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Divulgação Científica no ensino médio: desenvolvimento da temática de origem da vida através de documentários

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Academic year: 2021

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Divulgação Científica no ensino médio:

desenvolvimento da temática de origem da vida

através de documentários

Popular Science in high school: development of the origin

of life theme through documentaries

Resumo

A divulgação científica tem como objetivo transmitir ciência de forma simplificada facilitando o entendimento independentemente do contexto social do indivíduo. Vinculada a educação informal, a divulgação científica pode acontecer por meio de livros didáticos, revistas em quadrinhos, documentários, programas de rádio e televisão, vídeos, jornalismo científico, museus de ciência e até mesmo a internet. Com base nisso foi feita uma pesquisa com alunos do primeiro ano do ensino médio com o objetivo verificar a qualidade do uso de documentários como ferramenta de divulgação científica. Tendo como base duas turmas de um colégio estadual do interior do Rio de Janeiro, foi possível concluir que a divulgação científica por meio desses vídeos traz resultados benéficos desde que se leve em consideração a linguagem e conteúdo do vídeo, os fatores do ambiente em que os alunos se encontram, o perfil da turma e o nível de conhecimento que os alunos possuem previamente.

Palavras chave:

Divulgação científica, documentários, ensino, biologia, educação.

Abstract

Popular science aims to convey science in a simplified manner facilitating the understanding regardless of the individual's social context. Linked to informal education, science communication can happen through textbooks, comic books, documentaries, radio and television programs, videos, science journalism, science museums and even the internet. Based on that, a search was made with the first year high school students in order to check the quality of the use of documentaries as a popular science tool. Based on two classes of a state school from Rio de Janeiro, it was concluded that the scientific dissemination through these videos brings beneficial results, if it consider the language and content of the video, social factors from where the students live, the profile of the class and the level of knowledge that the students have previously.

Key words:

Popular science, documentary, teaching, biology, education

Introdução

A divulgação científica tem como finalidade explicar descobertas científicas, que se encontravam com linguagem técnica e considerada difícil, para uma linguagem em que qualquer indivíduo possa entender sem maiores dificuldades, mesmo que não possua grandes conhecimentos sobre o assunto. Segundo Vieira (1999) a comunicação eficaz das informações

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científicas são de extrema importância para o desenvolvimento social e econômico.

Para Abreu (2001) a divulgação científica consiste na difusão do conhecimento científico sem descontextualizá-lo. Para Silveira (2009) a divulgação científica surge para equilibrar as descobertas científicas e tecnológicas com a educação científica do cidadão brasileiro, que segundo Abreu (2001) se encontra muito desproporcional.

“Com isso, para suprir esse desequilíbrio, surge a divulgação científica, uma maneira de comunicar a ciência, além do espaço formal da educação. Entendemos que, embora a educação das pessoas esteja associada à experiência que o indivíduo adquire no espaço escolar (educação formal), é importante considerarmos a existência de um processo educativo não-formal. Desta maneira, defendemos a ideia de que a ciência, por sua própria natureza, tem de ser aberta, comunicada não apenas à comunidade científica, sobretudo de forma diferente na sociedade em geral, a começar pela escola.” (Silveira, 2009, p. 253)

Apesar de a divulgação científica ter grande papel na educação científica do brasileiro, segundo Silva (2014), a divulgação científica ainda não chega nas salas de aula; apenas uma pequena porcentagem das pesquisas levantadas por Silva (2014) sobre divulgação científica se referem ao uso desta na sala de aula, a maior parte dessas pesquisas se refere a trabalhos que analisam aspectos de textos de Divulgação Científica, além de um conjunto de trabalhos teóricos sobre Divulgação Científica e revisões bibliográficas sobre Divulgação Científica na área de ensino de ciências.

Segundo Moreira (2002), apesar do Brasil ainda não possuir atividade ampla, de qualidade e abrangente no âmbito da divulgação científica, as últimas décadas têm sido muito ricas em experiências de divulgação científica.

A forma mais comum de divulgação científica ainda se encontra em de revistas próprias para divulgação científica e alguns livros didáticos, mas pode ser vinculada também a alguns quadrinhos, programas de rádio e televisão e até mesmo a internet.

“Ao contexto da divulgação científica, vinculam-se os livros didáticos, revistas em quadrinhos especiais, documentários, programas especiais de rádio e televisão, jornalismo científico, centros e museus de ciência e etc. Além da divulgação impressa, também existe a rede de informação de acesso eletrônico internet, que tem sido um instrumento potente de disseminação e da divulgação da ciência. Através dela, pode-se ter acesso à revistas, jornais e até mesmo visitar museus “virtualmente”.” (Carboni, 2005, p.39)

A divulgação científica vem associada à educação informal. Para Moreira (2002), a educação formal e informal caminham paralelamente, pois a mente humana não é compartimentalizada, assim, os desafios e estímulos ao pensamento e à percepção enriquecem as estruturas cognitivas humanas. Para ele, a educação informal deve ser sempre incrementada pois contribui para o enriquecimento da capacidade cognitiva favorecendo a aprendizagem.

Objetivos

Esse trabalho tem como objetivo a utilização de documentário como veículo de divulgação científica em uma turma de ensino médio do CEJOPA (Colégio Estadual José do Patrocínio) para verificar se a utilização desse recurso facilita o entendimento das teorias de origem da vida, que são muito abstratas, através das animações, linguagem facilitada e relatos de especialistas presentes nesse tipo de documentário.

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Metodologia

Foi escolhido um documentário (The History Channel: As Origens da Vida, 20091) que trata da evolução das espécies que, com base em metodologias científicas e descobertas recentes, descreve como teria sido o primeiro animal a habitar a terra, de qual criatura a espécie humana teria surgido e como explicar a grande biodiversidade de espécies que existe no planeta terra.

Depois, foi criado um questionário sobre algumas informações contidas no vídeo para verificar se as informações passadas no vídeo são relevantes para os alunos e se eles conseguem compreender os assuntos acadêmicos desta forma.

O documentário foi aplicado em duas turmas de primeiro ano do ensino médio no Colégio Estadual José do Patrocínio (CEJOPA), em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, e o questionário foi aplicado antes e depois do vídeo para calcular qual foi o percentual de acertos e erros antes de assistir ao documentário e depois, e assim, verificar como esse tipo de vídeo influencia na pesquisa.

Figura 1: Questionário

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Resultados e Discussões

Os alunos assistiram ao documentário e responderam os questionários; primeiramente a pesquisa foi realizada na turma 1001, e em seguida, na 1002. Na 1001 a pesquisa foi realizada com 22 alunos, já na 1002, 32 alunos participaram da pesquisa.

O questionário foi composto por 5 questões objetivas e uma discursiva. A questão objetiva consistia em uma consulta de opinião dos alunos sobre a origem da vida em relação ao que eles pensavam para explicar o fato dos cientistas não conseguirem recriar a vida mesmo fornecendo todos os compostos necessários nas condições ideais. Grande parte das respostas antes e depois do documentário remetiam a concepção de Deus como criador do universo, mas existiam algumas respostas antes do documentário que demonstravam que o aluno não possuía embasamento teórico para defender seu ponto de vista, tais como:

“Porque a vida não pode ser recriada mesmo com todos os ingredientes” “Porque não pode simplesmente misturar tudo. A vida é muito mais complicado” Após o documentário surgiram respostas um pouco mais embasadas para a mesma questão, tais como:

“Porque a vida surgiu meio que espontaneamente. Não através de homens e suas máquinas”

“Porque pra isso precisa de muita energia, como a energia que existe da explosão das estrelas”

Para a questão discursiva foi possível notar que grande parte dos alunos não tentou responder. Na 1001, 70% dos alunos não responderam antes de assistir ao documentário e 40,9% não responderam após assistir. Já na 1002, 75% não respondeu antes de assistir ao documentário e 60,71% não respondeu após assistir.

Figura 2: Alunos assistindo ao documentário

Nas questões objetivas houve um aumento significativo na quantidade de acertos em geral após o documentário. Em ambas as turmas o percentual de acertos aumentou quase 40% na segunda questão, que se tratava dos elementos químicos fundamentais da vida, essa informação foi passada de forma lúdica pelo documentário e certamente foi uma das

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informações que melhor foi fixada.

As respostas corretas dos alunos para as questões objetivas do questionário se dá conforme a tabela 1.

Percentual de acertos antes

do documentário Percentual de acertos depoisdo documentário Diferença entre os percentuais deacerto. Questões Turma 1001 Turma 1002 Turma 1001 Turma 1002 Turma 1001 Turma 1002

01 15% 31,25% 50% 21,43% 35% -9,82%

02 35% 40,63% 72,73% 78,57% 37,73% 37,94%

04 60% 25% 22% 25% -38% 0%

05 35% 34,38% 68,18% 28,57% 33,18% -5,81%

06 40% 28,13% 40,9% 60,71% 0,9% 32,58%

Tabela 1: Percentual de acertos do questionário

Conclusões

Nas respostas dos alunos é possível notar, principalmente na turma 1001, um aumento significativo nos acertos, porém na turma 1002, cujos alunos não permaneceram em silêncio durante todo o vídeo e aparentemente não estavam prestando atenção suficiente, a pesquisa não trouxe resultados tão satisfatórios, portanto um dos fatores a se avaliar antes de aplicar um vídeo na sala de aula é o perfil da turma; no caso da 1002, a turma não conseguia ficar muito tempo em silêncio assistindo a um documentário informativo como o As Origens da

Vida da History Channel. Se o perfil da turma for compatível com o vídeo a ser aplicado os

resultados poderão ser muito satisfatórios.

O vídeo combina a comunicação sensorial-cinestésica com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional. (Morán, 1995, p. 29)

Para as questões discursivas, é possível notar que os alunos não estão habituados a responder questões cujas respostas não são tão claras, mas, ainda assim, o documentário aumentou 29,1% na turma 1001 e 14,29% na turma 1002 da quantidade de respostas; além de que a qualidade das respostas foi claramente melhorada.

Outro fator a se avaliar é o nível de complexidade do conteúdo apresentado pelo vídeo. Os alunos não entenderão informações muito superiores aos conhecimentos escolares sabidos por eles, assim, no questionário quando foi feita uma pergunta sobre o elemento químico básico dos compostos orgânicos, que é uma informação que normalmente não é explicada ou cobrada a alunos do primeiro ano do ensino médio, houve uma queda de 38% no acerto da questão pela turma 1001 após assistir ao documentário e uma não alteração no resultado da 1002, o que indica que o termo não foi entendido pelos alunos mesmo depois de assistir ao documentário.

Na segunda questão, foi perguntado sobre os elementos químicos fundamentais da vida, essa informação foi passada de forma lúdica pelo documentário, o que possivelmente foi o motivo para um aumento de 37,73% na 1001 e 37,94% na 1002 no número de respostas certas para a questão. Portanto, deve-se avaliar também como o documentário retrata os assuntos; quanto mais lúdico e didático, mais os alunos se interessam e melhor o conteúdo é entendido por eles. Conclui-se, então, que o uso de documentários é satisfatório para que ocorra divulgação

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científica, desde que se leve em consideração a linguagem e conteúdo do vídeo, os fatores do ambiente em que os alunos se encontram, o perfil da turma e o nível de conhecimento que os alunos possuem previamente. De forma geral, a divulgação científica traz benefícios quando associada a sala de aula, e por possuir diversas formas de utilização, pode ser facilmente associada a diversos temas e perfis diferentes de alunos.

Agradecimentos e apoios

Instituto Federal Fluminense de Educação, Ciência e Tecnologia campus Campos Centro Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID

Colégio Estadual José do Patrocínio da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ – CEJOPA

Referências

ABREU, A. R. P. Estratégias de desenvolvimento científico e tecnológico e a difusão da ciência no Brasil. In: CRESTANA, S. (Org.). Educação para a ciência: curso para

treinamento em centros e museus de ciência. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2001. p.

23-28.

CARBONI, L. A influência de uma exposição científica sobre as representações sociais e atitudes relativas ao meio ambiente: Um estudo com alunos do ensino médio. Dissertação de Mestrado não-publicada, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2005.

HISTORY Channel: As Origens da Vida, The. [documentário] History Channel Brasil, 2009. 130min.

MORÁN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicacão e Educacão, São Paulo, jan./abr. 1995

MOREIRA, Ildeu Castro; MASSARANI, Luisa. Aspectos Históricos da Divulgação Científica no Brasil. In: MOREIRA, Ildeu Castro (org.); MASSARANI, Luisa (org.); BRITO, Fátima (org.). Ciência e Público: caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura. 2002.

SILVA, André Coelho; ALMEIDA, Maria José P. M. A Leitura Por Alunos do Ensino Médio de Um Texto Considerado de Alto Grau de Dificuldade. ALEXANDRIA Revista de

Educação em Ciência e Tecnologia, v.7, n.1, p.49-73, maio 2014. Páginas@UFSC

SILVEIRA, A. F.; ATAÍDE, A. R. P.; FREIRE, M. L. F. Atividades lúdicas no ensino de ciências: uma adaptação metodológica através do teatro para comunicar a ciência a todos.

Educar, Curitiba, n. 34, p. 251-262, 2009. Editora UFPR

VIEIRA, Cássio Leite. Pequeno manual de divulgação científica: dicas para cientistas e divulgadores de ciência.Ciência Hoje/Faperj, 2. ed. Rio de Janeiro, 1999.

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