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Anotadas do 4º Ano 2007/08 Data: 17/10/2007. Equipa Correctora: Professor Doutor Daniel Sampaio

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Nota da anotada: Esta aula por ter sido a primeira, foi uma espécie de aula introdutória em jeito de debate com os alunos, cujos temas vão ser posteriormente desenvolvidos ao longo do semestre. Por esse motivo, esses temas não foram muito desenvolvidos nesta anotada.

Bibliografia

Manual de Psiquiatria Clínica (J.C. Dias Cordeiro) Som da aula

Principais Temas da Aula

Dor Psíquica

Revoluções que marcaram a evolução histórica da psiquiatria Importância das doenças Psiquiátricas

Classificações Internacionais

A dor psíquica é muito mais difícil de objectivar do que a dor física. Todos já sentiram dor psíquica, pois esta acontece em inúmeras situações; tais como:

Luto

Situações de maus-tratos, negligência, abuso sexual (crianças que passem por estas situações até aos 3 anos, apresentam maior

Anotadas do 4º Ano – 2007/08 Data: 17/10/2007

Disciplina: Psiquiatria Prof.: Prof. Dr. Daniel Sampaio Tema da Aula: Os sintomas em Psiquiatria. Classificações

Autor(es): Andreia Filipa Nisa Rolão e Sara Alexandra Custódio Alves

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Problemas relacionados com a orientação sexual

Doenças médicas e cirúrgicas (internamentos hospitalares, cuidados intensivos)

Estigma “O receio da loucura”

Lombalgia, epigastralgia, e cefaleia de tensão são exemplos de sintomas em que o mal-estar pode ser de causa psicológica e não física.

Revoluções que marcaram a evolução histórica da

Psiquiatria:

No final do séc. XVIII

Pinel

(1745-1826) em França: Retirou as correntes aos “loucos” (até ao séc. XIX era considerado que os doentes mentais deveriam estar presos tais como os presos de delito comum, com Pinel os doentes mentais passam a ter o direito de ser tratados em vez de punidos.)

Em 1950 introduzem-se os Psicofármacos:

1952 –

Cloropromazina

(1º fármaco para tratamento da esquizofrenia, antes usava-se sedativos vegetais e sobretudo a contenção física – camisas de forças – assim os doentes esquizofrénicos começaram a ter um tratamento especifico e começaram a ser tratados em casa e em consulta e não apenas através de internamento.)

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1959 –

Clordiazepóxido

– medicamento para a ansiedade.

1960 Marca uma grande etapa evolutiva: dá-se a passagem da psiquiatria tradicionalmente curativa à psiquiatria preventiva (o que também acontece em toda a medicina no geral). À preocupação centrada sobre a doença e o seu tratamento opõe-se assim a preocupação com a Saúde, isto é, o bem-estar físico, psicológico e social da pessoa tal como o define a OMS.

1963 –

Diazepam

“Valium” (

muito importante porque a partir deste grupo derivou-se um conjunto de substâncias que são as benzodiazepinas, como o Lorazepam, entre outros, todos elas muito importantes para o tratamento da ansiedade. Hoje em dia são fármacos menos usados devido aos seus efeitos secundários como a dependência, que está ligada à necessidade de se ir aumentando a dose, e com o síndrome de abstinência ao se interromper o abruptamente o fármaco.)

1990 –

Fluoxetina “Prozac”

(tratamento da depressão, sem os efeitos secundários do aumento do peso, a fluoxetina até reduz ligeiramente o apetite, e são fármacos seguros, ou seja, são preciso doses muito elevadas para provocarem uma morte por sobredosagem.)

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A partir da metade dos anos 90 apareceram novos antipsicóticos que se usam no tratamento da esquizofrenia, como a Olanzapina e Risperidona e apareceram também novas abordagens não farmacológicas como abordagens

comunitárias, ou seja, hoje em dia a maior parte do tratamento em psiquiatria é

feito na comunidade, isto é em consulta e no próprio local onde as pessoas estão, como a sua casa, e também através de abordagens de grupo,

intervenção familiar e visitas domiciliárias.

Importância das Doenças Psiquiátricas

1º - Prevalência da doença psiquiatra na população:

20% Da população tem problemas psiquiátricos, sendo as situações mais frequentes as perturbações da ansiedade e as perturbações depressivas.

A prevalência ao longo da vida da depressão é muito elevada, sendo que cerca de 20% das pessoas vai ter depressão. Assim visiona-se que no séc. XXI a depressão vai ser a 2ª doença mais importante, sendo a 1ª as doenças cardiovasculares, isto porque a depressão causa muita incapacidade, muito absentismo e apresenta uma carga familiar significativa.

2º - Sobrecarga familiar significativa

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3º - Os sintomas psiquiátricos também ocorrem em

doenças médicas

Ocorrem por exemplo no internamento nas unidades de cuidados intensivos, que por si só já debilitam psicologicamente o doente, e depois há doenças médicas que são acompanhadas de quadros de ansiedade e depressão, sendo que as doenças médicas graves e crónicas afectam o psiquismo do doente, assim sendo o médico tem de estar preparado para tratar e diagnosticar não só a doença física mas também a doença psíquica.

4º - São doenças muitas vezes sub-diagnosticadas

O doente tende a não ter discernimento da sua situação, ou seja, não se apercebe que, as suas queixas psicológicas, tem etiologia no mal-estar causado pela doença médica. E por outro lado o médico muitas vezes subvaloriza as queixas de tristeza e angústia do doente não fazendo um diagnóstico correcto, achando que é falta de vontade ou que é preguiça por parte do doente, isto porque lhe falta formação nesta área.

5º - Dificuldades de diagnóstico nos cuidados primários

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6º - Frequentes falsas crenças por parte dos médicos

Alguns exemplos de falsas crenças por parte dos médicos em relação à psiquiatria são:

Que a psiquiatria não é objectiva, não é científica; Que não se baseia em critérios de diagnóstico; Que varia por exemplo de Portugal para Espanha;

O que está errado, pois a psiquiatria é muito objectiva baseando-se em critérios de diagnóstico muito bem definidos e também em classificações internacionais que são validas em qualquer ponto do Globo.

Que não vale a pena tratar doentes psiquiátricos porque estes ficam sempre piores

O que só é válido para algumas doenças psiquiátricas e está em grande mudança, ex.: o grau de eficácia do tratamento da depressão ronda os 90%, no entanto em doenças como a esquizofrenia e a doença bipolar em que o tratamento é difícil, o prognóstico não é tão bom, no entanto se compararmos com os anos 50 ou até com os anos 90 é muito diferente hoje em dia, sendo que a capacidade de tratamento é maior agora.

Tudo isto mostra o porquê da Psiquiatria ser tão importante na formação académica de um médico.

Classificações Internacionais

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classificações internacionais. Essas classificações são: a classificação internacional das doenças, da Organização Mundial de Saúde, secção de psiquiatria e saúde mental (CID 10- classificação internacional das doenças, versão 10) e a classificação americana DSM IV-R - manual de diagnóstico e estatística das doenças mentais versão 4 revista.

A CID 10 é uma versão descritiva em que as doenças vêm apontadas como um conjunto de sintomas que permitem chegar a um diagnóstico. A DSM IV-R, muito utilizada no serviço de psiquiatria do HSM, é mais complexa e vai ser descrita nesta aula. É uma classificação multiaxial, ou seja, engloba vários eixos (I-V).

No eixo I, o mais importante, classificam-se as perturbações psiquiátricas1 ou doenças psiquiátricas, que iram ser abordadas nas próximas aulas: Delírium e demências; perturbações psicóticas; perturbações afectivas; perturbações de ansiedade; perturbações somatoformes, perturbações dissociativas e abuso de substâncias.

O delírium é uma perturbação da consciência. A consciência é a função que nos permite estar em contacto com o mundo exterior. Situações orgânicas como o traumatismo craniano, um tumor intracraniano, o uso de álcool e a sua interrupção (abstinência) são um grupo de situações em que a consciência está alterada.

As demências são as perturbações da memória e da capacidade cognitiva, cujo paradigma é a doença de Alzheimer. As pessoas, em regra mais idosas, ficam com défices cognitivos e perdem a sua capacidade funcional.

As perturbações psicóticas, um grupo muito importante, englobam as psicoses sendo as mais importantes a esquizofrenia e a doença bipolar. Uma psicose caracteriza-se por um corte com a realidade; um psicótico não está inserido na realidade. As psicoses são normalmente acompanhadas de delírio, uma perturbação do pensamento, e de alucinações, perturbação da percepção. Estas perturbações exigem o uso de medicamentos e têm em regra um prognóstico pior de que as outras perturbações.

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As perturbações de ansiedade são frequente e têm algumas variantes: a ansiedade episódica como a que acontece na véspera de um exame e que é uma ansiedade normal, a ansiedade generalizada ou permanente, ansiedade paroxística que integra a perturbação de pânico, e ansiedade para determinadas situações – fobias. As fobias são muito frequentes, existem as fobias simples que normalmente são circunstanciais e são caracterizadas por medo/ receio de determinada situação e por evitamento de se colocar nessa situação. Uma pessoa que tem medo de ratos, por exemplo, que é muito frequente, evita passar por sítios onde imagina que possam surgir ratos.

As perturbações somatoformes são perturbações psiquiátricas que são expressas por sintomas corporais.

As perturbações dissociativas, que antigamente se chamavam perturbações histéricas.2

Por último, o abuso de substâncias, vulgarmente denominadas de drogas, causa problemas importantes de saúde mental . As drogas ilícitas mais utilizadas em Portugal são os canabinóides. Aos 13 anos cerca de 5-10% já experimentou cannabis, e aos 18 anos, 30-40% também já experimentou, é uma percentagem alta mas não significa que consumam regularmente. Frequentemente o abuso de substâncias aparece associado a outras doenças de saúde mental. Por exemplo, uma pessoa com esquizofrenia frequentemente utiliza drogas e uma pessoa com ansiedade frequentemente recorre a estas substâncias, principalmente ao haxixe, para acalmar a ansiedade, para alívio da tensão.

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que esses criminosos são imputáveis, ou seja, têm a responsabilidade pelos seus actos, mas têm uma personalidade doentia.

Eixo III, problemas médicos, está relacionado com doenças médicas que

acompanham a doença psiquiátrica. Por exemplo, uma pessoa com uma depressão e que tem uma diabetes; a diabetes agrava a depressão. Neste caso, no eixo III, põe-se diabetes.

Eixo IV, stress psicossocial. Se a pessoa tem uma depressão e se perdeu a

namorada (ou outra perda afectiva), por exemplo, ou se ficou desempregado e não pode sustentar a renda da sua casa, está em stress psicossocial que acompanha a depressão. Neste eixo, neste caso, deve-se colocar perda afectiva de namorada e desemprego.

Eixo V, avaliação global do comportamento que é uma escala que vem na

parte final da classificação e que permite cotar a avaliação global do funcionamento de 0 (ausência/ impossibilidade de funcionamento) a 100 (funcionamento normal, sem problemas).

Utilizando estes cinco eixos ficamos com uma ideia global do funcionamento da pessoa.

Notas:

1- o termo perturbação vem do inglês disorder; não se deve traduzir como distúrbio, porque distúrbio é o que pode ocorrer na rua.

Referências

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