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PODER JUDICIÁRIO

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Academic year: 2022

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Registro: 2014.0000808386 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0001117-15.2013.8.26.0699, da Comarca de Sorocaba, em que é apelante DONIZETE DE JESUS SANTOS, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram parcial provimento ao apelo somente para reconhecer o concurso formal entre os crimes de posse de artefato explosivo e de arma de fogo com numeração suprimida, em detrimento do concurso material, reduzindo-se a reprimenda destes delitos para três anos, sete meses e vinte e dois dias de reclusão, mais o pagamento de vinte e quatro dias- multa, mantida, no mais, a r. sentença objurgada. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores RACHID VAZ DE ALMEIDA (Presidente), CARLOS BUENO E FÁBIO GOUVÊA.

São Paulo, 11 de dezembro de 2014.

RACHID VAZ DE ALMEIDA RELATOR

Assinatura Eletrônica

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Relatora: Rachid Vaz de Almeida Apelação: 0001117-15.2013.8.26.0699 Apelante: Donizete de Jesus Santos

Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo Comarca: Sorocaba

Juiz de 1ª Instância: Tamar Oliva de Souza Totaro

EMENTA

Apelação TRÁFICO DE DROGAS, POSSE DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA e POSSE DE ARTEFATO EXPLOSIVO. Conjunto probatório suficiente para manter as condenações. Depoimentos das testemunhas. Quantidade de droga. Confissão. Apreensão de arma de fogo com numeração suprimida, dinamite e munições Afastado o concurso material entre os crimes de posse de arma de fogo com numeração raspada e posse de artefato explosivo. Redução da pena. Dado parcial provimento ao apelo apenas para reconhecer o concurso formal entre os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento.

DONIZETE DE JESUS SANTOS foi condenado a

cumprir penas de cinco anos de reclusão, em regime inicial fechado, mais o pagamento de quinhentos dias-multa, pela prática do crime de tráfico de drogas, três anos de reclusão, em regime fechado, mais o pagamento de dez dias-multa, pela prática do delito de posse de explosivos e três anos, um mês e quinze dias de reclusão, em regime fechado, mais o pagamento de doze dias-multa, pelo crime de porte de arma com numeração suprimida (fls. 296/302).

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Irresignado apela visando a absolvição por insuficiência probatória. Subsidiariamente, requer a redução das reprimendas e a fixação do regime prisional aberto (fls. 324/330).

Recurso contra-arrazoado (fls. 336/343), a Douta Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo desprovimento do apelo (fls.

351/368).

É O RELATÓRIO.

O apelante foi condenado porque, nas condições descritas na denúncia, tinha em depósito para entregar a terceiros, cento e trinta e nove porções de cocaína, pesando 30,19g (trinta gramas e dezenove decigramas), uma porção de haxixe, com peso de 3,21g (três gramas e vinte e um decigramas) e sessenta e duas porções de maconha, pesando aproximadamente 52,98g (cinquenta e dois gramas e noventa e oito decigramas), bem como porque possuía arma de fogo de uso permitido com numeração suprimida, mais quinze cartuchos íntegros, calibre 38 e um artefato explosivo, consistente em dinamite.

A materialidade delitiva restou comprovada pelo auto de prisão em flagrante (fls. 2/3), pelo boletim de ocorrência (fls. 8/11), de exibição e apreensão (fls. 14/16), pelo laudo de constatação prévia (fls.

12/13), laudo de exame químico-toxicológico (fls. 124/130), laudo pericial de exame de arma de fogo e munições (fls. 164/166) e laudo

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pericial de exame de explosivo (fls. 235/240).

Com relação à autoria a prova produzida nos autos é desfavorável ao apelante.

Confessou a prática dos crimes nas duas fases da persecução criminal, assumindo ser traficante de drogas, assim como possuidor da arma de fogo com numeração suprimida e do artefato explosivo consistente em dinamite (fls. 07 e 172/173).

A confissão do acusado foi integralmente corroborada pelas oitivas das testemunhas Daniel e Danilo, policiais responsáveis pela prisão, apreensão das drogas, da arma de fogo, munições, explosivo e da quantia de R$ 721,00 (setecentos e vinte e um reais). Os agentes públicos foram coesos e harmônicos imputando à prática dos crimes ao acusado, não havendo qualquer circunstância que desqualifique a prova produzida (fls. 4, 6, 189/190).

Relataram de forma uníssona os principais aspectos da ocorrência policial. Afirmaram que em apuração de denúncia anônima no local indicado prenderam o réu na posse das drogas, da arma de fogo e da dinamite, tendo o acusado confessado dedicação ao tráfico e a propriedade dos demais objetos apreendidos.

Relativamente aos depoimentos prestados por policiais, segundo entendimento que vem sendo adotado pela jurisprudência

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prevalente, não havendo motivo concreto nos autos para comprometer a isenção do funcionário público hipótese dos autos, a prova deve integrar o conjunto probatório irrestritamente.

As condenações eram mesmo necessárias, não sendo o caso de absolvição por insuficiência de provas.

As reprimendas fixadas não comportam reparo.

A pena-base do tráfico de drogas foi adequadamente fixada um sexto acima do mínimo legal pela quantidade e diversidade de drogas, pois o apelante estava em poder de centenas de porções de haxixe, maconha e cocaína e reduzida para o piso legal em razão da

incidência das atenuantes da confissão e da menoridade relativa.

A redução pela causa prevista no § 4º, do art. 33, da Lei Antidrogas é inadmissível por estar demonstrado que o acusado se dedica a prática de atividades ilícitas. Possuía duas centenas de porções de cocaína, maconha e haxixe, portava R$ 721,00 (setecentos e vinte e um reais) em dinheiro, arma de fogo e artefato explosivo usados no contexto da traficância e confessou estar exercendo a mercancia ilícita há meses.

Para o crime de posse de artefato explosivo a reprimenda foi fixada no mínimo legal, motivo pelo qual não incidiu as atenuantes, em atenção ao disposto na Súmula n. 231, do e. Superior Tribunal de

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Justiça.

No tocante ao delito de posse de arma de fogo com numeração suprimida a pena-base foi fixada um quarto acima do mínimo legal pelas circunstâncias do crime. O réu possuía a arma de fogo no contexto do tráfico de drogas e guardava, ainda, quinze munições de calibre correspondente ao artefato.

Na segunda fase da dosimetria, a pena foi reduzida em um sexto pelas atenuantes da confissão e da menoridade relativa, tornando-se definitiva em três anos, um mês e quinze dias de reclusão, mais o pagamento de doze dias-multa.

Em um único aspecto o acusado merece ser beneficiado, pois mediante uma única ação mesmo contexto fático praticou dois delitos (posse de artefato explosivo art. 16, § ún., inc. III e posse de arma de fogo com numeração raspada, art. 16, § ún., inc. IV, ambos do Estatuto do Desarmamento), cujos objetos materiais são distintos.

A prática de dois ou mais crimes em um mesmo contexto fático evidencia a regra do concurso formal de crimes (artigo 70 do Código Penal), que ora reconheço no tocante aos delitos do Estatuto do Desarmamento, razão pela qual majoro a reprimenda do crime mais grave na fração de um sexto. Neste sentido1.

Assim, a reprimenda perfaz o total de três anos, sete

1 STJ - REsp n. 995.319 RS Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima.

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meses e vinte e dois dias de reclusão, mais o pagamento de vinte e

quatro dias-multa (artigo 70 e 72, ambos do Código Penal).

Incensurável o concurso material entre os delitos de tráfico de drogas e os previstos no Estatuto do Desarmamento. A somatória das penas totalizam oito anos, sete meses e vinte e dois dias de reclusão, mais o pagamento de quinhentos e vinte e quatro dias-

multa.

O regime prisional inicial fechado fixado para o cumprimento das penas é o adequado. Ao condenado por tráfico de drogas necessário o regime fechado em razão da vigência da atual Lei nº 11.464/2007, que modificou o parágrafo 1º, do artigo 2º, da Lei dos Crimes Hediondos. Da mesma forma, o autor dos graves delitos de posse de artefato explosivo (banana de dinamite) e de arma de fogo com numeração raspada praticada no mesmo contexto do tráfico merece punição diferenciada.

As circunstâncias dos delitos também foram graves possuindo o réu quantidade vultosa de drogas e dezenas de munições.

A substituição da pena privativa de liberdade está vedada ante a ausência dos requisitos legais (artigo 44, incs. I, do Código Penal).

Posto isto, pelo meu voto, dou parcial provimento ao

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apelo somente para reconhecer o concurso formal entre os crimes de posse de artefato explosivo e de arma de fogo com numeração suprimida, em detrimento do concurso material, reduzindo-se a reprimenda destes delitos para três anos, sete meses e vinte e dois dias de reclusão, mais o pagamento de vinte e quatro dias-multa, mantida, no mais, a r. sentença objurgada.

RACHID VAZ DE ALMEIDA Relatora

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