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IFT
Universidade Estadual PaulistaInstituto de F´ısica Te´oricaDISSERTAC¸ ˜AO DE MESTRADO IFT–D.???/15
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear com um defeito integr´
avel
Douglas Rodrigues Silva
Orientador
Jos´e Francisco Gomes
Coorientador
Abraham Hirsz Zimerman
Agradecimentos
A minha m˜ae e meu irm˜ao, pelo apoio incondicional durante toda a minha vida. Ao professor Jos´e Francisco Gomes, pela orienta¸c˜ao.
Ao professor Abraham Hirsz Zimerman, pela orienta¸c˜ao e exemplo.
Ao professor Antˆonio Lima Santos, pelas oportunidades oferecidas a mim. A todos os amigos de S˜ao Carlos e S˜ao Paulo.
`
Resumo
A teoria de defeitos integr´aveis em teoria de campos em 1+1 dimens˜oes, foi introduzida pela escola de York [16, 17, 22], utilizando transforma¸c˜oes de B¨acklund para descrever o defeito.
Nesta disserta¸c˜ao estudamos o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear na presen¸ca de um defeito in-tegr´avel. Estudamos tanto o modelo discreto [29] como o modelo cont´ınuo dentro dos formalismos lagrangiano [23] e da matriz r [7]. Constru´ımos tamb´em o formalismo hamiltoniano para o mo-delo de Schr¨odinger n˜ao linear na presen¸ca de um defeito integr´avel. Discutimos e relacionamos os formalismos lagrangiano, hamiltoniano e da matriz r.
Palavras chaves: ´algebra de Sklyanin; equa¸c˜ao de Schr¨odinger n˜ao linear; matriz r; defeito; dinˆamica n˜ao linear; integrabilidade.
´
Abstract
The theory of integrable defects in 1+1 field theory, was introduced by the school of York [16,
17, 22], employing B¨acklund transformation in order to describe the defect.
In this dissertation we have studied the nonlinear Schr¨odinger model in the presence of an inte-grable defect. We study both, the discrete model [29] as the continuous model within the lagrangian [23] and rmatrix [7] formalisms. Also we built the hamiltonian formalism for nonlinear Schr¨odinger model in the presence of an integrable defect. We discuss and relate the lagrangian, hamiltonian and
r matrix formalisms.
Key words: Sklyanin algebra; nonlinear Schr¨odinger equation; r matrix; defect; nonlinear dynamics; integrability.
Conte´
udo
1 Introdu¸c˜ao 1
2 O m´etodo da matriz r 6
2.1 Algebras de Poisson´ . . . 6 2.2 Modelos discretos . . . 8 2.3 Modelos cont´ınuos . . . 10
3 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear 13
3.1 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear discreto . . . 13 3.2 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear cont´ınuo com fronteiras peri´odicas . . . 16
4 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear com um defeito integr´avel 22
4.1 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear discreto com um defeito integr´avel . . . 23 4.2 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear cont´ınuo com fronteiras peri´odicas e um defeito
integr´avel . . . 28 4.3 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear no formalismo lagrangiano com um defeito integr´avel 33 4.4 O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear no formalismo hamiltoniano com um defeito
in-tegr´avel . . . 34
5 Conclus˜oes e perspectivas 41
A Nota¸c˜ao tensorial 42
B As rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao para a representa¸c˜ao da ´algebra de Sklyanin, casoN = 2 44
C NLS: Quantidades conservadas para o caso de trˆes part´ıculas 46
D O formalismo hamiltoniano para o modelo NLS 48
E As rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao da representa¸c˜ao da ´algebra linear de Poisson para o
F NLS: Quantidades conservadas para o caso de quatro part´ıculas com um defeito
Cap´ıtulo 1
Introdu¸
c˜
ao
O conceito de integrabilidade surgiu na mecˆanica cl´assica no s´eculo XIX por meio dos desenvolvimen-tos de matem´aticos como Hamilton, Poisson, Jacobi, Liouville e outros. Com a inser¸c˜ao da geometria simpl´etica, foi poss´ıvel estabelecer bases concretas e rigorosas para sistemas integr´aveis na mecˆanica cl´assica. Seguindo [6] podemos definir a no¸c˜ao de integrabilidade da seguinte forma: dada uma matriz anti-sim´etrica Ωmn(ξ) definida sobre o espa¸co de fase M pelas coordenadas (ξ) = (ξ1, ..., ξN) determinamos os parˆenteses de Poisson atrav´es de suas coordenadas1
{ξi, ξj}= Ωij(ξ)
e para quaisquer fun¸c˜oes f, g∈C∞(M)
{f, g}= Ωij∂ mf ∂ng
desta forma o espa¸co de fun¸c˜oes suaves em C∞(M) forma uma ´algebra de Poisson. As equa¸c˜oes de
movimento s˜ao obtidas atrav´es de
d dtξ
j ={H(ξ), ξj}, (1.1)
onde H ∈ C∞(M) ´e conhecida como a hamiltoniana e {M,Ω, H} ´e a estrutura hamiltoniana. Em
cursos b´asicos de mecˆanica cl´assica dimM = 2L, sendo que para i = 1, .., L s˜ao tomadas como coordenadas canˆonicasqi e os demais i=L+ 1, ...,2L s˜ao tomadas como as coordenadas canˆonicas os momentos associados pi, tal que
{pi, qj}=δij. (1.2)
Atrav´es do teorema de Darboux [6] temos que
Ω =
0 −I I 0
1Os parˆenteses de Poisson n˜ao necessitam desta descri¸c˜ao a priori, pois eles s˜ao livres de coordenadas [6]. Por´em
e nossa estrutura hamiltoniana n˜ao degenerada neste caso ´e completamente integr´avel caso existam
Qi(ξ), i= 1, ..., L−1 tal que
{H, Qi}= 0, {Qi, Qj}= 0 (1.3)
eQi s˜ao as nossas quantidades conservadas.
Ap´os estabelecermos o conceito de integrabilidade no contexto da mecˆanica cl´assica, podemos fazer uma mudan¸ca de vari´aveis de (ξ) para (I, α) conhecidas como vari´aveis de a¸c˜ao-ˆangulo, tal que agora I eα passam a ser nossas coordenadas canˆonicas as quais satisfazem
{Ii, Ij}= 0, {αi, αj}= 0, {Ii, αj}=δij
com H =H(I) e as equa¸c˜oes de movimento s˜ao
d
dtI = 0, d dtαj =
∂H ∂Ij
.
Existem in´umeros problemas interessantes de sistemas integr´aveis cl´assicos em mecˆanica cl´assica como o problema de Kepler, pi˜ao de Kovalevskaya e outros [9]. Por´em em 1967 um novo sistema integr´avel surgiu em outro contexto, o da teoria de campos cl´assicos escalares pelo grupo GGKM (Gardner, Greene, Kruskal e Miura) [39], onde foi desenvolvido um m´etodo para encontrar solu¸c˜oes da equa¸c˜ao KdV
ut+ 6uux+uxxx = 0. (1.4)
Esta equa¸c˜ao foi primeiramente deduzida atrav´es da mecˆanica dos flu´ıdos para descrever a propaga¸c˜ao de ondas em ´aguas rasas. Posteriormente ela foi empregada em outros contextos, como o da f´ısica de plasma [39] e mais recentemente o da gravita¸c˜ao [1]. Na f´ısica de plasma o grupo [39] encontrou a seguinte solu¸c˜ao
u(x, t) = d
dxK(x, x), (1.5)
onde K(x, x) ´e o n´ucleo de uma equa¸c˜ao integral. A solu¸c˜ao mais simples da equa¸c˜ao KdV obtida de um caso particular a partir de (1.5) ´e
u(x, t) =Asinh2(a(x−ct)). (1.6)
Observamos que esta solu¸c˜ao descreve uma onda solit´aria, motivo pelo qual ´e chamada de um soliton
2, tal denomina¸c˜ao foi justificada depois na teoria quˆantica de campos [34]. O m´etodo desenvolvido
pelo grupo GGKM [39] ´e conhecido como o m´etodo do espalhamento inverso e consiste em uma mudan¸ca de vari´aveis que envolve
Lψ =k2ψ, (1.7)
ondeL´e o operador de Schr¨odingerL=− d2
dx2+u(x) e o potencialu(x) est´a relacionado ao problema
de valor inicial, ou seja, o comportamento de nossa solu¸c˜ao no instante t = 0 e nossa condi¸c˜ao
de fronteira u(x) → 0 para | x |→ ∞. Assim, a primeira parte do m´etodo, consiste em resolver um problema de mecˆanica quˆantica, que tem como objetivo encontrar as autofun¸c˜oes de (1.7) para
k > 0. Isto recai em um problema de espalhamento no qual o espectro de estados ligados s´o v˜ao ter correla¸c˜ao com o espectro cont´ınuo no limite assint´otico. Desta forma, a solu¸c˜ao deψ no regime assint´otico ´e
ψ(x, k)∼eikx+r(k)e−ikx, x→ −∞
ψ(x, t)∼t(k)eikx, x→ ∞,
onde os coeficientes de reflex˜aor(k) e transmiss˜ao t(k) satisfazem a condi¸c˜ao de unitariedade |r(k)|2 +|t(k)|2= 1. Precisamos saber somente um dos dois r(k) ou t(k) para encontrar o outro.
Para k <0 temos o espectro discreto k2 =−k2
j, j = 1, ..., no qual pode ser encontrado tamb´em a partir da propriedade de analiticidade do espectro cont´ınuo 3. As autofun¸c˜oes associadas no regime
assint´otico s˜ao:
ψj ∼ekjx, x→ −∞
ψj ∼cje−kjx, x→ ∞.
Com os dados do espalhamento4 r(k), k
j e cj no instante t = 0 podemos definir de forma ´unica o potencial u(x). Assim, temos um problema inverso de espalhamento que consiste em determinar o potencial u(x) a partir da equa¸c˜ao de Schr¨odinger sendo fornecido os dados espectrais no regime assint´otico do problema associado ao espalhamento. Este procedimento de reconstru¸c˜ao do potencial foi desenvolvido nos anos 50 por Gelfand, Levitan, Marchenko dentre outros [40, 49], assim basta restringir isto ao caso particular do operador de Schr¨odingerL. O m´etodo se completa com a evolu¸c˜ao temporal do sistema.
O ponto crucial ´e o de que a transforma¸c˜ao do potencialu(x) para os dados de espalhamento line-ariza a equa¸c˜ao KdV, que atrav´es da evolu¸c˜ao temporal, se observa como os dados de espalhamento se comportam, sendo os mesmos dados por
r(k, t) =e−ik3tr(k,0), cj(t) = ekj3c
j(0).
O ´ultimo passo ´e o de reconstruir o potencial para qualquert, que consiste em aplicar o procedimento de [40, 49] para este caso e por fim obter u(x, t), que ´e nosso potencial para qualquer t e ao mesmo tempo o campo escalar da solu¸c˜ao da equa¸c˜ao KdV.
u(x) −→ u(x, t)
↓ ↓
S −→ S(t)
(1.8)
3Este resultado pode ser encontrado pelo c´alculo de res´ıduos dos coeficientes de reflex˜ao ou transmiss˜ao no
semi-eixo positivo do plano complexo, o qual esta relacionado ao procedimento tomado na teoria da matrizS da mecˆanica quˆantica.
O diagrama (1.8) resume o m´etodo do espalhamento inverso aplicado a equa¸c˜ao KdV:S corresponde aos dados do espalhamento emt = 0, como j´a especificado eS(t) s˜ao os dados do espalhamento sobre a evolu¸c˜ao temporal dados por
r(k, t) =e−ik3t
r(k,0), cj(t) =ek
3
jtcj(0).
Observamos quekj ´e constante e o mesmo esta relacionado a propriedade de identidade das solu¸c˜oes solitˆonicas na equa¸c˜ao KdV, ao passo que para obtermos a solu¸c˜ao do tipo um s´oliton (1.6), basta tomarmos j = 1.
Logo ap´os este m´etodo, Lax relacionou as equa¸c˜oes (1.4) e (1.7), e que, em trabalhos posteriores mostrou que sua constru¸c˜ao ´e geral para qualquer equa¸c˜ao em 1+1 dimens˜oes. Lax associa para cada vari´avelu definida no espa¸co de fun¸c˜oes um operador auto-adjunto Lno espa¸co de Hilbert. No caso da equa¸c˜ao KdV (1.4) este operador ´e o de Schr¨odinger. Para uma equa¸c˜ao de movimento geral
ut=K(u), (1.9)
conforme u varia com o tempo, o operador L(t) permanece unitariamente equivalente. Os autova-lores de L est˜ao associados as quantidades conservadas na equa¸c˜ao n˜ao linear. Da propriedade de equivalˆencia unit´aria de L(t) obtemos a famosa equa¸c˜ao de Lax [46]
Lt= [M, L], (1.10)
onde M ´e um operador anti-sim´etrico, no qual o mesmo esta associado a
Ut=M U,
sendo U um operador unit´ario. Desta forma, a partir da equa¸c˜ao de Lax (1.10), reescrevemos a equa¸c˜ao de movimento; a equa¸c˜ao (1.9) indica que a equa¸c˜ao (1.10) ´e uma deforma¸c˜ao isoespectral do operador auto adjuntoL.
Depois, o m´etodo do espalhamento inverso foi aplicado para resolver o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear (NLS) [65]
iut+uux+ 2u|u|2 = 0, (1.11)
por´em neste caso nosso o operadorL ´e o operador de Dirac
L=
0 −1
1 0
d dx +
0 2u
2¯u 0
.
[36]. Eles observaram que os dados do espalhamento sobre a evolu¸c˜ao temporal poderiam ser in-terpretados como vari´aveis de a¸c˜ao-ˆangulo, de modo que o mapa u(x, t) → S(t) consiste em uma transforma¸c˜ao canˆonica, onde as quantidades conservadas foram encontradas em [52]; mais do que isto, conseguiram mostrar como o espalhamento inverso se manifesta neste formalismo. Como exem-plo a hamiltoniana para a equa¸c˜ao KdV e momento s˜ao:
H =
Z ∞
−∞dx
1
2u
2
x+u3x
, P = 1 2
Z ∞
−∞u 2
xdx,
e conforme [36], podemos considerar ρ(k) = k
2ln(1− |r(k)| 2) e k
j. As nossas vari´aveis de a¸c˜ao, portanto H =H[ρ(k), kj] e o momento podem ser expressos sobre esta mudan¸ca de vari´aveis como
H =−X
j
kj3+
Z ∞
0 k
3ρ(k)dk, P =X
j
kj +
Z ∞
0 kρ(k)dk. (1.12)
As equa¸c˜oes (1.12) lembram muito as express˜oes da teoria de muitos corpos da f´ısica do estado s´olido e destas podemos analisar a rela¸c˜ao de dispers˜ao.
Cap´ıtulo 2
O m´
etodo da matriz r
A introdu¸c˜ao de modelos integr´aveis em teoria de campos em 1+1 dimens˜oes foi concebida com o problema associado a equa¸c˜ao KdV [39]. Esta equa¸c˜ao exibe infinitas quantidades conservadas [52], e as solu¸c˜oes exatas dela ficaram conhecidas como s´olitons.
Na escola de St. Petersburgo [36] foram dados os primeiros passos do formalismo hamiltoniano da teoria de s´olitons e atrav´es deste m´etodo, conseguiram provar a integrabilidade da equa¸c˜ao KdV. Faddeev e seus alunos [35] come¸caram a desenvolver a quantiza¸c˜ao do m´etodo do espalhamento inverso - este foi o tema da tese de doutorado de E. Sklyanin - introduzido pelo grupo GGKM e a escola de Potsdam [2]. Neste contexto ressurge a matrizR[12], que est´a relacionada com a fatoriza¸c˜ao da matriz de espalhamento a qual satisfaz a c´elebre equa¸c˜ao de Yang-Baxter [50,68,12]. Esta equa¸c˜ao ´e o ponto fundamental para mostrar a existˆencia de uma classe de sistemas integr´aveis unificados por uma determinada solu¸c˜ao dela. Posteriormente foi desenvolvido a teoria cl´assica tomando os limites cl´assicos da teoria quˆantica.
Neste cap´ıtulo apresentaremos os resultados referentes aos modelos cl´assicos com fronteiras fe-chadas tanto na sua vers˜ao discreta quanto cont´ınua.
2.1
Algebras de Poisson
´
Nos modelos integr´aveis discretos no formalismo da matriz r, existem dois tipos de estruturas alg´ebricas conhecidas: a estrutura linear, que tem a cadeia de Toda como exemplo, e a estrutura quadr´atica (´algebra de Sklyanin), que tem como exemplo o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear dis-creto. A ideia por tr´as de ambas as constru¸c˜oes ´e mostrar como as mesmas chegam na condi¸c˜ao de integrabilidade.
por
W(λ, µ)= det(. v−L(λ)) = vN + N
X
k=1
(−1)kvN−kτk(λ) (2.1)
que est´a associado ao problema espectral do espalhamento inverso L(λ)ψ = vψ, sendo que N ´e a ordem da matriz e os invariantes espectrais s˜ao os coeficientes de (2.1), tal que τn(λ) = Tr(L(λ)n) para n6=N eτN(λ) = (−1)NdetL(λ).
As quantidades conservadas s˜ao obtidas a partir de τk(λ) como os coeficientes deste anel de polinˆomios em C[λ]. Sendo assim, qualquer carga conservada pode ser gerada a partir de uma combina¸c˜ao linear dos coeficientes desse anel e consequentemente podemos obter as equa¸c˜oes de movimento atrav´es de
˙
L(λ) ={L(λ), τk(µ)}.
Como estamos tratando de sistemas finitos, sabemos que eles respeitam nosso crit´erio de integra-bilidade, dado pela equa¸c˜ao (1.3).
A partir de nossos invariantes espectrais τj(λ), temos que a equa¸c˜ao (1.3) ´e equivalente `a
{τi(λ), τj(µ)}= 0. (2.2)
Devido ao fato das quantidades conservadas serem os coeficientes do polinˆomioτj(λ). A condi¸c˜ao de integrabilidade (2.2) implica na existˆencia de uma representa¸c˜ao da matrizr que satisfaz a equa¸c˜ao de Yang Baxter
[r12(λ, µ), r13(λ, ν)] + [r32(ν, µ), r13(λ, µ)] + [r12(λ, µ), r23(µ, ν)] = 0. (2.3)
e atrav´es de uma solu¸c˜ao desta, podemos formar a estrutura de Poisson dos elementos da matriz de Lax2 {L
ij(λ),Lkl(µ)}. A equa¸c˜ao (2.2) ´e equivalente a uma representa¸c˜ao da estrutura de Poisson para o par de Lax [10]. Desta forma a partir de uma dada solu¸c˜ao de (2.3), temos
{L1(λ),L2(µ)}= [r12(λ, µ),L1(λ)]−[r21(λ, µ),L2(µ)], (2.4)
onde L1 ≡ L⊗I, L2 ≡ I ⊗L, r12 ≡ r⊗I, r21 ≡ I ⊗r | r ∈ End(V ⊗V), onde V ´e o
espa¸co auxiliar. No lado esquerdo de (2.4) temos os parˆenteses de Poisson que est˜ao associados aos elementos de matriz do produto L1(λ)L2(µ) (No apˆendice A os resultados sobre a nota¸c˜ao tensorial s˜ao expostos em detalhes) que est´a relacionado somente as rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao do lado direito. A equivalˆencia entre (2.2) e (2.4), esta no fato de tomarmos os tra¸cos nesta, com rela¸c˜ao ao primeiro e segundo subespa¸co auxiliar. N˜ao calculamos a estrutura de Poisson por primeiros princ´ıpios. No entanto, (2.4) respeita as rela¸c˜oes de canonicidade fundamentais dos respectivos modelos, os quais
simpl´etica, por´em, na nossa nota¸c˜ao, n˜ao escrevemos explicitamente esta dependˆencia.
2Estes elementos de matriz podem ser fun¸c˜oes geradoras com rela¸c˜ao ao parˆametro espectral dos geradores da
sub-´algebra de Borel, al´em do elemento central que neste formalismo ´e o det(L(λ)), assim obtemos todo o conjunto
s˜ao os elementos da matriz dos parˆenteses de Poisson desta representa¸c˜ao que est´a associada a matriz
r.
Os modelos com os quais iremos trabalhar nesta disserta¸c˜ao n˜ao abrangem a classe de solu¸c˜oes n˜ao anti-sim´etrica da equa¸c˜ao de Yang Baxter (2.3). Isto ´e tema de pesquisa atual [63]. Todas as matrizesrest˜ao conectadas com expans˜oes semi-cl´assicas de “grupos quˆanticos”. Sistemas integr´aveis quˆanticos est˜ao relacionados com matrizes r anti-sim´etricas. Por enquanto matrizes r n˜ao anti-sim´etricas s˜ao somente pertinentes no contexto cl´assico, todavia trabalharemos somente com as matrizes r anti-sim´etricasr21(µ, λ) =−r12(λ, µ), as quais possuem solu¸c˜oes com a diferen¸ca entre os
parˆametros espectraisr(λ, µ) = r(λ−µ). Assim (2.3) fica da forma [56]
[r12(λ−µ), r13(λ) +r23(µ)] + [r13(λ), r23(µ)] = 0 (2.5)
e (2.4) se torna
{L1(λ),L2(µ)}= [r12(λ−µ),L1(λ) +L2(µ)]. (2.6)
Existe outra representa¸c˜ao importante, que ´e a ´algebra de Sklyanin
{L1(λ),L2(µ)}= [r12(λ−µ),L1(λ)L2(µ)], (2.7)
a qual ser´a utilizado nos modelos com fronteiras fechadas.
2.2
Modelos discretos
Em modelos discretos uma representa¸c˜ao, que utilizaremos da ´algebra (2.7), parte da seguinte mo-tiva¸c˜ao: nos modelos cl´assicos associamos para cada part´ıcula noj-´esimo s´ıtio da cadeia a matriz de Lax local Lj(λ), onde o s´ımbolo subscrito faz referˆencia `a posi¸c˜ao. O problema auxiliar
ψj+1 =Lj(λ)ψj ˙
ψj =Mj(µ)ψj,
(2.8)
nos diz a informa¸c˜ao por meio de ψ relacionada `a part´ıcula na posi¸c˜ao j atrav´es do Lax local Lj, o qual faz o papel de intermediador perante a transla¸c˜ao discreta entre o primeiro vizinho. Ainda temos o outro Lax local Mj, que n˜ao ´e utilizado no formalismo da matriz r, ent˜ao s´o precisamos de uma representa¸c˜ao de L e r com rela¸c˜ao ao espa¸co auxiliar. Atrav´es destes podemos obter M, por´em, introduzimosM por completude. Desta forma a condi¸c˜ao de compatibilidade de (2.8)
˙
Lj(λ) =Mj+1(λ, µ)Lj(λ)−Lj(λ)Mj(λ, µ) (2.9)
´e a equa¸c˜ao de curvatura nula discreta.
A ´algebra de Sklyanin na representa¸c˜ao conhecida como local ser´a a seguinte:
{L1j(λ), L2k(µ)}=hr12(λ−µ), L1j(λ)L
2
k(µ)
i
Agora, se considerarmos a informa¸c˜ao correlacionada entre oi-´esimo e k-´esimo membros da cadeia, tal que i < k , teremos
ψk+1 =LkLk−1· · ·Li+1Liψi =T(k, i|λ)ψi, (2.11)
que ´e obtido a partir de uma aplica¸c˜ao recursiva de (2.8) dois a dois. O termo
T(k, i|λ) =
x
Y
i≤j≤k
Lj(λ)
´e conhecido como a matriz de transi¸c˜ao entre i e k. A partir do momento em que levamos em conta toda a cadeia, bastando tomari= 1 ek =N na matriz de transi¸c˜ao, temos o que ´e conhecido como a matriz de monodromia:
T(λ) =
x
Y
i≤j≤N
Lj(λ). (2.12)
Observamos que tanto na matriz de transi¸c˜ao quanto na matriz de monodromia se estabelece um ordenamento, o qual cada Lax local est´a relacionado a uma posi¸c˜ao na cadeia. Assim, a matriz de monodromia (2.12) representa toda a cadeia, tal que temos que esta satisfaz a mesma ´algebra de Sklyanin (2.7)
{T1(λ), T2(µ)}=hr12(λ−µ), T1(λ)T2(µ)
i
. (2.13)
A propriedade que est´a por tr´as disto se chama comultiplica¸c˜ao [33], que aqui podemos entender como a partir do ponto que a representa¸c˜ao da ´algebra de Sklyanin ´e satisfeita para a matriz de Lax local (2.10). Isto implica que a monodromia (2.12) satisfaz a mesma ´algebra [43].
Para os sistemas que trabalharemos nesta disserta¸c˜ao, teremos somente um invariante espectral em (2.1) que ´e
τ(λ) = Tr(L(λ)). (2.14)
Devido a dimens˜ao do nosso espa¸co auxiliarV [35], no qual trabalhamos com a representa¸c˜ao de L, (2.14) ´e conhecida como a matriz de transferˆencia3. Para os modelos discretos temos que a matriz
de transferˆencia ´e
τ(λ) = Tr(T(λ)) = Tr
x
Y
1≤j≤N
Lj(λ)
=λ
N +
N
X
j=1
IjλN−j, (2.15)
da qual garantimos a integrabilidade, bastando tomari=j = 1 em (2.2). Desta forma, a (2.15) gera todas as quantidades conservadas atrav´es de seus coeficientes Ij. Para podermos comparar com as quantidades f´ısicas devemos fazer uma combina¸c˜ao dos coeficientes, por´em ´e mais conveniente usar
T(λ) = lnτ(λ).
3Observamos aqui que isto n˜ao ´e uma matriz, apesar do nome, o qual adv´em do m´etodo utilizado por Onsanger ao
Devido `a (2.15) expandimos com rela¸c˜ao a λ → ∞
T(λ) = lnτ(λ) =Nln(λ) +
∞
X
j=1
Hjλ−j. (2.16)
Em [35] ´e mostrado que os coeficientesHj s˜ao obtidos atrav´es de combina¸c˜oes deIj quantidades conservadas para n˜ao mais do que j part´ıculas vizinhas. Assim, tendo obtido (2.16) podemos obter as equa¸c˜oes de movimento para j-´esima part´ıcula da hierarquia atrav´es de
˙
Lj(λ) ={Lj(λ),T(µ)} (2.17)
e desta forma ainda encontramos a outra matriz de Lax localMj [35] por meio de (2.9),(2.16) e (2.17)
Mj(λ, µ) = T−1Tr
1
h
T1(N, j|λ)r12(λ−µ)T1(j−1,1|λ)
i
onde o 1 embaixo do tra¸co denota que tomamos o tra¸co com rela¸c˜ao ao primeiro subespa¸co auxiliar.
2.3
Modelos cont´ınuos
Os modelos cont´ınuos s˜ao os modelos da teoria de campos cl´assicos escalares em 1+1 dimens˜oes. Come¸camos por resultados conhecidos no formalismo de Lax. A vers˜ao cont´ınua de (2.8) ´e [35]
Ψx(x, t) =U(x, t|λ)Ψ(x, t)
Ψt(x, t) = V(x, t|λ)Ψ(x, t),
(2.18)
na qual podemos considerar isto como o limite cont´ınuo dos modelos discretos, bastando tomarmos o limite do espa¸camento entre os primeiros vizinhos nos s´ıtios da cadeia tendendo a zero e o n´umero de s´ıtios tendendo ao infinito - ao inv´es de termos um intervalo o qual sua medida est´a relacionada aos Z, teremos um intervalo cont´ınuo representado pela posi¸c˜ao x ∈ R. A condi¸c˜ao de compatibilidade de nosso problema auxiliar (2.18) ´e
Ut(x, t)−Vx(x, t) + [U(x, t), V(x, t)] = 0 (2.19)
que ´e a nossa equa¸c˜ao de curvatura nula. Notamos ainda que (2.19) ´e invariante por uma trans-forma¸c˜ao de gauge G
Gx = ˜UG − GU, Gt= ˜VG − GV. (2.20)
Assim, como no caso discreto, nossa matriz de transi¸c˜ao no caso cont´ınuo pode ser constru´ıda a partir do transporte paralelo [35, 43] da conex˜ao4 U
Ψ(x) = T(x, y|λ)Ψ(y), (2.21)
4N˜ao escrevemos explicitamente a dependˆencia sobre a vari´avel t, pois a mesma ´e fixa quando consideramos a
onde T(x, y|λ) ´e nossa matriz de transi¸c˜ao que satisfaz as seguintes propriedades:
∂xT(x, y|λ) =U(x|λ)T(x, y|λ), T(y, y|λ) = I, T(x, z|λ)T(z, y|λ) =T(x, y|λ) | y≤z ≤x
∂yT(x, y|λ) =−T(x, y|λ)U(y|λ), (T(x, y|λ))−1 =T(y, x|λ).
(2.22)
Sendo a primeira propriedade obtida a partir de (2.21). Fazendo x = y, a segunda propriedade ´e obtida a partir de (2.21) do qual ∂xT(x, y|λ) =∂xΨ(x)Ψ−1(y) e T(x, y|λ) = Ψ(x)Ψ−1(y), utilizando tamb´em (2.18), do qualU(x|λ) =∂xΨ(x)Ψ−1(x) e desta forma
[∂x−U(x|λ)]T(x, y|λ) =∂xT −U T =∂xΨ(x)Ψ−1(y)−∂xΨ(x)Ψ−1(x)Ψ(x)Ψ−1(y) = 0.
Na terceira propriedade basta tomarmos y ≤ x e z ≤ x, que esta de acordo com a h´ıpotese da proposi¸c˜ao, assim temos respectivamente
Ψ(z) = T(z, y|λ)Ψ(y), Ψ(x) =T(x, z|λ)Ψ(y)⇒Ψ(x) =T(x, z|λ)Ψ(z) =T(x, z|λ)T(z, y|λ)Ψ(y) (2.23) comparando (2.21) com (2.23) provamos a terceira propriedade. Agora podemos escrever
T(x, y|λ) = Pe
Rx y U(x
′,t
|λ)dx′
, (2.24)
uma solu¸c˜ao formalmente conhecida [35], ondeP denota a trajet´oria ordenada de fatores n˜ao comu-tativos.
Tomando y e x como pontos de fronteira, temos que nossa matriz de transi¸c˜ao (2.24) se torna a matriz de monodromia. Assumindo aqui que U satisfaz a representa¸c˜ao de uma ´algebra de Poisson linear no caso cont´ınuo [35]
n
U1(x|λ), U2(y|µ)o=hr12(λ−µ), U1(x|λ) +U2(y|µ)
i
δ(x−y), (2.25)
ent˜ao, a matriz de transi¸c˜ao satisfaz a ´algebra de Sklyanin [43]
n
T1(x, y|λ), T2(x, y|µ)o
=hr12(λ−µ), T1(x, y|λ)T2(x, y|µ)
i
, (2.26)
sendo a matriz r a mesma que no caso discreto 5 para o mesmo modelo. A equa¸c˜ao (2.26) resulta
nas infinitas quantidades conservadas na teoria de campos em 1+1 dimens˜oes e isto segue do fato que nossa matriz de transferˆencia6
τ(λ) = Tr (T(x, y|λ)) | x, y ∈∂V (2.27)
5Pois a matrizrs´o depende do parˆametro espectral.
6Os modelos tratados nesta disserta¸c˜ao n˜ao englobam outros invariantes espectrais devido ao rank de nossa matriz
est´a em involu¸c˜ao para diferentes parˆametros espectrais:
{τ(λ), τ(µ)}= 0. (2.28)
Assim, como no caso discreto, este resultado ´e provado bastando calcular o tra¸co com rela¸c˜ao a ´algebra de Sklyanin (2.26), levando em conta que o tra¸co do produto tensorial de duas matrizes ´e igual ao produto dos tra¸cos de cada matriz (ApˆendiceA).
An´alogo ao caso discreto, podemos encontrar as quantidades conservadas obtidas a partir de (2.27), por meio da seguinte representa¸c˜ao formal, com rela¸c˜ao ao ponto λ→ ∞
T(λ) = lnτ(λ) = ln(λ) +R+
∞
X
j=1
Hj
λj . (2.29)
Tendo constru´ıdo o formalismo da matriz r, no caso cont´ınuo no bulk, podemos estabelecer a correspondˆencia deste com aquele da equa¸c˜ao de curvatura nula (2.9), bastando encontrarmos somente V no par de Lax. Assim, definimos
M1(x, y, µ)=. T1(L, x|λ)r12(λ−µ)T1(x,−L|λ), (2.30)
sendo que aqui−L eLs˜ao os pontos da fronteira exey s˜ao pontos interiores tal quey≤x. Assim, com esta defini¸c˜ao, V ser´a [35]:
V(x|λ, µ) =τ−1(λ) Tr
1 (M1(x|λ, µ)). (2.31)
Cap´ıtulo 3
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear
O modelo de Schr¨odinger n˜ao linear ´e um sistema integr´avel que em suas diversas vers˜oes, como o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear discreto (DNLS), descreve uma rede de osciladores anarmˆonicos acoplados. Sua vers˜ao cont´ınua, que ´e o famoso modelo de Schr¨odinger n˜ao linear (NLS) iut+
uxx+ 2u|u|2 = 0, ´e classicamente uma teoria de campos escalares complexos em 1+1 dimens˜oes [65], que pode descrever v´arios tipos de sistemas f´ısicos. Ressaltamos alguns deles, como a descri¸c˜ao da propaga¸c˜ao da luz em fibras ´oticas n˜ao lineares, condensados de Bose-Einstein, cuja equa¸c˜ao pode ser derivada da mecˆanica quˆantica atrav´es da aproxima¸c˜ao de Hartree-Fock [55], e ondas de Langmuir. Na teoria quˆantica de campos a equa¸c˜ao de Schr¨odinger n˜ao linear descreve part´ıculas bosˆonicas com intera¸c˜oes do tipo delta. Quando o n´umero de part´ıculas ´e finito esta teoria quˆantica de campos ´e equivalente ao modelo de Lieb-Liniger [47], que ´e o modelo que descreve um g´as de Bose-Einstein em uma dimens˜ao com intera¸c˜ao do tipo delta.
3.1
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear discreto
Os modelos que utilizaremos nesta disserta¸c˜ao abrangem a classe que possuem como solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Yang Baxter (2.5)
r(λ) = P
λ,
ondeP´e o operador de permuta¸c˜ao, como exposto no apˆendiceA, er∈ Y(sl(2)) ´e a Yangian [33,53] da ´algebra de Lie sl(2). Iremos utilizar a representa¸c˜ao de spin-1/2 da matriz r que ´e dada por
r(λ) = 1
λ
1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1
, (3.1)
Vamos trabalhar inicialmente com o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear discreto, o qual ´e definido pela seguinte matriz de Lax local [44]:
Lj(λ) =
Aj(λ) Bj(λ)
Cj(λ) Dj(λ)
=λΞj + Λj, (3.2)
onde Ξj = 1 0 0 0
, Λj =
Nj Xj
−xj 1
, Nj = 1−xjXj,
que representa cada part´ıcula na cadeia de tamanho N sujeito as condi¸c˜oes de fronteiras peri´odicas
j+N ≡j. A matriz de Lax local (3.2) satisfaz (2.10) atrav´es do c´alculo desta, como se encontra no apˆendice B, podemos mostrar a sua canonicidade (1.2) atrav´es das rela¸c˜oes (B.4) e (B.7):
{Bj(λ), Bk(µ)}= 0, {Cj(λ), Ck(µ)}= 0⇒ {Xj, Xk}={xj, xk}= 0 (3.3)
{Cj(λ), Bk(µ)}= Aj(λ)Dk(µ)−Dj(λ)Ak(µ)
λ−µ δjk ⇒ {−xj, Xk}=
λ+Nj−µ−Nk
λ−µ δjk
{Xk, xj}=δjk. (3.4)
Desta forma nossa matriz de Lax ´e consistente. Iremos obter agora suas quantidades conservadas e para este fim consideremos inicialmente o caso particular de duas part´ıculas N = 2. Neste caso, nossa matriz de monodromia (2.12) se torna
T(λ) =L2(λ)L1(λ) =
(λ+N1)(λ+N2)−x1X2 (λ+N2)X1+X2
−x1−x2(λ+N1) 1−x2X1
e a matriz de transferˆencia (2.15) ´e
τ(λ) = Tr(T(λ)) = (λ+N1)(λ+N2) + 1−(x1X2+x2X1).
Utilizando (2.16), temos
T(λ) = lnτ(λ) = 2 ln(λ) + N1+N2
λ +
1
λ2 1−
N2 1
2 −
N2 2
2 −x2X1−x1X2
!
+ 1
3λ3(N1+N2)(−3 +N 2
1 −N1N2+N22+ 3x2X1+ 3x1X2) +. . . ,
(3.5)
no qual em (3.5) consideramos termos at´e a terceira ordem, pois desejamos exibir somente as primeiras quantidades conservadas. No entanto, o procedimento gera todas elas. Comparando (2.16) com (3.5), obtemos
H1 =N1+N2
H2 = 1−
N2 1
2 −
N2 2
2 −x2X1−x1X2
H3 =
1
3(N1+N2)(−3 +N
2
1 −N1N2+N22+ 3x2X1+ 3x1X2)
=−H1+ (N1 +N2)(x2X1+x1X2) +
1 3(N
3
Com o objetivo de expor para o caso geral, reescrevemos H2 e H3 como
H2 =−
1 2(N
2
1 +N22)−x1X2−x2X1
H3 =−x1X1−x2X2+ (N1+N2)(x2X1+x1X2) +
1 3(N
3
1 +N23),
onde s´o utilizamos Nj = 1−xjXj. As quantidades conservadas independem do fator constante 1 em H2 e H3, que foi incorporado nestes. Para o caso N = 3, que esta desenvolvido em detalhes no
apˆendice C, utilizaremos aqui somente o resultado deste. Desta maneira as quantidades conservadas para o caso de trˆes part´ıculasN = 3 s˜ao
H1 =N1+N2+N3
H2 =−(x1X2 +x2X3+x3X1)−
1 2(N
2
1 +N22+N32)
H3 =−(x1X3 +x2X1−x3X2) + (N1+N2)x1X2+ (N2+N3)x2X3+ (N1+N3)x3X1+
1 3(N
3
1 +N23+N33),
(3.6)
no qual absorvemos o n´umero 1 em (3.6) dentro de H3.
Para o caso com N part´ıculas as trˆes primeiras quantidades conservadas s˜ao da seguinte forma:
H1 =
N
X
i=1
Ni
H2 =−
N
X
i=1
xiXi+1−
1 2
N
X
i=1
Ni2 mod N
H3 =−
N
X
i=1
xiXi+2+
N
X
i=1
(Ni+Ni+1)xiXi+1+
1 3
N
X
i=1
Ni3,
(3.7)
no qual levamos em conta os resultados obtidos paraN = 2,3 e o m´odulo N ´e devido a condi¸c˜ao de fronteira peri´odica j+N ≡ j. Assim, em (3.7), H1 ´e a conserva¸c˜ao do n´umero de part´ıculas, H2 ´e
a conserva¸c˜ao do momento eH3 ´e a conserva¸c˜ao da hamiltoniana. A partir desta podemos obter as
equa¸c˜oes de movimento atrav´es de (1.1)
˙
xj ={H3, xj}, X˙j ={H3, Xj}. (3.8)
Para podermos calcular (3.8), al´em de utilizarmos as rela¸c˜oes de canonicidade fundamentais (3.3) e (3.4), necessitaremos de mais rela¸c˜oes, as quais formam uma representa¸c˜ao da ´algebra de Heisenberg. Assim, precisamos calcular os parˆenteses de Poisson deNj com xj eXj, os quais s˜ao obtidos a partir das nossas rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao (B.5) e (B.6),
{Aj(λ), Ck(µ)}= 1
λ−µ[Cj(λ)Ak(µ)−Aj(λ)Ck(µ)]δjk ⇒
{Nj,−xk}= 1
λ−µ[−xj(µ+Nk)−(λ+Nj)(−xk)]δjk ⇒
{Aj(λ), Bk(µ)}= 1
λ−µ[Aj(λ)Bk(µ)−Bj(λ)Ak(µ)]δjk ⇒
{Nj, Xk}= 1
λ−µ[(λ+Nj)Xk−Xj(µ+Nk)]δjk ⇒
{Nj, Xk}=δjkXk. (3.10)
Desta forma atrav´es de1 (3.3), (3.4), (3.9) e (3.10) obtemos nossas equa¸c˜oes de movimento
˙
xj ={H3, xj}=
(
− N
X
i=1
xiXi+2+
N
X
i=1
(Ni+Ni+1)xiXi+1+
1 3
N
X
i=1
Ni3, xj
)
=− N
X
i=1
xi{Xi+2, xj}+ N
X
i=1
xi{(Ni+Ni+1)Xi+1, xj}+ 1 3
N
X
i=1
Ni2{Ni, xj}
=− N
X
i=1
xiδi+2,j− N
X
i=1
xi[(Ni+Ni+1){xj, Xi+1}+{xj,(Ni+Ni+1)}Xi+1]−
N
X
i=1
Ni2xjδij
=− N
X
i=3
xi−2δij+ N
X
i=1
xi(Ni+Ni+1)δi+1,j− N
X
i=1
xi(δij +δi+1,j)xjXi+1−Nj2xj
=−xj−2+
N
X
i=2
xi−1(Ni−1+Ni)δij − N
X
i=1
xixjXi+1δij − N
X
i=2
xi−1xjXiδij −Nj2xj
=−xj−2+ 2xj−1Nj+xj−1Nj +xj−1Nj−1−x2jXj+1−xjNj2−xj−1
em cujo c´alculo n˜ao foi utilizada a (3.10), que ser´a usada agora para obter a equa¸c˜ao de movimento para Xj
˙
Xj ={H3, Xj}=−
N
X
i=1
Xi+2{xi, Xj}+ N
X
i=1
Xi+1{(Ni+Ni+1)xi, Xj}+ 1 3
N
X
i=1
{Ni3, Xj}
= N
X
i=1
Xi+2δij − N
X
i=1
Xi+1(Ni+Ni+1)δij − N
X
i=1
Xi+1(−δijXjxi−δi+1,jXjxi) + N
X
i=1
Ni2Xjδij
=Xj+2−2Xj+1Nj −Xj+1−Xj+1Nj+1+Xj2xj−1+Nj2Xj +Xj+1,
assim
˙
xj =−xj−2+ 2xj−1Nj+xj−1Nj+xj−1Nj−1−x2jXj+1−xjNj2−xj−1
˙
Xj =Xj+2−2Xj+1Nj −Xj+1−Xj+1Nj+1+Xj2xj−1+Nj2Xj+Xj+1.
(3.11)
3.2
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear cont´ınuo com
fron-teiras peri´
odicas
No formalismo da matriz r introduziremos o modelo de Schr¨odinger n˜ao linear cont´ınuo, com condi¸c˜oes de fronteira peri´odica.
Nossa matrizrpara o caso cont´ınuo permanece a mesma do caso discreto (3.1). No entanto, nosso par de Lax muda, pois este ´e obtido a partir de uma expans˜ao da matriz de Lax do caso discreto L
com rela¸c˜ao ao espa¸camento da rede ∆ [43]. Deste modo nossa matriz de Lax U ´e dada por [35, 38]
U(x|λ) =U0(x) +λU1,
onde
U0(x) = i(¯uσ++uσ−), U1 =
λ
2iσ3
σ+=
0 1 0 0
, σ−=
0 0 1 0
, σ3 =
1 0
0 −1
,
a qual satisfaz a representa¸c˜ao da ´algebra de Poisson linear (2.25)
n
U1(x|λ), U2(y|µ)o
=hr12(λ−µ), U1(x|λ) +U2(y|µ)
i
δ(x−y).
Atrav´es das rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao desta mostramos a canonicidade dos parˆenteses de Poisson, assim utilizaremos o resultado do apˆendiceEno qual fizemos este c´alculo explicitamente. Basta utilizarmos (E.4) e (E.5) com
A(x|λ) = −iλ
2, B(x|λ) =iu¯(x), C(x|λ) = iu(x), D(x|λ) =i
λ
2
{B(x|λ), B(y|µ)}={C(x|λ), C(y|µ)}= 0⇒ {¯u(x),u¯(y)}={u(x), u(y)}= 0 (3.12)
{C(x|λ), B(y|µ)}= A(x|λ)−A(y|µ) +D(y|µ)−D(x|λ)
λ−µ δ(x−y)⇒ {u(x),u¯(y)}=iδ(x−y). (3.13)
Tendo visto que a matriz de Lax U satisfaz a condi¸c˜ao de canonicidade, podemos construir a matriz de transi¸c˜ao (2.24), a qual no caso cont´ınuo utilizamos o seguinte ansatz [35]
T(x, y|λ) = (1 +W(x|λ))eZ(x,y|λ)(1 +W(y|λ))−1, (3.14)
ondeZ eW s˜ao respectivamente as matrizes diagonal e n˜ao diagonal. Substituindo (3.14) em (2.22), temos:
[∂x−U(x|λ)]T(x, y|λ) = 0⇒
∂x(1 +W(x|λ))eZ(x,y|λ)(1 +W(y|λ))−1+ (1 +W(x|λ))Z
xeZ(x,y|λ)(1 +W(y|λ))−1 = (U0+λU1(x|λ))(1 +W(x|λ))eZ(x,y|λ)(1 +W(y|λ))−1 ⇒
Wx(x|λ) + (1 +W(x|λ))Zx(x, y|λ) = (U0(x|λ) +λU1(x|λ))(1 +W(x|λ)).
Separando nas partes n˜ao diagonal e diagonal
Wx(x|λ) +W(x|λ)Zx(x|λ) =U0(x|λ) +λU1(x|λ)W(x|λ) (3.15)
Zx(x|λ) =λU1(x|λ)W(x|λ) +U0(x|λ), (3.16)
substituindo (3.16) em (3.15)
Resolvemos a equa¸c˜ao de Ricatti em (3.17) e com este resultado obtemos W. Por fim, resolvemos
Z em (3.16). Como nosso objetivo ´e o de obter as quantidades conservadas e consequentemente as equa¸c˜oes de movimento, assumimos a seguinte expans˜ao numa s´erie de potˆencias sobre 1/λ[35]
W(x|λ) =
∞
X
j=1
Wj(x)
λj , Z(x, y|λ) =−i
∞
X
j=−1
Zj(x, y)
λj . (3.18)
Atrav´es de (2.16) geramos todas as quantidades conservadas, tendo em vista que nossa matriz de monodromia aqui ´e dada por (3.14) com x= L e y=−L, que ´e a nossa fronteira para o c´ırculo de comprimento 2L. Com estas considera¸c˜oes
T(λ) = lnτ(λ) = ln Trh(1 +W(L|λ))eZ(L,−L|λ)(1 +W(−L|λ))−1i. (3.19)
Atrav´es da nossa condi¸c˜ao de fronteira peri´odica temos que W(−L|λ) = W(L|λ), por meio desta, (3.19) se torna
T(λ) = ln TrheZ(L,−L|λ)i (3.20)
devido a propriedade c´ıclica do tra¸co. Observamos em (3.20) que basta obtermos Z para determi-narmos a fun¸c˜ao geradora das quantidades conservadas. Para fazermos isto, primeiramente, devemos resolver a equa¸c˜ao de Ricatti (3.17) utilizando a expans˜ao (3.18). Nosso interesse reside somente at´e a obten¸c˜ao dos coeficientes em W at´e a terceira ordem, devido ao fato de desejarmos obter somente as trˆes primeiras quantidades conservadas. Sendo assim, substituindo (3.18) em (3.17)
∞
X
j=1
Wjx(x)
λj +λ
∞
X
j=1
Wj(x)
λj U1−U1
∞
X
j=1
Wj(x)
λj + ∞ X j,k=1
Wj(x)U0(x)Wk(x)
λj+k −U0(x) = 0 −
i
2[W1(x), σ3] +
o iu¯(x)
iu(x) 0
+ 1 λ
W1x(x)−
i
2[W2(x), σ3]
+ 1
λ2
W2x(x)−
i
2[W3(x), σ3] +W1(x)
0 iu¯(x)
iu(x) 0
W1(x)
+o
1
λ3
=0.
(3.21)
Obervamos que o coeficiente do termo de ordemλ´e o ´unico que n˜ao tem dependˆencia com os demais coeficientes da expans˜ao de W, assim para este temos:
−
i
2[W1(x), σ3]−
0 iu¯(x)
iu(x) 0
=0. (3.22)
Como W ´e uma matriz n˜ao diagonal, supomos que seus coeficientes sejam
Wj(x) =
0 aj(x)
bj(x) 0
substituindo (3.23) em (3.22) − i 2
0 a1(x)
b1(x) 0
, σ3
=
0 iu¯(x)
iu(x) 0
0 ia1(x)
−ib1(x) 0
=
0 iu¯(x)
iu(x) 0
⇒a1(x) = ¯u(x), b1(x) = −u(x)
(3.24)
e substituindo (3.24) em (3.23)
W1(x) =
0 u¯(x) −u(x) 0
. (3.25)
Desta forma, com (3.25), podemos determinarW2 a partir de (3.21), atrav´es do coeficiente do termo
de 1/λ,
W1x(x)−
i
2[W2(x), σ3] =0. Fazendo uso de (3.23)
0 u¯′(x)
−u′(x) 0
− i 2
0 a2(x)
b2(x) 0
, σ3
=0
0 u¯′(x)
−u′(x) 0
+
0 ia2(x)
−ib2(x) 0
=0⇒a2(x) =iu¯
′(x), b
2(x) =iu′(x),
(3.26)
substituindo (3.26) em (3.23)
W2(x) =
0 iu¯′(x)
iu′(x) 0
. (3.27)
Por fim, tendo obtido (3.25) e (3.27), s´o nos resta determinar W3, o qual obtemos a partir do
coeficiente do termo 1/λ2 em (3.21)
W2x(x)−
i
2[W3(x), σ3] +W1(x)
0 iu¯(x)
iu(x) 0
W1(x) = 0
0 iu¯′′(x)
iu′′(x) 0
− i 2
0 a3(x)
b3(x) 0
, σ3
+
0 u¯(x) −u(x) 0
0 iu¯(x)
iu(x) 0
0 u¯(x) −u(x) 0
=0
0 iu¯′′(x)
iu′′(x) 0
+
0 ia3(x)
−ib3(x) 0
+
0 iu¯(x)|u(x)|2
iu(x)|u(x)|2 0
=0
⇒a3(x) =−¯u′′(x)−u¯(x)|u(x)|2, b3(x) = u′′(x) +u(x)|u(x)|2,
(3.28)
substituindo (3.28) em (3.23)
W3(x) =
0 −¯u′′(x)−u¯(x)|u(x)|2
u′′(x) +u(x)|u(x)|2 0
Tendo determinado (3.25),(3.27) e (3.29), com estes podemos obter os coeficientes deZ at´e a terceira ordem junto com (3.16) e (3.18)
Zx(x, y|λ) =λU1 +U0(x)W(x|λ)⇒Z(x, y|λ) =λU1(x−y) +
Z x
y U0(z)W(z|λ)dz −i
∞
X
j=−1
Zj(x, y)
λj −λU1(x−y)− 1
λ
Z x
y U0(z)W1(z|λ)dz− 1
λ2
Z x
y U0(z)W2(z|λ)dz
− 1
λ3
Z x
y U0(z)W3(z|λ)dz+o
1
λ4
=0⇒
λ[−iZ−1(x, y)−U1(x−y)]−iZ0(x, y) +
1
λ
−iZ1(x, y)−
Z x
y U0(z)W1(z|λ)dz
+ 1
λ2
−iZ2(x, y)−
Z x
y U0(z)W2(z|λ)dz
+ 1
λ3
−iZ3(x, y)−
Z x
y U0(x, y)W3(z|λ)dz
+o
1
λ4
=0.
(3.30)
Desta forma, de modo direto, determinamos os coeficientes Zj, pois n˜ao h´a matrizes multiplicando os mesmos e ainda eles n˜ao se misturam, como no caso dos Wj. Como podemos ver, tomando de (3.30), os coeficientes dos termos de ordens λ,0,1/λ,1/λ2,1/λ3 respectivamente, temos
Z−1(x, y) =iU1(x−y) =
1 2
(x−y) 0 0 −(x−y)
Z0(x, y) = 0
Z1(x, y) = i
Z x
y U0(z)W1(z|λ)dz =
Rx
y|u(z)|2dz 0
0 −Rx
y|u(z)|2dz
Z2(x, y) = i
Z x
y U0(z)W2(z|λ)dz =
−iRx
y u¯(z)u′(z)dz 0
0 −iRx
y u(z)¯u′(z)dz
Z3(x, y) = i
Z x
y U0(x, y)W3(z|λ)dz =
−Rx
y(u′′(z)¯u(z) +|u(z)|4)dz 0
0 Rx
y(¯u′′(z)u(z) +|u(z)|4)dz
.
(3.31)
Com os Zj determinados podemos obter as quantidades conservadas por meio de (3.20), com as seguintes oberva¸c˜oes: tomamosy =−L e x=L em (3.31), pois a fun¸c˜ao geradora est´a associada a matriz de monodromia. Fizemos a expans˜ao da matriz de transferˆencia com rela¸c˜ao ao pontoλ→ ∞ e obtivemos a expans˜ao em termos de 1/λ (3.5).
Temos que (3.20) ´e uma matriz diagonal, devido ao fato de que a exponencia¸c˜ao das matrizes diagonais (que neste caso s˜ao os coeficientes (3.31)) ´e uma matriz diagonal. Naquele limite deλ→ ∞ em (3.20), os termos Z22
j n˜ao contribuem em (3.20), devido a exponencial. Desta forma
T(λ) = ln TrheZ(L,−L|λ)i=−iλL−i
λ
Z L
−L|u(x)|
2dx− 1
λ2
Z L
−Lu¯(x)u
′(x)dx+i 1
λ3
Z L
−L(¯u(x)u
e as primeiras quantidades conservadas s˜ao obtidas, a menos de um fator de −i
H1 =
Z L
−L|u(x)|
2dx
H2 =−
1
i
Z L
−Lu¯(x)u
′(x)dx
H3 =−
Z L
−L(¯u(x)u
′′(x) +|u(x)|4)dx
(3.32)
e atrav´es delas obtemos as equa¸c˜oes de movimento para as primeiras ordens da hierarquia. Tomando o caso espec´ıfico da terceira quantidade conservada, temos
ut(x, t) = {H3, u(x)}=−
Z L
−Ldz
hn
¯
u(z)uzz(z) +|u(z)|2, u(x)oi
=
Z L
−Ldzuzz{u(x),u¯(z)}+ 2
Z L
−Ldzu
2(z)¯u(z){u(x),u¯(z)}
=iuxx(x, t) +i2u(x, t)|u(x)|2,
(3.33)
que ´e a equa¸c˜ao NLS
Cap´ıtulo 4
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear com
um defeito integr´
avel
O estudo dos defeitos em modelos integr´aveis se deve primeiramente atrav´es do trabalho de [26] no contexto da mecˆanica estat´ıstica. Ainda no dom´ınio quˆantico outro ponto de vista foi desenvolvido por [51].
Iremos tratar do estudo de defeitos1 na teoria de campos cl´assicos em 1+1 dimens˜oes, que foi bem
desenvolvido nos ´ultimos 10 anos [16,17,22,21,23,24,29,7, 32, 8,31,30,19,20,4,5, 3]. Existem atualmente duas classes de defeitos conhecidos: os com δ-impuridade, o qual acaba por destruir a integrabilidade do sistema na maior parte dos casos2, e os com “saltos”, o qual se divide em dois
gˆeneros, o I e o II, que se diferem pela inclus˜ao de um campo auxiliar no caso do tipo-II. Tais defeitos s˜ao definidos em um n´umero finito de determinados pontos isolados no interior do dom´ınio dos campos, os quais s˜ao caracterizados pelo fato de campos distintos viverem em conjuntos disjuntos deste dom´ınio3, tal que a cadeia de campos ´e correlacionada atrav´es de transforma¸c˜oes de
B¨acklund “congeladas”4.
1Defeitos podem ser referidos tamb´em como condi¸c˜oes de fronteira interna [16].
2O estudo de impurezas na teoria cl´assica de campos em 1+1 dimens˜oes, o qual preserva a integrabilidade, j´a era
conhecido a muito tempo atr´as. Na investiga¸c˜ao do problema de fronteira sobre o semi-eixo do NLS, Sklyanin [58] usou uma redu¸c˜ao sim´etrica do problema auxiliar, o qual ´e chamado a equa¸c˜ao de NLS, com uma impuridade de spin. Isto foi usado em [14] para construir solu¸c˜oes de problemas de fronteira sobre o semi-eixo e o intervalo utilizando a geometria alg´ebrica. Habibullin [41] utilizou outro modo para derivar condi¸c˜oes de fronteira integr´aveis baseado sobre o uso das transforma¸c˜oes de B¨acklund associada a equa¸c˜ao n˜ao linear do problema. Todas as abordagens s˜ao equivalentes `a impuridade representada pela matriz de Lax L [14], que joga a regra da condi¸c˜ao inicial para uma matriz na transforma¸c˜ao de B¨acklund. Em [15] no formalismo da matrizr´e mostrado no caso da equa¸c˜ao de NLS e uma condi¸c˜ao de fronteira mista em x= 0, a rela¸c˜ao das condi¸c˜oes de fronteira com a transforma¸c˜ao de B¨acklund. Recentemente temos uma continua¸c˜ao nesta linha [67], o qual ´e encontrada uma nova fronteira integr´avel.
3Cada subconjunto do dom´ınio que forma estes conjuntos disjuntos ser´a definido pelo intervalo entre dois pontos
pr´oximos de defeito.
Por fim, as transforma¸c˜oes de B¨acklund podem ser constru´ıdas do ponto de vista hamiltoniano [37] e as mesmas surgem de modo natural pelo m´etodo SOV (separa¸c˜ao de vari´aveis) de Sklyanin [59]. Sklyanin e Kusnetsov [60] mostraram que a partir das transforma¸c˜oes de B¨acklund era poss´ıvel construir o operador Q de Baxter, o qual foi introduzido pelo mesmo para resolver o modelo de 8-v´ertices [11], portanto, ´e natural pensarmos que se possam construir Q operadores a partir de defeitos, assim como obter novas condi¸c˜oes de fronteira tanto no contexto cl´assico como no quˆantico.
4.1
O modelo de Schr¨
odinger n˜
ao linear discreto com um
defeito integr´
avel
Desenvolveremos o estudo de defeitos, primeiramente atrav´es da an´alise do modelo discreto de NLS no c´ırculo5, neste aplicaremos a condi¸c˜ao de um defeito [29], representado pela matriz de defeito D
Dn(λ) =λI+
αn βn
γn −αn
, (4.1)
referente a posi¸c˜ao n no interior da cadeia, se tratando da aplica¸c˜ao de um defeito integr´avel apenas nesta posi¸c˜ao. Temos que as outras part´ıculas na cadeia s˜ao representadas atrav´es da matriz de Lax local (3.2). Desta forma, para este modelo, nossa matriz de monodromia para esta cadeia de comprimento N ´e
T(λ) =
x
Y
n−1≤j≤N
Lj(λ)Dn(λ)
x
Y
1≤k≤n+1
Lk(λ), (4.2)
sendo que a matriz de monodromia (4.2) ´e uma representa¸c˜ao da ´algebra de Sklyanin (2.13). Assim, pela propriedade de comultiplica¸c˜ao,Lsatisfaz a representa¸c˜ao da mesma ´algebra (2.10) paraj, k 6=n
e consequentemente a matriz de defeito tamb´em
{Dn1(λ), Dn2(µ)}=hr12(λ−µ), D1n(λ)D
2
n(µ)
i
, (4.3)
onde r ´e dado em (3.1). Assim mudan¸cas ocorrem nas quantidades conservadas com rela¸c˜ao ao mesmo modelo e as equa¸c˜oes de movimento no ponto de defeito localizado na posi¸c˜ao n da cadeia.
Desta forma, dado que temos (4.3) e utilizando os resultados do apˆendice B, fazendo An(λ) ≡
αn+λ, Bn(λ) ≡ βn, Cn(λ) ≡ γn e Dn(λ) ≡ −αn+λ, temos as seguintes rela¸c˜oes de comuta¸c˜ao obtidas a partir de (B.4),(B.5), (B.6) e (B.7) respectivamente
{an, an}= 0, {αn, βn}=βn, {αn, γn}=−γn, {βn, γn}= 2αn, (4.4)
´e v´alida nos respectivos pontos onde se localizam os defeitos, se a transforma¸c˜ao fosse v´alida para todo o intervalo no respectivo modelo sem defeitos esta caracterizaria as transforma¸c˜oes de B¨acklund do mesmo.