Física I
Rotações de Corpos Rígidos
1
0
semestre, 2011
Professor: Rogerio M. de Almeida
email:
rmenezes@id.uff.br
Sala: C9
https://sites.google.com/site/rogeriomenezesdealmeida/
: constante característica do par (i, j)
Movimento de um corpo rígido
Vamos abandonar o modelo de
partícula
: passamos a levar em
conta as dimensões do corpo, introduzindo o conceito de
corpo rígido
(
CR
): é aquele em que a distância entre
quaisquer
dois de seus pontos
é constante. Sendo
i
e
j
dois pontos quaisquer de um
CR
:
ij ij
c
r
=
ij
c
: constante característica do par (i, j)O tipo mais geral de movimento de um
CR
é uma combinação de
uma translação com uma rotação. Neste capítulo consideraremos
apenas o caso de rotação de um
CR
em torno de um
eixo fixo
, como é
o caso do movimento de roldanas, rotores, CDs, etc.
Excluiremos, por exemplo, movimentos como o do Sol (não
rígido) ou o de uma bola de boliche, cuja rotação se dá em torno de
um eixo que não é fixo (rolamento).
Rotação de um corpo rígido
Queremos estudar a rotação de um
corpo
rígido
em torno de um
eixo fixo
. O eixo fixo é
denominado
eixo de rotação
.
Por conveniência,
vamos tomar o eixo
z
y
de rotação (fixo) como sendo o eixo
z
.
O eixo de rotação
não precisa ser
um dos
eixos de simetria
do corpo.
É conveniente escolher uma
linha de referência (arbitrária)
presa ao corpo, perpendicular ao eixo
z,
para definir as variáveis
angulares em relação a ela.
θ
x
Variáveis rotacionais
A posição da linha de referência (fixa ao corpo) define o
ângulo de
rotação
do corpo rígido em torno do eixo. é a
posição angular
do
corpo rígido.
O
sentido da rotação
é dado pela
regra da mão direita
.
a) Posição angular
θ
θ
negativo positivo
z
Variáveis rotacionais
•
Cada ponto
do corpo rígido executa um
movimento circular
de raio
r
em torno do eixo.
• distância percorrida pelo ponto:
y
x
z
θ
s
s r
(
θ
em
radianos
)
θ
r
s
=
b) Deslocamento angular
xb) Deslocamento angular
1 θ
2
θ ∆θ
x
y
r
z
• O deslocamento angular é definido como:
1 2
θ
θ
θ
=
−
∆
Esta variável tem
módulo
( ) ,
direção
e
sentido
( )
a ela associados.
θ
∆
z
ˆ
Variáveis rotacionais
Não podemos associar um vetor a uma rotação, pois vetores devem obedecer às regras da soma vetorial, o que não acontece com as rotações.
Por exemplo, a soma vetorial é comutativa ( ), mas duas rotações sucessivas feitas em ordens diferentes dão resultados diferentes!
O exemplo ao lado mostra duas rotações sucessivas
A B B
A+ = +
O exemplo ao lado mostra duas rotações sucessivas de em torno dos eixos x e y nas duas ordens possíveis:
o resultado final depende da ordem!
2 /
π
Então:
não é um vetor!
x
y
y
x
ˆ
2ˆ
2ˆ
1ˆ
1
θ
θ
θ
θ
+
∆
≠
∆
+
∆
∆
(a menos que os
ângulos de rotação
sejam
infinitesimais
)
.
z
ˆ
Deslocamento angular:
Velocidade angular (
escalar
) média
c) Velocidade angular
Variáveis rotacionais
ω
n zˆ≡ ˆ
r ∆ = θ ω
)
(
)
(
)
(
t
θ
t
t
θ
t
θ
=
+
∆
−
∆
Velocidade angular instantânea
(vetor)
Deslocamento angular em torno de :
) (t
θ
) (t+∆t
θ ( )
t θ ∆ x y n dt d n t
t ˆ ˆ
lim 0
θ
θ
ω
= ∆ ∆ = → ∆A velocidade angular é uma característica do corpo como um todo e não somente de um ponto particular nele situado
.
n
ˆ
t ∆ ∆ = θ ω∫
′ ′ = − 2 1 ) ( ) ( )( 2 1
t t t d t t
t θ ω
Exercício
9.1 – O volante do protótipo de um motor automotivo está sendo testado. A posição angular θ deste volante é dada por
O diâmetro do volante é igual a 0,36 m. (a) Ache o ângulo θ, em radianos e em graus, nos instantes t1=2,0 s e t2=5,0 s. (b) Ache a distância percorrida por uma partícula na periferia do volante nesse intervalo de tempo. (c) Calcule a
velocidade angular média, em rad/s e em ver/min (rpm), entre t =2,0 s e t =5,0 s.
3 3
)
/
0
,
2
(
rad
s
t
=
θ
Exemplo 1
Cálculo da velocidade angular da Terra em torno do seu eixo.
5
2 rad
π
6, 28 rad
rad
ω
=
=
=
×
−A Terra completa uma revolução a cada
23h56min (dia sideral).
O módulo da sua velocidade angular é
5
2 rad
6, 28 rad
rad
7, 23
10
dia
86160 s
s
π
ω
=
=
=
×
−e a sua direção aponta para o
norte
ao
longo do
eixo de rotação
, cujo
período de
precessão é de aproximadamente 26.000 anos
(analisaremos a questão da precessão mais
tarde).
Variáveis rotacionais
Variação da velocidade angular
Aceleração angular média
c) Aceleração angular
)
(
)
(
t
t
ω
t
ω
ω
=
+
∆
−
∆
t
∆
∆
=
ω
α
d
ω
ω
∆
na direção fixa ( ):
A aceleração angular instantânea é um vetor paralelo a quando o
eixo de rotação é
fixo
!
Aceleração angular instantânea
Velocidade angular em função de
2
' '
2 1
( )
( )
( )
t
t
t
t dt
ω
−
ω
=
∫
α
ω
∫
=
−
2 1 ' ' 12
)
(
)
(
)
(
t tdt
t
t
t
ω
α
Variáveis rotacionais
Exercício
9.2 – No exemplo 9.1, verificamos que a velocidade angular instantânea do volante em qualquer instante t é dada por
(a) Ache a aceleração angular média entre t1=2,0 s e t2=5,0 s. (b) Ache a aceleração angular instantânea para t2=5,0 s.
2 3
)
/
0
,
6
(
rad
s
t
z
=
Cinemática angular
Movimento circular uniformemente acelerado
α
é cte!
Dadas as condições iniciais:
Em capítulo anterior já estudamos o movimento circular uniforme.
Vamos estudar agora o
0 0
2
1
=
0
e
t
=
t
→
θ
(
0
)
=
θ
e
ω
(
0
)
=
ω
t
Temos, para
α
constante:
Comparando com as variáveis do movimento linear:
0 0 2 1)
(
2
2
1
)
(
;
)
(
0 2 0 2 2 0 0 0θ
θ
α
ω
ω
α
ω
θ
θ
α
ω
ω
−
+
=
+
+
=
+
=
t
t
t
t
t
)
(
)
(
);
(
)
(
);
(
)
(
t
↔
x
t
ω
t
↔
v
t
α
t
↔
a
t
Exercício
Pião sujeito à aceleração angular
α
(
t
)
=
5
t
3+
−
4
t
Condições iniciais
:
ω
(0)
=
5 rad/s e
ϕ
(0)
=
2 rad
Calcular e .
ω
(
t
)
θ
(
t
)
4
2
( )
5 5
2
(rad/s)
4
t
t
t
ω
= +
−
5 3
( ) 2 5
2
(rad)
4
3
t
t
t
t
Relação com as variáveis lineares
•
Posição
θ
r
s
=
•
Velocidade
θ
d
ds
z
ω
v
r
ω
θ
r
dt
d
r
dt
ds
v
=
=
=
é tangente à trajetória no ponto
considerado
r
v
=
ω
×
x
s
y
Em módulo:
v
=
ω
r
v
θ
Relação com as variáveis lineares
•
Aceleração
=
×
=
=
(
r
)
dt
d
dt
v
d
a
ω
dt
r
d
r
dt
d
×
+
×
=
ω
ω
yˆzˆ θ r ω
v
t a N a αdt
r
dt
×
+
×
=
ω
v
r
r
a
t=
α
×
=
α
ˆ
r
r
r
v
a
N=
ω
×
=
ω
×
(
ω
×
)
=
−
ω
2ˆ
t
a
a
Né o vetor unitário tangente à trajetória;
é o vetor unitário na direção que vai do eixo de rotação até a
partícula (
versor da direção radial
)
v
ˆ
r
ˆ
(em módulo: )
a
t=
α
r
(em módulo: )
a
N=
ω
2r
xˆ
Exercício
9.4 – O lançador de um disco faz o disco se mover ao longo de uma
circunferência de raio igual a 0,80 m. Em um dado instante, o lançador gira com velocidade escalar angular de 10,0 rad/s, que aumenta a 50 rad/s2. Nesse
Exercício
9.5 – Você foi solicitado para projetar a hélice de um avião que deve girar a 2400 rpm. A velocidade do avião deve ser de 75,0 m/s (270 km/h), e a
velocidade da extremidade da lâmina da hélice não pode superar 270 m/s (isto é cerca de 0,80 vezes a velocidade do som no ar.Se as extremidades das lâminas se deslocassem com a velocidade do som, elas poderiam produzir uma enorme quantidade de ruído.)
(a) Qual é o raio máximo que a hélice pode ter?
Engrenagens de uma bicicleta
9.6 – Como relacionar as velocidades angulares das duas rodas dentadas de uma bicicleta com o número de dentes de cada roda dentada?
traseira frontal
frontal traseira
N
N
=
No corpo em rotação, todos os pontos, exceto
os radiais, têm mesma velocidade angular . Então:
Energia Cinética de rotação
A energia cinética de um corpo em rotação é a soma:
2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 2 1 .... 2 1 2 1 i i n n v m v m v m v m K
∑
= = + + =ω
i vos radiais, têm mesma velocidade angular . Então:
ω
2 2
2
(
)
2
1
)
(
2
1
ω
ω
i i i
i
r
m
r
m
K
=
∑
=
∑
A grandeza entre parênteses é definida como o
momento de
inércia
I
do corpo em relação ao eixo de rotação. Isto é:
2
i i
r
m
I
=
∑
ou:
22
1
ω
I
Cálculo do momento de inércia
No caso de partículas puntiformes:
r
No caso de uma distribuição
contínua de massa:
,
2
∫
=
r
dm
I
dm 2 i ir
m
I
=
∑
,
2
∫
=
r
dm
I
é uma massa infinitesimal,
dm
=
volume
um
em
:
superfície
uma
em
:
fio
um
em
:
dV
ds
dl
dm
ρ
σ
λ
onde
que pode ser a de um fio, a de uma superfície ou a de um volume:
:
densidade linear de massa:
densidade superficial de massa:
densidade volumétrica de massaλ
σ
Cálculos de momento de inércia
Exemplos:
θ
π
π
λ
RdR M dm R M 2
2 ⇒ =
= Rdθ
θ d R dl= 2
M
πa) Anel de raio
R
e massa
M
uniformemente distribuída
M 2 2 0 2 22
d
MR
M
R
dm
R
I
=
∫
=
∫
θ
=
π
π
b) Disco de raio
R
e massa
M
(idem)
dr r R M dA dm R M
π
π
σ
π
σ
= 2 ⇒ = = 2 22 0 4 2 2 0 2 2
2
1
4
2
2
MR
r
R
M
dr
r
R
M
r
dm
r
I
R R=
=
=
=
∫
∫
R r dr dr r dA=2πdm
Exercício
9.11 – A figura mostra uma barra delgada uniforme de massa M e comprimento L. Ela poderia ser, por exemplo, a batuta de um maestro. Determine o seu
Exercício
9.12 – A figura mostra um cilindro oco e uniforme de comprimento L, raio interno R1 e raio externo R2. Esse objeto poderia ser um cilindro de aço para máquina de impressão ou um cilindro para laminação de aço. Calcule o
momento de inércia em relação ao eixo de simetria do cilindro.
Exercício
O teorema dos eixos paralelos
Se conhecermos o momento de inércia
I
CMde um corpo em relação
a um eixo que passa pelo seu centro de massa, podemos
facilmente determinar
I
pdo corpo em relação a um eixo paralelo que
passa por um ponto
P
a uma distância
d
.
2
Md
I
Exercício
9.8 – Um cabo leve, flexível e não deformável é enrolado diversas vezes em
torno da periferia de um tambor, um cilindro maciço com diâmetro de 0,120 m e massa igual a 50 kg, que pode girar em torno de um eixo estacionário horizontal mantido por mancais sem atrito. A extremidade livre do cabo é puxada com uma força constante de módulo igual a 9,0 N, deslocando-se por uma distância de 2,0 m. Ele se desenrola sem deslizar e faz o cilindro girar. Se o cilindro inicialmente está em repouso, calcule sua velocidade angular e a velocidade escalar final do cabo.
Exercício
Energia Potencial Gravitacional para um
corpo com massa distribuída
g
y
m
y
m
gy
m
gy
m
U
=
1 1+
2 2+
...
=
(
1 1+
2 2+
...)
cm
mgy
Movimento linear velocidade linear aceleração linear força resultante dt dx v= dt v d = α a m F i i=
∑
Movimento de rotação (eixo fixo)
velocidade angular aceleração angular torque resultante t α ω ω= +
α τ I i i=
∑
dt dω α= dt dθ ω=Equações dos movimentos linear e rotacional
t a v v= +
a = constante
trabalho energia cinética potência ) ( 2 0 2 0 2 x x a v
v = + −
∫
=
f i x xdx
F
W
2 2 1 v m K=v
F
P
=
constante =α
t α ω ω= 0+2 0 0 2 1 t t α ω θ
θ= + +
) (
2 0
2 0
2 ω α θ θ
ω = + −
∫
=
f id
W
θ θθ
τ
trabalho energia cinética potência 2 2 1 ω I K=ω
τ
=
P
t a v v= 0+2 0 0 2 1 t a t v x
x = + +