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Comportamento de Paineis de vidro Laminado ´ a Ac¸ ` ao˜ de Explosoes - Gerac¸ ˜ ao de Curvas Press ˜ ao-Impulso ˜ (P-I)

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Academic year: 2023

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Comportamento de Pain ´eis de vidro Laminado `a Ac¸ ˜ao de Explos ˜ oes - Gerac¸ ˜ao de Curvas Press ˜ao-Impulso

(P-I)

Tiago Alves Mendes de Oliveira

Dissertac¸ ˜ao para a obtenc¸ ˜ao do grau de mestre em

Engenharia Militar

Orientadores: Professor Doutor Corneliu Cismasiu Tenente-Coronel de Engenharia Pedro Jos ´e da Silva Gonc¸alves Matias

Jur´ı

Presidente:

Orientador:

Vogais:

Professora Doutora Paula Manuela dos Santos Lopes do Rego Figueiredo Professor Doutor Corneliu Cismasiu

Professor Doutor Hugo Miguel Bento Rebelo

Tenente-Coronel de Engenharia Jo ˜ao Carlos Martins Rei

Novembro de 2022

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Declarac¸ ˜ao

Declaro que o presente documento ´e um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os requisitos do C ´odigo de Conduta e Boas Pr ´aticas da Universidade de Lisboa.

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Agradecimentos

Todo este projeto, e muito longo percurso acad ´emico, nunca seriam poss´ıveis sem a ajuda, orientac¸ ˜ao e apoio de in ´umeras pessoas, familiares, amigas e camaradas que aqui vou tentar fazer justic¸a de- monstrando a minha imensa gratid ˜ao para com estes.

Primeiramente quero deixar um profundo agradecimento aos meus orientadores desta dissertac¸ ˜ao.

Ao Professor Doutor Corneliu Cismasiu que nunca me recusou uma reuni ˜ao, ou deixou de tirar uma d ´uvida, ou de responder a um email. Ajudou-me tamb ´em a perceber muitos dos conceitos abordados nesta dissertac¸ ˜ao. Transmito tamb ´em um agradecimento igualmente importante ao Tenente-Coronel de Engenharia Pedro Matias que ´e a raz ˜ao pela qual tive a oportunidade de trabalhar neste projeto e de fazer a campanha experimental em escala real, sendo a primeira vez que um aluno da academia integrado neste projeto teve a oportunidade de o fazer.

Um grande agradecimento ao Capit ˜ao de Engenharia Matos, `a Primeiro-Sargento Andreia Silva e `a Primeiro-Cabo Dinis que me acompanharam e ajudaram durante a campanha de ensaios experimentais e sem os quais esta nunca teria sido poss´ıvel.

Aos militares do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) que estiveram empenhados na campa- nha experimental e que operaram e forneceram os equipamentos que permitiram realizar a mesma.

A empresa CORIFA, Lda que montou e fabricou o´ setupexperimental que permitiu a realizac¸ ˜ao dos ensaios, assim como auxiliou na montagem do sistema e operac¸ ˜ao do equipamento, que permitiu a realizac¸ ˜ao dos ensaios em seguranc¸a.

Aos meus camaradas e amigos que sempre me apoiaram em tudo, n ˜ao s ´o neste momento desafi- ante, mas tamb ´em durante todos estes seis longos anos de Academia Militar.

Aos meus pais Fernando e Maria Gabriela Oliveira, ao meu irm ˜ao e melhor amigo, desde que me lembro, Andr ´e Oliveira, e restantes familiares, agradec¸o o apoio e confianc¸a depositada em mim.

Por fim, mas n ˜ao menos importante, um muito especial agradecimento `a minha querida Nelya, pela paci ˆencia e dedicac¸ ˜ao que sempre mostrou para comigo, pela compreens ˜ao da minha aus ˆencia ao longo destes seis anos, sem nunca deixar de me apoiar e de estar presente quando eu mais precisava.

Muito obrigado por tudo.

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Resumo

Os engenhos explosivos, e as explos ˜oes em geral, s ˜ao dos maiores perigos quer em ataques proposi- tados, como o caso do terrorismo, quer em casos de explos ˜oes acidentais. Os elementos envidrac¸ados dos edif´ıcios s ˜ao uma das maiores ameac¸as para os ocupantes dos mesmos na ocorr ˆencia de um evento explosivo. Podem originar estilhac¸os, que aumentam a percentagem de v´ıtimas por ferimentos ou at ´e mesmo, a morte. Sendo este material cada vez mais utilizado na arquitetura moderna, ´e de extrema import ˆancia o estudo e preparac¸ ˜ao das fachadas para suportarem este tipo de fen ´omeno.

Nesta dissertac¸ ˜ao, foi estudado o comportamento de pain ´eis de vidro laminado, quando sujeitos `a ac¸ ˜ao de uma explos ˜ao. Esta an ´alise foi efetuada atrav ´es da simulac¸ ˜ao num ´erica no software LS-Dyna, com consequente validac¸ ˜ao atrav ´es de ensaios experimentais baseados em trabalhos j ´a realizados.

Para verificar esses resultados, foi realizada tamb ´em uma campanha experimental `a escala real. Con- tudo, as medic¸ ˜oes conseguidas nesses ensaios n ˜ao foram suficientemente conclusivas para permitir validar as estimativas num ´ericas.

Atrav ´es do modelo de elementos finitos, foi poss´ıvel gerar diagramas de Press ˜ao-Impulso (P-I) para o crit ´erio de rotura definido, que ser ˜ao ´uteis no dimensionamento e previs ˜ao de danos que uma ac¸ ˜ao explosiva pode causar nas fachadas de vidro laminado de uma estrutura.

Os diagramas Press ˜ao-Impulso foram gerados com sucesso. No entanto, ´e importante estender a campanha de ensaios experimentais para que seja poss´ıvel comparar estes resultados num ´ericos com os resultados reais.

Palavras-chave: Explos ˜ao; Vidro laminado; Elementos finitos; Diagramas Press ˜ao-Impulso

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Abstract

Explosive devices and explosions in general are among the greatest dangers either in deliberate at- tacks, such as terrorism, or in cases of accidental explosions. Glazed building elements are a major threat to building occupants in the event of an explosive event. They can cause shrapnel, which in- creases the percentage of victims through injury or even death. As this material is increasingly used in modern architecture, it is extremely important to study and prepare buildingd to withstand this type of phenomenon.

In this dissertation, the behaviour of laminated glass panels, when subjected to the action of an explosion, was studied. This analysis was performed through numerical simulation in the LS-Dyna software with subsequent validation through experimental tests based on previous studies. To verify these results a full-scale experimental campaign was also carried out. However, the measurements obtained from these tests were not conclusive enough to validate the numerical estimates.

Through the finite element model it was possible to generate Pressure-Impulse diagrams for the defined failure criterion, which can be useful in the design and damage prediction, which an explosive action can cause in the laminated glass fac¸ades of a structure.

Pressure-Impulse diagrams were successfully generated. However, it is important to extend the experimental testing campaign, in order to be able to compare these numerical results with the real results.

keywords: Explosion; Laminated glass; Finite Elements; Pressure-Impulse Diagrams

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Conte ´ udo

Lista de Figuras xii

Lista de Tabelas xv

Siglas xvii

1 Introduc¸ ˜ao 1

1.1 Enquadramento e Motivac¸ ˜ao . . . 1

1.2 Objetivos e Metodologia . . . 4

1.3 Organizac¸ ˜ao da Dissertac¸ ˜ao . . . 4

2 Ac¸ ˜ao e Efeitos da Explos ˜ao 5 2.1 Definic¸ ˜ao de Explos ˜ao . . . 5

2.2 Classificac¸ ˜ao de Explos ˜oes . . . 5

2.2.1 Explos ˜oes n ˜ao confinadas . . . 6

2.2.2 Explos ˜oes confinadas . . . 7

2.3 Caracterizac¸ ˜ao da Onda de Choque . . . 7

2.3.1 Reflex ˜ao da onda de choque . . . 11

2.3.2 Interac¸ ˜ao da onda de choque com uma estrutura . . . 14

2.4 Resposta Estrutural . . . 16

2.5 Equival ˆencia em TNT . . . 18

3 Caracterizac¸ ˜ao dos Pain ´eis de Vidro 21 3.1 Tipo de Vidro e Processo de Fabrico . . . 21

3.1.1 Processo Float e Vidro Recozido . . . 22

3.1.2 Vidro Temperado . . . 23

3.1.3 Vidro Termo-Endurecido . . . 25

3.1.4 Vidro Laminado . . . 25

3.2 Propriedades e Componentes do Vidro Laminado . . . 28

3.2.1 L ˆaminas de Vidro . . . 28

Propriedades F´ısicas e Mec ˆanicas . . . 28

Propriedades T ´ermicas . . . 30

3.2.2 Camada Interm ´edia (PVB) . . . 30

4 An ´alise Estrutural do Comportamento do Vidro Laminado Sujeito a uma Explos ˜ao 33 4.1 T ´ecnicas de An ´alise Estrutural de Pain ´eis de Vidro Sujeitos a Explos ˜oes . . . 33

4.1.1 Sistemas de Um Grau de Liberdade . . . 33

4.1.2 M ´etodo de Elementos Finitos . . . 34

4.2 Sofware Utilizado na Modelac¸ ˜ao . . . 34

4.2.1 LS-PrePost . . . 34

(12)

4.2.2 LS-Dyna . . . 35

4.3 An ´alise Num ´erica de Pain ´eis de Vidro Laminado . . . 35

4.3.1 Modelos com elementos s ´olidos . . . 35

4.3.2 Modelos com elementos casca . . . 37

5 Programa Experimental 39 5.1 Ensaios . . . 39

5.2 SetupExperimental e Equipamentos Utilizados . . . 40

5.2.1 Estrutura de Suporte . . . 40

5.2.2 Sistema de Fixac¸ ˜ao . . . 40

5.2.3 Sensor de Press ˜ao Incidente . . . 41

5.2.4 Sensor de Press ˜ao Refletida . . . 42

5.2.5 Aceler ´ometro . . . 43

5.2.6 Material Explosivo . . . 43

5.3 Resultados Obtidos . . . 44

5.3.1 Press ˜ao Incidente e Refletida . . . 44

5.3.2 Acelerac¸ ˜ao . . . 47

5.3.3 An ´alise Visual dos Danos . . . 48

6 Caso de estudo - An ´alise Num ´erica 51 6.1 Descric¸ ˜ao do Caso de Estudo . . . 51

6.2 Caracterizac¸ ˜ao do Modelo . . . 51

6.2.1 Modelo do Painel de Vidro Laminado . . . 51

6.2.2 Chapas de Fixac¸ ˜ao . . . 54

6.2.3 Perfil SHS 200 x 8 . . . 56

6.2.4 Var ˜oes Roscados . . . 56

6.3 Validac¸ ˜ao do Modelo do Vidro . . . 57

6.4 An ´alise Press ˜ao-Impulso . . . 62

6.4.1 Desenvolvimento dos Diagramas Press ˜ao-Impulso . . . 63

6.4.2 Influ ˆencia do Aumento da Espessura das L ˆaminas de Vidro . . . 66

7 Considerac¸ ˜oes Finais 69 7.1 S´ıntese e Principais Conclus ˜oes . . . 69

7.2 Desenvolvimentos Futuros . . . 70

Bibliografia 70

(13)

Lista de Figuras

1.1 Oklahoma City Bombing, 1995 (adaptado de [7]) . . . 3

1.2 Zona portu ´aria de Londres, 1996 (adaptado de [7]) . . . 3

1.3 Cidade de Londres, 1992 (adaptado de [6]) . . . 3

2.1 Explos ˜ao a ´erea perfeita (adaptado de [6]) . . . 6

2.2 Explos ˜ao a ´erea pr ´oxima do solo (adaptado de [6]) . . . 6

2.3 Explos ˜ao `a superf´ıcie (adaptado de [6]) . . . 7

2.4 Explos ˜oes totalmente ventiladas, parcialmente ventiladas/confinadas e totalmente confi- nadas, respetivamente (adaptado de [6]) . . . 7

2.5 Curvas t´ıpicas de press ˜ao-dist ˆancia para sucessivos tempos depois de uma explos ˜ao (adaptado de [17]) . . . 8

2.6 Perfil idealizado para a variac¸ ˜ao de press ˜ao (adaptado de [19]) . . . 9

2.7 Idealizac¸ ˜ao da variac¸ ˜ao da press ˜ao em relac¸ ˜ao ao tempo no seguimento de uma ex- plos ˜ao (adaptado de [13]) . . . 10

2.8 Reflex ˜ao normal de uma onda de choque (adaptado de [6]) . . . 11

2.9 Curva press ˜ao-tempo para uma onda de choque que sobre uma reflex ˜ao normal (adap- tado de [6, 14]) . . . 12

2.10 Reflex ˜ao obliqua regular de uma onda de choque (adaptado de [6]) . . . 13

2.11 Coeficiente de reflex ˜ao em relac¸ ˜ao ao ˆangulo de incid ˆencia para diferentes press ˜oes (adaptado de [23]) . . . 13

2.12 Desenvolvimento da onda deMache reflex ˜ao deMach(adaptado de [6]) . . . 14

2.13 Comportamento de uma onda de choque durante a sua passagem por uma estrutura (adaptado de [24]) . . . 15

2.14 Perfis da press ˜ao atuantes na superf´ıcie frontal de uma estrutura (adaptado de [6]) . . . . 15

2.15 Representac¸ ˜ao de um diagrama Press ˜ao-Impulso (P-I) (adaptado de [25]) . . . 17

3.1 Diagrama representativo do processo de fabricofloat (adaptado de [35]) . . . 22

3.2 Padr ˜ao de rotura do vidro recozido (adaptado de [31]) . . . 23

3.3 Diagrama representativo do processo de endurecimento para obtenc¸ ˜ao de vidro tempe- rado (adaptado de [33]) . . . 23

3.4 Diferenc¸as nas tens ˜oes do vidro temperado e do vidro recozido (adaptado de [39]) . . . . 24

3.5 Padr ˜ao de rotura do vidro temperado (adaptado de [31]) . . . 24

3.6 Padr ˜ao de rotura do vidro termo-endurecido (adaptado de [33]) . . . 25

3.7 Processo de fabrico do vidro laminado com pel´ıcula PVB (adaptado de [33]). . . 26

3.8 Quatro fases do desempenho de um vidro laminado de dois pain ´eis ap ´os ocorrer uma fratura (adaptado de [39]) . . . 27

3.9 T´ıpica func¸ ˜ao de resist ˆencia do vidro laminado (adaptado de [40]) . . . 28

3.10 Curvas tens ˜ao-deformac¸ ˜ao do ac¸o, vidro e madeira (adaptado de [45]) . . . 29

(14)

4.1 Sistema de um grau de liberdade sem amortecimento (adaptado de [50]) . . . 34

4.2 Sistema de um grau de liberdade numa explos ˜ao (adaptado de [51]) . . . 34

4.3 Corte de um modelo t´ıpico de vidro laminado com elementos s ´olidos (adaptado de [61]) . 36 4.4 Corte de um modelo t´ıpico de vidro laminado a 2D (adaptado de [61]) . . . 37

4.5 Variac¸ ˜oes das tens ˜oes no vidro (adaptado de [47]) . . . 38

5.1 Setupexperimental real (esquerda) e emAutoCad(direita) . . . 40

5.2 Sistema de fixac¸ ˜ao utilizado (esquerda) e pormenor emAutocad (direita) . . . 41

5.3 Posicionamento do sensor de press ˜ao incidente . . . 42

5.4 Sensor de press ˜ao ICP® modelo 113B22 . . . 42

5.5 Localizac¸ ˜ao dos sensores de press ˜ao nosetup . . . 42

5.6 Aceler ´ometro acoplado ao painel . . . 43

5.7 M ´etodo de fixac¸ ˜ao do aceler ´ometro (adaptado de [68]) . . . 43

5.8 Carga explosiva . . . 44

5.9 Cord ˜ao detonador . . . 44

5.10 Explosorwireless. . . 44

5.11 Resultado experimental da acelerac¸ ˜ao em func¸ ˜ao do tempo com uma carga de 5kg a 9m 47 5.12 Verificac¸ ˜ao da carga necess ´aria para a rotura do vidro atrav ´es do gr ´afico press ˜ao-durac¸ ˜ao do UFC . . . 48

5.13 Ponto de converg ˆencia das fissuras obtidas no ensaio a 12 metros . . . 50

5.14 Perfil do painel com um dos vidros partidos . . . 50

5.15Setupdo ensaio completo com o geot ˆextil . . . 50

6.1 Modelo simplificado de um quarto do painel de vidro laminado . . . 52

6.2 Ilustrac¸ ˜ao do elemento casca e respetivos graus de liberdade (adaptado de [72] . . . 53

6.3 Disposic¸ ˜ao dos elementos casca do modelo . . . 54

6.4 Chapas de fixac¸ ˜ao real (esquerda) e no modelo (direita) . . . 55

6.5 Sistema de fixac¸ ˜ao no modelo (esquerda) e real (direita) . . . 57

6.6 Modelo completo . . . 57

6.7 Resultado do deslocamento m ´aximo obtido no ensaio 1 de Zhang et al. . . 60

6.8 Comparac¸ ˜ao da press ˜ao refletida obtida pelo modelo com a obtida por Hooper et al. no ensaio 3 . . . 61

6.9 Comparac¸ ˜ao dos deslocamentos obtidos no teste 2 de Hooper et al. com o obtido pelo MEF . . . 61

6.10 Retas utilizadas para gerar o diagrama P-I . . . 63

6.11 Modelo num ´erico com a casca do vidro intacta (esquerda) e partida (direita) . . . 64

6.12 Ilustrac¸ ˜ao da resist ˆencia `a rotura da segunda l ˆamina (adaptado de [48]) . . . 65

6.13 Diagrama press ˜ao-impulso para um painel de vidro laminado temperado 2x1 metros . . 65

6.14 Diagramas P-I obtido comparado com o UFC 3-340-02 . . . 66

6.15 Comparac¸ ˜ao dos diagramas P-I para doislayoutscom espessuras de vidro diferentes . . 67

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Lista de Tabelas

1.1 Ferimentos relacionados com estilhac¸os de vidro em edif´ıcios pr ´oximos aoGround Zero

(adaptado de [8]) . . . 2

1.2 Ferimentos causados por vidro num raio de 300 metros (adaptado de [8]) . . . 3

2.1 Coeficiente de arrasto a ser usado para edif´ıcios (adaptado de [6]) . . . 16

2.2 Identificac¸ ˜ao dos tipos de regime de resposta (adaptado de [6]) . . . 17

2.3 Fatores de equival ˆencia em TNT baseado na energia especifica, (adaptado de [13]) . . . 18

2.4 Fatores de equival ˆencia em TNT baseados na press ˜ao e impulso (adaptado de [29]) . . . 19

3.1 Composic¸ ˜ao qu´ımica do vidro s ´odico-c ´alcico (adaptado de [33]) . . . 22

3.2 Propriedades mec ˆanicas do vidro comparadas com o ac¸o, madeira e bet ˜ao (adaptado de [44]) . . . 29

3.3 Propriedades do PVB (adaptado de [19, 48]) . . . 31

4.1 Propriedades mec ˆanicas estabelecidas no modelo de Esmali et al. [7] . . . 36

5.1 Condic¸ ˜oes de cada ensaio realizado . . . 39

5.2 Caracter´ısticas do sensor de press ˜ao ICP® modelo 137B24B [66] . . . 41

5.3 Caracter´ısticas do sensor de press ˜ao ICP® modelo 113B24 [67] . . . 43

5.4 Caracter´ısticas do aceler ´ometro ICP® modelo 350D02 [68] . . . 43

5.5 Par ˆametros da equac¸ ˜ao de Friedlander para a press ˜ao incidente . . . 45

5.6 Par ˆametros da equac¸ ˜ao de Friedlander para a press ˜ao refletida . . . 45

5.7 Press ˜oes e impulsos incidentes registados e estimativas de K&B . . . 45

5.8 Press ˜oes e impulsos refletidos registados e estimativas do K&B . . . 46

5.9 M ´etodos de verificac¸ ˜ao da coer ˆencia dos resultados . . . 46

5.10 Valores da acelerac¸ ˜ao m ´axima . . . 47

5.11 Resumo dos danos observados nos ensaios . . . 49

6.1 Propriedades mec ˆanicas utilizadas na modelac¸ ˜ao do vidro. . . 52

6.2 Propriedades mec ˆanicas utilizadas na modelac¸ ˜ao do PVB [47] . . . 53

6.3 Constantes do modelo de Johnson-Cook utilizadas [47, 74] . . . 54

6.4 Propriedades inseridas no material (MAT 003 PLASTIC KINEMATIC) . . . 55

6.5 Par ˆametros de de Cowper Symonds Inseridos no material (MAT 003 PLASTIC KINEMATIC) [74] . . . 55

6.6 Propriedades inseridas no material (MAT 020 RIGID) . . . 56

6.7 Propriedades inseridas no material (MAT 100 SPOTWELD) . . . 56

6.8 Resumo das condic¸ ˜oes dos ensaios de Hooper et al. [47] . . . 58

6.9 Resumo da condic¸ ˜oes de ensaio de Zhang et al. [46] . . . 58

6.10 Valores para realizar a simplificac¸ ˜ao triangular nos ensaios de Hooper et al. [47] . . . 58

(16)

6.11 Valores para realizar a simplificac¸ ˜ao triangular nos ensaios de Zhang et al. [46] . . . 58 6.12 Forc¸as a carregar em cada n ´o para cada ensaio . . . 59 6.13 Comparac¸ ˜ao dos deslocamentos para validac¸ ˜ao do modelo . . . 59

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Siglas

3D 3 Dimens ˜oes.

AC Antes de Cristo.

ANFO Ammonium Nitrate-Fuel Oil (Nitrato de Am ´onio- ´Oleo Combust´ıvel).

CCPI Centro de Compet ˆencias para a Protec¸ ˜ao de Infraestruturas.

CMSM Campo Militar de Santa Margarida.

EUA Estados Unidos da Am ´erica.

HBX High Blast Explosive(Explosivo de alta explos ˜ao).

HMX ciclotetrametileno-tetranitramina.

I&D Investigac¸ ˜ao e Desenvolvimento.

ISIL Islamic State of Iraq and the Levant (Estado Isl ˆamico do Iraque e do Levante).

K&B Kingery & Bulmash.

LLNL Lawrence Livermore National Laboratory.

MEF M ´etodo de Elementos Finitos.

OSDH Oklahoma State Department of Health(Departamento de Sa ´ude do Estado de Oklahoma).

P-I Press ˜ao-Impulso.

PETN Tetranitrato de Pentaeritritol.

PVB Polivinil Butiral.

RDX Ciclotrimetilenotrinitramina.

SDOF Single Degree of Freedom(Um Grau de liberdade).

TNT Trinitrotolueno.

UFC Unified Facilities Criteria.

UV Ultravioleta.

(18)
(19)

Cap´ıtulo 1

Introduc¸ ˜ao

1.1 Enquadramento e Motivac¸ ˜ao

Desde os antigos castelos medievais `as fortificac¸ ˜oes modernas, um dos principais pap ´eis da construc¸ ˜ao, em qualquer momento de hist ´oria, foi e continua a ser a defesa. Na sociedade atual, existe um maior crescimento de atividades terroristas e explos ˜oes acidentais, pelo que os edif´ıcios civis de grandes dimens ˜oes, que podem aglomerar um grande n ´umero de pessoas, como: escrit ´orios, aeroportos ou locais de culto, t ˆem de ser projetados para nos proteger de diversos acontecimentos.

No caso da atividade terrorista, a ordem de magnitude destes ataques tem vindo a aumentar com o passar do tempo. Nos anos 70 os ataques mais violentos causavam baixas na casa das dezenas, enquanto que no in´ıcio deste s ´eculo, a 11 de Setembro de 2001, um s ´o ataque causou baixas na casa dos milhares, e custou milhares de milh ˜oes em bens materiais [1].

Os ataques est ˜ao a aumentar em n´ıvel de sofisticac¸ ˜ao, dimens ˜ao e frequ ˆencia e a prova disso est ´a no aumento de ataques registados. Na d ´ecada de 70, foram registados 9 840 atentados terroristas em todo o mundo, enquanto que entre 2002 e 2013 foram registados 72 185 ataques, que resultaram em quase 170 000 v´ıtimas mortais.[1, 2].

Na Europa, o n ´umero de mortes causadas desde 2019 tem vindo a diminuir, tendo sido regista- das 200 fatalidades nesse mesmo ano e apenas 62 no ano seguinte, segundo o Global Terrorism Index 2019 [3]. No entanto, estes indicadores n ˜ao s ˜ao garantia de uma tend ˆencia decrescente. Este decr ´escimo est ´a associado, em parte, `a queda do Estado Isl ˆamico do Iraque e do Levante (do ingl ˆes Islamic State of Iraq and the Levant (ISIL)) na S´ıria e no Iraque, n ˜ao tendo sido atribu´ıdas a este grupo nenhuma fatalidade na Europa em 2018. [3].

Entre 1990 a 1995, apenas nos Estados Unidos da Am ´erica (EUA), houveram cerca de 15 700 incidentes de ataques bombistas criminosos que resultaram em mais de 650 milh ˜oes de d ´olares em danos, 355 v´ıtimas mortais e 3 176 feridos [4].

O terrorismo costuma causar, para al ´em das vidas humanas, danos econ ´omicos significativos. ´E estimado que apenas no ano de 2018 o terrorismo custou 33 mil milh ˜oes de d ´olares `a economia mun- dial. No decorrer dos 18 anos compreendidos entre 2000 a 2018 este valor transforma-se em 855 mil milh ˜oes de d ´olares. O ano de 2014 ´e considerado como sendo o pico do terrorismo mundial, com 33 555 v´ıtimas mortais e 111 mil milh ˜oes de d ´olares em danos e impacto econ ´omico. Um exemplo de como estes ataques podem afetar economicamente um pa´ıs ´e o caso de Espanha, onde se estima que entre 1970 e 1988 cada atentado terrorista tenha custado ao pa´ıs uma m ´edia de 140 000 turistas a menos no pa´ıs [5].

Nestes ataques a perda de vidas e danos materiais ´e inevit ´avel, no entanto, todos os esforc¸os t ˆem de ser feitos para que esta seja minimizada o m ´aximo poss´ıvel. Para isso, ´e preciso consciencializar que as principais ameac¸as para as pessoas e bens, quando se d ´a uma explos ˜ao, prov ˆem de:

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• Proj ´eteis - como vidros, portas e alguns pormenores arquitet ´onicos;

• Onda de choque - pode causar ferimentos a ´org ˜aos ou membros;

• Colapso localizado da estrutura - quando se verifica uma falha localizada nos elementos estrutu- rais do edif´ıcio;

• Colapso total da estrutura - quando um incidente localizado causa um mecanismo de colapso estrutural progressivo, o que leva `a completa destruic¸ ˜ao do edif´ıcio [6].

A principal ameac¸a, ap ´os a chegada da onda de choque, s ˜ao os fragmentos provenientes dos pain ´eis de vidro ou dos sistemas de envidrac¸amento [7]. Em 1995, um carro bomba detonou num edif´ıcio federal na cidade de Oklahoma nos EUA, num ataque que ficou conhecido como Oklahoma City Bombing. Neste ataque, o explosivo detonou a cerca de 5 metros da fachada norte do edif´ıcio e causou 168 fatalidades tornando-se, assim, no maior atentado terrorista em solo americano na altura [6]. Ap ´os a explos ˜ao, foram reportados vidros partidos at ´e um raio de 10 quarteir ˜oes, em que 362 das 426 pessoas hospitalizadas tinham ferimentos causados por estilhac¸os de vidro [7]. O Departamento de Sa ´ude do Estado de Oklahoma (do ingl ˆesOklahoma State Department of Health(OSDH)), entrevistou 445 sobreviventes que se encontravam nas proximidades do edif´ıcio atingido diretamente pelo carro bomba. Foram identificados 673 sobreviventes, aos quais foi realizado um levantamento da quantidade de feridos causados pelos estilhac¸os de vidro em comparac¸ ˜ao com o total de ferimentos causados pela explos ˜ao. A Tabela 1.1, apresenta essa relac¸ ˜ao para os ocupantes de v ´arios edif´ıcios que se encontravam em proximidade doGround Zero.

Analisando a mesa tabela pode observa-se que, na maioria dos edif´ıcios, mais de 50% dos ferimen- tos nos seus ocupantes foram causados por estilhac¸os de vidro projetados pela onda de choque da explos ˜ao.

Tabela 1.1: Ferimentos relacionados com estilhac¸os de vidro em edif´ıcios pr ´oximos aoGround Zero (adaptado de [8])

Edif´ıcio N ´umero total de feridos

Feridos causados por estilhac¸os de vidro

Percentagem de feridos causados por estilhac¸os

de vidro (%)

Durham Post Office 7 3 43

Water Resoureces Board 39 23 59

Athenian Restaurant 4 2 50

YMCA 81 33 41

Federal Courthouse 12 6 50

Journal Record Buildings 128 62 48

Offices and apartments 10 5 50

C.R Anthony’s 8 6 75

Regency Tower Apartments 27 8 30

AT&T Building and Metro Library 4 2 50

Southwestern Bell Building 11 5 45

A Tabela 1.2, indica as percentagens de ferimentos causados pelo vidro variam relativamente `a dist ˆancia a que as pessoas se encontravam so Ground Zero. Pode concluir-se que, o pico de percenta- gem de ferimentos provocados pelos estilhac¸os encontravam-se dentro de um raio compreendido entre os 60 e os 120 metros. Estes valores excluem os feridos oriundos do edif´ıcioAlfred P. Murrah, oGround Zero do ataque[8].

(21)

Tabela 1.2: Ferimentos causados por vidro num raio de 300 metros (adaptado de [8]) Dist ˆancia aoGround Zero(m) N ´umero de ferimentos Percentagem de ferimentos

causados pelo vidro causados pelo vidro (%)

0-60 3 1.5

60-120 109 54.5

120-180 42 21.0

180-240 17 8.5

240-300 10 5.0

>300 17 8.5

Em 1996 uma bomba foi detonada na regi ˜ao portu ´aria de Londres, no Reino Unido. O engenho con- sistia num explosivo improvisado colocado numa carrinha, o dano causado aos edif´ıcios circundantes foi m´ınimo no entanto, todos os envidrac¸ados numa raio de 50 metros ficaram danificados [6].

Na Cidade de Londres em 1992, outro carro bomba detonou numa zona bastante movimentada do setor financeiro da cidade. Com esta explos ˜ao oEuropean Bank for Reconstruction and Development, que se encontrava a cerca de 150 metros do local da explos ˜ao, sofreu danos bastante significativos nas suas fachadas de vidro. O dano sofrido por este edif´ıcio mostra a influ ˆencia que o tipo, tamanho e resist ˆencia do vidro que se utiliza tem na seguranc¸a. V ´arias fachadas de vidro recozido foram com- pletamente destru´ıdas, e os seus estilhac¸os projetados at ´e para dentro de edif´ıcios adjacentes. Os

´unicos envidrac¸ados que se mantiveram intactos foram as janelas de vidro laminado no piso t ´erreo, que tinham uma espessura de 33 mil´ımetros, e as janelas de vidro duplo, com uma espessura de 10 mil´ımetros. Tendo estas ´ultimas demonstrado apenas ligeiras fissuras [6]. Nas Figuras 1.1, 1.2 e 1.3 pode observar-se os danos causados ao vidro nos casos acima mencionados.

Figura 1.1: Oklahoma City Bombing, 1995 (adaptado de [7])

Figura 1.2: Zona portu ´aria de Londres, 1996 (adaptado de

[7]) Figura 1.3: Cidade de Londres,

1992 (adaptado de [6])

Relat ´orios deste tipo de incidentes indicam que cerca de 85% das les ˜oes em casos de explos ˜ao s ˜ao causadas pelos estilhac¸os dos vidros, que s ˜ao projetados devidos `a explos ˜ao. Isto p ˜oe os envidrac¸ados, janelas ou fachadas na linha da frente do combate a este tipo de ocorr ˆencia, evidenciando o papel importante que estas estruturas t ˆem na seguranc¸a dos edif´ıcios e dos seus ocupantes no caso de uma explos ˜ao [7].

(22)

1.2 Objetivos e Metodologia

Esta dissertac¸ ˜ao de mestrado focou-se na an ´alise de pain ´eis de vidro laminado sujeitos `a ac¸ ˜ao de explos ˜oes, com o objetivo principal de avaliar o estado atual do conhecimento. Com recurso ao desen- volvimento de modelos de an ´alise num ´erica e com apoio de uma campanha experimental, gerar curvas de Press ˜ao-Impulso que possam ser utilizadas no dimensionamento de fachadas envidrac¸adas.

A Metodologia desta dissertac¸ ˜ao tem em conta as seguintes fases:

1. Inicialmente, realizou-se o estudo do estado da arte no que diz respeito `as ac¸ ˜oes explosivas, os seus efeitos sobre as estruturas de vidro, a caracterizac¸ ˜ao dos pain ´eis de vidro e os m ´etodos de an ´alise.

2. De seguida, procedeu-se `a an ´alise dos resultados num ´ericos obtidos atrav ´es de modelos de elementos finitos validados com apoio a ensaios presentes na bibliografia.

3. Numa fase seguinte, avaliou-se o comportamento dos pain ´eis de vidro sujeitos `a ac¸ ˜ao de ex- plos ˜oes atrav ´es de uma campanha de ensaios experimentais.

4. Por fim, utilizou-se os modelos de elementos finitos realizados para gerar diagramas Press ˜ao- Impulso, que podem ser utilizados no dimensionamento de fachadas envidrac¸adas.

1.3 Organizac¸ ˜ao da Dissertac¸ ˜ao

A presente dissertac¸ ˜ao ´e constitu´ıda por sete cap´ıtulos.

No primeiro cap´ıtulo, apresenta-se a motivac¸ ˜ao que leva ao desenvolvimento desta dissertac¸ ˜ao, assim como a metodologia e organizac¸ ˜ao do mesmo.

No segundo cap´ıtulo, caracteriza-se a explos ˜ao atrav ´es da sua definic¸ ˜ao e classificac¸ ˜ao e, caracteriza- se o comportamento da onda de choque e a sua reflex ˜ao numa estrutura.

No terceiro cap´ıtulo, s ˜ao caracterizados os pain ´eis de vidro, onde s ˜ao apresentados os diferentes tipo de vidro que podem ser utilizados em construc¸ ˜ao, dando ˆenfase ao vidro laminado que ´e o objeto de estudo desta dissertac¸ ˜ao.

No quarto cap´ıtulo, descrevem-se sumariamente as t ´ecnicas de an ´alise de pain ´eis de vidro sujeitos a explos ˜oes, assim como osoftwareutilizado na modelac¸ ˜ao num ´erica. S ˜ao ainda apresentados estudos publicados na literatura, relacionados com a modelac¸ ˜ao num ´erica de elementos de vidro laminado sujeitos `a ac¸ ˜ao de explos ˜oes.

No quinto cap´ıtulo, ´e pormenorizada a campanha experimental realizada no ˆambito desta dissertac¸ ˜ao, apresentando ossetupsutilizados, o material e os resultados obtidos, assim como a interpretac¸ ˜ao feita desses mesmo resultados.

No sexto cap´ıtulo, ´e explicada a modelac¸ ˜ao num ´erica do painel de vidro e do sistema de fixac¸ ˜ao, seguida da validac¸ ˜ao do modelo atrav ´es da comparac¸ ˜ao dos resultados da modelac¸ ˜ao num ´erica e de ensaios presentes na bibliografia. Por fim, descreve-se o m ´etodo utilizado para desenvolver as curvas Press ˜ao-Impulso e, apresentam-se as obtidas deste caso de estudo.

Por ´ultimo, no s ´etimo cap´ıtulo, s ˜ao apontadas as conclus ˜oes finais desta dissertac¸ ˜ao, assim como algumas propostas para poss´ıveis trabalhos futuros.

(23)

Cap´ıtulo 2

Ac¸ ˜ao e Efeitos da Explos ˜ao

Uma explos ˜ao causada por explosivos de elevada capacidade dentro, ou muito perto de um edif´ıcio, pode ter efeitos catastr ´oficos. Podem destruir, ou seriamente danificar, partes da composic¸ ˜ao estrutural interna ou externa do edif´ıcio levando ao colapso de partes, propuls ˜ao de fragmentos provenientes das janelas e a inutilizac¸ ˜ao dos sistemas de seguranc¸a cr´ıticos, tais como: detec¸ ˜ao e supress ˜ao de inc ˆendios e outros sistemas (ventilac¸ ˜ao, ´agua, luz esgotos e eletricidade) [6].

Todos estes poss´ıveis danos s ˜ao causados pela onda de choque criada pela explos ˜ao, tornando essencial a compreens ˜ao e estudo da mesma [9].

2.1 Definic¸ ˜ao de Explos ˜ao

Uma explos ˜ao, ´e definida como um processo em que uma onda de press ˜ao de amplitude finita ´e gerada no ar devido a uma r ´apida libertac¸ ˜ao de energia [10]. O mesmo fen ´omeno, pode tamb ´em ser definido como uma s ´ubita libertac¸ ˜ao de energia [11, 12]. A fonte dessa energia pode vir de uma explos ˜ao provocada por explosivos f´ısicos, como a p ´olvora ou o Trinitrotolueno (TNT), atrav ´es de uma reac¸ ˜ao qu´ımica, ou at ´e de uma transformac¸ ˜ao nuclear [12].

Numa explos ˜ao nuclear, a energia libertada vem da formac¸ ˜ao de diferentes n ´ucleos at ´omicos pela redistribuic¸ ˜ao de prot ˜oes e neutr ˜oes dentro desses n ´ucleos, que interagem entre si [13]. Uma explos ˜ao f´ısica ocorre devido a uma s ´ubita libertac¸ ˜ao de energia mec ˆanica, como a libertac¸ ˜ao de um g ´as compri- mido [14]. Uma explos ˜ao qu´ımica, envolve a r ´apida oxigenac¸ ˜ao dos elementos combust´ıveis (carbono e ´atomos de hidrog ´enio) constituintes do explosivo. O oxig ´enio necess ´ario para a explos ˜ao tem que fazer parte do componente explosivo, de forma a que este n ˜ao necessite de ar para se dar a reac¸ ˜ao e, assim, poder-se considerar o explosivo control ´avel. Este fen ´omeno de oxidac¸ ˜ao ´e conhecido por combust ˜ao [13].

2.2 Classificac¸ ˜ao de Explos ˜ oes

As explos ˜oes podem ser divididas em dois grandes grupos, baseados no n´ıvel de confinamento das cargas explosivas: explos ˜oes confinadas e explos ˜oes n ˜ao confinadas [15].

As explos ˜oes confinadas, subdividem-se pelo grau de ventilac¸ ˜ao do local onde ocorre a explos ˜ao.

A principal diferenc¸a em relac¸ ˜ao `as explos ˜oes n ˜ao confinadas, ´e a perman ˆencia de produtos gasosos originados pela reac¸ ˜ao qu´ımica envolvida na explos ˜ao. Estes produtos, permanecendo presos dentro de um espac¸o fechado, v ˜ao exercer press ˜oes adicionais e aumentar o per´ıodo de tempo em que a estrutura est ´a sujeita ao efeito da explos ˜ao. Dependendo do grau de confinamento, pode levar mais ou menos tempo at ´e que essa energia libertada pela explos ˜ao seja dissipada [6, 16].

(24)

2.2.1 Explos ˜ oes n ˜ao confinadas

As explos ˜oes n ˜ao confinadas podem ser subdivididas em:

• Explos ˜ao a ´erea perfeita: explos ˜ao que ocorre no exterior do edif´ıcio acima do n´ıvel da superf´ıcie terrestre. Esta produz uma onda de choque esf ´erica, que atinge a estrutura sem qualquer amplificac¸ ˜ao interm ´edia da onda de choque (Figura 2.1)[6, 15].

Figura 2.1: Explos ˜ao a ´erea perfeita (adaptado de [6])

• Explos ˜ao a ´erea pr ´oxima do solo: explos ˜ao localizada tamb ´em acima do n´ıvel da superf´ıcie terres- tre, mas neste caso vai ocorrer amplificac¸ ˜ao interm ´edia da onda de choque causada por reflex ˜oes feitas pela superf´ıcie terrestre (Figura 2.2) [6, 15].

Figura 2.2: Explos ˜ao a ´erea pr ´oxima do solo (adaptado de [6])

• Explos ˜ao `a superf´ıcie: ocorre quando a detonac¸ ˜ao do explosivo ´e localizada perto do terreno. A onda de choque, inicial ´e amplificada logo no ponto de detonac¸ ˜ao devido `as reflex ˜oes causadas pelo terreno (Figura 2.3)[6, 15]. O entendimento deste tipo de explos ˜ao ´e de elevada import ˆancia, pois a maioria dos atentados terroristas acontecem em zonas urbanas, com os engenhos explo- sivos colocados perto do solo [6].

(25)

Figura 2.3: Explos ˜ao `a superf´ıcie (adaptado de [6])

2.2.2 Explos ˜ oes confinadas

As explos ˜oes confinadas podem ser subdivididas em tr ˆes categorias diferentes, representados na Fi- gura 2.4:

• Explos ˜ao totalmente ventilada: uma explos ˜ao deste tipo d ´a-se dentro de uma edif´ıcio ou cub´ıculo, com uma ou mais aberturas para o exterior. A onda inicial ser ´a totalmente ventilada atrav ´es dessas aberturas, o que vai formar uma onda de choque que se propaga para fora da estrutura de onde se originou a explos ˜ao [6, 15].

• Explos ˜ao parcialmente confinada/ventilada: uma explos ˜ao que se d ´a numa estrutura com abertu- ras para o exterior de tamanho limitado. A ventilac¸ ˜ao da onda inicial e dos produtos da detonac¸ ˜ao n ˜ao ser ´a instant ˆanea, como no caso da explos ˜ao totalmente ventilada. Isto faz com que exista, durante um per´ıodo finito de tempo, a acumulac¸ ˜ao de temperaturas elevadas e produtos gasosos dentro da estrutura [6, 15].

• Explos ˜ao totalmente confinada: o total confinamento de uma explos ˜ao significa que a estrutura em que se d ´a a explos ˜ao n ˜ao permite a ventilac¸ ˜ao dos produtos da detonac¸ ˜ao, o que vai fazer com que o aumento de press ˜ao causado pela explos ˜ao seja muito longo [6, 15].

Figura 2.4: Explos ˜oes totalmente ventiladas, parcialmente ventiladas/confinadas e totalmente confina- das, respetivamente (adaptado de [6])

2.3 Caracterizac¸ ˜ao da Onda de Choque

Quando ocorrer uma explos ˜ao d ´a-se uma r ´apida libertac¸ ˜ao de energia, que ´e transferida pelo ar circun- dante atrav ´es da criac¸ ˜ao de uma onda de choque, com press ˜oes compreendidas entre 20-30 GPa e

(26)

temperaturas que podem chegar aos 7000 C [11, 12]. `A medida que esta onda se afasta do ponto de detonac¸ ˜ao a sua capacidade destrutiva diminui, assim como a sua velocidade de propagac¸ ˜ao [6].

A Figura 2.5 ilustra a propagac¸ ˜ao de uma onda de choque na atmosfera. Assume-se um pequeno volume de gases a uma press ˜ao alta, uniforme nas fases iniciais da explos ˜ao. Com a expans ˜ao destes gases, a press ˜ao no centro vai diminuindo mais abruptamente do que no per´ımetro. Nas fases seguintes da explos ˜ao vai-se dar uma sobrexpans ˜ao da onda de choque, o que vai causar uma rarefac¸ ˜ao no centro da explos ˜ao (ver curva 4) resultando numa fase de press ˜ao negativa e uma fase de press ˜ao positiva [17].

Figura 2.5: Curvas t´ıpicas de press ˜ao-dist ˆancia para sucessivos tempos depois de uma explos ˜ao (adap- tado de [17])

A medida que a onda de choque se expande no espac¸o, o volume de ar deixado para tr ´as torna-se` t ˜ao grande que o volume inicial dos produtos, que criaram a explos ˜ao, tornam-se insignificantes. A fase de sobrepress ˜ao positiva e a fase de sobrepress ˜ao negativa possuem, aproximadamente, a mesma

´area [17].

Uma onda de choque pode, ent ˜ao, definir-se pela abrupta e quase instant ˆanea mudanc¸a de press ˜ao, que resulta de uma explos ˜ao [14]. Na Figura 2.6 ´e ilustrado o perfil da press ˜ao ao longo do tempo para uma onda ideal. Enquanto a onda de choque n ˜ao chega ao local, a press ˜ao apresenta valores iguais

`a press ˜ao atmosf ´erica,Po. Com a chegada da frente de choque, no tempo de chegada,tA, verifica-se um aumento instant ˆaneo da press ˜ao at ´e `a sobrepress ˜ao incidente de pico,Pso. De seguida, d ´a-se um r ´apido decaimento na sobrepress ˜ao positiva (press ˜ao superior `a press ˜ao atmosf ´erica), at ´e que esta volta a atingir os n´ıveis da press ˜ao atmosf ´erica no tempo total,tA+td. Esta sobrepress ˜ao positiva ´e seguida por uma sobrepress ˜ao negativa (press ˜ao inferior `a press ˜ao atmosf ´erica), que atinge um valor m´ınimo,Pso, at ´e que eventualmente retorne `a press ˜ao atmosf ´erica [6, 18].

(27)

Figura 2.6: Perfil idealizado para a variac¸ ˜ao de press ˜ao (adaptado de [19])

O decaimento de press ˜ao na curva press ˜ao-tempo ´e usualmente representado pela equac¸ ˜ao modi- ficada de Friedlander (Equac¸ ˜ao (2.1)) [11, 18].

Ps(t) =Pso

1− t

t+o

e−b

t t+

o (2.1)

Na Equac¸ ˜ao 2.1, Pso ´e a press ˜ao incidente de pico, t+o ´e a durac¸ ˜ao da fase positiva, b representa o coeficiente de decaimento da curva e t representa o tempo decorrido entre a an ´alise e o instante de chegada da onda de choquetA. Toda esta express ˜ao pode ser somada `a press ˜ao atmosf ´erica, no entanto, esta ´e normalmente considerada como a refer ˆencia e pode ser ocultada da equac¸ ˜ao.

A onda de choque ´e tamb ´em caracterizada pelo seu impulso positivo,i+s, que pode ser determinado atrav ´es da integrac¸ ˜ao da Equac¸ ˜ao 2.1 [11]. O impulso positivo pode ser obtido pela seguinte express ˜ao (Equac¸ ˜ao (2.2)) [11, 18]:

i+s =

Z tA+t+o tA

Ps(t)dt=Psoto

1

b −1−e−b b2

(2.2)

Uma express ˜ao semelhante ´e utilizada para o c ´alculo do impulso negativo,is, (Equac¸ ˜ao 2.3), no en- tanto, na maioria dos estudos sobre ondas de choque, a fase negativa ´e ignorada e apenas par ˆametros associados `a fase positiva s ˜ao tidos em conta [18].

is =

Z tA+t+o+to tA+t+o

Ps(t)dt (2.3)

Como se pode observar na Equac¸ ˜ao 2.1, o decaimento de press ˜ao ´e exponencial, o que faz com que seja ´util a exist ˆencia de uma aproximac¸ ˜ao linear, de forma simplificar a interpretac¸ ˜ao e an ´alise dos dados. A durac¸ ˜ao desse decaimento linear aproximado ´e denominado detd, podendo este par ˆametro ser tamb ´em denominado por durac¸ ˜ao da fase positiva equivalente. O impulso positivo ´e, ent ˜ao, obtido pela seguinte express ˜ao (Equac¸ ˜ao 2.4), que representa uma aproximac¸ ˜ao triangular para o c ´alculo do impulso positivo [13].

i+s =1

2tdPso (2.4)

(28)

Com isto obt ´em-se o instantetdatrav ´es da express ˜ao (Equac¸ ˜ao 2.5) [13]:

td=2i+s Pso

(2.5)

As aproximac¸ ˜oes lineares permitem chegar tamb ´em a uma express ˜ao simplificada para a variac¸ ˜ao de press ˜ao em relac¸ ˜ao ao tempo (Equac¸ ˜ao 2.1), para a seguinte express ˜ao (Equac¸ ˜ao 2.6) [6]:

P(t) =Pso

1− t

td

(2.6)

Na Figura 2.7 est ´a ilustrada essa simplificac¸ ˜ao da curva press ˜ao-tempo.

Figura 2.7: Idealizac¸ ˜ao da variac¸ ˜ao da press ˜ao em relac¸ ˜ao ao tempo no seguimento de uma explos ˜ao (adaptado de [13])

Para definir a press ˜ao incidente de pico, Kinney e Graham [17], com base na an ´alise de uma grande base de dados experimentais, apresentaram a seguinte Equac¸ ˜ao 2.7:

Pso

Po =

808h

1 + 4.5Z 2i q

1 + 0.048Z 2q

1 + 0.32Z 2q

1 + 1.35Z 2

(2.7)

Atrav ´es da Equac¸ ˜ao 2.7 facilmente ´e obtido o valor da press ˜ao incidente de pico, atrav ´es do r ´acio entre esta e a press ˜ao atmosf ´ericaPso/Po, em queZ[m/kg1/3]corresponde `a dist ˆancia reduzida, que

´e calculada pela Equac¸ ˜ao 2.8:

Z = R

W13 (2.8)

Nesta equac¸ ˜ao, R ´e a dist ˆancia em metros medida a partir do centro da carga explosiva e W corres- ponde `a massa da carga explosiva exprimida em quilogramas de TNT [20, 21]. O TNT ´e, normalmente, utilizado como o explosivo de refer ˆencia. Para analisar ondas de choque provenientes de outras fon- tes que n ˜ao o TNT, ´e necess ´ario que se preceda `a convers ˜ao da massa do explosivo em quest ˜ao

(29)

para uma massa equivalente de TNT [13]. Este processo ser ´a discutido mais aprofundadamente nas secc¸ ˜oes seguintes.

Para a durac¸ ˜ao da fase positiva, t+o[ms], Kinney e Graham [17] chegaram `a seguinte express ˜ao (Equac¸ ˜ao 2.9):

t+o =

980h

1 + 0.54Z 10i W13

h

1 + 0.02Z 3i h

1 + 0.74Z 6i q

1 + 6.9Z 2

(2.9)

Para o c ´alculo do impulso espec´ıfico por unidade de ´area, e tal como se passou no caso da durac¸ ˜ao da onda de choque, apenas se vai considerar a fase positiva,i+s[M P a.ms], em que Kinney e Graham [17], apresentam a Equac¸ ˜ao 2.10:

i+s = 0.067 q

1 + 0.23Z 4 Z23

q(1.55Z )3 (2.10)

2.3.1 Reflex ˜ao da onda de choque

Uma onda de choque que atinja uma superf´ıcie s ´olida, como um edif´ıcio ou outra estrutura de con- sider ´avel densidade, ser ´a refletida. Estas reflex ˜oes, principalmente em zonas bastante urbanizadas, criam condic¸ ˜oes de interac¸ ˜ao bastante complexas e, em determinadas situac¸ ˜oes, criam uma ampliac¸ ˜ao da onda de choque [6].

As reflex ˜oes sofridas pelas ondas de choque podem ser normais (Figura 2.8), quando essa reflex ˜ao normal est ´a associada a um impacto direto com a estrutura, com ˆangulo de incid ˆencia igual a 0 C . A obl´ıqua ou ressonante (Figura 2.10), est ´a associada `a exist ˆencia de um ˆangulo de incid ˆencia, compreendido entre os 0 C e os 40 C, quando a onda entra em contacto com a estrutura. Existe ainda a formac¸ ˜ao da ondaMach(Figura 2.12), que est ´a associada ao ˆangulo de incid ˆencia, a partir de um determinado ˆangulo este fen ´omeno ocorre sempre [6, 12].

Figura 2.8: Reflex ˜ao normal de uma onda de choque (adaptado de [6])

No processo de reflex ˜ao, as mol ´eculas de ar que constituem a frente da onda de choque s ˜ao tra- vadas abruptamente pela presenc¸a de uma estrutura. Isto faz com que essas mol ´eculas se compri- mam, levando a que a press ˜ao refletida seja consideravelmente superior `a press ˜ao incidente, podendo chegar a ser entre duas a oito vezes superior, dependendo da magnitude da press ˜ao incidente de pico [6, 12, 14]. A Figura 2.9, demonstra esta relac¸ ˜ao entre as press ˜oes ao longo do tempo onde,Pr

corresponde `a press ˜ao refletida m ´axima ePs `a press ˜ao incidente m ´axima.

(30)

Figura 2.9: Curva press ˜ao-tempo para uma onda de choque que sobre uma reflex ˜ao normal (adaptado de [6, 14])

A press ˜ao refletida pode ser calculada atrav ´es da equac¸ ˜ao obtida por Rankine e Hugoniot (Equac¸ ˜ao 2.11), que assume que o ar se comporta como um g ´as ideal [13, 22].

pr= 2ps

7p0+ 4ps 7p0+ps

(2.11) A press ˜ao refletida obtida em reflex ˜oes normais ao longo do tempo ´e, normalmente, designado por pr, e a press ˜ao refletida de pico ´e designada por Pr. O integral apresentado na Equac¸ ˜ao 2.12 representa o impulso refletidoire a respetiva durac¸ ˜ao da fase positiva, designada porTr[18].

ir=

Z ta+Tr ta

[pr(t)−p0]dt (2.12)

De forma a simplificar o dimensionamento, pode ser calcularda a press ˜ao refletida de pico atrav ´es de uma impulso triangular equivalente, semelhante ao que se faz com a press ˜ao de pico na Equac¸ ˜ao 2.4 [22].

O impulso refletido pode ser calculado tamb ´em, sabendo o valor do impulso especifico e, assumindo uma similaridade nos r ´acios entre estes dois e o r ´acio da press ˜ao refletida com a press ˜ao incidente (Equac¸ ˜ao 2.13) [18].

ir is

≈ Pr Ps

(2.13) Na maioria dos casos em que as ondas de choque se refletem em estruturas grandes e planas, esta reflex ˜ao incide de forma obliqua. `A medida que a onda de choque viaja deste do ponto de origem, vai ser refletida pelo solo, o que vai alterar o ˆangulo de incid ˆencia,αi, que est ´a compreendido entre 0 C (ocorre reflex ˜ao normal) e 40 C, at ´e onde ocorre a reflex ˜ao obliqua regular. A press ˜ao refletida de pico causada pela reflex ˜ao obliqua depende tamb ´em da magnitude da press ˜ao incidente, sendo que, para ˆangulos incidentes at ´e aos 40 C, esta pode ser duas a treze vezes superior `a press ˜ao incidente de pico [6, 12, 18].

(31)

Figura 2.10: Reflex ˜ao obliqua regular de uma onda de choque (adaptado de [6])

A press ˜ao refletida de pico, neste caso, pode ser calculada recorrendo a uma coeficiente de reflex ˜ao Cr(Equac¸ ˜ao 2.14) [6].

Cr= Pr

Ps

(2.14) Atrav ´es do gr ´afico apresentado na Figura 2.11, retirado da norma Norte AmericanaUnified Facilities Criteria(UFC) 3-340-02 [15], ´e poss´ıvel observar a relac¸ ˜ao entre o coeficiente de reflex ˜ao e o ˆangulo de incid ˆencia, em func¸ ˜ao de v ´arios valores de press ˜ao incidente de pico.

Figura 2.11: Coeficiente de reflex ˜ao em relac¸ ˜ao ao ˆangulo de incid ˆencia para diferentes press ˜oes (adap- tado de [23])

Quando o ˆangulo de incid ˆencia excede o valor cr´ıtico, normalmente de 40 C, a reflex ˜ao obliqua regular ´e substitu´ıda pela reflex ˜ao de Mach. Este tipo de reflex ˜ao ocorre quando a onda de choque refletida conecta com a onda de choque incidente a certo ponto, criando uma terceira onda chamada onda deMach(Figura 2.12). O ponto de uni ˜ao das tr ˆes ondas ´e designado por ponto triplo [12, 13].

(32)

A reflex ˜ao de Mach pode causar um aumento significativo na press ˜ao refletida e. pode levar a press ˜oes muito superiores `as press ˜oes obtidas por reflex ˜ao obliqua regular. O n´ıvel desse aumento depende da magnitude da press ˜ao incidente inicial [6].

A formac¸ ˜ao desta onda de Mach ´e importante quando um explosivo detona a uma certa altura acima do solo. e quando o engenho explosivo detona dentro de uma estrutura ou numa zona muito urbanizada, onde existe uma grande variedade de ˆangulos de incid ˆencia poss´ıveis [6, 13].

Figura 2.12: Desenvolvimento da onda deMache reflex ˜ao deMach(adaptado de [6])

2.3.2 Interac¸ ˜ao da onda de choque com uma estrutura

A onda de choque causada por uma explos ˜ao interage com uma estrutura conectando a sua energia com a mesma, de forma a que fique sujeita `a press ˜ao causada. Isto faz com que a estrutura se deforme de uma maneira que vai depender da intensidade da explos ˜ao, das caracter´ısticas dos explosivos uti- lizados, da localizac¸ ˜ao do local de detonac¸ ˜ao relativamente `a estrutura, da poss´ıvel intensificac¸ ˜ao da press ˜ao causada pela interac¸ ˜ao com o terreno e das propriedades da estrutura [12, 24].

Se a estrutura exposta `a ac¸ ˜ao da explos ˜ao for retangular, como ´e caso da maioria dos edif´ıcios, esta vai ser sujeita a press ˜oes em todas as superf´ıcies. A explos ˜ao vai criar uma forc¸a normal em todas as superf´ıcies expostas, como pode ser observado na Figura 2.13 [24].

(33)

Figura 2.13: Comportamento de uma onda de choque durante a sua passagem por uma estrutura (adaptado de [24])

A superf´ıcie frontal da estrutura sofre uma press ˜ao de pico superior devido `a reflex ˜ao da onda de choque. Quando a onda de choque inicial passa pela superf´ıcie do edifico, a press ˜ao de pico comec¸a a decair para zero a um ritmo que depende da durac¸ ˜ao da onda de choque. Como as superf´ıcies laterais e a zona do telhado recebem press ˜oes de pico inferiores, criam um efeito de difrac¸ ˜ao na superf´ıcie fontal que, por sua vez, faz com que o ritmo de decaimento da press ˜ao aumente. Quando este efeito de alivio deixa de existir, o ritmo de decaimento volta a um valor semelhante ao inicial, como pode ser observado na Figura 2.14 `a esquerda [6, 24]. Este perfil pode ser simplificado para um perfil triangular, como o que se pode observar na Figura 2.7, tento em atenc¸ ˜ao que o impulso obtido pela forma simplificada tem de ser o mesmo ao obtido na Figura 2.14. Para isto o tempo,td, tem de ser igual para ambos os perfis `a direita [6].

Figura 2.14: Perfis da press ˜ao atuantes na superf´ıcie frontal de uma estrutura (adaptado de [6]) O tempo que o efeito de alivio, causado pela press ˜ao das superf´ıcies laterais, demora a atuar pode

(34)

ser calculado atrav ´es da Equac¸ ˜ao 2.15 [15, 24, 25]

tc = 4S (1 +R)Cr

(2.15) Onde: S [m] corresponde ao menor valor entre a altura da estrutura e metade da largura da estrutura.

Rcorresponde a um r ´acio S/G, onde G corresponde ao menor valor entre a altura e metade da largura da estrutura eCr[m/s] que ´e a velocidade do som na ´area refratada.

A press ˜ao atuante na superf´ıcie frontal, passado o tempotc, corresponde `a soma da press ˜ao inicial, ps, e a press ˜ao dependente do arrasto,CD.q, est ´a representada na Equac¸ ˜ao 2.16 [15, 24, 25].

p=ps+CDq (2.16)

O coeficiente de arrasto, CD, relaciona a press ˜ao din ˆamica com a press ˜ao transacional total na direc¸ ˜ao da press ˜ao din ˆamica causada pelo vento, que varia com o n ´umero deMache com a geometria da estrutura. Para paredes frontais o valor de CD deve ser considerado 1. Para telhados, paredes traseiras e paredes laterais o valor recomendado depende da press ˜ao, como est ´a representado na Tabela 2.1 [6, 15, 24].

Tabela 2.1: Coeficiente de arrasto a ser usado para edif´ıcios (adaptado de [6]) Press ˜ao din ˆamica de pico

(KN/m2)

Coeficiente de arrasto (CD)

0-172 -0.4

172-345 -0.3

345-896 -0.2

Assim, para calcular a carga total que atua numa determinada ´area ou elemento de uma estrutura, somam-se os dois componentes da carga explosiva, representados pela Equac¸ ˜ao 2.17.

F(t) =FImpulsiva(t) +FDinˆamica(t) (2.17) FImpulsiva ´e o componente da carga causada pela onda de choque, enquanto queFDinˆamica ´e o com- ponente relacionado com a press ˜ao din ˆamica, que resulta do fluxo de ar causado pela passagem da onda de choque.

Ambos estes componentes s ˜ao calculados multiplicando a press ˜ao da onda de choque, pr, e a press ˜ao din ˆamica,CDq, pela ´area da estrutura normal `a direc¸ ˜ao de onde vem a onda de choque,Aproj, obtendo assim a Equac¸ ˜ao 2.18 e a Equac¸ ˜ao 2.19 [6].

FImpulsiva =pAproj (2.18)

FDinˆamica=CDqAproj (2.19)

2.4 Resposta Estrutural

Na resposta de uma estrutura `a ac¸ ˜ao de uma explos ˜ao podem ser identificados tr ˆes regimes de res- posta, relacionando o per´ıodo natural da estrutura, Tn, e a durac¸ ˜ao da fase positiva,t0, da explos ˜ao que atua na estrutura. Na Tabela 2.2 ´e poss´ıvel observar estes regimes de resposta. [6, 25]

(35)

Tabela 2.2: Identificac¸ ˜ao dos tipos de regime de resposta (adaptado de [6])

Regime de resposta Relac¸ ˜ao entre per´ıodo natural e a durac¸ ˜ao da fase positiva Impulsivo t0/Tn<0.4

Din ˆamico 0.4<t0/Tn<2 Quase-est ´atico t0/Tn>2

Estas considerac¸ ˜oes podem ser tamb ´em representadas esquematicamente atrav ´es dos diagramas P-I (Figura 2.15). Este tipo de diagramas s ˜ao desenvolvidos de modo a serem um espetro de resposta para uma estrutura sujeita a uma carga explosiva, quando lhe ´e definido um determinado crit ´erio de rotura. Neles ´e poss´ıvel observar a zona onde se d ´a o carregamento impulsivo, e a zona onde se d ´a o carregamento quase-est ´atico. [25].

Figura 2.15: Representac¸ ˜ao de um diagrama Press ˜ao-Impulso (P-I) (adaptado de [25])

Estes diagramas s ˜ao tamb ´em a melhor forma de diferenciar os regimes impulsivos e quase est ´aticos, atrav ´es da assintota vertical e horizontal. Estas assintotas s ˜ao, em termos pr ´aticos, os limites do dia- grama. No regime de resposta impulsivo, assintota vertical, o tempo de durac¸ ˜ao da aplicac¸ ˜ao da carga

´e muito inferior ao per´ıodo natural da estrutura. A durac¸ ˜ao da carga ´e de tal forma reduzida que, quando a estrutura responde, como responderia caso a carga fosse est ´atica, a carga j ´a passou a estrutura. O impulso torna-se, assim, um aspeto excecionalmente importante na previs ˜ao de danos para este tipo de carregamentos [6, 26].

No regime quase-est ´atico, a durac¸ ˜ao de aplicac¸ ˜ao da carga ´e muito superior ao per´ıodo natural da estrutura. A resposta da estrutura tende a ser semelhante `a forc¸a est ´atica equivalente para esse carregamento [6].

Entre os regimes impulsivos e quase-est ´aticos, encontra-se o regime din ˆamico. Neste regime a durac¸ ˜ao da aplicac¸ ˜ao da carga ´e semelhante ao tempo que a estrutura demora a responder [6].

(36)

2.5 Equival ˆencia em TNT

Os efeitos das explos ˜oes causadas por diferentes tipos de explosivos s ˜ao, normalmente, caracterizados comparando-os com os efeitos do TNT [27, 28]. As raz ˜oes pelas quais a equival ˆencia em TNT ´e utili- zada, em vez da quantidade de energia libertada, vem do facto da explos ˜ao criada por uma certa fonte, ter propriedades f´ısicas muito especificas. Essas propriedades dependem da proporc¸ ˜ao de energia libertada, que est ´a contida na onda de choque, e do ritmo a que a energia ´e libertada. Por exemplo, no caso de uma explos ˜ao nuclear, aproximadamente 50% da energia libertada vai para a onda de choque, o resto aparece sob a forma de radiac¸ ˜ao nuclear [28, 18]. Por isto, em vez de se descrever a quantidade de energia libertada por uma explos ˜ao, ´e mais correto comparar as propriedades da onda de choque gerada por um qualquer explosivo s ´olido com aquela que originaria de uma carga equivalente de TNT.

Deste modo, ´e poss´ıvel expressar os efeitos da energia libertada pela explos ˜ao de um material explosivo, de uma determinada forma, relativamente ao TNT, de forma semelhante, em func¸ ˜ao do calor de detonac¸ ˜ao dos diferentes materiais atrav ´es da seguinte equac¸ ˜ao (Equac¸ ˜ao (2.20)) [15]:

WE=HEXPd

HT N Td WEXP (2.20)

Onde:

WE=Massa equivalente de TNT [kg];

WEXP =Massa do explosivo em quest ˜ao [kg];

HEXPd =Calor da detonac¸ ˜ao do explosivo em quest ˜ao [M J/kg];

HT N Td =calor de detonac¸ ˜ao do TNT [M J/kg].

Na Tabela 2.3, adaptada de Baker et al. [18], s ˜ao demonstrados os fatores de convers ˜ao para alguns explosivos comuns.

Tabela 2.3: Fatores de equival ˆencia em TNT baseado na energia especifica, (adaptado de [13])

Explosivo Energia por Fator de convers ˜ao de

unidade de massa equival ˆencia em TNT (Qx:Kj/kg) (Qx=QT N T)

Nitroglicerina (liquida) 6700 1.481

HMX 5680 1.256

Semtex 5660 1.250

RDX 5360 1.185

Composto B (60% RDX 40% TNT) 5190 1.148

C4 (91% RDX) 4870 1.078

TNT 4520 1.000

Dinamite gelatinosa 4520 1.000

ANFO (94% nitrato de am ´onio, 6% ´oleo combust´ıvel) 3932 0.870

60% dinamite de nitroglicerina 2710 0.600

Outro m ´etodo poss´ıvel ´e basear a equival ˆencia em TNT na press ˜ao ou no impulso. A Tabela 2.4 apresenta valores de fatores de convers ˜ao para alguns explosivos comuns.

(37)

Tabela 2.4: Fatores de equival ˆencia em TNT baseados na press ˜ao e impulso (adaptado de [29]) Explosivo Fator Equivalente Fator Equivalente

de Press ˜ao de Impulso

Comp. B 1.11 0.98

Comp. A-3 1.09 1.08

ANFO 0.9 0.9

Comp. C4 1.37 1.19

Ciclotol (70/30) 1.14 1.09

HBX-1 1.17 1.16

HBX-3 1.14 0.97

H-6 1.38 1.15

Minol-2 1.20 1.11

PETN 1.14 1.15

TRITONAL 1.07 0.96

Pentolite 1.42 1.00

Tetril 1.07 1.07

TNT 1.00 1.00

(38)
(39)

Cap´ıtulo 3

Caracterizac¸ ˜ao dos Pain ´eis de Vidro

Os arque ´ologos acreditam que os primeiros utens´ılios de vidro feitos pelo Homem originaram da Me- sopot ˆamia (atual Iraque e norte da S´ıria) durante a Idade do Bronze, por volta do ano 2300 AC, altura em que o vidro apenas servia para o fabrico de pequenos ornamentos. O vidro pode tamb ´em ser encontrado na natureza na forma de obsidiano, que ´e criado atrav ´es de erupc¸ ˜oes vulc ˆanicas [30].

O vidro, que ´e um material amorfo e normalmente transparente, est ´a a crescer em popularidade enquanto material de construc¸ ˜ao, com func¸ ˜oes estruturais, para os edif´ıcios mais modernos. Est ´a ainda presente por todo o tipo de edif´ıcios como material n ˜ao estrutural [31].

Nas ´ultimas duas d ´ecadas, as estruturas com fachada de vidro t ˆem-se tornado cada vez mais po- pulares, o que causou um significativo aumento na utilizac¸ ˜ao das propriedades estruturais do vidro e, a integrac¸ ˜ao de componentes de vidro no sistema estrutural dos edif´ıcios. Isto proporcionou o apare- cimento de uma nova tecnologia de construc¸ ˜ao de fachadas, que prioriza: sistemas estruturais porme- norizados e expostos ao exterior, estruturas geometricamente complexas, a transpar ˆencia da fachada, bom comportamento t ´ermico e, se preparadas para tal, bom comportamento contra a ac¸ ˜ao de explos ˜oes [32]. Por outro lado, o vidro apresenta tamb ´em algumas desvantagens que t ˆem de ser combatidas, exemplo disso ´e a sua baixa resist ˆencia `a trac¸ ˜ao e fragilidade, o que tornam as zonas envidrac¸adas dos edif´ıcios em zonas altamente fr ´ageis e vulner ´aveis. Este fen ´omeno verifica-se principalmente em condic¸ ˜oes de carregamento extremo, quer no in´ıcio da construc¸ ˜ao, ou ao longo da vida ´util do edif´ıcio.

O que faz com que sejam necess ´arios m ´etodos de an ´alise avanc¸ados que tenham em conta as pro- priedades intr´ınsecas do vidro, de forma a minimizar qualquer tipo de baixas ou ferimentos, caso haja alguma falha [31].

3.1 Tipo de Vidro e Processo de Fabrico

O vidro ´e um material inorg ˆanico e amorfo constitu´ıdo, normalmente, por uma massa l´ıquida `a base de s´ılica, que ´e arrefecida at ´e atingir um estado r´ıgido sem cristalizac¸ ˜ao. O vidro s ´odico-c ´alcico ´e o tipo de vidro mais utilizado no mundo. A Tabela 3.1 mostra a composic¸ ˜ao qu´ımica deste material. A composic¸ ˜ao qu´ımica do vidro influencia a sua viscosidade, expans ˜ao t ´ermica e temperatura de fus ˜ao. A viscosidade aumenta durante o processo de arrefecimento da massa l´ıquida, at ´e ocorrer a solidificac¸ ˜ao a uma temperatura de aproximadamente 530 Cpara vidro s ´odico-c ´alcico [33].

(40)

Tabela 3.1: Composic¸ ˜ao qu´ımica do vidro s ´odico-c ´alcico (adaptado de [33]) Vidro s ´odico-c ´alcico

S´ılica (areia) SiO2 69-74%

Oxido de c ´alcio´ CaO 5-14%

Oxido de s ´odio´ N a2O 10-16%

Magn ´esio M gO 0-6%

Alum´ınio Al2O3 0-3%

Outros 0-5%

O vidro comum pode ser categorizado pelo seu processo de fabrico, podendo este ser: vidro reco- zido pelo processofloat, vidro termo-endurecido ou vidro temperado [31].

No processo de fabrico moderno para produtos de vidro, o fluxo de material ´e praticamente cont´ınuo desde o ponto em que a mat ´eria prima ´e misturada at ´e `a conclus ˜ao do produto final [34].

3.1.1 Processo Float e Vidro Recozido

O processofloat ´e o mais simples e comum dos processos de produc¸ ˜ao de vidro, e um dos m ´etodos mais econ ´omicos [31, 35]. Este processo consiste em misturar e aquecer a mat ´eria prima, at ´e uma temperatura de, aproximadamente, 1600 C em que se d ´a a fundic¸ ˜ao do vidro e ´e criado o float. ´E criada uma corrente cont´ınua defloat, dispersa sob uma superf´ıcie de estanho fundido, at ´e se atingir a espessura desejada. Nessa altura, ofloat ´e arrefecido at ´e, aproximadamente, 600 C. O material passa da superf´ıcie de estanho para a c ˆamara de Lehr, onde se d ´a o processo de recozimento. O processo de recozimento ´e um processo de arrefecimento controlado, que visa minimizar tens ˜oes residuais, que podem surgir num processo de arrefecimento r ´apido ou n ˜ao uniforme. O vidro recozido segue para uma zona de inspec¸ ˜ao e, por fim, para a zona de corte e armazenamento [35]. Este processo encontra-se ilustrado na Figura 3.1.

Figura 3.1: Diagrama representativo do processo de fabricofloat (adaptado de [35])

Atrav ´es deste m ´etodo, obt ´em-se o vidro recozido, que apresenta todas as propriedades t´ıpicas do vidro, como a transpar ˆencia, resist ˆencia `a corros ˜ao e a altas temperaturas. Devido ao seu prec¸o relativamente reduzido, ´e normalmente utilizado para envidrac¸amentos estruturais e arquitet ´onicos ou como mat ´eria-prima na obtenc¸ ˜ao de outros tipos de vidro [35, 36]. No entanto, o vidro recozido tende a ser fr ´agil e a estilhac¸ar por grandes fragmentos irregulares, conforme ilustrado na Figura 3.2, o que o torna bastante perigoso quando estilhac¸ado. Por essa raz ˜ao, este tipo de vidro n ˜ao ´e utilizado em elementos de protec¸ ˜ao contra explos ˜oes [36].

(41)

Figura 3.2: Padr ˜ao de rotura do vidro recozido (adaptado de [31])

3.1.2 Vidro Temperado

Temperar ou endurecer um vidro s ˜ao termos usados na ind ´ustria, que se referem ao tratamento t ´ermico que altera significativamente o padr ˜ao de rotura de um painel de vidro [35]. O primeiro exemplo de algo semelhante ao vidro temperado moderno pode ter sido a gota do Pr´ıncipe Rupert (Prince Rupert’s drop), registada pela primeira vez no s ´eculo XVII. Esta veio de uma curiosidade cientifica, e ´e obtida deixando pingar vidro fundido quente em ´agua. Deste processo resulta num pequeno objeto de vidro semelhante a um girino, com uma cabec¸a em forma de gota, e uma cauda longa muito fina. A elevada tens ˜ao residual no interior da gota lave a que a cabec¸a seja muito resistente ao golpe, mas quando a cauda ´e danificada a gota desintegra-se de forma explosiva [37].

O processo de obtenc¸ ˜ao do vidro temperado comec¸a ap ´os a ´ultima fase do processo de fabrico do vidro recozido estar terminada. O vidro recozido passa novamente por um forno, onde ´e aquecido a uma temperatura compreendida entre 620 C e 675 C, e ´e, de seguida, rapidamente arrefecido por jatos de ar frio, conforme ilustrado na Figura 3.3 [33, 35].

Figura 3.3: Diagrama representativo do processo de endurecimento para obtenc¸ ˜ao de vidro temperado (adaptado de [33])

Este arrefecimento r ´apido, faz com que o exterior do painel de vidro solidifique antes da parte in- terior. `A medida que a parte interior solidifica, ter ´a tend ˆencia a contrair. No entanto, a parte exterior, j ´a solidificada, vai oferecer resist ˆencia e, consequentemente, fazer com que as superf´ıcies exteriores entrem em compress ˜ao e a zona do n ´ucleo interior entre em trac¸ ˜ao, conforme ´e demonstrado na Figura 3.4. Este fen ´omeno cria uma distribuic¸ ˜ao de tens ˜ao parab ´olica, que induz um pr ´e-esforc¸o no vidro tem- perado, o que faz com que a propagac¸ ˜ao de fendas n ˜ao chegue `a superf´ıcie exterior [33, 35, 38]. Este tratamento t ´ermico faz com que o vidro temperado seja quatro a cinco vezes mais resistente do que o vidro recozido [35, 38].

(42)

Figura 3.4: Diferenc¸as nas tens ˜oes do vidro temperado e do vidro recozido (adaptado de [39]) O vidro temperado ´e considerado um vidro de seguranc¸a uma vez que quando estilhac¸a, f ´a-lo em pequenos fragmentos ovais, e n ˜ao em fragmentos de grande dimens ˜ao afiados. As fendas criadas no vidro temperado n ˜ao t ˆem necessariamente de chegar `a zona exterior, podem manter-se pela zona de tens ˜ao de trac¸ ˜ao no interior. Isto possibilita que o interior estilhace em pequenos fragmentos, e o painel se mantenha intacto [38].

No entanto, quando sujeitos a certas cargas din ˆamicas com altas taxas de deformac¸ ˜ao, como press ˜oes oriundas de explos ˜oes, os pain ´eis de vidro temperado monol´ıtico podem, ao estilhac¸ar, ori- ginar grandes fragmentos com v ´ertices afiados, como se pode observar na Figura 3.5, representando s ´erias ameac¸as de ferimentos a pessoas que estejam nas proximidades. Nestes grandes fragmentos, apenas o interior tracionado do painel estilhac¸a, o exterior comprimido mant ´em estes fragmentos coe- sos. Isto faz com que nem sempre o vidro temperado garanta a mitigac¸ ˜ao dos danos originados pelos estilhac¸os [31, 38].

Figura 3.5: Padr ˜ao de rotura do vidro temperado (adaptado de [31])

Referências

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