Coleção Direitos Humanos e Democracia
Ijuí 2015
2015, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 – Ijuí – RS – Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br Http://www.editoraunijui.com.br www.twitter/editora_unijui Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-Adjunto: Joel Corso Capa: Alexandre Sadi Dallepiane
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Este livro integra as atividades do Núcleo Disciplinar Educação para a Integração da Associação das Universidades do Grupo Montevideo (AUGM), com o apoio da Cátedra Unesco Cultura da Paz.
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
E244 Educação em direitos humanos : qual o sentido? / organizadoras Ettiène Guérios, Tania Stoltz. - Ijuí : Ed. Unijuí, 2015. – 304 p. – (Coleção direitos humanos e democracia).
ISBN 978-85-419-0151-2
1. Educação. 2. Direitos humanos. I. Guérios, Ettiène (Org.). II. Stoltz, Tania (Org.). III. Título: Qual o sentido? IV. Série.
CDU : 37 342.7 37:342.7
A Coleção Direitos Humanos e Democracia é uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Direito da Unijuí (Curso de Mestrado em Direitos Humanos) e da Editora Unijuí e publica trabalhos que privilegiam os dife-rentes enfoques do vínculo entre democracia e direitos humanos. O objetivo da Coleção é disponibilizar a comunidade acadêmica nacional e interna-cional um conjunto de publicações que contribuam para o fortalecimento da cultura democrática no Brasil e para o reconhecimento e efetivação dos direitos humanos.
C
ONSELHOE
DITORIALDr. Alejandro Rosillo Martinez (México) Dr. André de Carvalho Ramos (USP/Brasil) Dr. Antonio Carlos Wolkmer (UFSC/Brasil) Dr. Eligio Resta (Roma Tre/Itália)
Dr. Fernando Estenssoro (USACH/Chile) Dr. Gilmar Antonio Bedin (Unijuí/Brasil) Dra. Gisele Ricobom (Unila/Brasil)
Dr. Giuseppe Ricotta (Roma – Sapineza/Itália) Dr. José Luiz Bolzan de Morais (Unisinos/Brasil) Dr. Leonel Severo Rocha (Unisinos/Brasil) Dra. Nuria Belloso Martin (Burgos/Espanha) Dra. Odete Maria de Oliveira (UFSC/Brasil) Dr. Rui Carlos Gonçalves Pinto (Lisboa/Portugal) Dr. Sidney Cesar Silva Guerra (UFRJ/Brasil) Dr. Thiago Fabres de Carvalho (FDV/Brasil) Dr. Valcir Gassen (UnB/Brasil)
Dr. Vicente de Paulo Barretto (Unesa/Unisinos/Brasil)
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OMITÊE
DITORIALDr. André Leonardo Copetti Santos – Membro Dr. Doglas Cesar Lucas – Coordenador Dra. Fabiana Marion Spengler – Membro Dr. Gilmar Antonio Bedin – Membro
SUMÁRIO
PREFÁCIO ...9 Solon Eduardo Annes Viola
EDUCAÇÃO EM E PARA DIREITOS HUMANOS:
Embates entre a Igualdade e a Diferença ...13 Ettiène Guérios
Tania Stoltz
EL DERECHO A LA EDUCACIÓN EN MATERIA DE DERECHOS HUMANOS:
La Sensibilización a Través del Género Operístico ...29 Mariana Blengio Valdés
DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS SOCIAIS ...49 Maria Tarcisa Silva Bega
A UNIVERSIDADE E OS DIREITOS HUMANOS: Um espaço de formação para a promoção
e defesa da dignidade humana ...69 Blanca Beatriz Díaz Alva
EDUCAR EN BIOÉTICA:
Una forma de vivir los Derechos Humanos ...95 María Sica
A EDUCAÇÃO E O DIREITO DE MANIFESTAR LIVREMENTE O PENSAMENTO:
Um enfoque a partir da ótica de Habermas ...111 Gelson João Tesser
LA EDUCACIÓN, LA CULTURA DE LA PAZ Y LOS DERECHOS HUMANOS:
El currículum de la noviolencia ...129 Manuel Dios Diz
DA INCLUSÃO DO DIREITO AO DIREITO À INCLUSÃO ...169 Tamara da Silveira Valente
OS DIREITOS HUMANOS DE ALUNOS SUPERDOTADOS: A necessidade do atendimento educacional especializado ...203
Fernanda Hellen Ribeiro Piske Ires Aparecida Falcade-Pereira Tania Stoltz
Araci Asinelli-Luz
O DIREITO À ESCOLA FORA E DENTRO DO CÁRCERE ...225
Cineiva Campoli Paulino Tono
Glacélia Quadros
Sônia Maria Chaves Haracemiv
IGUALDADE E DIREITOS HUMANOS:
O problema da educação das mulheres ...249 Karen Franklin
RESPEITO E TOLERÂNCIA:
Princípios para uma educação em direitos humanos ...277 Celso de Moraes Pinheiro
PREFÁCIO
Solon Eduardo Annes Viola1
Foi com satisfação que recebi das organizadoras Ettiène Guérios e Tania Stoltz o convite para apresentar o livro “Educação em Direitos Humanos – Qual o Sentido?”. O título instigante alertou-me para um prin-cípio fundamental dentro do tema central da obra – a noção decisiva de romper com o conhecimento que está pronto, acabado, cristalizado. Ao contrário disso, de forma provocativa, o título movimenta-se em busca da pergunta sobre as possibilidades e os “sentidos” da educação em direitos humanos. Inovador por si mesmo, o título do livro remonta a uma questão fundamental para a educação e os educadores de todos os tempos e de todos os lugares: Para que educar? No caso específico: Para que educar em direitos humanos?
Esta pergunta tensiona os diferentes textos da obra, dando origem a um amplo mosaico de respostas múltiplas e complementares. Ao ler os textos inquieto-me e percebo que também busco respostas que são
1 Doutor. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tem experiência na área de Sociologia com ênfase em Socio-logia da Educação e, também, em História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: direitos humanos, cidadania, movimentos sociais, educação e práticas pedagógicas. É membro do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos e da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos.
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S o l o n E d u a r d o A n n e s V i o l a
pessoais e intransferíveis, mas, ao mesmo tempo, coletivas e permeadas pelas buscas de alternativas que, sendo de cada um, possam vir a ser também de todos. Fico tentado a responder a pergunta das organi-zadoras e me dou conta de que mais do que uma resposta tenho uma sugestão, nascida na minha expectativa e, também, da leitura dos textos que compõem o livro. Diria que: Sim, faz sentido! Mas qual sentido? Um sentido que se esgota em si mesmo ou que transcende a própria pergunta?
O sentido a que me refiro é um sentido que acompanha educa-dores e educadoras desde os filósofos e pedagogos da Grécia clássica até os teóricos contemporâneos, que, como Paulo Freire, compreenderam e compreendem a educação como um ato social reflexivo e capaz de mudar o mundo. É um sentido no qual se permite mergulhar no pre-sente recuperando o passado, para que se possa pensar formas de educar para a construção – no amanhã que se faz hoje – de outra sociedade possível. Uma sociedade construída desde os pressupostos dos direitos humanos, ou seja, uma sociedade em busca dos princípios fundantes da liberdade, da igualdade e da fraternidade, construídos e somente possí-veis nos limites da justiça social e da participação coletiva nos processos decisórios. Sim, faz sentido! E o sentido aponta para uma crítica rigorosa da sociedade dominada pelas “regras de mercado”, bem como da edu-cação utilitarista, tecnicista e pragmática sob a qual foram submetidas gerações de educadoras(es) e educandas(dos).
Os textos com os quais o leitor irá se deparar indicam a urgên-cia de repensarmos os modelos de educação desde o olhar dos direitos humanos. Eles dão à obra – gestada desde o Núcleo Disciplinar Educa-ção para a IntegraEduca-ção das Universidades do Grupo Montevideo (AUGM) – uma dimensão universal (como exigem os direitos humanos) desde uma ótica Latino-Americana, na medida em que abordam as questões que marcam a História de nossa América, dando às mesmas abordagens de forma a que não se reduzam ao particular. Ao contrário, os textos –
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mesmo aqueles que abordam as diferentes manifestações de direitos e os múltiplos espaços culturais – estão rigorosamente comprometidos com a dimensão universal própria dos direitos humanos e do conhecimento, que, não se esgotando em si mesmos, contribuem para pensar critica-mente o mundo e a vida. Isso possibilita a formação de uma cidadania emancipada e autônoma, de uma sociedade que projete a dimensão da justiça social como um componente decisivo para a efetivação da tríade dos direitos humanos: a liberdade, a igualdade, a fraternidade.
O livro, que em tão bom momento a Editora Unijuí coloca à dis-posição das diferentes áreas do conhecimento, incorpora temas próximos e complementares ao tema central da educação em direitos humanos, tais como a paz, a cidadania, a justiça social e, especialmente, a dimen-são multicultural dos direitos humanos. De maneira rigorosa, a obra não recusa o conflito; pelo contrário, o introduz nas dimensões do diálogo, indispensável entre os diferentes em busca do reconhecimento de seus direitos.
Sabiamente as organizadoras e seus convidados conseguem qua-lificar o debate que a América Latina e o Brasil – em especial – têm pautado na direção do reconhecimento da cultura dos direitos humanos como indispensável para a consolidação de nossa jovem experiência democrática.
Ao mesmo tempo, os textos não desconhecem que a educação em direitos humanos possui um conteúdo que não se restringe a declarações e tratados universais, mas que, por sua dimensão local e universal, exige abordagens teóricas e didáticas que propiciem e promovam o trabalho interdisciplinar e práticas pedagógicas orientadas para a emancipação e o empoderamento de educadores(as) e educandos(as).