• Nenhum resultado encontrado

Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira A Sexualidade do Deficiente Mental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira A Sexualidade do Deficiente Mental"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira

A Sexualidade do Deficiente Mental

Fabiano Puhlmann Di Girolamo Revista Nacional de Reabilitação - Ano V - Nº 24 - Janeiro/Fevereiro 2002

A Sexualidade é um componente fundamental de todo ser humano, vincula-se à intimidade a afetividade a ternura, a um modo de sentir e exprimir-se, vivendo o amor humano e as relações afetivo-sexuais.

Sua influência está presente sobre todos os aspectos da vida humana desde a concepção até a morte, manisfestando-se em todas as fases da vida (Infância, Adolescência, Fase Adulta, Terceira Idade) sem distinção de raça cor, sexo, deficiência, etc; não se referindo apenas aos aspectos genitais, considerando esta dimensão como uma de suas formas de expressão, porém não a única.

Segundo Dom Giancarlo Provettoni, "Sexualidade é contato, relação corpórea, psíquica e sentimental, é o desejo voltado a pessoas e objetos, é sonho, prazer mas também sofrimento; é pressentimento do futuro, consciência e plenitude do presente, memória do passado. Sentimentos que se alternam, se cruzam de modo imprevisível, exigindo uma progressiva capacidade de compreensão e aceitação, sempre vinculadas a intensas sensações corpóreas".

Em função da sexualidade não ser exclusivamente física os deficientes mentais acabam tendo grandes dificuldades na esfera sexual.

A pessoa portadora de deficiência mental, é um ser bio-psico-sócio-espiritual em constante evolução, que como qualquer ser humano tem necessidade de expressar seus sentimentos de um modo particular e intransferível.

Tem portanto o direito de ter prazer e levar uma vida saudável, dentro de suas possibilidades e limites reais.

A sexualidade da pessoa portadora de deficiência mental, está diretamente ligada a maior compreensão de suas reais necessidades e à diminuição dos preconceitos e indiretamente aos limites impostos pelo grau da deficiência.

(2)

A repressão pura e simples das manifestações sexuais do deficiente mental, pode diminuir seu equilíbrio interno, podendo contribuir para o aumento da agressividade e da angústia vital, favorecendo o isolamento e reduzindo suas possibilidades como ser integral.

Os pais e professores da área de saúde e educação, precisam lembrar que a vivência sexual do deficiente mental, quando bem conduzida, implementa o desenvolvimento afetivo, a capacidade de estabelecer contatos interpessoais, fortalecendo a auto-estima o bem-estar, o amor-próprio, e a adequação à comunidade.

Para que os comportamentos e manifestações sexuais não se tornem problemáticos, existe a necessidade de investimentos na educação sexual; de uma perspectiva mais ampla os pais e familiares podem favorecer o desenvolvimento psico-emocional, o relacionamento parental favorece a transmissão de valores para a aquisição de limites.

Na escola a educação sexual, deve apresentar-se com amor e ciência, o aconselhamento sexual do portador de deficiência mental, é um trabalho organizado com diversos objetivos: como por exemplo à prevenção de gravidez indesejada, transmissão de informações sobre sexualidade, o aumento da compreensão sobre o próprio corpo, a orientação sobre os códigos do comportamento sexual, a melhora do relacionamento com sua família e os profissionais, favorecendo o desenvolvimento da identidade.

O educador sexual deve guiar-se por atitudes éticas, não esquecendo de estar atento a suas concepções pessoais em face da sexualidade, verificando com precisão aquilo que o portador de deficiência mental quer saber, interpretando aquilo os acontecimentos afetivos sobre sua perspectiva e não a nossa, lidando com comportamentos inadequados através da colocação de limites claros e objetivos.

A higiene pessoal e os cuidados íntimos devem ser enfatizados, é uma forma de desenvolver a auto-imagem e auto-estima, desenvolvendo a capacidade de adequação social e o sentimento de posse do corpo.

Na adolescência os meninos portadores de deficiência mental precisam ser informados sobre a ejaculação e a polução noturna, orientando sobre os cuidados e limpeza. As meninas necessitam de orientação sobre como lidar com a menstruação e ambos precisam ser informados sobre as mudanças que estão ocorrendo com seus corpos.

Nos casos de impossibilidade funcional devido a problemas motores ou devido à severidade do comprometimento mental os pais devem assumir tais cuidados, ou pedir que a criança os realize com supervisão constante.

(3)

Os jogos sexuais são comuns na infância, servem para desenvolver funções psíquicas e para construção da identidade sexual, podendo estar presentes mesmo na idade adulta, estes jogos funcionam para a exploração corporal infantil, sem a intencionalidade do adulto, nos casos de deficiência mental leve o contato corporal pode evoluir para a relação sexual, dependendo do desenvolvimento psicosexual e do contexto sociocultural, sendo importante à adequação da educação sexual ao nível de adaptabilidade social.

Este tipo de contato sexual manipulativo e inadequado frente ao contexto social, acontece muitas vezes de forma explicita, pouco íntima e com freqüência pública, apesar disto, a punição complica a situação e a separação pode ser interpretada como rejeição, é preciso lidar com estas manifestações com paciência, colocando os limites necessários.

A masturbação consiste na manipulação dos órgãos genitais com a finalidade de obter prazer no portador de deficiência mental, muitas vezes é a única forma de aliviar suas tensões sexuais, portanto a repressão desse comportamento, pode gerar desequilíbrio afetivo.

Porém precisamos ensina-los a prática masturbatória, evitando que eles possam se machucar e colocando limites quanto ao local onde pode ser efetuada com privacidade, o limite deve sempre ser colocado de forma coerente e incisiva.

A compulsão masturbatória é sempre sinal de redução de repertório, nestes casos uma maior ênfase nas trocas sociais e afetivas, equilibra este comportamento.

O namoro do portador de deficiência mental nem sempre tem a mesma conotação que em pessoas "normais", devido principalmente à dificuldade de discriminação afetiva, confundem amizade com namoro, e nem sempre o desejo sexual está presente.

O grande problema do namoro nestas condições, é que os familiares terão de assumir os riscos juntos ao relacionamento do casal.

A gravidez deve ser entendida no contexto bio-psico-espiritual, junto com o bebê, nasce um filho, uma mãe e um pai, uma família na sociedade, a maternidade e a paternidade exigem o desenvolvimento de complexas funções cognitivo-emocionais, a maioria dos portadores de deficiência mental, não conseguem atingir estas capacidades, mesmo assim podem desejar ter filhos, sendo porém mais uma fantasia do que uma vontade consciente e responsável. O direito à maternidade/paternidade esbarra com o nível de independência e a vontade da família para assumir a supervisão das atividades do casal, provavelmente durante toda a vida, desde a concepção até a morte.

(4)

O assédio sexual por parte do portador de deficiência mental é normalmente caracterizado por perguntas propostas e atitudes inconvenientes repetidas com insistência.

Deve-se levar em conta que as causas de tal importunação podem ser desde ingenuidade, curiosidade, até manifestações afetivas próprias da idade mental que se encontram.

Nestes casos vale a regra geral, colocar limites explicando de forma clara e paciente as implicações de tais atitudes nas suas relações pessoais e sociais, evitando a confusão que muitas pessoas fazem entre rejeição e colocação de limites.

Precisamos compreender que a sexualidade do deficiente está mais diretamente ligada à maior compreensão de suas reais necessidades e à diminuição dos preconceitos, do que aos limites impostos pela deficiência.

Apesar de nossas ilusões onipotentes, a repressão pura e simples das manifestações sexuais do deficiente não é a solução, podendo contribuir para a diminuição de seu equilíbrio interno, aumentando a agressividade e a angústia vital, favorecendo o isolamento e reduzindo suas possibilidades como ser integral.

Pais e profissionais da área da saúde e educação precisam lembrar que a vivência sexual do deficiente, quando bem conduzida, implementa o desenvolvimento afetivo, a capacidade de estabelecer contatos interpessoais, fortalecendo a auto-estima, o bem-estar-próprio, e a inclusão na comunidade.

A educação sexual deve ser incluída na educação geral, integradas à estimulação sensório-motora, intelectual e das capacidades adaptativas ao meio social, de modo natural. Os recursos didático-lúdicos, como, por exemplo, os jogos, a música, o esporte, de modo adequado à idade e ao nível de compreensão, são elementos integradores e interativos. É essencial enfatizar a importância do relacionamento afetivo dos pais e familiares, para um adequado desenvolvimento da sexualidade, pois a família nuclear representa o protótipo de todos os relacionamentos que a pessoa terá com os outros no decorrer de toda a vida. O portador de deficiência necessita de respostas coerentes às suas solicitações afetivo-sexuais, que favoreçam sua auto-confiança, sua auto-estima e seu senso de valor.

A ambigüidade no comportamento dos pais e profissionais frente à sexualidade do deficiente, gera conflitos e atitudes incoerentes de ambas as partes, gerando frustração, dor e muita angústia. A ansiedade e falta de confiança no potencial afetivo-sexual das pessoas portadoras de deficiência, faz com que fiquemos agitados e irracionais quando temos de lidar com o problema.

(5)

A verdade permanecerá latente, eles sentem, eles desejam, eles sonham, esles sofrem, como qualquer ser humano.

Precisamos nos libertar de nossos preconceitos milenares frente à sexualidade humana. Somente após a perda de um pouco de nosso falso saber, poderemos parar e perguntar aos pais e as próprias pessoas deficientes, como eles querem que seja sua vida afetivo-sexual.

Referências

Documentos relacionados

A solução, inicialmente vermelha tornou-se gradativamente marrom, e o sólido marrom escuro obtido foi filtrado, lavado várias vezes com etanol, éter etílico anidro e

O presente artigo esboçará três casos: primeiro, o conflito sobre a legitimidade do líder do ramo budista tibetano da Kagyüpa que se divide em duas facções, cada uma apoiando

Mesmo que as crianças filhas das puérperas deste estudo não estejam ameaçadas de intoxicação grave pelo chumbo ingerido no colostro, percebe-se a necessidade de atenção especial

Claro, é complicado em um simples artigo fazer uso de todas as mídias qual este trata, porém este é apenas um exemplo das infinitas possibilidades que um game traz para a sala

Erro na modelagem da questão: diante da dificuldade de passar da linguagem natural para linguagem simbólica, que é uma das etapas para resolução de um problema algébrico (DA

Além da sua independência, dois dos principais serviços oferecidos por um family office são a gestão de ativos e a elaboração de relatórios (consolidados) sobre todos os

Este documento estabelece os critérios e procedimentos técnicos exigidos pela Cemig D para a conexão de consumidores atendidos em baixa tensão que façam a adesão ao

Os serviços farmacêuticos (SF) são um serviço clínico que têm por objetivo estruturar um sistema que permita o controlo global do medicamento, assim como de outros