V - XIX - XXIII - XXVI - XXVII - XXIX - LIV
LV LXXI CVI CVII CIX CXXIII
Cega, ó Tempo voraz, as garras do leão, E dos tigres arranca os dentes à maxila; Faze que a terra coma a própria geração, E a fênix, no seu sangue em flamas, aniquila! Fugindo, as estações alegra ou entristece; Dispõe, Tempo dos pés velozes, do universo, E de quanta doçura, eu sei, nele esmaece; Porém eu te proíbo um crime mais perverso: Não queiras entalhar de meu amor a fronte Com tuas horas, nem riscá-la com tua pena Antiga; mas que puro, ó Tempo, ele defronte Os pósteros — padrão de formosura plena.
Faze o pior, porém: malgrado o teu rigor,
•
Com quem o eu – lírico estabelece uma conversa?
•
Nos 2 primeiros versos, que conclusão podemos tirar sobre o
tempo?
•
3º verso: o que significa dizer que a terra come a própria
geração?
•
O que representa a fênix? Qual a relação dela com o tempo?
•
Que características são atribuídas ao tempo pelo eu – lírico?
Assim que imagem temos do tempo?
•
A partir de que verso o eu – lírico muda o seu foco no poema?
Desvalido em fortuna e aos olhos dos mortais, Quando choro sozinho ao ver-me rejeitado E os surdos céus perturbo em vão com altos ais E amaldiçoo a sorte olhando meu estado,
E almejo ser alguém, bem mais esperançado, De que tivesse o aspecto e as ricas amizades, E com o que fruo mais o menos contentado,
Quero a arte deste, e doutro as oportunidades: Quase que me desprezo, em coisas tais cuidando; Mas penso em ti, e logo a minha condição,
Qual cotovia na alva a terra abandonando, Ergue às portas do céu hinos de gratidão;
Pois traz-me tal riqueza o teu amor lembrado, Que desdenho trocar com os reis o meu estado.
•
Apresente características do estado em que o eu – lírico se
encontra.
•
3º verso: o que os “altos ais” representam?
•
O verso “Ergue às portas do céu hinos de gratidão”
contrapõe-se com qual verso anterior?
•
Qual a nova condição do eu – lírico? Qual o motivo dela?
•
Que comparação o eu – lírico estabelece para explicar sua
nova condição?
•
Explique com as próprias palavras a conclusão (2 últimos
versos) do soneto.
Como o ator imperfeito em cena perde a ação, E olvida o seu papel, roído de temor;
Como o excesso de força abate o coração De um homem que, violento, estue de furor; Assim eu, inseguro, esqueço de dizer
A cerimônia exata em ritual de amor, E se em força de amor pareço decrescer
É que ele pesa em mim com todo o seu vigor. Deixa que sejam pois meus livros a eloquência - Intérpretes sem voz – de um coração que fala;
Mais do que alguém que mais tem dito com mais fluência, Advoguem-me a paixão e esperem premiá-la.
Oh! aprende a ler o que escreveu silente ardor: Ouvir com os olhos é finura entre as do amor.
•
Em que estado se encontra o eu – lírico?
•
Quais a comparações que ele faz para
representar como ele se encontra?
•
Quais as consequências da grandiosidade desse
amor?
•
O que o eu – lírico sugere que possa falar em seu
lugar?
•
Explique com suas palavras o que seria “ouvir com
os olhos” que é uma finura do amor.
Não, Tempo, não dirás que eu haja de mudar: Pirâmides que ergueu um mais atual vigor
De novo nada têm, nada de singular:
São mero adorno de espetáculo anterior. É breve o nosso prazo, admira-nos portanto Tudo o que nos impinges, meras velharias: A refletir – já ouvimos nelas falar tanto,
Melhor pensar – nasceram para os nossos dias. Não consigo admirar passado nem presente; Teus registros e tu, os dois eu desafio;
Mentem registros e o que surge a nossa frente, A crescer e a minguar no instante fugidio.
Isto é o que juro e viverá daqui por diante: Alheio a tua foice e a ti, serei constante.
Vosso escravo que sou, compete-me servir Nas horas e ocasiões que bem vos parecer; De meus não tenho, até o virdes a exigir, Serviços a prestar nem tempo a despender. Não ouso censurar a hora interminável
Se olho o relógio e à espera vossa me conservo. Nem o amargor da ausência julgo detestável Por teres ido, ó soberana! deste servo.
Nem ouso interrogar aos zelos desta mente
Por onde é que andareis, cuidando de que assunto, Mas, triste escravo, espero, e penso unicamente
Em que felizes são os que vos tenham junto!
Naquilo que façais por simples veleidade, O amor é tão leal que não verá maldade.
"De minha idade o espelho não me pode arguir, Visto que a juventude e tu andais a par;
Quando os sulcos do tempo em ti eu descobrir, Logo a morte virá meus dias consumar.
Pois toda essa beleza que te cobre assim É a linda veste, apensas, de meu coração, Que vive no teu peito, como o teu em mim: Como hei de ser mais velho do que tu, então? Contigo, meu amor, tu deves ter cuidado,
Como contigo, e não comigo, eu hei de ter: Trago teu coração, e guardo-o desvelado, Como doce ama a criancinha a proteger.
Quando meu coração morrer, do teu desiste: Foi para o todo o sempre que me transferiste."