Data: 30 de dezembro 2020
Cenário 2020 – O ano em que a terra parou.
O ano de 2020 começou com a expectativa de trégua entre EUA e China na questão da guerra comercial e o motivo para isto seria o fato de ser um ano de eleição nos EUA e o presidente Trump queria ser reeleito, mas acabou perdendo para o democrata Joe Biden. O acordo comercial entre a China e EUA foi assinado em janeiro, sendo combinado que a China comprará mais produtos agrícolas dos EUA, o que atenderia o interesse de campanha de Trump para beneficiar a população agrícola do país e reforçar os votos que poderia ter com este movimento. Mas tudo mudou com o surgimento da pandemia do Coronavírus, que abateu a economia mundial de uma forma extremamente agressiva.
O surgimento do covid-19 aconteceu na cidade de Wuhan (China) em janeiro e rapidamente se transferiu em fevereiro para países da Europa, América do Sul e EUA, que acabaram acatando a OMS com o isolamento social / pessoas a partir de março. Por alguns meses os países entraram na zona zero, sem atividades e com profundo impacto na economia real, com empresas falindo e desemprego em forte evolução. Para piorar a situação, além da crise de saúde, teve início uma crise do petróleo e por aqui uma crise política que travou a pauta de reformas.
A partir do final do 1T20 o mundo seguiu em recessão, mas minimizado por diferentes Bancos Centrais dando continuidade de pacotes econômicos de estímulo a população sem renda com o evento. Ao longo do 2S20 as economias passaram a dar sinais de recuperação, mas ficou evidente que para reverter este quadro as diferentes vacinais já devem estar sendo aplicadas em massa na população. Encerramos o mês de dezembro com cerca de 40 países vacinando em massa suas populações, mas ainda vai demorar um tempo para a escala de produção da vacina, seringas e agulhas possa atender a todos.
PIB GLOBAL PROJETADO – REVISÃO EM OUTUBRO 2020
Cenário 2021 – A retomada depende da vacina.
A expectativa segue positiva para a retomada da economia mundial, mas quanto mais demorar a imunização das populações, mais poderá haver risco de novas ondas de contaminação. A entrada do novo presidente dos EUA cria uma expectativa mais otimista em relação a tratados comerciais por diferentes países.
No caso do Brasil, as Reformas precisam ser retomadas, já está claro que só a Reforma da Previdência não resolve a situação do país e o governo já sinalizou os próximos passos para 2021. O foco para este início de ano se voltará para a Reforma Administrativa, Reforma Tributária, a PEC Emergencial, a revisão do pacto federativo e privatizações. A Reforma Administrativa terá como foco rever as normas do funcionalismo público para tornar a máquina do governo mais produtiva e enxuta. Apesar da expectativa de dificuldades para aprofundar esta Reforma, acreditamos que a Tributária seja a mais complexa, pois envolve interesses em diferentes esferas do governo. A PEC Emergencial terá como meta abrir espaço orçamentário para investimentos do governo, que pode inclusive superar a casa de R$ 26 bilhões e o pacto federativo, que buscará uma revisão do fluxo de receitas e divisão entre receitas/despesas e sua divisão entre União, Estados e Municípios. Mas existem riscos de cenário que podem minimizar o otimismo com a retomada da economia. O eventual descontrole da inflação tende a impor a volta da elevação da Selic, o que pode afetar as contas públicas.
A meta de privatização é ousada para 2021, sendo apontadas as seguintes empresas estatais:
• Eletrobras • CeasaMinas • Telebras
• Correios (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos- ECT) • Casa da Moeda
• Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) • Porto de São Sebastião
• Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) - Porto de Santos • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF) • Empresa Gestora de Ativos (Emgea)
• Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) • Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro)
• CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) • Trensurb - Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre
Na lista de desinvestimento, consta ainda o interesse do governo em vender concessões em portos, rodovias e aeroportos, sendo já apontados os seguintes ativos:
Portos
• Porto de Aratu-Candeias (BA) • Porto de Paranaguá (PR)
Rodovias
• BR-040/495 – Minas Gerais e Rio de Janeiro • BR-116/493 – Rio de Janeiro e Minas Gerais • BR-116/465/101 – São Paulo e Rio de Janeiro • BR-470/282/153 – Santa Catarina Aeroportos • Curitiba (PR) • Foz do Iguaçu (PR) • Navegantes (SC) • Londrina (PR) • Joinville (SC) • Bacacheri em Curitiba (PR) • Pelotas (RS) • Uruguaiana (RS) • Bagé (RS) • Manaus (AM) • Porto Velho (RO) • Rio Branco (AC) • Boa Vista (RR) • Cruzeiro do Sul (AC) • Tabatinga (AM) • Tefé (AM) • Goiânia (GO) • São Luís (MA) • Teresina (PI) • Palmas (TO) • Petrolina (PE) • Imperatriz (MA)
As grandes agências de rating estão acompanhando a evolução das Reformas no Brasil e já houve sinalização de que o andamento deste processo pode ampliar a possibilidade do país recuperar seu grau de investimento em tempo menor do que o esperado.
Uma enxurrada de emissões a caminho
O Brasil entrou em um ciclo de juros baixos, o que cria uma situação complexa na área de crédito. O BNDES está se reposicionando sobre empréstimos para pessoas jurídicas de grande porte e com isto as empresas estão se deparando com uma situação de trocar dívidas por taxas mais baixas e alongando o ciclo de pagamento, o que considera principalmente produtos como CRI, CRA, Debêntures e Bonds.
Em 2020 várias emissões foram realizadas no mercado local, seja de ações, fundos imobiliários e títulos de dívida e em 2021 a tendência é de um aumento substancial nestes tipos de emissões. A captação por meio de operações com renda variável passa de R$ 101 bilhões em 2020, ou seja, em 11 meses incompletos superou em R$ 11,4 bilhões o volume obtido no ano de 2019 inteiro.
Para o investidor de renda fixa, sejam pessoas físicas ou institucionais, a procura por investimento com taxas melhores que as tradicionais ofertadas pelos bancos, irão suportar este grande fluxo financeiro esperado de operações em 2020.
Expectativas atuais do mercado
Segundo o consenso de mercado medido pela pesquisa Focus do Banco Central
(24/12/2020), as expectativas atuais mostram uma retomada do otimismo para a
economia do país, que podemos apontar pelos seguintes indicadores:
A inflação registrou pressão por conta da alta de alimentos, dólar e material de construção, mas deve se normalizar a partir de 2021.
Na última Ata do Copom, o Banco Central não apontou de forma explícita a continuidade da queda da taxa de juros e sim a possibilidade de iniciar reversão no 2S21.
Após a forte alta do dólar x real, ao longo de 2020, fruto da influência da evolução do covid-19 e demora em aprovar reformas/crise política a tendência é de um movimento de queda, quando da entrada de recursos do exterior com a venda de ativos no país.
As expectativas sobre o crescimento econômico para este ano se mostram menos pessimista do que imaginado retoma da partir de 2021.
Setores/Empresas que devem se beneficiar deste
cenário
Setor / Empresa Setor / Empresa
Açúcar/ Etano / Combustíveis Alimentos
São Martinho BRF
Cosan JBS
Ultrapar
BR Distribuidora Bens de Capital
Weg
Bancos Romi
Bradesco Randon
Brasil Iochpe Maxion
Banco Inter
Comércio/Varejo Concessões Rodoviárias
Via Varejo CCR
Mag. Luiza Ecorodovias
Guararapes
Construção / Shopping Energia Elétrica / Saneamento
Cyrela AES Tiête
MRV Transmissão Paulista
Iguatemi Engie
JHSF Cemig
Copel Sanepar
Financeiro / Serviços Sabesp
B3 BB Seguridade Mineração/Siderúrgia Vale Bradespar Transportes Gerdau Rumo Usiminas Santos Brasil Localiza Movida
EXPECTATIVAS DE DESEMPENHO DO IBOVESPA PARA 2021
O cenário ainda é de juro baixo no curto prazo, o que deverá continuar levando o investidor a buscar maiores riscos / retornos e, portanto, nesse cenário, continuamos apostando ainda na alta das Bolsas de Valores e portanto do nosso Ibovespa.
A – Reformas avançam, medidas para reduzir o estado e aquecer a economia, revisão
de resultados de empresas se eleva e preço justo da ação atrai maior valorização. Bolsa atinge entre 150 mil pontos e mais ainda em 2021. Novas ofertas em Bolsa / IPO´s / follow ons podem atingir até R$ 120 bilhões. O volume de ofertas / emissões de títulos provados tende a crescer substancialmente. Em fundos imobiliários, o volume tende a ser maior do que os R$ 32,5 bilhões emitidos em 2019.
B – Pressão com dificuldades não permitem avançar rápido com reformas e pode
gerar indecisão dos agentes do mercado e menor nível de investimento e ocorre uma maior desidratação em relação à proposta inicial. Bolsa tende a estacionar no patamar de 139 mil pontos.
C – Reformas não avançam, ocorrendo desconfiança para o cenário de crescimento /
investimentos, juros futuros iniciariam uma retomada de alta e a Bolsa voltaria a cair e com uma eventual fuga de meta para a inflação os juros futuros voltam a subir. Emissões não acontecem no volume esperado no cenário A. As vacinas não atingem o cenário esperado e novas ondes de covid voltam a aparecer. Nesse cenário a bolsa poderia voltar para um patamar inferior a 100 mil pontos.