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RELAÇÕES ENTRE CONCEPÇÕES E A PRÁTICAPEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Joana Angélica Bernardo de Oliveira Reis e Gilza Maria ZauhyGarms UNESP.

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Academic year: 2021

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RELAÇÕES ENTRE CONCEPÇÕES E A PRÁTICAPEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Joana Angélica Bernardo de Oliveira Reis e Gilza Maria ZauhyGarms – UNESP. Resumo: As práticas educativas na Educação Infantil são marcadas e delineadas pelas concepções de criança, educação e atividade dos atoresenvolvidos (professores, educadores, gestores), para conhecer estas concepções é necessário analisar os discursos dos profissionais, os documentos oficiais que dão as diretrizes para o trabalho, mas também observar as práticas realizadas diretamente com as crianças. O objetivo do trabalho foi delinear um paralelo entre concepções que permeiam as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI) e compará-las com as práticas pedagógicas das profissionais com formação e habilitação no ensino superior específica para atuação na educação infantil da cidade de Presidente Prudente/SP.Desta forma, para realização da presente pesquisa foram aplicadas entrevistas e questionários com 3 professoras/educadoras, além da observação da prática pedagógicade cada uma delas.Após a realização das análises constatou-se que mesmo conhecendo ou tendo contato com as DCNEI e realizado discussões, leituras, algumas concepções contidas no documentonão foram totalmente incorporadas no cotidiano das professoras/educadoras. Predominando uma concepção de criança ligada a ideia de sujeito escolar ou concepções de atividade como forma de executar uma tarefa, estas práticas aparecem mescladas com ações que valorizam o papel da educação na formação da criança, na construção do conhecimento. Os resultados apontam a necessidade de um diálogo mais aprofundado e uma reestruturação na forma de se pensar à formação dos professores com relação à desconstruçãode concepções predominantemente escolares. Abrindo caminhos para reflexão sobre a prática, a fim de que propicie de maneira efetiva, a valorização da criança pequena como cidadã de direitos, construtora de conhecimento, com potencialidades e capacidades.

Palavras-chave:Prática pedagógica. Concepção. Educação Infantil.

Introdução: A Prática na Educação Infantil não retrata apenas as ações dos profissionais, mas traz no seu bojo concepções que interferem e modificam o cotidiano educacional. Considerando a importância da ação do professor no trabalho com crianças pequenas o presente texto traz a discussão sobre as concepções que permeiam o cotidiano da educação infantil, concepções presente na prática de professores e educadores que possuem formação superior específica para Educação Infantil e que atuam diretamente com estas crianças.

Existem concepções discutidas nos cursos de formação inicial que nem sempre são incorporadas pelos profissionais, mas que aparecem nos discursos e falas de muitos professores, no entanto, considera-se que as concepções que realmente são aceitas pelas pessoas traduzem-se em práticas e ações.

Desta forma, o presente artigo constitui um recorte da pesquisa de mestrado “Atividade na pré-escola: Concepções teóricas e prática docente”, (REIS, 2008) com objetivo de

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analisar e comparar as concepções de criança, educação e atividade contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI) com as concepções presentes nos discursos e práticas de três professoras/educadoras com formação inicial em nível superior específico para atuação em Educação Infantil, que trabalhavam diretamente com crianças de três a cinco anos.

Procedimentos metodológicos: O percurso delineado na pesquisa inicia-se pela identificação e análise das concepções contidas nas DCNEI e passa posteriormente pela aplicação de questionários para seleção das professoras que teriam as práticas observadas. Após a aplicação dos questionários, foram selecionadas 3 professoras/educadoras para observação das práticas com a finalidade de elencar as concepções presentes nestas práticas. Por fim, outro procedimento adotado além das observações foi a aplicação de questionários para compreensão do planejamento utilizado nas práticas e ações.

Para delinear as concepções de criança, educação e atividade que influenciam a prática dos professores foram analisadas as DCNEI, este documentofoi selecionado, pois integra os programas dos cursos de formação inicial de professores e também deve ser utilizado nas ações de formação continuada e orientações de secretarias e Conselhos Estaduais e Municipais de Educação Infantil.

[...] contemplando o trabalho nas creches para as crianças de 0 a 3 anos e nas chamadas pré-escolas ou centros e classes de educação infantil para as de 04 a 6 anos, além de nortear as propostas curriculares e os projetos pedagógicos, estabelecerão paradigmas para a própria concepção destes programas de cuidado e educação, com qualidade. (BRASIL, 1998, p.2, grifo nosso).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI) devem influenciar as práticas pedagógicas da educação infantil, trata-se de um documento de caráter mandatório. Assim, a seguir serão apresentadas as concepções de criança, educação e atividade contidas neste documento e as análises realizadas na pesquisa sobre a forma como estas concepções se traduzem nas práticas das professoras/educadoras participantes.

Discussões e Resultados: As concepções de criança, educação e atividade sofreram modificações ao longo da história da Educação Infantil e foram influenciadas por diversos teóricos como Montessori, Freinet, Froebel, Piaget e outros. Estas concepções carregam e marcaram a construção dos documentos oficiais que regem a Educação Infantil no Brasil e consequentemente os cursos de formação inicial e continuada de professores como também as práticas educativas.

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1) Concepção de criança: A Constituição Brasileira de 1988 considerou a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, o que provocou algumas mudanças e influenciaram o pensamento e as concepções, como a concepção de criança.Baseadas na Constituição foram elaboradas DCNEIque concebem a criança como um cidadão de direitos.

A concepção de criança como cidadão de direitos deve gerar práticas educativas que procuram respeitar e garantir estes direitos e estão ligadas a concepção de criança como um ser integral, que através das relações está recebendo ao mesmo tempo o cuidado e educação, tendo a necessidade de ser considerada como um ser completo na forma: física, emocional, afetiva, cognitiva/lingüística e social.

As análises das respostas dos questionários realizados com as professoras/educadoras mostraram que após a formação inicial, estas profissionais afirmavam conceber a criança como cidadão de direitos, capaz de aprender, no entanto, suas praticas revelavam em alguns momentos pouca consideração as potencialidades das crianças, quando organizavam o trabalho apenas com a intenção de que as crianças pudessem executar ou copiar uma tarefa pré-estabelecida.Estas práticas, todavia apareciam mescladas com práticas que privilegiavam a ação da criança como instrumento para aprender, nos momento em que as crianças criavam histórias, escolhiam as atividades a serem realizadas, davam opiniões, propunham temas de projetos etc.

2) Concepção de educação: A concepção de educação assim, como a concepção de criança mudou ao longo da história. Inicialmente no Brasil, a educação infantil, ou melhor, o atendimento para crianças pequenas, caracterizava-se apenas como assistencial. Depois passou a ser entendido como forma de compensar carências das classes menos favorecidas. Somente com a incorporação desta modalidade de ensino a educação básica, foi que a educação infantil passou a ser entendida como um direito da criança e dever do Estado a sua garantia.

Esta concepção trouxe mudanças para educação infantil, que passou a ser valorizada e isto ocorreu juntamente com o momento em que surgiram descobertas sobre a importância do desenvolvimento infantil. Assim, a educação infantil, passou a ser entendida como forma de potencializar e propiciar este desenvolvimento da criança. A inclusão da educação infantil, na educação básica, modificou também por sua vez, a formação do professor e trouxe novas perspectivas para as propostas pedagógicas dos cursos de formação e para as propostas das instituições de educação infantil.

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Conforme apontado sobre a concepção de criança percebe-se nos resultados uma relação com a concepçãode educação, pois nas práticas observadas destacou-semomentos de valorização da educação como forma de desenvolver a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, mas em outros momentos como forma de assistência ou de escolarização antecipada, apenas com a finalidade de compensar carências das crianças de classes desfavorecidas. Estas práticas ficaram claras nas falas e ações que valorizavam a cópia, ou o treino de movimentos.

3) Concepção de atividade: Decorrente das concepções de criança e educação, a concepção de atividade presente nas DCNEI ressalta que a atividade deverá despertar o interesse da criança, de forma que não seja uma antecipação do Ensino Fundamental. Também pontua a necessidade do planejamento das propostas curriculares e projetos pedagógicos para a Educação Infantil.

Assim, existe a concepção de que a atividade deva respeitar as necessidades da criança, que é caracterizada pela ludicidade, prazer e o interesse nos atos que se realiza.

Diante das práticas observadas, constatou-se vários momentos em que as crianças brincavam, ora cercadas por orientações e ações pedagógicas intencionais, ora apenas como forma de “relaxar”.

Também presenciamos práticas de atividades que moviam interesse das crianças, quando partiam de problemáticas decorrentes do cotidiano, como organização de projetos sobre artes, ou a importância da convivência e amizade. E também atividades que serviam apenas como treino para escrita, como por exemplo, cópias da lousa. No entanto, nota-se que existem concepções que não são totalmente incorporadas demonstrando que outros fatores como experiências, modelos arraigados impedem o aprimoramento de novos conceitos e concepções. Assim, considera-se que as concepções presentes nas DCNEI possibilitam discussões para o aprimoramento da prática pedagógica na educação infantil.

Conforme os resultados das entrevistas realizadas com as professoras/educadoras atuantes na Educação Infantil, constatou-se através dos relatos, que ocorreram mudanças nas concepções, presentes em seus discursos.

Conforme depoimentos...

“O conceito de Atividade mudou – antes aplicava e não entendia o sentido e para que servia o que estava fazendo. Hoje me sinto mais capacitada e entendo que as atividades são para enriquecer. No final do dia, vejo o que a criança aprendeu e fico surpresa, pois antes achava que não eram capazes, mas percebi que conseguem fazer - é gratificante.”

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“Este curso me ajudou a conhecer melhor o desenvolvimento infantil, bem como mudar a minha concepção e imagem da criança e da Educação Infantil.”

Foi possível constatar através das respostas dos questionários e das observações, que profissionais com a mesma formação inicial realizam práticas e apresentam posturas diferentes, desta forma, percebemos que outros fatores também influenciam as ações do professor.

Considerações:A formação inicial deve embasar o futuro profissionalpara que tenha uma prática reflexiva, que valoriza as ações da criança. Mas para que este profissional desenvolva práticas que sejam coerentes com os discursos é preciso incorporarestas concepções e transformá-las em ações, o que implica em outros aspectos além da formação, como vivências, experiências, apoio da administração escolar, formação continuada, etc.

Entendendo a necessidade de estar sempre buscando novos conhecimentos, a formação inicial do profissional e a atualização em serviço são fundamentais para melhoria da qualidade da educação oferecida, para a construção dos saberes necessários para uma educação de qualidade. Segundo Francisco (2006):

Essas colocações reafirmam também que processos de formação não podem se realizar de forma abreviada, superficial, pois, trata-se de formar, nos futuros docentes, posturas de compromisso, de engajamento, de crítica e de envolvimento com o mundo e com a profissão. (p. 38).

Neste sentido, é preciso que estas concepções de criança ativa, educação e atividade, sejam presentes na formação e incorporadas para que se concretizem em práticas. Por isso, faz-se necessário repensar os modelos de formação para que as práticas pedagógicas e o cotidiano da Educação Infantil retrate a concepção de criança como cidadã de direitos, de educação para o desenvolvimento e de atividade como forma de interesse. Assim, conseguiremos um trabalho coeso entre concepções e práticas significativas.

Referências

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Parecer CNE/CEB 22/98. Brasília, 17 dezembro de 1998.

FRANCISCO, M. A. S. Saberes Pedagógicos e Prática Docente. Anais Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino 13. Recife, p 27-49,2006.

REIS, Joana Angélica Bernardo de Oliveira.Atividade na pré-escola: concepções teóricas e prática docente. Dissertação de mestrado.Presidente Prudente, 2008.

Referências

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