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Academic year: 2021

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Fabio Milman

Ação de consignação em pagamento

Tal espécie de procedimento especial de jurisdição contenciosa serve de veículo à pretensão de seu autor (devedor ou terceiro) de obter declaração judicial de cumprimento de obrigação de pagar quantia certa ou de entrega de coisa, conforme está previsto no artigo 890 do Código de Processo Civil (CPC):

Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§1.o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo

depó-sito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. §2.o Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa,

repu-tar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depo-sitada.

§3.o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor

ou terceiro poderá propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa.

§4.o Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito,

podendo levantá-lo o depositante.

Motivação da demanda

A causa eficiente da ação de consignação em pagamento, em regra, é a denominada mora creditoris, vale dizer, a negativa do credor em receber, na forma e prazo pactuados, a quantia em dinheiro ou a coisa devida.

Ação de consignação em pagamento

e ação de prestação de contas

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Requisitos

Dentre os requisitos para a modalidade, a constatação da recusa do credor em receber; também, por evidente, a existência de uma obrigação líquida e certa vencida e impaga; a lei cogita, ainda, a possibilidade da consignação judicial se ocorrente justa dúvida quanto a quem deva legitimamente receber.

Legitimação

A legitimação ativa para interpor a espécie é, em primeiro plano, do próprio devedor que necessite obter quitação da obrigação. Entretanto, pelo instituto da

sub-rogação, previsto na Lei Civil1, pode um terceiro pagar em nome do devedor

a dívida deste, nessa condição assumindo seus direitos tanto materiais quanto processuais dentre os quais, expressamente refere o antes reproduzido artigo 890 do CPC, o de propor, em nome próprio, a ação de consignação.

O polo passivo da demanda ora tratada será ocupado pelo credor recusante do pagamento, ou por aqueles que, no caso de dúvida quanto a quem pagar, possam efetivamente ostentar e demonstrar sua condição de credores do que ofertado.

Consignação em pagamento pré-processual

Os parágrafos 1.º até 4.º do artigo 890 do CPC estabelecem procedimento pre-liminar à atuação jurisdicional, uma tentativa consignatória extrajudicial prévia. Via exclusiva para obrigações de pagar em dinheiro quantia certa, tal busca é desempenhada perante estabelecimentos oficiais bancários. O interessado em pagar e obter quitação, por essa modalidade, procura uma agência localizada na praça de pagamento da obrigação e efetua depósito da quantia em conta com correção monetária.

O banco escolhido fará cientificar o credor, por meio de carta com aviso de recebimento, de que houve o depósito e que a quantia ofertada está à sua dispo-sição. O consignado extrajudicial, a partir da ciência do depósito, terá o prazo de 10 (dez) dias para manifestar expressamente por escrito sua recusa em receber a oferta; não o fazendo, será o devedor considerado liberado de sua obrigação. De outro modo, comparecendo o credor à agência bancária, receberá o que foi depo-sitado, servindo o recibo como comprovante de quitação da obrigação.

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Vindo no decêndio legal recusa escrita, ter-se-á por ineficaz a tentativa extra-judicial, liberando-se a quantia em favor do próprio devedor que poderá utilizar, como a seguir considerado, a prova do depósito bancário para o procedimento judicial.

Prova essencial: título

Prova essencial para propositura da ação de consignação em pagamento repousa sobre o título vencido, ou seja, o documento apto à demonstração da existência de uma relação crédito-débito que justifique a narrativa fática da obri-gação de cumprimento e correspondente recusa em receber e dar quitação.

Competência

É regra que o órgão jurisdicional competente para receber, processar e decidir a ação de consignação em pagamento seja o do lugar onde deva a obrigação ser

cumprida.2 Em se tratando de coisa (corpo, objeto), poderá a demanda ser

distri-buída no foro onde aquela se encontra.3

Pedidos contidos na inicial

O primeiro pedido comumente presente na peça vestibular da espécie pro-cedimental em destaque é o de autorização (verdadeira antecipação do resul-tado final da esperada sentença de procedência) para depósito judicial liminar da

quantia ou coisa devidas4 com esse exercício cessando, para o devedor, os riscos

da mora5 (incidência de juros e de multa), salvo se sobrevier, ao final, sentença de improcedência.

2 Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os

juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.

3 Art. 891. [...]

Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.

4 Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do §3.º do art. 890;

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta.

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Deferido, deverá o depósito liminar ser realizado no prazo de até 5 (cinco) dias da ciência da parte autora, intimada para tanto sobre a concessão da medida. Também é indispensável constar da petição inicial o pedido citatório do réu para, no prazo legal de 15 (quinze) dias6, levantar o depósito que foi ofertado ou rece-ber a coisa pretendida a entregar.

Quando o pagamento recair sobre coisa indeterminada, incide a previsão do artigo 894 do CPC:

Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.

Quanto ao plano material, a pretensão do autor está em obter sentença com eficácia preponderantemente declaratória de extinção da obrigação.

Se o conflito gerador da demanda judicializada cuidar de relação de trato suces-sivo (alugueres, contribuições condominiais, plano de consórcio etc.), depositada a primeira parcela, a mesma possibilidade alcançará as demais que, no curso do processo, se forem vencendo – tudo conforme redação do artigo 892 do CPC:

Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.

Matéria específica de defesa

O réu da ação de consignação em pagamento, em sua defesa, poderá assegu-rar ausência de recusa ou mora em receber (CPC, art. 896, I). Na primeira hipótese (não ter o demandado recusado o pagamento na forma e condições pactuados), recairá sobre o autor consignante o ônus da prova (CPC, art. 333, I), na medida em que, cogitando-se o contrário, estar-se-á exigindo da parte ré prova impossível – qual seja, de fato não ocorrido.

A segunda tese da resposta (CPC, art. 896, II) poderá fundar-se no fato de ter sido justa a recusa – por exemplo, quando procurado para que recebesse e desse a quitação, ainda não se encontrava vencida a obrigação ou não cumprida, até aquele momento, determinada condição do negócio. Também dedutível, em

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contestação, que “o depósito não se efetuou no prazo ou lugar do pagamento” (CPC, art. 896, III) ou, também, que o depósito, como oferecido, apresentava-se a menor do que o previsto (CPC, art. 896, IV).

Nesta última situação (depósito não integral), a lei autoriza ao autor devedor a complementação da quantia faltante no prazo de 10 (dez) dias (CPC, art. 899). A hipótese de complementação, todavia, não será viável se o montante faltante corresponder a uma prestação essencial, a uma parcela do contrato que, impaga, por si só acarretaria rescisão do contrato.

Quantia incontroversa

Conforme redação do parágrafo 1.º do artigo 899 do CPC, em que pese discus-são sobre corresponder ou não a quantia depositada ao que realmente é devido, a porção incontroversa ofertada poderá, desde logo, ser levantada pelo credor, seguindo o processo pelas eventuais diferenças. Apuradas tais diferenças como devidas, a sentença trará declarada tal circunstância e, mais do que declarar, con-denará o devedor ao pagamento, em favor do credor, dos montantes faltantes, constituindo título executivo judicial.

Dúvida quanto a quem deva legitimamente receber

Quando houver dúvida do devedor quanto a quem deva pagar quantia ou entregar coisa, deverá ele requerer a citação daqueles que, no plano material,

disputam o crédito ou bem.7 Citados, nenhum comparecendo, converter-se-á o

depósito em arrecadação de bens de ausente.8 Comparecendo apenas um dos

apontados eventuais credores, a ele será adjudicada a oferta por meio de sen-tença que liberará o devedor da obrigação.9 Atendendo à citação mais de um dos possíveis credores apontados, nenhum deles impugnando o valor ou a coisa ofertados, sobrevirá sentença que declarará cumprida a obrigação, então prosse-guindo a demanda em segunda fase, como quer a lei, sob rito ordinário,

envol-vendo apenas a disputa entre os sujeitos consignados.10

7 CPC, art. 895.

8 CPC, art. 898, primeira parte. 9 CPC, art. 898, segunda parte. 10 CPC, art. 898, terceira parte.

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Ação de prestação de contas

Objetivo

Procedimento especial de jurisdição voluntária regulado pelos artigos 914 até 919 do CPC, o tema destas linhas tem por objeto o cumprimento de uma obriga-ção de prestar contas.

Legitimação

Pode propor ação de prestação de contas tanto aquele que está obrigado a prestá-las ou o que tem direito a recebê-las; no polo passivo estarão, no primeiro caso, os que têm direito às contas e, no segundo, aquele que está a recusá-las.

Requisitos

Do acima exposto, decorre serem requisitos para espécie procedimental a negativa em prestar contas, quando existente obrigação de fazê-lo, ou a negativa em receber contas, quando alguém estiver obrigado perante aquele que as está objetando.

Prova essencial: existência da relação material

Deverá o autor da demanda comprovar a existência de uma relação que gere obrigação em prestar contas, normalmente prestação de serviços ou exercício de um mandato, ou ainda, desempenho do encargo de tutor ou curador.

Ação proposta pelo credor das contas

Ofertada pelo credor das contas este deverá, depois de apresentar sua narra-tiva fática, requerer a citação do réu para, em 5 (cinco) dias, apresentá-las ou con-testar o pedido.11 Prestadas, sobre as contas será oportunizada vista pelo período de 5 (cinco) dias.12

11 CPC, art. 915, caput. 12 CPC, art. 915, §1.º.

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Havendo inconformidade, seguirá o feito com a fase de instrução, via de regra realizando-se prova pericial contábil, ao cabo lançada sentença que julgará a qua-lidade do que apresentado.

Ausência de contestação ou de impugnação

De acordo com a disciplina do parágrafo 2.º do artigo 915 do Código, na ausên-cia de impugnação ou na ausênausên-cia da oferta das contas sobrevirá julgamento antecipado da lide mediante sentença condenatória do réu em obrigação de fazer (consistente em prestar contas no prazo de 48 horas). Cumprida a decisão, retornar-se o ritual primeiro, qual seja, de vista ao autor sobre o ofertado, debate a respeito, eventual perícia e sentença.

Finalmente, se não houver o cumprimento da sentença, ou seja, se no prazo de 48 horas deixar o réu de prestar as contas, determina a parte final do pará-grafo 3.º do artigo 915 do CPC que as oferte o autor em 10 dias, não cabendo ao demandado impugná-las, deliberando o juiz, a seu respeito, com uso de seu prudente arbítrio, podendo valer-se para auferir certeza sobre o que decidirá, de prova pericial contábil.

Ação de prestação pelo devedor das contas

Quando houver recusa do credor das contas a recebê-las, tratará o obrigado a prestá-las de demandar seguindo as regras do artigo 916 do CPC. O réu será citado para no prazo de 5 (cinco) dias aceitar ou contestar as contas apresentadas. Na hipótese de na falta de manifestação (revelia) ou da expressa manifestação de concordância do réu com as contas alcançadas, será lançada sentença de proce-dência do pedido, no prazo de 10 dias. De outra forma, presente contestação ou impugnação, existindo necessidade de produção de provas, sobrevirá instrução e, depois de seu encerramento, correspondente julgamento.

Requisito formal para as contas prestadas

O artigo 917 do CPC exige que as contas devam ser sempre apresentadas na forma mercantil, com a especificação de receitas e das aplicações das despesas com apontamento do saldo final, tudo acompanhado da documentação corres-pondente.

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Efeitos da sentença

A sentença que julgar as contas declarará sua qualidade, isto é, se foram elas adequadamente ou não prestadas. Existente saldo em favor de qualquer das partes, essa porção sentencial terá força condenatória posto que gerará título

executivo judicial exigível em sede de cumprimento de sentença13, na forma do

artigo 475-J e seguintes do diploma instrumental civil.

Prestação de contas do inventariante, do tutor,

do curador, do depositário e de outros administradores

Consoante previsão do artigo 919 do CPC, as contas devidas pelos perso-nagens acima enumerados deverão ser processadas em apenso aos autos dos processos em que havidas suas nomeações. Se apurado saldo devedor com con-sequente condenação ao pagamento, o não desempenho deste no prazo legal acarretará possível destituição do cargo pelo juiz, e/ou sequestro de bens que estejam sob sua guarda e glosa do prêmio/gratificação a que faria jus.

Ampliando seus conhecimentos

Indicamos a leitura das obras abaixo:

Procedimentos Especiais, de Antonio Carlos Marcato, editora Atlas.

Dos Procedimentos Especiais no Código de Processo Civil, de Ernani Fidélis dos

Santos, editora Forense.

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Referências

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