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VOTO-EMENTA CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. BANCÁRIO. CRÉDITO CONSIGNADO. SÚMULA Nº 385 DO STJ. NÃO INCIDÊNCIA. REFORMA.

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Processo n.º 0503367-76.2015.4.05.8502

VOTO-EMENTA

CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. BANCÁRIO. CRÉDITO CONSIGNADO. ILEGALIDADE DA INSCRIÇÃO RECONHECIDA PELO JUÍZO DE ORIGEM. EXCLUSÃO DO DIREITO A INDENIZAÇÃO COM BASE EM DÍVIDA ANTERIOR INSCRITA NO CADIN. SÚMULA Nº 385 DO STJ. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 385 QUANDO SE TRATAR DE INSCRIÇÃO ANTERIOR CONSTANTE DO MESMO CADASTRO OU DE INFORMAÇÃO QUE NELA POSSA SER INCLUÍDA. CONSULTA AO CADIN RESTRITO ÀS ENTIDADES DA AMINISTRAÇÃO FEDERAL SEM REPERCUSSÃO EXTERNA. INSCRIÇÃO NO CADIN NÃO É REPASSADA PARA AS DEMAIS ENTIDADES DE PROTEÇÃO DO CRÉDITO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. REFORMA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso inominado [anexo 13] contra sentença [Anexo 12] do Juízo de origem [7ª Vara/SE] que julgou improcedente os pedidos de declaração de inexistência da dívida decorrente do contrato de crédito consignado cumulado com uma indenização por danos morais.

2. O Juízo de origem reconheceu a ilegalidade da inscrição em razão de a inscrição ter ocorrido após o pagamento da dívida, contudo excluiu a indenização por danos morais com fundamento na Súmula n.º 385 do STJ, em virtude de a parte autora possuir um débito anterior inscrito no CADIN. Transcrevo os fundamentos da sentença:

O conjunto probatório revela que o nome da parte autora foi inscrito no SPC/SERASA em 02/11/2015, relativo à parcela de R$ 485,02 com vencimento em 25/09/2015 (fl. 03 do anexo 05), do contrato de mútuo entabulado entre as partes, sendo certo que tal inscrição, segundo a CEF, deveu-se exclusivamente à ausência de repasse ou repasse intempestivo pelo Município de Cristinápolis/SE.

Com efeito, da análise dos autos, detecta-se que a parcela supracitada foi devidamente descontada em folha de pagamento da parte autora (fl. 02 do anexo 05) e repassada (tempestivamente) a CEF em 25/09/2015 (fl. 02 do demonstrativo de evolução contratual de anexo 08).

A ilegalidade da inscrição cometida pela CEF reside no fato de que a esta se deu em momento posterior (02/11/2015) ao pagamento ocorrido em 25/09/2015, tendo sido mantida até pelo menos 17/11/2015 (data da consulta – fl. 03 do anexo 05). Ora, uma vez ocorrido o pagamento, veda-se a inscrição nos órgãos restritivos de crédito, sob pena de ilegalidade.

Em que pese se reconheça a ilegalidade da inscrição nos órgãos restritivos de crédito, entendo que o direito à indenização por danos morais me parece indevido no caso.

(...)

No caso vertente, observa-se pelo documento de anexo 09, que a parte autora possui uma inscrição no CADIN que remonta a 16/01/2014 (portanto, anterior ao ato de inclusão realizado pela CEF em 02/11/2015, objeto desta demanda), não havendo nos autos qualquer prova ou indício de que esta inscrição também se deu indevidamente.

Havendo outra restrição regular ou não comprovadamente irregular, desaparece a presunção do dano ipso facto, tornando o acolhimento da pretensão indenizatória esposada pela parte autora dependente da demonstração que especificamente da restrição ou protesto indevido lhe adveio abalo psíquico extraordinário ou constrangimento específico, o que não se vislumbra no caso em apreço.

(...)

Este, ademais, é o teor da Súmula 385 do C. STJ, que dispõe: "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.".

3. Nas razões recursais, o recorrente-autor apontou dois fatos para a reforma da decisão: 1) “O STJ firmou o entendimento de que a Súmula n. 385⁄STJ somente é aplicável às hipóteses em que a indenização é pleiteada contra órgão mantenedor de cadastro de proteção ao crédito que deixa de proceder à notificação prevista no art. 43,

§ 2º, do CDC antes de efetivar a anotação do nome do devedor”; 2) a inscrição no CADIN

(Lei n.º 10.522/02) não se confunde com a inscrição do SPC/SERASA para fins da Súmula

(2)

n.º 385 do STJ; 3) o CADIN é um cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal (Cadin) é um banco de dados que contém os nomes de pessoas físicas e jurídicas com obrigações pecuniárias vencidas e não pagas para com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta; de pessoas físicas que estejam com a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) cancelada e de pessoas jurídicas que sejam declaradas inaptas perante o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ); 3) a consulta aos registros só pode ser realizada por órgãos ou entidade Federais com acesso ao CADIN, não sendo disponibilizado ao público externo (consulta por telefone ou internet); 4) a negativação indevida no SCP/SERASA impossibilita qualquer tipo de atividade financeira e é de consulta de todo o comercio, a inscrição no CADIN além de sigilosa só impossibilita uma eventual contratação na esfera federal.

4. Quanto ao 1º ponto, a Súmula 385⁄STJ ["Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvando o direito ao cancelamento"] exclui o direito a indenização quando houver inscrição anterior. No julgamento do RESP 1.386.424 MG, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, o STJ entendeu que o fundamento [exclusão do direito a indenização no caso de inscrição anterior] da Súmula n.º 385 do STJ também se aplica ao fornecedor ao firmar a seguinte tese: “A inscrição indevida comandada pelo credor em cadastro de inadimplentes, quando preexistente legítima anotação, não enseja indenização por dano moral, ressalvado o direito ao cancelamento. Inteligência da Súmula 385”. O acórdão recebeu a seguinte ementa:

RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DANO MORAL. NÃO CARACTERIZADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA COMANDADA PELO SUPOSTO CREDOR. ANOTAÇÕES ANTERIORES. SÚMULA 385/STJ.

1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao deslinde da controvérsia, não se configurando omissão alguma ou negativa de prestação jurisdicional.

2. "Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento" (Súmula 385/STJ).

3. Embora os precedentes da referida súmula tenham sido acórdãos em que a indenização era buscada contra cadastros restritivos de crédito, o seu fundamento - "quem já é registrado como mau pagador não pode se sentir moralmente ofendido por mais uma inscrição do nome como inadimplente em cadastros de proteção ao crédito", cf. REsp 1.002.985-RS, rel. Ministro Ari Pargendler - aplica-se também às ações voltadas contra o suposto credor que efetivou a inscrição irregular.

4. Hipótese em que a inscrição indevida coexistiu com quatorze outras anotações que as instâncias ordinárias verificaram constar em nome do autor em cadastro de inadimplentes.

5. Recurso especial a que se nega provimento.

(REsp 1386424/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/04/2016, DJe 16/05/2016)

5. Quanto ao 2º ponto, a questão consiste em saber se a inscrição anterior do CADIN como maus antecedentes para fins de exclusão do direito a indenização, com esteio na Súmula n.º 385 do STJ. Inicialmente, não encontrei jurisprudência específica sobre a matéria, pelo que impõe interpretação do CADIN e da súmula n.º 385 do STJ a luz da finalidade teleológica do serviços de proteção ao crédito.

6. O CADIN é regulado pela Lei n.º 10.522/02. 8. No site do Tesouro Nacional [https://www.tesouro.fazenda.gov.br/cadin-faq] constam as seguintes explicações sobre o CADIN:

1 . O que é o CADIN?

R: O CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – é um banco de dados no qual estão registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito para com órgãos e entidades federais.

Cabe à Secretaria do Tesouro Nacional expedir orientações de natureza normativa a respeito do CADIN e ao Banco Central do Brasil administrar e disponibilizar, através do SISBACEN, as informações que compõem o banco de dados do cadastro em vista.

(3)

O CADIN é regulado pela Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002 e Portaria STN nº 685, de 14 de setembro de 2006.

2. Em que casos é obrigatória a consulta prévia ao CADIN pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal?

R:

- Na realização de operações de crédito que envolvam a utilização de recursos públicos;

- Na concessão de incentivos fiscais e financeiros;

- Na celebração de convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos, e respectivos aditamentos.

6. Como podem ser obtidas informações sobre a existência de registros no CADIN?

R: Caso não se tenha tomado conhecimento da notificação expedida pelos órgãos credores, as pessoas físicas ou jurídicas podem ser informadas sobre a existência de registros mediante consulta a qualquer órgão ou entidade da administração pública federal direta e indireta, inclusive poderes legislativo e judiciário, como as Procuradorias Seccionais da Fazenda Nacional –PGFN, Delegacias da Receita Federal do Brasil, agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Todavia, tais informações somente serão prestadas aos responsáveis pelos débitos, devidamente identificados, ou a terceiros munidos de seus documentos de identificação e da procuração legal para tanto. Dada a natureza sigilosa das informações que constituem o Cadastro, não é disponibilizada ao público consulta por via telefônica ou internet.

9. Empresas e instituições financeiras privadas podem efetuar inscrições, suspensões e/ou exclusões de registros no CADIN?

R: Não. O CADIN é um Cadastro utilizado somente pela Administração Pública Federal, direta e indireta e poderes legislativo e judiciário.

Empresas e instituições financeiras privadas somente podem efetuar inscrições de débitos de pessoas físicas e jurídicas em Cadastros de Inadimplência privados tais como o Serviço de Proteção ao Crédito e a Centralização dos Serviços Bancários S/A – SERASA.

No caso das sociedades de economia mista, como o Banco do Brasil S/A e empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal - CEF e o BNDES, somente poderá haver inscrição no CADIN se o crédito inadimplido for originário de recursos da União.

10. Quais os débitos que não podem ser incluídos no CADIN?

R: Os débitos referentes a preços de serviços públicos (contas de luz, telefone, água, por exemplo) ou relativos a operações financeiras que não envolvam recursos da União.

7. Das informações acima, extrai-se o seguinte: 1) o CADIN é um cadastro para consulta de entidades da Administração Federal, direta ou indireta, no qual estão registrados os nomes de pessoas físicas e jurídicas em débito para com órgãos e entidades federais; 2) somente podem ser inscritos débitos que envolvam recursos públicos; 3) a sua consulta é obrigatória nas hipóteses do art. 6º da Lei n.º 10.522/02, a saber: I) realização de operações de crédito que envolvam a utilização de recursos públicos; II) concessão de incentivos fiscais e financeiros; III) celebração de convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos, e respectivos aditamentos; 4) a consulta aos registros só pode ser realizada por órgãos ou entidade Federais com acesso ao CADIN, não sendo disponibilizado ao público externo (consulta por telefone ou internet); 5) as pessoas físicas ou jurídicas inscritas no CADIN podem ser informadas sobre a existência de registros mediante consulta a qualquer órgão ou entidade da administração pública federal direta e indireta, inclusive poderes legislativo e judiciário, como as Procuradorias Seccionais da Fazenda Nacional –PGFN, Delegacias da Receita Federal do Brasil, agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

8. As entidades de proteção ao crédito e nem as instituições financeiras privadas possuem acesso aos dados constantes do CADIN, conforme resposta a ofícios encaminhados por este Relator:

Banco Central do Brasil – BACEN [Anexo 24]:

(...)

(4)

Como se depreende do exposto, todo o disciplinamento jurídico-normativo do Cadin volta-se para os órgãos e entidades que compõem a estrutura da Administração Pública Federal, aí incluídas a administração direta e a indireta. Dessa forma, não há previsão normativa para que as entidades de proteção ao crédito tenham acesso aos dados do Cadin.

As instituições financeiras, por seu turno, por não fazerem parte, em regra, da Administração Pública Federal, não possuem acesso ao Cadin. Não obstante, as pessoas físicas e jurídicas podem consultar no Cadin, via transação PISP650, desde que efetuem seu cadastramento no Sisbacen, os dados registrados em seu próprio nome, não podendo consultar registros de terceiros.

SPC [Anexo 23]

"CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE ARACAJU-CDL/SE, em resposta ao ofício 015/2016 PTRJEF, (...), vem através desta informar, que não possuímos acesso e nem nos alimentamos do Banco de Dados com informações constantes no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (CADIN), regido pela Lei 10.522/02"

9. “A jurisprudência pacífica deste Superior Tribunal de Justiça entende que o dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato”. (AgRg no AREsp 402.123/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 04/02/2014). O fundamento do dever de indenizar nos casos de inscrição decorre de uma restrição ao crédito em razão de um potencial conhecimento de terceiro, ainda que não venham ter efetivo conhecimento. Já a Súmula n.º 385 do STJ constitui uma causa de exclusão do dever de indenizar e o seu fundamento é de que, ainda que inscrição discutida judicialmente seja indevida, persistiria os efeitos decorrente da inscrição anterior.

10. A Súmula n.º 385 do STJ somente pode ser aplicada quando se trata de inscrição anterior constante do mesmo cadastro em que a parte foi inscrita ou de informação que nela possa ser incluída. Neste passo, entendo que a inscrição no CADIN não pode ser utilizada para excluir o direito a indenização nos casos de cadastros de proteção ao crédito (SERASA/SPC e etc). Isto porque não se trata de informação pública

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, tais como protesto ou de certidão de cartório distribuidor. A inscrição no CADIN possui acesso restrito aos órgãos e entidades da Administração Federal, envolve tão-somente somente recursos públicos (interpretação a contrario sensu do art. 2º, § 8º da Lei n.º 10.522/02), e possui finalidade específica, não sendo repassada aos demais órgãos de proteção ao crédito. Neste passo, transcrevo o email enviado a divisão do BACEN responsável pelo CADIN:

Como se depreende do exposto, todo o disciplinamento jurídico-normativo do Cadin volta-se para os órgãos e entidades que compõem a estrutura da Administração Pública Federal, aí incluídas a administração direta e a indireta. Dessa forma, não há previsão normativa para que as entidades de proteção ao crédito tenham acesso aos dados do Cadin.

As instituições financeiras, por seu turno, por não fazerem parte, em regra, da Administração Pública Federal, não possuem acesso ao Cadin. Não obstante, as pessoas físicas e jurídicas podem consultar no Cadin, via transação PISP650, desde que efetuem seu cadastramento no Sisbacen, os dados registrados em seu próprio nome, não podendo consultar registros de terceiros.

11. Assim, se a informação constante no CADIN não tem repercussão nos demais cadastros e no presente caso está se discutindo dívida inscrita no Serasa, tem-se que não pode ser utilizado como fundamento para excluir a indenização, com base na Súmula n.º

1REPRODUÇÃO FIEL EM BANCO DE DADOS DE ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO DE REGISTRO ATUALIZADO ORIUNDO DO CARTÓRIO DE PROTESTO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. REGISTROS DOS CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS DE PROTESTO. UTILIZAÇÃO SERVIL DESSAS INFORMAÇÕES FIDEDIGNAS POR ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. HIPÓTESE QUE DISPENSA A COMUNICAÇÃO AO CONSUMIDOR.

1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: "Diante da presunção legal de veracidade e publicidade inerente aos registros do cartório de protesto, a reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara desses dados na base de órgão de proteção ao crédito - ainda que sem a ciência do consumidor - não tem o condão de ensejar obrigação de reparação de danos."

2. Recurso especial provido.

(REsp 1444469/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/11/2014, DJe 16/12/2014)

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385 do STJ. Considerando a finalidade específica do CADIN, o entendimento contido na Súmula n.º 385 do STJ quando se discutir inscrição no CADIN e houve inscrição anterior no mesmo cadastro.

12. Neste passo, estou de acordo as alegações da parte autora, cujos fundamentos adoto como razões de decidir: 1) “o lançamento do nome da pessoa física ou jurídica ficara apenas registrados no sistema informativo Federal, onde não impede que os inscritos venham a fazer suas transações financeiras como comprar em crediário, efetuar pagamento em cheque, ou seja, toda as atividades no comercio em geral. Assim, não há de se falar em qualquer constrangimento vindo do CADIN a não ser operação de credito em âmbito federal, o que não ocorre com o lançamento indevido no SPC/SERASA que compromete a atividade financeira do autor no seu cotidiano”; 2) em outras palavras,

“a negativação indevida no SCP/SERASA impossibilita qualquer tipo de atividade financeira e é de consulta de todo o comercio, já a inscrição no CADIN além de sigilosa só impossibilita uma eventual contratação na esfera Federal”

13. Voltando ao caso concreto, a utilização do CADIN pela CEF parece um desvirtuamento, já que o crédito discutido constitui uma operação privada [consignado]

que não envolve recursos públicos. Basta pensar que as demais instituições financeiras privadas não possuem acesso ao CADIN e muito menos o serviço de proteção ao crédito.

Considerando que este foi o único fundamento adotado pelo Juízo [inscrição de uma dívida anterior no CADIN] para excluir dívida constante em serviço de proteção ao crédito, impõe-se a procedência do pedido para condenar a ré em danos morais.

14. No que se refere ao quantum do dano moral, entendo que a sua reparação deve ter em vista possibilitar ao lesado uma satisfação compensatória e, de outro lado, exercer função de desestímulo a novas práticas lesivas, de modo a inibir comportamentos que impliquem prejuízos, traduzindo-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo, de modo que lhe induza a uma reformulação de seu proceder dentro de um futuro próximo.

Por sua vez, deve-se evitar os exageros na fixação do montante devido, porquanto, em qualquer hipótese, o princípio da equivalência deve ser observado.

15. Assim, aplicando o princípio da lógica do razoável e considerando o grau de reprovação da conduta lesiva, a intensidade e durabilidade do dano sofrido pela vítima e a capacidade econômica dos ofensores e do ofendido, fixo a indenização por danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais)

16. Ante o exposto, CONHEÇO e DOU PROVIMENTO ao recurso inominado para, reformando a sentença, condenar a CEF ao pagamento de uma indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00, valores atualizados a partir do acórdão (Súmula nº 362 do STJ) e juros de mora de 1% ao mês a partir do prejuízo [02/11/2015- Súmula n.º 54 do STJ]

Sucumbência: Sem condenação em custas e em honorários advocatícios, uma vez que somente é cabível no caso de recorrente-vencido (art. 55 da Lei n.º 9.099/95 e Enunciado 57 do FONAJEF).

É como voto.

ACÓRDÃO

Certificação do resultado e composição da Turma conforme certidão de julgamento.

FÁBIO CORDEIRO DE LIMA

Juiz Federal Relator

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