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Cardiologia e clínica médica veterinária: relatório de estágio curricular supervisionado

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Academic year: 2021

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Amanda Bloemer Wruck

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO:

CARDIOLOGIA E CLÍNICA MÉDICA VETERINÁRIA

Curitibanos 2019

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Rurais

Curso de Medicina Veterinária

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Amanda Bloemer Wruck

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: CARDIOLOGIA E CLÍNICA MÉDICA VETERINÁRIA

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciência Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Profª. Drª. Rosane Maria Guimarães da Silva

Curitibanos 2019

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Amanda Bloemer Wruck

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: CARDIOLOGIA E CLÍNICA MÉDICA VETERINÁRIA

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora.

Local, 10 de Julho de 2019.

________________________ Prof. Alexandre de Oliveira Tavela, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Rosane Maria Guimarães da Silva, Dr.ª Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof.ª Angela Patricia Medeiros Veiga, Dr.ª

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Marcy Lancia Pereira, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Vanda e Celso, que me deram todo o incentivo para realizar esse curso maravilhoso que é a Medicina Veterinária, mesmo sendo longe de casa e mesmo ouvindo pessoas dizendo que eu não conseguiria. Obrigada por toda a ajuda, sem vocês eu não teria chegado até aqui.

Agradeço a dona Nilza e Sr. Cesar, que nos meus primeiros anos em Curitibanos, me receberam tão bem e cuidaram de mim mesmo eu sendo apenas alguém que estava alugando uma das quitinetes. Obrigada por todo carinho e atenção.

Agradeço ao meu namorado, Thiago, que foi o melhor presente que Curitibanos me trouxe. Você tornou os últimos estressantes anos de faculdade mais toleráveis, mesmo quando a nossa única forma de comunicação era por telefone e nossos encontros apenas em alguns poucos finais de semanas. Obrigada por tudo.

Agradeço aos meus sogros, Denise e Darci, que me acolheram como filha nos últimos anos e sempre me ajudaram quando eu precisei. Obrigada por todo o carinho, vocês foram e ainda são meus segundos pais.

Agradeço a todas as amizades que eu fiz durante esse percurso. Curitibanos e a faculdade me trouxeram grandes amigos. Vocês tornaram esses 5 anos mais divertidos e eu vou sentir falta de todos os momentos que passamos juntos. Obrigada.

Agradeço aos dois lugares em que fiz estágio. Aos pós-graduandos do Laboratório de Cardiologia Comparada da UFPR, que me ensinaram tanta coisa que eu nem imaginava, que me mostraram a quão maravilhosa é a área de cardiologia e me fizeram ter certeza do que eu quero para minha vida profissional. Agradeço também a toda equipe do HOVET-SC, que me ensinaram tanta coisa em tantas áreas diferentes e sempre buscaram trazer à tona o melhor de mim. Muito obrigada.

Não poderia deixar de agradecer também a todos os bichinhos maravilhosos que passaram por mim e que me encantam desde que eu era criança. Agradeço aos meus bichinhos (os que estão comigo e os que tiveram que partir), pois foi pensando em vocês que cheguei até aqui e é pensando em vocês que vou seguir daqui para frente, pois assim como são importantes para mim, são importantes para muitas outras pessoas também. Obrigada.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos aqueles que me apoiaram ou contribuíram de alguma forma no decorrer desses anos.

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RESUMO

Durante o estágio curricular obrigatório, o acadêmico pode colocar em prática os conceitos aprendidos durante toda a graduação. Permite conhecer outros profissionais e entender melhor a parte mais prática da profissão. O estágio curricular supervisionado foi realizado em duas concedentes. A primeira parte ocorreu no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, no Laboratório de Cardiologia Comparada do local durante o período do dia 07 de janeiro de 2019 até o dia 1º de março de 2019. Foram acompanhados 110 pacientes que passaram por exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e eletrocardiograma de 24 horas (Holter). A segunda parte do estágio aconteceu no Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC, de 11 de março de 2019 até 31 de maio de 2019. Foram acompanhados um total de 241 animais, que incluem consultas até pacientes internados, além de todos os serviços fornecidos pelo hospital. O objetivo deste relatório é apresentar a casuística acompanhada durante o período em cada local, as atividades realizadas pelo estagiário e a instalação de cada hospital.

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ABSTRACT

During the obrigatory curricular internship, the academic may put to practice the concepts learned during the whole graduation. It allows to meet other professionals and better understand the practical part of the career. The supervised curricular internship was performed in two grantors. The first was in the Veterinary Hospital of Universidade Federal do Paraná, in Curitiba, in Comparative Cardiology Laboratory during the period from January 7th 2019 to March 1st, 2019. A total of 110 pacients underwent exams such electrocardiogram,

ecocardiogram and 24 hours electrocardiogram (holter). The second part of the internship was in Hospital Veterinário Santa Catarina, in Blumenau, from March 11th 2019 until May 31st 2019. A total of 241 animals were followed up, from appointments to hospitalized animals, as were as all services that the hospital provides. This report aims to present the casuistry from both places, the activities performed by the trainee and the installations of each hospital.

Keywords: Curricular internship. Cardiology. Medical Clinic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sala principal do Laboratório de Cardiologia Comparada do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. ... 16 Figura 2 - Sala de ecocardiograma do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. ... 17 Figura 3 - Frente do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 25 Figura 4 - Hall de entrada/recepção do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 26 Figura 5 - Consultório 2 do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 27 Figura 6 - Consultório de felinos do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. 28 Figura 7 - Sala de emergência do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 28 Figura 8 - Ala de fisioterapia do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 29 Figura 9 - Internamento geral (imagem A) e Unidade de Terapia Intensiva (imagem B) do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 29 Figura 10 - Quarentena (imagem A) e internamento para animais com doenças infectocontagiosas (imagem B) do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. . 31 Figura 11 - Aparelho de tomografia computadorizada do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC. ... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Motivos para realização de exames cardiológicos em pacientes atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio. ... 19 Tabela 2 - Número de pacientes submetidos em cada exame cardiológico no setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio. ... 20 Tabela 3 - Conclusões dos exames ecocardiográficos em cães e gatos atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio. ... 20 Tabela 4 – Número de animais com alterações ecocardiográficas concomitantes com o diagnóstico final, separado por gravidade da alteração e entre as espécies acometidas dos pacientes atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio. ... 22 Tabela 5 - Principais características encontradas nos exames eletrocardiográficos em cães e gatos atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio. ... 23 Tabela 6 - Achados eletrocardiográficos associados com o diagnóstico final, separado entre as espécies acometidas dos pacientes acompanhados no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, durante o período de estágio. ... 24 Tabela 7 - Relação entre número de animais acompanhados em consulta e o sistema orgânico acometido em pacientes atendidos pelo Hospital Veterinário Santa Catarina, durante o período de estágio. ... 34 Tabela 8 - Total de pacientes internados relacionados com o sistema afetado pela doença existente nos animais internados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 36 Tabela 9 - Afecções do sistema tegumentar dos pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina. ... 37 Tabela 10 - Afecções do sistema cardiovascular encontradas nos pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina. ... 40 Tabela 11 - Afecções do sistema locomotor encontradas em pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina. ... 42

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Tabela 12 – Afecções/procedimentos relacionados com sistema visual em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 44 Tabela 13 – Afecções/procedimentos relacionados com sistema digestório em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 45 Tabela 14 - Afecções do sistema respiratório em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 46 Tabela 15 - Afecções de sistema nervoso em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 47 Tabela 16 – Afecções/procedimentos do sistema genitourinário em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 48 Tabela 17 - Afecções de sistema endócrino em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 49 Tabela 18 - Afecções envolvendo mais de um sistema em pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 50 Tabela 19 - Outros procedimentos acompanhados na rotina do Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio. ... 51

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Relação entre o total de consultas, separado por sistema afetado, em comparação às consultas de vacinação. ... 35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINE – Anti-inflamatório não esteroidal BAV 1 – Bloqueio Atrioventricular de 1º grau BAV 2 – Bloqueio Atrioventricular de 2º grau BAV 3 – Bloqueio Atrioventricular de 3º grau BID – Duas vezes ao dia

BRD – Bloqueio de Ramo Direito cm – Centímetro

DDIV – Doença do Disco Intervertebral DM – Diabete Mellitus

DMVM – Doença Mixomatosa da Valva Mitral DMVT – Doença Mixomatosa da Valva Tricúspide DRC – Doença Renal Crônica

DTUIF – Doença do Trato Urinário Inferior Felino ECO – Ecocardiograma

ECG – Eletrocardiograma HAC – Hiperadrenocorticismo

HOVET-SC – Hospital Veterinário Santa Catarina

HV-UFPR – Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná IV – Via intravenosa

NA – Não se aplica

NDN – Nada digno de nota

OSH – Ovariosalpingohisterectomia

PAAF – Punção Aspirativa por Agulha Fina PIO – Pressão Intraocular

PKD – Doença Renal Policística QID – Quatro vezes ao dia

RLCCr – Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial SC – Via subcutênea

SID – Uma vez ao dia TID – Três vezes ao dia

TPLO – Osteotomia de Nivelamento do Plateau Tibial UFPR – Universidade Federal do Paraná

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UTI – Unidade de Terapia Intensiva VO – Via oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (HV-UFPR) ... 15

2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL... 15

2.2 ATIVIDADES REALIZADAS ... 17

2.3 CASUÍSTICA ... 18

3 HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA CATARINA (HOVET-SC) ... 25

3.1 ATIVIDADES REALIZADAS ... 32 3.2 CASUÍSTICA ... 33 3.2.1 Sistema Tegumentar... 37 3.2.2 Sistema Cardiovascular ... 39 3.2.3 Sistema Locomotor ... 41 3.2.4 Sistema Visual ... 43 3.2.5 Sistema Digestório ... 44 3.2.6 Sistema Respiratório ... 46 3.2.7 Sistema Nervoso ... 47 3.2.8 Sistema Genitourinário ... 48 3.2.9 Sistema Endócrino... 49 3.2.10 Afecções Multissistêmicas ... 49 3.3 PROCEDIMENTOS ACOMPANHADOS ... 51 4 CONCLUSÃO ... 52 REFERÊNCIAS ... 53

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1 INTRODUÇÃO

Na Medicina Veterinária, o estágio curricular obrigatório é de extrema importância para a formação do acadêmico, pois é nessa hora que se coloca em prática todos os conceitos teóricos aprendidos no decorrer do curso. Além disso, também possibilita conhecer várias pessoas que já estão há mais tempo nessa profissão, garantindo ao acadêmico uma vasta troca de experiências, além de desenvolver uma mente mais voltada para a realidade do mercado de trabalho.

O estágio curricular obrigatório foi dividido em dois momentos distintos. O primeiro foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV-UFPR), na área de cardiologia veterinária. O hospital está localizado na Rua dos Funcionários, nº 1540, no bairro Juvevê, dentro do setor de Ciências Agrárias da UFPR, na cidade de Curitiba, Paraná. O estágio obrigatório se iniciou no dia 7 de janeiro de 2019, estendendo-se até o dia 1º de março de 2019, com duração de 40h semanais, resultando em 320 horas totais de estágio.

A segunda parte do estágio foi no Hospital Veterinário Santa Catarina (HOVET-SC), iniciando no dia 11 de março de 2019 até 31 de maio de 2019, resultando em 464 horas totais. O HOVET-SC está localizado na Rua Iguaçu, nº 177, no bairro Itoupava Seca, na cidade de Blumenau, Santa Catarina. Era possível acompanhar todas as especialidades e serviços ofertados pelo hospital na área de clínica e cirurgia, porém, o foco foi na área de clínica veterinária.

O objetivo deste trabalho é apresentar todas as atividades realizadas pelo estagiário em cada hospital, qual foi a casuística e relatar brevemente casos mais relevantes, além de mostrar um pouco da instalação e condições de cada lugar.

2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (HV-UFPR)

2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL

O HV-UFPR possui diversos serviços e especialidades para atender à população de Curitiba e região, como clínica médica e cirúrgica, cardiologia, oncologia, odontologia, oftalmologia, patologia clínica, dentre outros; além de contar também com atendimento na parte de grandes animais e animais selvagens. Todas as especialidades do hospital possuem

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residentes, exceto a cardiologia, que é mantida por mestrandos e doutorandos (8 pessoas no período de estágio realizado), sendo que muitas vezes era possível acompanhar a realização de exames cardiológicos que os pós-graduandos realizavam para seus respectivos projetos. A área de estágio escolhida foi a de cardiologia veterinária, porém, na primeira semana foi possível acompanhar um pouco a parte de clínica médica de pequenos animais.

O setor de Clínica Médica do hospital é dividido em três partes: triagem, senha e internamento; onde residentes e estagiários seguem uma escala semanal. Os atendimentos são por ordem de chegada. Todos os animais que chegam passam previamente pela triagem para definir se é um caso para alguma especialidade, um caso de emergência (que são atendidos de imediato) ou uma consulta geral da Clínica Médica. As senhas são as consultas, que ocorrem na ordem de chegada do paciente. Por fim, o internamento é onde permanecem os animais que necessitam de monitoração constante, que é dividido em três salas: internamento geral, gatil (“intercats”) e isolamento (para animais com doença infectocontagiosa).

A área de cardiologia conta com duas salas: uma pequena com um computador e mesa para realização apenas dos eletrocardiogramas, denominado Laboratório de Cardiologia Comparada (Figura 1); e outra compartilhada com o setor de imagem, onde está o aparelho de ecocardiograma (Figura 2).

Figura 1 – Sala principal do Laboratório de Cardiologia Comparada do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

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Figura 2 - Sala de ecocardiograma do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

O setor de Cardiologia não realiza consultas, ficando responsável apenas pela realização de exames (eletrocardiografia, ecocardiografia e ocasionalmente, holter) e elaboração dos laudos, que eram requisitados pela clínica e especialidades. Apenas duas consultas foram realizadas pela cardiologia no período do estágio, pois eram casos específicos para implantação de marcapasso, acompanhados pessoalmente pelo professor responsável pelo setor de cardiologia. O setor funciona efetivamente apenas no período da manhã (das 9:00h até 12:00h), pois a tarde o equipamento de ecocardiografia fica à disposição do setor de imagem do hospital. No período da tarde, geralmente acompanhavam-se os pós-graduandos na elaboração e discussão de laudos. Ocasionalmente surgia um encaixe do internamento para realização de eletrocardiograma. Durante o período de estágio, duas cirurgias foram acompanhadas, sendo ambas de implantação de marcapasso transvenoso unicameral, ocorrendo uma seguida da outra no dia 9 de janeiro.

2.2 ATIVIDADES REALIZADAS

No período matinal, o estagiário tinha função de buscar os pacientes na recepção e auxiliar na sua contenção durante os exames de eletrocardiograma e ecocardiograma, bem como realizar tricotomia para o exame ecocardiográfico. O eletrocardiograma era sempre realizado

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em decúbito lateral direito e tem duração média de 3 minutos. Caso houvesse alterações no traçado, o exame poderia se estender para mais de 10 minutos, conforme fosse a necessidade do caso. O exame de ecocardiografia é sempre realizado em ambos os decúbitos direito e esquerdo, ficando a critério do veterinário cardiologista como iniciar o procedimento. O tempo variava com a habilidade do profissional, mas durava em média 20 minutos. Nenhum dos dois exames necessitavam de sedação do paciente para serem feitos.

Durantes os exames, ocorriam explicações pelos pós-graduandos sobre o caso em questão e também esclarecimento de dúvidas do estagiário. Quando não estavam sendo realizados exames, havia discussão e confecção de laudos, explicando o significado das medidas alteradas encontradas e implicação clínica no caso. Alguns pós-graduandos permitiam que o estagiário fizesse os laudos dos pacientes do dia, corrigindo-os no dia seguinte e apontando falhas e acertos. Alguns pós-graduandos também permitiam que o estagiário realizasse o exame de eletrocardiografia nos pacientes da rotina, o que consistia em colocar o animal no decúbito correto, colocar os eletrodos e rodar o programa para gravação das ondas eletrocardiográficas.

No período da tarde, caso não houvesse laudos para serem feitos pelo estagiário e nem pós-graduandos utilizando o computador, era possível refazer laudos já prontos para treinar. No caso de ter algum pós-graduando utilizando o computador, o estagiário poderia acompanhar e perguntar sobre os laudos e/ou qualquer outro assunto relacionado com cardiologia veterinária.

2.3 CASUÍSTICA E DISCUSSÃO

Os horários disponíveis para exames eram 9h, 10h e 11h. Exames agendados normalmente incluíam a realização de eletrocardiograma e ecocardiograma. Sempre era realizada a auscultação cardíaca e pulmonar antes dos exames e, se fosse necessário, era feita também a aferição de pressão. Por vezes era necessário realizar um encaixe de algum paciente de emergência e/ou que estava internado, a pedido dos residentes. Os pós-graduandos dividiam-se nos dias da dividiam-semana para realizar a rotina matinal de exames.

Durante o período de estágio, foi acompanhado um total de 110 pacientes, sendo que 8 eram felinos e 102 caninos. A maior parte dos atendimentos consistia em exames pré-operatórios, bem como acompanhamento de cardiopatias ou arritmias já conhecidas no animal. Muitos pacientes também eram trazidos a pedido dos pós-graduandos para serem utilizados nos seus respectivos projetos. Nesses casos, o tutor não pagava nada e o pós-graduando realizava o exame com foco nos parâmetros necessários na sua pesquisa. Os projetos também incluem os

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três exames de holter realizados. A Tabela 1 mostra as principais indicações para a realização dos exames nos pacientes atendidos durante o período de estágio.

Tabela 1 - Motivos para realização de exames cardiológicos em pacientes atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio.

Razão do exame Canino Felino Total

Acompanhamento 23 0 23 Check-up 3 0 3 Projeto 11 6 17 Sinal Clínico 23 1 19 Pré-anestésico 42 1 43 Total 102 8 110

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Alguns pacientes vinham encaminhados de outros setores do hospital quando eram encontradas alterações no exame clínico, que poderiam estar relacionadas com o sistema cardiovascular. Esses sinais incluíam ausculta de sopros, edema pulmonar ou arritmias. Animais que vieram com ascite ou dispneicos, por vezes, também eram encaminhados ao setor de cardiologia. Síncope também foi um sinal clínico deparado durante o período de estágio, porém, normalmente vinha como queixa do proprietário, e não como um achado dos residentes. Dos 110 pacientes atendidos no período de estágio, 98 realizaram ambos os exames de eletrocardiograma e ecocardiograma. Em alguns poucos casos, foi realizado apenas um dos exames (Tabela 2). Todos os animais que realizaram apenas eletrocardiograma todos foram casos de acompanhamento: dois animais que apresentavam fibrilação atrial, dois para acompanhamento de bloqueio atrioventricular de 1º grau e o último era um dos caninos em que foi implantado marcapasso, tendo vindo apenas para avaliar o funcionamento do equipamento. Quanto aos ecocardiogramas, apenas um foi para acompanhamento da progressão de doença mixomatosa da valva mitral (DMVM), enquanto que os outros três animais vieram encaminhados da clínica apresentando algum sinal, como edema ou ascite.

Além desses dois exames, foi possível acompanhar a colocação de holter (monitorização eletrocardiográfica de 24 horas) em 3 caninos, que vieram como participantes de um projeto de um dos pós-graduandos. Normalmente, o holter era colocado e o animal retornava ao hospital no dia seguinte, exceto em um caso, em que o proprietário optou em deixar o animal passar a noite no internamento do hospital. Os proprietários que levavam seus animais com holter para casa recebiam uma tabela em branco para anotar todas as atividades realizadas pelo animal,

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junto com o horário em que elas aconteceram, para que pudesse associar essas informações com o traçado no momento de montar o laudo.

Tabela 2 - Número de pacientes submetidos em cada exame cardiológico no setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio.

Exame Canino Felino Total

ECO + ECG 90 8 98

ECO 4 0 4

ECG 5 0 5

Holter 3 0 3

Total 102 8 110

ECO: ecocardiograma; ECG: eletrocardiograma. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

A principal enfermidade encontrada foi a doença mixomatosa da valva mitral (DMVM), também conhecida como endocardiose, associada, na maior parte dos casos, com a degeneração da valva tricúspide (DMVT). É a causa mais comum levando a insuficiência cardíaca em cães, acometendo principalmente a valva mitral de animais de pequeno a médio porte. Em felinos, a degeneração dessas valvas, causando quadros clínicos, são raros. Uma valva degenerada é aquela que tem perda progressiva de colágeno, associada com a deposição de diversas substâncias nos folhetos das valvas, que aos poucos, vão se tornando espessadas, fracas e deformadas. Ao longo do tempo, a regurgitação de sangue para o átrio causada por uma valva insuficiente leva à dilatação das câmaras atrial e ventricular (WARE, 2011). A Tabela 3 mostra os principais diagnósticos definidos a partir da ecocardiografia.

Tabela 3 - Conclusões dos exames ecocardiográficos em cães e gatos atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio.

Diagnósticos ecocardiográficos Canino Felino

DMVM 37 0

DMVM + DMVT 40 0

NDN 14 8

Estenose Aórtica 4 0

Estenose subaórtica 1 0

Trombo em átrio direito 1 0

Vegetação em valva Pulmonar 1 0

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As estenoses aórtica e subaórtica são anomalias congênitas comumente afetando cães de porte grande. As estenoses são um estreitamento que dificultam a passagem de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta, resultando numa sobrecarga de pressão no fluxo sanguíneo e progressiva hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. Os sinais clínicos são intolerância ao exercício, síncope, morte súbita ou podem ser assintomáticos. Na auscultação, dependendo do grau de estenose pode não ser possível notar um sopro (MAGALHÃES, 2014). Um canino filhote, Pastor Alemão, possuía as duas estenoses concomitantes e vinha seguidamente ao hospital para acompanhamento. Era um animal ativo e, mesmo possuindo alterações importantes, não tinha nenhum sinal clínico.

O paciente apresentando uma massa em átrio direito era um canino, idoso, em quimioterapia após retirada de neoplasia em baço. Ao exame ecocardiográfico notou-se uma massa em átrio direito, além de efusão pericárdica não drenável e insuficiência importante da valva pulmonar sem hipertensão arterial pulmonar. Apresentava DMVM classificada em nível B1. Foram sugeridos pela veterinária responsável pelos exames, dois diagnósticos diferenciais: um trombo, possivelmente da neoplasia retirada anteriormente, ou uma neoplasia em átrio direito. Uma das neoplasias mais comuns afetando tanto baço quanto átrio direito é o hemangiossarcoma. Aproximadamente, 50% deles estão localizados em baço e 25% em átrio direito (COUTO, 2015). Além disso, Moroz (2007) ainda cita que 25% dos animais que desenvolvem hemangiossarcoma esplênico primário possuem metástases cardíacas, e que 63% dos animais que possuem essa neoplasia em átrio direito, podem ter metástases disseminadas.

O caso da vegetação em valva pulmonar ocorreu em um canino de grande porte, que foi encaminhado para realização de abdominocentese devido a ascite. Foram drenados cerca de 16 litros de líquido abdominal. Foi encaminhado ao setor de Cardiologia devido à ausculta de sopro. Ao exame ecocardiográfico foi possível observar a vegetação em valva pulmonar com dimensão aproximada de 1x1cm, câmaras atrial e ventricular direita muito dilatadas e hipertensão arterial pulmonar importante. Uma suspeita levantada para esse caso foi de endocardite. A endocardite infecciosa acontece devido à bacteremia, que pode ser transitória, recorrente ou persistente, infectando as valvas através do fluxo sanguíneo. Valvas doentes ou lesionadas são mais predispostas a colonização, mas valvas saudáveis também podem ser afetadas. As valvas mais observadas apresentando endocardite são a mitral e aórtica, sendo a endocardite mais comum em cães do que gatos. Ainda, é possível ocorrer a “cicatrização” de uma endocardite, que inicialmente é friável, mas com o tempo pode calcificar. Traumas mecânicos e estresse crônico das valvas podem resultar na formação de uma vegetação

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asséptica, a partir do acúmulo de plaquetas e fibrina na superfície (WARE, 2015). Não foram encontrados casos relatando endocardite em valva pulmonar, apenas artigos referindo como sendo a valva mais rara de desenvolver essa enfermidade (MAIA, 2009; ALBARELLO et al, 2012). Tanto uma endocardite cicatrizada quanto uma vegetação asséptica poderiam se encaixar no caso deste animal.

Outros achados concomitantes com os diagnósticos ecocardiográficos observados podem ser vistos na Tabela 4. A regurgitação de mitral discreta a moderada foi a alteração mais encontrada, que tem relação com o alto número de pacientes apresentando DMVM. Associado a eles, boa parte dos cães também desenvolveram apenas uma regurgitação discreta de tricúspide. A hipertensão pulmonar nos casos acompanhados normalmente é secundária à DMVM, mas ela ainda pode ser secundária a afecções pulmonares, como doenças pulmonares crônicas, parasitas, pneumonia, dentre outros (JOHNSON, 2016). Dos felinos que apresentaram alterações concomitantes, apenas um tinha insuficiência moderada de mitral. Os outros apresentaram apenas escape ou insuficiência discreta.

Tabela 4 – Número de animais com alterações ecocardiográficas concomitantes com o diagnóstico final, separado por gravidade da alteração e entre as espécies acometidas dos pacientes atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio.

Outros achados

ecocardiográficos Escape Discreto Moderado Importante Canino Felino

Hipertensão pulmonar NA 9 4 4 17 0 Insuficiência aórtica 0 8 2 1 11 0 Insuficiência de mitral 7 20 23 16 64 2 Insuficiência de tricúspide 17 29 6 5 55 2 Insuficiência de pulmonar 4 11 1 1 17 0

NA: Não se aplica. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Nos exames eletrocardiográficos, a maior parte dos pacientes apresentou traçado normal, sem alterações. Os diagnósticos finais encontrados no eletrocardiograma podem ser observados na Tabela 5. Arritmia sinusal, marcapasso migratório e ritmo sinusal são todos achados normais e fisiológicos.

Arritmia sinusal foi o ritmo mais obtido durante as avaliações. É definida como um ritmo regularmente irregular, sendo extremamente comum em cães e incomum em gatos. Também é conhecida como arritmia sinusal respiratória, pois o ritmo cardíaco pode sofrer

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influência da respiração, aumentando a frequência na inspiração e diminuindo na expiração (WILLIS, 2018).

Comumente, a arritmia sinusal vem acompanhada do marcapasso migratório. O marcapasso migratório é uma alteração na amplitude (altura) e duração (largura) da onda P. Em momentos que a frequência cardíaca está mais alta, a despolarização acontece nas células mais dorsais do nodo sinusal, gerando ondas de maior amplitude e duração; quando a frequência cardíaca diminui, a tendência é a despolarização ocorrer em regiões mais ventrais do nodo sinusal, formando ondas de duração e amplitude menores (WILLIS, 2018).

O ritmo sinusal é aquele que acontece de forma rítmica e regular, sendo mais comum em felinos com traçado eletrocardiográfico normal, podendo ou não ser observado em caninos. Todos os felinos atendidos durante o estágio apresentaram apenas ritmo sinusal.

Tabela 5 - Principais características encontradas nos exames eletrocardiográficos em cães e gatos atendidos pelo setor de Cardiologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio.

Características eletrocardiográficas Canino Felino

Arritmia Sinusal 58 0 Ritmo Sinusal 23 8 Marcapasso migratório 30 0 BAV 1 4 0 BAV 2 3 0 BAV 3 2 0 Fibrilação atrial 5 0 Ritmo de marcapasso 2 0 Bradicardia sinusal 2 0 Taquicardia sinusal 3 0

BAV: Bloqueio Atrioventricular. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Bloqueios atrioventriculares de todos os graus também foram encontrados durante o período de estágio. Os dois pacientes apresentando bloqueio atrioventricular de 3º grau são os mesmos que foram os submetidos a implantação de marcapasso endocárdico. Também são os mesmos que posteriormente retornaram para reavaliação, e no eletrocardiograma foi possível observar o ritmo de marcapasso (rítmico e regular, despolarizando na frequência definida no próprio marcapasso).

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A fibrilação atrial é normalmente observada em animais de grande porte, sendo a taquiarritmia supraventricular mais comum em cães. É um ritmo rápido e desorganizado da atividade elétrica atrial que prejudica o enchimento ventricular durante a diástole. Fibrilação atrial comumente é secundária a doenças cardíacas estruturais, mas pode ser primária (idiopática) ou paroxística (WILLIS, 2018). Nesse caso, dois caninos que tinham fibrilação apresentavam também dilatação de átrio e ventrículo esquerdo devido a DMVM avançada.

Associado aos diagnósticos, alguns animais apresentaram ainda algumas outras alterações, porém, não foi a maioria, como pode ser observado na Tabela 6.

Bloqueio de ramo direito (BRD) é o bloqueio total ou uma transmissão lenta do estímulo elétrico para o lado direito do feixe de His, alterando a morfologia do complexo QRS (que representa a despolarização ventricular). Bloqueio de ramo direito normalmente é apenas um achado incomum (mas benigno) em cães e gatos saudáveis, porém, pode aparecer secundário a doença cardíaca. (OYAMA, KRAUS, GELZER, 2014). Todos os animais com BRD acompanhados estavam em estágio inicial da DMVM (estágio B1) ou não possuíam nenhuma alteração ecocardiográfica.

Assim como BRD, o bloqueio fascicular anterior esquerdo também altera a morfologia do complexo QRS. Essa alteração foi encontrada em um único felino. As causas para ocorrência desse bloqueio em felinos podem ser hipertrofia de ventrículo esquerdo ou defeito septal interventricular. Porém, felinos podem apresentar esse bloqueio sem ter nenhuma alteração cardíaca que o justificasse e sem nenhuma implicação clínica (WILLIS, 2018). A avaliação ecocardiográfica desse paciente não mostrou nenhuma alteração, permanecendo apenas como um achado.

Tabela 6 - Achados eletrocardiográficos associados com o diagnóstico final, separado entre as espécies acometidas dos pacientes acompanhados no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, durante o período de estágio.

Outros achados eletrocardiográficos Canino Felino

NDN 39 6

Bloqueio de Ramo Direito 4 1

Bloqueio Fascicular Anterior Esquerdo 0 1

Sinus Arrest 7 0

NDN: nada digno de nota. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Sinus arrest é definido como a ausência da despolarização do nodo sinusal, levando a

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ventricular. Pode durar alguns segundos e, se não houver nenhuma despolarização, pode levar a síncope. As causas normalmente estão relacionadas com fibrose do nodo sinusal, estimulação vagal ou influência de medicação, como digoxina (TILLEY, SMITH, 2016). A maior parte dos pacientes atendidos com sinus arrest eram animais com DMVM, apenas um possuía fibrilação atrial.

3 HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA CATARINA (HOVET-SC)

A segunda parte do estágio curricular obrigatório foi realizada no Hospital Veterinário Santa Catarina (Figura 3). O hospital tem funcionamento 24 horas. A troca de turnos no internamento ocorre nos horários das 8h às 14h e das 14h às 20h; após essa hora, inicia-se o plantão noturno que dura 12h, portanto, das 20h às 8h. Em todos os turnos há um auxiliar de veterinária. Para os atendimentos durante o dia, sempre há de 2 a 5 veterinários responsáveis. Durante o plantão, o hospital mantém sempre um veterinário plantonista e um auxiliar de veterinária, que cuidam da internação e de qualquer atendimento/emergência que apareça. Nas trocas de turnos, o veterinário e o auxiliar do turno atual passam todas as informações necessárias dos pacientes internados para o próximo veterinário e auxiliar do turno seguinte.

Figura 3 - Frente do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

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O hospital possui dois pavimentos, sendo que no primeiro estão as salas mais funcionais da rotina veterinária, enquanto que no segundo está a parte administrativa do hospital, bem como a sala de tomografia computadorizada.

Ao entrar no hospital, a primeira área é o hall de entrada, que é amplo e possui alguns medicamentos e rações a venda (Figura 4). O hospital não possui nenhum serviço de pet shop ou banho e tosa. Ao passar pelo hall de entrada, inicia-se a parte central do hospital, onde a maior parte das salas usadas se encontram. Nesta área, estão localizados os três consultórios de atendimento e um consultório de felinos, uma sala de emergência, ala de fisioterapia, sala dos veterinários, internamentos, sala de radiografia, sala de ultrassonografia e farmácia; externamente está o laboratório de patologia clínica.

Figura 4 - Hall de entrada/recepção do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

Dos consultórios, três são equipados com materiais de uso geral para utilização em consultas, como materiais para coleta de sangue, lâminas, materiais de limpeza e assepsia,

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termômetro, etc (Figura 5). Apenas o Consultório 1 possui um refrigerador onde estão as vacinas. Equipamentos oftalmológicos e o aparelho de otoscopia também são únicos e mantidos geralmente no consultório 1. Além disso, o hospital possui um consultório próprio para felinos, que é enriquecido com brinquedos e prateleiras que o animal pode escalar, brincar e se sentir mais confortável e menos estressado durante uma consulta (Figura 6).

Figura 5 - Consultório 2 do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

A sala de emergência encontra-se logo após o hall de entrada e possui tudo que é necessário para atender pacientes emergenciais. Possui duas mesas com catéteres, gaze, algodão, álcool, água oxigenada, soro e equipos, tricótomo e máscaras de oxigênio. Próximos dessas mesas estão o cilindro de oxigênio e um aparelho de ultrassonografia. Na bancada, estão organizadas as medicações de emergência, tubos endotraqueais, balança, ambu, etc (Figura 7).

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Figura 6 - Consultório de felinos do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

A área de fisioterapia (Figura 8) possui uma hidroesteira, piscina e mesa para realizar atividades específicas, como acupuntura, eletroestimulação, massagens ou o que for necessário para o caso do paciente. Também possui um secador para secar os animais após o uso da hidroesteira e/ou piscina.

Figura 7 - Sala de emergência do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

O setor de imagem do hospital possui três salas para realização de exames. Uma sala pequena de ultrassonografia, com mesa, calha e materiais de assepsia e coleta (agulhas, seringas, cateteres). A médica veterinária ultrassonografista permanecia apenas no período da manhã no hospital para realização de exames, e utilizava seu próprio equipamento. Caso fossem necessários exames de ultrassom no período da tarde, era observada a disponibilidade da ultrassonografista. Caso não fosse possível, outro ultrassonografista volante era chamado. A sala de radiografia é próxima ao ultrassom, sendo um pouco maior e possuindo cilindro de oxigênio para casos emergenciais ou pacientes com dificuldade respiratória. O aparelho de raio-X é digital e as chapas são reveladas diretamente no computador, onde pode-se alterar o tamanho e orientação da imagem, bem como alterar a opacidade da radiografia.

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Figura 8 - Ala de fisioterapia do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

Para os animais que necessitam de supervisão contínua, o hospital dispõe do internamento, dividido em internamento geral e unidade de terapia intensiva (UTI) (Figura 9), quarentena (para animais em suspeita de doença infectocontagiosa) e área infectocontagiosa (Figura 10) e gatil. Cada uma dessas salas (com exceção do gatil, que é acoplado ao internamento geral) possui materiais separados, como toalhas, seringas, agulhas, soros, equipos, etc, facilitando assim a resolução de casos mais emergenciais e evitando possíveis contaminações cruzadas.

Figura 9 - Internamento geral (imagem A) e Unidade de Terapia Intensiva (imagem B) do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

O centro cirúrgico possui uma área central, que divide as duas salas de cirurgia, o expurgo e a sala com os materiais esterilizados. É nessa área central que também é feita a

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assepsia pré-cirúrgica das mãos com clorexidina, com uma pia de acionamento manual com sensor (virando a palma da mão para o sensor, sem encostar) e onde encontra-se a autoclave para esterilização dos materiais. Das salas cirúrgicas, uma delas é utilizada para vários procedimentos, exceto profilaxia odontológica, enquanto que a outra sala é utilizada apenas para este fim. As duas salas são equipadas com foco, mesas que com altura controlável por pedal, circuito anestésico valvular fechado, bancadas com caixas de fio de sutura, lâminas de bisturi, gaze, algodão, material de assepsia, medicações, seringas e agulhas. O expurgo é a sala para a qual são levados os materiais utilizados após a cirurgia, para serem lavados e posteriormente esterilizados.

A farmácia é o local no qual todos os materiais são guardados para serem repostos quando necessário, incluindo as medicações. A porta era trancada com senha e os estagiários não tinham acesso sem a presença concomitante de um médico veterinário ou auxiliar de veterinária.

Atrás do hospital há um estacionamento para os funcionários, onde também se encontra o laboratório, que recebe as amostras colhidas pelo hospital. O laboratório é terceirizado e os estagiários não tinham acesso a ele, exceto para levar os exames e requisições solicitados pelos médicos veterinários.

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Figura 10 - Quarentena (imagem A) e internamento para animais com doenças infectocontagiosas (imagem B) do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

O acesso ao segundo andar do hospital era realizado pelas escadas, porém, caso estivesse levando algum paciente (alerta ou sedado), podia-se utilizar o elevador. No segundo andar, está a parte administrativa, cozinha, sala de palestra e sala de tomografia (Figura 11). São três salas conectadas que formam a sala de tomografia: uma apenas com o aparelho, onde o animal é posicionado e monitorado via monitor multiparamétrico e mantido com anestesia inalatória; outra sala com pia, tubos endotraqueais, materiais de assepsia, agulhas, cateteres, seringas, medicações emergenciais e o contraste utilizado no exame; e por fim, a sala onde é feito o controle da tomografia, que possui uma abertura na parede fechada com vidro, permitindo visualizar a máquina e monitorar o animal de longe. É nessa sala que é definida a região do animal que vai ser avaliada pela tomografia, a espessura dos cortes e o posicionamento da mesa do aparelho de tomografia.

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Figura 11 - Aparelho de tomografia computadorizada do Hospital Veterinário Santa Catarina, em Blumenau/SC.

Fonte: arquivo pessoal (2019).

3.1 ATIVIDADES REALIZADAS

Era possível acompanhar toda a rotina do hospital. Os horários das consultas ficavam disponibilizados na recepção e geralmente, os veterinários permitiam que no máximo dois estagiários acompanhassem o atendimento, exceto no atendimento de felinos, onde apenas um estagiário por vez era permitido.

Nas consultas, o estagiário acompanhava o processo de anamnese e se fosse necessário, auxiliava na contenção do animal durante exame físico ou qualquer outro procedimento que fosse realizado. Posteriormente, caso houvesse dúvidas em relação ao caso, poderia discutir com o veterinário responsável. Por vezes, o veterinário deixava alguma pergunta para o estagiário pesquisar e discutir a resposta encontrada em outro momento.

No internamento, era possível ajudar na supervisão dos animais, realizar alguns procedimentos, como coleta de urina, quando o animal estava sondado, troca de decúbitos, avaliação de parâmetros clínicos, troca de curativos, limpeza de feridas/suturas, monitoração de animais em transfusão, etc. Alguns procedimentos que não eram feitos na presença dos tutores durante uma consulta, eram feitos no internamento geral, principalmente as coletas de sangue. Também cuidávamos da recuperação anestésica de animais que foram submetidos a

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cirurgia ou sedação para algum exame, avaliando os parâmetros até que estivessem mais dispostos e alertas.

As cirurgias normalmente ocorriam no período da manhã. Os estagiários auxiliavam a anestesista em todos os processos antes da anestesia geral, como acesso venoso, montar o soro com equipo, levar para sala de cirurgia, segurar o animal durante a indução anestésica para evitar lesões, ajudar a entubar e posicionar na mesa de acordo com o procedimento que seria feito. Também era possível fazer a tricotomia e assepsia prévia da região cirúrgica com clorexidina e álcool. Normalmente, os estagiários podiam acompanhar a cirurgia, como auxiliar do cirurgião veterinário. Quando isso acontecia, o mesmo estagiário se encarregava de buscar os materiais estéreis e montagem estéril da mesa com os materiais cirúrgicos. Para assistir a cirurgia, não havia um número máximo de pessoas permitidas na sala, portanto, quem quisesse poderia acompanhar. Ao término do procedimento, eram os estagiários que levavam o animal de volta ao internamento e organizavam a sala de cirurgia.

Exames de tomografia, ultrassonografia e radiografia também foram acompanhados, muitas vezes sendo necessário ajudar na contenção do animal, com exceção da tomografia, onde se observava de longe os parâmetros no monitor multiparamétrico, já que o animal sempre era sedado neste exame. Porém, era responsabilidade dos estagiários levar o animal de volta para a baia do internamento e cuidar dele até a recuperação anestésica.

Nas fisioterapias, o estagiário podia acompanhar qualquer procedimento que fosse feito. Normalmente, a participação era mais por observação e/ou auxiliando a conter o animal, pois, no geral, eram sessões tranquilas e que não necessitavam de muita ajuda. Porém, sempre havia várias explicações sobre a fisioterapia em pequenos animais, também sendo possível fazer perguntas sobre o assunto para o veterinário fisioterapeuta.

3.2 CASUÍSTICA

Durante o período de estágio, foi possível estar presente em diversas consultas, bem como acompanhar o progresso dos pacientes internados. Foram acompanhadas 113 consultas. Este número inclui consultas novas e retornos de pacientes, bem como as consultas apenas para vacinação. Foram 106 cães (55 fêmeas e 51 machos), 6 felinos (1 fêmea e 5 machos) e 1 animal selvagem (coruja). A Tabela 7 mostra o número de animais em relação ao sistema orgânico de principal queixa relatada pelos proprietários. Animais que vieram apenas com objetivo de vacinação não foram incluídos na Tabela 7, mas podem ser vistos no Gráfico 1.

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Tabela 7 - Relação entre número de animais acompanhados em consulta e o sistema orgânico acometido em pacientes atendidos pelo Hospital Veterinário Santa Catarina, durante o período de estágio.

Sistema Caninos Felinos Selvagens Total

Tegumentar 18 2 0 20 Cardiovascular 16 0 0 16 Locomotor 11 0 1 12 Visual 11 0 0 11 Digestório 10 1 0 11 Respiratório 7 0 0 7 Nervoso 5 0 0 5 Genitourinário 5 0 0 5 Multissistêmico 3 1 0 4 Endócrino 2 0 0 2 Total 88 4 1 93

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Afecções relacionadas com sistema tegumentar e cardiovascular foram as mais observadas no hospital durante o período de estágio. As principais queixas clínicas do sistema tegumentar envolviam as dermatites bacterianas em cães e as neoplasias cutâneas. O sistema cardiovascular obteve um número alto de pacientes, porém, a maioria deles eram cães já cardiopatas, retornando para acompanhamento da doença. A procura por vacinas também era alta na casuística do hospital (18 cães e 2 felinos), podendo ser vista no Gráfico 1, em relação ao total de consultas separado por sistemas. As afecções encontradas em cada sistema serão discutidas posteriormente, em conjunto com as afecções encontradas nos pacientes do internamento.

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Gráfico 1 - Relação entre o total de consultas, separado por sistema afetado, em comparação às consultas de vacinação dos pacientes acompanhados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio.

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

O internamento apresentou uma alta rotatividade de animais, sendo possível acompanhar diversos casos e os tratamentos realizados. No período de estágio, 148 pacientes passaram pelo internamento. Dos 148, 116 eram cães (62 fêmeas e 54 machos) e 32 eram felinos (11 fêmeas e 21 machos).

Desses, 25 vieram a óbito, sendo 18 por morte natural (10 cães e 8 gatos) e 7 por eutanásia (5 cães e 2 gatos). Todos os animais foram listados na Tabela 8 e classificados conforme o sistema afetado, exceto aqueles que vieram ao hospital apenas para a realização de exames como tomografia, coleta de líquor, implante de células tronco, endoscopias, etc. (11 animais no total, sendo 10 caninos e 1 felino), que, em sua maioria, necessitavam de anestesia geral ou sedação, sendo necessária a estadia de pelo menos algumas horas no internamento após o procedimento para se recuperar dos efeitos de medicação anestésica.

0 5 10 15 20 25

Consultas

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Tabela 8 - Total de pacientes internados relacionados com o sistema afetado pela doença existente nos animais internados no Hospital Veterinário Santa Catarina durante o período de estágio.

Sistema Caninos Felinos Total

Digestório 32 10 42 Multissistêmico 23 10 33 Genitourinário 7 8 15 Locomotor 12 3 15 Tegumentar 11 0 11 Cardiovascular 8 0 8 Nervoso 5 0 5 Visual 4 0 4 Endócrino 3 0 3 Respiratório 1 0 1 Total 106 31 137

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Ao contrário das consultas, no internamento prevaleceram as afecções de sistema digestório como principais, o que pode ser justificado pela maior debilidade causada por essas doenças e a necessidade de monitoração constante, evitando o agravamento do caso. As enfermidades consideradas multissistêmicas envolveram principalmente traumas, como atropelamentos e quedas de locais altos, onde os pacientes muitas vezes chegavam necessitando de atendimento de emergência, para estabilização do quadro.

Para melhor entendimento de todas as afecções encontradas no período de estágio, os pacientes de consultas e internamento foram unidos em tabelas únicas para cada sistema orgânico, ressaltando os pontos e casos mais relevantes em cada uma delas. Nem todos os animais obtiveram um diagnóstico final definitivo, sendo, portanto, encaixados no diagnóstico diferencial mais provável ou aproximado.

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3.2.1 Sistema Tegumentar

A Tabela 9 mostra as afecções relacionadas com o sistema tegumentar. As neoplasias cutâneas foram as mais frequentemente encontradas, principalmente em caninos de meia-idade a senis.

Tabela 9 - Afecções do sistema tegumentar dos pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina.

Afecção Canino Felino

Neoplasias cutâneas à esclarecer 9 0

Piodermite 4 0 Miíase 3 0 Mastectomias 3 0 Dermatite úmida 2 1 Otite externa 2 0 Sarna Demodécica 1 0

Granuloma eosinofílico canino 1 0

Dermatite acral 1 1

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Para avaliação e diagnóstico das neoplasias cutâneas, era feita punção aspirativa por agulha fina (PAAF) do nódulo para avaliação citológica e posteriormente indicada excisão cirúrgica do nódulo e seu envio para histopatologia. Comumente, os nódulos tratavam-se de lipomas ou outros tumores benignos. Também foram acompanhados alguns casos de neoplasia mamária, dos quais eram feitos avaliação de malignidade, pesquisa de metástase, dimensões e regiões afetadas para definir o planejamento cirúrgico.

As lesões bacterianas (piodermites) normalmente vinham com queixa de prurido, áreas eritematosas na pele, pústulas, áreas de rarefação pilosa e/ou alopecia que não melhoram. Piodermites podem ser classificadas em superficiais ou profundas. Quando superficiais, estão relacionadas com infecção bacteriana de organismos presentes na superfície da pele, geralmente devido a alguma causa de base (como alguma alteração sistêmica, presença de parasitas, endocrinopatias, etc.). A piodermite profunda, também conhecida como furuncolose, é a infecção bacteriana que afeta a epiderme, derme e tecido subcutâneo. Assim como a piodermite

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superficial, a profunda também ocorre, na maior parte das vezes, secundário à alguma causa base. As lesões tendem a ser mais severas, e costumam ser mais doloridas do que pruriginosas (HEIRICH, et al, 2019).

Nos casos de piodermite, eram feitos raspados com lâmina, cotonete e fita adesiva, onde o material coletado era espalhado numa lâmina, corado com hematoxilina e eosina para ser observado em microscópio, sendo possível visualizar as bactérias. O tratamento era realizado com antibioticoterapia por via oral (cefalexina, dose de 30mg/kg, BID) geralmente por 7 dias; banhos uma vez por semana (com produto a base de clorexidina) por pelo menos um mês; spray para utilizar de forma tópica nas lesões, que contém antibiótico (gentamicina), miconazol (antifúngico) e betametasona (anti-inflamatório esteroidal). Caso o prurido não cessasse com esse tratamento, poderia ser adicionado um anti-inflamatório esteroidal por via oral (prednisolona, com dose de 0,5 a 1mg/kg, SID ou BID) por 3 dias. A escolha das medicações variava com a gravidade do caso. O tratamento em quadros mais brandos, por exemplo, iniciava-se apenas de forma tópica, realizando os banhos e/ou utilização do spray.

As dermatites úmidas agudas (também conhecida como dermatite piotraumática ou “hot

spots”) também são um tipo de piodermite e foram queixas recorrentes, com feridas muito

dolorosas e crostosas, sendo estas lesões relacionadas com áreas úmidas abaixo do pelo, garantindo um ambiente ideal para proliferação de microrganismos e inflamação local. Por serem lesões muito pruriginosas e doloridas, o animal acaba lesionando mais ainda e agravando o quadro (HEIRICH, et al, 2019).

O tratamento era semelhante ao da piodermite, porém, normalmente era prescrito mais tempo de tratamento. Baseava-se no uso da cefalexina por 10 dias (mesma dose); prednisolona por 5 dias (mesma dose) e por ser uma lesão muito dolorida, associava-se cloridato de tramadol (analgésico) na dose de 2mg/kg BID por 7 dias. Não eram necessários banhos por serem lesões localizadas, mas era recomendada a limpeza diária, duas vezes ao dia, com solução contendo clorexidina e utilização de pomada contendo colagenase com cloranfenicol (antibiótico). Em consultório, era realizada a raspagem das crostas da ferida para permitir melhor limpeza e posterior cicatrização.

A otite externa não foi uma das principais queixas relatadas. Normalmente, era trazida como um problema secundário, além da queixa principal. De modo geral, a otite externa era tratada inicialmente apenas com solução de limpeza diária, e após 7 dias, era trocada por uma solução otológica contendo antinflamatório esteroidal (hidrocortisona), antibiótico (sulfato de gentamicina) e antifúngico (nitrato de miconazol), SID de 5 a 7 dias. Ao fim do tratamento, era recomendado para todos os pacientes o uso contínuo da solução de limpeza uma vez por semana

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(contendo ácido salicílico e ácido lático), com intenção de diminuir as chances de desenvolver novamente essa afecção.

Diversos autores trazem a limpeza do conduto auditivo previamente ao uso de antibiótico/antifúngico como ideal para a eficácia do tratamento (LUSA; AMARAL, 2010; GREGÓRIO, 2013; CAMILO; TRAVASSOS; LIMA, 2013). Gregório (2013) cita que a limpeza é importante para realizar a remoção de detritos, da inflamação, de agentes patogênicos e tornando o ambiente menos favorável para o desenvolvimento dos patógenos. Camilo, Travassos e Lima (2013) também notaram em seu estudo que a lavagem otológica ajudou a reduzir o tempo de tratamento com medicações bactericidas/fungicidas. Porém, nenhum dos autores citou a necessidade da limpeza semanal após a resolução do quadro clínico.

O granuloma eosinofílico, diferente de felinos que desenvolvem muito comumente essa patologia, em cães é um caso raro. A etiologia em cães não está bem definida, mas acredita-se que tenha relação com reações de hipersensibilidade, principalmente por picadas de insetos e/ou parasitoses locais (HEINRICH, 2019). Neste cão, a lesão se desenvolveu na base externa da orelha, onde anteriormente havia lesão por dermatobiose no mesmo local. O diagnóstico foi feito através de citologia, onde foi encontrado elevada celularidade, composta por células inflamatórias, predominando eosinófilos, seguido de neutrófilos íntegros e degenerados e macrófagos. Também foi observado moderada quantidade de bactérias do tipo Cocos. Como o local da ferida estava infeccionado, inicialmente foi feito tratamento apenas com antibioticoterapia oral (cefalexina, dose de 30mg/kg, SID) por 7 dias; anti-inflamatório esteroide (prednisolona, dose de 0,5 a 1mg/kg, SID) por 5 dias e spray contendo antibiótico (gentamicina), miconazol (antifúngico) e betametasona (anti-inflamatório esteroidal).

A dermatite acral consiste na lambedura excessiva, que acaba gerando feridas na região. Trata-se de um sinal clínico para alguma condição que o paciente esteja apresentando (geralmente prurido, por alguma razão), e não uma doença propriamente dita (HEINRICH, 2019). No caso do felino com dermatite acral, a causa era estresse, que foi resolvida apenas com enriquecimento ambiental, fornecendo caixas de papelão para o animal brincar, associado com tratamento das feridas causadas pela lambedura.

3.2.2 Sistema Cardiovascular

A Tabela 10 mostra as afecções relacionadas com o sistema cardiovascular. Nesses casos, as consultas normalmente eram acompanhamentos de animais já cardiopatas, para

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controle do avanço da doença através de ecocardiograma e, se fosse necessário, ajuste de dose das medicações.

Tabela 10 - Afecções do sistema cardiovascular encontradas nos pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina.

Afecção Canino

DMVM 20

Shunt portossistêmico 2

Ruptura de Átrio Esquerdo 1

DMVM: Doença Mixomatosa da Valva Mitral. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Todos os pacientes atendidos eram caninos com Doença Mixomatosa da Valva Mitral (DMVM), também conhecida como endocardiose. É a causa mais comum de insuficiência cardíaca no cão e estima-se que seja responsável por 70% das doenças cardiovasculares em caninos, acometendo principalmente raças de porte pequeno a médio (WARE, 2015). Para o tratamento da DMVM é utilizado um agente inotrópico (pimobendam, na dose de 0,25 a 0,3mg/kg, BID, uso contínuo); inibidor da enzima conversora de angiotensina (benazepril, na dose de 0,25 a 0,5mg/kg, SID ou BID, uso contínuo); diurético de alça (furosemida, na dose de 1 a 4mg/kg, SID ou BID, uso contínuo) e diurético poupador de potássio (espironolactona, na dose de 1 a 2mg/kg, SID ou BID, uso contínuo). As doses das medicações e a frequência de uso podem variar conforme a progressão do quadro clínico, ressaltando a importância do acompanhamento constante com ecocardiograma desses pacientes.

O outro caso relacionado com sistema cardiovascular envolve uma canina, cardiopata, que colidiu com a cabeça contra uma porta de vidro. Segundo os proprietários, o animal passou muito mal logo após o trauma, fazendo-os trazer a paciente até o hospital. O animal foi estabilizado e, alguns dias depois, foi requisitado um ecocardiograma, constatando ruptura de átrio esquerdo e presença de um coágulo no pericárdio, que evitou maior extravasamento de sangue. Não foi instituído nenhum tipo de tratamento, apenas monitoração do animal, que se apresenta em ótimas condições gerais.

Shunt portossistêmico foi observado duas vezes durante o período de estágio em dois

caninos da raça Poodle, ambos filhotes em torno dos 6 meses. Um deles veio a óbito, o outro estava realizando os exames para posterior correção cirúrgica. Shunt ou desvio portossistêmico é a formação de vasos anômalos entre a circulação portal e sistêmica, resultando no desvio do

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sangue diretamente para a circulação sistêmica, sem passar pela circulação portal. Progressivamente, vai causando hiperamonemia e consequente encefalopatia hepática. O desvio portossistêmico pode ser congênito ou adquirido (WATSON, 2015).

Foi instituído tratamento de suporte apenas no primeiro caso de shunt acompanhado, pois o paciente apresentava diversos sinais inespecíficos, como vômito, diarreia e anorexia, com piora progressiva do quadro. Ondansetrona (dose de 0,5mg/kg, TID, IV) foi utilizada para controle de vômitos e náusea; ranitidina (dose de 2mg/kg, TID, SC) e omeprazol (dose de 1mg/kg, SID, IV) como protetor gástrico; escopolamina (25mg/kg, TID, IV), como antiespasmódico, que já vem associada com dipirona (anti-inflamatório não esteroidal (AINE), analgésico e antipirético); ciproeptadina+cobamamida (1 comprimido diluído em água, VO, administrando quando fosse necessário), como estimulante de apetite; cloridato de tramadol (dose de 2mg/kg, TID, SC), como analgésico opióide e metronidazol (dose de 7,5mg/kg BID, IV), como antibiótico. Mesmo com todos os cuidados, o paciente apenas piorou com o passar dos dias, sendo necessária a implantação de sonda esofágica por não estar mais se alimentando. Porém, devido ausência de motilidade de trato gastrointestinal, não acontecia absorção do alimento. Posteriormente, o animal acabou vindo a óbito.

O outro canino apresentava-se ainda em boas condições gerais, vindo ao hospital apenas para realizar tomografia computadorizada, permitindo visualização do shunt e posterior correção cirúrgica. Não foi possível acompanhar o procedimento cirúrgico devido a finalização do estágio.

3.2.3 Sistema Locomotor

As consultas relacionadas com sistema locomotor ocorriam geralmente com queixa de claudicação ou eram consultas de retorno para avaliação pós-cirúrgica. Os animais internados normalmente estavam aguardando para realizar alguma cirurgia e posterior recuperação, como hemilaminectomia, TPLO (Osteotomia de Nivelamento do Platô Tibial), correção de fraturas ou amputações. A Tabela 11 mostra quais foram as afecções encontradas no período de estágio sobre sistema locomotor.

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Tabela 11 - Afecções do sistema locomotor encontradas em pacientes acompanhados durante o período de estágio no Hospital Veterinário Santa Catarina.

Afecção Canino Felino Selvagem

DDIV 7 0 0 Fraturas 3 3 1 Luxação de patela 2 0 0 Entorse 2 0 0 RLCCr 2 0 0 Artrose 1 0 0 Displasia coxofemoral 1 0 0

Necrose da base da cauda 1 0 0

Neoplasia de dígito 1 0 0

Neoplasia de coxal 1 0 0

DDIV: Doença do Disco Intervertebral; RLCCr: Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial. Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Os tratamentos instituídos estão relacionados com controle da dor e da inflamação nesses pacientes. As escolhas das medicações variavam com cada caso. normalmente incluíam analgésicos opióides, podendo ser cloridato de tramadol (dose de 2mg/kg, TID, SC) ou cloridrato de metadona (dose de 0,3mg/kg, BID, SC), sempre associado a dipirona (dose de 25mg/kg, BID, SC). Como AINE, poderia ser utilizado meloxicam (dose de 0,2mg/kg, SID, SC), firocoxib (dose de 5mg/kg, SID, VO) ou carprofeno (dose de 2,2mg/kg ou 4,4mg/kg, SID, VO). Firocoxib e carprofeno normalmente eram de escolha para uso pós-operatório pelos proprietários do paciente. Os antibióticos mais usados eram amoxicilina com clavulanato (dose de 22mg/kg, BID, IV), metronidazol (dose de 15mg/kg, BID, IV) e cefalotina (dose de 30mg/kg, BID, IV).

A Doença do Disco Intervertebral (DDIV) era uma das principais casuísticas cirúrgicas do hospital, onde os pacientes geralmente chegavam paralisados, com ausência de dor profunda, sendo imediatamente encaminhados para cirurgia de hemilaminectomia. A DDIV é frequentemente vista em raças condrodistróficas, ocorrendo degeneração do disco intervertebral, levando a protusão (Hansen I) ou extrusão (Hansen II) do disco, tendo como consequência, compressão da medula (CHAVES et al, 2017).

As fraturas, quando possível, eram corrigidas cirurgicamente. Foram acompanhadas fraturas de tíbia, tíbia e fíbula, metatarsos, de osso coxal, de vértebras caudais e de mandíbula. Também foi acompanhada fratura de asa de uma coruja.

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A fratura de osso coxal causou obstrução do trato intestinal e consequentemente, fecaloma. A fratura de vértebras caudais atingiu as primeiras vértebras, sendo o mesmo caso do felino que teve necrose na base da cauda, que atingia porção final do reto e musculatura adjacente. Seria necessário amputar essa porção final do reto e fazer um novo orifício para saída de fezes, resultando em incontinência fecal. Porém, devido ao alto grau de necrose e infecção, com a autorização dos proprietários, foi optado por fazer eutanásia durante o procedimento cirúrgico.

A fratura de asa acometeu uma coruja trazida pela polícia militar ambiental da cidade de Blumenau. Segundo o policial, a ave teria ficado presa em arame farpado. Estava apresentando diversas lesões pelo corpo, além da fratura exposta na asa. Foi feito limpeza das feridas e correção cirúrgica da fratura, porém, o animal estava muito debilitado e acabou vindo a óbito depois do procedimento cirúrgico.

As amputações realizadas foram amputação alta de membro pélvico de um felino e amputação de um dígito em cão, devido à presença de uma neoplasia no local.

A cirurgia para correção de Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial (RLCCr) também foi realizada algumas vezes. Nesses casos, a cirurgia era TPLO, para estabilização da articulação. Animais apresentando RLCCr geralmente chegam à clínica com queixa de claudicação. É comum não sentirem dor na articulação afetada exceto quando realizado o teste de gaveta, necessário para confirmar a ruptura (ALMEIDA et al, 2016).

3.2.4 Sistema Visual

A Tabela 12 mostra as afecções encontradas relacionadas com o sistema visual. Glaucoma e úlceras de córnea eram as afecções mais comuns e normalmente se tratavam de animais que retornavam ao hospital para acompanhamento da enfermidade. As cirurgias oftálmicas também estavam geralmente associadas com essas duas doenças. Procedimentos cirúrgicos de enucleações devido glaucoma ou úlceras muito avançadas eram comuns, bem como flaps de 3ª pálpebra para casos de úlceras de córnea.

Referências

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