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ATIVISMO POLÍTICO DE MULHERES NA INTERNET

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Academic year: 2021

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ATIVISMO POLÍTICO DE MULHERES NA INTERNET

Simone A. Jorge

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Leonice Domingos dos Santos Cintra Lima

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Resumo: Este estudo analisa o ativismo político de mulheres na internet, ferramenta utilizada para

propagação de posicionamento político e disseminação de práticas feministas no universo virtual.

Pesquisa o estado das artes sobre internet e sociedade da informação, ativismo político, feminismo, ciberfeminismo e relações de gênero, numa perspectiva fundamentada no escopo teórico das ciências sociais. Estuda como a Internet e as redes sociais tornaram-se canais que permitem a propagação de ideais políticos e debates de questões caras ao movimento feminista, tais como empoderamento feminino, direitos reprodutivos, direitos sexuais, violência contra a mulher, prevenção às situações de violência, entre outros aspectos relevantes ao universo feminino. O levantamento de dados da pesquisa previu a utilização da etnografia online, metodologia de estudo que permite analisar o perfil do ativismo política na internet e redes sociais, seu alcance, repercussão e propagação nas redes de gênero. Prevê a realização de entrevistas qualitativas com mulheres e suas representantes, componentes de organizações e movimentos feministas, com o intuito de possibilitar compreensão mais ampla e aprofundada sobre a relevância da internet no ativismo político de mulheres.

Palavras-chave: Ativismo Político; Feminismo; Ciberfeminismo; Internet.

PROBLEMA DE PESQUISA – DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA

É inegável que com o advento da modernidade, (ou da pós-modernidade, uma vez que há divergência entre os atores sobre a mais adequada nomenclatura para a era contemporânea), ocorre uma transformação, cada vez em ritmo mais intenso, dos mecanismo de comunicação que fazem parte das sociedades complexas. O objeto das ciências sociais, em especial da sociologia, é submetido a constantes mudanças provocadas pelo acirramento das contradições e conflitos travados no interior das sociedades complexas. Este ritmo frenético é adquirido pelos sistemas de comunicação, com o advento da internet e da mundialização das redes de relacionamento, e pelas transformações no mundo do trabalho e, consequentemente, nos relacionamentos interpessoais.

O objeto de estudo proposto neste projeto é formado por mulheres e grupos de mulheres que expressam posicionamentos políticos e utilizam a internet e as redes sociais, como o facebook para a militância política. Pretende-se estudar se a internet e as redes sociais são canais que permitem a

1 Doutoranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Professora Universitária da Universidade Brasil e FMU – São Paulo - SP.

2 Doutora em Serviço Social pela Faculdade de História, Direito Serviço Social, Brasil 2009. Professora Universitária.

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transmissão de ideais políticos e debates acerca de questões caras ao movimento feminista, como empoderamento feminino, direitos reprodutivos, direitos sexuais, violência contra a mulher, prevenção às situações de violência, entre outros temas.

Serão investigados blogs, sites e perfis no facebook de ativistas políticas como Socialista Morena, Blogueira Negra, Geledés Instituto da Mulher Negra, Marcha Mundial de Mulheres, entre outras mulheres, organizações e movimentos que apresentam e debatem a temática feminina na internet. Como apontam os pensadores clássicos, Sérgio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes, entre outros, nosso específico processo de modernidade se caracteriza por uma

“modernização conservadora”, mantendo como impasses e entraves uma sociabilidade e cultura política permeadas por traços de mandonismo e patriarcalismo e outras características a serem estudadas neste trabalho.

Pretende-se neste estudo traçar um histórico do movimento feminista no mundo e no Brasil, identificar os principais mecanismos de expressão de posicionamentos na internet, apresentando as principais características interpretadas atualmente por alguns autores sobre a denominada sociedade da informação.

A internet e as redes sociais têm se tornado um importante instrumento de organização política, em cenários internacionais como a Primavera Árabe e nas manifestações frente ao cenário político brasileiro a partir de 2013, esses espaços vêm possibilitando a organização de milhares de pessoas para encontros e estímulo de participação ao debate político iminente. Embora autores acenem para a pouca importância desses meios em influenciar as manifestações que em tempos atrás ocorriam sem a transmissão e divulgação via internet, em diversas localidades do mundo e em vários períodos históricos.

Outro aspecto a ser observado nesta pesquisa refere-se ao fato dos temas políticos abordados

na internet e redes sociais permitirem ou não a reflexão, a curiosidade, a denúncia e mudanças de

comportamento. Ressalta-se que, analisando a conjuntura nacional contemporânea, há uma

crescente discussão realizada pelo público virtual, acerca da representação política, sistema político,

sistema eleitoral e reforma política. No facebook, por exemplo, vem avançando o número de

publicações sobre temas político-ideológicos, estimulados ou não por políticos profissionais,

gerando um acalorado debate em que se apresentam visões mais conservadoras e progressistas,

permitindo, dessa forma, a expressão de diferentes posições. Mesmo que os conteúdos das

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discussão não sejam aprofundados, destaca-se a importância desses meios sociais permitirem o debate.

Ressalta-se que este estudo está em desenvolvimento no Programa de Estudos Pós- Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, em nível de doutorado.

INTRODUÇÃO

As transformações econômicas, culturais e sociais decorrentes de avanços tecnológicos, como informatização, Internet, etc., que se apresentam na sociedade contemporânea, possibilitam mudanças na maneira de comunicação, de expressar ideias e posicionamentos políticos. Torna-se importante investigar, na internet e nas redes sociais, em especial no facebook, como ocorre a utilização dessa ferramenta por mulheres que se posicionam politicamente, sejam individualmente ou em coletivos.

Este projeto de pesquisa pretende identificar as influências do ativismo político de mulheres na internet e nas redes sociais, em especial no facebook. A internet vem se tornando um poderoso instrumento para o ativismo político feminino no sentido de aproximar temáticas dos movimentos feministas ao maior número de usuários das redes, permitindo dessa forma, o debate sobre legalização do aborto, trabalho doméstico, gênero, mercado de trabalho, diversidade sexual, políticas públicas, entre outros assuntos que envolvem a relação entre homens e mulheres na sociedade brasileira. Observa-se que este projeto de pesquisa está em desenvolvimento no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, em nível de doutorado.

Parece ser fundamental ressaltar que o entendimento sobre gênero que se apresenta neste

projeto de pesquisa está em consonância com as análises de Margareth Rago. Segundo a autora,

gênero se refere a uma categoria analítica que permite uma interpretação mais acurada dos

espaços pelos quais transita o feminino. Permite reconhecer que o universo feminino é bem

diferente do universo masculino, não em decorrência do determinismo biológico, e sim, porque

cada universo é reflexo de vivências históricas e culturais que são diferenciadas sexualmente

(1998, p.93).

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Ressalta-se a importância de investigar se na utilização da internet como instrumento do ativismo político é possível a expressão de situações de desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres na sociedade brasileira, e caso se apresente essa discussão ao público virtual, cabe entender como ocorrem debates acerca dessa temática.

OBJETIVOS

O objetivo inicial da pesquisa proposta neste projeto é realizar uma revisão da literatura sobre os temas modernidade, “pós-modernidade”, sociedade da informação, redes sociais, ativismo político, feminismo, movimentos e organizações feministas. Serão abordadas as concepções de Giddens, Bauman, Castells, entre outros teóricos que analisam a sociedade contemporânea, sobre a maneira de melhor explicar o cenário social, na busca de elementos que permitam situar o objeto da pesquisa no modelo teórico e analítico da sociologia.

Elaborado o escopo teórico, a pesquisa irá estudar o ativismo político de mulheres na internet e nas redes sociais, em especial no facebook. De uma forma mais detalhada, o projeto propõe investigar de que maneira se reproduzem as temáticas feministas na internet.

Objetivos específicos:

Investigar se a autonomia feminina, conquistada ao longo de várias décadas e fruto de intensas lutas de mulheres é situação consolidada nos meios virtuais ou, é minimizada nos debates que surgem a partir das publicações das ativistas políticas.

Identificar se a maneira como homens e mulheres se relacionam na família e na sociedade, de modo geral, é refletida e questionada nos debates apresentados nos meios virtuais.

Estudar a maneira como temas referentes à legalização do aborto, empoderamento feminino, violência contra a mulher são abordados pelas ativistas políticas na internet, e como o público virtual reage frente a esses assuntos.

Identificar se a opinião do público virtual, representados por homens e mulheres, reproduz o

patriarcalismo ou, apresenta mudanças nas relações sociais no sentido de demonstrar maior respeito

à luta de mulheres quanto a conquista de direitos, e quanto às condições de igualdade na sociedade

brasileira.

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QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIAS

Refletir sobre relações de gênero e modernidade compreende uma tentativa de desvendar as transformações sociais no contexto atual. As relações de gênero demonstram variações das formas tradicionais de relacionamentos e, portanto, torna-se indispensável para a investigação de possíveis contradições da vida moderna. Para isso, ressalta-se a relevância de discutir a concepção de modernidade que, a priori remete à ideia de inovador e diferente. A imagem de modernidade relacionada à inovação e à oposição ao tradicional pode corresponder a um mito, que na prática, ou seja, na vida real, ainda encontra-se inatingível.

Nesta seção do projeto serão apresentados apontamentos teóricos e conceituais sobre o advento da modernidade, de sua crise, e dos temas relações de gênero, movimento feminista, sociedade da informação, que serão analisados e aprofundados ao longo da pesquisa.

Inicialmente, destaca-se que, segundo Anthony Giddens (1991, p. 89), a “modernidade apresenta-se em oposição à tradição, entretanto, foi necessário reconstruí-la enquanto a dissolvia.

A modernidade mostra-se como compulsiva; repete o passado; faz o futuro reconstruir o passado”.

Sobre a discussão entre modernidade e pós-modernidade, na perspectiva de Zygmunt Bauman (1997a e b), as análises elaboradas sobre o “tradicional” modo de viver raramente observavam a realidade de uma forma distanciada. A modernidade transformou os mecanismos de auto-reprodução em ilusões e propôs alvos impossíveis de serem atingidos. A perspectiva pós-moderna, segundo Bauman, se propõe a desmascarar as ilusões e reconhecer determinadas pretensões como falsas. O pós-moderno não tem sentido cronológico, não está relacionado ao quem vem posteriormente ao moderno, “significa explorar e demonstrar as pretensões e as impossibilidades da modernidade”.

Prosseguindo na vertente analisada por Bauman (1999), a civilização impôs ordem a uma

humanidade que naturalmente era desordenada. O ser civilizado trocou as possibilidades de

felicidade pela segurança, enquanto o ser pós-moderno trocou suas possibilidades de segurança

pela felicidade. Para o autor, diante das diversas tarefas impossíveis da modernidade sobressai a

ordem (entendida como tarefa). A vida moderna volta-se para a eliminação da ambivalência,

procurando definições precisas e, portanto, a modernidade se coloca como possível diante de

uma tarefa impossível. A modernidade torna o mundo fragmentado e, conseqüentemente,

governável. A ordem e a ambivalência são produtos da vida moderna.

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A concepção de Sociedade da informação inaugurada por Castells (2001) vislumbra que a

“sociedade contemporânea atravessa uma verdadeira revolução digital em que são dissolvidas as fronteiras entre telecomunicações, meios de comunicação de massa e informática. Esse novo ciclo histórico, cuja principal marca é o surgimento de complexas redes profissionais e tecnológicas voltadas à produção e ao uso da informação, que alcançam ainda sua distribuição através do mercado, bem como as formas de utilização desse bem para gerar conhecimento e riqueza.

Castells aponta para o final do século XX, como um período que assistiu a acontecimentos sistêmicos que, analisados na sua amplitude, penetrabilidade e alcance social, poderiam ser caracterizados como uma verdadeira revolução. Substantivas mudanças tecnológicas concentradas nas tecnologias da informação remodelaram a base material da sociedade, formatando novas formas de relação entre a economia, o Estado e a sociedade.

Zygmunt Bauman (2001) apresenta uma séria de reflexões formuladas nas últimas décadas do século XX, e que descreviam o novo estágio da modernidade marcado pela privatização, globalização, desregulação política e individualização excessiva. Denominou este novo estágio como Modernidade Líquida, período marcado pelo “derretimentos dos sólidos da tradição”, gerando uma cisão entre a vida do indivíduo e a construção política da sociedade.

O traço mais marcante dessa desvinculação, para o autor, é o processo de

“desregulamentação política, social e econômica que se manifesta na expansão livre dos mercados mundiais, no desengajamento coletivo e esvaziamento do espaço público”. Nas suas palavras:

O ‘derretimento dos sólidos’, traço permanente da modernidade, adquiriu, portanto, um novo sentido, e, mais que tudo, foi redirecionado a um novo alvo, e um dos principais efeitos desse redirecionamento foi a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas – os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro. (Bauman, 2001, p.12).

Dessa maneira, Bauman alega que a modernidade deve ser vista como um processo em transição, liquefação3, no qual é preciso derreter os sólidos, ou seja, a antiga ordem capitalista, a

3 Dessa liquefação advém a denominação líquida, usada por Bauman para adjetivar este período de

destruição e recriação dos paradigmas capitalistas que advém da mundialização da economia, globalização e nova ordem por elas inaugurada.

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fim de “limpar” a área para o surgimento de novos e aperfeiçoados sólidos. O derretimento dos antigos sólidos levou à progressiva fragmentação da economia ocidental e a reestruturação de seus aspectos políticos, éticos e culturais.

Abordar gênero, ativismo político à luz da modernidade significa uma tentativa de investigar como se apresentam as relações de poder no interior dos grupos sociais. Segundo Michel Foucault (1989), o poder não é emanado de um ponto determinado, trata-se de um feixe de relações, não ocorre somente de cima para baixo, ou seja, do opressor para o oprimido. As grandes estratégias de poder são exercidas nas micro-relações de poder. No entanto, se as relações são desiguais e existe diferença de potencial, isso significa um em cima e o outro embaixo.

Para a discussão sobre as relações de gênero e ativismo político virtual, pretende-se, neste projeto, interpretar as estratégias utilizadas por mulheres e organizações de mulheres na internet e nas redes sociais como o facebook. Cabe investigar se essas estratégias permitem, e de que maneira permitem, o debate de assuntos que expressam situações de opressão e violência vivenciadas por mulheres na sociedade contemporânea.

A fim de entender relações de opressão e ativismo político de mulheres, serão utilizadas referências de autoras como Maria Amélia de Almeida Teles (1999), em que refletir sobre a mulher é entender que a submissão consiste em um processo extremamente brutal, que impede com que a mulher tenha uma vida digna.

Ninguém é oprimido, explorado e discriminado porque quer. Uma ideologia patriarcal e machista tem negado à mulher o seu desenvolvimento pleno, omitido a sua contribuição histórica (Teles, 1999, pp. 9-10).

Ao realizar um relato histórico sobre os movimentos feministas e de mulheres no Brasil, a autora define feminismo como uma filosofia universal que pressupõe que todas as mulheres sofrem uma opressão específica. E que “essa opressão se manifesta tanto em nível das estruturas como das superestruturas (ideologia, cultura e política)” (Teles, 1999, p.10). Complementa ainda que o feminismo é um movimento político, que questiona, além da opressão feminina, as relações de poder na sociedade. Segundo a autora, o feminismo tem um caráter humanista, pois propõe a libertação de mulheres e homens do “mito do macho”. Eles têm sido vítimas do mesmo processo, pois ao mesmo tempo em que as mulheres são colocadas em condição de inferioridade aos homens, esses, por sua vez, são colocados como “falsos depositários do supremo poder, força e inteligência”

(Teles, 1999, pp.10-11).

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Cyntia Andersen Sarti (2004, p. 35), ao descrever historicamente a trajetória do feminismo brasileiro desde os anos 1970, abordou o tema como um fenômeno que expressa de forma genérica e abstrata a emancipação da mulher. Mas, no entanto, torna-se concreto “no âmbito dos contextos sociais, culturais, políticos e históricos específicos”.

Para a autora, a ideia básica do feminismo é “desnaturalizar” o ser mulher e fundou-se da seguinte forma:

O feminismo fundou-se na tensão de uma identidade sexual compartilhada (nós mulheres), evidenciada na anatomia, mas recortada pela diversidade de mundos sociais e culturais nos quais a mulher se torna mulher, diversidade essa que, depois, se formulou como identidade de gênero, inscrita na cultura. (Sarti, 2004, p. 35).

Importa ainda ressaltar que há distinção entre movimentos de mulheres e movimentos feministas. Tal conceituação é elaborada por Teles (1999), que caracteriza o movimento de mulheres como ações de grupos que reivindicam direitos ou melhores condições de vida e trabalho. O movimento feminista está voltado para o combate à discriminação contra a mulher, bem como criar mecanismos para que a mulher se torne protagonista de sua própria vida e de sua história.

A autora afirma que resgatar historicamente a mulher na sociedade brasileira é uma tarefa bastante difícil, pois os historiadores e os observadores da sociedade foram omissos nessa

questão. O assunto foi pouco tratado e, ainda, conforme aponta Teles (1999, p. 11), “está sob suspeição”.

Para uma abordagem da influência e abrangência das redes sociais, faz-se necessário entender como os meios de comunicação tradicionais repercutem imagens de homens e mulheres na sociedade brasileira. Estudo realizado por Merli Leal Silva

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a partir das revistas Claudia e Playboy, com o intuito de identificar as imagens de homens e mulheres transmitidas nesses periódicos conclui que os conteúdos ideológicos de cada uma delas reforçam a dominação masculina. Os valores impostos pelos meios de comunicação atingem os cidadãos como verdades absolutas.

Ainda sobre as relações estabelecidas entre mídia e indivíduos, a análise desenvolvida por Maria Rita Kehl

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afirma que a televisão exerce grande poder em sociedades contemporâneas, nas quais grande parcela da população tem baixo nível de escolaridade e precárias condições

4 Universo de Gêneros entre Claudia e Playboy: uma análise. Disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/00bc867d376d15af6f817e4fc3d8e6f4.PDF. Acessado em abril de 2016.

5 Maria Rita Kehl discute as ideologias da TV. Entrevista disponível em http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2474,1.shl. Acessado em abril de 2016.

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socioeconômicas. A televisão tornou-se em nosso país, o principal referencial de informação, educação e orientadora do debate político. Os interesses políticos são filtrados pelos interesses econômicos das emissoras de televisão e da publicidade.

Segundo Heleieth Saffioti (2004, p. 47), “o patriarcado não abrange apenas a família, mas atravessa a sociedade como um todo”. Portanto, em todos os espaços privados e públicos de nossa sociedade são reproduzidas as situações de opressão e inferioridade da mulher.

METODOLOGIA E TÉCNICAS DE PESQUISA

Para cumprir os objetivos propostos nesta investigação e abordar o ativismo político virtual de mulheres, serão utilizadas as técnicas apresentadas a seguir:

A princípio, faz-se necessária uma minuciosa revisão da literatura, sobre o tema sociedade da informação, relações de gênero e ativismo político, frente às mudanças e impasses colocados pela vida moderna e contemporânea com suas rupturas e continuidades mais significativas, que será realizada através de pesquisa bibliográfica que forneça elementos para identificar o “estado das artes” do debate sobre esses assuntos, numa perspectiva sociológica, porém sem negligenciar os principais aspectos psicológicos e antropológicos que possam vir a influenciar a temática principal.

A revisão da literatura fornecerá elementos para a elaboração de um roteiro de entrevista, que será utilizado para a realização de pesquisas diretas, em profundidade, indagando-se, na perspectiva das entrevistadas, sobre mudanças, contradições, embates, e ativismo político no meio virtual. As entrevistas procurarão contemplar mulheres e organizações feministas, com o objetivo de verificar como ocorre o ativismo político virtual.

As entrevistas serão gravadas e posteriormente transcritas, consubstanciando-se em importante fonte deste estudo, para que se possa obter as informações e elementos necessários ao debate proposto. Será utilizada ainda a netnografia como metodologia para a investigação da comunicação virtual. Os sites, blogs e páginas do facebook serão estudados, a fim de se entender o perfil das ativistas políticas virtuais e como utilizam a internet para transmissão de seus ideários políticos.

RESULTADOS ESPERADOS

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Os resultados esperados na pesquisa a ser realizada a partir deste projeto de pesquisa relacionam-se ao entendimento de como ocorrem as manifestações de ativistas políticas na internet e nas redes sociais, em especial no facebook, identificando a importância do estudo nas ciências sociais. Espera-se que seja possível reconhecer os mecanismos de manifestação de ideias e posicionamentos sobre a relação entre mulheres e homens, e os debates que ocorrem acerca de temáticas femininas.

Pretende-se ampliar o conhecimento sobre as manifestações de ativistas políticas na internet por meio das entrevistas diretas com mulheres e representantes de organizações e de movimentos feministas, a fim de possibilitar a compreensão da utilização da ferramenta internet na expressão de concepções políticas sobre a realidade da mulher brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2001.

________. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1999.

________. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1997.

CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. Volume I, a sociedade em rede. 5 ed., São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 8a ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. 6a. reimpressão. São Paulo: Unesp, 1991.

________. BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização reflexiva. 2a. reimpressão, São Paulo: Unesp, 1997.

KEHL, Maria Rita. Maria Rita Kehl discute as ideologias da TV. Entrevista disponível em http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2474,1.shl. Acessado em abril de 2016.

RAGO, Margareth. Descobrindo historicamente o gênero. Cadernos Pagu, nº 11. Campinas, 1998.

SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

SARTI, Cynthia Andersen. A família como espelho: um estudo sobre a moral dos pobres. São Paulo:

Editora Cortez, 2003.

SILVA, Merli Leal. Universo de Gêneros entre Claudia e Playboy: uma análise. Disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/00bc867d376d15af6f817e4fc3d8e6f4.PDF. Acessado em abril de 2016.

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TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.

Women's Political Activism on the Internet

Abstract:

This study analyzes the political activism of women on the internet, a tool used to propagate political ideology and disseminate feminist practices in the online universe. It studies the situation of the internet and information society, political activism, feminism, cyberfeminism and gender relations, in a perspective referenced in the scope of the social sciences. It addresses how the Internet and social networks have become channels that allow the propagation of political ideals and debates about issues that are dear to the feminist movement, such as increasing women's power, reproductive rights, sexual rights, violence against women, Violence, among other aspects relevant to the female universe. The data collection of the research predicted the use of online ethnography, a study methodology that allows analyzing the profile of political activism on the Internet and social networks, its reach, repercussion and propagation in gender networks. It also provides qualitative interviews with women and their representatives, components of organizations and feminist movements, in order to enable a broader and in-depth understanding of the relevance of the internet in women's political activism.

Key words: Political Activism; Feminism; Cyberfeminism; Internet.

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