Gerenciamento de Crise: Instalação de comitê gerenciamento de riscos e implantação de medidas para manter a operação do parque industrial durante a pandemia do COVID 19.
Daniel Perez 1 Fabiana Franco 2 Hugo Carneiro 3 Nádia Abreu 4 Suelem Teixeira 5
RESUMO
Todo o tipo de negócio possui riscos, e precisa-se conhecer os riscos para que seja construída uma estratégia com atitudes como saber como preveni-los e como agir quando uma crise acontecer. Crise é um termo para expressar um momento crítico e decisivo, normalmente é sucessor da ruptura do status quo.
Este trabalho é um relato de uma experiência que ainda é viva, obtida pela implantação da Sala de Crise com plano de gerenciamento que prevê possíveis situações de riscos e propõe medidas para minimizar os efeitos causados pela pandemia COVID 19 nas instalações de uma empresa de mineração em São Luís, Maranhão para manter a gestão de ativos eficaz com o mínimo de impacto, diante do cenário de pandemia.
Palavras chaves: Ativo; Crise; Gestão; Pandemia.
1- INTRODUÇÃO
Nos Congressos Internacionais de Manutenção dos últimos anos, um grande número das conferências trata da Gestão de Ativos, uma vez que, com a evolução tecnológica, a globalização e a competitividade, cada vez mais empresas devem buscar ser mais eficientes e eficazes mantendo alto nível de qualidade, tempo de entrega adequados, eliminação de riscos de acidentes e de contaminação (WAGNER, 2014).
No ano de 2014 foi aprovada uma nova norma internacional, a ISO 55000, que regulamenta procedimentos para o tema e de onde destacamos alguns
conceitos importantes para o caso que será discorrido:
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"Gestão de Ativos: Atividade coorporativa organizada que busca a geração de valores pelos ativos."
"Atividade também se refere a aplicação de elementos do Sistema de Gestão de Ativos."
"O termo Atividade Corporativa tem um significado amplo e pode incluir, por exemplo, os projetos e suas aplicações."
"A Geração de Valores normalmente irá envolver o equilíbrio entre custos, riscos, oportunidades e benefícios de melhoria de desempenho."
"Valores podem ser tangíveis e intangíveis, financeiros e não financeiros e incluem considerações de riscos e confiabilidade."
Antes de iniciar as reflexões sobre a gestão de crise nas organizações, é necessário primeiro apresentar alguns conceitos sobre crise, elaborados por especialistas da área.
Crise é um evento não rotineiro, inesperado e repentino, que cria incertezas, ameaça os objetivos prioritários da organização, pode causar prejuízos financeiros e corroer a reputação corporativa ( Cleeren, Heerde & Dekimpe, 2013; Coombs, 2007b; Siomkos et al.,2010)
A crise dentro e fora da empresa
Em nossa vida pessoal, quando enfrentamos situações difíceis, costumamos dizer que estamos em crise. Esses momentos podem surgir em decorrência de ações pessoais (nossas ou alheias); negligência, despreparo, falta de
planejamento, ações criminosas, etc., ou a partir de resultados de desastres naturais, mortes, etc. Pode-se dizer que a causa do primeiro é interna, pois surgiu das ações do indivíduo, e no segundo caso são externas, uma vez que foram os fatores externos que desencadearam a
crise. (ARGENTI, p. 258).
Para PEARSON & MITROFF
(1993), a ideia de prevenção ganha força quando defendem a ideia de que se os funcionários estiverem preparados para as crises, é possível antecipar e aprender com as experiências que as crises provocam.
Em dezembro de 2019 surge na China o primeiro caso da Sars-COV-02 conhecido como COVID 19, logo em seguida milhares de casos e fatalidades assolaram o mundo, partir de março de 2020 é oficializado pela Organização Mundial de Saúde – OMS a ocorrência de uma pandemia mundial de
coronavírus (OPAS, 2020). no Brasil o primeiro caso registrado foi em 26 de fevereiro. Com certeza 2020 mostra-se um ano desafiador, uma crise mundial instala-se impactando em todos os setores .
Neste momento em que os países procuram se preparar ou gerenciar os impactos de uma pandemia, muitas empresas desempenham ativamente suas responsabilidades diante de seus profissionais e da sociedade. Como
protagonistas da economia e do ambiente de negócios, as organizações têm como responsabilidades básicas a boa condução dos negócios e o cuidado
com seus funcionários. Diante disso, neste momento, as empresas podem estar expostas a uma série de riscos estratégicos e operacionais, como impacto na produção, atrasos ou interrupção do fornecimento de matérias- primas, mudanças nas demandas de clientes, aumento de custos,
insuficiências logísticas que levam a atrasos em entregas, questões de saúde e segurança de funcionários, força de trabalho insuficiente e desafios referentes a importação e exportação de produtos.
A sociedade atual esta passando por um momento absolutamente único e disruptivo que nos obriga a mudar nossa direção e atitudes diante da realidade que se coloca à nossa frente. A nosso favor, temos a ciência e todo o
conhecimento acumulado, bem como tecnologias desenvolvidas ao longo do tempo.
A pandemia gerou a necessidade de isolamento social e a paralisação da grande maioria das atividades econômicas não essenciais ao funcionamento da sociedade, governo federal emite o Decreto nº 10.282 em março de 2020 autorizando “atividades de lavra, beneficiamento, produção, comercialização, escoamento e suprimento de bens minerais” identificando como atividades essenciais. Por isso, a necessidade de implantação de gerenciamento de crise para manter as operações garantindo a produção e o bem estar dos
empregados, torna-se imprescindível.
Em 13 de março de 2020 é divulgado um plano de preparação e resposta para a pandemia do Covid 19. O plano tem como resultado esperado apresentar as medidas de prevenção e controle de infecções pelo novo Coronavírus, COVID- 19 em empregados da mineradora e mitigar e reduzir riscos as suas operações durante a pandemia. Promovendo ações para preservar a continuidade dos negócios de maneira segura em suas operações.
Com um terminal marítimo de 1.827 hectares de área privada com mais de 120 km de correias transportadoras 15 pátios de estocagem com 20 máquinas de pátio ( empilhadeiras e recuperadas) , 08 carregadores de navio e cerca de 1800 empregados direto.
Para garantir a funcionalidade da planta e manter as metas propostas para o primeiro semestre de 2020, a implantação das ações do comitê foram
primordiais para minimizar o impacto nos indicadores. As manutenções foram realizadas priorizando as atividades críticas e utilizando todas as medidas determinadas pelo comitê de crise.
Após designar o coordenador local para ser ponto focal responsável pela criação do comitê e implantação do Plano Local de Preparação e Resposta à pandemia. As diretrizes foram divididas por estágios e embora as fases sejam segmentadas, os elementos que foram listados levaram em consideração a realidade do local. Um checklist e gatilhos foram criados para a preparação e resposta, e foram adaptados e o desdobramento foi realizado de forma que refletisse a realidade operacional de cada unidade.
Baseado na metodologia ICS (Incident Command System) , Sistema de Gerenciamento de Incidentes, ferramenta padronizada para eventos que permite a criação de uma estrutura organizacional integrada para suprir as complexidades e demandas.
Após toda a estruturação do comitê, foi levantando e implantados 350 ações contemplando todos os estágios ( monitoramento, alerta, resposta e
recuperação ). Como exemplos de ações destaca-se implantação de home office para funções administradas e grupo de risco. Para o operacional sinalização da distância segura, novo modus operandi para refeições,
transporte e entrada, incluindo triagens, checklist para acompanhar o estado de saúde de cada empregado. Mapeamento de equipe mínima para manter o parque operando com qualidade e segurança.
Figura 1 – Classificação de Risco Local da Pandemia de COVID-19.
Figura 2 – Estrutura Organizacional Comitê COVID – unidade São Luís.
Além das ações desenvolvidas e implantadas, a comunicação ativa também foi um diferencial para garantir a operação do parque portuário. Todas as
tomadas de decisões foram desdobradas mediamente, deixando uma escuta ativa aberta para esclarecimentos de dúvidas em relação as decisões.
Na área do descarregamento de minério a Disponibilidade Intrínseca manteve o realizado estável e acima do programado durante o primeiro semestre, tendo um impacto negativo no mês fevereiro.
Foram embarcados 283 mil toneladas de minério de ferro, durante o primeiro semestre de 2020, não ocorreu paralisação de atividades e o parque continua com sua operação ativa.
3 CONCLUSÃO
Os países foram pegos de surpresa com a pandemia do COVID-19, a
sociedade sofreu inúmeros impactos, no mundo corporativo a impossibilidade de operar e o risco de perda nos negócios são as principais ameaças à
continuidade das operações. Os impactos econômicos e sociais decorrentes da pandemia geram instabilidade na cadeia de valor das empresas.
Em uma empresa de mineração em São Luís no Maranhão, a implantação de uma sala para gerenciamento de crise foi de grande importância para garantir a continuidade das operações, tendo todas as ações implantadas em relação as condições sanitárias de prevenção contra o COVID-19.
Para garantir a continuidade e a segurança dos negócios são estabelecidas medidas dentro de um plano de governança de crise, que sistematiza toda atuação estratégica e operacional. Assim foram garantidos a operacionalização de todo o parque.
Indicador Ref. Sequencial jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20 jun/20 jul/20 Programado 86,73% 86,30% 85,00% 85,00% 85,82% 86,90% 86,63%
Realizado 88,09% 85,92% 85,83% 88,40% 91,24% 90,31% 91,70%
DI
Figura 3 – Resultados Disponibilidade Intrínseca área do Descarregamento.
REFERÊNCIAS
Cleeren, K., Van Heerde, H., & Dekimpe, M. G. (2013). Rising from the ashes: How brands and categories can overcome product-harm crises.
Journal of Marketing, 77(2), 58-77.
Coombs, W. T., & Holladay, S. J. (2002). Helping crisis managers protect reputational assets: Initial tests of the situational crisis communication
theory. Management Communication Quarterly, 16(2), 165-186.
doi:http://doi. org/10.1177/089331802237233
Norma Iso 55000- Gestão de Ativos
ARGENTI, Paul A. Comunicação Empresarial: a construção da identidade, imagem e reputação. Ed. Campus, Rio de Janeiro: 2006.
