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Análise de tendência da mortalidade infantil na cidade de Maceió AL, de 2006 a

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Artigo original.

Análise de tendência da mortalidade infantil na cidade de Maceió – AL, de 2006 a 2016.

Trend analysis of infant mortality in the city of Maceió – AL, from 2006 to 2016. Análisis de tendencia de la mortalidad infantil en la ciudad de Maceió – AL, de 2006 a 2016.

Tendência de mortalidade infantil em Maceió. Augusto José Freire Tavares1 – gutoft@hotmail.com

Lucas Emmanuel Tenório Calaça1 – lucastcalaca@gmail.com

Samir Buainain Kassar1. - orcid.org/0000-0003-1068-6360 / samirbkr@uol.com.br 1 Centro Universitário Tiradentes, Maceió, AL, Brasil.

Autor correspondente: Av. Gustavo Paiva, nº 5017, Centro Universitário Tiradentes, Cruz das Almas, Maceió, AL, Brasil. CEP: 57038-000. E-mail: gutoft@hotmail.com

Nº de páginas: 20. Total de palavras nos resumos: 139 em português, 143 em inglês, e 158 em espanhol. Total de palavras: 3.081 (excluindo resumos, tabelas, figuras e referências).

Este manuscrito consiste em um trabalho de conclusão de curso dos acadêmicos Augusto José Freire Tavares e de Lucas Emmanuel Tenório Calaça, apresentado ao curso de Medicina do Centro Universitário Tiradentes de Maceió, Alagoas, sob orientação do prof. Dr. Samir Buainain Kassar em 2019.

Para elaboração deste manuscrito não houve necessidade de qualquer tipo de financiamento.

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Resumo

Objetivo. Determinar as causas de mortalidade infantil e sua incidência, e classificá-las

quanto a evitabilidade na cidade de Maceió - AL. Métodos. Realizou-se um estudo descritivo, analisando a evolução temporal da tendência dos óbitos neonatais e pós-neonatais através da análise do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI), o qual foi calculado por mil nascidos vivos; a partir dos dados coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em Maceió entre 2006 e 2016. Resultados. As afecções perinatais foram as mais prevalentes, totalizando 1.598 mortes. O período neonatal precoce foi o mais acometido, com 54,63% das mortes. Quanto a evitabilidade, 55,84% das mortes foi classificado como evitáveis. Conclusão. Notou-se tendência de redução das taxas de mortalidade infantil, com queda de 19,3%, com as afecções perinatais sendo responsáveis por 58% das causas de morte, das quais a maioria foram classificadas como evitáveis.

Palavras-chave: Causas de Morte, Mortalidade Infantil, Mortalidade Perinatal, Sistema de Informação.

Abstract

Objective. To determine the causes of infant mortality and its incidence, and to classify them as avoidability in the city of Maceió - AL. Methods. A descriptive study was carried out, analyzing the temporal evolution of the trend of neonatal and post-neonatal deaths by means of the analysis of the Infant Mortality Coefficient (IMC), which was calculated per thousand live births; from the data collected in the Mortality Information System, in Maceió between 2006 and 2016. Results. Perinatal conditions were the most prevalent, totaling 1,598 deaths. The early neonatal period was the most affected, with 54.63% of the deaths. Regarding avoidability, 55.84% of the deaths were classified as preventable.

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Conclusion. There was a tendency to reduce infant mortality rates, with a 19.3% drop, with perinatal conditions accounting for 58% of the causes of death, the majority of these deaths were classified as preventable.

Keywords: Cause of death; Infant Mortality; Perinatal Mortality; Information Systems.

Resumen

Objetivos. Determinar las causas de mortalidad infantil y su incidencia, y clasificarlas en cuanto a la evitabilidad en la ciudad de Maceió - AL. Métodos. Se realizó un estudio descriptivo, analizando la evolución temporal de la tendencia de las muertes neonatales y post-neonatales a través del análisis del coeficiente de mortalidad infantil, el cual fue calculado por mil nacidos vivos; a partir de los datos recogidos en el Sistema de Información sobre Mortalidad, en Maceió entre 2006 y 2016. Resultados. Las afecciones perinatales fueron las más prevalentes, totalizando 1.598 muertes. El período neonatal precoz fue el más acometido, con el 54,63% de las muertes. En cuanto a la evitabilidad, el 55,84% de las muertes fue clasificado como evitable. Conclusión. Se observó una tendencia de reducción de las tasas de mortalidad infantil, con una caída del 19,3%, con las afecciones perinatales siendo responsables del 58% de las causas de muerte, de las cuales la mayoría fueron clasificadas como evitables.

Palabras-clave: Causas de Muerte; Mortalidad Infantil; Mortalidad Perinatal; Sistemas de Información.

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Introdução

A mortalidade infantil se mostra como um parâmetro primordial para avaliação dos níveis de qualidade da saúde pública de um país. Isto é evidenciado pelo fato da adoção, no ano 2000, como uma meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), em que as lideranças mundiais deveriam reduzir em 2/3 as taxas de mortalidade em menores de 5 anos.1

A taxa de mortalidade infantil é avaliada a partir da idade, em três grupos: neonatal precoce (0-6 dias), neonatal tardio (7-27 dias) e pós-neonatal (28-364 dias). De acordo França e Lansky2, no Brasil, a taxa de mortalidade infantil apresenta tendência de decréscimo: em 1980, era de 78,5 e, em 2005, foi estimada em 21,2 para cada mil nascidos vivos; sendo as afecções perinatais o principal grupo de causas básicas (60% dos casos de mortalidade infantil). Em relação ao estado de Alagoas, entre os anos de 2000 e 2010, a tendência também foi de queda, com redução de 43,2%, passando de 30,8/1000 para 17,5/1000, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade.3

Os óbitos infantis podem ser classificados de acordo com sua evitabilidade.4 As mortes evitáveis podem ser definidas como “aquelas causas de óbitos cuja ocorrência

está intimamente relacionada à intervenção médica”.5 Para classificá-las, ao longo das últimas décadas, foram elaboradas sistematizações de causas mortis, entre elas, as que mais se destacaram foram a da Fundação Sistema de Análise dos Dados de São Paulo (Fundação SEADE) e a classificação de Wigglesworth modificada.6,7

O óbito infantil evitável serve como referência para qualidade dos serviços de saúde e tecnologia médica, uma vez que não deveriam ocorrer caso esses fossem adequados.8 Portanto, a classificação de mortes infantis em evitáveis e inevitáveis, é de

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pública. A utilização dos métodos de classificação de evitabilidade permite a identificação das causas predominantes. Tendo essas informações em mãos é possível direcionar as ações de saúde à população infantil, de modo a reduzir a ocorrência de óbitos evitáveis.9

Na busca por uma melhor classificação, especialistas se reuniram para elaborar a lista de causas de mortes evitáveis por intervenções do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Embasados nas listas de causas mortes evitáveis naqueles menores de um ano de idade estabelecidas por Ortiz e por Wigglesworth, bem como nas tecnologias disponíveis, para intervenção médica, no SUS.10

As mortes, em menores de 5 anos de idade, podem ser classificadas da seguinte forma: 1. Causas evitáveis, 1.1 Reduzíveis por ações de imunoprevenção, 1.2 Reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação e parto e ao recém-nascido, 1.2.1 Reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação, 1.2.2 Reduzíveis por adequada atenção à mulher no parto, 1.2.3 Reduzíveis por adequada atenção ao recém-nascido, 1.3 Reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento, 1.4 Reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, vinculadas a ações adequadas de atenção à saúde; 2. Causas mal-definidas; 3. Demais causas (não claramente evitáveis).10

Diante da relevância do tema, o presente trabalho objetivou determinar as causas de mortalidade infantil, bem como as suas incidências e tendência, e classificá-las quanto à evitabilidade, através da análise dos óbitos neonatais e pós-neonatais, cadastrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no período de 2006 a 2016 na cidade de Maceió - AL.

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Realizou-se um estudo descritivo, analisando a evolução temporal da tendência dos óbitos neonatais e pós-neonatais através da análise do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI), o qual foi calculado por mil nascidos vivos; a partir dos dados coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em Maceió entre 2006 e 2016.

Para coleta dos dados, foram incluídos os óbitos mais frequentes ocorridos no período neonatal e pós-neonatal, nos anos de 2006 a 2016, na cidade de Maceió – AL, registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade. Além disso, foram excluídos os óbitos ocorridos no período neonatal e pós-neonatal relacionados aos filhos de mães não residentes em Maceió – AL. Mortalidade infantil ficou definida como variável primária; enquanto que causa de mortalidade, faixas etárias e município foram as variáveis secundárias deste trabalho.

Para se obter o CMI, foram utilizados os resultados apresentados pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), no período avaliado. E no SIM, as causas de morte são registradas de acordo com a décima edição do Código Internacional de Doenças (CID-10). Como ambos os sistemas de informação utilizados têm seus dados amplamente divulgados para o domínio público, sem identificação de qualquer paciente, não foi necessário submeter este trabalho à aprovação de um comitê de ética.

Resultados

A partir dos dados coletados, foi observado um total de 2.721 óbitos infantis de 2006 a 2016. Contudo, no ano de 2007, um óbito foi contabilizado a parte dos períodos neonatal e pós-neonatal pelo SIM. Assim, este óbito não foi incluído para os cálculos e taxas apresentados neste trabalho, no qual foi adotado o valor de 2720 mortes.

O ano de maior mortalidade em valores absolutos foi 2008, com um total de 311 óbitos (Gráfico 1). Entre estes, de um total de 70 causas de mortalidade, destacam-se as

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causas perinatais, tais como: o desconforto respiratório do RN; septicemia bacteriana do RN; transtornos relacionados a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer; as quais foram responsáveis, respectivamente, por 52 (16,72%), 39 (12,54%), 23 (7,39%). Dentre as demais causas encontradas, temos outras septicemias e pneumonia por microrganismo não especificado. Tais condições foram responsáveis, respectivamente, por 13 (4,18%) e 13 (4,18%) óbitos.

Gráfico 1. Total de mortes referentes aos anos 2006-2016.

Fonte: Sistema de Informção sobre Mortalidade.

Ao longo dos 11 anos, as causas de morte do período perinatal foram as mais prevalentes, totalizando 1.598 mortes (58,75% do total de mortes). Entre estas se destaca o desconforto respiratório do RN como principal causa de mortalidade, com um total de 417 óbitos (Gráfico 2). Em segundo e em terceiro lugar estão, respectivamente, a septicemia bacteriana do RN, com 415; e transtornos relacionados com gestação de curta duração e baixo peso, com 132. Avaliando-se as causas anualmente, o desconforto respiratório do RN foi a mais frequente nos anos de 2006, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2014; alternando-se com a septicemia bacteriana do RN sua posição nos demais anos de estudo.

0 50 100 150 200 250 300 350 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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Tabela 1. Principais causas de mortes, de 2006 a 2016. Causa de morte 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Afecções perinatais 173 181 182 129 127 146 Pneumonia por micr. NE. 16 12 13 8 10 8 Diarreia e gastr. Enter. Infec. Presum. 10 15 5 4 10 2 Outras septicemias 3 2 13 6 6 2 Outras causas 80 90 98 110 92 75

Fonte: Sistema de Informção sobre Mortalidade.

Tabela 1. Principais causas de mortes, de 2006 a 2016.

(Continuação) Causa de morte 2012 2013 2014 2015 2016 Total Afecções perinatais 142 131 132 141 114 1598 Pneumonia por micr. NE. 2 7 7 6 7 96 Diarreia e gastr. Enter. Infec. Presum. 3 5 2 1 3 60 Outras septicemias 6 3 3 4 6 54 Outras causas 76 71 70 75 75 912

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Gráfico 2. Principais causas de morte de 2006 a 2016.

Fonte: Sistema de Informção sobre Mortalidade.

Vale destacar que as afecções perinatais encontradas têm os seguintes CID-10 correspondentes: Feto e recém-nascido afetados por afecções maternas, não obrigatoriamente relacionadas com a gravidez atual (P00); Feto e recém-nascido afetados por complicações maternas da gravidez (P01); Feto e recém-nascido afetados por complicações da placenta, do cordão umbilical e das membranas (P02); Transtornos relacionados com a gestação de curta duração e peso baixo ao nascer não classificados em outra parte (P07); Hipóxia intrauterina (P20); Asfixia ao nascer (P21); Desconforto respiratório do recém-nascido (P22); Síndrome de aspiração neonatal (P24); Septicemia bacteriana do recém-nascido (P36); Outras malformações congênitas do coração (Q24); Outras malformações congênitas não classificadas em outra parte (Q89). Já as categorias CID-10 A09, A41 e J18 representam, respectivamente, as seguintes doenças: Diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível, outras septicemias, e pneumonia por micro-organismo não especificada.

0% 20% 40% 60% 80% 100% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Afecções perinatais Pneumonia por micr. NE

Diarrei e gastr. presum. Outras septicemias Outras causas

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Os óbitos foram divididos de acordo com a idade dos pacientes em três grupos – 0 a 6, 7 a 27, e 28 a 364 dias de vida. Notou-se que na faixa etária de 0 a 6 dias foram somadas 1.486 mortes, tendo as afecções perinatais como principal causa (75,16%). A segunda faixa etária apresentou 460 óbitos, sendo responsável por apresentar a menor mortalidade infantil, com a septicemia bacteriana do RN como causa mais frequente (31,73% dos casos). Já o grupo de 28 a 364 dias de vida obteve 774 mortes, das quais 12,4% foram em consequência da pneumonia por microrganismo não especificada. (Gráfico 3).

Gráfico 3. Causas totais de mortes por faixa etária de 2006 a 2016.

Fonte: Sistema de Informção sobre Mortalidade.

Comparando-se os anos de início e fim do estudo, 2006 e 2016, e considerando os valores absolutos apresentados, percebeu-se que houve uma redução de 27,3% na mortalidade infantil. Em relação às faixas etárias, todas tiveram diminuição na mortalidade, sendo a faixa etária de 7 a 27 dias de vida com decréscimo mais expressivo, cerca de 38,09%. Como principal causa, as afecções perinatais permanecem como as mais

54,63% 16,91% 28,45% 0 - 6 dias 7 -27 dias 28 - 364 dias

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frequentes, sendo o desconforto respiratório do RN a mais comum em 2006. Enquanto que, em 2016, a septicemia bacteriana do RN foi a condição de maior incidência.

Baseando-se no coeficiente de mortalidade infantil (CMI), o qual foi calculado para cada 1.000 nascidos vivos, observa-se que o ano de 2007 apresentou o maior CMI do período – 19,29 óbitos por mil nascidos vivos. Percebe-se também a redução da mortalidade infantil ao comparar os anos de 2006 e 2016, em que uma taxa de 18,02 passou para 14,53 mortes por mil nascidos vivos – queda de 19,3%. Para todo o período avaliado, o CMI foi de 16,17 mortes/mil nascidos vivos.

As afecções perinatais tiveram taxa de mortalidade infantil de 9,50 óbitos/mil nascidos vivos para todo o período estudado, o que representa mais de 58% da taxa de mortalidade apuradas para os 11 anos avaliados. Além disso, pode-se afirmar que essas condições se manifestaram com tendência de queda de mais de 26% em suas taxas, visto que o CMI das afecções perinatais passou de 11,05 em 2006, para 8,08 óbitos por mil nascidos vivos em 2016. Calculando o CMI para as demais causas de morte, não enquadradas como afecções perinatais ou como as outras causas contabilizadas, nota-se também tendência de redução em seus índices, pois o CMI foi de 1,85 para 1,13 mortes/mil nascidos vivos – diminuição de 38,9% nas taxas.

Em relação aos grupos etários, ao longo de todos os anos analisados, o período neonatal precoce foi o de maior representatividade CMI – 8,83 mortes/ por nascidos vivos; o grupo neonatal tardio foi o menos acometido – 2,23 mortes/mil nascidos vivos. O período pós-neonatal apresentou 4,60 mortes/mil nascidos vivos.

No tocante à evitabilidade, obtivemos que das 2.720 mortes, durante os 11 anos, 1.519 mortes foram decorrentes de causas classificadas como evitáveis quanto a: atenção à mulher na gestação, parto e ao recém-nascido; reduzíveis por ações adequadas de

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diagnóstico e tratamento e reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, vinculadas a ações adequadas de atenção à saúde. Esse valor corresponde a 55,84% do total de mortes, e a um CMI de 9,03 óbitos por mil nascidos vivos nesse período. Um total de 912 mortes não foram classificadas quanto à evitabilidade, denominando-se inconclusivas.

Discussão

Ao avaliarmos o Brasil, a partir da década de 80 até 2005, observa-se tendência de queda das taxas de mortalidade infantil: de 78,5 por cada mil nascidos vivos, para 21,2/mil nascidos vivos.2 Apesar disso, de acordo com o Ministério da Saúde11, o Brasil ainda se encontra atrás de, por exemplo, Cuba, Chile e Argentina - países que possuem CMI de 5,25; 6,48; e 12,8 óbitos por mil nascidos vivos, respectivamente. A taxa apresentada por Maceió em 2006, ano logo seguinte ao período citado, em nosso estudo foi de 18,02 mortes por mil nascidos vivos, sendo discretamente menor ao valor encontrado para o país.

Setenta por cento das mortes ocorrem no período neonatal.2 Em nosso trabalho, a superioridade no acometimento dessa faixa etária também esteve presente, numa proporção de 71,5% de todos os casos – com predomínio no grupo neonatal precoce, o qual foi responsável por 54,6% dos casos.

Segundo dados de Rodrigues et al.12, observa-se que todas as regiões do Brasil reduziram suas taxas de mortalidade neonatal. A região sudeste foi a que apresentou maior queda em seus índices – declínio de 42% e 26% da mortalidade no período neonatal precoce e tardio, respectivamente. O percentual de redução da mortalidade neonatal em nosso estudo foi de 17,7% para o período neonatal precoce, e de 31,3% para a fase neonatal tardia; visto que o coeficiente de mortalidade neonatal passou de 9,90 para 8,14

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óbitos/mil nascidos vivos, e de 2,68 para 1,84 mortes/mil nascidos vivos, respectivamente. Tal discrepância das taxas de mortalidade se deve ao fato de regiões brasileiras, como Sul e Sudeste, apresentarem maior grau de qualidade e acessibilidade dos serviços de saúde em comparação à região Nordeste.13

No Brasil, em 2015, ao se considerar a taxa de mortalidade na infância, a qual se refere ao número de óbitos ocorridos em menores de 5 anos de idade, nota-se que as mortes infantis (em menores de 1 ano) correspondem a 90% de todos os casos. Além disso, vale destacar que 41% de todos os casos de morte na infância aconteceram no período neonatal precoce, o que totaliza 21.001 mortes para o ano referido.14

Mundialmente, a mortalidade no período neonatal foi reduzida de 33 para 20 mortes por mil nascidos, entre 1990 a 2013, o que representou uma queda de cerca de 40% desse índice. Contudo, para o mesmo período, essa redução se mostrou inferior se comparada àquela ocorrida no período pós-neonatal, o qual apresentou um declínio de 56% em sua taxa de mortalidade.15 Em nosso estudo, a faixa etária neonatal demonstrou CMI de 11,57 mortes /mil nascidos vivos, considerando todo o período avaliado; com redução de 12,59 para 9,99 óbitos por mil nascidos vivos (queda de 20%), entre 2006 e 2016. Para o período pós-neonatal, a diminuição foi em torno de 13,5%.

Segundo as Nações Unidas15, a grande maioria das mortes ocorridas no período

neonatal se deve a causas evitáveis. Aproximadamente 85% das mortes se deve às complicações associadas à prematuridade (35%); às complicações intraparto (24%); e às causas infecciosas, como sepse e pneumonia (25%).

Dentro desse contexto, destacam-se as mortes perinatais, as quais se referem aos óbitos após 22 semanas de gestação até o sexto dia completo de vida16. As afecções

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neonatal e asfixia – constituem para o Brasil, a principal causa de óbitos infantis (60% de todos os casos), sendo que 80% destes ocorre no período neonatal.2 Em nosso trabalho, essas condições se manifestaram com tendência de queda de mais de 26% em suas taxas, visto que o CMI das afecções perinatais passou de 11,05 em 2006, para 8,08 óbitos por mil nascidos vivos em 2016 – com 69,89% dos casos ocorrendo no período neonatal. Vale lembrar que de acordo com clássica classificação de Wigglesworth6, as afecções perinatais podem ser categorizadas em 5 grupos fisiopatológicas: anteparto, malformações, prematuridade, asfixia, infecções específicas e outras.

De acordo com Alves et al17, na cidade de Londrina – PR, foi observado taxa de mortalidade neonatal de 7,5 óbitos por mil nascidos vivos, dos quais 2,3 mortes/mil nascidos vivos foram decorrentes da sepse neonatal, entre 2000 e 2013. Neste trabalho, tal condição foi abordada sob a denominação de septicemia do recém-nascido. Vale lembrar que os termos relacionados à sepse foram redefinidos pelo protocolo Sepsis-3 - The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock em 2016.18 Assim, em nosso estudo, a septicemia foi responsável por CMI de 2,46 óbitos/mil nascidos vivos – valor similar ao encontrado por Alves et al.17

Leal et al19 estimam que o Brasil apresenta um percentual de 11,5% de prematuridade sob o total de nascimentos, sem significativas desproporções entre as regiões brasileiras ou o tipo de sistema que prestou os serviços de atendimento (público ou privado). No mundo, as complicações relacionadas à prematuridade se destacaram como a principal causa de mortalidade neonatal, entre os anos de 2000 e 2013, sendo responsável por um total de 0,965 milhões de mortes20. Contudo, neste estudo, a prematuridade e o baixo peso ao nascer se apresentaram como a terceira causa mais

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frequente de morte e com tendência de queda – 1,08 para 0,49 óbitos por mil nascidos vivos.

Conforme a classificação proposta para as causas de mortalidade evitáveis, as principais causas de morte infantil analisadas neste trabalho, enquadram-se como reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação, parto e ao recém-nascido; reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento e reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, vinculadas a ações adequadas de atenção à saúde. São elas: transtornos relacionados com gestação de curta duração e baixo peso ao nascer não classificados em outra parte; infecções específicas do período perinatal; desconforto respiratório do recém-nascido; pneumonia e outras infecções agudas das vias aéreas inferiores; hipóxia intra-uterina e asfixia ao nascer; doenças infecciosas intestinais; aspiração neonatal; complicações maternas da gravidez que afetam o feto ou o recém-nascido e afecções maternas que afetam o feto ou o recém-recém-nascido.

Com a identificação de tais causas, somos capazes de gerar ações embasadas em medidas efetivas tomadas em outros estados. Em estudo realizado em Londrina (PR), gestores e profissionais de saúde foram questionados quanto aos principais fatores que contribuíram para a redução do coeficiente de mortalidade infantil (CMI) no município. Para eles, a melhoria da condição socioeconômica e de políticas públicas foram fundamentais para redução CMI, através da ampliação da licença maternidade; bolsa família; implantação do Sistema Único de Saúde; programas nacionais e estaduais de fornecimento de leite materno.21 É importante ressaltar, que a melhoria da condição socioeconômica apresenta reais impactos no CMI, entretanto, tal fator possui efetividade principalmente no período pós-neonatal da mortalidade infantil.

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Como fator primordial apontado pelos gestores e profissionais de saúde, temos a melhoria na oferta de exames laboratoriais durante o pré-natal, como a pesquisa do Streptococcus agalactiae e urocultura pós infecção do trato urinário (ITU). Tais exames, são importantes na detecção do risco para septicemia bacteriana do recém-nascido e prematuridade, respectivamente. Ainda no âmbito ambulatorial/hospitalar, foram citados os efeitos positivos no CMI da assistência a partos de alto risco e dos avanços tecnológicos da atenção neonatal, como a respiração assistida, uso de corticosteróides e surfactantes.21

Entre outros contribuintes para a redutibilidade da mortalidade infantil, temos: a imunização; terapia de reidratação oral; avanço da assistência médica integral; expansão do saneamento básico; redução da natalidade; melhoria da atenção pré-natal e do parto hospitalar. Fatores estes citados por estudo realizado em Recife (PE), com intuito de avaliar à vigilância do óbito infantil para planejamento de ações em saúde coletiva.22

Conclui-se então com a notável tendência de redução das taxas de mortalidade infantil, com queda de 19,3%, com as afecções perinatais ainda sendo as principais responsáveis pelas causas de morte – cerca de 58% dos casos. Assim, como aproximadamente 55% dos óbitos foram classificados como evitáveis, reforça-se a importância de medidas como a realização adequada do pré-natal, para rastreio de possíveis intercorrências durante a gestação e parto; adequada referência de gestantes para serviços de alto risco, quando necessário; além da melhoria da condição socioeconômica da população através de políticas públicas, como campanhas de vacinação, incentivo ao aleitamento materno e ampliação da rede de saneamento básico.

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Agradecemos ao Prof. Dr. Samir por toda disponibilidade, paciência e orientação prestadas para a confecção deste trabalho.

Contribuição dos autores

Kassar SB participou da concepção e orientação em relação ao tipo e à elaboração do estudo. Tavares AJF, Calaça LET, participaram da coleta dos dados e redação do manuscrito. Todos os autores participaram da análise e interpretação dos dados adquiridos.

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Referências

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