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Sólitons a temperatura finita: correções quânticas e térmicas à massa

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE DE S ˜AO PAULO INSTITUTO DE F´ISICA

olitons a temperatura finita:

corre¸

oes quˆ

anticas e t´

ermicas `

a

massa

Luana Perez Fran¸

ca

Orientador: Prof. Dr. Adilson Jos´e da Silva

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de F´ısica da Universidade de S˜ao Paulo para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ciˆencias.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Adilson Jos´e da Silva (IF-USP)

Prof. Dr. Fernando Tadeu Caldeira Brandt (IF-USP) Prof. Dr. Enrique Alberto Gallegos Collado (ICT-UNIFAL)

(4)

- - -

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pelo Serviço de Biblioteca e Informação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo

França, Luana Perez

Sólitons a temperatura finita: correções quânticas e térmicas à massa. São Paulo, 2014.

Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Instituto de Física. Departamento de Física Matemática

Orientador: Prof. Dr. Adilson José da Silva

Área de Concentração: Física

(5)

Agradecimentos

Ao meu orientador, Adilson Jos´e da Silva, pela compreens˜ao, motiva¸c˜ao e, princi-palmente, pela disposi¸c˜ao e paciˆencia em sanar todas as minhas d´uvidas;

Aos meus pais, Sˆonia Maria Perez Fran¸ca e Israel Pinheiro Fran¸ca, e ao meu irm˜ao, Raul Perez Fran¸ca, por todo o apoio, pois sem eles eu n˜ao teria chegado at´e aqui;

Ao meu marido, Marco Aur´elio Savoia, por todo o ˆanimo e for¸ca para persistir;

Aos meu colegas do Instituto de F´ısica, especialmente Fabr´ıcio Marques do Carmo, Enrique Alberto Gallegos Collado e Victor Peralta Cano, que me aconselharam e aju-daram sempre que poss´ıvel;

`

(6)
(7)

RESUMO

S´olitons s˜ao solu¸c˜oes cl´assicas de equa¸c˜oes de campos n˜ao lineares, que possuem energia finita e densidade de energia localizada. Eles constituem pacotes de energia que se movem de maneira uniforme e n˜ao dispersiva, assemelhando-se a part´ıculas estendidas. Quando se estuda um sistema `a temperatura finita ´e poss´ıvel tecer um paralelo entre a teoria quˆantica de campos e a mecˆanica estat´ıstica. Neste trabalho calculamos, na aprox-ima¸c˜ao de um la¸co, a corre¸c˜ao quˆantica `a massa do kink do modelo λφ4

(8)
(9)

ABSTRACT

Solitons are classical solutions of non-linear field equations, that have fi-nite energy and localised energy density. They constitute non-dispersive localised packages of energy moving uniformly, resembling extended par-ticles. When studying a system at finite temperature one can make an analogy between quantum field theory and statistical mechanics. In this work we calculate, in one loop approximation, the quantum correction to the mass of the kink of the model λφ4 coupled to a fermionic field. The

(10)
(11)

Sum´

ario

1. Introdu¸c˜ao 1

2. Uma introdu¸c˜ao aos s´olitons 7

2.1. Uma breve vis˜ao geral . . . 7

2.2. O modelo λφ4 . . . . 9

3. Teoria de Campos a temperatura finita 15 3.1. O formalismo de integrais funcionais . . . 15

3.2. Representa¸c˜ao da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao em integrais funcionais . . . 20

3.2.1. Periodicidade . . . 22

3.3. Aproxima¸c˜ao de fase estacion´aria . . . 23

4. Corre¸c˜ao quˆantica da massa do kink no modelo λφ4 27 4.1. Quantiza¸c˜ao do modelo λφ4 . . . 27

4.2. C´alculo das flutua¸c˜oes bosˆonicas a temperatura zero . . . 31

4.3. Corre¸c˜ao da massa a temperatura zero . . . 37

4.4. Efeitos t´ermicos . . . 41

5. Modelo λφ4 acoplado a campo Fermiˆonico 45 5.1. F´ermions a temperatura finita . . . 45

(12)

5.2. Quantiza¸c˜ao do modeloλφ4 acoplado a campo Fermiˆonico . . . 47

5.3. C´alculo das flutua¸c˜oes fermiˆonicas . . . 49

5.4. Corre¸c˜ao da massa a temperatura zero . . . 55

5.5. Efeitos t´ermicos . . . 59

6. Conclus˜oes 63 Apˆendice A. Integrais funcionais 65 A.1. Integral funcional gaussiana para vari´aveis bosˆonicas . . . 65

A.2. Integral funcional gaussiana para vari´aveis fermiˆonicas . . . 67

Apˆendice B. Demonstra¸c˜ao da identidade ln detA=trlnA 71 Apˆendice C. Alguns resultados importantes 75 C.1. C´alculo de ∞ X n=−∞ ln α2+ 4π 2n2 β2 . . . 75

C.2. C´alculo de ∞ X n=−∞ ln α2+ (2n+ 1) 2π2 β2 . . . 76

C.3. Modo zero . . . 77

C.4. Integral divergente . . . 77

Apˆendice D. Conjuga¸c˜ao de carga 79 Apˆendice E. Propagadores de Feynman bosˆonico e fermiˆonico 81 E.1. Propagador bosˆonico . . . 81

E.2. Propagador fermiˆonico . . . 83

Apˆendice F. Renormaliza¸c˜ao 87 F.1. Campo bosˆonico . . . 87

(13)

Sum´ario iii

(14)
(15)

1. Introdu¸

ao

Em 1834, J. Scott Russel estava observando o movimento de um barco sendo puxado por dois cavalos no canal de Edimburgo. Quando o barco subitamente freou criou uma grande onda solit´aria de forma arredondada e bem definida. Ele seguiu a onda formada por um longo trecho e observou que ela se propagava numa velocidade constante e mantinha sua forma original inalterada.

O que Russel observou era um modelo de s´olitons. Matematicamente, s´olitons s˜ao solu¸c˜oes cl´assicas de equa¸c˜oes n˜ao lineares de campos, na m´etrica de Minkowski, que possuem energia finita e densidade de energia localizada. Se propagam com velocidade uniforme e sem mudar a forma. Por constitu´ırem pacotes de energia que se movem de maneira uniforme e n˜ao dispersiva se assemelham a part´ıculas estendidas [1].

Para entender melhor estes conceitos vamos considerar a mais simples das equa¸c˜oes de onda relativ´ıstica, dada por:

∂µ∂µφ =

1

c2

∂2

∂t2 −

∂2

∂x2

φ(x, t) = 0, (1.1)

onde φ(x, t) ´e um campo escalar em 1 + 1 dimens˜oes e c´e a velocidade da luz. Esta equa¸c˜ao ´e linear e n˜ao-dispersiva, desta forma, suas solu¸c˜oes possuem as seguintes caracter´ısticas [2]:

(16)

sua forma. Por exemplo:

f(x±ct) = Z

dk[a1(k) cos(kx±ωt) +a2(k) sin(kx±ωt)].

O pacote de onda viaja sem mudar sua forma e com velocidade constante cpelo fato de que todas suas componentes s˜ao ondas planas com a mesma velocidade

ω/k =c.

2. Dadas duas solu¸c˜oes de pacotes de onda, ap´os uma colis˜ao, recuperam sua forma e velocidade originais num tempo assint´otico (t →+∞).

No entanto, a maioria das equa¸c˜oes de onda s˜ao mais complicadas, podendo conter termos n˜ao-lineares e/ou dispersivos. A t´ıtulo de compara¸c˜ao, consideremos agora a equa¸c˜ao de Klein-Gordon em duas dimens˜oes [3]:

✷+ m

2c2

~2

φ(x, t)≡

1

c2

∂2 ∂t2 −

∂2 ∂x2 +

m2c2

~2

φ(x, t) = 0. (1.2)

Esta equa¸c˜ao tamb´em ´e linear e ondas planas cos(kx±ωt) e sin(kx±ωt) s˜ao solu¸c˜oes. Mas agora ω2 = k2c2 +m2c4, portanto, diferentes comprimentos de onda viajam a

diferentes velocidades, j´a queω(k)/k =v, o que torna a equa¸c˜ao dispersiva. Portanto, esta equa¸c˜ao n˜ao segue nenhuma das caracter´ısticas (1) e (2).

Consideremos adicionar um termo n˜ao-linear `a equa¸c˜ao 1.1:

1

c2

∂2

∂t2 −

∂2

∂x2

φ(x, t) +φ3(x, t) = 0 (1.3)

(17)

3

s´olitons.

Vamos nos restringir `as equa¸c˜oes de campo que tenham associada uma densidade de energiaǫ(x, t) que ´e fun¸c˜ao dos camposφi(x, t). A integral espacial desta densidade leva `a energia total conservadaE[φi]. Diz-se que temos “solu¸c˜oes localizadas” quando as densidades de energia s˜ao localizadas no espa¸co, ou seja, s˜ao finitas dentro de uma regi˜ao finita e tendem a zero quando as coordenadas espaciais tendem a infinito. Uma onda solit´aria (a partir de agora chamada s´oliton) define-se como a solu¸c˜ao localizada de qualquer equa¸c˜ao n˜ao-linear de campo cuja densidade de energia, al´em de ser localizada, possui uma dependˆencia no espa¸co-tempo da forma:

ǫ(x, t) =ǫ(xut),

ou seja, a densidade de energia se mant´em constante se movendo com uma velocidade constante ([2] e [4]).

Classicamente, o estado de energia mais baixo de uma part´ıcula sujeita a um poten-cial de um oscilador harmˆonico cl´assico, mω2x2/2, possui energia nula e corresponde

`a part´ıcula em repouso emx = 0. Na teoria quˆantica este estado n˜ao ´e permitido. O princ´ıpio de incerteza de Heisenberg n˜ao permite que a part´ıcula esteja em repouso (momento definido nulo) para determinado valor de x (posi¸c˜ao definida). Quando a part´ıcula se encontra no estado fundamental, a oscila¸c˜ao quˆantica faz sua energia aumentar de ~ω/2. Os estados excitados ocorrem em energias (n+ 1/2)~ω.

(18)

no geral, constituem uma generaliza¸c˜ao da expans˜ao semicl´assica da teoria quˆantica n˜ao relativ´ıstica (m´etodo WKB) aplicada a teoria de campos relativ´ıstica [5]. Esta expans˜ao semicl´assica parte de uma solu¸c˜ao cl´assica ao redor da qual se quantizam flutua¸c˜oes. Com a quantiza¸c˜ao podemos associar a uma solu¸c˜ao solitˆonica cl´assica v´arios estados de part´ıculas quˆanticas. Desta forma, podemos obter propriedades dos s´olitons como a corre¸c˜ao de sua energia (ou massa para caso est´atico) devido `as flutua¸c˜oes quˆanticas.

Quando se estuda um sistema a temperatura finita, podemos tecer um paralelo entre a teoria quˆantica de campos e a mecˆanica estat´ıstica. O comportamento estat´ıstico de um sistema quˆantico, em equil´ıbrio t´ermico, ´e estudado atrav´es de um ensemble. Na mecˆanica estat´ıstica podemos encontrar trˆes tipos de ensemble. O ensemble micro-canˆonico ´e usado para descrever um sistema isolado com uma energia E, n´umero de part´ıculasN e volume fixos. O ensemble canˆonico se utiliza para descrever um sistema em contato com um reservat´orio de calor a temperatura T e o sistema pode trocar energia com o reservat´orio. Desta forma, T, N e V s˜ao vari´aveis fixas. No ensemble grande canˆonico, o sistema pode trocar part´ıculas e energia com o reservat´orio. Neste caso, T, V e o potencial qu´ımico, µ, s˜ao vari´aveis fixas. Ao longo desta disserta¸c˜ao usaremos apenas o ensemble canˆonico para descrever nosso sistema.

A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao da mecˆanica estat´ıstica ´e o tra¸co da matriz densidade do sistema, que no ensemble canˆonico ´e dada por:

Z =T r ρ=T r e−βH,

onde H ´e a hamiltoniana do sistema e β representa o inverso da temperatura de equil´ıbrio (estamos assumindo que a constante de Boltzmann k = 1, caso contr´ario,

β = 1/kT).

(19)

5

est´aticos em equil´ıbrio [6]. Neste formalismo, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao ´e representada por uma integral de trajet´oria onde a a¸c˜ao ´e definida no espa¸co euclidiano e o tempo ´e integrado num intervalo finito, em que o limite do tempo ´e igual ao inverso da temperatura. Al´em disso, as vari´aveis de campo desta a¸c˜ao euclidiana devem satis-fazer condi¸c˜oes peri´odicas ou antiperi´odicas de per´ıodoβ, conforme estejamos lidando com b´osons ou f´ermions, respectivamente. O formalismo de Matsubara fornece uma maneira de avaliar a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao de forma perturbativa usando o m´etodo da expans˜ao semicl´assica.

O que faremos neste trabalho ser´a estudar um modelo de s´oliton 1(λφ4) em duas

dimens˜oes a temperatura finita e determinar a corre¸c˜ao `a sua energia devido a flu-tua¸c˜oes quˆanticas e t´ermicas. Primeiro analisaremos o modelo puramente bosˆonico e depois veremos como se comporta quando o acoplamos a um campo fermiˆonico. Isto foi feito no trabalho [7] em quatro dimens˜oes.

A disserta¸c˜ao est´a organizada como segue. No cap´ıtulo 2, fazemos uma introdu¸c˜ao aos s´olitons e apresentamos o modelo a ser estudado,λφ4. No cap´ıtulo 3 ´e desenvolvido

o formalismo de integrais de trajet´oria e temperatura finita de tal forma a quantizar o modelo. No cap´ıtulo 4 ´e feita a corre¸c˜ao da massa quˆantica a temperatura zero e o c´alculo das flutua¸c˜oes a temperatura finita. Finalmente, no cap´ıtulo 5 ´e feita a corre¸c˜ao da massa quˆantica, a temperatura zero, do modelo λφ4 acoplado a campo fermiˆonico

e o c´alculo das flutua¸c˜oes a temperatura finita. Os apˆendices contˆem alguns detalhes sobre os c´alculos e demonstra¸c˜ao de f´ormulas importantes utilizados no decorrer da disserta¸c˜ao.

1Na verdade, este modelo ´e umaonda solit´aria, mas na literatura convencionou-se cham´a-lo tamb´em

(20)
(21)

2. Uma introdu¸

ao aos s´

olitons

Como foi explicado na introdu¸c˜ao, do ponto de vista matem´atico, s´olitons s˜ao solu¸c˜oes cl´assicas localizadas de equa¸c˜oes n˜ao lineares de campo. Em referenciais em repouso s˜ao est´aticos e em referenciais em movimento constituem pulsos de en-ergia se propagando com velocidade uniforme e sem dissipa¸c˜ao, ou seja, a densidade de energia em um certo ponto n˜ao se anula quando o tempo tende a infinito. Neste cap´ıtulo apresentaremos em detalhe o modelo λφ4. Este modelo te´orico ´e bastante

simples e possui um ´unico campo escalar,φ, em 1 + 1 dimens˜oes.

2.1. Uma breve vis˜

ao geral

Consideremos um campo escalar φ(x, t) em duas dimens˜oes governado por uma densidade lagrangiana:

L= 1 2( ˙φ)

2 1

2(φ

)2U(φ), (2.1)

onde (·) e (′) representam diferencia¸c˜ao com respeito ao tempo e ao espa¸co (vari´avel

x), respectivamente. A velocidade da luz ´e definida como 1. O ‘potencial’, U(φ), ´e qualquer fun¸c˜ao deφ que tende a zero para um valor (ou v´arios) deφ.

Podemos determinar a equa¸c˜ao de movimento aplicando a esta Lagrangiana a equa¸c˜ao de Euler-Lagrange:

∂µ

L ∂(∂µφ) −

L

(22)

onde o ´ındice µ= 0,1. Obtemos ent˜ao:

✷φ≡φ¨−φ′′=−∂U

∂φ(x, t). (2.3)

Esta ´e nossa equa¸c˜ao de onda, cujos termos n˜ao lineares dependem da escolha de U(φ). Quandot varia, a energia total, E, ´e conservada e dada por:

E[φ] = Z ∞

−∞

dx

1 2( ˙φ)

2+1

2(φ

)2+U(φ)

. (2.4)

Suponhamos que o ‘potencial’ U(φ) pode assumir valores m´ınimos (que tamb´em correspondem aos seus zeros) em M 1 pontos. Ou seja:

U(φ) = 0 para φ=gi; i= 1, ..., M. (2.5)

A energia, E[φ], tamb´em ´e minimizada quando o campo φ(x, t) ´e constante no espa¸co-tempo e assume qualquer um destes valores. Ou seja:

E[φ] = 0 para φ(x, t) =gi; i= 1, ..., M. (2.6)

Estamos interessados apenas em solu¸c˜oes est´aticas. Neste caso (2.3) se reduz a

φ′′(x) d2φ

dx2 =

dU

dφ(x). (2.7)

Uma onda solit´aria (ou s´oliton) deve possuir energia finita e uma densidade de energia localizada. Em vista de (2.5) o campo de um s´oliton deve se aproximar, quando x → ±∞, a algum dos valores gi. Se U(φ) possuir um ´unico m´ınimo em

φ =g, ent˜ao nossa solu¸c˜ao est´atica deve ter φ g quando x→ ±∞. Caso existam m´ınimos degenerados (M >1), ent˜aoφ(x) pode tender a qualquer um dos valores de gi quando x→ −∞e, ao mesmo valor, ou mesmo outro valor quando x→+∞.

(23)

multiplicar-2.2 O modelo λφ4 9

mos ambos os lados por φ′ e integrarmos em x, teremos:

Z

φ′φ′′dx= Z dU

dφφ

dx (2.8)

ou

1 2(φ

)2 =U(φ). (2.9)

Tirando a raiz quadrada de (2.9):

dx =±[2U(φ)]

1

2. (2.10)

A equa¸c˜ao pode ser integrada mais uma vez, levando a:

x−x0 =±

Z φ(x)

φ(x0)

dφ¯

[2U( ¯φ)]12

, (2.11)

onde a constante de integra¸c˜aox0 corresponde a um ponto arbitr´ario no espa¸co em que

o campo tem valor φ(x0). A solu¸c˜ao φ(x) pode ser obtida, em princ´ıpio, integrando

(2.11) e invertendo o resultado.

2.2. O modelo

λφ

4

A seguir estudaremos a solu¸c˜ao “kink” (e antikink) da teoria λφ4. Neste caso, a

densidade lagrangiana tem a forma de (2.1) com

U(φ) = λ 4(φ

2m2)2, (2.12)

onde λ e m2 s˜ao constantes positivas.

O potencial U(φ) possui dois m´ınimos degenerados (Veja figura 2.1), dados por:

(24)

-1.5 -1.0 -0.5 0.5 1.0 1.5

Φ

0.01 0.02 0.03 UHΦL

Figure 2.1.: Gr´afico do potencial do modelo λφ4 para λ = 0,1 e m2/λ= 1.

A densidade de energia se anula quando φ(x, t) assume algum destes valores, que representam v´acuos da teoria. Solu¸c˜oes solitˆonicas, caso existam, devem tender a algum destes valores quando x→ −∞ e a outro valor ou mesmo quandox→+∞.

Neste caso, teremos quatro configura¸c˜oes poss´ıveis dadas por:

V´acuo→

φ(x) = −m/√λ para x→ −∞;

φ(x) = m/√λ para x+. (2.14)

V´acuo→

φ(x) = +m/√λ para x→ −∞;

φ(x) = +m/√λ para x→+∞. (2.15)

Setor kink

φ(x) = m/√λ para x→ −∞;

φ(x) = +m/√λ para x→+∞. (2.16)

Setor antikink

φ(x) = m/√λ para x+;

φ(x) = +m/√λ para x→ −∞. (2.17)

Nos primeiros dois casos temos os v´acuos da teoria. No terceiro setor, a fun¸c˜ao φ(x) deve ir dem/√λa +m/√λquandox vai de−∞a +. Por continuidade do campo, deve haver pelo menos um ponto no espa¸co, x0, tal que φ(x0) = 0. Como U(0) 6= 0,

a energia potencial na vizinhan¸ca de x0 n˜ao ´e nula. A solu¸c˜ao da equa¸c˜ao cl´assica de

(25)

2.2 O modelo λφ4 11

λφ4. O quarto setor, conhecido como antikink, representa a configura¸c˜ao contr´aria,

em que a fun¸c˜aoφ(x) deve ir dem/√λ a +m/√λ quando x vai de + a−∞.

Cada um destes setores est´a associado a uma carga topol´ogica constante definida da seguinte forma [2]:

Q= (√λ/m) [φ(x=)φ(x=−∞)]. (2.18)

A carga dos setores v´acuo ´e dada por Q = 0, no caso do kink, Q = 1 e, para o antikink, temos Q =1. Setores com cargas topol´ogicas distintas n˜ao podem decair uns nos outros devido `a energia ser finita. Assim, podemos concluir que as solu¸c˜oes s˜ao est´aveis. A seguir vamos determinar as solu¸c˜oes da equa¸c˜ao de movimento.

A equa¸c˜ao de movimento est´atica (2.7) ´e dada por:

φ′′ =dU/dφ =λφ3

−m2φ (2.19)

e pode ser resolvida usando (2.11), neste caso:

x−x0 =±

Z φ(x0)

φ(x)

dφ¯

p

λ/2 ( ¯φ2m2). (2.20)

Escolhendo φ(x0) = 0, integrando em ¯φ e invertendo o resultado, obtemos:

φk(a)(x) =±(m/

λ) tanhhm(xx0)/

2i. (2.21)

O sinal ± indica que h´a duas ondas solit´arias: o “kink” (com o sinal positivo) e o “antikink”. Pode se verificar que esta solu¸c˜ao tende aos valores assint´oticos φ =

±m/√λ como deveria. Para melhor entendimento observe o gr´afico da solu¸c˜ao kink na figura 2.2 a seguir:

(26)

-15 -10 -5 5 10 15

x

-1.0

-0.5 0.5 1.0

ΦHxL

Figure 2.2.: Gr´afico da solu¸c˜ao kink para λ = 0,1 e m2= 1.

-15 -10 -5 5 10 15 x

0.01 0.02 0.03 0.04 0.05

Ε

Figure 2.3.: Gr´afico da densidade de energia do kink paraλ = 0,1 e m2= 1.

por:

ε= 1 2(φ

)2+U(φ

k) = 2U(φk)

ε= (m4/2λ)sech4hm(xx0)/

2i.

(2.22)

A energia total do kink, ou massa para o caso est´atico, ´e dada por:

Mcl = Z

−∞

dx ε= m

4

Z

−∞

dx sech4hm(xx0)/

2i = m

4

Z ∞

−∞

dx sech2hm(xx0)/

2i 1tanh2[m(xx0)/

2]

= m

4

2

m

tanhhm(xx0)/

2i 1 3tanh

3hm(x

−x0)/

2i

+∞

−∞

= 2

2 3

m3

λ ,

(27)

2.2 O modelo λφ4 13

ou seja:

Mcl = 2√2

3

m3

λ . (2.24)

Este resultado ´e a massa cl´assica do sistema, que seria exata se descontados os efeitos quˆanticos1.

Como o sistema ´e relativ´ıstico e invariante de Lorentz, podemos obter a solu¸c˜ao dependente do tempo fazendo uma transforma¸c˜ao de Lorentz na solu¸c˜ao est´atica do kink 2.21. Obtem-se:

φu(x) =

m λ tanh

m

2

(x−x0)−ut

1u2

, (2.25)

onde 1> u > −1 ´e a velocidade. Assim, a energia total do kink ´e dada por:

E[φu] = Z

−∞

dx

1 2( ˙φu)

2+1

2(φ

u)2+U(φu)

= √Mcl

1−u2, (2.26)

onde Mcl ´e a energia do kink est´atico. Observa-se que a rela¸c˜ao entre 2.26 e 2.24 ´e a mesma que a equa¸c˜ao massa-energia de Einstein para uma part´ıcula.

1A dimens˜ao da constanteλ´e [M2] e, portanto, a dimens˜ao deM

(28)
(29)

3. Teoria de Campos a temperatura

finita

Neste cap´ıtulo apresentamos o formalismo de integrais funcionais (se¸c˜ao 3.1) em Teo-ria de Campos, que ser´a utilizado para representar a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao da Mecˆanica Estat´ıstica (se¸c˜ao 3.2), tecendo, assim, um paralelo entre ambas as teorias. Isto ser´a feito para o caso puramente bosˆonico. Na se¸c˜ao 3.3 ser´a mostrado um m´etodo de aproxima¸c˜ao muito utilizado para determinar o valor da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao: a aprox-ima¸c˜ao de fase estacion´aria.

3.1. O formalismo de integrais funcionais

Integrais funcionais em teoria de campos correspondem a generaliza¸c˜oes de integrais de trajet´oria na mecˆanica quˆantica n˜ao relativ´ıstica.

Vamos estudar o exemplo simples de um sistema n˜ao relativ´ıstico com um grau de liberdade, ou seja, uma part´ıcula se movendo livremente ou sob a influˆencia de um potencial em uma dimens˜ao espacial. Segundo a formula¸c˜ao de Hamilton da mecˆanica cl´assica, o sistema ´e descrito por uma coordenada espacialq e a coordenada do momento canonicamente conjugadop [8]. Sob quantiza¸c˜ao canˆonica as coordenadas s˜ao representadas por operadores que obedecem a seguinte rela¸c˜ao de comuta¸c˜ao:

(30)

Os autoestados dos operadores, no formalismo de Schr¨oedinger, s˜ao dados por: ˆ

q|qi =q|qi

ˆ

p|pi =p|pi (3.2)

e obedecem `as seguintes rela¸c˜oes de completeza e ortogonalidade:

hq′|qi =δ(qq)

R

dq|qi hq| = 1 (3.3)

e

hp′|pi = 2π~δ(pp)

R dp

2π~|pi hp| = 1.

(3.4)

A representa¸c˜ao no espa¸co de coordenadas do autoestado do momento ´e uma onda plana:

hq|pi=eipq/~

. (3.5)

O estado quˆantico do sistema ´e descrito por um vetor |ψ(t)ino espa¸co de Hilbert e a fun¸c˜ao de onda correspondente no espa¸co de coordenadas ´e dada por:

ψ(q, t) = hq|ψ(t)i, (3.6)

que obedece `a equa¸c˜ao de Schr¨oedinger:

i~∂

∂tψ(q, t) = Hψ(q, t). (3.7)

A fun¸c˜ao de ondaψ(q,0) em t= 0 evolui para t =T da seguinte maneira:

ψ(q, T) =e−iHT /~

ψ(q,0). (3.8)

No formalismo de Heisenberg os operadores dependem do tempo e satisfazem a equa¸c˜ao de Heisenberg [9]:

(31)

3.1 O formalismo de integrais funcionais 17

Assim, a evolu¸c˜ao temporal de um operador de coordenadas ´e dada por:

ˆ

qH(t) =ei ˆ Ht/~

ˆ

q e−iHt/ˆ ~ (3.10)

Tal operador possui autoestados dados por:

ˆ

qH|q, ti=q|q, ti, (3.11)

que evoluem no tempo de acordo com

|q, ti=eiHt/ˆ ~|q,0i. (3.12)

Al´em disso, |q, ti obedecem `as mesmas rela¸c˜oes de completeza e ortogonalidade que

|qi:

hq′, t|q, ti =hq|e−iHt/ˆ ~

eiHt/ˆ ~

|qi=hq′|qi=δ(qq)

R

dq|q, ti hq, t| =R dq eiHt/ˆ ~

|qi hq|e−iHt/ˆ ~

=eiHt/ˆ ~

e−iHt/ˆ ~

= 1.

(3.13)

A amplitude de probabilidade de uma part´ıcula num estado |q, ti passar para um estado|q′, ti, ou sua amplitude de transi¸c˜ao, ´e dada por:

hq′, t|q, ti=hq|e−iHˆ(t′t)/~

|qi. (3.14)

O formalismo de integrais de trajet´oria permite calcular a amplitude de transi¸c˜ao a partir da Hamiltoniana cl´assica. A seguir vamos ver como obter este resultado.

Primeiramente vamos substituir o intervalo de tempo [t′, t] por pontos equidistantes

tn com

tn−tn−1 =ǫ, onde t′−t=N ǫ.

(32)

forma:

hq′, t′|q, ti= Z

dqN−1. . .

Z

dq2

Z

dq1hq′, t′|qN−1, tN−1i · · · × hq2, t2|q1, t1i hq1, t1|q, ti.

(3.15) Cada um dos elementos da integral pode ser aproximado da seguinte forma:

hqn+1, tn+1|qn, tni=hqn+1|e−i ˆ H(ˆp,qˆ)ǫ/~

|qni=hqn+1|1−

~Hˆ(ˆp,qˆ)|qni+O(ǫ

2)

=hqn+1|qni −

~ hqn+1|Hˆ(ˆp,qˆ)|qni+O(ǫ

2),

(3.16)

onde ǫ << 1.

Vamos calcular os elementos de matriz da hamiltoniana H, temos:

hqn+1|Hˆ(ˆp,qˆ)|qni= Z

dpn

2π~hqn+1|pni hpn|Hˆ(ˆp,qˆ)|qni=

Z

dpn

2π~hqn+1|pni hpn|qniH(pn, qn)

= Z

dpn 2π~e

ipnqn+1/~e−ipnqn/~H(p

n, qn) = Z

dpn 2π~e

ipn(qn+1−qn)/~H(p n, qn). (3.17) Ent˜ao:

hqn+1, tn+1|qn, tni=hqn+1|qni −

~ hqn+1|Hˆ(ˆp,qˆ)|qni+O(ǫ

2)

= Z

dpn 2π~e

ipn(qn+1−qn)/~

1− iǫ~H(pn, qn)

+O(ǫ2).

(3.18)

Fazendo agora o limite N → ∞e ǫ→0, podemos reescrever 3.15 da seguinte forma:

hq′, t′|q, ti= lim N→∞

Z N−1

Y

n=1

dqn N−1

Y

n=0

dpn 2π~ exp

~

N−1

X

n=0

pn

qn+1−qn

ǫ

!

×

N−1

Y

n=0

1−iǫ~H(pn, qn)

.

(3.19)

O integrando desta equa¸c˜ao pode ser reescrito da seguinte forma (levando em conta que ǫ <<1):

hq′, t|q, ti= lim

N→∞

Z N−1

Y

n=1

dqn N−1

Y

n=0

dpn 2π~ exp

"

~

N−1

X

n=0

pn

qn+1−qn

ǫ −H(pn, qn)

#

.

(33)

3.1 O formalismo de integrais funcionais 19

Podemos reescrever 3.20 utilizando a seguinte nota¸c˜ao: N−1

Y

n=1

dqn→ Z

Dq e

N−1

Y

n=0

dpn 2π~ →

Z

Dp. (3.21)

Al´em disso, com os limites N → ∞ e ǫ 0, podemos transformar os termos da exponencial da seguinte forma:

qn+1−qn

ǫ →q˙(tn) , ǫ

N−1

X

n=0

f(tn)→ Z t′

t

dτ f(τ). (3.22)

Assim, a express˜ao da amplitude de transi¸c˜ao fica dada por:

hq′, t|q, ti=

Z

Dq

Z

Dpexp "

i

~

Z t′

t

dτ(pq˙H(p, q)) #

, (3.23)

que possui como condic˜oes de contorno q(t) = q e q(t′) =q.

Muito frequentemente, a hamiltoniana do sistema possui uma dependˆencia quadr´atica no momento, da seguinte forma:

H(p, q) = 1 2mp

2+V(q). (3.24)

Desta forma, o termo contido na exponencial em 3.23 corresponde `a pr´opria la-grangiana do sistema, tal que:

Lpq˙H(p, q). (3.25)

Neste caso, podemos realizar as integrais nos momentos separadamente [10] e obter uma integral apenas nas coordenadas, que ´e a forma inicialmente proposta por Feyn-man, dada por:

hq′, t|q, ti=N

Z

Dq exp "

i

~

Z t′

t

dτ L

#

. (3.26)

(34)

campo escalar neutro φ(x), ´e dada por:

hφf, tf|φi, tii=hφf|e−i(tf−ti) ˆH/

~ |φii

= Z

Z

Dπ exp

i

~

Z tf

ti

dt

Z

d3x(π∂0φ− H(π, φ))

= Z

Z

Dπ exp

i

~

Z tf

ti

dt

Z

d3xL(φ,φ˙)

,

(3.27)

ondeL´e a densidade lagrangiana do sistema eπ = (L0φ) ´e o momento canonicamente conjugado a φ. As condi¸c˜oes de contorno s˜ao dadas por φ(x, tf) =φf(x) e φ(x, ti) =

φi(x).

Caso a densidade hamiltoniana H tenha uma dependˆencia quadr´atica na “veloci-dade”, como, por exemplo:

H= 1 2π

2+1

′2+V(φ), (3.28)

ent˜ao podemos executar a integral dependente deπseparadamente [10] e 3.27 se torna:

hφf, tf|φi, tii=N Z

Dφexp

i

~

Z tf

ti

dt

Z

d3xL(φ,φ˙)

, (3.29)

onde

L= 1 2∂µφ ∂

µφ

−V(φ). (3.30)

3.2. Representa¸

ao da fun¸

ao de parti¸

ao em integrais

funcionais

Nesta se¸c˜ao vamos ver como funciona a teoria de campos a temperatura finita para o caso de campos puramente bosˆonicos. A partir de agora consideraremos ~= 1.

(35)

3.2 Representa¸c˜ao da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao em integrais funcionais 21

se determinar efeitos de temperatura ´e o c´alculo de sua fun¸c˜ao de parti¸c˜ao [11]:

Z =T re−βH = Z

dφahφa|e−βH|φai, (3.31)

onde

β = 1

kT, (3.32)

sendok a constante de Boltzmann, que, a partir de agora consideraremos comok= 1. O tra¸co significa somar sobre todas as configura¸c˜oes de campo que o sistema pode ter. Observa-se que a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao Z ´e bastante similar `a amplitude de transi¸c˜ao 3.27:

hφf, tf|φi, tii=hφf|e−i(tf−ti) ˆH|φii =

Z

Z

Dπexp

i

Z tf

ti

dt

Z

d3x(πφ˙− H)

. (3.33)

De fato, podemos expressar Z como uma integral funcional sobre campos e seus momentos conjugados se fizermos as seguintes mudan¸cas:

1. Fa¸camos β = i(tf −ti). Como a origem do tempo ´e arbitr´aria, podemos fazer

ti = 0 etf =−iβ. Nosso tempo ´e uma vari´avel imagin´ariaτ =it, ou seja, apenas fizemos uma rota¸c˜ao de Wick passando para o espa¸co euclidiano de coordenadas (x4 =ix0).

2. Fa¸camos φi = φf = φa , ou seja, as configura¸c˜oes inicial e final do campo s˜ao iguais, e, como diferem por um “tempo” β, temos uma configura¸c˜ao peri´odica, onde φ(x, t) = φ(x, t+β) ´e a condi¸c˜ao de contorno a ser seguida pela integral funcional.

Tomemos como exemplo a lagrangiana 3.30 somada a um termo de massa: m2φ2/2.

Temos que a a¸c˜ao correspondente no espa¸co de Minkowski ´e dada por:

SM = Z

d4xLM = Z

d4x

1 2(∂µφ)

2

− 1

2m

2φ2V(φ)

(36)

Ap´os a rota¸c˜ao de Wick (x0 =−ix4, xi =xiE), esta express˜ao toma a forma [12]:

i

Z

d4xELE =i Z

d4xE

1

2(∂Eµφ)

2

+ 1 2m

2φ2+V(φ)

. (3.35)

Seguindo esta mudan¸ca e, observando que o “tempo” agora varia de 0 a β, podemos escrever Z como:

Z = Z

Z

Dφ exp

Z β

0

Z

d3x(iπφ˙− H)

. (3.36)

Para o caso de uma lagrangiana com dependˆencia quadr´atica na “velocidade”, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao pode ser reescrita como [13]:

Z =N

Z

Dφ exp

Z β

0

Z

d3xLE

=N

Z

Dφ e−SE(φ), (3.37)

onde SE ´e a a¸c˜ao euclidiana do sistema.

Expressamos Z como uma integral funcional sobre um campo φ peri´odico e cuja exponencial possui vari´avel temporal imagin´aria. A constante de normaliza¸c˜ao N

´e irrelevante, j´a que a multiplica¸c˜ao de Z por qualquer constante n˜ao altera a ter-modinˆamica do sistema [13].

3.2.1. Periodicidade

Consideremos uma onda plana bosˆonica no espa¸co dos momentos:

φ(x, τ) = ei(k.x+ωnτ)φ

n(k). (3.38)

Para uma fun¸c˜ao peri´odica arbitr´aria, definida no intervalo 0≤ τ ≤β, as frequˆencias discretas ωn podem assumir os valores ωn = 2nπ/β. Isto segue da defini¸c˜ao do tra¸co na fun¸c˜ao de parti¸c˜ao 3.31.

(37)

3.3 Aproxima¸c˜ao de fase estacion´aria 23

Green t´ermica definida como [14]:

G(x, y;τ,0) = Z−1T rnρˆThφˆ(x, τ) ˆφ(y,0)io, (3.39)

onde ˆρ=e−β H eTrepresenta o operador produto ordenado, que para b´osons ´e definido como 1:

Thφˆ(τ1) ˆφ(τ2)

i

=θ(τ1 −τ2) ˆφ(τ1) ˆφ(τ2) +θ(τ2−τ1) ˆφ(τ2) ˆφ(τ1). (3.40)

Usando o fato de que Tcomuta com ˆρ e a propriedade c´ıclica do tra¸co, temos:

GB(x, y;τ,0) =Z−1T r h

e−β Hφˆ(x, τ) ˆφ(y,0)i =Z−1T rhφˆ(y,0)e−β Hφˆ(x, τ)i

=Z−1T rhe−β Heβ Hφˆ(y,0)e−β Hφˆ(x, τ)i =Z−1T rhe−β Hφˆ(y, β) ˆφ(x, τ)i

=Z−1T rnρThφˆ(x, τ) ˆφ(y, β)io.

(3.41)

Isto implica emφ(y,0) =φ(y, β) e, portanto, ωn = 2nπ/β.

3.3. Aproxima¸

ao de fase estacion´

aria

Integrais da forma

I ≡

Z

dx e−a(x) (3.42)

podem ser aproximadas expandindo a(x) em torno de um ponto x0 em que a(x) ´e

estacion´aria, isto ´e, em que a′(x

0) = 0.

Com isso temos:

a(x)a(x0) +

1

2(x−x0)

2a′′(x

0) +. . . , (3.43)

1θ representa a fun¸c˜ao degrau, igual a 1 para um argumento positivo e 0 para um argumento

(38)

de onde segue que:

I ≈e−a(x0)

Z

dx e−12(x−x0)2a

′′(x

0). (3.44)

Desta forma chegamos a uma integral gaussiana (para a′′(x

0) > 0) f´acil de ser

resolvida.

Vamos aplicar este m´etodo para avaliar as fun¸c˜oes de parti¸c˜ao. Consideremos o gerador funcional definido no espa¸co euclidiano, que corresponde tamb´em `a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao do sistema, dado por [15]:

Z =N

Z

Dφ e−SE[φ,J], (3.45)

onde

SE[φ, J] = Z

d4x

1 2(∂µφ)

2+ 1

2m

2φ2+V(φ)

−Jφ

, (3.46)

sendo J ´e uma fonte externa.

Expandindo a a¸c˜ao em torno de um pontoφ0, teremos:

SE[φ, J] =SE[φ0, J] +

Z

d4xδSE δφ

φ0

φ0) +

1 2

Z

d4x

Z

d4y δ

2S E

δφ(x)δφ(y)

φ0

φ0)x(φ−φ0)y +O(φ−φ0)p,

(3.47) onde p≥3.

Se SE for estacion´aria em φ0, ent˜ao φ0 obedece `a equa¸c˜ao cl´assica de movimento

dada por:

δSE

δφ

φ0

(39)

3.3 Aproxima¸c˜ao de fase estacion´aria 25

Assim:

SE[φ, J] =SE[φ0, J]

+1 2

Z

d4x

Z

d4y −✷yδ4(x−y) +m2δ4(x−y) +

d2V

dφ(x)dφ(y)

φ0

δ4(x−y)×

φ0)x(φ−φ0)y +O(φ−φ0)p

=SE[φ0, J] +

1 2

Z

d4x(φφ0)x −✷+m2+V′′(φ0)

φ0)x+O(φ−φ0)p.

(3.49) Portanto:

Z =N

Z

Dφ e−SE[φ,J]

≈N e−SE[φ0,J]

Z

Dφ exp

−12

Z

d4x(φφ0) −✷+m2+V′′(φ0)

φ0)

×

exp [O(φ−φ0)p].

(3.50)

Se desprezarmos os termos com p≥3, teremos uma integral gaussiana dada por:

Z N e−SE[φ0,J]

Z

Dφ exp

−12

Z

d4x(φφ0) −✷+m2+V′′(φ0)

φ0)

,

(3.51) cuja solu¸c˜ao ´e (Veja apˆendice A.1):

Z =N e−SE[φ0,J]det+m2+V′′(φ

0) − 1/2

. (3.52)

Podemos reescrever esta express˜ao usando a identidade:

det ˆA=eln det ˆA, (3.53)

como

Z =N e−SE[φ0,J]−21ln det[−✷+m2+V′′(φ

0)]. (3.54)

(40)

gerador no espa¸co euclidiano ´e dado por [16]:

Z(J) = e−W(J), (3.55)

onde W(J) corresponde ao funcional gerador das fun¸c˜oes de Green conexas. Tendo isto em mente, se observarmos a equa¸c˜ao 3.54, veremos que estamos determinando corre¸c˜oes a W(J), ou seja:

W(J) = SE[φ0, J] +

1 2ln det

−✷+m2 +V′′(φ0)

. (3.56)

O primeiro termo ´e o resultado cl´assico de ordem ~0, o segundo termo corresponde

`a primeira corre¸c˜ao quˆantica de ordem ~. Esta aproxima¸c˜ao ´e chamada de expans˜ao

(41)

4. Corre¸

ao quˆ

antica da massa do

kink no modelo

λφ

4

Neste cap´ıtulo fazemos o c´alculo das flutua¸c˜oes bosˆonicas do modelo λφ4. Na se¸c˜ao

4.1 apresentamos a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao do modelo para o caso do v´acuo e do kink e mostramos como determinar seu valor utilizando o m´etodo da aproxima¸c˜ao de fase estacion´aria apresentado no cap´ıtulo anterior. Na se¸c˜ao 4.2 ´e feito o c´alculo das flu-tua¸c˜oes bosˆonicas a temperatura zero. Na se¸c˜ao 4.3, atrav´es da t´ecnica de renormal-iza¸c˜ao, obtemos um resultado finito para as flutua¸c˜oes. Finalmente, na se¸c˜ao 4.4 s˜ao determinadas as flutua¸c˜oes a temperatura finita.

4.1. Quantiza¸

ao do modelo

λφ

4

A partir de agora vamos atuar no espa¸co euclidiano em 1 + 1 dimens˜oes. O primeiro a ser feito ´e transformar a lagrangiana do nosso modeloλφ4 para o espa¸co euclidiano.

Para isso devemos aplicar as seguintes rela¸c˜oes:

x0 =−ix4; ~x=x~E. (4.1)

A densidade lagrangiana no espa¸co de Minkowski ´e dada por 2.1:

LM = 1 2( ˙φ)

2 1

2(φ

)2U(φ), (4.2)

(42)

Assim, no espa¸co euclidiano, teremos:

L= 1 2( ˙φ)

2+ 1

2(φ

)2+U(φ), (4.3)

onde, al´em de aplicar as transforma¸c˜oes 4.1, multiplicamos convenientemente por (1) (Veja 3.34 e 3.35).

A a¸c˜ao euclidiana ´e dada por:

S[φ(x, τ)] = Z β

0

Z

dxL(φ(x, τ)). (4.4)

Conforme foi visto na se¸c˜ao 3.2, a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao para o caso de um campo escalar φ(x, τ) ´e dada por 3.37:

Z =T rhe−βHˆi =N

Z

Dφexp

Z β

0

Z

dxL

=N

Z

Dφ e−S[φ(x,τ)]. (4.5)

Precisamos, primeiramente, determinar as condi¸c˜oes de contorno no tempo e no espa¸co de φ(x, τ). No caso do tempo, como se trata de um campo escalar, este possui periodicidade, tal que, φ(x,0) = φ(x, β) (Veja se¸c˜ao 3.2.1).

Para o caso das condi¸c˜oes de contorno no espa¸co, devemos relembrar que o sistema

λφ4 possui quatro setores poss´ıveis de estados quˆanticos (Veja 2.16 e 2.17):

φ(∞, τ) =±m/√λ e φ(−∞, τ) =±m/√λ

Desta forma, podemos determinar a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao sobre cada setor separada-mente. Ou seja, na correspondente integral funcional, o campo φ(x, τ) deve obedecer `as condi¸c˜oes de contorno daquele setor. Se estamos interessados no setor do kink, os campos devem obedecer a:

(43)

4.1 Quantiza¸c˜ao do modelo λφ4 29

para todoτ.

O objetivo ´e determinar a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao 4.5 atrav´es de uma aproxima¸c˜ao semicl´assica. Conforme foi visto anteriormente, a aproxima¸c˜ao semicl´assica de Z(φc) ´e obtida expandindo a a¸c˜ao at´e termos quadr´aticos no expoente da integral funcional. Suponhamos, ent˜ao, uma solu¸c˜ao est´avel e est´atica do s´oliton φ(x, τ) = φc(x). Va-mos expandir a a¸c˜aoS em torno deφc(x):

S[φ(x, τ)] =S[φc(x)] + Z

d2xδS δφ φc

(φ−φc) + 1 2

Z

d2x

Z

d2y δ

2S

δφxδφy φc

(φ−φc)x(φ−φc)y +O(φ−φc)3.

(4.6) Como φc(x) ´e uma solu¸c˜ao cl´assica, ´e, portanto, um extremo da a¸c˜ao:

δS δφ φc = 0.

Desprezando os termos da ordem de (φφc)3, temos:

S[φ(x, τ)] =S[φc(x)] + 1 2

Z

d2x

Z

d2y δ2S

δφxδφy

φc

φc)x(φ−φc)y

=S[φc(x)] + 1 2

Z

d2xΦ[✷+ 3λφ2c m2]Φ =S[φc(x)] +

1 2

Z

d2xΦ ˆΩB(φc) Φ,

(4.7)

onde Φ = (φ−φc) e ˆΩB(φc) ´e o operador bosˆonico:

ˆ

ΩB(φc) =−✷+ 3λφ2c −m2. (4.8)

O resultado cl´assico ´e dado por S[φc(x)]:

S[φc(x)] = Z dx Z β 0 dτ ( 1

2(∂µφc)

2

+λ 4

φ2c m

2

λ

2)

(4.9)

(44)

Z(φc) = exp{−S[φc(x)]} Z

DΦe−SB(Φ) = exp{−S[φc(x)]}

Z

DΦ exp

−1

2 Z

d2xhΦ ˆΩB(φc) Φ i

.

(4.10)

Lembrando que o “tempo” se extende de 0 a β = 1/T (Veja se¸c˜ao 3.2), sendoT a temperatura do sistema.

Vimos na se¸c˜ao 2.2 que o modelo estudado, λφ4, para ser mais exato o “kink” do

sistema, corresponde a uma solu¸c˜ao cl´assica dada por 2.21:

φk(x) =

m/√λtanhhm(xx0)/

2i, (4.11)

al´em de seus valores assint´oticos dados por:

φk(∞) =−φk(−∞) =m/

λ, (4.12)

que representam os v´acuos da teoria.

O que importa fisicamente ´e a diferen¸ca entre as energias do kink e no v´acuo. Em termos da fun¸c˜ao de parti¸c˜ao correspondente Z(φc), temos para a massa corrigida:

Mc =− 1

βln

Z(φk)

Z(φv)

. (4.13)

onde1

Z(φk) = exp{−S[φk(x)]} × Z

DΦ exp

−1

2 Z

d2xhΦ ˆΩB(φk)Φ i

= exp (

Z

d2x

" 1

2(∂µφc)

2

+λ 4

φ2c m

2

λ

2#)

×

Z

DΦ exp

−1

2 Z

d2xhΦ ˆΩB(φk)Φ i

= exp[−βMcl]×

Chdet ˆΩB(φk)

i−1/2

,

(4.14)

(45)

4.2 C´alculo das flutua¸c˜oes bosˆonicas a temperatura zero 31

em que Mcl = 2

2m3/3λ ´e a massa cl´assica, j´a calculada na se¸c˜ao 2.2, e

Z(φv) = exp{−S[φv(x)]} × Z

DΦ exp

−1

2 Z

d2xhΦ ˆΩB(φv)Φ i

=Chdet ˆΩB(φv) i−1/2

,

(4.15)

onde S[φv(x)] = 0. Ent˜ao:

Mc =− 1

β ln

Z(φk)

Z(φv)

=1

β{lnZ(φk)−lnZ(φv)}

=−1

β

−βMcl+ lnC− 1

2ln det ˆΩB(φk)−lnC+ 1

2ln det ˆΩB(φv)

=Mcl + 1 2β

n

lnhdet ˆΩB(φk) i

−lnhdet ˆΩB(φv) io

=Mcl + ΓB,

(4.16)

onde ΓB ´e a primeira corre¸c˜ao quˆantica.

Usando a identidade lndetAˆ=trln ˆA (Veja apˆendice B), teremos:

ΓB = 1 2β

n

trln ˆΩB(φk)−trln ˆΩB(φv) o

. (4.17)

Os autovalores deste operador ˆΩB(φc) representam as flutua¸c˜oes bosˆonicas em torno da solu¸c˜ao cl´assicaφc(x) que pode ser o kink ou o v´acuo. O que importa ´e a diferen¸ca entre as energias.

4.2. C´

alculo das flutua¸

oes bosˆ

onicas a temperatura

zero

Nesta se¸c˜ao vamos determinar o valor de 4.17, isto ´e, a contribui¸c˜ao das flutua¸c˜oes bosˆonicas `a corre¸c˜ao da massa.

O operador bosˆonico ´e dado por 4.8:

ˆ

(46)

Devemos calcular ln det ˆΩB(φc) e sabemos que o determinante de um operador ´e igual ao produto de seus autovalores. No caso do v´acuo do modelo λφ4 a solu¸c˜ao

cl´assica ´e dada por:

φv =±m/

λ.

Vamos considerar o resultadoφv = +m/

λ, assim:

ˆ

ΩB(φv) =−✷+ 2m2. (4.19)

No v´acuo, as autofun¸c˜oes do operador bosˆonico correspondem a ondas planas, dadas por 2:

φ(x, τ) = ei(k.x+ωnτ)φ

n(k). (4.20)

Vamos considerar que as ondas est˜ao contidas numa caixa de comprimentoL, assim:

φ(L/2) =φ(L/2)

⇒e−ikL

2 =eik

L

2,

(4.21)

ent˜ao krL= 2πr (r= 0,±1,±2, . . .).

Para o caso da parte temporal, como estamos lidando com ondas peri´odicas, temos:

φ(τ) =φ(τ +β)

⇒eiωτei2πn =eiω(τ+β), (4.22)

ent˜ao: ωnβ = 2nπ (n= 0,±1,±2, . . .).

Portanto, os autovalores do operador bosˆonico no v´acuo s˜ao dados por: ˆ

ΩBφ(x, τ) = εB(φv) φ(x, τ)

⇒εB(φv) = ωn2 +kr2+ 2m2.

(4.23)

Este resultado corresponde aos quanta da teoria, s˜ao flutua¸c˜oes que existem ao redor do v´acuo (excita¸c˜oes do v´acuo) e s˜ao comumente conhecidos como “m´esons”. O valor

(47)

4.2 C´alculo das flutua¸c˜oes bosˆonicas a temperatura zero 33

2m2 corresponde ao quadrado da massa da flutua¸c˜ao.

Para o caso do kink, a solu¸c˜ao est´atica ´e dada por 2.21:

φk(x) = (m/

λ) tanhhmx/√2i.

Substituindo na equa¸c˜ao 4.18, tal como foi feito para o v´acuo, temos:

ˆ

ΩB(φk) = −✷+ 2m2−3m2sech2

mx

2

. (4.24)

Ent˜ao,

ˆ

ΩB(φk) φ(x, τ) =εB(φk) φ(x, τ)

−✷+ 2m2−3m2sech2

mx

2

φ(x, τ) =εB(φk)φ(x, τ),

(4.25)

ondeεB s˜ao os autovalores do operador ˆΩB(φk). Se tentarmos uma solu¸c˜ao da forma:

φ(x, τ) = eiωnτφ

n(x), (4.26)

temos que a equa¸c˜ao puramente espacial ´e dada por:

−∂x2+ 2m23m2sech2

mx

2

φ(x, τ) = (εB−ω2n)φ(x, τ). (4.27)

Esta equa¸c˜ao de autovalores ´e semelhante `a equa¸c˜ao de Schr¨oedinger com o potencial dePoschl-Teller, resolvido em detalhe em [17]. Os autovalores s˜ao dados por dois n´ıveis discretos e um cont´ınuo:

εB(φk) =  

ω2 n

ω2

n+ 32m2

ω2

n+k′2+ 2m2

(4.28)

onde 2m2 corresponde ao quadrado da massa da flutua¸c˜ao bosˆonica e ω

nβ = 2nπ (n= 0,±1,±2, . . .), tal como no v´acuo.

(48)

zero” da teoria, ω0 = 0. Este valor ser´a excluido dos c´alculos, pois n˜ao contribui para

a massa do s´oliton. A presen¸ca deste “modo zero” se refere `a invariˆancia translacional do kink (para mais detalhes veja [2] e [5]).

O valor dek′ ´e determinado a partir das condi¸c˜oes de contorno na presen¸ca do kink.

Colocando as ondas dentro de uma caixa de comprimento L e levando em conta o deslocamento de fase δ dos estados espalhados, teremos:

φ(−L/2) =φ(L/2)

⇒e−ik′L2 =eik

′L

2eiδ(k

)

,

(4.29)

ent˜ao k′

rL+δ(k′r) = 2rπ (r = 0,±1,±2, . . .).

O valor de δ ´e visto em detalhe em [17], [2] e [5] e dado por:

δ(k′) = 2 (

π−arctan "√

2k′

m

#

−arctan "√

2k′

2m

#)

. (4.30)

Determinadas as flutua¸c˜oes bosˆonicas na presen¸ca do kink e no v´acuo, podemos prosseguir ao c´alculo de ΓB.

As condi¸c˜oes de contorno no espa¸co para as flutua¸c˜oes em torno do v´acuo s˜ao dadas por:

krL= 2πr

⇒∆k = 2π

L.

(4.31)

FazendoL→ ∞, tem-se:

X

r=−∞

f(kr) = X

r

f(kr)

L

2π∆k → L

Z +∞

−∞

(49)

4.2 C´alculo das flutua¸c˜oes bosˆonicas a temperatura zero 35

Para o caso do kink, temos:

krL+δ(kr) = 2πr

⇒∆kL+ dδ

dk∆k = 2π

⇒∆k

1 + 1

L dδ dk

= 2π

L.

Fazendo L→ ∞, tem-se:

X

r=−∞

g(kr) = X

r

g(kr)

L

2π∆k

1 + 1

L dδ dk

2Lπ

Z +∞

−∞

g(k)

1 + 1

L dδ dk dk. (4.32)

Usando os autovalores do operador bosˆonico no v´acuo e no kink, equa¸c˜oes 4.23 e 4.28, respectivamente, teremos para 4.17:

ΓB = 1 2β

n

trln ˆΩB(φk)−trln ˆΩB(φv) o

= 1 2β

+∞

X

n=−∞

(

ln′ ωn2

+ ln

ωn2 + 3 2m

2

+ Z +∞

−∞

dk L

1 + 1

L dδ dk

ln ωn2 +k2+ 2m2

Z +∞

−∞

dk L

2πln ω

2

n+k2+ 2m2 ) = 1 2β +∞ X

n=−∞

ln′ ωn2+ ln

ωn2 +3 2m

2

+

Z +∞

−∞

dk

2π dδ dk ln ω

2

n+k2+ 2m2

(4.33) O sinal em ln′(ω2

n) significa que o “modo zero” n˜ao est´a sendo levado em conta.

Com δ(k) dado por 4.30 temos:

dδ dk =

−m√2

m2+ 2k2 −

m√2

2m2+k2 =−m

2

1 2k2+m2 +

1

k2+ 2m2

(50)

E portanto:

ΓB= 1 2β

+∞

X

n=−∞

(

ln′ ωn2+ ln

ωn2+ 3 2m

2

−m√2 Z +∞

−∞

dk

1 2k2+m2 +

1

k2+ 2m2

ln ω2n+k2+ 2m2

)

.

(4.35) Usando na express˜ao acima, a identidade (Veja apˆendice C.1):

+∞

X

n=−∞

ln α2+ωn2 =βα+ 2 ln 1e−βα+

C,

e desprezando o modo zero (Veja apˆendice C.3), teremos:

ΓB = 1 2β

(

−2 ln 2 +β

r 3 2m

2+ 2 ln1e−β√32m2

−m2√2 Z +∞

−∞

dk

1 2k2 +m2 +

1

k2+ 2m2

h

β√k2+ 2m2 + 2 ln1e−β√k2+2m2i

)

⇒ΓB =− 1

β ln 2 +

1 2

r 3 2m

2+ 1

βln

1e−β√3 2m2

−m√2 Z

dk

1 2k2+m2 +

1

k2+ 2m2

k2+ 2m2 + 2

β ln

1−e−β√k2+2m2.

(4.36) Esta express˜ao pode ser separada em uma parte dependente e outra independente da temperatura:

ΓB = ΓB(0) + ΓB(T), (4.37) onde 3

ΓB(0) = 1 2

r 3 2m

2m2

Z dk

k2+ 2m2

k2+m2/2

| {z }

I1 + Z dk 2π 1 √

k2+ 2m2

| {z }

I2

. (4.38)

Como podemos observar, as integraisI1eI2s˜ao divergentes. A seguir vamos

calcul´a-3O termok2 corresponde apenas ao quadrado do m´odulo do momentok2=

|~k2

(51)

4.3 Corre¸c˜ao da massa a temperatura zero 37

las por meio decut-off.

Temos que I1 ´e uma integral do tipo:

Z ∞

−∞

dk

k2+b

k2+a ,

resolvida em detalhes no apˆendice C.4. O resultado ´e dado por:

I1 =

1 2π

h√

3 arctan(√3) + ln Λ + ln 2ln√2m2i,

onde Λ→ ∞. Para I2 temos:

I2 =

Z Λ −Λ dk 2π 1 √

k2+ 2m2 =

Z Λ 0 dk π 1 √

k2+ 2m2 =

1

π

h

ln Λ + ln 2−ln√2m2i.

Assim:

ΓB(0) =

m

2 r

3 2 −

m√2 2π

3 arctan(√3) + 3 ln Λ + 3 ln 23 ln√2m2. (4.39)

Veremos na pr´oxima se¸c˜ao como renormalizar a divergˆencia contida no logaritmo ln Λ.

4.3. Corre¸

ao da massa a temperatura zero

A densidade lagrangiana do modelo λφ4 no espa¸co euclidiano ´e dada por:

L= 1 2(∂µφ)

2

+ λ 4

φ2 m

2

λ

2

. (4.40)

A lagrangiana renormalizada ´e dada por:

LR= 1

2(1 +A) (∂µφ)

2

+ 1 2 −m

2+B+1

4(λ+C)φ

4+

m4

4λ +H

(4.41)

(52)

solu¸c˜ao cl´assica φc separamos os campos na forma:

φ=φc+ Φ (4.42)

onde se assume um fator de ~12 multiplicando Φ. Analogamente, os contratermos que

contribuem para a expans˜ao em 1 loop carregam um fator de ~.

Substituindo 4.42 em 4.41 e mostrando os fatores de~, teremos:

LR=~0

−1

2φc∂

2 µφc−

1 2m

2φ2+ λ

4φ 4 c + m4 4λ

+~1/2 µ2φcm2φc+λφ3cΦ

+~

−12Φ∂µ 1 2m

2Φ2+3

2λ φ

2 cΦ2−

A

2φc∂

2 µφc +

B 2φ 2 c + C 4φ 4 c +H

+~3/2 λ φcΦ3A φc2

µΦ +B φcΦ +C φ3cΦ

+~2

λ

4 A

2Φ∂

2 µΦ +

B

2+ 3

2C φ

2 cΦ2

(4.43)

Observa-se que o termo proporcional a ~1/2 corresponde `a equa¸c˜ao de movimento

do s´oliton, 2.19, e, portanto, se anula.

Para determinar os contratermos na aproxima¸c˜ao de 1 loop impomos as seguintes condi¸c˜oes de renormaliza¸c˜ao:

  

 

Γ(1) = 0

Γ(2)(p2 = 0) = 2m2 dΓ(2)

dp2

(p2=0) = 1

(4.44)

Onde Γ(1) e Γ(2) s˜ao as fun¸c˜oes de Green 1PI 4 de um ponto e dois pontos,

re-spectivamente, calculadas na aproxima¸c˜ao de 1 loop no setor do v´acuo, isto ´e, para

φc =φv =m/

λ (Veja apˆendice F.1).

A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao bosˆonica na presen¸ca dos contratermos ´e dada por:

Z(φc) = exp{−S[φc(x)]−SCT(φc)} Z

(53)

4.3 Corre¸c˜ao da massa a temperatura zero 39

onde `a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao 4.10 foi adicionada a a¸c˜ao correspondente aos contratermos

SCT.

Como estamos fazendo uma aproxima¸c˜ao semicl´assica, apenas termos de LR pro-porcionais a ~s˜ao utilizados em SCT, assim:

SCT(φc) = Z

d2x

A

2 (∂µφc)

2

+B 2φ

2 c +

C

4 c

. (4.46)

Como o que importa ´e a diferen¸ca entre as energias do kink e no v´acuo, temos:

ΓCT =− 1

β ln

ZCT(φk)

ZCT(φv)

, (4.47)

onde φk eφv correspondem `as solu¸c˜oes do kink e do v´acuo, respectivamente, e

ZCT(φc) = e−SCT(φc).

Levando a cabo esta conta, teremos:

SCT(φk) = Z β

0

Z +∞

−∞

dx

"

A m4

4λ sech

4mx/2+ B m2

1sech2mx/√2

+C m

4

4λ2

12sech2(mx/√2) +sech4(mx/√2) #

(4.48) e

SCT(φv) = Z β

0

Z +∞

−∞

dx

B

2

m2

λ + C

4

m4

λ2

(54)

Ent˜ao:

ΓCT =− 1

β ln

ZCT(φk)

ZCT(φv)

=1

β ln

e−SCT(φk)

e−SCT(φv)

=−1

β

(

−β

Z +∞

−∞

dxhAm

4

4λ sech

4mx/2+Bm2

1−sech2mx/√2

+ Cm

4

4λ2

12sech2(mx/√2) +sech4(mx/√2) i+β

Z +∞

−∞

dx

Bm2

2λ + Cm4

4λ2

)

= Z +∞

−∞

dxhAm

4

4λ sech

4(mx/2) Bm2

2λ sech

2(mx/2) Cm4

2λ2 sech

2(mx/2)

+Cm

4

4λ2 sech

4(mx/2)i

(4.50)

⇒ΓCT =A

2m3

3λ −B m√2

λ −C

2√2m3

3λ2 . (4.51)

Substituindo os valores de A, B e C (Veja apˆendice F.1), teremos5:

ΓCT = 3

2m

Z

d2k

(2π)2

h 1

k2+ 2m2

| {z } Id

+ m

2

(k2+ 2m2)2 +

2m4

(k2+ 2m2)3 −

8m6

(k2+ 2m2)4

| {z }

Ic

i

.

(4.52) A ´unica integral divergente de ΓCT ´e a contida em Id, as demais integrais, Ic, con-vergem. A seguir vamos calcular Id usandocut-off:

Id = Z

d2k

(2π)2

1

k2+ 2m2 =

Z

dk

(2π)2

Z +∞

−∞

dk0

1

k2

0 +~k2+ 2m2

=

Z dk

(2π)2

"

1 p

~k2+ 2m2 arctan

k0

p

~k2+ 2m2

!#+∞ −∞ = Z +Λ −Λ dk

(2π)2

π

p

~k2+ 2m2

= Z Λ 0 dk 2π 1 p

~k2+ 2m2 =

1 2π

h

ln Λ + ln 2−ln√2m2i.

5Neste caso, o termok2corresponde ak2=k2

0+~k2, sendok0 a parte temporal e~ka parte espacial

(55)

4.4 Efeitos t´ermicos 41

A massa do s´oliton, a temperatura zero, resulta em:

Mc =Mcl+ ΓB(0) + ΓCT =

2√2m3

3λ + Γ|B(0) + Γ{z CT} ǫB

. (4.53)

Ent˜ao:

ǫB =

m

2 r

3 2 −

m√2 2π

3 arctan(√3) + 3 ln Λ + 3 ln 23 ln√2m2

+m3√2

1 2π

ln Λ + ln 2ln√2m2+I c

.

(4.54)

Observa-se que as divergˆencias contidas em ln Λ se anulam. No fim, obtem-se:

ǫB=

m

2 r

3 2+

2m

16π (5−8

3) =

1 2

π

√ 6m

4 +

5√2m

16π . (4.55)

Portanto, a massa corrigida ´e dada por:

Mc =

2√2m3

3λ +

1 2

π

√ 6m

4 +

5√2m

16π

≈ 2 √

2m3

3λ + 0,36m

(4.56)

Observa-se que a corre¸c˜ao quˆantica aumenta o valor da massa a temperatura zero.

4.4. Efeitos t´

ermicos

Como vimos na se¸c˜ao 4.2, as flutua¸c˜oes bosˆonicas possuem uma parte dependente da temperatura T (Veja 4.36) dada por6:

(56)

ΓB(T) =− 1

β ln 2 +

1

β ln

1e−β√3m2/2

− m

2 2π

Z +∞

−∞

dk 1 β

ln1−e−β√k2+2m2

k2+m2/2

m√2

π

Z +∞

−∞

dk 1 β

ln1−e−β√k2+2m2

k2+ 2m2

=−1

β ln 2 +

1

β ln

1−e−√3m2β2/2

−mβ

2 2π

Z +∞

−∞

dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+m2β2/2 −mβ

2

π

Z +∞

−∞

dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+ 2m2β2

(4.57) onde β = 1/T.

Vamos ver como a contribui¸c˜ao bosˆonica se comporta a altas temperaturas. Para

T → ∞, 4.57 se torna:

ΓB(T→∞)=−

1

βln 2 +

1

β ln

h

1−1−p3m2β2/2i

−mβ

2 2π

Z +∞

−∞

dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+m2β2/2 −mβ

2

π

Z +∞

−∞

dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+ 2m2β2

=1

βln 2 +

1

β

h

ln(p3/2) + ln(mβ)i

−mβ

2 2π 2

Z ∞

0

dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+m2β2/2

| {z }

B1 −mβ √ 2 π 2 Z ∞ 0 dk

ln1e−√k2β2+2m2β2

k2β2+ 2m2β2

| {z }

B2

(4.58) Repare que paraT → ∞apenas o segundo termo de 4.57 teve a exponencial aprox-imada da seguinte forma:

(57)

4.4 Efeitos t´ermicos 43

No caso das integrais B1 e B2 esta aproxima¸c˜ao n˜ao pode ser feita. Por um lado

β 0 para T → ∞, no entanto, a vari´avel k contida na exponencial est´a sendo integrada de zero a infinito, o que n˜ao torna poss´ıvel fazer a mesma aproxima¸c˜ao.

Fa¸camos em B1 e B2 a seguinte mudan¸ca de vari´avel:

x=kβ; dx=dkβ; y= 2m2β2

teremos:

ΓB(T→∞) =−

1

β ln 2 +

1

β

h

ln(p3/2) + ln(mβ)i

−m

2

π

Z ∞

0

dx

ln1e−√x2+y2

x2+y2/4

| {z }

B1

−m

2

π

Z ∞

0

dx

ln1e−√x2+y2

x2+y2

| {z }

B2

.

(4.59)

Ou seja:

ΓB(T→∞) =−

1

β ln 2 +

1

β

h

ln(p3/2) + ln(mβ)i−m

2

π (C1+C2)

= 1

β

h

ln(p3/8) + ln(mβ)im CB.

(4.60)

(58)

Imagem

Figure 2.1.: Gr´afico do potencial do modelo λφ 4 para λ = 0, 1 e m 2 /λ = 1.
Figure 2.3.: Gr´afico da densidade de energia do kink para λ = 0, 1 e m 2 /λ = 1.

Referências

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