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POLÍTICAS PÚBLICAS E O GESTOR DA EDUCAÇÃO NA UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE

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POLÍTICAS PÚBLICAS E O GESTOR DA EDUCAÇÃO NA UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE

Rita de Cássia Oliveira – UEPG soliveira13@uol.com.br1

Flávia da Silva Oliveira – UNIÃO2 flasoliveira@uol.com.br

Resumo: Na atual sociedade do conhecimento, aliada ao envelhecimento populacional

brasileiro, surge o espaço de atuação do gestor da educação na Universidade Aberta para a Terceira Idade (UATI). Enquanto política pública, o Estatuto do Idoso prescreve no seu artigo 25 o estímulo à criação de universidades abertas para essa faixa etária. A pesquisa realizada foi qualitativa, descritiva e interpretativa. Objetivou identificar o papel e a relevância da intervenção sócio-educativa do gestor da educação na UATI/UEPG, um espaço carente de iniciativas diante das demandas que cada vez mais se ampliam.

Palavras-chave: políticas públicas; gestor da educação; universidade aberta.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é uma tendência mundial, deixou de ser preocupação apenas dos países desenvolvidos, onde inicialmente se manifestou. No Brasil, o fenômeno também é evidenciado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em nosso país, atualmente são 15 milhões de idosos, cerca de 9% da população, com perspectiva de no ano 2025 possuir um contingente de 34 milhões de idosos, cerca de 15% da população, será o sexto país mais idoso do mundo, perdendo para Suécia, França, Estados Unidos, Uruguai, Argentina, China. Essa mudança demográfica exige diferentes percepções e um novo olhar sobre a velhice e sobre o processo de envelhecimento.

Segundo Oliveira (1999, p.127) “É fato consumado o envelhecimento populacional do País, que sucede de maneira rápida, embora pouco se tenha feito em resposta a essa evidência, mesmo diante do alerta silencioso e impotente da própria população idosa”.

O Brasil ainda não equacionou satisfatoriamente a situação do idoso e suas necessidades refletidas pela baixa prioridade atribuída à Terceira Idade.

Percebe-se que o envelhecimento populacional do Brasil ocorre em razão de alguns aspectos: o aumento da expectativa de vida, a

1 Pedagoga e Gerontóloga. Doutora em Educação pela Universidade de Santiago de Compostela. Professora do Mestrado em Educação na UEPG. Coordenadora da Universidade Aberta para a Terceira Idade na UEPG.

2 Advogada. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas na UEPG. Professora e Coordenadora do Curso de Direito na Faculdade União , professora da Universidade Aberta para a Terceira Idade na UEPG.

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diminuição da taxa de fecundidade, atribuída em grande parte aos avanços da medicina, e a busca de oferecer melhores condições de vida à população em termos de moradia, saneamento básico, alimentação, transporte, embora ainda exista muito o que fazer (OLIVEIRA, 1999, p.131).

Ao mesmo tempo em que a ciência desenvolve instrumentos capazes de prolongar a vida do homem, oferecendo recursos tecnológicos, de proteção e segurança, a sociedade desestimula a participação da população idosa nos processos socioeconômicos e culturais de produção, decisão e integração social.

O processo desordenado de desenvolvimento determina problemas sociais graves e afeta sensivelmente a estrutura socioeconômica e política. É nesse quadro que situam as questões relativas à velhice no Brasil.

Definir velhice, em tempos de quebra de paradigmas é um desafio. Há quem faça uso dessa palavra para designar algo ou alguém fora de moda, sem utilidade ou ainda, improdutivo. Felizmente, essa visão pejorativa do termo vem sendo sobreposta por uma concepção mais ampla, onde fatores como o cronológico, biológico, psicológico e social devem ser analisados. (OLIVEIRA, 1999).

A longevidade é a aspiração de todo ser humano, contudo quando ela se apresenta traz consigo novos medos, incertezas e dificuldades provenientes de ações sócio-políticas deficitárias. Atitudes vindas de uma experiência de vida carente de uma educação de qualidade, que permita aos cidadãos se prepararem para uma vida futura saudável e digna.

A presente pesquisa teve com objetivo identificar o papel e a relevância da intervenção sócio educativa do gestor da educação na Universidade Aberta para a Terceira Idade (UATI). Para isso propiciou-se uma reflexão sobre as diferentes concepções sobre a velhice, e um breve relato sobre o Curso da UATI/UEPG.

A pesquisa utilizou-se da metodologia qualitativa, descritiva e interpretativa. DIFERENTES PERCEPÇÕES SOBRE A VELHICE

Segundo Oliveira (1999) se efetuada uma análise sob uma perspectiva histórica, pode-se compreender que o idoso é ligado a temporalidade, uma invenção social e culturalmente estabelecida, devendo ser superada a visão reducionista ligada apenas ao critério cronológico.

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Segundo Moody (1989), pode-se considerar quatro modelos de percepção relacionadas com aos idosos. São, na realidade, 4 concepções ou estágios no âmbito cultural e social com respeito a atitude frente ao tema.

O primeiro estágio denominado repulsão refere-se as atitudes negativas praticadas na sociedade sobre o envelhecimento. A sociedade capitalista baseia-se na produtividade visando essencialmente o lucro. Nesse contexto, o idoso é considerado improdutivo e excluído do sistema de produção. Sob esse aspecto repousa de maneira inconsciente a justificativa para muitos procedimentos inadequados e injustos vitimando os idosos, entre eles, a educação que pouco contempla essa faixa etária por não acreditar em um retorno futuro.

O segundo estágio refere-se a forma de percepção relacionada com os serviços sociais. Trata-se do entretenimento, mantendo os idosos ocupados pela atividade dentro de uma perspectiva não de produtores mas de consumidores dentro da sociedade. Refere-se, portanto, a diferentes maneiras de ocupar os idosos no seu tempo de lazer através de atividades diversificadas.

O terceiro estágio refere-se à participação, preparando-os para assumirem novos papéis ativos e desafiando estereótipos que buscam definir negativamente a terceira idade de forma apriorística. A atividade criteriosamente selecionada se converte em condição fundamental para uma vida com êxito.

A educação assume papel relevante nesse modelo como condição para permitir ao idoso viver e acompanhar as constantes evoluções da sociedade , adaptando e participando ativamente desse ritmo acelerado de mudanças. Esse terceiro modelo reforça a participação e integração do idoso na sociedade repudiando a segregação e o isolamento da população idosa.

O quarto estágio é o da auto-realização. A terceira idade é descrita como um período de crescimento, de criatividade com avanços respaldados na experiência acumulada ao longo dos anos de vivência do indivíduo. É vista como um período com características próprias quando muitos projetos e atividades que até então não haviam sido realizados acenam para a concretização, buscando a satisfação pessoal, o crescimento e as mudanças psicológicas.

Pela valorização da criatividade e crescimento, a deterioração intelectual não é atribuída à idade mais avançada, mas é considerada uma questão de diferenças individuais. Por isso, as atividades e a participação social são aspectos relevantes que possibilitam a melhoria do perfil funcional dos indivíduos dessa faixa populacional.

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Portanto, a juventude e a velhice não são concepções absolutas, mas interpretações sobre o percurso da existência e, dessa maneira são passíveis de transformações.

A EDUCAÇÃO PERMANENTE E A TERCEIRA IDADE: ASPECTOS LEGAIS “A tendência no Brasil é valorizar aquilo que é novo e desprezar o que é velho” (OLIVEIRA, 1999, p.62). A própria educação faz o velho se sentir um objeto fora de uso.

Dessa realidade emerge a necessidade de programas alternativos que garantam maior qualidade de vida para essa população.

Não se trata apenas de uma preocupação da sociedade política, mas também da sociedade civil que precisa se conscientizar do envelhecimento da população brasileira.

Embora exista a Lei 8842 94 que define a Política Nacional do idoso, pouco foi feito efetivamente para a implementação da referida Lei.

Segundo Fernandes (1999) se a sociedade brasileira proporcionasse aos cidadãos mais velhos um tratamento e a consideração dispensada aos adultos, eliminar-se-ia os estatutos especiais para os idosos. Deste modo, segundo o autor, tornou-se necessária a criação do Estatuto do Idoso, sancionado em 2003, que veio resgatar os princípios constitucionais que garantem aos cidadãos idosos direitos que preservem a dignidade da pessoa humana, sem discriminação de origem, raça, sexo, cor e idade.

Há falta de vontade política, acusação feira por estudiosos e profissionais responsáveis quanto aos 20 anos de expectativas de atitudes governamentais em favor do público idoso, sendo colocado como prioridade por alguns apenas em suas

campanhas eleitorais, segundo Fernandes (1999).

Considera-se idoso, o indivíduo acima de 60 anos, conforme prescreve o Estatuto do idoso ( Lei 10.741 -03). O referido Estatuto prevê em seu capítulo V, artigo 20, ter o idoso o direito á educação,e, em seu artigo 21 rege que o Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.

Esses artigos demonstram o reconhecimento da educação permanente como instrumento eficiente para a valorização do idoso como um cidadão atuante e participativo.

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A educação emerge como uma alavanca para o fortalecimento da auto estima e da integração dos idosos na sociedade, procurando transpor as limitações e os preconceitos que aprioristicamente são impostos a essa faixa etária (NERI, 2004).

Embora prescrito no Estatuto a criação de Universidades Abertas para a Terceira idade, percebe-se a inexistência de um espaço educacional para essa clientela, um lugar adequado que se busque o aprimoramento do conhecimento, a busca de novos conhecimentos, visando a promoção do ser humano. (LIMA, 2000).

A educação permanente se apresenta como a necessidade de ampliar a participação dos indivíduos na vida social e cultural, visando a melhoria nas relações interpessoais, qualidade de vida, compreendendo o mundo e tendo esperança de futuro. Pela educação permanente assume-se uma nova concepção de vida humana, cujo princípio central é só aprender a ser, mas principalmente viver para aprender, interagindo com quem está ao seu redor.

Segundo Gadotti (1984) a educação permanente é a necessidade de uma educação que se prolonga durante toda a vida, uma necessidade de continuar constantemente a formação individual.

Complementando, Garcia (1994) ressalta que a idéia de totalidade é a que melhor exprime o ponto de partida da educação permanente, na medida em que focaliza o homem em toda a sua dimensão, imerso em uma realidade social.

Pensar na educação para idosos é pensar em instrumentos para a melhoria na qualidade de vida desses segmento etário.

O fenômeno educativo deve ser entendido como uma prática social situada historicamente em uma realidade total; dependendo do projeto de homem e de sociedade que se deseja construir, a educação pode ser trabalhada dentro de uma perspectiva ingênua ou crítica, dentro de uma perspectiva que vise alienar ou libertar os seres nela envolvidos, surgindo como instrumento eficaz na criação do tipo de homem e de sociedade idealizada (OLIVEIRA, 1999).

Dentro dessa perspectiva da educação permanente e sendo a universidade um lugar por excelência para o aprimoramento, a pesquisa, a busca do conhecimento e também a democratização do saber, timidamente surge em seu âmago um espaço educacional para essa clientela.

A UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE (UATI): RESGATANDO O DIREITO DOS IDOSOS À EDUCAÇÃO

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As universidades assumindo também a tarefa de desenvolvimento cultural do segmento idoso, ampliam o seu compromisso social, integrando os que se encontram à margem do processo de desenvolvimento, exclusão convencionada à idade e, por conseguinte, levando-os a usufruir os bens advindos desta proposta.

Cumprindo com a legislação brasileira, em especial com o Estatuto do Idoso, e as funções que são atribuídas às universidades: ensino, pesquisa e extensão, são oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior programas como formas alternativas de atendimento ao idoso e também aos indivíduos que vão envelhecer, visando além de uma valorização, uma maior conscientização da sociedade em geral a respeito do processo de envelhecimento da população no país.

Os programas para a terceira idade não devem assumir uma conotação meramente assistencialista ou de lazer porque de certa maneira não deixam de ser uma forma sutil de marginalizar e alienar essa clientela na sociedade. Deve ser privilegiada a aprendizagem, por um lado se confrontando com o rompimento do preconceito de que os idosos tem menor capacidade de aprendizagem e por outro lado, fazendo emergir a aprendizagem com sabor de conquista, de vitória, elevando a auto estima e imagem do idoso, além de aguçar o sentido de utilidade, aprimorando a capacidade crítica, a liberdade de expressão e participação desse segmento da população.

Os diferentes programas oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior são formas alternativas de atendimento ao idoso, visando além da valorização dessa clientela, maior conscientização da sociedade em geral a respeito do processo de envelhecimento da população do nosso país que é uma realidade (BOTH, 2003).

UM POUCO DA HISTÓRIA DA UATI/UEPG

A UATI, criada em 1992, fundamenta-se na concepção de educação permanente e auto realização do idoso. Estrutura-se com abordagem mulltidisciplinar, priorizando o processo de valorização humana e social da terceira idade, analisando constantemente a problemática do idoso nos diversos aspectos; biopsicológicos, filosóficos, político, espiritual, religioso, econômico e sóciocultural. Preocupa-se em proporcionar ao idoso melhor qualidade de vida, tornando-o mais ativo, alegre, participativo e integrado à sociedade. Possibilita a aquisição de conhecimentos e informações em diferentes áreas apoiada na educação permanente.

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Com a inserção do idoso na comunidade universitária, a integração entre gerações ocorre necessariamente, fomentando debates sobre as questões que envolvam essa faixa etária, analisando preconceitos e discriminações ora sustentados socialmente e que se apresentam sem fundamentação científica.

O próprio idoso, ao se conscientizar de seu espaço na sociedade, terá de si mesmo uma visão mais otimista, considerando-se produtivo, útil, capaz de muito ainda colaborar para a sociedade na qual está inserido.

Os objetivos a serem alcançados pela UATI, segundo Oliveira (1999, p.242) são:

- Oportunizar a atualização cultural nos aspectos filosóficos, históricos, políticos, econômicos, biopsicológicos e gerontológicos;

- resgatar a valorização do idoso; - ampliar o convívio social do idoso;

- valorizar experiências de vida e profissional, especialmente dos aposentados e donas de casa, contribuindo efetivamente como monitores nas ações comunitárias;

- promover a melhoria na qualidade de vida do idoso.

Basicamente a UATI estrutura-se em disciplinas teóricas e práticas, totalizando 240 horas, ao longo de três semestres letivos, seguindo o calendário universitário.

As disciplinas teóricas abordam as diferentes dimensões humanas e sociais, apresentadas por diferentes profissionais em suas áreas específicas, entre elas: sociologia, filosofia, psicologia, direito, previdência social, história, geografia, relações humanas, educação, esoterismo, política, economia, medicina, fisioterapia, odontologia, nutrição, jornalismo, turismo, educação física e meio ambiente.

As disciplinas práticas envolvem diferentes atividades, como: dança de salão, natação, hidroginástica, biodança, ioga, relaxamento e alongamento, atividades esportivas, informática, francês, espanhol, inglês, oficina da comunicação, pintura, artesanato, seresta e teatro.

O currículo é organizado de maneira interativa, conforme as opções dos próprios idosos, sendo as disciplinas teóricas de caráter obrigatório e as práticas de caráter optativo.

Existe ainda o Grêmio da Universidade Aberta para a Terceira Idade (GUATI), com regulamento próprio e diretoria organizada que, sob a coordenação do Programa, organiza viagens e festas ao longo do ano. Entre as principais festividades registram-se:

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Festa dos Calouros, Festa do Dia das Mães, Festa Junina, Festa da Primavera e Festa Natalina.

A UATI, constituindo-se em um Programa que continuamente é avaliado, reestruturado conforme as necessidades e exigências que se apresentam, incrementou-se com o estágio de Inserção Comunitária, libertando da idéia de oferecer aos idosos apenas lazer ou passeios na comunidade, mas respaldados pela idéias de educação permanente que sempre norteou esse Programa, além do apoio na teorias anteriormente abordadas, elaborou-se um elenco de atividades nas quais os idosos, além de se manterem ativos, realizam também atividades de pesquisa e de inserção na comunidade.

O Estágio realizado na UATI, constitui o último semestre letivo do Programa, onde são programadas atividades como visitas a diversas instituições, entre elas: hospitais, asilos, creches, grupos de convivência de idosos. São realizadas entrevistas para detectar as reais necessidades de cada local e depois desenvolvem-se atividades filantrópicas, assistenciais, recreativas, visando uma socialização e integração.

Hoje o Curso possui 15 anos de duração, de muito sucesso e reconhecimento pela comunidade acadêmica e pela sociedade em que está inserido.

A fim de que os objetivos do curso sejam alcançados a UATI-UEPG formou um quadro de docentes de diversas áreas do conhecimento. Sabe-se que o estudante dessa faixa etária tem várias características específicas, que exigem do docente habilidades e preparo especiais. As chamadas questões sociais da velhice ou eventuais frustrações geradas pelo envelhecimento em nível individual, passa por providências a nível educacional.

O PAPEL DO GESTOR EDUCACIONAL NA UATI

O papel do gestor surge como relevante, a medida em que a clientela possui características diferentes, pela própria faixa etária e com isso exigem atitudes diferenciadas do gestor.

O gestor desse programa deve estar continuamente avaliando as relações que se estabelecem para manter, com cordialidade, as estratégias necessárias para atingir os objetivos estabelecidos. Trata-se de uma reflexão sobre o próprio processo de envelhecimento e de auto educação na busca de conhecimentos, reforçando relação de diálogo e dialética com os professores e com os idosos.

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Sabe-se que a visão que a sociedade e o gestor, em especial, possui da velhice é determinante para as ações que irá estabelecer com relação aos programas voltados para essa faixa etária. A velhice, enquanto etapa da vida, se reveste de complexidade política, social, econômica, física, psicológica, enfim de diferentes dimensões que exige fundamentação teórica e científica. A atualização, a busca por conhecimentos e referenciais teóricos sobre a velhice e o processo de envelhecimento são indispensáveis para a boa atuação do gestor, capaz de implementar e operar transformações necessárias para a melhor integração social dessa faixa etária.

Portanto, uma perspectiva abrangente da educação enquanto possibilidade de autoconhecimento e maior inserção social, além de competência teórica sobre o assunto, reforçada pela liderança e criatividade principalmente no que se refere as oportunidades e alternativas de atividades oferecidas para o idoso, constituem quesitos indispensáveis para o gestor que atua com essa faixa etária. O idoso precisa ter vez e voz, relatar suas experiências e ser ouvido, participando de uma gestão colegiada que atenda aos seus interesses.

Esses diferentes aspectos devem estar presentes no olhar do gestor porque hoje emerge um novo idoso, mais ativo, participativo, valorizado, conhecedor de seus direitos e deveres como cidadão.

Os idosos possuem uma escala de valores cristalizadas e continuamente devem ser estimulados para adquirirem conhecimentos e se atualizarem, ferramentas importantes para se integrarem à sociedade que apresenta um ritmo acelerado de mudanças. Viver do passado e de memórias condena o idoso à marginalização.

O gestor deve praticar a construção do conhecimento e a dialogicidade e dentro da atitude reflexiva que possui se revelar educador, num processo de formação contínua e prazerosa, afinal, "A essência da busca é a mesma em todos, continuar a aprender sobre o mundo e si mesmo, porque viver é aprender continuamente" (KACHAR, 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora esses programas das universidades abertas para a terceira idade cada vez mais estejam se proliferando na sociedade brasileira, ainda torna-se necessária a sensibilização da população e do poder político para o problema da velhice que hoje está subordinado a outros problemas sociais e que, de certa forma, a poucos interessa.

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Muitas são as especulações e infelizmente profissionais, embora com conhecimentos sobre educação, mas sem a devida preparação teórica e prática com essa faixa etária, vem desempenhando com ineficiência atividades educativas em diversos programas para essa faixa etária.

A formação gerontológica constitui questão indispensável para o profissional que busca atuar em programas com idosos. Atualmente são oferecidos cursos que possibilitam uma adequada qualificação na área da gerontologia, em diversos níveis, os quais auxiliarão aos profissionais que querem atuar nessa área. Além também da bibliografia especializada, que de alguns anos para cá tem crescido em quantidade e qualidade, superando assim, o amadorismo nesse campo e como decorrência, abrindo espaço para o profissional competente, com responsabilidade teórico-prática e comprometido com ao melhoria de qualidade de vida e inserção social do idoso.

A problemática da velhice diz respeito a toda sociedade política e civil que, aos poucos tem trazido o idoso para o cenário nacional, atribuindo um espaço social e reconhecimento anteriormente esquecidos.

REFERÊNCIAS

GADOTTI, Moacir. A educação contra a educação. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984. GARCIA, A. Educación y envejecimiento. Barcelona, PPU, 1994.

FERNANDES, F. As pessoas idosas na legislação brasileira: direito e gerontologia. São Paulo, LTr, 1997

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23o ed. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra S/A, 2002, 165 p.

KACHAR, Vitória. Longevidade, um novo desafio para a educação. 1o ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2001, 189p.

LIMA, Mariúza Pelloso. Gerontologia educacional. São Paulo, LTr, 2000.

LUCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis, Vozes, 2006.

OLIVEIRA, Flávia da Silva. A implementação do Estatuto do idoso nas áreas de saúde e educação pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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OLIVEIRA, Maria Auxiliadora. Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens. Petrópolis, Vozes, 2005.

OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. São Paulo, Paulinas, 1999.

NERI, A. L. Envelhecer num país de jovens. 1o ed. Campinas: Ed. Unicamp, 1991, 178p.

PALMA, Lucia. Educação permanente e qualidade de vida. Passo Fundo, UPF, 2000.

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