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09/01/2018

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(1)

MAT5719 - Cálculo Diferencial Geométrico no R n .

20 de Fevereiro de 2018

Algumas coisas discutidas nos atendimentos. Anotações sem compro- misso, sem ordem específica, e conforme a minha memória funcionar.

Sumário

09/01/2018 1

12/01/2018 - extra 7

16/01/2018 13

18/01/2018 19

22/01/2018 25

30/01/2018 25

15/02/2018 31

20/02/2018 - final 38

09/01/2018

Afirmação. O conjunto

C={x∈ [0, 1] |a expansão ternária dexsó apresenta os algarismos 0 e 2} é fechado.

(2)

Solução: A expansão ternária dex ∈ [0, 1]basicamente consiste em escre- ver

x=

m1

am

3m = [0,a1a2. . .]3,

onde(am)m1é uma sequência que assume apenas os valores 0, 1 e 2. Va- mos mostrar que Cé fechado identificando cada elementoxcom a sequên- cia(am)m1associada, e utilizando a seguinte caracterização de fechados:

Proposição. Seja D⊆Rn. Então D é fechado se e somente se para toda sequên- cia(xn)n1⊆ D tal quexnx, tem-se tambémx ∈ D.

A demonstração desta proposição provavelmente é algum exercício, que podemos discutir no futuro. Seja(xn)n1 ⊆ C, e suponha quexnx.

Escreva

x1= (a11,a12,a13, . . . ,a1k, . . .) x2= (a21,a22,a23, . . . ,a2k, . . .)

... ...

xn = (an1,an2,an3, . . . ,ank, . . .) ... ...

x= (b1,b2,b3, . . . ,bk, . . .),

onde ank ∈ {0, 2} para todosn,k ≥ 1. Como xn → x, as colunas (ank)n1

convergem para bk. Mas uma sequência que só assume dois valores e é convergente deve ser eventualmente constante (prova: na definição de li- mite considere o n0correspondente a e = 1/2). Assim temos quebk tam- bém é 0 ou 2. Como isto vale para todok ≥1, concluímos quex ∈ C. Pela Proposição enunciada, Cé fechado.

Bônus: como Cé fechado dentro do compacto[0, 1], também concluí- mos que Cé compacto. Pode-se mostrar ainda que Cé não-enumerável imitando o argumento diagonal de Cantor utilizado na demonstração de que[0, 1]é não-enumerável.

Afirmação. Dados pRner>0,B(p,r)é convexa.

Solução: Dados x,y ∈ B(p,r), devemos mostrar que um ponto qualquer do segmento ligando x ey está em B(p,r), ou seja, que tx+ (1−t)y

(3)

B(p,r)para todot∈ [0, 1]. Temos:

ktx+ (1−t)ypk=ktx+ (1−t)y−tp−(1−t)pk

≤ ktx−tpk+k(1−t)y−(1−t)pk

=tkxpk+ (1−t)kypk

<tr+ (1−t)r

=r, como queríamos.

r

p

x y

Figura 1: Convexidade deB(p,r).

Afirmação. Dados pRner>0,B(p,r)é um conjunto aberto.

Solução: Em primeiro lugar, cuidado com a nomenclatura: “bola aberta”

é um conceito, enquanto que “conjunto aberto” é outro. Que bolas abertas são conjuntos abertos é algo que deve ser provado a partir das definições.

Dizer que “uma bola é aberta” só não causa ambiguidades uma vez veri- ficado este fato.

Sejax∈ B(p,r). Devemos ver quexé um ponto interior deB(p,r), ou seja, que existe e > 0 tal queB(x,e) ⊆ B(p,r). Sex = p, e = rserve. Se x 6= p, tomamose =r− kxpk. AssimB(x,e) ⊆ B(p,r). Com efeito, se

(4)

y∈ B(x,e), temos

kypk =kyx+xpk

≤ kyxk+kxpk

<e+kxyk

=r, como queríamos.

r

p

x e

Figura 2: Cada bola B(p,r)é um conjunto aberto.

Afirmação. SejaD ⊆Rn. Então ˚Dé aberto e∂Dé fechado.

Solução: Uma coisa de cada vez.

D:˚ Sejax ∈ D. Devemos provar que˚ xé ponto interior de ˚D. Por definição de interior, existe r > 0 tal que B(x,r) ⊆ D. Vejamos que esta bola já funciona. Em outras palavras, devemos ver que na verdade vale a melhor inclusão B(p,r) ⊆ D. Para tanto, considere˚ y ∈ B(p,r). Resta ver que y é ponto interior de D, ou seja, verificar que existe e > 0 tal que B(y,e) ⊆ D. Sey = x, e = r serve. Sey 6= x, tome e =r− kxyk. Daí vale queB(y,e) ⊆ B(x,r) ⊆ D(nós já fizemos essa conta aqui, preste atenção).

∂D: Basta observar que∂D= D∩Rn\Dé a interseção de dois fechados.

A verificação desta igualdade é automática (eu juro).

(5)

Afirmação. Se p1, . . . ,pnRn, então{p1, . . . ,pn} ={p1, . . . ,pn}.

Solução: Ao invés de fazer o que eu tinha comentado em aula, pode-se simplesmente observar que

{p1, . . . ,pn} ={p1, . . . ,pn} ∩Rn\ {p1, . . . ,pn}

={p1, . . . ,pn} ∩Rn

={p1, . . . ,pn}.

Afirmação. Sejam D ⊆ Rn e p ∈ D. Se para todo r > 0 a bola B(p,r) contém uma infinidade de pontos de D, então existe uma sequência de pontos(xn)n0⊆ Dtal quexn 6= ppara todon≥0 exnp.

Solução: Esboço. Para cadan≥1, considere a bolaBn =B(p, 1/n). Cada Bn contém algum ponto xn distinto de p, por hipótese. Como 1/n → 0, necessariamente devemos ter xnp. Completem os detalhes, é instru- tivo.

p

x1 x2

x3

Figura 3: Construção da sequência (xn)n1.

Afirmação. Sejama,bRn. Então|kak − kbk| ≤ kabk. Solução: Inicialmente temos que

kak =kab+bk ≤ kabk+kbk

(6)

e portanto kak − kbk ≤ kabk. Repetindo esta conta com os papeis de aebtrocados, temos que−(kak − kbk) ≤ kabk. Por definição de| · | segue que |kak − kbk| ≤ kabk.

Afirmação. Sejam pRn er >0. Então∂B(p,r) = S(p,r), onde S(p,r) =. {xRn | kxpk =r}

é aesferade centro pe raior.

Solução: Devemos mostrar duas inclusões.

∂B(p,r) ⊆S(p,r): Seja x∂B(p,r). Devemos mostrar que kxpk = r.

Faremos isto em duas etapas:

• kxpk ≤ r: Sejae > 0arbitrário. ComoB(x,e)∩B(p,r) 6=∅, podemos tomarynesta interseção e estimar

kxpk =kxy+ypk

≤ kxyk+kypk

<e+r.

Deste modo, se kxpk < r+e para todo e > 0, necessaria- mente devemos ter quekxpk ≤r(prova?).

• kxpk ≥ r: Seja e > 0 arbitrário. Suponhamos também que e < r. Como B(x,e)∩(Rn \B(p,r)) 6= ∅, podemos tomar y nesta interseção e estimar

kxpk =kxy+ypk

≥ kypk − kxyk

>r−e,

pela afirmação anterior. Assim, do mesmo modo que antes te- mos que kxpk > r−e para todo e > 0 suficientemente pe- queno implica emkxpk ≥r.

S(p,r) ⊆∂B(p,r): Sejam x ∈ S(p,r) e e > 0. Devemos mostrar que B(x,e)intersecta ambosB(p,r)eRn\B(p,r). Verifique que

xe

2r(xp)∈ B(x,e)∩B(p,r) e x+ e

2r(xp)∈ B(x,e)∩(Rn \B(p,r)).

(7)

Assimx∂B(p,r), poise >0 era qualquer.

r p

x

Figura 4: Achando as interseções.

12/01/2018 - extra

Começamos revisando a demonstração do Lema 1.8 (p. 12 da apostila), e a demonstração de que se K1Rn eK2Rm são compactos, então o produto K1×K2Rn ×Rm ∼= Rn+m é compacto. O Lema 1.8 também pode ser utilizado para resolver o

Exercício. Um subconjuntoL ⊆Rné ditoLindelöf se toda cobertura aberta admite subcobertura enumerável. Mostre que se L ⊆ Rn é Lindelöf e K⊆Rm é compacto, entãoL×K⊆Rn×Rm é Lindelöf.

Observação. Para espaços topológicos quaisquer não é verdade que pro- dutos de dois Lindelöfs dá Lindelöf, apesar de isto ser verdade em Rn. Releia a demonstração do Lema 1.8 e descubra o que dá errado na de- monstração sugerida.

Afirmação. SejaK ⊆Rn compacto. EntãoKé limitado.

Solução: Extraia uma subcobertura finita da cobertura aberta{B(0,n)}n0 de K e chame de N o máximo dos raios das bolas que sobraram. Então K⊆ B(0,N).

Afirmação. SejaK ⊆Rn compacto. EntãoKé fechado.

(8)

Solução: Vamos provar queRn\K é aberto. Tome pRn\K. Devemos mostrar que pé ponto interior deRn\K. Para cadax∈ Kexistemrx,sx>

0 tais que B(x,rx)∩ B(p,sx) = ∅ (por quê?). Visto que {B(x,rx)}xK é uma cobertura aberta do compactoK, existem x1, . . . ,xk ∈ K tais queKjá é coberto por {B(x1,rx1), . . . ,B(xk,rxk)}. Ponhas =. min{sx1, . . . ,sxk} >0.

EntãoB(p,s)⊆Rn\K(cheque).

p

Figura 5: Mostrando queB(p,s)∩K =∅.

Afirmação. SejamK ⊆Rncompacto eF ⊆Kfechado. EntãoFé compacto.

Solução: Considere uma cobertura aberta {Uα}αA de F. Como F ⊆ K e Fé fechado, {Uα}αA∪ {Rn \F} é uma cobertura aberta deK. Visto que Ké compacto, extraímos uma subcobertura finita

{Uα1, . . . ,Uαk,Rn\F}

de K, com α1, . . . ,αk ∈ A. Mas F não intersecta o seu complementar, de modo que{Uα1, . . . ,Uαk}é a subcobertura finita procurada.

(9)

Figura 6: AdicionandoRn\Fà cobertura original.

Afirmação. Se K ⊆ Rn é fechado e limitado, então K é compacto. Em particular, cada bola fechada B(p,r) = B[p,r] ⊆Rn é compacta.

Solução: Já sabemos que cada intervalo fechado [a,b] é compacto. Se K é limitado, entãoK ⊆[a1,b1]× · · · ×[an,bn], para certos intervalos fecha- dos. Como produto de compactos é compacto, temos que o fechadoKestá contido num cubo compacto e, portanto, é compacto.

Afirmação. Seja F⊆Rn um subconjunto qualquer. Se∂F ⊆ F, então para toda sequência(xn)n0⊆ Ftal quexnp, tem-se p∈ F.

Solução: Suponha por absurdo que exista uma sequência(xn)n0 ⊆Ftal que xnp, mas que p 6∈ F. Tal pirá contradizer que∂F ⊆ F. Sejar > 0.

Mostremos que B(p,r)∩F 6= ∅ e B(p,r)∩(Rn \ F) 6= ∅. A primeira afirmação segue do fato de xnp, de modo que B(p,r) contém algum xn ∈ F. Para a segunda inclusão, façamos por contradição: se existirr0>0 tal que B(p,r0)∩F =∅ouB(p,r0)∩(Rn \F) =∅, comop 6∈ Fnecessa- riamente devemos ter o segundo caso. Assim B(p,r0) ⊆Rn\Fcontradiz que xnp, pois(xn)n0⊆ F.

(10)

x1x2x3

p

Figura 7: Ilustrando quexn 6→ p.

Afirmação. SejaF ⊆Rn um subconjunto qualquer. Se para toda sequência (xn)n0 ⊆Fcomxnptem-se p ∈ F, entãoFé fechado.

Solução: Vamos mostrar que Rn \F é aberto. Seja pRn \F. Vejamos que p é ponto interior de Rn \F. Se não for, para todo n ≥ 1, a bola B(p, 1/n)intersecta F. Assim, tomandoxn ∈ B(p, 1/n)∩F, construímos uma sequência (xn)n1 ⊆ F que necessariamente satisfaz xnp (pois 1/n → 0). Por hipótese, isto implica que p ∈ F, o que contradiz que

pRn\F. Veja a Figura3(p. 5) novamente.

Afirmação. Seja S ⊆ Rn um conjunto não-enumerável. Então S possui algum ponto de acumulação.

Solução: Vamos fazer um esboço para a contra-positiva: se S é discreto, entãoSé enumerável. Considere emRn a coleção de bolas abertas:

C={B(an,rm)| anQnermQ>0},

onde (rm)m1 é uma enumeração de Q>0. Temos que Cé enumerável (prova?).

Como passo intermediário, provemos queRn é Lindelöf: se{Uα}αAé uma cobertura aberta deR2, chame

C0 ={B∈ C|existeαAtal queBUα}.

Como Cé enumerável, C0 também o é. Para cada B ∈ C0 fixe um aberto Uα(B) ∈ {Uα}αAtal queB ⊆Uα(B). Então{Uα(B)}BC0é enumerável (pois

C0o é), e cobre oRn (verifique).

(11)

Finalmente, vamos mostrar que S é Lindelöf (o que termina o argu- mento, uma vez que podemos extrair uma subcobertura enumerável da cobertura das bolas abertas que isolam todos os pontos de S). Suponha dada uma cobertura aberta {Uα}αA deS. Assim, temos que {Uα}αA∪ {Rn \ S} é uma cobertura aberta de Rn (por quê?). Mas o Rn é Lin- delöf, e assim extraímos uma subcobertura enumerável (que pode even- tualmente agregar Rn\S). Como o complementar de Snão o intersecta, podemos descartá-lo da subcobertura obtida, sobrando então uma subco- bertura enumerável da cobertura original{Uα}αAdeS.

Afirmação. Seja D ⊆Rn um subconjunto qualquer. EntãoDé aberto se e somente se D∩∂D=∅.

Solução: Se D não é aberto, existe um ponto p ∈ D que não é interior a D. Tal ptestemunha que D∩∂D 6= ∅ (verifique). Reciprocamente, se

p∈ D∩∂D, entãopnão é interior à D, e assim Dnão é aberto.

Afirmação. Sejam E1,E2Rn conexos não-vazios tais que E1∩E2 6= ∅. EntãoE1∪E2é conexo.

Solução: Considere uma cisão

E1∪E2 = (A∩(E1∪E2))∪(B∩(E1∪E2)),

onde A,B ⊆Rn são abertos e disjuntos. Vamos mostrar que esta cisão é a trivial. Cortando a igualdade acima com E1obtemos

E1 = (A∩E1)∪(B∩E1) e E2 = (A∩E2)∪(B∩E2).

Visto queE1é conexo, sem perder generalidade temos queB∩E1 =∅, ou seja, E1Rn \B. ComoE2é conexo, temos que A∩E2 =∅ouB∩E2 =

∅. Afirmo que deve ser o segundo caso: com efeito, seA∩E2 =∅, então E2 = B∩E2 nos dá que E2 ⊆ B, de modo que E1∩E2 ⊆ (Rn \B)∩B contradiz que E1∪E2 6= ∅. Assim B∩ E1 = B∩E2 = ∅ nos dá que B∩(E1∪E2) = ∅, e a cisão inicial é a trivial como queríamos.

Afirmação. SejaE ⊆Rn um conexo não-vazio. EntãoEé conexo.

Solução: Considere uma cisão E = (A∩E)∪(B∩ E), onde A,B ⊆ Rn são abertos e disjuntos. Cortando esta igualdade comE, obtemos queE= (A∩E)∪(B∩E). ComoEé conexo, sem perda de generalidade temos que B∩E =∅. Isto implica queB∩E =∅também. Com efeito, sex ∈ B∩E, então B é um aberto contendo x, e por definição de fecho teríamos que B∩E 6=∅. Portanto a cisão inicial dada é a trivial.

(12)

Observação. Gráficos de funções contínuas definidas em conexos são tam- bém conexos (prova?). Utilizando os dois resultados anteriores, é possível provar que conjuntos estranhos como o da figura a seguir são conexos.

Figura 8: A “senoide do topólogo” (topologist’s sine curve).

Chame deGdeGeos ramos direito e esquerdo do gráfico de sen(1/x), respectivamente. Assim os conjuntos

({0} ×[0, 1])∪Gd =Gd e ({0} ×[0, 1])∪Ge =Ge

são conexos, por serem fechos de conexos. A senoide do topólogo é a união destes dois conjuntos, cuja interseção é{0} ×[0, 1] 6=∅.

Afirmação. Seja E ⊆ Rn um conexo não-vazio. Se E ⊆ D ⊆ E, então D é conexo.

Solução: É uma adaptação do argumento anterior. Considere uma cisão D = (A∩D)∪(B∩D), com A,B ⊆ Rn abertos e disjuntos. Cortando tal igualdade com E, temos E = (A∩E)∪(B∩E). Como Eé conexo, temos sem perder generalidade que B∩E =∅. SendoBaberto, isto nos dá que B∩E =∅. PortantoE⊆D ⊆Enos dá que

∅= B∩E⊆ B∩D ⊆B∩E=∅, de modo que B∩D =∅e a cisão inicial dada é a trivial.

Afirmação. Seja f: RnRk. São equivalentes:

(i) lim

xp f(x) =c;

(13)

(ii) lim

xp f(x)−c =0;

(iii) lim

xpkf(x)−ck =0.

Solução: Observe que as três condições lêem-se como (i) Para todoe >0 existeδ>0 tal que

0<kxpk <δ implica kf(x)−ck <e;

(ii) Para todoe >0 existeδ>0 tal que

0<kxpk<δ implica k(f(x)−c)−0k <e;

(iii) Para todoe >0 existeδ>0 tal que

0 <kxpk <δ implica |kf(x)−ck −0|<e.

Agora note que

kf(x)−ck =k(f(x)−c)−0k =|kf(x)−ck −0|.

16/01/2018

Afirmação.

• ExisteD⊆Rn tal que∂Dseja um aberto não-vazio.

• ExisteS ⊆Rn tal que(∂S) 6=∅. Solução: D=S =Qsatisfaz∂Q=R.

Afirmação(Teorema do Confronto). Sejam f,g,h: D ⊆ RnR,r > 0 e p∈ Dtais que f(x) ≤g(x)≤h(x)para todox∈ (B(p,r)\ {p})∩D. Se

xlimp f(x) = lim

xph(x) =c ∈ R, então lim

xpg(x) = c.

(14)

Observação. Intuitivamente, se vale f(x)≤ g(x) ≤h(x)perto dep, pode- se aplicar limxp em tudo preservando ≤de modo a obter

xlimp f(x) ≤ lim

xpg(x) ≤ lim

xph(x), desde que os limites dos extremos sejam iguais, e concluir que

c ≤ lim

xpg(x) ≤c.

Mas se os limites dos extremos não são iguais, o limite limxpg(x) não precisa nem existir (exemplo?). Cuidado!

Solução: Sejae >0. Existemδ1,δ2>0 tais que para todox ∈ D, valem 0<kxpk <δ1 =⇒ c−e < f(x)<c+e, e

0<kxpk <δ2 =⇒ c−e < g(x) <c+e.

Ponha δ = min{δ1,δ2,r} >0. Assim, se x ∈ De 0 < kxpk <δ, valem todas as desigualdades que precisamos, donde

c−e< f(x) ≤g(x)≤h(x) <c+e =⇒ |g(x)−c| <e, como desejado.

Rn R

g f h

p

Figura 9: O Teorema do Confronto.

Afirmação. Sejam f,g: RnRk,pRner,M>0 tais que limxp f(x) = 0, ekg(x)k ≤ Mpara todox ∈ B(p,r)\ {p}. Então limxphf(x),g(x)i = 0.

(15)

Observação. A notaçãoh·,·iindica o produto interno deRn, bem como o ponto·. Note que paran = 1, o produto interno é apenas a multiplicação de números reais.

Solução: Basta notar que se limxp f(x) = 0, então limxp Mkf(x)k =0.

Assim, a desigualdade de Cauchy-Schwarz nos dá

0 ≤ |hf(x),g(x)i| ≤ kf(x)kkg(x)k ≤ Mkf(x)k

para todox ∈ B(p,r)\ {p}, e a conclusão segue do Teorema do Confronto.

Afirmação. A função f: RRdada por f(x) =

(1

q, sex= pq é racional, com p∈ Zeq∈ Z>0, mdc(p,q) =1 0, sexé irracional

é contínua em todos os racionais, e descontínua em todos os irracionais.

Solução: “Stars over Babylon”.

Afirmação. Existem A,B ⊆ R2 abertos, conexos, disjuntos, não-vazios e limitados com∂A=∂B.

Solução: Lagos de Wada.

Afirmação. Sejam f,g: RnRk funções contínuas e D ⊆ Rn denso. Se f

D =g

D, então f = g.

Solução: Podemos resolver isto de dois modos.

Primeira solução: Via a caracterização de fechados por sequências. Seja xRn. Como D é denso, existe (xn)n0 ⊆ D tal que xnx.

Temos que f(xn) = g(xn)para todon ≥0 e assim limn→+ f(xn) = limn→+g(xn). Visto que f e g são contínuas, comutam com lim, nos dando f(x) = g(x).

Segunda solução: Mostrando queA ={xRn | f(x) = g(x)}é fechado.

Assim, teremos que D ⊆ Aimplica Rn = D ⊆ A = A, e logo A = Rn. Vejamos queRn\A é aberto. SexRn é tal que f(x) 6= g(x), existe r > 0 tal que B(f(x),r)∩B(g(x),r) = ∅. Pela continuidade de f eg, existemδ1,δ2 >0 tais que

f(B(x,δ1)) ⊆B(f(x),r) e g(B(x,δ2))⊆ B(g(x),r). Sendoδ =min{δ1,δ2} >0, vale queB(x,δ)⊆Rn\A.

(16)

Afirmação. Seja f: RRcontínua em 0 tal que f(x+y) = f(x) + f(y) para todos x,y∈ R. Então:

(a) f é (uniformemente) contínua.

(b) existea∈ Rtal que f(x) =ax, para todox ∈R.

Solução:

(a) Iniciamos observando que pondo x = y = 0 na condição de aditi- vidade de f, vemos que f(0) = 0. Daí, fazendo y = −x segue que

f(−x) = −f(x). Logo, temos que f(x−y) = f(x)− f(y).

Fixe então p∈ Ree>0. Pela continuidade de f em 0, existeδ >0 tal que|t| <δimplica |f(t)| < e. Vejamos que este mesmoδserve. Com efeito, se|x−p|<δ, temos|f(x)−f(p)| =|f(x−p)| <e.

(b) É fácil ver que necessariamente será a = f(1) e que, por indução, f(n) = an para todon ∈ N. Visto que f(−x) = −f(x), na verdade temos que f(n) = an para todon∈ Z. Assim, se p,q ∈ Zcomq 6= 0, vale que

ap = f(p) = f p

q ·q

= f p

q +· · ·+ p q

= f p

q

+· · ·+ f p

q

=q f p

q

,

donde segue que f(x) = axpara todox∈ Q. ComoQé denso e tanto f comoR3 x 7→ ax∈ Rsão contínuas, segue a conclusão desejada.

Afirmação. Seja f: ]a,b[ → Rmonótona. Então para todo p ∈ ]a,b[ exis- tem os limites limxp+ f(x)e limxp f(x). Além disto, o número de des- continuidades de f é no máximo enumerável.

Observação.

(17)

• Em outras palavras: se f é monótona, então f só possui descontinui- dades de salto, e são poucas. Em particular, o conjunto de desconti- nuidades de f possui medida nula, e assim f é Riemann-integrável (Critério de Lebesgue).

• Fun fact: vale algo muito mais poderoso. Se f é monótona, então o conjunto dos pontos onde f deixa de ser derivável também tem medida nula (ou, em outros temos, f é derivável Lebesgue-q.t.p.1).

A demonstração disso é altamente não-trivial e está fora do escopo deste curso e destas notas.

Solução: Trocando f por−f se necessário, podemos supor que f é cres- cente. Afirmo que

xlimp f(x) =sup{f(x) | x < p} e lim

xp+ f(x) =inf{f(x) |x > p}.

supx<p f(x) infx>p f(x)

p

Figura 10: Descobrindo os limites laterais.

Façamos a verificação do primeiro limite, sendo o segundo análogo.

Chame de L este supremo e seja dado e > 0. Por definição de supremo, existe xe ∈ ]a,b[, xe < p tal que f(xe) > L−e. Tomeδ = p−xe > 0. Se 0< p−x <δ, temos quex>xe, e assim

|f(x)−L|= L−f(x) <L+e−L=e, como queríamos.

1“quase todo ponto”.

(18)

Para a última parte, note que se Desc(f)denota o conjunto dos pontos de descontinuidade de f, então dados p,q ∈ Desc(f)distintos, vale que

# sup

x<p

f(x), inf

x>p f(x)

"

# sup

x<q

f(x), inf

x>q f(x)

"

=∅, uma vez que f é monótona. Assim, fixando um racional

rp

# sup

x<p

f(x), inf

x>pf(x)

"

para cada p ∈Desc(f), obtemos uma aplicaçãoinjetora Desc(f) 3 p 7→rpQ,

donde segue que Desc(f)é enumerável.

Curiosidade. Se p∈ R>0ex= (x1, . . . ,xn) ∈Rn, pode-se definir kxkp=.

n i=1

|xi|p

!1/p

.

Note que para p =1 e p =2 temos as velhas conhecidas kxk1 =|x1|+· · ·+|xn| e kxk2 =

q

x21+· · ·+x2n.

Também pode-se colocar kxk = max{|x1|, . . . ,|xn|} e, como a notação sugere, vale que limp→+kxkp =kxk (prova?).

Para todo p≥1, temos quek · kpé uma norma (mas em contrapartida, para 0< p<1 nunca é norma). Neste contexto, a desigualdade triangular leva o nome dedesigualdade de Minkowski, e sua demonstração é não-trivial.

Ainda, pode-se provar (via a identidade do paralelogramo) quek · kp provém de um produto interno se e somente se p=2.

Comparemos algumasp-bolas unitáriasB((0, 0), 1)emR2:

(19)

Figura 11: p-bolas emR2.

De “fora” para “dentro”, temos as bolas parap =∞, 3, 2, 1 e 1/2. Note que a candidata a bola para p =1/2 não é convexa, evidenciando a falha da desigualdade triangular parak · k1/2.

18/01/2018

Na primeira parte do atendimento, discutimos o gabarito do simulado para a P1, disponívelaqui.

Afirmação. As aplicações det : Mat(n,R) →Re inv : GL(n,R) →GL(n,R), são contínuas, onde GL(n,R) = {A ∈ Mat(n,R) | Aé não-singular} e inv(A) = A1.

Solução: Para a aplicação determinante, a solução depende da definição adotada. A continuidade de det é equivalente à continuidade relativa às n2variáveisaij, de modo que

det(A) =

σSn

sgn(σ)

n i=1

a(i)

é contínua por ser um polinômio. Ou então pode-se encarar det como uma aplicaçao definida em Rn × · · · ×Rn, que receben vetores como entrada e devolve o determinante da matriz obtida listando osnvetores em linhas ou colunas. Neste caso, det é multilinear, e toda aplicação multilinear é contínua.

(20)

Note que GL(n,R) = det1(R\ {0})é um aberto de Mat(n,R).

Para a aplicação inversão, um jeito é apelar para a álgebra linear: vale a identidadeAAdj(A) = (detA)Idn, onde Adj(A)é amatriz adjuntadeA, cujas entradas são definidas por

Adj(A)ij = (−. 1)i+jdet(A[i,j]),

onde A[i,j] ∈ Mat(n−1,R)é a matriz obtida de Adeletando-se a i-ésima linha e a j-ésima coluna. Se detA 6= 0, então A1 = Adj(A)/ detA, e assim cada entrada de A1 é contínua, por ser um quociente de dois po- linômios nasn2entradasaij. Logo inv é contínua.

Afirmação. GL(n,R)é desconexo, e denso em Mat(n,R).

Solução: Como GL(1,R) = R\ {0}é claramente desconexo, e denso em R, podemos focar nossa atenção quando n > 1. Para a desconexidade temos dois argumentos possíveis:

Primeira solução: Note que GL(n,R) =det1(R>0)∪det1(R<0)é uma cisão não-trivial.

Segunda solução: Suponhan > 1. Se GL(n,R)fosse conexo, visto que é aberto seria também conexo por caminhos. Se A,B ∈ GL(n,R) são tais que detA > 0 e detB < 0, tome γ: [0, 1] → GL(n,R) tal que γ(0) = A eγ(1) = B. Note que det◦γ: [0, 1] → Ré contínua, com det◦γ(0) > 0 e det◦γ(1) < 0. O Teorema do Valor Intermediário fornece t0 ∈ [0, 1] tal que det◦γ(t0) = 0, contradizendo que γ só assume valores em GL(n,R).

Sobre GL(n,R)ser denso, no fim das contas tinha uma solução mais fácil do que a minha tentativa feita em sala. Dadas matrizes A ∈ Mat(n,R) e B∈ GL(n,R), considere o “segmento de reta” f: [0, 1] →Rdado por

f(t) =det((1−t)A+tB).

Utilizando a definição de det como uma soma alternada de produtos, vê se que f(t)é um polinômio emt, que é não-nulo visto que f(1) = detB6=

0. Assim f se anula no máximo uma quantidade finita de vezes. Com isto, dado r > 0, é possível encontrar t0 pequeno o suficiente para que (1−t0)A+t0B ∈GL(n,R)∩B(A,r).

Afirmação. ParaL∈ Lin(Rn,Rk), definakLk1 =. supkxk≤1kLxk. (a) kLk1<+∞;

(21)

(b) k · k1é uma norma em Lin(Rn,Rk); (c) kLxk ≤ kLk1kxkpara todoxRn;

(d) kL◦Tk1 ≤ kLk1kTk1, ondeT ∈ Lin(Rm,Rn) ek · k1denota ambas as normas em Lin(Rm,Rn)e Lin(Rn,Rk);

(e) kLk1≤ kLk ≤√

nkLk1, ondekLk =. qni,j=1a2ij é a norma de Hilbert- Schmidt deL(aqui[T]can = (ai,j)ni,j=1).

Solução:

(a) SeLé linear, entãoLé contínua2(prova?). Como {xRn | kxk ≤1}= B(0, 1)

é compacta, L assume seu valor máximo, digamos em x0 ∈ B(0, 1). AssimkLk1 =kLx0k <+∞.

(b) É claro quekLk1 ≥0 para todaL∈ Lin(Rn,Rk). E seL 6=0, existevRn não-nulo tal que Lv 6= 0. Normalizando se necessário, podemos supor que v é unitário, de modo que kLk1 ≥ kLvk > 0. Agora, se λR, note que

{k(λL)(x)k | kxk ≤1}={kλLxk | kxk ≤1}

={|λ|kLxk | kxk ≤ 1}

=|λ|{kLxk | kxk ≤ 1}.

Aplicando sup nos dois lados e usando que3sup(aA) = asupApara todo A⊆Rea>0 (prova?), segue que

kLk1 =sup|λ|{kLxk | kxk ≤1}=|λ|kLk1.

Falta a desigualdade triangular. SeL1,L2 ∈ Lin(Rn,Rk)ex ∈ B(0, 1) é qualquer, vale que

k(L1+L2)(x)k =kL1x+L2xk ≤ kL1xk+kL2xk ≤ kL1k1+kL2k1. Comoxé arbitrário na bola unitária fechada, passamos o supremo no lado esquerdo e segue que kL1+L2k1 ≤ kL1k1+kL2k, como quería- mos.

2Isso só vale necessariamente pra aolicações lineares definidas entre espaços norma- dos de dimensão finita! Você vai aprender como a coisa funciona em dimensão infinita num curso de Análise Funcional.

3A definição formal éaA .

={ax|xA}.

(22)

(c) TomexRn qualquer. Sex=0, é óbvio. Caso contrário, temosx/kxk unitário e por definição dek · k1sai que

kLk1≥ L

x kxk

=

Lx kxk

= kLxk kxk . Agora multiplique os dois lados da desigualdade porkxk. (d) Sejaxna bola unitária fechada, arbitrário. Temos que

k(L◦T)(x)k=kL(Tx)k ≤ kLk1kTxk ≤ kLk1kTk1,

onde na primeira desigualdade utilizamos o item (c) acima. Tomando o supremo do lado esquerdo segue que kL◦Tk1 ≤ kLk1kTk1, como desejado.

(e) Sejam e1, . . . ,enRn os vetores da base canônica. Observe que são todos unitários, e que as colunas de[T]cansão precisamente as compo- nentes dos Lei. Com isto, temos que

kLk2 =

n i=1

kLeik2

n i=1

kLk21 =nkLk21. Tomando raízes, segue a segunda desigualdade.

Para a primeira desigualdade, identifiquemos elementos deRncom as matrizes-coluna de suas coordenadas, e aplicações lineares com suas matrizes na base canônica. Note que seL> denota a matriz transposta deL, então valem que hLx,yi = hx,L>yi, quaisquer que sejamx,yRn , e também vale que

kLk2=

n i=1

kL>eik2.

Façamos por força bruta. Tome x arbitrário na bola unitária fechada.

Assim, seL = (aij)ni,j=1e denotamos também os vetores da base canô- nica deRk pore1, . . . ,ek (não haverá risco de confusão com a base do

(23)

Rn), temos:

kLxk2 =hLx,Lxi

(1)

=

* n

i

=1

xiLei,

n j=1

xjLej

+

(2)

=

n i,j=1

xixj

* k

r

=1

arier,

k s=1

asjes

+

(3)

=

n i,j=1

k r,s=1

xixjariasjher,esi (=4)

n i,j=1

k r=1

xixjariarj

=

k r=1

n i=1

arixi

! n j

=1

arjxj

!

(5)

=

k r=1

n i=1

arixi

!2

=

k r=1

hL>er,xi2

(6)

k r=1

kL>erk2kxk2

(7)

=

k r=1

kL>erk2=

k r=1

kLerk2

=kLk2, onde usamos

(1) Linearidade deL;

(2) Bilinearidade deh·,·imais a definição da matriz que representaL;

(3) Bilinearidade deh·,·ide novo;

(4) her,esié 1 ser=se 0 caso contrário;

(5) Reconhecemos que os índices i e j são mudos, de modo que as quantidades dentro dos parênteses são iguais;

(6) Cauchy-Schwarz;

(7) kxk =1.

Assim, tirando raízes vem que kLxk ≤ kLk. Como x era qualquer, tomamos o supremo no lado esquerdo e concluímos quekLk1 ≤ kLk, como desejado.

Afirmação. Sejam f: RnRkeA⊆Rntal que f

A =0. Sepé um ponto de acumulação de Ae limxp

x6∈A

f(x) = 0, então limxp f(x) = 0.

(24)

Solução: Sejae >0. Existeδ >0 tal que para todox∈ A, 0 <kxpk <δ implicakf(x)k <e.

Afirmo que este mesmoδ funciona para o limite total. SejaxRn tal que 0 < kxpk < δ. Devemos verificar que kf(x)k < e. Temos duas possibilidades: se x ∈ A, entãokf(x)k = k0k = 0 < e, enquanto que se x6∈ A,kf(x)k <ediretamente, pelo dito acima.

Afirmação. Não existe f: R2Rcontínua e injetora.

Solução: Fixe um valor a na imagem de f. A fibra f1(a) consiste de apenas um ponto, pela injetividade de f. AssimR2\f1(a)é conexo. Mas se f for contínua,R2\ f1(a) = f1(]−∞,a[)∪ f1(]a,+[)é uma cisão não-trivial (cada um dos caras do lado direito é aberto), absurdo.4

Afirmação. Seja f: [0,+[→ Runiformemente contínua. Então existem a,b∈ Rtais que|f(x)| ≤ ax+b, para todox≥0.

Solução: Por continuidade uniforme (com e = 1), existe δ > 0 tal que

|x−y| ≤ δ implica |f(x)− f(y)| < 1. Em particular, note que temos a desigualdade f(δ) <1+ f(0). Com isto, temos:

x ∈ [0,δ] =⇒ f(x)<1+f(0)

x∈ [δ, 2δ] =⇒ f(x)<1+f(δ)<2+ f(0) x∈ [2δ, 3δ] =⇒ f(x)<1+f(2δ)<3+f(0)

...

x∈ [nδ,(n+1)δ] =⇒ f(x)<n+1+ f(0) ...

Mas para todon≥0,x ≥nδimplican≤ x/δ, e assim f(x)<n+1+ f(0)≤ x

δ + (f(0) +1). Entãoa =. 1/δeb =. f(0) +1 satisfazem o pedido.

Observação. Geometricamente, isto nos diz que gráficos de funções uni- formemente contínuas em[0,+[devem ficar abaixo de alguma reta. En- tão já podemos concluir visualmente que funções comox2,x3,ex, etc., não são uniformemente contínuas em[0,+∞[.

Afirmação. Sejam A ⊆ Rn aberto e K ⊆ A compacto. Então existe K1

compacto tal queK ⊆K˚1 ⊆K1 ⊆A.

4Eu ainda não entendi como isso se relaciona com os outros itens do Exercício 32.

(25)

Solução: Como Aé aberto eK ⊆ A, para cadax ∈ Kexisterx >0 tal que B(x,rx) ⊆ A (por exemplo, tome inicialmente uma bola aberta, reduza o raio e depois feche). Então{B(x,rx)}xKé uma cobertura aberta deK. Por compacidade deK, existemx1, . . . ,xk ∈ Ktais que

K ⊆

k

[

i=1

B(xi,rxi)

| {z }

=K˚1

k

[

i=1

B(xi,rxi)

| =.{zK }

1

⊆ A.

Recorde que de fato união finita de compactos é novamente um compacto.

Afirmação (Teorema dos Compactos Encaixados - Cantor). Sejam dados K1 ⊇ K2 ⊇ · · · ⊇ Kn ⊇ · · · compactos encaixados e não-vazios em Rm. EntãoT+n=1Kn 6=∅.

Solução: Suponha por absurdo que T+n=1Kn = ∅, de modo que valha S+

n=1(Rm \Kn) = Rm. Então {Rm \Kn}+n=1 é uma cobertura aberta de K1. Por compacidade de K1, e usando que os compactos são encaixados, existe N ≥ 1 tal queK1Rm \KN. MasKN ⊆ K1Rm \KN contradiz KN 6=∅.

Observação. O resultado acima continua válido se trocarmos o Rn por qualquer espaço topológico Hausdorff.

22/01/2018

W. O..

30/01/2018

Afirmação. Seja f: RRde classeC1. Então a função

F(x,y) =





f(y)− f(x)

y−x , sex6=y;

f0(x), sex=y.

é diferenciável se x6=ye, se existir f00(x), entãoFé diferenciável emR2.

(26)

Solução: É claro que F é diferenciável no aberto {(x,y) ∈ R2 | x 6= y}. Então basta discutirmos a parte final do exercício. Uma ideia é verificar a condição um pouco mais forte de que as derivadas parciais de F são contínuas. Note que dado x∈ R, temos

∂F

∂x(x,x) = lim

h0

F(x+h,x)−F(x,x) h

= lim

h0

f(x)−f(x+h)

h − f0(x) h

= lim

h0

f(x+h)−f(x)− f0(x)h h2

(∗)= lim

h0

f0(x+h)− f0(x) 2h

= f

00(x) 2 ,

onde em (∗) usamos a Regra de L’Hospital5. Deste modo, temos da regra do quociente que

∂F

∂x(x,y) =





f(y)− f(x)−f0(x)(y−x)

(y−x)2 , sex6=y;

f00(x)

2 , sex=y

e, analogamente, que:

∂F

∂y(x,y) =





f(x)− f(y)− f0(y)(x−y)

(x−y)2 , sex 6=y;

f00(x)

2 , sex =y.

Fazendoy−x →0 vê-se que ambas as derivadas são contínuas.

Afirmação. Se f: RnRk é diferenciável em pRn, necessariamente existe o limite

hlim0

f(p+h)−f(p) khk ?

Solução: Pegadinha. Tomen = k = 1 e f = id, este limite fica lim

h0h/|h|.

5Isso não seria um curso de Cálculo se não usássemos L’Hospital nenhuma vez...^· ·

(27)

Exemplo(Um caso concreto). Considere a função f: R4R4dada por f(x,y,z,w) = (xseny,z2+ew, cos(x+y+z+w), arctan(xyzw)). Claramente f é de classeC (suas entradas o são). Vamos calcular

Df(0, 0, 0, 0)(1, 2, 3, 4),

ou seja, a imagem do vetor (1, 2, 3, 4) pela aplicação linear Df(0, 0, 0, 0). Faremos o abuso de notação (muito comum) de também denotar a ma- triz deDf(x,y,z,w) nas bases canônicas deR4(isto é, a matriz Jacobiana) também porDf(x,y,z,w). Um algoritmo para calcular rapidamente esta matriz sem confusões é

colocar os gradientes das componentes de f emlinhas Assim, temos queDf(x,y,z,w)é dada por

seny xcosy 0 0

0 0 2z ew

sen(x+y+z+w) −sen(x+y+z+w) −sen(x+y+z+w) −sen(x+y+z+w) yzw

1+ (xyzw)2

yzw 1+ (xzw)2

xyw 1+ (xyzw)2

xyz 1+ (xyzw)2

 .

Em particular, temos:

Df(0, 0, 0, 0) =

0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

 .

Como vetores emRn se confundem com suas coordenadas na base canô- nica, segue que

Df(0, 0, 0, 0)(1, 2, 3, 4) =

0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

 1 2 3 4

=

 0 4 0 0

 .

Ou seja, temos queDf(0, 0, 0, 0)(1, 2, 3, 4) = (0, 4, 0, 0). Exemplo(Blocos).

(28)

1. Suponha que f: Rn1 ×Rn2Rm seja diferenciável. A decompo- sição Rn1+n2 = Rn1 ×Rn2 induz, em cada ponto (x,y), derivadas parciais “gordas” (veja a observação seguinte)Dxf(x,y): Rn1Rm eDyf(x,y): Rn2Rm satisfazendo

Df(x,y)(h,k) =Dxf(x,y)(h) +Dyf(x,y)(k),

para todos(h,k) ∈ Rn1 ×Rn2. Deste modo, a matrizDf(x,y)(que é de tamanhom×(n1+n2)) se decompõe em dois blocos (umm×n1, o outrom×n2) do seguinte modo:

Df(x,y) = Dxf(x,y) Dyf(x,y) .

2. Sejam f: Rn1Rkeg: Rn2Rkdiferenciáveis, e defina uma nova funçãoF: Rn1×Rn2Rk×Rkpor

F(x,y) = (f(x), f(x) +g(y)).

Claramente F é diferenciável, e se F = (F1,F2), o mesmo princípio feito no cálculo do exemplo anterior se aplica: para calcularDF(x,y) empilhamos as derivadas totais das componentes deFem linhas,

uma em cima da outra

Juntando isto com o ponto 1 acima, podemos calcularDF(x,y)neste caso concreto como:

DF(x,y) =

DF1(x,y) DF2(x,y)

 =

DxF1(x,y) DyF1(x,y) DxF2(x,y) DyF2(x,y)

 =

Df(x) 0 Df(x) Dg(y)

, levando em conta que F1(x,y) = f(x) eF2(x,y) = f(x) +g(y). Fa-

remos as contas mais detalhadamente adiante. Além disto, preste atenção aos tamanhos dos blocos acima.

Observação(para os muito curiosos). SeS⊆Rn é um subespaço vetorial de Rn e f: RnRk é uma função, então diremos que a derivada dire- cional de f na direção de S em um ponto p ∈ S, caso exista, é a (única) transformação linearDSf(p): S →Rk tal que

hlim0 hS

f(p+h)−f(p)−DSf(p)(h)

khk =0.

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