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Como Está a Qualidade das Práticas de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que Possuem Investimento Público?

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Como Está a Qualidade das Práticas de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que Possuem Investimento Público?

Autoria: Moisés Araújo Almeida, Joséte Florêncio dos Santos Resumo

A adoção das boas práticas de governança corporativa abre espaço para uma gestão mais transparente, diminuindo a assimetria de informações e o conflito de agência, possibilitando a maximização de valor na empresa, inclusive para aquelas que têm o Estado como o principal investidor. O objetivo deste artigo é caracterizar a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público. A amostra foi composta pelas empresas em que a quantidade direta de ações com direito a voto do maior acionista se encontra em posse do governo, correspondendo a 35 empresas em 2005 e 34 empresas em 2006. A coleta de dados foi feita através de fontes secundárias públicas de forma direta pelo pesquisador, utilizando informações disponibilizadas pelo sistema DIVEXT da CVM. A análise dos dados foi feita por meio de estatística descritiva, com a utilização do aplicativo Statistica 7.0. Os resultados mostram que a quantidade de empresas listadas supera o número de empresas não listadas e que há predominância de participação do setor público em serviços bancários, de saneamento e de energia elétrica. Há uma maior participação do governo nas empresas localizadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Observou-se que a maior parte das empresas públicas apresentou um bom nível de governança corporativa.

1. Introdução

A idéia de governança corporativa é antiga, ainda que se tenha desenvolvido de maneira mais visível a partir da década de 1980, e tem a sua origem nos chamados problemas de agência, que nascem com a diluição do controle das organizações, em que há separação entre propriedade e controle.

A expressão governança corporativa identifica, em sentido amplo, o estudo do governo da empresa e da estrutura societária de qualquer sociedade. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários – CVM (2002), a governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como, investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. Nobili (2006) esclarece que um sistema de governança corporativa engloba normas formais e informais, assim como práticas aceitas e mecanismos de fiscalização que devem ser adotados pelas empresas que desejem ser consideradas idôneas e transparente pelo mercado. Santos (2005) ressalta que o conceito de governança corporativa não se restringe apenas às empresas que possuem capital aberto e são listadas em bolsa, mas se aplica a todas as empresas que buscam uma relação de transparência e confiança com as partes com que mantêm algum relacionamento.

A separação de propriedade e controle entre principal (proprietário e/ou acionistas) e agentes (gestores), por sua vez, demandou também novos mecanismos de monitoramento. Para uma boa aplicação da governança corporativa em uma organização, faz-se necessário constituir um sólido sistema administrativo que trabalhe em virtude do alinhamento dos interesses desses atores.

A possibilidade de existência de possíveis conflitos de agência faz com que os investidores sejam mais cautelosos na aplicação dos recursos e busquem empresas que tenham melhores práticas de governança corporativa, para que não sejam expropriados pelos gestores e acionistas controladores. Assim, pode-se dizer que a governança corporativa contribui para o fortalecimento do mercado acionário uma vez que busca minimizar os potenciais problemas existentes entre acionistas e gestores.

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Entretanto, fatos mais recentes têm despertado o interesse por este assunto, dizem respeito às mudanças ocorridas no cenário mundial, em função dos escândalos corporativos ocorridos nos últimos anos, principalmente no mercado norte-americano, que é reconhecido como o principal fornecedor de capital do mundo. Além disso, os processos de privatizações, fusões e aquisições, e o crescimento dos fundos de pensão também contribuíram para a preocupação com os estudos da governança das corporações. Os principais códigos de boas práticas de governança nacionais e internacionais afirmam que os princípios fundamentais da boa governança corporativa estão apoiados em: transparência (disclosure), eqüidade

(fairness), prestação de contas (accountability), cumprimento das leis (compliance) e ética (ethics), tendo como pilares básicos à propriedade (acionistas), o Conselho de Administração,

a Diretoria Executiva e a Auditoria Independente (IBGC, 2004).

Todo esse processo tem impactado em mudanças nas legislações dos diversos países, os quais têm buscado estabelecer regras mais claras e transparentes como forma de garantir maior proteção aos investidores e criar um ambiente favorável para o alinhamento de interesses. Muitos países desenvolveram códigos de melhores práticas de governança corporativa. No Brasil, diversas ações foram desencadeadas no sentido de incentivar as empresas a adotarem melhores práticas de governança, nos últimos anos. No final de 2000, a Bolsa de Valores de São Paulo criou três segmentos de mercado, aos quais as empresas podem aderir espontaneamente, com regras progressivamente mais severas de governança corporativa (BOVESPA, 2007). A CVM (2002) divulgou uma cartilha com recomendações de boas práticas de governança corporativa. O objetivo é que as empresas incluam nas suas informações anuais o nível de adesão às recomendações da cartilha, nas quais elas poderão indicar se estão adotando ou não as práticas recomendadas. Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2004), as boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Segundo Ruediger (2002), os governos de todos os países, independente de seu tamanho e seu nível de desenvolvimento político, econômico e social, procuram através de variadas maneiras adaptarem-se a uma nova realidade que parece exigir Estados mais flexíveis, menos extravagantes em gastos, mais eficientes, menos interventores nos mecanismos de mercado, mais “enxutos” e responsáveis.

Lester et al. (2006) ressaltam que os recentes casos de corrupção e fraude em algumas instituições públicas, resultaram na erosão da credibilidade deste setor perante a sociedade. Nesse sentido, os Estados expõem a necessidade de mudanças em suas estratégias e nas formas de gestão dos recursos públicos. Para Streit e Klering (2004), uma boa governança contribui para o desenvolvimento de melhores políticas e estratégias públicas, constitui fonte de vantagem competitiva e desempenha importante papel para o desenvolvimento econômico e social.

Esses pontos se inserem no contexto da reforma do Estado, onde visam priorizar a eficiência econômica, a redução de pessoal, as políticas de responsabilidade e informação, a maximização da relação custo/serviço, a simplificação dos procedimentos e a adoção, no setor estatal, de procedimentos e modos de gerenciar típicos do setor privado (RUEDIGER, 2002).

Isto reforça a necessidade de uma maior transparência da gestão pública, sendo relevantes estudos sobre as práticas e procedimentos envolvidos no gerenciamento dos recursos públicos, em especial quando se trata do Estado enquanto investidor. Torna-se importante verificar quais são os fatores que levam as empresas a se preocuparem em melhorar a qualidade de suas práticas de governança. O presente estudo tem como objetivo caracterizar a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público.

Nesse sentido, este estudo contribui para a literatura sobre governança corporativa, visto que ainda são poucas as pesquisas sobre qualidade das práticas de governança das

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empresas brasileiras de capital aberto com investimento público. A pesquisa proposta será também uma contribuição para a discussão do tema no Brasil, haja vista a importância que a governança vem assumindo no ambiente acadêmico e empresarial.

2. Referencial Teórico

Estudos recentes têm buscado mensurar a qualidade das práticas de governança corporativa, normalmente utilizando um score de governança elaborado por agências de

rating ou por bancos de investimento, ou então desenvolvem um índice próprio que

contempla várias dimensões de governança, como pode ser visto em Kappler e Love (2002), Beiner et al. (2003), Drobetz, Gugler e Hirschvogl (2004), Leal e Carvalhal-da-Silva (2004), e, Ariff, Ibrahim, Othman (2007).

Por exemplo, Ariff, Ibrahim e Othman (2007), num estudo envolvendo 90 empresas da Malásia, investigaram se as variáveis lucratividade, alavancagem, crescimento, avaliação de mercado, tamanho, idade, estrutura de propriedade e países de operação, eram determinantes do nível de governança das empresas. Black (2001), utilizando os rankings de governança corporativa para 21 empresas russas desenvolvidos por um banco de investimento, evidencia que, ao melhorar suas práticas de governança, as empresas podem melhorar os preços de suas ações, e, assim, reduzir o custo de capital. O autor sugere que estes resultados podem ser aplicados a países em desenvolvimento, mas com algumas limitações do tamanho da amostra.

Kappler e Love (2002) focaram suas atenções no papel da proteção legal junto aos investidores de diferentes países. Elas observaram que, empresas de um mesmo país podem oferecer diferentes níveis de proteção aos investidores, com a adoção de mecanismos não especificados por lei. Verificaram também que há variação nos padrões de governança num mesmo país e que existe relação entre os mecanismos de governança da empresa e o nível de proteção legal aos investidores. Como medida de mensuração da qualidade das práticas de governança corporativa, as autoras utilizaram os scores elaborados pelo Credit Lyonnais

Securities Asia (CLSA). Elas observaram que o índice de governança da empresa é

positivamente relacionado com medidas de proteção ao investidor, ou seja, a governança em média é mais alta nos países com mais forte proteção legal.

De maneira similar a Kappler e Love (2002), Durnev e Kim (2003) utilizaram dados sobre a qualidade das práticas de governança corporativa compilados pelo Credit Lyonnais

Securities Asia (CLSA) e pela Standard and Poor’s (S&P). A desvantagem do uso dos dados

do CLSA é que 70% dos scores são baseados em informação objetiva, enquanto que os scores S&P são totalmente objetivos. As informações sobre o CLSA utilizadas por estes autores foram publicadas em 2001 e é resultado de um relatório de práticas de governança de 494 companhias localizadas em 24 países. Os scores de governança foram construídos baseados nas respostas de 57 questões dadas pelos analistas financeiros. As questões foram compostas por seis categorias de governança corporativa (incentivos e disciplina gerencial, transparência, independência do conselho, prestação de contas do conselho, responsabilidade da administração, proteção aos acionistas minoritários), além de um índice de responsabilidade social. Nos resultados apresentados, a qualidade das práticas de governança corporativa é positivamente relacionada a oportunidades de crescimento, concentração de propriedade e necessidade de financiamento externo. Semelhantemente a Kappler e Love (2002), estes autores também observaram que estas relações são mais fortes em ambientes com menos proteção legal aos investidores.

Beiner et al. (2003) construíram um índice de governança corporativa (CGI) baseado nas respostas de um questionário detalhado, que foi elaborado segundo as sugestões e

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recomendações do Código Suíço de Melhores Práticas. O questionário foi emitido para todas as empresas listadas na Bolsa de Valores da Suíça, com exceção das companhias de investimento. Quando necessário, os dados foram suplementados e verificados na base de relatórios anuais e páginas da web. O índice consiste em 38 atributos de governança dividido em cinco categorias: compromisso com governança corporativa, direitos dos acionistas, transparência, importância do conselho na administração e na supervisão, e, auditoria. A construção do índice foi feita de forma objetiva e transparente: para cada um dos 38 atributos foi dado o valor entre um (mínimo) e cinco (máximo). Possuir um nível mais alto de aceitação pode ser interpretado como uma rápida mudança pelo administrador da empresa para melhorar seu sistema de governança corporativa. As empresas com melhor governança têm os mais altos scores do índice. Estes autores testaram se as variáveis tamanho, oportunidades de crescimento, proporção de ativos intangíveis, dummy Índice do Mercado Suísso, emissão de ADR e a dummy indústria, eram determinantes da qualidade das práticas de governança corporativa.

Drobetz, Gugler e Hirschvogl (2004) utilizaram um rating de governança corporativa amplo, que foi construído baseado nas respostas de um survey enviado às empresas alemãs de capital aberto. Semelhantemente à Beiner et al. (2003), para qualificar a inclusão no rating de governança corporativa, cada prática tinha que referir-se a um elemento de governança que ainda não fosse legalmente exigido e era necessário que fosse considerada como uma das melhores práticas de governança corporativa no mercado internacional.

Baseado nas regras de governança da Coréia, Black, Jang e Kim (2005) construíram o índice de governança corporativa, com dados de 515 companhias listadas na bolsa coreana no ano de 2001, através de cinco sub-índices: direitos dos acionistas, estrutura do conselho, normas do conselho, transparência e igualdade de propriedade. Para sua elaboração, foram utilizadas questões binárias, sendo igual a 1 (um) se empresa apresenta determinada variável de governança e, caso contrário, igual a 0 (zero), de tal forma que o índice é o resultado da soma dos scores, podendo variar de 0 (zero) a 100.

Leal e Carvalhal-da-Silva (2004) desenvolveram um índice de governança corporativa, que conta com 24 questões binárias cujas respostas foram obtidas a partir de informações públicas e serve como uma medida ampla para a qualidade da governança corporativa das empresas. Cada resposta positiva adiciona um ponto ao índice, ao passo que uma reposta negativa tem valor zero. O índice é constituído pela soma dos pontos de cada questão, sendo o valor máximo de 24 pontos, contempla recomendações constantes dos códigos de melhores práticas de governança corporativa do IBGC, da CVM e da Bovespa, e é dividido em quatro categorias: transparência, composição e funcionamento do conselho, estrutura de propriedade e controle, e direitos dos acionistas. De maneira similar, e alguns com adaptações, este índice foi utilizado nas empresas brasileiras por outros pesquisadores, a exemplo de Silveira (2004), Santos (2005), Nobili (2006), Santos e Leal (2007) e Silveira et al. (2007).

As vantagens de utilização de um índice para indicar a qualidade das práticas de governança corporativa é ser transparente e fácil replicação, uma vez que não requer julgamentos subjetivos, possibilita fácil interpretação, e, evita viés e a baixa taxa de respondentes quando se utiliza questionários qualitativos, conforme argumentam Beiner et al. (2003); Gompers, Ishii e Metrick (2003); Leal e Carvalhal-da-Silva (2004), e, Santos (2005).

3. Procedimentos Metodológicos

3.1. Amostra da pesquisa, coleta e análise dos dados

A população da pesquisa foi formada por todas as empresas abertas brasileiras, registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2005 e em 2006. Para composição da amostra da pesquisa investigou-se, dentre as empresas de capital aberto,

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àquelas em que a quantidade direta de ações com direito a voto do maior acionista se encontra em posse da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, classificando-as como empresas que possuem investimento público. Dessa maneira, obteve-se uma amostra formada por 35 empresas de capital aberto, para o ano de 2005, e, por 34 empresas, para o ano de 2006. Não fizeram parte da amostra as empresas que tiveram o valor do patrimônio líquido menor ou igual a zero, bem como aquelas que não divulgaram informações para as variáveis investigadas.

A coleta de dados foi feita através de fontes secundárias públicas de forma direta pelo próprio pesquisador, utilizando informações disponibilizadas pelo Sistema de Divulgação Externa ITR/DFP/IAN (DIVEXT) da CVM. Como apresentado no referencial teórico, essa forma de obtenção dos dados evita que haja o viés do respondente e o baixo número de respostas quando se trabalha com envio de questionários, e tem sido amplamente utilizada nas pesquisas nacionais e internacionais, como pode ser visto nos trabalhos de Kappler e Love (2002), Leal e Carvalhal-da-Silva (2004), Black, Jang e Kim (2005), Nobili (2006), Santos e Leal (2007), Silveira et al. (2007).

Para análise dos dados, foram empregadas técnicas de estatística descritiva, com a utilização do aplicativo Statistica 7.0.

3.2. Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV)

Como proxy para determinar a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas investigadas, nesta pesquisa foi utilizado um Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV), elaborado através de um questionário aplicado por Santos (2005) em empresas familiares, que adaptou o questionário desenvolvido por Leal e Carvalhal-da-Silva (2004) para as empresas listadas em bolsa. O índice foi calculado a partir de um conjunto de 13 perguntas binárias e objetivas, cujas respostas foram obtidas exclusivamente por meio de dados secundários. Cada resposta positiva adiciona um ponto ao índice, com as empresas apresentando um nível de governança de 0 a 13. O índice construído contempla três dimensões para a avaliação das práticas de governança: transparência (TRANSP), composição e funcionamento do conselho (COMP), e, controle e conduta (COND). Na dimensão transparência foram verificados os seguintes quesitos: elaboração dos relatórios financeiros dentro do prazo legal, contabilização segundo normas internacionais, contratação de auditoria global, divulgação da remuneração do diretor geral e membros do conselho, e presença de parecer de auditoria independente sem ressalvas. Para a dimensão composição e funcionamento do conselho foram observados os seguintes itens: distinção entre as funções de presidente e diretor do conselho, composição do conselho por membros externos e independentes, número de membros do conselho e duração do mandato de seus membros. Já na dimensão controle e conduta, os itens observados foram: existência de investigação ou condenação pela CVM, existência de grupo controlador com menos de 50% das ações com direito a voto, porcentagem das ações sem direito a votos menor que 20% do capital total e existência de acordos de acionistas. De maneira similar e com algumas adaptações, este índice foi utilizado nas empresas brasileiras por outros pesquisadores, a exemplo de Nobili (2006), Silveira et al. (2007) e Santos e Leal (2007).

4. Análise dos Resultados

Buscando caracterizar as empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público, inicialmente foi feita a composição da amostra da pesquisa, evidenciando a quantidade de empresas que são listadas na Bolsa de Valores de São Paulo

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(Bovespa), bem como aquelas que possuem seu capital aberto e não são listadas em bolsa. Os resultados encontrados são apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Amostra das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público

Nº de empresas % Nº de empresas %

Listadas na Bovespa 24 68,6 24 70,6

Não listadas em bolsa 11 31,4 10 29,4

Total 35 100 34 100

Empresas de Capital Aberto 2005 2006

Fonte: Os autores

Observa-se que na composição da amostra investigada, a quantidade de empresas listadas supera o de empresas não listadas, nos dois anos. Verifica-se que 68,6%, em 2005, e 70,6%, em 2006, dessas empresas fazem parte do grupo que estão listadas na Bovespa. Os estudos de modo geral têm apresentado resultados sobre as empresas de capital aberto listadas em bolsa, constituindo desta forma os trabalhos sobre as empresas não listadas um dos desafios da governança corporativa, sobretudo nos países onde os mercados de capitais são menos desenvolvidos.

Em seguida, buscou-se classificar as empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público segundo os seus setores de atividade. Os resultados obtidos são mostrados a seguir na tabela 2.

Tabela 2: Setor de atividade das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público

Nº de empresas % Nº de empresas %

Bancos 12 34,3 11 32,4

Saneamento e serviços de água e gás 9 25,7 8 23,5

Energia elétrica 7 20,0 6 17,6

Serviços de transporte e logística 3 8,6 2 5,9

Emp. Adm. Participações 1 2,9 1 2,9

Telecomunicações 1 2,9 2 5,9

Securitização de recebíveis 1 2,9 1 2,9

Petróleo e gás 1 2,9 1 2,9

Construção civil, material de construção e decoração 0 0,0 1 2,9

Hospedagem e turismo 0 0,0 1 2,9

Total 35 100 34 100

Setor de Atividade 2005 2006

Fonte: Os autores

Em relação aos setores de atividade, observa-se que há predominância de participação do setor público em serviços bancários, representando 34,3% em 2005 e 32,4% em 2006, seguido do setor de saneamento e serviços de água e gás, com 25,7% e 23,5% para o primeiro e o segundo ano, respectivamente, e ainda investimento no setor de energia elétrica correspondendo a 20% e a 17,6%, para 2005 e 2006, respectivamente.

Chamam a atenção as participações do governo em setores como transporte e logística, formado pelo Banrisul Armazéns Gerais S.A. e pela empresa Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A., que têm o Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. e a Fazenda do Estado de São Paulo como maiores acionistas diretos, respectivamente; o setor de hospedagem e turismo, que corresponde a São Paulo Turismo S.A. e tem a Prefeitura do Município de São Paulo como maior controlador direto, para citar alguns exemplos.

Verifica-se uma pequena diminuição do número de empresas de um ano para o outro nos setores bancário, saneamento e serviços de água e gás, energia elétrica, serviços de transporte e logística, em contrapartida de um aumento na participação no setor de

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telecomunicações. Outros percentuais em relação à amostra investigada são apresentados na tabela 2.

Também foi feita a distribuição das empresas de capital aberto que possuem investimento público segundo a região geográfica em que estão localizadas. Estes resultados são mostrados na tabela 3.

Tabela 3: Distribuição das empresas que possuem investimento público por região geográfica

Nº de empresas % Nº de empresas % Sudeste 12 34,3 13 38,2 Sul 11 31,4 7 20,6 Centro-Oeste 7 20,0 8 23,5 Nordeste 3 8,6 4 11,8 Norte 2 5,7 2 5,9 Total 35 100 34 100 2006 Região Geográfica 2005 Fonte: Os autores

Segundo os dados da tabela 3, há uma maior participação do governo nas empresas que estão localizadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. As regiões Norte e Nordeste são as que possuem menor número de empresas sob o controle direto do governo. Do primeiro para o segundo ano, há um aumento de empresas controladas pelo governo nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e uma diminuição na região Sul.

Foi investigada a estrutura de propriedade e controle do maior acionista, que neste estudo se caracteriza como as ações que estão em posse da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. As variáveis descritas em relação à estrutura de propriedade são concentração de controle (ON_D1), que identifica o percentual de ações com direito a voto do maior acionista real da empresa, e a concentração de propriedade (TOT_D1), que identifica o percentual de ações com direito sobre os fluxos de caixa do maior acionista real da empresa. As estatísticas descritivas destas duas variáveis são apresentadas na tabela 4.

Tabela 4: Estatística descritiva das medidas do direito de propriedade direta das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público

A estrutura de propriedade das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público é representada pela concentração de controle direto (ON_D1) e pela concentração de propriedade (TOT_D1). A amostra é formada por 35 empresas para o ano de 2005 e por 34 empresas para o ano de 2006.

2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006

ON_D1 85,8% 81,7% 95,8% 92,9% 50,3% 6,9% 100,0% 100,0% 17,4% 22,1%

TOT_D1 78,2% 74,0% 92,1% 83,1% 20,5% 6,9% 100,0% 100,0% 26,4% 27,6%

Amostra 35 34 35 34 35 34 35 34 35 34

Variável Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Padrão

A tabela 4 evidencia que a menor participação do governo no controle das empresas é de 50,3% em 2005 e de 6,9% em 2006, e a menor participação sobre os fluxos de caixa é de 20,5% e de 6,9% para os dois anos, respectivamente. O governo possui diretamente, em média, 85,8% das ações com direito a voto nas empresas do ano de 2005 e 81,7% nas empresas do ano de 2006. Já o direito sobre o fluxo de caixa corresponde, em média, a 78,2% e 74% para 2005 e 2006, respectivamente. Entretanto, a mediana obtida para ON_D1 é de 95,8% e de 92,9%, e a mediana obtida para TOT_D1 92,1% e 83,1%, para o primeiro e segundo ano, respectivamente. Além disso, há empresas em que o governo tem 100% das ações com direito a voto e com direito sobre o fluxo de caixa. Isto demonstra uma estrutura de controle e propriedade bastante concentrada, fato também que foi observado em outros estudos das empresas brasileiras, a exemplo de Leal e Carvalhal-da-Silva (2004), Silveira et al. (2007) e Santos e Leal (2007).

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Como foi apresentado anteriormente, estudos recentes têm buscado mensurar a qualidade das práticas de governança corporativa, normalmente utilizando um score de governança elaborado por agências de rating ou por bancos de investimento, ou então desenvolvem um índice próprio que contempla várias dimensões de governança, como pode ser visto em Kappler e Love (2002), Beiner et al. (2003), Drobetz, Gugler e Hirschvogl (2004), Leal e Carvalhal-da-Silva (2004), e, Ariff, Ibrahim, Othman (2007). Corroborando com os procedimentos destes autores, o presente estudo, através de um conjunto de 13 perguntas binárias e objetivas adaptadas do questionário utilizado por Santos (2005), quantificou o percentual de respostas positivas para a composição do Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV), cujos resultados são apresentados a seguir na tabela 5.

Tabela 5: Respostas do questionário para composição do Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV)

Percentuais de respostas positivas para as perguntas do questionário aplicado às empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público. A amostra é formada por 35 empresas para o ano de 2005 e por 34 empresas para o ano de 2006.

2005 2006

Q1 A companhia prepara seus relatórios financeiros exigidos por lei dentro do prazo

previsto? 94,3% 97,1%

Q2 A companhia utiliza métodos internacionais de contabilidade (IASB ou USGAAP)? 25,7% 5,9%

Q3 A companhia usa uma das principais empresas de auditoria globais? 54,3% 50,0%

Q4 A companhia apresenta no seu website ou nas informações anuais informações (IAN)sobre a remuneração do diretor geral e dos membros do conselho? 74,3% 79,4%

Q5 A empresa teve parecer de auditoria independente sem ressalvas? 74,3% 82,4%

Q6 O presidente do conselho e o diretor geral da empresa são pessoas diferentes? 85,7% 91,2%

Q7 O conselho é claramente composto por conselheiros externos e possivelmente

independentes (não ligados aos controladores)? 22,9% 29,4%

Q8 O conselho possui entre 5 e 9 membros, conforme recomenda o código do IBGC? 62,9% 73,5%

Q9 Os membros do conselho têm mandato de um ano, conforme recomenda o Código do

IBGC? 20,0% 20,6%

Q10 A empresa não está sob investigação em curso ou tem qualquer tipo de condenação pela

CVM no último ano? 94,3% 85,3%

Q11 O grupo controlador, considerando os acordos de acionistas, possui menos de 50% das

ações com direito a voto? 0,0% 5,9%

Q12 A porcentagem das ações sem direito a votos é menor que 20% do total do capital? 48,6% 70,6%

Q13 Não existem acordos de acionistas? 14,3% 11,8%

Transparência

Composição e Funcionamento do Conselho

Controle e Conduta

Empresas Públicas de Capital Aberto Quantidade de de questões do questionário

Fonte: Os autores

Como pode ser visto na tabela 5, as questões estão agrupadas em três dimensões para a avaliação das práticas de governança, que são transparência, composição e funcionamento do conselho, e, controle e conduta.

Em relação à dimensão transparência, verifica-se que as empresas têm apresentado, em ordem decrescente, os relatórios financeiros exigidos por lei, seguido da presença de auditoria sem ressalvas, divulgação da remuneração do diretor geral e membros do conselho, contratação de auditorias globais e contabilização segundo normas internacionais. A maior

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alteração ocorreu na contabilização segundo normas internacionais, sendo utilizado por 25,7% das empresas em 2005 e passou a ser utilizado apenas por 5,9% dessas empresas.

Quanto à dimensão composição e funcionamento do conselho, observa-se que, em ordem decrescente, aparecem distinção entre as funções de presidente e diretor do conselho, número de membros do conselho e duração do mandato de seus membros, independência dos membros do conselho, e, tempo de mandato dos membros do conselho. Não houveram alterações tão relevantes na composição e funcionamento do conselho de um ano em relação ao outro.

Já em relação à dimensão controle e conduta, verifica-se, em ordem decrescente das respostas, uma maior freqüência da existência de investigação ou condenação pela CVM, seguida da porcentagem das ações sem direito a votos menor que 20% do capital total, da inexistência de acordos de acionistas e da existência de grupo controlador com menos de 50% das ações com direito a voto. Similarmente, este índice foi utilizado nas empresas brasileiras por Nobili (2006), Silveira et al. (2007) e Santos e Leal (2007). Para 2005, destaca-se que em nenhuma empresa o grupo controlador possuía menos de 50% das ações com direito a voto, e que a porcentagem de ações sem direito a voto era menor que 20% do capital total em 48,6% das empresas, sendo que em 2006 essas ações estavam presentes em 70,6% dessas empresas.

Em seguida, foram feitas as estatísticas descritivas do Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV) e de suas três dimensões para a avaliação das práticas de governança: transparência (TRANSP), composição e funcionamento do conselho (COMP), e, controle e conduta (COND). O índice foi calculado a partir de um conjunto de 13 perguntas binárias e objetivas, cujas respostas foram obtidas exclusivamente por meio de dados secundários. Cada resposta positiva adiciona um ponto ao índice, com as empresas apresentando um nível de governança de 0 a 13. Os resultados encontrados são mostrados na tabela 6.

Tabela 6: Estatística descritiva das dimensões de governança corporativa e do Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público A estatística descritiva refere-se ao Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV) e as suas três dimensões: transparência (TRANSP), composição e funcionamento do conselho (COMP), e, controle e conduta (COND). A amostra é formada por 35 empresas para o ano de 2005 e por 34 empresas para o ano de 2006.

2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 2005 2006 TRANSP 3,2 3,0 3,0 3,0 1,0 0,0 5,0 5,0 1,3 1,2 COMP 1,9 2,1 2,0 2,0 0,0 1,0 3,0 4,0 0,7 0,8 COND 3,3 3,5 3,0 4,0 2,0 2,0 4,0 5,0 0,7 0,7 GCGOV 8,4 8,8 9,0 9,0 5,0 6,0 12,0 12,0 1,5 1,5 Amostra 35 34 35 34 35 34 35 34 35 34

Máximo Desvio Padrão

Variável Média Mediana Mínimo

Fonte: Os autores

Com relação à transparência, as empresas investigadas apresentam média de 3,2 pontos em 2005 e de 3 pontos em 2005, sendo a mediana igual a 3 pontos para os dois anos, indicando que a maior parte dessas empresas possuem um bom nível de transparência. No tocante à composição e funcionamento do conselho, verifica-se que a média é de 1,9 pontos e de 2,1 pontos, para os respectivos anos. Já a mediana foi igual a 2 pontos para ambos os anos. Isto demonstra que as empresas também apresentam um conselho com boa composição. Quanto à dimensão controle e conduta, observa-se que a média é igual a 3,3 pontos em 2005 e 3,5 em 2006. A mediana foi igual a 9 pontos para os dois anos. Novamente, a maior parte das empresas apresenta boa estrutura de controle e conduta.

De maneira global, pode-se analisar o efeito conjunto das três dimensões no Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem

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investimento público (GCGOV). Os resultados da tabela 6 mostram que a empresa com menor índice de governança (GCGOV) obteve 5 pontos em 2005 e 6 pontos em 2006, e a empresa com maior índice obteve 12 pontos, para os dois anos. A pontuação média obtida foi de 8,4 e 8,8 para 2005 e 2006 respectivamente, com mediana igual a 9 pontos, indicando que a maior parte das empresas públicas apresentaram um bom nível de governança corporativa.

5. Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo caracterizar a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras de capital aberto que possuem investimento público.

Buscando caracterizar essas empresas, inicialmente foi feita a composição da amostra da pesquisa, evidenciando a quantidade de empresas que são listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), bem como aquelas que possuem seu capital aberto e não são listadas em bolsa. Observou-se que na composição da amostra investigada, a quantidade de empresas listadas supera o de empresas não listadas, nos dois anos. Verificou-se que 68,6%, em 2005, e 70,6%, em 2006, dessas empresas fazem parte do grupo que estão listadas na Bovespa.

Em seguida, buscou-se classificar as empresas investigadas segundo os seus setores de atividade. Os resultados obtidos mostraram que há predominância de participação do setor público em serviços bancários, representando 34,3% em 2005 e 32,4% em 2006, seguido do setor de saneamento e serviços de água e gás, com 25,7% e 23,5% para o primeiro e o segundo ano, respectivamente, e ainda investimento no setor de energia elétrica correspondendo a 20% e a 17,6%, para 2005 e 2006, respectivamente. Verificou-se uma pequena diminuição do número de empresas de um ano para o outro nos setores bancário, saneamento e serviços de água e gás, energia elétrica, serviços de transporte e logística, em contrapartida de um aumento na participação no setor de telecomunicações.

Também foi feita a distribuição das empresas segundo a região geográfica em que estão localizadas. Constatou-se que há uma maior participação do governo nas empresas que estão localizadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Do primeiro para o segundo ano, houve um aumento de empresas controladas pelo governo nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e uma diminuição na região Sul.

Foi investigada a estrutura de propriedade e controle a quantidade direta de ações com direito a voto do maior acionista, que neste estudo se caracteriza como as ações que estão em posse da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. As variáveis descritas em relação à estrutura de propriedade são concentração de controle (ON_D1), que identifica o percentual de ações com direito a voto do maior acionista real da empresa, e a concentração de propriedade (TOT_D1), que identifica o percentual de ações com direito sobre os fluxos de caixa do maior acionista real da empresa.

Quanto à estrutura de propriedade e controle, verificou-se que existe concentração de ações tanto com direito a voto (ON_D1) quanto com direito sobre o fluxo de caixa (TOT_D1). O governo possui diretamente, em média, 85,8% das ações com direito a voto nas empresas do ano de 2005 e 81,7% nas empresas do ano de 2006. Já o direito sobre o fluxo de caixa corresponde, em média, a 78,2% e 74% para 2005 e 2006, respectivamente. Entretanto, a mediana obtida para ON_D1 é de 95,8% e de 92,9%, e a mediana obtida para TOT_D1 92,1% e 83,1%, para o primeiro e segundo ano, respectivamente. Além disso, há empresas em que o governo tem 100% das ações com direito a voto e com direito sobre o fluxo de caixa.

Em relação à dimensão transparência, verificou-se que a maior alteração ocorreu na contabilização segundo normas internacionais, sendo utilizado por 25,7% das empresas em 2005 e passou a ser utilizado apenas por 5,9% dessas empresas. Quanto à dimensão

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composição e funcionamento do conselho, não houve alterações tão relevantes de um ano em relação ao outro. Já em relação à dimensão controle e conduta, em 2005 destacou-se que em nenhuma empresa o grupo controlador possuía menos de 50% das ações com direito a voto, e que a porcentagem de ações sem direito a voto era menor que 20% do capital total em 48,6% das empresas, sendo que em 2006 essas ações estavam presentes em 70,6% dessas empresas.

Em relação às estatísticas descritivas de transparência, observou-se que as empresas investigadas apresentaram, em média, 3,2 pontos em 2005 e 3 pontos em 2005, sendo a mediana igual a 3 pontos para os dois anos, indicando que a maior parte dessas empresas possuem um bom nível de transparência. No tocante à composição e funcionamento do conselho, verificou-se que a média foi de 1,9 pontos e de 2,1 pontos, para os respectivos anos, e a mediana foi igual a 2 pontos para ambos os anos. Isto demonstra que as empresas também apresentam um conselho com boa composição. Quanto à dimensão controle e conduta, observou-se que a média é igual a 3,3 pontos em 2005 e 3,5 em 2006, e a mediana foi igual a 9 pontos para os dois anos. Novamente, a maior parte das empresas apresentou boa estrutura de controle e conduta.

De maneira global, pode-se analisar o efeito conjunto das três dimensões no Índice de Governança Corporativa das Empresas Brasileiras de Capital Aberto que possuem investimento público (GCGOV). Os resultados mostraram que a empresa com menor índice de governança (GCGOV) obteve 5 pontos em 2005 e 6 pontos em 2006, e a empresa com maior índice obteve 12 pontos, para os dois anos. A pontuação média obtida foi de 8,4 e 8,8 para 2005 e 2006 respectivamente, com mediana igual a 9 pontos, indicando que a maior parte das empresas públicas apresentaram um bom nível de governança corporativa.

Recomenda-se que este estudo seja realizado utilizando uma série maior de anos, uma vez que foi feito apenas com dois anos, para testar se serão obtidos os mesmos resultados. Também, sejam incluídas outras características para serem analisadas, que porventura não tenham sido apresentadas, a fim de melhor descrever a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas investigadas.

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