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A interatividade no telejornalismo: o caso do Rio Grande Record

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Academic year: 2021

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0 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO – DACEC

GABRIEL GARCIA

A INTERATIVIDADE NO TELEJORNALISMO: O CASO DO RIO GRANDE RECORD

Ijuí, RS 2015

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1

GABRIEL GARCIA

A INTERATIVIDADE NO TELEJORNALISMO: O CASO DO RIO GRANDE RECORD

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo – da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social.

ORIENTADOR: Professor Me. Marcio da Silva Granez

Ijuí, RS 2015

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2 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO – DACEC

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia.

A INTERATIVIDADE NO TELEJORNALISMO: O CASO DO RIO GRANDE RECORD

Elaborada por

GABRIEL GARCIA

Como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social

Comissão Examinadora

________________________________________________ Professor Me. Marcio da Silva Granez (Orientador) – DACEC/UNIJUÍ

________________________________________________ Professora Ma. Lara Nasi (banca titular) – DACEC/UNIJUÍ

________________________________________________ Professor Me. André Gagliardi (banca suplente) – DACEC/UNIJUÍ

Ijuí, RS 2015

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AGRADECIMENTOS

O tempo passa em uma velocidade impossível de ser medida, contada e dimensionada. O primeiro dia na faculdade parece que foi ontem. As novidades da cidade diferente, dos professores e do mundo da comunicação. Foram tantas as pessoas que estiveram comigo nesta

caminhada que me sinto abençoado por tanta alegria e crescimento pessoal e profissional. Mas não teria como eu começar estes agradecimentos sem dizer a Deus: “Muito obrigado, meu Pai”. Ele me deu força nos momentos de incerteza e confiança para subir todos os degraus por mais altos que eles fossem. A gratidão pela sabedoria e pela saúde que me

trouxeram até aqui.

Sem família nada somos e a minha esteve comigo durante estes quatro anos sem falhar nem um momento. Todas as vitórias e quedas foram compartilhadas, vividas e sofridas em

conjunto. A minha mãe foi inspiração e me deu forças para seguir no caminho da comunicação. Junto com a minha avó elas não mediram esforços para me ver feliz e realizado

em cada escolha no jornalismo.

Agradeço ao meu pai que mesmo indiretamente me mostrou a magia das palavras e do poder da informação.

Ao professor Marcio Granez que me acompanhou do primeiro ao último semestre. Orientador desta monografia me guiou pelos melhores estudos, livros e pesquisas.

A todos os professores da Unijuí que estiveram comigo nesta caminhada e dividiram o conhecimento e a paixão pelo jornalismo.

Aos meus amigos que se tornaram parte da minha família nestes últimos anos. Obrigado por serem tão especiais e pelos infinitos momentos de companheirismo que dividimos juntos.

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“Jornalismo não é obrigação, não é um trabalho como outro qualquer. É paixão e quase uma missão”. Gabriel García Marquéz

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar as mudanças no telejornalismo ao longo dos últimos anos, principalmente com a influência da tecnologia e das redes sociais, cada vez mais presentes na rotina das pessoas. A aproximação entre jornalista e telespectador se faz possível a partir do uso das ferramentas digitais disponíveis, sendo desta maneira ponto fundamental para adaptar os tradicionais formatos de telejornalismo. A interatividade é essencial para a construção da notícia, tornando o receptor parte dela e personagem essencial para a produção do jornalista. A adaptação dos cenários, da linguagem e do modo de captação das informações frente à evolução são alguns dos aspectos analisados neste trabalho. A pesquisa centra os estudos no telejornal Rio Grande Record, da TV Record RS, investiga como o noticiário da emissora absorveu os avanços tecnológicos e a mudança de posição do receptor no canal de comunicação. O estudo busca entender a relação entre a interatividade e a montagem do telejornal como fator determinante para aproximar o público e consequentemente aumentar a audiência.

Palavras-chave: Telejornalismo. Redes sociais. Interatividade. Jornalismo participativo. Rio Grande Record.

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ABSTRACT

This current work has as purpose to analyze the changes on tv news during the last years, mainly with the influence of technology and social networks, which are more and more presente on our routines. The approximation between journalists and the viewer it is only possible by the use of available digital tools, becoming this way a fundamental point to adapt the traditional tv news form. The interactivity is essencial for building the news, making the viewer part of this process and an essencial character for the journalistic production. Scenary adaptation, language and way of capturing information facing the evolution are some of the aspects analyzed in this study. The research has been centred on the Rio Grande Record news, from Record TV-RS, which investigates how the news from this network has absorved the technological advances and has changed the position of the viewer in the communication channel. This study tries to understadn the relationship between the interactivity and the TV news edition as a decisive factor to approximate the audience and consequently raise the audience rates.

Key words: TV News. Social networks. Interactivity. Participative journalism. Record Rio Grande.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Uma das primeiras logomarcas da emissora ... 39

Imagem 2 - A inauguração de Brasília, marco na história do país ... 40

Imagem 3 - Gontijo Teodoro na apresentação do Repórter Esso ... 41

Imagem 4 - Bombeiros tentando apagar o fogo que atingiu o Teatro Record ... 42

Imagem 5 - Cidade Alerta com Ney Gonçalves ... 43

Imagem 6 - Evento de lançamento do “RecNov” ... 44

Imagem 7 - Jornalista Adriana Bittar na apresentação de um dos telejornais do “Record News” ... 45

Imagem 8 - Bancada do telejornal “Rio Grande Record” ... 48

Imagem 9 - Grade de programação da Record RS ... 49

Imagem 10 – Imagem aérea da TV Record no RS ... 50

Imagem 11 - Apresentação do Rio Grande Record ... 52

Imagem 12 - No Facebook a emissora postou sobre a volta de Simone Santos ... 53

Imagem 13 - Reportagens das edições passadas podem ser vistas “on-line”... 54

Imagem 14 - Fanpage do Rio Grande Record ... 56

Imagem 15 - Destaque do programa do dia postado na fanpage ... 57

Imagem 16 - O editor-chefe e a apresentadora na produção do telejornal ... 58

Imagem 17 - Simone Santos ao lado do teleprompter ... 60

Imagem 18 - Vídeo postado na fanpage com os destaques do telejornal ... 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Aparelhos eletrônicos nas residências ... 15

Tabela 2 – Tempo dedicado à televisão ... 35

Tabela 3 – Motivos por assistir televisão ... 36

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10 SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 11

1 O SURGIMENTO DO TELEJORNALISMO ... 14

1.1 O telejornalismo no Brasil ... 14

1.2 A expansão ao longo da história ... 15

1.3 Conceitos aprimorados com a tecnologia ... 17

2 INTERATIVIDADE ... 22

2.1 Mundo de possibilidades na era digital ... 22

2.2 As comunidades conectadas ... 25

2.3 A tecnologia aliada do telejornalismo ... 29

2.4 A interatividade como alvo para aumentar audiência ... 33

3 REDE RECORD DE TELEVISÃO ... 39

3.1 História da Rede Record ... 39

3.2 A Rede Record em solo gaúcho ... 46

3.3 O telespectador dentro da notícia ... 51

3.4 O fazer compartilhado ... 57

3.5 O novo perfil do telejornalismo ... 64

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 71

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este trabalho de conclusão de curso faz um estudo da influência das ferramentas digitais na construção da notícia. O intuito é mostrar as adaptações pelas quais os telejornais passam para poder absorver as mudanças e trabalhar paralelamente às novidades que surgem nas mídias digitais, afim de atrair o telespectador tendo como resultado o aumento gradativo de audiência. Também investiga a interatividade como fator essencial para aproximar as comunidades e poder receber de forma contínua apoio do receptor na produção de uma reportagem.

A pesquisa compõe-se de um estudo de caso do telejornal Rio Grande Record, da Rede Record de Televisão, instalada em Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul. O trabalho analisa como os jornalistas da emissora absorvem as mudanças tecnológicas e acompanham a evolução do receptor na maneira de receber a notícia. A análise foi feita com base na forma de produção e desenvolvimento das reportagens da equipe a partir dos avanços do telejornalismo no país. Como eles mudaram a linguagem, os cenários e a forma de dialogar com o público, com objetivo de qualificar a audiência e construir laços com o telespectador.

Presente na casa dos brasileiros, a televisão se torna fonte de informação e também de entretenimento, sendo um dos principais meios de comunicação. Mesmo que indiretamente, ela cria uma relação de proximidade com o receptor por estar em partes fundamentais de uma residência como a sala, o quarto e a cozinha, por exemplo.

Desta maneira, o profissional que trabalha em televisão, muito além de ser um repórter ou um âncora, estabelece vínculo afetivo com as pessoas, pois está cotidianamente dialogando com elas. Com isso este trabalho busca analisar esta relação entre ambos como forma de entender o processo comunicacional e as adaptações que ele sofreu, frente à mudança nas características de um telejornal.

A inovação é abordada como ferramenta essencial para atrair audiência e aumentar o contato com o receptor. Criar em cenários, em vinhetas, em roupas e linguagem. Por meio deste trabalho, profissionais relatam suas experiências com a interatividade e a maior participação do telespectador no processo de construção da notícia. O foco desta pesquisa, com base na análise do Rio Grande Record da Record RS, é entender a relação dos jornalistas com estas adaptações digitais.

Um profissional multimídia como peça chave para entender as mudanças e saber utilizá-las de maneira adequada a fim de proporcionar ao receptor segurança e coerência na transmissão de uma notícia. O interesse em estudar o telejornalismo na atualidade surgiu da necessidade de

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observar como o jornalista está frente às mudanças, sendo essencial ele entender os conceitos de transmídia para poder aplicá-los na redação de uma emissora.

Com isso o objetivo desta pesquisa é mostrar o novo telejornalismo e as formas de relacionamento com o público. A partir de teorias da comunicação, buscar entender como o receptor mudou pensamentos e também maneiras de receber, absorver, entender e compartilhar uma notícia; descreve a união de plataformas para incrementar uma cobertura jornalística que conta com apoio de fotos e vídeos enviados por pessoas de diversas partes do estado. Como um editor-chefe de um telejornal avalia o material gravado por um telefone celular e que depois é enviado para a redação? Quais critérios são usados para poder reproduzir este conteúdo? São alguns dos questionamentos que serão respondidos ao longo da pesquisa.

O trabalho começa com uma contextualização da história do telejornalismo no Brasil. Logo em seguida discorre-se sobre como importantes pesquisadores da comunicação imaginavam o “futuro do jornalismo na era digital”, uma realidade não tão distante e que nos últimos anos tomou conta das redações. Os formatos, as maneiras de se relacionar com o telespectador e as características do telejornalismo foram sendo aprimoradas ano a ano, conforme a mídia digital se tornava presente no cotidiano das pessoas. É o que se mostra no capítulo 2 (dois) dedicado ao tema da interatividade.

A abordagem do estudo de caso inicia com apresentação e compacto da história da TV Record em São Paulo – SP, a busca pela qualificação do jornalismo e também de compartilhar informações com as pessoas. Descrevem-se os investimentos em estrutura para cobrir a maioria dos estados brasileiros por meio de suas filiais até chegar à inauguração de uma sede no Rio Grande do Sul.

No decorrer da pesquisa será explanado sobre como a mudança na forma de o receptor “consumir” a informação impacta na produção das reportagens do Rio Grande Record. Paralelo a isso, busca-se entender como os profissionais adaptaram seu comportamento, seja na frente ou atrás das câmeras; dados da própria emissora mostram como a audiência do telejornal responde à mudança no formato.

Livros, artigos, sites e conversas com profissionais da área contribuirão para o desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso, que enfoca a interatividade como aliada do ato de construir informação. Os vários meios unidos para qualificar a notícia e tornar o receptor parte daquele fato: agora ele passa a contribuir com o envio de fotos e vídeos para desta maneira incrementar ainda mais a reportagem.

O telejornalismo por sua vez aproveita esses avanços e absorve as mudanças a fim de melhorar a programação e se consolidar como uma referência em meio de comunicação. O

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telespectador pode enviar os conteúdos, assistir às reportagens e, posteriormente, compartilhar a notícia que ele mesmo ajudou a construir. Relação de confiança e apoio que reforça o papel de potência da televisão na sociedade.

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14 1 O SURGIMENTO DO TELEJORNALISMO

1.1 O telejornalismo no Brasil

A notícia é comparada, dentro da história brasileira, como uma fiel representação de modelos sociais e culturais. Dentro desta forma, o jornalismo está inserido como papel fundamental para colocar em palavras e imagens o cotidiano, o real e o imaginável. Sendo caracterizada por um “produto” do meio mercadológico, ela está diretamente ligada a métodos de produção do mercado. Mesmo com a diferenciação entre veículos e empresas, a notícia tem formas e linhas semelhantes de produção. Um “fazer” ligado e que é difundido por universidades.

Ao falar de telejornalismo, lembra-se de conceitos onde este meio tem fundamental significado na vida das pessoas, de forma a perceber o dia a dia e ter contato com a realidade de diversas formas e experiências, todas, propiciadas pela comunicação. A notícia, destacada no parágrafo anterior é a peça-chave para que o telejornalismo se funda como um grande veiculador de informação, pois através dela aliada a imagem e som, a televisão leva a comunidades de grandes centros e também muito distantes deles, o que acontece em todo o mundo.

Na história do telejornalismo em solo brasileiro, destaca-se a década de 1950. A TV Tupi, canal 6 de São Paulo instalava a primeira estação de TV do país, o primeiro telejornal que foi ao ar era “Imagens do Dia”. O texto tinha como estilo o método radiofônico de fala.

Entrava no ar entre as nove e meia e dez da noite, sem qualquer preocupação com a pontualidade. O formato era simples: Rui Resende era o locutor, produtor e redator das notícias, e algumas notas tinham imagens feitas em filme preto e branco, sem som (PATERNOSTRO, 1999, p. 35).

Ainda neste período, o Brasil passava por grande processo de desenvolvimento econômico, social e político. Com crescimento da indústria e dos centros urbanos, o momento era favorável à expansão da televisão. Desde lá, a TV Tupi, até então consolidada como a primeira no país, criava telejornais. Entre eles, “Telenotícias Panair e Repórter Esso”.

Mesmo com a criação de importantes conteúdos telejornalísticos para o período, a produção era precária. Profissionais inexperientes estavam trabalhando com equipamentos que, na grande maioria dos casos, impossibilitava que inovações fossem feitas.

Na produção das reportagens, o jornalismo usava o suporte técnico do cinema, ou seja, o filme em 16mm, uma vez que ainda não existia o videoteipe portátil. Os

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equipamentos de gravação eram muito pesados, não permitindo a agilidade necessária à reportagem de rua (GLOBO, 2004, p. 29).

A maneira de se relacionar com os meios de comunicação foi se aprimorando na medida em que os receptores encontravam neles uma forma de receber informações. Em 1951, o país já fabricava seus próprios televisores (marca Invictus), o que facilitava o acesso da população ao veículo, porque o preço era menor do que aqueles que eram importados.

Um exemplo claro é a tabela abaixo feita pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos, onde mostra o crescimento dos aparelhos de televisão dentro das casas.

Tabela 1 – Aparelhos eletrônicos nas residências

ANO APARELHOS DE TV 1950 200 1956 141.000 1960 598.000 1966 2.334.000 1970 4.584.00 1976 11.603.000 1980 18.300.000 1990 29.983.000 2000 58.283.000

Fonte: Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (ABINEE) apud MATTOS (2002).

1.2 A expansão ao longo da história

Mas até chegar aos anos 2000, o telejornalismo passou por muitas adaptações. Na década de 1960, por exemplo, ele estava fortalecido, o cenário de produção dentro das redações era outro. Rezende (2000) lembra que a forma com que os jornais eram elaborados também ganhava incremento: “A qualidade jornalística do noticiário causou um impacto enorme pela originalidade de sua estrutura e forma de apresentação distinta de todos os demais informativos”.

O Golpe Militar de 1964 mexeu com essa expansão do telejornalismo no Brasil. Foi aí que editores começaram a incorporar tradicionais métodos americanos na formatação dos noticiários televisivos. Mesmo com as adversidades, as emissoras estavam dispostas a crescer. As limitações políticas eram grandes, mas não impediam o desenvolvimento e a criação de formatos.

Essa expansão foi centrada basicamente pela industrialização do mercado. Ou seja, a televisão, durante o Golpe Militar foi considerada como fundamental não apenas para

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disseminar os conteúdos do regime, mas, acima de tudo, para fomentar a produção dos televisores.

A Globo também importou novas estratégias comerciais que foram de fundamental importância para seu sucesso. Ela evoluiu da comercialização ‘a moda do rádio’ para técnicas bem mais avançadas, criando patrocínios, vinhetas da passagem, breaks e outras inovações que continuam sendo utilizadas até hoje (FURTADO, 1988 apud MATTOS, 2002, p. 99).

A maneira de exibir os conteúdos foi aprimorada com a globalização que até hoje muda e recria as formas de se produzir e passar a informação, a transmissão ganhou incremento refletindo diretamente na qualidade da imagem e som. Na década de 90 a TV dava sinais de que estaria a serviço do povo para informar e se aproximar da realidade das comunidades.

Quando um jornalista deixa a redação de uma emissora de TV, vai acompanhado de um motorista, um cinegrafista, um profissional para áudio e iluminação e, muitas vezes, um auxiliar. Trata-se, portanto, de uma grande equipe, que só vai se todas as partes estiverem ajustadas (MELLO, 1996, p. 106).

Entende-se desta maneira que a busca pela inovação nas televisões começava a se tornar algo cada vez mais forte, tendo em vista, a possibilidade de “fisgar” o telespectador com uma boa reportagem e conteúdo completo, produzido pelas equipes que estavam nas chamadas gravações externas. Contudo, as emissoras tentavam ainda, aumentar a competitividade entre as redes, proporcionando desta forma um crescimento no próprio mercado.

“Você Decide” estreou em 1992, tornando-se um sucesso imediato, pois o público participava, interferindo, através de votação por telefone ou em praça pública ao microfone da emissora, na escolha do desfecho das polêmicas histórias encenadas. O sucesso foi tanto que a emissora passou a exportar o formato do programa e não o produto acabado (MATTOS, 2002, p. 125).

A partir deste momento começava-se a ser plantada a semente da interatividade. Um vasto espaço entre o emissor e o receptor começava a se formar com a expansão destas formas e técnicas entre as emissoras, como destacado anteriormente, vivendo em um cenário competitivo: “Foi também nessa época em que se estabeleceram várias emissoras locais ampliando as possibilidades de uma maior regionalização e utilização de canais de televisões alternativas” (MATTOS, 2002, p. 126).

Quando falamos em tecnologia dentro da televisão, ainda mais se pararmos para pensar nesta evolução que permeia as décadas e sobrevive às adversidades de cada período nos deparamos com o seguinte:

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Num futuro não muito distante, o cidadão, ao ligar o aparelho de TV, estará automaticamente conectado a todo tipo de informação, como televisão e arquivos de imagens gravadas, podendo acessar através do telefone, com ou sem imagem mensagens que hoje chegam em sua maior parte via Internet (MATTOS, 2002, p. 152).

A realidade em que a televisão estaria em todo lugar e a qualquer momento estava cada vez mais próxima das pessoas e também de quem faz o telejornalismo. Um processo que envolve ao longo das décadas estudo, formas de entender o espectador e além do mais tornar as ferramentas acessíveis às redações para que o produto final seja devidamente entendido pelo receptor.

1.3 Conceitos aprimorados com a tecnologia

Este futuro que busca tornar a notícia mais ágil, interativa e dinâmica dentro do telejornalismo, considerado por muitos até então, “quadrado” sem muitas opções de interação, não está tão longe assim. Afinal, jornalistas brasileiros já iniciavam seus trabalhos e contatos diretos com os sistemas informatizados pela metade da década de 80, quando nesse mesmo período redações nos Estados Unidos, Europa e Ásia, por exemplo, tinham modos de trabalho totalmente ligadas a esta nova era.

A necessidade de aprimorar as ferramentas de trabalho chegou às redações no país por motivos simples, como aponta o escritor Luiz Antônio Mello (1996, p. 65) no livro “Manual de sobrevivência na selva do Jornalismo”. Para ele, o receio pela falta de tempo motivou e impulsionou a adesão a este sistema informatizado: “Jornalista não é datilógrafo, e as milhares de operações mágicas e até asneiras que podem ser feitas em um computador, passavam longe da necessidade diária dos jornalistas. O negócio era sentar na velha Olivetti e mandar pau”.

Entretanto toda esta tecnologia que até então estava ligada à adolescência e que de certo modo exigia agilidade e pensamento rápido, agora, estaria sendo usada dentro do jornalismo e principalmente nas redações. O fazer telejornalismo estava sendo envolvido por novas opções de produção e ferramentas que surgiam quase que diariamente a fim de melhorar o contexto e facilitar o contato com o público. Era um vulcão de novas emoções, sensações e formas de produção que explodiram e transformaram conceitos e aprimoraram as técnicas usadas pelos jornalistas.

Basta analisar os dados da Internet World Stats, que mostrou que em 2010, quase dois bilhões de pessoas tinham acesso à internet, na prática cerca de 28,7% da população mundial. Sendo desta maneira decisiva, ainda mais, para que emissoras de televisão apostem em produtos

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midiáticos. Ou seja, se grande parte das pessoas estava absorvendo conteúdos nesta rede, por que o jornalismo estaria fora? Ele, que desde os primórdios tem como base estar inserido nas realidades.

Para explicar melhor, basta analisar a pesquisa feita em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Segundo o órgão, a televisão ainda é um dos meios preferidos das pessoas para acompanhar as notícias. São 63 milhões de domicílios com televisão, o que corresponde a 97% da população. De outro modo: a televisão funde-se como grande divulgadora de conteúdos por poder propiciar a facilidade na compreensão das notícias aliada a imagens que prendem os telespectadores. Deste modo, se as emissoras aliarem tecnologia e jornalismo, estariam sendo detentoras de grande parte das mídias usadas pelos receptores.

Assim é necessário que tanto o telespectador quanto o jornalista e o repórter saibam usar destas ferramentas para que a televisão, alvo da pesquisa deste trabalho, continue sendo uma das plataformas jornalísticas mais acompanhadas das pessoas.

Quando os suportes de comunicação passaram a permitir o agrupamento de vários tipos de mídia, surgiu a necessidade de um profissional que se adequasse a essa situação. Ao entrar em uma empresa, o profissional acaba optando por apenas um suporte, porém, por ter conhecimento das outras áreas afins, se torna um profissional mais dinâmico e flexível (MURTA, 2010).

O resultado de se ter um profissional atualizado e um produto completamente adequado às novas ferramentas muda a visão do telespectador e torna a relação entre “emissor e receptor” mais próxima. A pessoa que está recebendo a informação já está fazendo uso das novas tecnologias e da dinamicidade dos conteúdos trabalhados por outras mídias.

Desta maneira, o telespectador quer saber dos fatos que estão acontecendo principalmente no seu bairro, na sua cidade, no seu estado e no mundo todo. Agora de uma forma dinâmica e interativa: “A televisão, por meio da recepção e da apresentação de coberturas jornalísticas, proporciona ao público uma interação maior. Uma intimidade regida por meio de acontecimentos que envolvem a comunidade” (COSTA, 2014, p. 37).

Os primeiros passos dentro deste mundo da convergência digital já foram dados. Primeiramente porque em 1999 ocorreu a mudança do sinal analógico para o sinal digital. Agora é mais importante ainda que o jornalista e toda a equipe – produtores, redatores, editores e apresentadores – saibam de fato que o que estaria em alta seria “imagem e som”:

O futuro do jornalismo na era das novas tecnologias, neste caso em especial na TV digital, se baseará no domínio das ferramentas tecnológicas em conjunto com a capacidade de elaboração de um pensamento crítico de consistência, que fará a

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diferença entre os jornalistas e as pessoas comuns que estão distribuindo informação (LEITE, 2011, p. 52).

Com estas adaptações e evoluções, o telejornalismo no Brasil não deixou de ganhar, ele recebeu incremento, e quem sentiu o resultado na prática foi o telespectador. A troca de sinal melhora a imagem, deixa o som mais nítido e a notícia de uma forma geral com mais qualidade, a chamada “alta tecnologia”.

Para que todas as adaptações possam acontecer de forma concreta e objetiva, a televisão precisa de um aparelho que a acompanhe. Não foi diferente, o mercado aprovou a ideia e lança até hoje importantes modelos de televisores para facilitar o acesso à informação e também à internet.

Mas enquanto a tecnologia busca revolucionar estes meios e métodos, o jornalismo busca absorver as mudanças e deixar a informação de uma forma mais interativa. Em 2003, Jhon de Mol, criador do Big Brother, falou que a interação entre interlocutor e receptor seria cada vez maior: “Daqui a dois anos, prevê-se que todo telefone celular trará uma micro-câmera, e isso abrirá muitos horizontes para a TV. No momento, trabalhamos em programas nos quais o espectador participará utilizando esse equipamento”.

De acordo com o sociólogo Mike Featherstone (1995), todas estas mudanças às quais o jornalismo está diretamente ligado estão permeadas pela globalização, que de forma intensa provoca reações que buscam redescobrir a particularidade: “Presumia-se que os membros de uma localidade formavam uma comunidade distinta, com cultura própria, única, algo que transforma a localização de suas interações cotidianas, que deixa de ser um espaço físico para ser um lugar (FEATHERSTONE, 1995, p. 145).

Nesta busca por redescobrir o fazer e permanecer atraindo o público que as televisões se veem obrigadas a adaptar uma produção interativa e nova, que almeja a aproximação dos meios e uma maior receptividade dos públicos que estão ligados à notícia.

Por meios técnicos, no contexto televisivo, remete-se especificadamente aos dispositivos tecnológicos: 1) de produção, isto é, àqueles responsáveis pela obtenção da imagem móvel. 2) circulação (transmissão) dessas mensagens (cabos, satélites, etc), responsáveis pela difusão das mensagens televisivas. 3) de consumo dessas mensagens, compreendendo os aparelhos de televisão e adendos que recebem os sinais e os transformam nos produtos televisivos que consumimos (DUARTE, 2004, p. 55).

Cenários modernos, projeções gráficas aprimoradas e cores futuristas. Os telejornais vivem uma das suas maiores fases de transição e a adaptação por mostrar para o público o novo, o diferente e ao mesmo tempo o moderno, o real e o que estava até então na imaginação. A

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exibição midiática tornou a produção dos conteúdos mais detalhada. O próprio fazer jornalismo pensa não apenas na informação, mas na maneira como o fato que agora seria mais moderno vai chegar à casa das pessoas e, ainda, “segurá-las” em frente à televisão.

Aliada a estes novos formatos que têm ganhado atenção dos telespectadores está uma linguagem clara e objetiva. No livro “O texto na TV: manual de telejornalismo”, a autora Vera Íris Paternostro lembra exatamente sobre esta forma de colocar os fatos em palavras e expressões simples, aproximadas da sociedade. Sendo assim, o jornalista é o responsável por criar esta ligação e ser como uma “ponte” entre o fato e as pessoas, para poder informar e para as pessoas poderem ser a fonte da informação.

Neste cenário de tecnologias, a televisão vem se caracterizando pela adaptação dos novos formados de produção. Elizabeth Bastos Duarte disse, no livro “Televisão, ensaios metodológicos” que com o aprimoramento das tecnologias houve um enriquecimento do olhar, uma aceleração do tempo, um maior controle da distância. Desta maneira as emissoras de televisão se sentiram no dever de adaptar as modalidades discursivas e formas de exibição.

Assim, os meios técnicos funcionam como máquinas discursivas, oferecendo infindáveis possibilidades de seleções e combinações, transposições e fusões aliadas a determinadas restrições. A televisão é um meio de comunicação de massas veiculador de imagens audiovisuais registradas sobre um suporte magnético; seus textos se manifestam-se, então, na articulação de diferentes linguagens sonoras e visuais (DUARTE, 2004, p. 54).

Com a expansão nestes métodos de apuração e também contato com o público, se tornou primordial para o jornalista usar de recursos gráficos em uma reportagem televisiva e também aproveitar das modernas câmeras e equipamentos para que justamente este elo com o receptor seja feito de maneira clara, objetiva e também com intuito de tornar a notícia “atrativa”, correlacionada a estas evoluções por que o meio passa.

Dentro deste contexto, emissoras apostam nesta expansão como uma forma de ganhar audiência que nos últimos anos foi se disseminando para outros meios de comunicação, como “on-line” e TV a Cabo.

Nesta direção, o desenvolvimento de uma diversidade de inovações tecnológicas influenciou diretamente a programação televisiva. (...) O satélite (1969) veio aumentar essas possibilidades de transmissão e abrangência ligando o Brasil ao mundo (DUARTE, 2004, p. 55).

As técnicas estão se inovando e estes formatos apresentados tornam a linguagem peculiar e própria de cada meio e também de cada emissora. Mas mesmo que a televisão aberta ainda conquiste grande parte das pessoas, os veículos sentiram a extrema necessidade de adaptar

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as suas formas. A busca pela excelência está diretamente ligada à tecnologia e ao emprego correto das novas ferramentas digitais disponíveis no mercado.

Os veículos de comunicação buscam o jornalismo eletrônico. Os comunicadores de massa não são rivais, agora se tornam parte de um mesmo objetivo: fazer uso das tecnologias para poder usufruir e aplicar corretamente todas as ferramentas digitais que estão disponíveis nas redes a fim de contribuir com este jornalismo televisivo. No Livro “Jornal Nacional. A notícia faz história” (GLOBO), foi lembrado que mesmo que as emissoras estejam se complementando, elas não deixam de zelar pela qualidade do jornalismo: “correção, agilidade e isenção”.

A ordem comunicacional, debatida por teóricos e difundida em universidades e redações pelo mundo, é a mesma. Mas, agora, como o período é aberto para novas ferramentas e, principalmente, estratégias de apresentação dos conteúdos, o que se acrescenta a este formato é a transparência. Não apenas pela qualidade de imagem e porque as televisões estão cada vez maiores, mas porque, agora, fica mais claro para o espectador que eventuais falhas e autocríticas acontecem.

Talvez não seja exagero dizer que não há atividade mais frenética no mundo do que o jornalismo, e o jornalismo televisivo em primeiro lugar: a cada minuto, o volume de informações que devem ser captadas, entendidas, avaliadas e processadas é tão assustadoramente grande que chega a parecer um milagre diário que o índice de erros seja tão pequeno. Mas erros existem (GLOBO, 2004, p. 13).

Em todo este processo de mudança por que a televisão está passando, o jornalismo também se adapta a esta realidade digital. A ideia de fazer com que as pessoas se sintam parte do todo, dentro da notícia, é papel desta nova era na propagação das informações. Crócomo (2007, p.52) afirma que o telejornalismo precisa, obrigatoriamente, incorporar-se aos novos recursos disponíveis.

Se esta divulgação está facilitada e ágil, o telejornalismo se torna dinâmico. Os chamados telejornais “quadrados”, onde o apresentador era apenas sério, o enquadramento era fechado e havia poucas liberdades, se tornou dinâmico. E se tornou assim porque o espaço pelo qual as pessoas estão buscando informação também está atualizado.

(23)

2 INTERATIVIDADE

2.1 Mundo de possibilidades na era digital

Nos estudos que estão relacionados à interatividade e jornalismo, encontra-se uma das definições mais claras a partir do que foi escrito por Sheizaf Rafaelli:

A interatividade coloca compartilhados contextos interpretativos no papel principal. Interatividade descreve e prescreve a forma na qual a interação conversacional como um processo interativo conduz ao significado produzido conjuntamente (...) as características formais de comunicação totalmente interativa podem significar em mais igualdade entre os participantes e uma maior simetria do poder comunicativo de duas vias. (…) A obtenção do consenso democrático está relacionada com opiniões que não são apenas anunciadas, mas discutidas abertamente e livre de distorções (RAFAELI, 1997, apud SCHULTZ, 2006).

Na prática o termo é mais conhecido e utilizado para falar sobre equipamentos, jogos e brinquedos, por exemplo. Mas na comunicação, ganhou tamanha proporção que hoje se torna fundamental para as relações e também informação. Becker e Montez (2004, p.48) definem interatividade como “um processo ou ação que pode ser descrita como mútua e simultânea da parte de dois participantes, normalmente trabalhando em direção de um mesmo objetivo”.

Esta ideia de aceleração da tecnologia que aproxima as pessoas e torna as relações mais próximas, hoje, parece não ser notada com tanta estranheza porque já é um processo natural do dia a dia e vem de muito tempo. Estudos apontam que depois da Revolução Industrial muita coisa no âmbito das tecnologias foi aprimorada. A descoberta de novos meios e formas de se relacionar entre si e com comunidades distintas possibilita a passagem de informação às gerações de forma mais ágil.

Entende-se com este trabalho que a internet faz parte da rotina das pessoas, está nas conversas, no trabalho, na rua e até na sala de aula. Este processo que está crescendo conforme a sociedade evolui, foi analisado pela escritora Veneza Mayora Ronsini:

Nos últimos 500 anos, o homem evoluiu mais do que em todas as épocas anteriores. [...] No setor de comunicações, essa evolução é eminente. Do telégrafo à transmissão de dados por satélite, as formas e estruturas de comunicação foram modificando-se num ritmo frenético (RONSINI, 1996, p. 32).

Dentro deste processo de comunicação que se dá através da tecnologia e da passagem ágil de informação, a sociedade busca através da convergência espaço para contribuir com o envio de informações e acontecimentos nas localidades. Para Ronsini, este crescimento das ferramentas que ajudam os telespectadores já era notável no século XX:

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O século 20 é o da comunicação instantânea, da avalanche de informação. Porém, dentro de uma visão mecanicista, onde tudo tem de possuir valor de troca. A informação tornou-se espetáculo: “Arriscamo-nos a confundir a todo instante a atualidade e o divertimento” (RONSINI, 1996, p. 32).

Foi exatamente este espetáculo, o qual Ronsini se refere, que Olga Curado também mencionou no livro “A Notícia na TV. O dia a dia de quem faz Telejornalismo”. Hoje não basta apenas ter qualidade na informação propriamente dita, o que inclui um vasto processo de preparação e exaustiva edição da reportagem, mas, é necessário pensar na forma de transmissão:

E essa forma é em última instância obtida pela participação do repórter na matéria ou pelo apresentador ou âncora na narração. Não se pode dizer que tais elementos substituem a apuração, o texto, a imagem ou a edição, todavia não se pode desprezar o peso que têm a voz e a imagem. São elementos básicos na “vendagem” da notícia (CURADO, 1998, p. 64).

Por isso é necessário estar ligado e aproximar as relações. Pontos que são destacados por Marco Silva. Segundo ele, “a interatividade está na disposição ou pré-disposição para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade (fusão emissão-recepção), para participação e intervenção” (SILVA, 2000).

O desenvolvimento destas sociedades industrializadas criou um mundo de possibilidades e relações de comunicação entre os seres. Os meios de comunicação de massa que estão diretamente ligados a estas comunidades buscam aproximação com os avanços do mundo a sua volta. Michael Kunczik (1997) disse no livro “Conceitos de Jornalismo: Norte e Sul: Manual de Comunicação” que “a tecnologia influi nas estruturas de organização”, tais estruturas formam paradigmas para este jornalismo on-line. As possibilidades são formadas com base na aceitação e também na disseminação da internet, tecnologia e agilidade entre as pessoas.

Essa forma de fazer jornalismo contando com apoio do espectador têm sinônimos como jornalismo participativo, jornalismo cidadão, jornalismo open source1 e jornalismo

colaborativo. Ressalta-se que todos criados a partir do momento em que a convergência está em alta e as formas de comunicação são aproximadas por micro câmeras e telas que passam a fazer parte da rotina dos indivíduos em suas várias culturas e formas de absorção destas tecnologias.

1A ideia principal do termo jornalismo open source se relaciona à produção de conteúdo e notícia com a abertura

para que o público possa participar de forma mais efetiva durante o processo de elaboração do fato e não apenas com comentários. Disponível em: http://Naintegrabh.wordpress.com. Acesso em: 10 set. 2015.

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No presente trabalho, destaca-se o jornalismo colaborativo com seu papel de demonstrar tal contribuição do telespectador dentro da construção da notícia. Ao analisar a internet com potencial de disseminação de fatos, cria-se automaticamente uma aproximação pela qual o sujeito está buscando. Torna-se assim, um sistema de resposta, sendo caracterizada como uma possibilidade de feedback entre quem produz a notícia e quem a recebe.

Assim a capacidade e o valor do diálogo crescem em um modelo de comunicação onde a ideia de muitos para muitos existe e deixa-se de lado, a de um para muitos – modelos tradicionais e difundidos na chamada comunicação unidirecional dos media. A ideia deste contexto é que o jornalismo só será de fato interativo se tiver um canal e uma mensagem eficaz a ponto de ir além da reação.

Neste processo de comunicação que passa integrar as plataformas a fim de incrementar o conteúdo final, que tem como auxílio a internet e do advento da convergência digital, o telespectador deve ser inserido em um processo interno (acompanhando a produção do telejornal) e também externo de recebimento da notícia. Com as fases deste processo sendo bem contextualizadas e passadas de forma eficaz, tem-se de modo concreto que a interatividade garante esta relação e proximidade entre emissor e receptor.

Entende-se desta forma que neste uso generalizado e efetivo de todos os recursos multimídia que estão à disposição são abertas as possibilidades de redes em uma forma de criar produtos midiáticos capazes de serem veiculados em televisão e reproduzidos, por exemplo, na internet.

Com isso, têm-se infinitas linhas paralelas, onde há uma expansão dos conceitos que são analisados, por exemplo, por Pierre Lévy, que nos anos de 1990 se inspirou nos princípios de hipertexto para poder explanar sobre o conceito de multimídia. Consolida-se desta maneira uma nova geometria na comunicação caracterizada pela contribuição efetiva das redes, formando infinitas possibilidades de criação e produção.

Contudo os receptores deixam de ser multimídia devido à expansão da informação. Assim eles passam a adotar características de usuários transmidiáticos, que não apenas contribuem com a notícia, mas, que se deslocam as características impostas a ela. Ou seja, esta narrativa é contada através de diversas plataformas e os receptores acabam colaborando nesta construção do chamado espaço narrativo. Jenkis (2008) diz que os receptores podem ser considerados como agentes criativos fundamentais para poder construir um universo transmídia, uma vez que eles estabelecem conexões pelas mídias.

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Através deste olhar, o jornalismo e o telejornalismo propriamente dito se fundem a condições que estruturam e contribuem para a construção de uma narrativa transmidiática, onde todas as plataformas contribuem com a absorção de conteúdos com propósito de incrementar a informação.

Os meios pelos quais a notícia passa agora foram incrementados recebendo apoio de suportes como web, blogs, televisão, impresso, rádio e escrito. Com isso, cada um é autônomo pelo seu acesso, mas, não deixa de estar ligado por meio da rede com usuários em qualquer parte do mundo. Os produtos sim mudaram, a ponto de receber este incremento, mas o receptor de informação apenas aprimorou o que já vinha fazendo há muito tempo: buscar pelo fato.

Desta forma, os telespectadores entendem estes novos conceitos e deles se apropriam com base nas realidades em que estão empregados. É um processo pelo qual eles podem avaliar a notícia, aceitar ou rejeitá-la. Hoje, dentro deste novo mundo de possibilidades que foi criado no campo da tecnologia e convergência, os telespectadores buscam analisar as mensagens que são passadas a fim de construir o sentido que eles, receptores, acham válido para o fato.

Assim, as linguagens em mídias se tornam mais próximas de quem está buscando ou recebendo informação, visto que, neste universo textual e repleto de imagens, não basta apenas repetir ou copiar o que já foi dito. O receptor está envolvido de forma a querer mais, o novo, o moderno, o prático e o rápido.

2.2 As comunidades conectadas

Interatividade sempre existiu, basta analisar a relação entre homem-homem que trocam experiências entre si, conversam e reagem a determinados assuntos e fatos. Não diferentemente disto, temos a interatividade por meio da rede. Nesta a relação continua, mas, há usuários que permanecem interagindo; contudo, suas próprias ações determinam também reações de outras pessoas.

De modo detalhado, as comunidades que antes eram próximas apenas por casas, ruas e cidades, agora, estão próximas por computadores. A interação entre homem-máquina torna-se de fato mais eficaz. Pode-se considerar, ainda, uma interação com respostas e ações de ambas as partes que estão conectadas através da internet. E nesta relação, denominada aqui de interação mútua, as pessoas que recebem os conteúdos tornam-se também emissores e receptores da mensagem.

As sociedades estão ligadas na construção da notícia e na forma com que as relações entre si são aproximadas e aprimoradas com a utilização das ferramentas digitais. Duarte (2004)

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diz que a partir do momento em que a convergência passa a fazer parte destas relações o processo de produção dentro do jornalismo e especificadamente na televisão muda:

Dessa forma, as condições de produção televisiva operam com três unidades distintas – a sucessão, a duração e a incidência-, atualizando diferentes possibilidades combinatórias entre duração e incidência: sempre que lhe interessa, a tevê opta pela adoção do percurso que lhe permite operar com a duração integral do acontecimento captado e sua exibição em tempo incidente, simultâneo, à sua gravação e transmissão (DUARTE, 2004, p. 112).

Sendo assim, estes usuários da rede que ao mesmo tempo assistem televisão e acessam internet fazem parte integral ou parcialmente da construção e elaboração da notícia. Com isso, a relação criada pela internet acaba possibilitando aos indivíduos várias ações que findam com a troca de dados entre si. São ações consideradas simples como login remoto, transferência de arquivos, correio eletrônico e transmissão de áudio e vídeo, em algumas situações em tempo real.

A partir deste momento os usuários entendem seu papel no apoio à produção da notícia. A funcionalidade oferecida pela tecnologia aproxima a relação a ponto de que não basta mais assistir, é preciso participar, estar ligado e contribuir de forma instantânea, gradativa e quase que diária dentro neste processo jornalístico. Muito além de promover conteúdos, o que estas sociedades estão buscando é uma maneira de mostrar que as pessoas deixam se ser “esponjas” para serem parte da notícia.

O termo “esponjas” foi estudado e apresentado em teorias da comunicação que definem aqui os receptores que absorvem os conteúdos que são passados por meio de todos os processos comunicacionais. Mas de acordo com pesquisas eles não tinham respostas e nem reações ao que estava sendo passado, apenas recebiam a informação: “Por consequência de todo esse mecanismo, os componentes da massa podiam ser manipulados e influenciados pelos responsáveis pelos meios de comunicação” (PENA, 2005, p. 32).

Entretanto, os receptores mudaram, conforme vem sendo apresentado ao longo deste trabalho de pesquisa. As tecnologias e expansão da convergência alteraram o pensamento e a forma de trocar experiências, sendo decisivo para que eles sejam vistos por estudiosos da área de comunicação como consumidores de informação que passam a buscar por respostas e criticam os fatos expostos na mídia, seja ela televisiva, radiofônica, impressa ou digital. Desta maneira todas as comunidades que estão conectadas passam a ser analisadas como produtoras de conteúdo, conforme destaca Thompson:

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Ao receber as mensagens, as pessoas empregam convenções de vários tipos, que as possibilitam decodificar e tornar compreensivas as mensagens, e nesse processo, ela também podem avaliá-las, aceitá-las ou rejeitá-las, tomar posições diante delas, etc (...) Ao procurar analisar o significado das mensagens, da maneira como são recebidas e interpretadas, estamos tentando, entre outras coisas reconstruir o sentido que esses receptores lhes dão e examinar as atitudes que tomam, explícita ou implicitamente diante dessas (THOMPSON, 1995 apud KOLLING, 2006 p. 81).

A partir destas funcionalidades, as condições entre o jornalista e o seu telespectador mudaram. A possibilidade de interagir e poder enviar imagens de um acidente ou algo de relevância no seu bairro ou cidade chama atenção deste receptor que ativamente participa deste processo, a fim de agilizar serviços e compartilhar o conteúdo.

Nesta forma, até então democrática de se estabelecer um padrão de notícia, onde interagir com incremento de conteúdo é essencial, aquela relação “homem- máquina” se torna ainda mais próxima destas comunidades e pessoas que estão preparadas para usufruir de todos estes benefícios proporcionados pela transmídia. Os conteúdos se encontram a fim de acrescentar, melhorar e incrementar o que já está disponível e não tê-lo apenas via determinada plataforma.

Quem busca pela informação a encontra de maneira mais ágil e rápida. As redes sociais são consideradas um dos fatores que contribuíram para essa aproximação com a notícia. Com isso, a aposta hoje nos meios digitais é se relacionar com comunidades que estão diretamente ligadas por seus perfis e contas particulares. Em um momento onde a agilidade é definida como ponto crucial para a atualização dos fatos, esta é uma grande “sacada” e aposta para acessar, ler e compartilhar.

Nessa nova fase da história mundial, definiu-se a cura para a overdose de informação – o uso de doses menores. Com a proliferação dos bancos de dados, aliada a uma maior participação e consciência dos indivíduos, passa a haver uma maior seleção das informações, de acordo com os interesses de cada um (RONSINI, 2006, p. 34). Vivemos em uma era onde a comunicação tanto pessoal e profissional passa a ser midiatizada, reforçando que todas as relações que estão interligadas a computadores e os contatos são feitos virtualmente. A pluralidade das vozes está em alta, com a ascensão das novas discussões relacionadas a esta produção acelerada e desenfreada de conteúdo.

Fala-se neste momento do imediatismo em uma sociedade civil que está fragmentada em grupos de distintos lugares e que até mesmo podem não compartilhar a nacionalidade, por exemplo, mas interagem entre si a fim de lutar juntos por propósitos parecidos e que mostrem a diferença de culturas e, ao mesmo tempo, a globalização que os une e torna, os distantes, próximos.

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Transformações que a sociedade vem sentindo e notando com otimismo, uma vez que a tecnologia está ao alcance de todos. A televisão dentro deste processo está e esteve como representação de unir as comunidades para demonstrar por meio de imagem e áudio o cotidiano e tudo aquilo que o receptor passou e enviou, a partir do propósito que ele é importante neste novo contexto e nesta nova fase do telejornalismo.

A marca do “agora” se apresenta em um telejornal que entra no ar de maneira mais interativa onde a materialização da notícia foi feita em grande parte pela internet e pelo que foi enviado à redação e compartilhado nas redes sociais. Da mesma forma em que ainda são mantidos conteúdos produzidos detalhadamente e com tempo previamente descrito e autorizado por editores, com meta de fazer uma reportagem longa, tem-se de outro lado o agora, já, momento, presente.

Considere-se assim o jogo que se faz com a apresentação dos fatos que foram coletados, analisados, produzidos e editados ao longo do dia. Criam-se as diferentes possibilidades tecnológicas e dentro da televisão que são direcionadas à construção de conteúdos que aproveitam destes recursos para utilizar as ferramentas e tempos extra textuais, envolvendo um receptor ativo.

Assim, os jornais em televisão, em meio a este processo fascinante de explorar os recursos, as mídias e os conteúdos disponíveis nas plataformas, acabam formando um espetáculo de exibição, interatividade e diversas maneiras de relacionar o assunto “mundial” ao local, formando o “glocal”, pelo qual todos estão conectados por assuntos, estilos, preferências e culturas.

Este “glocal” surgiu na década de 80 ainda no século XX, primeiramente no Japão e que estava ligado no começo à propaganda, que tinha como objetivo se referir a produtos globais, porém com valores locais. Autores como Roland Robertson (1997) definiram este conceito no jornalismo como utilizar desta notícia e poder colocá-la de certo modo, a uma forma de abrangência aproveitando da globalização e de suas formas multidimensionais.

Uma maneira lógica de falar em uma espécie de interação entre intercomunicação e por quem está próximo e também distante de todo este fluxo no qual estão inseridos os fatos.

É um processo que conecta serviços avançados, centros produtores e mercados em uma rede global com intensidade diferente e em diferente escala, dependendo da relativa importância das atividades localizadas em cada área vis-à-vis a rede global. Em cada país a arquitetura de formação de redes reproduz-se em centros locais e regionais, de forma que o sistema todo fique interconectado em âmbito global (CASTELLS, 1999, p.470-471).

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Com isso, todos os interesses ficam mais próximos em virtude de uma tecnologia que recebeu incremento, adesão e foi estabelecida pelas sociedades que agora estão conectadas através da rede. Tanto telejornalismo local, como telejornalismo mundial, o propósito é o mesmo, a interação é a mesma e a busca por tornar o receptor mais próximo da notícia impera e se torna cada vez mais presente dentro deste processo de construção da notícia.

2.3 A tecnologia aliada do telejornalismo

Em televisão, há um processo que não diz respeito apenas a quando o telespectador interfere na notícia, de modo que ele vota, opina, envia sugestão e compartilha. Mas, principalmente, quando ele – emissor – está ligado ao fato de ser um produtor de conteúdo.

[...] apesar de seu caráter fortemente massivo, o conteúdo televisivo nem sempre é recebido de modo homogêneo pelo público: seus efeitos culturais e psicológicos obedecem a uma série de variáveis, dentre elas fatores sociais, econômicos, educacionais, além da própria conjuntura em que o telespectador está inserido (SILVA, 2008, p. 02).

Entretanto, quando falamos em interatividade no mundo a cores e propriamente na televisão, onde as imagens “andam” e o colorido ganha ainda mais forma, esta ferramenta cria a possibilidade de uma aproximação maior com o receptor, seja com acesso a informações de filmes e seriados, como também na participação dele em um programa ao vivo. Para André Lemos, esta relação que hoje, 2015, ganha o mundo está totalmente ligada às tecnologias aprimoradas dia a dia.

A noção de interatividade está diretamente ligada aos novos media digitais. O que compreendemos por interatividade nada mais é que uma forma de interação técnica, de cunho eletrônico-digital, diferente da interação analógica que caracterizou os medias tradicionais (LEMOS, 1997, p. 01).

A partir desta afirmação, percebe-se que a relação entre as emissoras de televisão e o receptor, o qual como destacado anteriormente, se considera parte da notícia, sempre foi próxima. Uma relação que partiu do envio de cartas e das ligações para definir quadros e escolher candidatos. Uma “troca” que acontecia ainda na televisão analógica. Hoje em pleno desenvolvimento da era digital todos estes recursos são adaptados e absorvidos pelos veículos televisivos a fim de aumentar o vínculo entre “jornalista e receptor”.

Mas para que este processo de exibição aliado à interatividade seja eficaz, de forma a atrair e ao mesmo tempo tornar o telespectador como parte da notícia é preciso que haja uma verdadeira inserção, como destaca Ariante Parente Paiva:

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Sua lógica é a de que o jornalismo somente será interativo se adotar uma verdadeira inserção do leitor no seu processo de comunicação interno e externo, indo além da reação. [...] Esse é o maior desafio do jornalismo online, pelo fato de que nem todos os níveis de interação proporcionados nesse contexto garantem realmente a interatividade (PAIVA, 2013, p. 04).

Para poder garantir esta interatividade é preciso que, na adaptação da televisão as novas tecnologias e mudança de produtos, as emissoras pensem sobre sua maneira de informar. Com o digital será possível produzir um telejornalismo mais dinâmico e segmentado, com informação sob demanda e veiculação de vídeos simultâneos. A cobertura das notícias poderá ser feita de forma mais aprofundada (PRAZERES, 2011, p. 04).

Assim o telespectador pode escolher as informações e o tipo de programação que lhe interessa. Aprofundar ou não um assunto? Na prática, o telejornalismo busca fazer com que a pessoa do outro lado da tela entenda estas mudanças, mas não de forma duvidosa e, sim, de forma a deixar os apresentadores e repórteres entrar na sua casa.

Para que a sala de casa se torne uma extensão para a televisão é necessário que durante a prática jornalística todos estes recursos possibilitados pela interatividade contribuam de fato com uma maior qualidade na apuração e que crie uma exigência: este “fazer a notícia” por parte dos jornalistas. Mas para que realmente ele (jornalista) possa usar estes recursos é necessário que esteja preparado para produzir e pensar em todo o processo que tange a busca pela notícia. Aos que ainda, mesmo que a passos lentos, acompanhem a evolução dos meios, tem-se um aliado. As cartas enviadas pelos telespectadores, usadas para pensar em pautas e sugerir séries de reportagens foram atualizadas para a era digital. O jornalismo colaborativo que sempre existiu, agora, está fortalecido com o envio de fotos e vídeos que tomam conta das televisões. O fato imediato, a repercussão e saber que aquilo está acontecendo neste momento, em tempo real, criam uma aproximação gigante entre, emissora de televisão e receptor.

As comunidades que presenciam os fatos se tornam agentes fundamentais na fase de captação e principalmente veiculação da notícia, de forma a criar relação com os produtores do telejornal e ser informantes de tudo que acontece. Além de informar, apenas contando o fato, agora, ele, telespectador é parte desta notícia. É ele quem mostra em detalhes a notícia. A câmera do celular se torna a lente do cinegrafista da emissora. Como? O telespectador de forma ágil está por primeiro no fato, por morar na rua ou até mesmo estar passando pelo local. Então, se aconteceu algo relevante, ele filma, envia e compartilha.

A interatividade permite ao usuário solicitar e receber informações em tempo real, independente do programa que está sendo visto. Ela pode ser interna ou local, quando o usuário interage com informações no próprio terminal de acesso. Ou externa,

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quando ela é feita via um canal de interatividade direto com a transmissora do sinal ou com um provedor de serviços (BECKER, 2008, p. 30).

O resultado, conforme Lopez e Gobbi (2009) são as ampliações de todo o acesso à informação, tornando a chamada “nova tecnologia digital” algo possível de ser aumentado, o que consequentemente resulta em mais informação para o telespectador. A ordem então é dialogar e democratizar a notícia. Como resposta, o telespectador, estimulado por esta interação, participa cada vez mais e de forma efetiva ao fato.

Um canal é estreitado entre quem produz e quem recebe, um retorno pelo qual os jornalistas esperam, o chamado “feedback”. Com a utilização adequada destas ferramentas este processo se torna natural e a interatividade acaba sendo um fenômeno pleno e facilmente compreendido pelas pessoas. Entretanto é preciso que esta adaptação das televisões aconteça de forma cotidiana e gradual, testando a audiência e “medindo” o retorno do seu público.

A reflexão que aqui se pretende desenvolver refere-se especificadamente à operação das mídias enquanto meios técnicos- de produção, circulação e consumo de mensagens midiáticas- sobre as diferentes linguagens sonoras e/ ou visuais que elas presidem e, consequentemente, sobre o papel por elas desempenhado na constituição de formas de expressão das diferentes mídias.[...] Assim os meios técnicos funcionam como máquinas discursivas, oferecendo infindáveis possibilidades de seleções e combinações, transposições e fusões, aliadas a determinadas restrições (DUARTE, 2004, p. 54).

Com a televisão este processo de mesclar e absorver o que está disponível nesta esfera digital se torna ainda maior. Elizabete Duarte destaca também que no telejornalismo “seus textos manifestam-se na articulação de diferentes linguagens sonoras e visuais” (2004, p. 54). O que ajuda as empresas que focam seu jornalismo na televisão, pois se aproveitam destes suportes para que o consumo, por parte dos telespectadores, seja maior e massivo.

Assim, a programação televisiva foi se modificando, a ponto de ampliar o espaço para que o receptor participe da notícia e, ao mesmo tempo, que os programas se tornem interativos.

Pode-se investir no seu próprio modelo de conteúdo e exibi-lo das formas mais variadas que puder, seja pelo aparelho de TV, pela webTV, vídeo sob demanda, IPTV... Grandes indústrias vêm preparando os novos aparelhos que farão a simbiose da TV com a Internet. E a experiência de ver TV irá se modificar. A tendência será o conceito “in-in”, Internet-interatividade, as palavras mais repetidas até aqui (TOURINHO, 2010, p. 07).

Carlos Tourinho lembra ainda da crescente aceitação destes modelos de exibição e alterações na programação, baseada, conforme explicado, nas ferramentas digitais.

O fenômeno do crescente volume de vídeo pela web mostra que o formato visual continua na preferência do espectador. O que pode mudar é a plataforma onde ele irá

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buscar o seu vídeo: TV ou Internet? Já se fala em webificação (no inglês, webfizing) da TV (TOURINHO, 2010, p. 07).

Autores como Squirra (2004, p.48) lembram que “o público da informação deseja sempre que possível saber o que se passa no lugar onde vive, no seu país e também no resto do mundo”. Desta maneira, o telejornalismo se apresenta como um intermediário desta relação entre público e notícia, porque a informação que é recebida nos telejornais é analisada e interpretada de modo a pensar sobre o que realmente interessa para estas comunidades e de que forma o fato vai ser exposto, de maneira a ser claro, objetivo e também interativo.

Sendo assim, a tarefa dentro das emissoras de televisão agora com a convergência digital é facilitar a comunicação entre as diferentes comunidades e grupos pelas quais ela está inserida.

Eles - os atores sociais – estão enlaçados por interesses comuns e formam uma grande comunidade. E é dela que a TV precisa extrair a substância que lhe garante viver; é da comunidade que sai o tônico capaz de lhe assegurar a supremacia que tanto persegue (FLAUSINO, 2002, p. 3-4).

Agora a televisão conta com estes “atores sociais” para que consiga informar de forma mais ágil e incrementada este telespectador. Incremento que veio através da transmídia, conceito apresentado anteriormente, mas que demonstra uma expansão das plataformas e, de certo modo, uma contribuição na maneira como a notícia vai ser exposta. É uma troca entre o público e o jornalista, onde o receptor, que agora é parte da notícia, denuncia problemas e informa de tudo que acontece naquela localidade, com objetivo de buscar uma resposta e também, quando necessário, uma solução para o fato.

Entretanto, a missão e o dever do repórter de televisão não mudam dentro deste contexto, a amplitude e precisão de buscar pelo fato são os mesmos. Agora, ele narra e expõe com apoio de um aliado muito importante neste processo, o telespectador.

De consumidor passivo que era, ele pode se tornar ativo, na medida em que os meios dessa atividade estarão ao alcance de sua mão. [...] Daqui a dez anos vai parecer completamente absurdo ter um aparelho de TV em casa pelo qual você não pode transmitir nada, apenas receber (SILVA, 2000, p. 5).

Dentro deste contexto, podem-se analisar categorias de participação no telejornalismo, a institucionalizada, onde todas as formas de interação são voluntárias, mas também a factual, onde impera aqui a participação de forma espontânea. Sendo desta forma, encontram-se telespectadores que antes tinham participação involuntária na notícia de modo que ele não tinha por desejo participar. Porém, quando fala-se na troca de informação por meio de uma reposta

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voluntária do telespectador, mostra-se neste momento uma intenção e aspiração de ele estar dentro do fato, se considerando ativo neste processo.

Ele por si adquire a vontade e também necessidade de estar no fato, se convidando a acompanhar e contribuir na produção jornalística de uma notícia, dando direito a veicular o seu vídeo ou foto no telejornal. O telespectador passa a ser integrante desta rede que foi possibilitada pela mídia e convergência digital.

2.4 A interatividade como alvo para aumentar audiência

Até o começo da década de 1990, qualquer pessoa que tivesse vontade de ver televisão poderia escolher, preferencialmente entre sete canais abertos na frequência VHF2 e algumas outras opções em UHF3. Entretanto, conforme analisado anteriormente neste trabalho, as formas de olhar televisão e se relacionar com este meio mudou ao longo dos anos. O receptor acompanhou a adaptação das televisões paralelamente à tecnologia, que transformou os conceitos e hoje, em 2015, o telespectador tem a possibilidade de interagir com essa informação através da TV.

Conforme análise, entre todas as possibilidades de se incrementar e melhorar os conteúdos em diversas plataformas, a televisão sente neste contínuo processo de aprimoramento das tecnologias a necessidade de buscar sempre pelo novo. Na medida em que a TV e as emissoras estão preparadas, a posição deste telespectador frente ao canal e ao que está sendo veiculado também muda.

Esta plataforma que incrementa o conteúdo torna o dinamismo marca fundamental para ganhar em audiência e, principalmente, estar à frente da concorrência. No livro “A Arte do Vídeo”, Arlindo Machado fala sobre as formas de poder acompanhar o retorno do espectador, a ponto não apenas de saber em número a audiência, mas também de poder ter como base aquilo que ele gosta e aquilo que o desagrada. Em 1995, quando foi escrito o livro, Machado destacou a possibilidade de criar a interação entre emissor e receptor a fim de melhorar os índices.

Estuda-se ainda a possibilidade de utilizar tais recursos interativos para realizar determinados tipos de votação – guardadas medidas de segurança cabíveis -, inclusive o sufrágio universal. Finalmente a instrução via tevê poderia valer-se dos mecanismos

2 O termo é utilizado para a transmissão de rádio FM e transmissões em televisão. A referência é sobre

comunicações de curta distância, com um alcance na grande maioria dos casos além da linha de visão do transmissor. VHF é menos afetada por ruídos e interferências atmosféricas. Disponível em <

https://pt.wikipedia.org/wiki/Very_High_Frequency > Acesso em: 17 dez. 2015

3 Transmissão em alta frequência, exemplo HDTV. Disponível em

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de resposta à disposição do espectador para explorar técnicas de maiêutica (...) (MACHADO, 1995, p. 25).

Criada uma nova maneira de melhorar e incrementar a informação, todo este processo de produção da notícia representa uma nova forma de poder estabelecer uma linha de contato com o público. Além de mostrar mais detalhes, por mais ângulos, causando a nova sensação de que o telespectador pode ver o seu vídeo dentro da notícia, agora o fato é destacado com mais detalhes.

Desta maneira, as televisões aprimoram seus conceitos e usufruem destas ferramentas disponíveis no meio on-line. O resultado deste uso favorecido pela convergência pode ser encontrado em pesquisas como a que foi apresentada neste ano pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Nela foram levados em conta a frequência de uso e intensidade, em horas, que os brasileiros ficam em frente à televisão.

Ainda na mesma pesquisa feita pela Secretaria de Comunicação foram analisados detalhadamente as formas de se acompanhar a programação televisiva e também quantos dias por semana a pessoa está exposta à TV. Para chegar aos resultados os pesquisadores fizeram uma soma dos horários que cada um dos entrevistados disse assistir à televisão durante a semana e também aos finais de semana. Dezoito mil brasileiros foram entrevistados entre 5 e 22 de novembro de 2014.

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Tabela 2 – Tempo dedicado à televisão

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (2015)

A partir do que foi analisado, tento em vista quanto tempo as pessoas ficam em frente à televisão, justamente neste período em que se busca aproximar relações, a pesquisa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência mostra ainda por que os brasileiros assistem TV e o que mais os atrai, conforme tabela abaixo:

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