidade das tipologias de edificação e um traçado urbano consolidado, que necessitem, porém, de ações de reparação, melhoria e conservação. Elas compreendem as áreas/regiões onde estão os bens materiais e imateriais de interesse histórico-cultural. Para essas áreas, as diretrizes de ação compreendem: o levantamento, a identificação e o inventário dos bens culturais (materiais ou imateriais); a requalificação ou o restauro dos bens materiais móveis e imóveis, em sua maioria em estado de degradação; a requalificação do entorno, dando-se prioridade inicial aos bens tombados.

b) Áreas de Transformação: as novas áreas de interesse histórico-cultural existentes no tecido urbano ou nas áreas de expansão, que podem, inclusive, serem implantadas em áreas/edificações requalificadas e restauradas.

Elas compreendem as: (a) Áreas de Reabilitação, propícias à criação de novas áreas de interesse histórico-cultural, como bibliotecas, cinemas, igrejas, praças, centros comunitários, museus, centros culturais etc., prioritariamente dentro do tecido urbano consolidado; (b) Áreas de Capacitação e Promoção: criação de centros de capacitação de mão-de-obra, como oficinas, centros comunitários, escolas de restauro, cursos profissionalizantes, cooperativas etc. Elas visam desenvolver trabalhos de requalificação nas áreas de interesse histórico-cultural, e promover a divulgação e o resgate da identidade cultural local.

Dessa forma, o que se buscou foi a formação de um cenário final que promovesse a valorização da identidade cultural, com ações diferenciadas para cada ponto do território. Nos diversos distritos foram definidos os diversos núcleos de intervenção, de acordo com suas características: núcleos de requalificação (locais onde concentram maior acervo de

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