De Mike Venezia
(Formado em Belas-Artes pelo Instituto de Artes de Chicago, EUA. Desde 1978 escreve e ilustra livros sobre arte, música e história para
crianças e jovens.
CLAUDE MONET
ARTES
M E S T R E S D A SSUPLEMENTO DIDÁTICO
Elaborado porRosa Iavelberg — Pós-graduada em Arte-educação pela Escola de Comunicações e
Artes da USP. Trabalhou na elaboração dos PCNs de Arte e atualmente leciona no Depar-tamento de Metodologia de Ensino da Faculdade de Educação da USP.
Luciana Arslan — Mestre em Artes Visuais, leciona no ensino fundamental e médio
da Escola de Aplicação da USP e em cursos de capacitação de professores.
Professor
Neste suplemento você encontrará duas sugestões de projetos pedagógicos para desenvolver com alunos do ensino fundamental: a primeira é destinada a tur-mas de 1a a 4a série do ensino fundamental; a segunda, a turmas a partir da 5a série.
Cada um desses projetos tem como base o conteúdo do livro estudado. Para apoiar o trabalho do professor são aprofundadas questões sobre o movimento a que pertence o artista, além da contextualização de uma de suas obras.
Fica a critério do professor aproveitar as atividades para outros projetos, adap-tando-as ao perfil de sua turma.
POR QUE TRABALHAR COM MONET?
As transformações constantes do homem e da natureza são visíveis nas imagens ilus-tradas por Claude Monet.
Monet percebeu que, ainda que olhasse centenas de vezes para uma construção, nun-ca veria a mesma luz. Observando a incidên-cia e a reflexão da luz e a conseqüente alte-ração das cores, esse artista pintava os mes-mos assuntos de múltiplas maneiras: a série da catedral de Rouen é um ótimo exemplo.
O movimento impressionista recebeu esse nome em razão de um quadro de Monet:
Impressão sol nascente. Estudar Monet e o
impressionismo é o primeiro passo para en-tender a arte moderna. Com o advento da fotografia, abriu-se espaço para que a pin-tura tomasse novos e diferentes rumos, os artistas ficaram livres para criar e pesquisar
modos até então inusitados na linguagem da pintura.
Mas, apesar da rebuscada filosofia, da ci-ência das cores, as pinturas de Monet são populares e agradam muita gente. Seus tons pastéis, seu despojamento expresso em pinceladas ágeis, seus cortes e composi-ções são também atemporais. Poucos pin-tores conseguiram pintar a neblina, a tem-peratura, a névoa e a atmosfera tão bem quanto ele. Os olhos de Monet “tateavam” o invisível.
A cada momento vemos em Monet um detalhe que anteriormente nos havia esca-pado. O estudo da obra de Monet possibili-ta ao professor desenvolver projetos que va-lorizem essa observação do passageiro e do efêmero.
SUGESTÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO PARA
TURMAS DE 1
aA 4
aSÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL:
PINTANDO A NATUREZA
3 ✦ Objetivo
Compreender como a arte pode ajudar na percepção das constantes transforma-ções da natureza, observando as obras de Claude Monet e produzindo desenhos e pin-turas de observação.
✦ Conteúdos gerais (com referência
nos PCNs de Arte)
◗ Identificação dos significados expressi-vos e comunicatiexpressi-vos das formas visuais.
◗ Contato sensível, reconhecimento e aná-lise de formas visuais presentes na natureza e nas diversas culturas.
✦ Conteúdos do projeto ◗ Desenho de observação.
◗ Características das obras de Monet. ◗ Luz e cores.
✦ Trabalho interdisciplinar: Ciências ✦ Tema transversal: Meio Ambiente — A natureza cíclica da Natureza.
ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA
✦ Sensibilizando os alunos
Essa atividade pode começar com um passeio: você andará com os alunos pela es-cola para uma observação ao ar livre. Peça a eles que observem as coisas que estão sem-pre se movimentando sem que nós note-mos. Após um breve passeio, você pode sen-tar com os alunos e sugerir que percebam:
◗ De olhos fechados: o vento; a tempera-tura; os ruídos do ambiente.
◗ De olhos abertos: o movimento das
nu-vens e como elas alteram a incidência de luz do local onde estamos; a posição do Sol (ele fica sempre no mesmo lugar?). Como pode-mos, em uma pintura, registrar todas essas mudanças que nos rodeiam?
Mostre aos alunos as pinturas Montes de
feno — Fim do verão, tarde e Montes de feno — Fim do dia, outono (página 28).
Converse com os alunos, levantando ques-tões: como o pintor conseguiu registrar as mudanças? Que mudanças ele registrou? Peça que enumerem (verbalmente) as dife-renças entre os dois quadros.
Explique aos alunos que Monet aceitou o desafio de pintar a constante transformação da natureza. Eles poderão ver as pinturas de Monet no livro que será lido.
ATIVIDADES PARA DURANTE A LEITURA
✦ Orientações para ler o livro em sala de
aula
Para a 1a série leia o livro de Monet com
seus alunos. Para as demais séries você pode propor que leiam o livro em duplas.
Quando terminarem a leitura, permita que os alunos façam comentários sobre o li-vro. Depois pergunte a eles:
◗ Monet preferia pintar fora de casa ou dentro de seu ateliê? Explique-lhes as razões que levavam Monet a fazer essa escolha e fomente um debate.
◗ Retome as charges das páginas 13, 15, 27. Que dificuldades podemos encontrar ao pintar ao ar livre? Como devemos nos orga-nizar para esse trabalho?
◗ O que facilitou a pintura ao ar livre? (Co-mente como deveria ser esse trabalho antes da invenção dos tubos de tinta.)
◗ Quando olhamos as pinturas de Monet, percebemos que ele estava lá para observar o assunto pintado? Como?
◗ Como são as pinceladas de Monet? ✦ Roteiro de apreciação da obra reproduzida
no livro: A ponte japonesa de pedestres (pá-gina 29)
Os alunos podem ser levados a discutir, apresentando questões como:
◗ O que vemos nessa pintura? ◗ Como são as plantas?
◗ Quais os tipos de plantas que vemos? ◗ Existem flores?
◗ Como a água foi pintada?
◗ Em que hora do dia esse quadro foi pin-tado?
◗ Podemos ver muitos detalhes?
◗ Quantos tons de verdes Monet utilizou? ◗ Como é a direção da pincelada de Monet? ✦ Contextualização (veja quadro na página 7 deste suplemento)
ATIVIDADES PARA DEPOIS DA LEITURA
✦ Produção
Proponha aos alunos que, a partir da
ob-servação, desenhem e pintem várias vezes a mesma cena da natureza:
◗ Plante feijões em um copo de vidro, com algodão e água (Monet adorava plan-tar e cuidou do seu próprio jardim durante muito tempo).
◗ Se você tiver na escola um canteiro com plantas, oriente os alunos para desenhá-lo em diferentes dias, observando as mudanças de cor e luz (cada aluno pode escolher uma planta).
◗ Você pode pedir que desenhem o céu em vários momentos do dia, se aparecerem nuvens nesse dia.
✦ Avaliação
Para avaliar os trabalhos seria interes-sante que professor e alunos pudessem observar toda a série de trabalhos lado a lado. Cada aluno poderia então organizar o seu conjunto e depois tecer comentários sobre ele.
O professor pode perguntar se ao fa-zer esses desenhos/pinturas os alunos pas-saram a observar algo que nunca tinham notado antes. Quais as diferenças mais evidentes entre o primeiro e o último tra-balho feito?
5
SUGESTÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO PARA TURMAS
A PARTIR DA 5
aSÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL:
A LUZ E AS CORES NA PINTURA
✦ Objetivo
Perceber a incidência de luz na natureza e utilizá-la em pinturas. Observar as pintu-ras de Monet para compreender como ele trabalhava com as cores e a luz.
✦ Conteúdos gerais (com referência nos
PCNs de Arte)
◗ Observação, análise, utilização dos ele-mentos da linguagem visual e suas articula-ções nas imagens produzidas.
◗ Identificação de múltiplos sentidos na apreciação de imagens.
✦ Conteúdos do projeto ◗ O impressionismo. ◗ Cor, luz.
◗ Produção e leitura de pinturas. ✦ Trabalho interdisciplinar: História.
ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA
✦ Sensibilizando os alunos
Para essa atividade você precisará de uma vela, um objeto de cor clara e um local escuro.
◗ Leve os alunos ao lugar mais escuro da escola, sente em roda com eles. Apague a luz da sala e acenda a vela. Em seguida, per-gunte a eles qual é a cor da pele deles, qual o tom dela? No escuro provavelmente a pele estará escura.
◗ Coloque a vela perto de um objeto branco e pergunte aos alunos qual é a cor dele. Com a incidência da luz amarela da chama da vela, o objeto provavelmente não estará mais branco.
◗ Se você tiver uma lanterna, use-a com um papel celofane vermelho colado na frente e projete a luz sobre um objeto também branco. Ao terminar essa experiência, acenda a luz da sala e pergunte aos alunos: Podemos afir-mar que esse objeto é sempre da mesma cor, é sempre branco, ou a sua cor não é sempre a mesma? A cor dos objetos é uma realidade imutável? Peça que os alunos pensem, ano-tem e escrevam sobre a experiência feita.
ATIVIDADES PARA DURANTE A LEITURA
✦ Orientações para ler o livro em sala de
aula
Apresente o livro de Monet e deixe que os alunos o leiam, tentando relacioná-lo com a experiência anterior.
Comente com os alunos algumas caracte-rísticas do impressionismo que são eviden-tes nas pinturas de Monet, como:
◗ A cor construída na própria tela. ◗ O uso de cores complementares.
◗ A influência da fotografia e da arte ja-ponesa.
Após a leitura, divida os alunos em gru-pos de três para realizarem um trabalho: cada trio deverá observar como se deu a in-cidência de luz nas obras Montes de feno —
Fim do verão, tarde e Montes de feno — Fim do dia, outono (página 28).
Peça aos alunos que expliquem como Monet conseguiu evidenciar essas diferen-ças e se as cores utilizadas foram as mesmas nas duas pinturas.
✦ Roteiro de apreciação da obra
reproduzida no livro: A ponte japonesa
de pedestres (página 29)
Promova um debate entre os alunos, pro-pondo algumas questões:
◗ O que vemos nessa pintura? ◗ Como são as plantas?
◗ Quais os tipos de plantas que vemos? ◗ Existem flores?
◗ Como a água foi pintada? ◗ Podemos ver o céu?
◗ Quais as cores que foram utilizadas na pintura da água?
◗ Em que hora do dia esse quadro foi pin-tado? Justifique.
◗ Podemos sentir a umidade e a tempera-tura, através dessa pintura?
◗ Podemos ver muitos detalhes?
◗ Qual você acha que é a cor da ponte? ◗ Quantas cores Monet utilizou para pin-tar a ponte?
◗ Quantos tons de verde Monet utilizou? ◗ Como é a pincelada de Monet?
✦ Contextualização (veja quadro na página 7 deste suplemento)
ATIVIDADES PARA DEPOIS DA LEITURA
✦ Produção
A proposta a ser apresentada aos alunos será de pintar um mesmo objeto ou local sob
diferentes aspectos de luminosidade. Os alu-nos poderão continuar trabalhando na or-ganização de trios.
Dessa maneira cada trio deverá escolher o “assunto” que será pintado e se encarregar de providenciar diferentes iluminações para ele.
Para que o professor possa acompanhar a produção dos alunos, será mais interessan-te que esses desenhos sejam feitos duraninteressan-te as aulas.
✦ Avaliação
Durante o século XIX, se estabeleceram mais solidamente os negociantes de arte, for-tificaram-se as relações entre marchand e ar-tistas.
Que tal estabelecer um jogo de leilão “simbólico” das obras dos alunos? Essas obras poderiam ser leiloadas para a própria sala ou em uma reunião de pais. O paga-mento pode ser em dinheiro confeccionado pelos alunos.
Seria uma oportunidade de os alunos si-mularem algumas regras do mercado de arte. Antes dessa experiência, o professor pode preparar os alunos, dizendo que en-tre 1860 e 1870 Monet chegou a passar fome tendo que recorrer a amigos na espe-rança de ter uma assistência financeira (Strickland, 1999: 102). Os alunos poderiam perceber que o retorno financeiro, para o trabalho do artista, nem sempre leva em conta os esforços, a qualidade e as inova-ções artísticas.
7
CONTEXTUALIZAÇÃO: MONET E O IMPRESSIONISMO
O grupo de pintores do impressio-nismo, em 1862, era formado por Renoir, Monet, Bazile e Sisley (Strickland, 1999: 99). Eles trocaram a pintura de ateliê pela pintura ao ar livre. Ao pintar ao ar livre adquiriram uma rapidez de captação da luz que era expressa através de suas ágeis pinceladas, mesmo quan-do continuavam ou, eventualmente, pin-tavam dentro do ateliê.
No cenário desse grupo de artistas, es-tava uma Europa cheia de mudanças: o início e a gradual popularização da foto-grafia, o aumento das redes ferroviárias, o surgimento das tintas em tubos, as te-orias óticas que comprovavam que as co-res não eram “realidades imutáveis” (Denvir, 1976: 10).
Esse cenário, assim como nas pinturas impressionistas, não poderia ser dis-sociado de seus atores. A velocidade dos trens alterou totalmente a percepção das pessoas, que ao andar a 80 quilômetros por hora viam as imagens reduzidas a bor-rões. As tintas em tubos facilitavam o tra-balho ao ar livre, as teorias óticas foram praticamente ilustradas pelo trabalho de Monet e Sisley. E, finalmente, a fotografia proporcionava aos pintores a liberdade de experimentar a própria linguagem e não ter que fazer o serviço que a máquina fo-tográfica já fazia com mais rapidez.
Monet e suas pinturas sobre o mesmo tema
As pinturas que Monet fazia em sé-rie refletiam muito o espírito de traba-lho dos artistas impressionistas, que, menos românticos que seus anteces-sores, não precisavam aguardar um momento de inspiração para começar a pintar. Como afirma Denvir (1976: 25 e 26), “trabalhador firme e persisten-te, independente da necessidade de esperar inspiração, agonizando com cada quadro que começasse, Monet encontrou um meio para usar a criatividade em série, a criação de con-juntos de trabalhos cujos fundos têm o mesmo motivo; e assim ele atinge uma de suas originais contribuições à lin-guagem da arte contemporânea. Inde-pendente da técnica de uso do sistema, que foi de grande valia aos pintores posteriores, ele provou e ressaltou que toda uma série de pinturas iguais, po-rém verdadeiras, poderia ser feita com o mesmo tema, cada uma variando de acordo com a qualidade da luz e a hora do dia. [...] Monet destruiu o limitado arbitrário conceito de forma imutável, o qual os pintores do século XX soube-ram destruir, podendo criar novas es-truturas visuais”.
PARA SABER MAIS
Marchand Nome dado ao negociante
de obras de arte, geralmente intermediador entre artistas e consumidores.
Sisley (1839-1899) Artista impressionista
de ascendência inglesa. Dedicou-se exclusi-vamente à pintura de paisagens. Foi amigo de artistas impressionistas como Renoir, Bazille e especialmente Monet, mas não usufruiu do mesmo reconhecimento em vida. Após a falência dos negócios da sua família, ele passou por muitos momentos de dificuldades financeiras.
Renoir (1841-1919) Pintor impressionista
francês que trabalhava com cores leves; pin-tou muitos retratos do cotidiano, além de cenas de família e de crianças.
ONDE ENCONTRAR, NO BRASIL, ALGUMAS OBRAS ORIGINAIS DE CLAUDE MONET?
No Museu de Arte de São Paulo:
◗ A canoa sobre o Epte, 1885-87, óleo so-bre tela, 133 X 145 cm.
BIBLIOGRAFIA
Monet e o impressionismo
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STRICKLAND, C. Arte comentada. São Paulo: Ediouro, 1999.
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Arte-educação
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anos oitenta e novos tempos. São Paulo / Porto
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ROSSI, M. H. W. A compreensão das ima-gens da arte. Arte & Educação em revista. Porto Alegre: UFRGS / Iochpe. I: 27-35, out. 1995.
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DICIONÁRIO OXFORD DE ARTE. São Pau-lo: Martins Fontes, 1996.
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Dici-onário de termos artísticos. Rio de Janeiro:
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READ, Herbert (org.). Dicionário da arte
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ENCICLOPÉDIA
ENCICLOPÉDIA DOS MUSEUS, Museu de Arte de São Paulo, São Paulo: Melhoramen-tos, 1978.