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Linchamento na Província de Sofala: Causas, Consequências e Tipo de Crime

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Linchamento na Província de Sofala:

Causas, Consequências e Tipo de Crime

Autor: João Isaías Pagara Pesquisador do ISCTAC – Delegação da Beira Email: joaoisaiaspagara@gmail.com

Este artigo versa a questão de anatomia de Linchamento na Província de Sofala, sobretudo na Cidade da Beira, no período de 2010 a 2015. Observa-se que os linchamentos são os crimes cometidos devido à insegu-rança da população decorrente do sentimento de esvaziamento e de inaplicabilidade das normas penais. Ana-lisa-se a atuação dos chamados “justiceiros” que, ao lincharem os criminosos, fazem “justiça com as próprias mãos”, tendo como justificativa a insegurança e a impunidade existentes nos aglomerados urbanos.

Introdução

O presente artigo versa sobre o impacto de linchamento na Província de Sofala, no intuito de perceber as causas e a consequências que este tipo de crime pode gerar a nível da sociedade. A prevalência de alto índice de crimes de linchamentos, onde por sua vez a capital de Sofala (Cidade da Beira) regista um número 12 Casos, de acordo com último infor-ma da Procuradoria-Geral da Repú-blica de 2015, é um dado extrema-mente preocupante. Preocupante ainda, reside no facto de, a PGR, no último informe, não ter avançado nenhum aspectos ligados a preven-ção dos crimes, e em particular o cri-me de linchacri-mento (Artigo 158 do

CP), na esfera da política criminal. O presente artigo, constitui o cul-minar de um estudo sobre o Dilema dos Linchamentos em Moçambique, em particular a cidade da Beira, no período compreendido entre 2010 a 2015. Descreve o presente trabalho, em linhas mestras, a problemática dos linchamentos no Ordenamento Jurídico Moçambicano, e particular-mente na Cidade da Beira, onde a evolução deste, ocorre de forma gra-ve, acentuada e escandalosa. Entre-tanto, já há muito que se discute, a problemática de linchamentos em Moçambique, pelo seu histórico característico fatigante, no que se relaciona a solução.

O estudo cingiu na análise sobre a anatomia dos linchamentos em

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Moçambique, e teve como estudo de caso na Província de Sofala, no período compreendido entre 2010 à 2015. Ao longo dos tempos, se tem destacado a nível das ciências humanas e sociológicas do direito, que o crime e a violência, são fenó-menos que caracterizam a existência humana na comunidade políticas e constituem hoje factos problemáticos na sociedade em todo o mundo, ou seja, não se trata tão-somente do problema da Ordem Jurídica Moçambicana. Todavia entretanto, é sempre importante referir que, são inúmeros factores que fazem com que o mundo, seja caracterizado por casos sempre crescentes e alarman-tes dos crimes e da violência e na sua maioria, poucos conhecidos ou de difícil conceptualização.

Contudo, queremos recordar que, a violência e o crime não são simples-mente fenómenos dos países em desenvolvimento mas também dos desenvolvidos, pela multiplicidade de factores que os fazem emergir. Em quase todo o mundo, subentende-se apesar de ser de formas variadas, que quase são as mesmas causas que geram a violência e o crime, dentre as mais comuns as mais anor-mais. Entretanto, seria necessaria-mente importante distinguir no pre-sente artigo que, a violência e o cri-me apesar de serem quase parecidas e de difícil conceptualização não sig-nificam a mesma coisa. E na even-tualidade, alguém poderia questio-nar: mas porquê? Os factos acima referenciados impulsionaram bastan-te a elaborar esbastan-te artigo que bastan-tem o intuito de analisar o impacto dos

lin-chamentos em Moçambique, em especial destaque na Província de Sofala. A escolha do tema deveu-se pela sua pertinência e pela situação caótica instalada nesta província.

Problematização

Na actualidade, em Moçambi-que, em especial na província de Sofala verifica-se um aumento subs-tancial de casos de linchamentos sobretudo na cidade da Beira, com focos no Bairro da Munhava e Man-ga, este facto tem gerado grandes consequências, visto que nesta onda de crimes, os populares acabam lin-chando em várias vezes pessoas ino-centes. A situação acima descrita tem sido discutida na actualidade pelo facto que em Moçambique ser destacado como um dos países com maior índice de criminalidade e o lin-chamento como um dos crimes mais frequentes em especial destaque na Cidade da Beira. E só a paz que pode trazer a dignidade e o respeito pelos direitos humanos como o da vida e liberdade. Neste contexto, é por isso que se levanta a seguinte questão: Qual é a anatomia dos lin-chamentos em Moçambique sobretu-do na cidade da Beira? Os estusobretu-dos centraram-se numa hipótese primá-ria, segundo a qual a intensificação da capacitação dos polícias em matéria criminal sobretudo roubo e duas hipóteses Secundarias, a forma-ção e capacitaforma-ção de polícias em matéria criminal e a sensibilização da população em geral sobre os malefí-cios advogados da prática de crime de linchamento.

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Procedimentos Metodológicos

Santos (2000, p. 21) explica que as pesquisas podem ser caracterizado como exploratórias, descritivas ou explicativas. Comenta que “a pesqui-sa exploratória é quase sempre ante-cedida com o levantamento biblio-gráfico, entrevistas com profissionais que estudam ou actuam na área, visitas à web, wesites etc”. Esta pes-quisa tratou-se de exploratória. A metodologia centrou-se na pesquisa bibliográfica, técnica documental e administração de questionários. A pesquisa bibliográfica, segundo Gil (1999, pp. 44-45) “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos”. Nesta pesquisa baseou-se em livros e manuais que abordam a temática em estudo. A técnica documental, segundo Gill (1999), citado por Silva e Menezes (2001:23), esta técnica consiste na recolha de dados sobre o tema de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (1979:29), esta técnica consiste na recolha e revisão das fontes primárias e secundárias. Assim, no primeiro momento, foi efectuado o levanta-mento de dados em doculevanta-mentos, o que permitiu conhecer o tema de for-ma teórica e de seguida foi se ao campo de estudo, neste caso as dife-rentes Instituições e com as difedife-rentes pessoas de vários níveis. Finalmente, o questionário pode ser definido como uma técnica de investigação social composta por um conjunto de ques-tões que são submetidas a pessoas com propósito de obter informações sobre conhecimentos (GIL, 1999).

Desta forma esta técnica foi usada na segunda fase onde elaborou-se um questionário e usou-se uma amos-tra composta por 120 pessoas, locali-zadas na província de Sofala, cidade da Beira. A recolha foi conduzida segundo a amostragem estratificada, a mesma baseada no número total de inquiridas na Província.

Linchamento: Análise do Fenómeno

O fenómeno desolador designa-do linchamento, teve o seu início nos primórdios das coisas, ligados aos princípios bíblicos, que rezávamos de forma clara e inequívoca a execu-ção de indivíduos que se subenten-diam pecadores, ou desobedientes a qualquer ordem normativa a que lhes dizia respeito. Esta prática, passou a ser exercida igualmente pelo poder do Estado, que servia como forma sancionatória a prática de actos que na altura se subentendiam como ofensivos as leis e os costumes. De lá até cá, as práticas foram ganhando mais apimento, sendo utilizada hoje como forma mais privatizada de justi-ça informal (Serra, 2008).

Violência e o Linchamento

A violência pela definição da OMS, trata-se necessariamente de uso intencional da força física ou do poder real ou ameaças contra pes-soa ou contra si próprio, contra outro grupo, que resulte ou tenha possibili-dade em resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento, ou privação. Subs-crevemos em parte o conceito da

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OMS, mas prefiro definir

Violência como o uso da força, seja física ou não, de forma voluntaria ou inconsciente con-tra outrem podendo causar um dano físico ou psicológico, ime-diato ou futuro. Implica o uso de força somente, e não da força física porque entendo que o uso de forca pode ocorrer não só de forma física mas também de forma psicológica, dai residindo a diferença entre a coação e coerção, tratando-se de que ambos são uso de força, mais cada um de acordo com a sua forma de manifestação

Segundo o Serra (2008), lincha-mento trata-se necessariamente, da execução sumária de uma ou mais pessoas, suspeita ou acusada infor-malmente da prática de um suposto crime, por um grupo mais ou menos esclarecido de pessoas. Estes espan-camentos, que muitas das vezes são mortais, protagonizados por popula-res contra alegados criminosos, têm ocorrido em algumas cidades moçambicanas e os especialistas referem que a população justifica estas chamadas "execuções sumárias informais" com a falta de confiança no Máquina Estatal que deveria com-bater melhor a insegurança das populações SERRA (2008).

Para o Sociólogo Moçambicano Carlos Serra, os linchamentos da sua versão mais clássica, as vítimas do lin-chamento frequentemente em Moçambique, jovens desemprega-dos do sexo masculino. Pelo menos até agora ainda não se ouviram situações de mulheres a sofrerem o linchamento. Os fuzis do sociólogo

Moçambicano, em relação a justiça pelas próprias mãos não param por aí. Serra, bombardeia ainda ao referir que “linchamento existe quando o Estado é fraco”. Pode surgir nestas circunstâncias como uma espécie de privatização da justiça, onde as pes-soas se sentem intranquilas e indigna-das. As pessoas muitas vezes não confiam na polícia e acabam por fazer justiça com as próprias mãos. É portanto uma indignação, uma puni-ção, uma justificação e é a busca de um bode expiatório também. Acon-tece muitas vezes que quem é lincha-do não é aquele que roubou, mas aquele que se julga que terá rouba-do ou é aquele que paga por todas (Serra, 2008).

O código Penal, no seu artigo 159, em relação ao linchamento sublinha:

Aquele que se ajuntar para animar, instigar ou executar, com espontaneidade, imita-ção, influência mútua, emo-ção e fúria, utilizando ou não instrumentos contundentes, com o fim de torturar, espancar, atear fogo a outra pessoa, sob suspeita de criminoso, será con-denado, se pena mais grave não couber, a pena de prisão de dois a oito anos se tiver agi-do como executor e agi-dos actos resultar morte da vítima; pena de prisão se tiver agido como animador ou instigador e dos actos resultar a morte da vítima; e a pena de prisão até seis meses, em qualquer das posi-ções dos autores referidos nas alíneas anteriores, e dos actos resultar ofensas corporais e feri-mentos”.

No que tange a crime de

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mento, em Moçambique, verifica-se muitos casos mas que nenhum prati-camente foi condenado por tal cri-me, o que levanta algumas dúvidas na materialização desta posição da lei acima fundamentada.

Causas Frequentes dos Linchamentos

O problema principal nos lincha-mentos, não consiste em saber como pode o Estado, fazer face ao vulcão deste fenómeno, em saber quais são as causas primordiais, ou seja causas das causas. E assim sendo, pode-se apontar como as seguintes, principais causas dos linchamentos apontados pelo sociólogo Moçambicano, Carlos Serra: elevado índice de criminalida-de em Moçambique; criminalida-deficiente fun-cionamento dos aparelhos formais de justiça Moçambicana; e descrédito do sistema de justiça pelos cidadãos Moçambicana e Bloqueio dos apare-lhos informais de justiça face aos aparelhos formais.

Recessão Crítica as Causa

Criminalidade galopante certa-mente pode levar ao linchamento, mas não quando as máquinas for-mais da administração da justiça, fun-cionarem correcta e devidamente. O factor substancial do elevado índice da criminalidade, em parte aponta-se a efectivação da política criminal, de prevenção participada, e de pre-venção estatal activa. Na prepre-venção participada, de acordo com o mode-lo que será representado no capítumode-lo a seguir, (Pirâmide do Iceberg), con-siste no uso da comunidade como

titular directo na prevenção criminal, e a segunda, o Estado como titular activo. Certamente que, as máquinas da administração da justiça, estão circundados por patologias funcio-nais graves, mas há que chamar atenção ao Estado, dos reais proble-mas existentes, e resolve-los.

O descrédito monta-se por um lado porque não existe uma conexão subjectiva entre os órgãos da admi-nistração da justiça e a comunidade política, por outro lado, a maioria dos membros da comunidade não estão providos de cultura jurídica. Quando a comunidade, executa por critério próprio um individuo, não só arran-cam o papel punitivo do Estado, como também, bloqueiam a este como o único detentor do IUSE IMPERI – Poder de autoridade.

Dentre vários impactos que os lin-chamentos trazem, os pesquisadores do ISCTAC, descrevem os seguintes:

O Furto do Papel Punitivo do Estado Por Pessoas Alheias Ou Ilegítimas; inversão do Carácter Preventivo da Pena Para o Carácter Retributivo; assassinato de inocentes e violação do princípio de presunção (artigo 59 CRM - 2004) de inocência e atropelo ao direito a vida (artigo 40 CRM - 2004); constru-ção da personalidade delin-quente no seio das crianças.

Furto do Papel Punitivo do Estado Por Pessoas Alheias ou Ilegítimas

O Estado, é o titular activo da atri-buição da pena, pelo poder de auto-ridade que este detém, sustentado pelo contrato social, onde as

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pes-soas, abdicam dos seus direitos para o corpo social, quebrando o estado da natureza onde existe a lei dos mais fortes em detrimento dos mais fracos. Na medida, em que os popu-lares fazem a justiça pelas próprias mãos, arrancam o papel punitivo do Estado. Nestas circunstâncias, refira-se que, quem tem o poder de julgar, usando meios penais adequados é única e exclusivamente o Estado, por via dos tribunais segundo defende BLACK (1983). A comunidade, não tem legitimidade de agir, sem que o Estado atribua o poder de acção.

Inversão do Carácter Preventivo da Pena Para o Carácter Retributivo

Neste aspecto, toca-se de forma directa politica criminal, no contesto preventivo. A pena em Moçambique, tem carácter preventivo e não retri-butivo. Segundo as lições da Professo-ra Teresa Beleza, em vários ordena-mentos jurídicos, a pena tem o carácter preventivo, e tem como objectivo, a prevenção da socieda-de, pelas práticas futuras de ilicitudes. O carácter retributivo consiste no pagamento do mal pelo mal. Este carácter da pena se verificou no código de Hamurabi, na lei de Talião, “Dente por Dente Olho por Olho” (BELEZA, 1984).

E o linchamento pela sua carac-teriza, além de ser executada por quem não tem legitimidade e neste caso, passaria a ser o Estado, por via de uso de seus meios coercivos e per-suasivos de fazer cumprir a justiça (Beleza, 1984). A Constituição da República de Moçambique de 2004,

concretamente no artigo 59, refere em torno do princípio da presunção da inocência e por outro lado, a mes-ma lei, não abre mão de um direito fundamental, conhecido como o direito a Vida, que constitui hoje, uma cláusula pétrea – Norma de eficácia constitucional absoluta que não pode ser alterada por emenda cons-titucional – sendo que este dispositivo, não pode ser alterado por uma revi-são constitucional, ou por emenda constitucional. Porém, um cidadão, ou ser acusado de roubo ou de qual-quer outro tipo leal de crime, de for-ma inforfor-mal, perde a capacidade de se defender e com isto provar a sua inocência. Entretanto, este facto, pode criar constrangimentos, tendo em conta de que, se não for observa-do de forma detalhada este fenóme-no, acaba-se por via de uma fúria popular, linchar-se pessoas inocentes, tal como o caso da imagem anterior-mente destacada.

Análise do Fenómeno em Concreto

Nos linchamentos, ocorre que, antes da sua execução, o infractor ou o presumível criminoso, é neutrali-zado por um aglomerado grupo de pessoas que pretendem agredir. Aqui, descarta-se a ideia da impossi-bilidade de recorrer a força pública. O que acontece, é que os linchado-res, não se interessam ou nem preten-dem que haja a intervenção da for-ça pública. Aqui, as pessoas, arran-cam o papel do Estado, em condi-ções que este pode desempenhar a sua função de salvaguarda e defesa de direitos de cidadãos (Sitoe, 2012).

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No linchamento, não existe a pro-porcionalidade, em termos do bem a ser sacrificado, ser do valor jurídico inferior, salvo ou que se pretenda sal-var. No linchamento, sacrifica-se por-tanto, entre outros bens, a integrida-de física e em casos mais graves a vida. Para os linchadores, só interessa a punição do linchado e que aquilo, sirva de exemplo (SITOE, 2012). Entre-tanto, os pontos problemáticos de imputação da responsabilidade cri-minal para este tipo legal de crime igualmente consistem em dificuldade de identificação dos respectivos agentes do crime; cumplicidade generalizada por parte de quem o pratica, o que dificulta as respostas essenciais da investigação criminal como: Quem praticou? Acusação e custódia precipitada e desesperada de indivíduos que caíram nas mãos do azar no momento da recolha.

No processo de prevenção do cri-me e violência no contesto moçam-bicano face as ondas dos linchamen-tos, há um conjunto de factores de risco na prevenção do crime de lin-chamento, com destaque para a limitação do aparelho legislativo pela ineficácia da norma jurídica; ineficá-cia dos sistemas da administração de justiça ou a desconfiança na máqui-na judiciária

Mecanismos Para Prevenir o Crime de Linchamento na Esfera da Política

Criminal

A prevenção do crime de lincha-mentos, como qualquer outro tipo legal de crime, contraditoriamente ao que se entende no senso comum,

não começa necessariamente da Polícia, ou seja, a polícia não é um único actor na prevenção do crime. É preciso envolver mais actores que de forma activa, possam contribuir de forma directa na prevenção do crime. A política criminal, como um conjunto sistemático de métodos estatais para fazer face ao crime, por via de prevenção e repressão, consi-dera-se um instrumento importante, na erradicação do fenómeno crimi-nal. Assim sendo, com base no estu-do efectuaestu-do, o grupo de pesquisa-dores e investigapesquisa-dores, subentende que

“a erradicação dos linchamentos passa necessariamente pelo estancamento de todos os facto-res de risco que flofacto-rescem a cri-minalidade galopante, particular-mente (crimes de roubo, assalto a residência e violações), por via da prevenção criminal, com base na Teoria da Prevenção do Crime no Modelo da Pirâmide do ICE-BERG - TPCMPI ”:

Prevenção do crime com base no modelo da pirâmide do ICEBERG (Montanha de Gelo) -

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Assim sendo, a prevenção deste tipo de crime como outros tipos sub-jectivos, tem seguintes formas preven-tivas que devem fazer parte da políti-ca criminal, tendo como acção a prevenção na Base da Pirâmide do ICEBERG – Nível 1, a prevenção media na pirâmide do ICEBERG – Nível 2 e a prevenção no topo da pirâmide do ICEBERG – Nível 3

Como efectivar a prevenção do crime na base da pirâmide do ICE-BERG – nível 1? Antes de olhar a Polí-cia, como único actor na prevenção do crime, é preciso atender de que, antes mesmo de que a polícia tome o papel preventivo, a prevenção do linchamento como qualquer outro tipo subjectivo de crime, deve come-çar na comunidade. É imperativo que, a população seja vigilante e de um auxílio a máquina estatal na pre-venção do crime e passe a confiar na justiça estatal como a que exerce por mérito a titularidade de punibili-dade. Há que levar a cabo a vigilân-cia comunitária, através de mecanis-mos de alerta e denúncia.

Como materializar a prevenção do crime media na pirâmide do ICE-BERG – nível 2? Na prevenção em segunda instancia, a comunidade, deixa e ser o titular activo da preven-ção do crime, atendendo que este papel passara a ser exercido pela máquina de administração de justiça. Nesta forma de prevenção do crime, os titulares da administração de justi-ça, passam a ser os actores de relevo na prevenção de crime, na elabora-ção de estratégias sólidas e eficazes para a prevenção. Aqui, é imperativo com que, a polícia como um a actor

fundamental, na prevenção, crie mecanismos como: solidificação de efectivos, patrulhamentos em zonas de risco, prontidão policial em caso de denúncia, esclarecimento à comunidade em relação aos trâmites processuais e a ressurreição do minis-tério público do cemiminis-tério onde sua alma se encontra a desancar.

Ao Ministério público é chamado a ressuscitar dos bastidores, e em conexão com a PRM, ajudem no esclarecimento dos trâmites do pro-cesso-crime em relação as comuni-dades. Este papel igualmente, se acresce aos tribunais, mas importa clarificar que, não basta somente absolver por insuficiência de prova, mas que pressione o Ministério Publico a fazer o seu trabalho.

A prevenção do crime no topo da pirâmide do iceberg – nível 3, este, papel é lançada a máquina legislativa e executiva. Quanto a máquina legislativa, não basta somente estatuir no Código Penal e sua instrumental, ou em qualquer outra legislação extravagante que LINCHAR é crime. Isto não é suficien-te. É preciso criar mecanismos claros e específicos de ter uma norma legis-lativa sancionatória que não entre em desuso por ineficácia absoluta. A turma executiva, lhe é imputada a responsabilidade de criar políticas claras de prevenção ao crime em coordenação com todas as outras máquinas de administração da justi-ça, como a polícia, que clama desde antes do Cristo pelas condições míni-mas de trabalho. É necessário investir na Segurança interna do Estado e investir de forma acesa nos aparelhos

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de administração de justiça. Portan-to, a formação intensiva por parte dos membros da PRM de modo em que estejam capacitados para dar vasão ao seu trabalho.

Conclusões Prévias

Há, necessidade que, o Estado, crie mecanismos próprios, trabalhado junto com a comunidade, com objectivo de evitar com que os males dos linchamentos se repitam, e que crie desta forma confiança na justiça e principalmente na polícia.

O Estado, sozinho, não pode fazer nada, se não cruzar os braços, e ao invés de condenar o acto, há que se investigar e criar soluções para o dile-ma que respondam de fordile-ma ade-quada e estratégica a problemática de linchamentos. Dai, recomenda-se a a implementação de programas participativos e inclusivos de sensibili-zação, consciencialisensibili-zação, patrulha-mento em áreas estratégicas onde o crime constitui moda, contribuiria sig-nificativamente na melhoria das con-dições de segurança da comunida-de, e maximizaria de forma árdua a confiança popular na justiça formal perdida ao longo dos tempos; a aus-cultação da população sobre a dnição de um plano estratégico e efi-caz para a prevenção ao crime; bem como a realização de palestras de sensibilização sobre a prevenção do crime pode reduzir a ocorrência da prática pelo trabalho conjunto leva-do a cabo entre a comunidade e as entidades do Estado (Maquina Judi-ciaria);

Para além disso, há que levar a

cabo um conjunto de ações com vis-ta ao reforço e expansão dos serviços autónomos de policiamento comuni-tário em bairros periféricos, como Munhava, Matacuane, Manga, Chi-pangara e etc. Poderá melhorar o trabalho conjunto entre populares e a PRM; aumento de efectivo e o melhoramento das linhas de comuni-cação a nível das esquadras de polí-cia para maximizar esforços e respon-der a demanda popular em caso de busca por estes serviços. A máquina executiva (Poder Executivo) deve criar políticas sólidas de prevenção do crime, e igualmente invista na segurança interna da comunidade política. Ao legislativo, recomenda-se que crie legislações que garantam eficácia absoluta na prevenção coerciva do crime. Ao judiciário, que faça com que a o braço importante na administração da justiça, como o Ministério Público, abandone a santa casa de descanso eterno e auxilie activamente na prevenção ao crime, e crie programas de consciencializa-ção as comunidades, relativamente aos actos ou transmites do processo. Finalmente, a sociedade em geral, deve auxiliar o Estado na prevenção activa do Crime.

Referências Bibliográficas

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Referências

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