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Os direitos das minorias assegurados pelo Processo Judicial

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GRANDE DO SUL

DUILIO FERNANDO SANGIOVO ESCANDIEL

OS DIREITOS DAS MINORIAS ASSEGURADOS PELO PROCESSO JUDICIAL

Ijuí (RS) 2017

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DUILIO FERNANDO SANGIOVO ESCANDIEL

OS DIREITOS DAS MINORIAS ASSEGURADOS PELO PROCESSO JUDICIAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Luiz Raul Sartori

Ijuí (RS) 2017

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus pelo dom da vida. Ainda, ao meu orientador, por todo auxílio e paciência empreendidos na construção do mesmo, e principalmente à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança que há mim foi depositado para que eu pudesse chegar vitorioso ao final desta caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me conceder o dom da vida, e por me permitir que eu vivesse este momento, trazendo assim alegria aos meus pais e a todos os demais que torceram e me auxiliaram para que eu pudesse alcançar esta vitória.

Agradeço a minha mãe, Isabel, por todo apoio e dedicação prestados a mim, pelo seu amor, carinho, paciência, e por todos os seus ensinamentos, por ser minha base durante toda esta trajetória. Amo você mãe!

Agradeço a meu pai, Luís, e meu irmão, Iuri, que apesar de não estarem mais presentes entre nós, ainda me acompanham em cada passo dado, e sei que a cada vitória minha conquistada representa a alegria deles. Amo vocês pai e mano!

Agradeço também, aos demais familiares e amigos queme apoiaram e me auxiliaram nas horas em que eu mais precisava.

Agradeço a Unijuí e a todo seu corpo docente, além da direção, administração e funcionários, os quais realizam seu trabalho com tanto amor e dedicação, trabalhando incansavelmente para que nós, alunos, possamos contar com um ensino de extrema qualidade.

Agradeço ao meu orientador, Professor Msc. Luiz Raul Sartori, por toda paciência, dedicação e ensinamentos, os quais me possibilitaram alcançar o sucesso nesta trajetória.

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“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.” (Martin Luther King Jr)

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O presente trabalho de conclusão de curso faz uma abordagem sobre a origem histórica do princípio da igualdade, sua conceituação e o seu tratamento perante a Constituição Federal de 1988, bem como o reconhecimento das minorias em território brasileiro, analisa ainda o conceito da mesma, algumas de suas categorias presentes em nosso território, ou seja, os tipos de minorias presentes em nossa sociedade, as legislações constitucionais e infraconstitucionais, e a aplicabilidade dos direitos referentes a esta categoria no âmbito judicial brasileiro. Aborda ainda, os direitos concedidos e os efeitos que os mesmos produzem a esta classe minoritária, e ainda demonstram a ineficiência judicial em relação às minorias, vez que tais membros da sociedade, em certas etapas da vida, não conseguem gozar da igualdade material, e por mais que haja uma busca por parte do Estado em relação a uma igualdade judicial, a mesma ainda se mostra falha.

Palavras-Chave: Princípio da Igualdade. Constituição Federal de 1988. Minorias. Direitos das Minorias. Deficientes Físicos. Mulheres. Idosos. Homossexuais.

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The present work of conclusion of course approaches the historical origin of the principle of equality, its conceptualization and its treatment before the Federal Constitution of 1988, as well as the recognition of minorities in Brazilian territory, also analyzes the concept of the same, some of its categories present in our territory, that is, the types of minorities present in our society, constitutional and infraconstitutional laws, and the applicability of rights related to this category in the Brazilian judicial sphere. It also addresses the rights granted and the effects they produce for this minority class, and also demonstrate the judicial inefficiency of minorities, since such members of society, at certain stages of life, can not enjoy material equality, and although there is a quest on the part of the State in relation to judicial equality, it still fails.

Keywords: Principle of Equality. Federal Constitution of 1988. Minorities. Rights of Minorities. Physically handicapped. Women. Elderly. Homosexuals.

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INTRODUÇÃO ... 8

1 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE ... 10

1.1 A igualdade: Breve histórico ... 11

1.2 A igualdade à luz da Constituição Federal de 1988 ... 13

1.3 A igualdade material e formal ... 15

1.4 O reconhecimento das minorias no Brasil ... 17

2. MINORIAS ... 19 2.1 Conceito de Minorias ... 19 2.2 Categorias de minorias ... 21 2.2.1 Os deficientes físicos ... 21 2.2.2 As mulheres ... 23 2.2.3 Os idosos ... 25 2.2.4 Os homossexuais ... 27

3. OS DIREITOS DAS MINORIAS ... 29

3.1 Normas constitucionais e infraconstitucionais garantidas à proteção dos direitos das minorias em âmbito judicial brasileiro ... 30

3.2 Análise jurisprudencial ... 34

3.3 A afirmação e a tradução dos direitos das minorias no âmbito judicial brasileiro .... 38

CONCLUSÃO ... 40

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INTRODUÇÃO

As minorias, assim entendidas como várias categorias da população brasileira, são grupos que possuem características diferentes dos grupos dominantes, tendo o seu direito limitado. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, caput, dispõe a igualdade entre todos perante a lei, todavia, as minorias são constantemente discriminadas. Notadamente, fica explícito que a igualdade a todos, proposta pela Constituição, fica assim prejudicada. Cria-se, portanto, uma grande diferença igualitária em relação aos direitos dispostos às minorias e aos demais cidadãos, vez que a maioria sempre se sobressai à minoria.

Sabemos também que o acesso ao judiciário deve ser possível a todos, conforme prevê nossa Constituição, em seu artigo 5º, inciso XXXV, o qual assevera em seu texto, que não poderá haver a exclusão por parte da lei de nenhuma apreciação do poder judiciário, seja por lesão ou por ameaça a direito. Devendo ainda, esse acesso ao Juízo, ser proporcionado de uma maneira igualitária, digna, eficiente e tempestiva. Infelizmente, o acesso à justiça não é tão facilitado a essas categorias minoritárias presentes na nossa sociedade, vez que ainda em pleno século XXI, nos deparamos com uma série de desigualdades na busca pelo acesso à justiça, onde o poder judiciário ainda se mostra deficitário, seja em situações econômicas, sociais e até estruturais, fazendo com que este acesso se torne desnivelado.

Sabemos, portanto, que há barreiras e dificuldades das minorias em relação aos seus direitos e ao seu acesso à justiça, de forma nivelada e igualitária. Busca-se então, alternativas jurídicas para melhorar e viabilizar a vida destas classes, devendo o Estado, além de combater a desigualdade, discriminar positivamente as minorias.

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Diante destas situações, resta a indignação, buscando o presente trabalho demonstrar que por mais que surgiram melhorias em relação a busca e a aplicação dos direitos dos grupos minoritários, os mesmos ainda sofrem com a desigualdade e a discriminação.

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1 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Ao passo do surgimento de novos grupos societários, mostrou-se necessário garantir e resguardar a essa nova coletividade, todos os seus direitos. E em busca de uma proteção garantidora da democracia, eis que surge, o Princípio da Igualdade.

Considerado um dos principais pilares do nosso direito, o Princípio da Igualdade, juntamente com o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, tornaram-se as principais vigas-mestras de toda a nossa legislação e representam os maiores garantidores da proteção dos direitos de todos os nossos povos.

O Princípio da Igualdade ou Isonomia, como também é chamado, por sua vez, é fundamentado na ideia de que todos os seres humanos nascem iguais, e, portanto, merecem ser tratados de maneiras iguais. No entanto, a concepção de igualdade, sofre grande mutação, seja em função da época ou em função de determinado grupo. Partindo desta noção, o que se entende como igualdade jurídica em um país, pode se modificar em relação a outro país, bem como, o que se entendia como igualdade jurídica em certo período de tempo, talvez não se entenda mais da mesma maneira em nossa época atual.

Importante frisar que, o Princípio da Igualdade é revestido de grande importância em relação ao papel jurídico e social.

Deste modo, constata-se que o Direito, tem necessidade de utilizar a isonomia para alcançar a tão buscada justiça, fazendo assim, com que se atinja certo equilíbrio, ou até, algum desequilíbrio, vez que há certas situações que, para que se atinja a igualdade necessita-se de um tratamento desigual à outra parte, na medida de sua desigualdade, nivelando assim ambas as partes. Ressalta-se ainda, queexistem desigualdades as quais privam uma grande parte da sociedade, fazendo com que a mesma não possa ter as suas necessidades básicas supridas.

Neste passo, a igualdadecumpre um grande papel, qual seja o de nivelar a sociedade, independentemente de suas ―diferenças‖, fazendo com que todos tenham acesso à justiça de uma forma mais igualitária.

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A partir destas colocações iniciais, demonstra-se, que o presente capítulo tem por objetivo analisar o tema, fazendo uma breve análise histórica, bem como a sua aplicação em relação à Constituição de 1988. E ainda trazer os dois planos da igualdade, adentrando ao tema das minorias e seu reconhecimento no território brasileiro, a fim de possibilitar a posterior averiguação dos direitos das minorias, e a sua afirmação e tradução no processo judicial brasileiro, objeto deste estudo.

1.1 A igualdade: Breve histórico

Diante da exposição anteriormente feita em relação ao Princípio da Igualdade, nota-se a necessidade de uma breve explanação em relação à historicidade do mesmo e sua evolução. Podemos então, dividir o progresso da igualdade, ou também chamada de isonomia, em três tempos, segundo Alvaro dos Santos Maciel (2010):

O progresso da isonomia divide-se em três etapas: a primeira em que a regra era a desigualdade; a segunda, a ideia de que todos eram iguais perante a lei, denotando que a lei deve ser aplicada indistintamente aos membros de uma mesma camada social; e na terceira, de que a lei deve ser aplicada respeitando-se as desigualdades dos desiguais ou de forma igual aos iguais.

Definimos então como primeira etapa, segundo Maciel (2010 apud ROCHA, 1990, p. 35):

[...] a sociedade cunhou-se ao influxo de desigualdades artificiais, fundadas, especialmente, nas distinções entre ricos e pobres, sendo patenteada e expressa a diferença e a discriminação. Prevaleceram, então, as timocracias, os regimes despóticos, asseguraram-se os privilégios e sedimentaram-se as diferenças, especificadas em leis. As relações de igualdade eram parcas e as leis não as relevavam, nem resolviam as desigualdades.

Havia na sociedade da época, um sistema que era protegido por lei, ou seja, um sistema de desigualdades, o qual era proporcionado a uma pequena minoria, a que detinha maior poder e riqueza, sendo excluído, portanto, as demais classes inferiores. Neste passo, havia nas sociedades antigas, uma diferenciação muito forte entre pobres e ricos, e não havia uma preocupação no sentido de igualar aqueles que se apresentavam de forma desiguais.

No período da Idade Média, que se atinge o ápice da desigualdade, eis que, se acentuavam cada vez mais na sociedade as diferenças. Desta forma, destaca Maciel (2010 apud VICENTINO, 1997, p. 109):

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[...] a sociedade feudal era composta por dois estamentos, ou seja, dois grupos sociais com status fixo: os senhores feudais e os servos. Os servos eram constituídos pela maior parte da população camponesa, vivendo como os antigos colonos romanos – presos à terra e sofrendo intensa exploração. Eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagar-lhe diversos tributos em troca de permissão de uso da terra e proteção militar.

Como segunda etapa, na época do surgimento do Estado Moderno, surgem transformações sociais que fazem desencadear vários fatores que predominaram naquela sociedade, acompanhando tudo isso sobrevém a Revolução Industrial em conjunto com a burguesia, ambos reivindicando um tratamento igualitário a todos. Neste sentido, Maciel (2010 apud VICENTINO, 1997, p. 36) nos ensina:

[...] a sociedade estatal ressente-se das desigualdades como espinhosa matéria a ser regulamentada para circunscrever-se a limites que arrimassem as pretensões dos burgueses, novos autores das normas, e forjasse um espaço de segurança contra as investidas dos privilegiados em títulos de nobreza e correlatas regalias no Poder. Não se cogita, entretanto, de uma igualação genericamente assentada, mas da ruptura de uma situação em que prerrogativas pessoais decorrentes de artifícios sociais impõem formas despóticas e acintosamente injustas de desigualação. Estabelece-se, então, um Direito que se afirma fundado no reconhecimento da igualdade dos homens, igualdade em sua dignidade, em sua condição essencial de ser humano. Positiva-se o princípio da igualdade. A lei, diz-se então, será aplicada igualmente a quem sobre ela se encontre submetido. Preceitua-se o princípio da igualdade perante a lei.

Como última e mais importante etapa, as colônias inglesas conjuntamente com o país da França, no final do século XVIII, tiveram como grande influência os ideais de igualdade. Houve, portanto, a partir deste momento, uma grande difusão de ideais, acabando por levar diversas Constituições a normatizarem o princípio da igualdade, ou como também é conhecido, o princípio da isonomia.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, realizada na França, em 26 de agosto de 1789, que em seu art. 1º, trouxe o Princípio da Igualdade, ou seja, o princípio onde todos os homens nasceriam e permaneceriam iguais em direito, fez com que este princípio fosse tomado como base do Estado Moderno, fazendo com que exercesse grande influência sobre as demais constituições posteriores.

No período de 10 de dezembro de 1948, houve a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual tinha o intuito de promover grandes transformações

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sociais. Podemos destacar o Princípio da Igualdade, que, se encontra presente nos artigos VII, XXII, XXIII – 1, da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DECLARAÇÃO...):

Art. VII - Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação;

Art. XXII - Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Art. XXIII, 1 - Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

Os direitos elencados acima, no início de sua vigência, infelizmente não eram ampliados a todos os cidadãos, sendo apenas disponibilizados a uma pequena parcela minoritária, possuidora de bens. Eis que após um tempo, de uma forma lenta e gradativa, os referidos direitos foram sendo estendidos aos demais grupos sociais, fazendo com que o princípio da igualdade começasse a ter maior eficácia numa parcela maior da sociedade.

Com o surgimento do Princípio da Igualdade nas sociedades e sua ampliação em relação a todos os cidadãos, se fez necessário a criação e instauração do referido princípio nas constituições normatizadoras das sociedades. Não menos diferente, nossa Constituição Federal de 1988, traz o princípio da igualdade, elencado no rol dos seus direitos fundamentais. Neste sentido, torna-se necessário fazer uma abordagem em relação a igualdade à luz da nossa atual constituição, abordagem esta que será feita no subtítulo a seguir.

1.2 A igualdade à luz da Constituição Federal de 1988

Várias são as constituições que asseguram o direito à igualdade entre todos, não menos diferente, em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, caput, temos como preceito fundamental, a igualdade entre todos perante a lei.

Rezam as constituições — e a brasileira estabelece no art. 5º, caput — que todos são iguais perante a lei. Entende-se, em concorde unanimidade, que o alcance do princípio não se restringe a nivelar os cidadãos diante da norma legal posta, mas que a própria lei não pode ser editada em desconformidade com a isonomia. O preceito magno da igualdade, como já tem sido assinalado, é norma voltada quer para o aplicador da lei quer para o próprio legislador. Deveras, não só perante a norma posta se nivelam os indivíduos,

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mas, a própria edição dela assujeita-se ao dever de dispensar tratamento equânime às pessoas (MELLO, 2000, p. 6).

Como ressaltado anteriormente, este princípio encontra-se em destaque, sendo previsto no rol dos direitos e garantias fundamentais de nossa atual Constituição, mais precisamente no art. 5º, caput, o qual aduz que todos são iguais perante a lei, não podendo haver qualquer forma de distinção, sendo garantido a todos a inviolabilidade do referido princípio. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1998)

Nos ensinamentos de José Afonso da Silva (2005, p. 211, grifo do autor), encontramos também, a menção do Princípio da Igualdade, o qual se encontra presente na Constituição Federal de 1988: ―A Constituição de 1998, abre o capítulo dos direitos individuais com o princípio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º, caput).‖

Do mesmo modo elucida-nos Alexandre de Moraes (2014, p. 35):

A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos têm o direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico.

É também o ensinamento de Pedro Lenza (2012, p. 973): ―O art. 5.º, caput, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.‖

Portanto, nota-se quehouve uma inovação em relação ao Princípio da Igualdade que se encontra presente em nossa atual constituição, eis que a mesma eleva a igualdade como um valor supremo, onde a sociedade deve atuar de uma forma democrática, e sem preconceitos ou discriminação.

Neste sentido, após demonstrar o Princípio da Igualdade, o qual se faz presente, em nossa Constituição Federal de 1988, necessário se faz verificar a igualdade em seu sentido material e formal.

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1.3 A igualdade material e formal

Ao analisarmos a igualdade, não devemos analisá-la somente em um sentido literal, vez que, em nossa sociedade temos grupos sociais que se diferem dos demais. Portanto, deve-se haver um tratamento uniforme para com todos, a fim de deve-se atingir uma igualdade concreta e efetiva. Neste passo, eis que surge a igualdade formal e material.

Como igualdade formal, entende-se como aquela igualdade que é positivada pela Lei. No entanto, não se deve limitar a igualdade em sentido meramente formal, eis que, se houver essa limitação, haverá o encobrimento das disparidades entre as pessoas. Deve-se haver a criação por parte do direito de meios eficazes, que façam com que haja a promoção da igualdade real e concreta e que impeça todo e qualquer tipo de desigualdade.

Neste sentido, Silva, elucida-nos:

Nossas constituições, desde o Império, inscreveram o princípio da igualdade, como igualdade perante a lei, enunciado que, na sua literalidade, se confunde com a mera isonomia formal, no sentido de que a lei e sua aplicação tratam a todos igualmente, sem levar em conta as distinções de grupos. A compreensão do dispositivo vigente, nos termos do art. 5º, caput, não deve ser assim tão estreita. O intérprete há que aferi-lo com outras normas constitucionais, conforme apontamos supra e, especialmente, com as exigências da justiça social, objetivo da ordem econômica e da ordem social. Considerá-lo-emos como isonomia formal para diferenciá-lo da isonomia material, traduzido no art. 7º, XXX e XXXI [...].

A constituição procura aproximar os dois tipos de isonomia, na medida em que não se limitara ao simples enunciado da igualdade perante a lei; menciona também a igualdade entre homens e mulheres e acrescenta vedações a distinção de qualquer natureza e qualquer forma de discriminação (2005, p. 214-215, grifo do autor).

Como exemplos de igualdade formal e material, Silva (2005, p. 211-212, grifo do autor), nos traz:

As constituições só têm reconhecido a igualdade no sue sentido jurídico-formal: igualdade perante a lei. A Constituição de 1988 abre o capítulo dos direitos individuais com o princípio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º, caput). Reforça o princípio com muitas outras normas sobre a igualdade ou buscando a igualização dos desiguais pela outorga de direitos sociais substanciais. Assim é que, já no mesmo art. 5º, I, declara que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Depois, no art. 7º, XXX e XXXI, vêm regras de igualdade material, regras que proíbem distinções fundadas em certos fatores, ao vedarem diferença de salários, de exercício de funções e de critério de

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admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil e qualquer discriminação no tocante a salários e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. A previsão, ainda programática, de que a República Federativa do Brasil tem como um de seus objetivos fundamentais reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III), veemente repulsa a qualquer forma de discriminação (art. 3º, IV), a universalidade da seguridade social, a garantia à saúde, à educação baseada em princípios democráticos e de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, enfim a preocupação com a justiça social como objetivo das ordens econômica e social (arts. 170, 193, 196 e 205) constituem reais promessas de busca da igualdade material.

Portanto, para poder ver de forma satisfeita a igualdade positivada em lei, deve-se usar da igualdade formal em conjunto com a igualdade material, que nada mais é, do que a igualdade baseada no tratamento uniforme, que faz com que haja um tratamento igual, de acordo com a realidade condizente, atingindo assimuma igualdade mais justa.

Neste sentido, Lenza (2012, p.973), nos elucida:

O art. 5.º, caput, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal (consagrada no liberalismo clássico), mas, principalmente, a igualdade material, uma vez que a lei deverá tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Isso porque, no Estado Social ativo, efetivador dos direitos humanos, imagina-se uma igualdade mais real perante os bens da vida, diversa daquela apenas formalizada perante a lei

Ainda sobre os seus ensinamentos, Lenza (2012, p.973), acrescenta:

Essa busca por uma igualdade substancial, muitas vezes idealista, reconheça- -se, eterniza-se na sempre lembrada, com emoção, Oração aos Moços, de Rui Barbosa, inspirada na lição secular de Aristóteles, devendo-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.

Do mesmo modo, Moraes (2014, p.35), nos ensina:

O princípio da igualdade consagrado pela constituição opera em dois planos distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio executivo, na edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que encontram-se em situações idênticas. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça, classe social.

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Sabe-se que a desigualdade é presente em nosso cotidiano, e para haver uma compensação e equiparação a ponto de haver uma igualdade justa, real e concreta, devemos aplicar a chamada discriminação positiva, isto é, a discriminação que faz com que se obtenha um resultado mais justo, eis que, as discriminações existentes na nossa sociedade não podem ser deixadas de lado. Neste sentindo, são os ensinamentos de Airton José Cecchin (2009, p. 328):

Desde a nova concepção de igualdade, passou-se a exigir do Estado, além da igualdade formal, a igualdade material. Essas posições, aparentemente antagônicas, não se excluem, mas se complementam, na medida em que é dever do Estado, além de coibir tratamento diferenciado, implementar medidas que atenuem ou eliminem as desigualdades. A inércia do Estado, limitando-se a proibir determinadas condutas, não logrou êxito, pois a discriminação assumiu proporções alarmantes, provocando a exclusão de milhares de pessoas. Agrupadas por origem, raça, sexo, cor, idade e demais formas de discriminação, determinando a existência de minorias sociais. A resposta do Estado a esse desnivelamento social, vem por meio de ações afirmativas, também conhecidas como discriminação positiva, cujo objetivo é o resgate e a inclusão social de classes menos favorecidas.

Ainda nos leciona Cecchin (2009, p. 328):

Falar em igualdade importa compreender a exata medida do conceito incluindo não só a igualdade formal, mas principalmente a igualdade material, como forma de contemplar a todos, indistintamente, observando-se que o tratamento isonômico consiste em tratar igualmente os iguais, na medida de suas igualdades.

Portanto, ao falarmos de igualdade, devemos sempre incluir não tão somente a igualdade formal, mas como também a igualdade material, vez que uma complementa a outra, em busca da obtenção de uma igualdade mais justa, real e concreta, onde não haja discriminações e preconceitos, e que possibilite o acesso universal de todos ao direito.

Deste modo, demonstrado os dois planos operantes da igualdade, passamos à análise do reconhecimento das minorias em território brasileiro.

1.4 O reconhecimento das minorias no Brasil

Ao longo dos anos, diante do grande crescimento populacional de nosso país, surgiram então, vários grupos sociais, grupos estes que possuem as mais variadas formas e características e são denominados como minorias.

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Em busca de reconhecimento e espaço no território brasileiro, este grupo trava uma árdua luta para ver seus direitos sendo conferidos e respeitados:

A respeito da luta das minorias no Direito brasileiro, destaca-se de maneira especial o direito à igualdade e à não discriminação. Isso permite desenvolver outros dois aspectos, que são o direito à existência, incluindo a vida e os meios de sobrevivência, e o direito à identidade, no sentido do reconhecimento como diferente e do direito às diferenças (ANDRIGHETTO, 2013, p. 8).

Nossa constituição, traz amplamente demonstrada em seus princípios fundamentais e em demais artigos presentes na mesma, a proteção disposta a esses grupos. No entanto, nosso país possui uma vasta diversidade, sendo necessária uma preocupação maior em relação às minorias. Neste sentido, Aline Andrighetto (2013, p.8) nos demonstra:

Com base na legislação e com tantas preocupações relacionadas às minorias étnicas, pode-se dizer que o Brasil possui uma diversidade muito vasta e deve, sim, preocupar-se em preservar e defender as raízes do país que hoje possui uma imensidão de valores. Valores, diga-se, que estão transformados, ao invés de em uma riqueza, em opressão e luta.

Ampla, mostra-se a proteção conferida as minorias pela Constituição Federal de 1988:

O art. 3º da Constituição Federal de 1988, com seus princípios fundamentais, como a igualdade, a proibição ao racismo, o dever de combater as desigualdades regionais sociais, a igualdade material, concepções que estão no art. 3º e em geral são mencionadas e aplicadas no art. 4º (e ainda o art. 5º, com a sua igualdade genérica), possuem medidas concretas para a igualização prática do combate à discriminação. Deve-se atentar igualmente para dois artigos que normalmente passam despercebidos: o artigo 215, o qual confere que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais; e o artigo 216, o qual menciona que constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (ANDRIGHETTO, 2013, p. 8).

Há, portanto, uma percepção de que os direitos das minorias estão sendo conferidos de uma forma gradativa pela nossa legislação brasileira. E ao passo que isso acontece, surge então o reconhecimento destes grupos em território brasileiro. Necessário se faz ainda, aduzir que devem ser garantidos a todos os seus direitos, não podendo haver nenhum tipo de discriminação ou preconceito.

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2. MINORIAS

Ao passo do surgimento da igualdade entre as classes presentes na nossa sociedade, eis que, com a evolução societária brasileira, surgem grupos que historicamente são marginalizados e discriminados, os quais chamamos de minorias.

No entanto, devemos observar o grande papel desempenhado por essas categorias, também conhecidas como minorias, em relação ao restante de nossa sociedade.

Importante frisar que, apesar da pouca informação relativa ao tema e o escasso conteúdo doutrinário, notável torna-se esta pesquisa e o incentivo para que assim haja maiores informações e se amplie o tema abordado, a fim de resultar em defesa da manutenção e de um maior entendimento sobre tais grupos.

Portanto, na busca de uma maior defesa e de um maior entendimento em relação a estes grupos, necessário se faz conhecer e discutir alguns dos temas básicos, como por exemplo, a sua conceituação, as dificuldades no reconhecimento de um conceito concreto para as mesmas, e as consequências geradas na escolha. Bem como, trazer algumas categorias destes grupos a fim de exemplificação.

2.1 Conceito de Minorias

Difícil se faz conceituar este grupo, eis que, é considerada uma questão um tanto quanto polêmica. O primeiro instrumento normativo a abordar este tema foi o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966, que em seu artigo 27, traz o seguinte enunciado:

Artigo 27 - Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua. (1992)

Houve, portanto, a abordagem somente em relação ao respectivo respeito devido às minorias, não trazendo consigo um conceito sobre tal categoria.

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Em seu sentido amplo, a palavra minoria, pode ser conceituada de duas formas, em uma primeira forma, ela é tida como algo que representa uma inferioridade numérica, conforme nos elucida Eumar Evangelista de Menezes Junior e Priscilla Santana Silva (2015, p. 80 apud, SÉGUIN, 2002, p. 9): ―como um contingente numericamente inferior, como grupos de indivíduos, destacados por uma característica que os distingue dos outros habitantes do país, estando em quantidade menor em relação à população deste.‖

Já em uma segunda forma, também elucidam os autores: ―um grupo de pessoas de mesma raça, língua, religião e origem nacional, vivendo em outra região que não a sua nação e querendo viver como se estivesse em seu país de origem, embora com os mesmos direitos civis e políticos.‖ (JUNIOR E SILVA, 2015, p. 81, apud, SILVA, 2004, p. 918-919).

Sobre o assunto, trata Cecchin (2006, p. 328-329):

Frise-se que as minorias não podem ser vistas de forma quantitativa, ainda que para isso possa, coincidentemente, ocorrer. São denominadas minorias não pela quantidade numérica de seus componentes, mas sim pelo status jurídico conferido a esses cidadãos, notadamente inferior àquele conferido aos detentores de poder, ou que possuem uma larga vantagem social-jurídica sobre os demais, devido a fatores históricos, econômicos e culturais.

Ensina-nos ainda o autor:

Assim, pode-se afirmar que o negro e o pardo, numericamente superiores em nosso país, são considerados minorias, devido à concepção jurídica que deve ser dada à palavra. Já os povos indígenas, com reduzido número de habitantes, possuem, além da minoria numérica, a jurídica. A mulher brasileira não pode ser considerada minoria numérica, mas as estatísticas demonstram que recebem tratamento jurídico diferenciado, incluindo-as nas minorias jurídicas. Portanto, falar em minorias sociais implica adotar a concepção jurídica, podendo ser traduzida como o grupo de pessoas que possuem direitos inferiores aos direitos conferidos aos demais cidadãos. (CECCHIN, 2006, p. 329).

Resta identificada, portanto, a conceituação de minoria, tendo como noção, não somente a ideia de inferioridade numérica, mas como também como um grupo de pessoas, as quais possuem direitos inferiores aos direitos conferidos às maiorias.

Passa-se, então a análise das categorias pertencentes às minorias.

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2.2 Categorias de minorias

Em relação às categorias de minorias, elas podem se formar e se modificar por diversos fatores.

Segundo Cecchin (2006, p. 329): ―Porém, os blocos de minorias se formam por motivos de raça, sexo, cor, idade, religião, compleição física, poder aquisitivo, ideologias e demais diversidades inerentes aos povos.‖

Complementa ainda o autor: ―Os casos mais corriqueiros de minorias estão relacionados aos negros, índios, mulheres, deficientes físicos, idosos e protestantes.‖ (CECCHIN, 2006, p. 329). No entanto, os grupos considerados minorias sociais, podem variar em relação ao tempo e ao espaço, e em relação a outros fatores, sendo feita apenas uma categorização temporária das minorias, eis que como mencionado anteriormente, elas podem sofrer alterações devido alguns fatores.

No presente trabalho serão abordadas algumas categorias, a fim de exemplificação, quais sejam: os deficientes físicos; as mulheres; os idosos; e os homossexuais.

2.2.1 Os deficientes físicos

Durante um longo período da história, os deficientes físicos, em nosso país, eram denominados de formas inadequadas, ou seja, eram chamados de incapacitados, inválidos, ou até mesmo, de defeituosos e aleijados, termos estes queforam utilizados até meados dos anos 80. Até mesmo, em Constituições anteriores à nossa atual Constituição de 1988, as mesmas traziam expressões como ―desvalidos‖ em seus textos, para se referir aos deficientes físicos. Neste sentido, Ana Paula Vieira (2011, p. 13) nos traz: ―Esses termos foram amplamente utilizados até a década de 80. As próprias Constituições brasileiras anteriores à Carta de 1988 adotavam, em seus textos, expressões como ―desvalidos‖ (Constituição de 1934).‖

Felizmente, com o surgimento da Constituição de 1988, houve um enorme avanço em relação ao tratamento despendido aos deficientes em relação ao texto constitucional. No entanto, a discriminação ainda continuou muito presente. Deste modo Vieira (2011, p. 13), nos elucida:

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O advento da Constituição Federal de 1988, portanto, constituiu um grande avanço no que diz respeito ao tratamento dado às pessoas com deficiência física e sensorial. Mesmo assim, essas pessoas ainda são discriminadas e, muitas vezes, impedidas de exercerem seus direitos. São, pois, minoria, que reivindica uma maior visibilidade social, um espaço público mais universalizado e o reconhecimento de suas especificidades enquanto grupo minoritário.

Necessário demonstra-se a identificação da pessoa com deficiência física, verificando assim, a quem deve se destinar as normas e direitos constitucionais, os quais tem como utilidade, proporcionar benefícios a este grupo.

Na nova Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015, em seu artigo 2º, encontramos o conceito de pessoa com deficiência física:

Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

No decreto de nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, em seu artigo 5º, §1º encontramos o que é considerado como deficiência física:

[...] deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

Fica evidente, portanto, que não é considerada deficiência física qualquer tipo de deformidade, devendo atender o que se estabelece no referido decreto.

Notadamente, evidenciam-seas inúmeras dificuldades enfrentadas por esta categoria, vez que, apresentam limitações, as quais a grande maioria não possui, portanto, nota-se que trata de uma categoria pertencente ao grupo das minorias.

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Vieira (2011, p. 19), nos exemplifica as variadas dificuldades enfrentadas por esta categoria:

Isso decorre da discriminação sofrida por esses indivíduos ao longo da história nacional, em que foram – e ainda são – tratados com preconceito e com comiseração exagerada, além de serem impedidos, com frequência, de exercerem atividades profissionais, pela falta de oportunidades no mercado de trabalho, e de terem acesso à cultura e à educação, em razão dos obstáculos físicos e da falta de acessibilidade dos meios de comunicação.

Por um longo tempo, e ainda nos tempos atuais, esta categoria sofreu e sofre discriminação e preconceito, seja em razão do tratamento dado pela sociedade, a qualtrata os mesmos como pessoas ―anormais‖, seja em razão da falta de acessibilidade em locais privados e até mesmo públicos, ou até então em razão do tratamento marginalizado que algumas pessoas dão à pessoa com deficiência. Neste sentido, Vieira (2011, p. 20 – 21) nos demonstra:

Assim, ao analisar a situação das pessoas com deficiência física e sensorial no Brasil, percebe-se que constituem grupo que não se enquadra nos padrões da maioria e que é tratado, muitas vezes, como ―anormal‖ pela sociedade em que vive, além de ser marginalizado e discriminado de diferentes formas, seja em virtude da ausência de acessibilidade em lugares 21 públicos e privados, seja em razão do tratamento estereotipado dado a algumas pessoas que possuem deficiência. Durante muitos anos, essas pessoas foram inferiorizadas e postas à margem da sociedade, sofrendo discriminações por serem diferentes da maioria. Na atualidade, as pessoas com deficiência física e sensorial continuam tendo seus direitos violados à medida que, por exemplo, as barreiras arquitetônicas impedem o tráfego livre de cadeirantes e as barreiras de comunicação impossibilitam a autonomia dos que são acometidos por deficiência auditiva e visual. Constituem, pois, minoria, cujos direitos ainda são constantemente desrespeitados.

Deste modo, esta categoria é considerada uma minoria, vez que, a mesma não se ―enquadra‖ nos padrões estabelecidos pela maioria da sociedade.

2.2.2 As mulheres

Esta categoria, apesar de ser maior demograficamente falando, ainda se constitui como minoria, vez que nos dias atuais, ainda ouvimos falar de suas lutas incessantes, seja pela busca de seus direitos, ou pela busca de maior segurança, ou por maior dignidade como pessoa humana e até pelo tratamento igualitário perante toda nossa sociedade.

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Partimos de um marco social, qual seja, o Renascentismo, o qual marcou esta categoria minoritária positivamente, vez que neste período houve a busca de mudanças por parte das mulheres, neste momento a mulher buscou sair da ―sombra‖ do homem, para lutar pelos seus direitos. Neste sentido, Lúcia Cássia de Carvalho Machado (2015, p. 1), nos elucida:

O mundo começou a mudar iniciando a Idade Moderna a partir do Renascentismo, época dos descobrimentos das Américas. A partir daquele marco a mulher buscou sair das sombras a que foi relegada. Contudo, para falarmos nas lutas e conquistas por direitos, pela dignidade da pessoa humana, pela igualdade, algumas passagens históricas foram importantes e devem ser trazidas à luz.

Neste passo, importante mencionar o grandioso papel executado pelas mulheres em alguns marcos históricos, como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, onde ambas tiveram como personagens importantes e atuantes nas revoluções, as mulheres. Machado (2015, p. 2), sustenta que:

Os anais da história constam que a mulher teve participação ativa naquele momento, pois foram capazes de fomentar aquele movimento, segundo Michelet, as mulheres foram vanguardistas reuniram-se à frente do Palácio de Versailles para protestar contra fome e por pão [...] Um dos eventos que marcaram a participação da mulher na Revolução ocorreu em março de 1792, quando Pauline León, leu na tribuna uma petição assinada por trezentas mulheres, reivindicando o direito de se organizarem em Guarda Nacional. Os revolucionários não permitiram tal organização.

Vários foram os direitos conquistados por essas mulheres no período das revoluções, quais sejam direitos sobre o estado social, sobre o divórcio, assim como também, as chamadas discriminações positivas, as quais tinham como objetivo principal igualar as mulheres aos homens em condições de trabalho, combatendo assim todo e qualquer tipo de discriminação existente neste âmbito.

No nascimento das primeiras legislações de nosso país, durante um longo período, os direitos das mulheres, basicamente, eram direitos restritos e muitas vezes limitados. Com o decorrer dos anos, foram sendo conquistados importantes direitos referentes a esta categoria. No período do surgimento de nossa atual Constituição Federal de 1988, o tratamento aos direitos das mulheres mudou drasticamente, tendo importante papel, eis que com o surgimento da constituição, assim surgiram os direitos fundamentais, destacando-se o direito à segurança, o qual foi conferido a esta categoria. Machado (2015, p. 5), enfatiza que:

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A chamada Constituição cidadã foi um passo importante aos direitos fundamentais, pois em seu artigo 1º, III, assegura a dignidade da pessoa humana; no artigo 5º, caput, a isonomia de direitos, no inciso II, a legalidade, nos artigos 6º direitos sociais, no artigo 7º, direitos do trabalhador, entre outros. Na seara dos Direitos Fundamentais conferidos à mulher, destaca-se o direito à segurança.

Podemos observar quão grande foi o avanço obtido pelas mulheres em prol de seus direitos, onde percebe-sea luta incessante durante toda a história e trajetória humana para as mulheres verem seus direitos efetivados e respeitados. Direitos estes, por uma dignidade humana maior, pela igualdade entre todos, para reconhecer a cidadania destas, pela equiparação salarial, pela melhora do mercado de trabalho, pela saúde, bem como pelo direito em dizer não.

Infelizmente, ainda nos tempos atuais nos deparamos com o desrespeito em relação às mulheres e aos seus direitos. No tocante a este assunto, Machado (2015, p. 8) nos relata que:

Os jornais e periódicos apontam diariamente casos de violência envolvendo a mulher, e ainda, em pleno século XXI, a mulher continua sofrendo uma série de agressões à sua integridade física, aos direitos trabalhistas, ainda sofre assédio moral, assédio sexual, ainda se encontra em estado de submissão, salvo, poucas exceções.

Neste sentido, justifica-se a presença desta categoria das mulheres no grupo maior das minorias, vez que apesar de se tratar de uma categoria de maioria numérica, a mesma ainda sofre com o desrespeito aos seus direitos, não lhe sendo oportunizados o mesmo tratamento e condições proporcionadas ao restante da sociedade, a qual se intitula como maioria.

2.2.3 Os idosos

Outra categoria, também em grande quantidade numérica, porém também pertencente ao grupo maior das minorias, seja pela vulnerabilidade que este grupo tem perante toda nossa sociedade ou pela falta de acesso plenoa todos os seus direitos necessários, é a categoria dos idosos.

Importante, faz-se classificarmos os idosos conforme conceitos presentes em nossa atual legislação.

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Danilo Silva (2015, apud FREITAS JUNIOR, 2006, p. 100) nos traz: ―Até janeiro de 1994, se quer a Constituição Federal, tampouco qualquer outra inovação legislativa delimitou a definição de idoso. Com essa omissão legal, muito se discutia sobre a conceituação do idoso‖. Criaram-se assim vários critérios para tentar delimitar o conceito da palavra idoso, vez que havia uma omissão em razão desta conceituação.

Ainda sobre o assunto, Silva (2015, apud FREITAS JUNIOR, 2006, p. 100), relata que: ―Alguns autores tinham o fim de delimitar o conceito do ponto de vista biológico, apresentando um critério uno. Para outros, entretanto, a qualidade de idoso deveria ser verificada caso a caso, a depender das condições biopsicológicas de cada pessoa idosa‖.

A partir da criação da Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842/04, é que se encerrou a discussão em relação à conceituação do mesmo, sendo considerada idosa a pessoa com idade superior a sessenta anos. Neste sentido Silva (2015, apud FREITAS JUNIOR, 2006, p. 100) nos elucida:

A lei 10.741/2003, posteriormente, igualmente utilizou o critério biológico, de caráter absoluto, e passou a definir idoso como sendo a pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos. O texto não diferencia o idoso capaz, que se encontra em plena atividade física e mental, do idoso senil ou incapaz, considerando-os, todos, sujeitos protegidos pelo estatuto.

Podemos considerar então, idosa, a pessoa que atingir idade igual ou superior a sessenta anos. Silva (2015), ainda destaca que:

Portanto, pode-se afirmar que, qualquer pessoa, ao atingir sessenta anos de idade, legalmente é considerada idosa, sendo determinantes fatores relacionados às suas condições físicas e mentais. O que se leva a depreender a existência de critérios físicos e biológicos na delimitação do conceito do ser humano como Idoso. Verifica-se que, em meio às diversas óticas sob as quais o Idoso veio a ser definido, a definição legal advinda das leis 8.842/04, juntamente com a 10.741/2003, veio, de certa forma, a padronizar o supramencionado conceito, evitando, assim, a formação de conflitos de ordem doutrinária.

Infelizmente, na sociedade em que esta categoria vive, devido a vários fatores, os mesmos não conseguem exercer de maneira plenaseus direitos. Silva (2015) destaca que:

Isso se dá, pelo fato de esses grupos estarem à margem da própria sociedade em que vivem não tendo, conseguintemente, por uma série de fatores, acesso pleno a seus direitos. [...] Sabe-se que o Idoso, como pertencente a um grupo

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portador de vulnerabilidade na sociedade brasileira, por diversos fatores, principalmente os socioeconômicos, não tem um acesso à Justiça que corresponda a sua necessidade como sujeito não dominante em seu meio social. [...] Não se pode deixar de levar em consideração fatores socioeconômicos nos quais a maioria dos Idosos brasileiros está inserida e que repercutem direta e negativamente em seu acesso à justiça, o que desnivela as suas condições de acesso à justiça se comparadas a de outras categorias de pessoas.

Fatos estes, que os torna categoria do grupo maior das minorias.

2.2.4 Os homossexuais

Em relação à categoria dos homossexuais, necessário apresentar uma conceituação, eis que se trata de uma das categorias mais polêmicas em relação à satisfação e ao pleno exercício de seus direitos, direitos estes que devem ser garantidos a todos de forma igualitária e sem discriminações.

A homossexualidade pode ser considerada mais antiga quanto à heterossexualidade. Neste sentido Guilherme, R. C. e Machado, V. B.(2011, p. 4), nos trazem:

A homossexualidade é tão antiga quanto a heterossexualidade. Esteve sempre presente em todas as partes desde a origem das civilizações. Apesar de ser quase sempre ocultada, nenhuma sociedade jamais a ignorou. As limitações que imperam até hoje associadas às relações homoafetivas tem a ver com a externalidade, não com a sua prática.

Os gregos, em sua língua não diferenciavam os termos homossexualidade e heterossexualidade. Guilherme e Machado (2011, p. 4 apud SOUZA, 2001) nos ressaltam que:

[...] em Roma, a realização de práticas homossexuais, era chamado de sodomia – coito anal entre indivíduos do sexo masculino ou entre um homem e uma mulher –. Essas relações eram vistas como naturais, da mesma maneira de como eram vistas relações entre casais, entre amantes ou de senhor e escravo.

Como conceito de homossexualidade Guilherme e Machado (2011, p. 5), nos elucidam:

A homossexualidade vem ganhando cada vez mais visibilidade na área pública atual e despertando novas questões, dilemas e mitos. Como vimos a homossexualidade além do que um comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, mais do que orientação do desejo sexual por pessoas do mesmo sexo e mais ainda do que nutrir sentimentos de afeto por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade além de todos esses aspectos pode ainda

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ultrapassá-los através das mais variadas formas representadas na cultura popular.

Em meados de 1960, começam a surgir transformações sociais no Ocidente, as quais eram tidas como tabus, mas quecomeçam a ter maior visibilidade e espaço nas discussões da sociedade. Há, portanto, uma receptividade maior em relação aos temas homossexuais, ganhando espaço na mídia e na sociedade.

No entanto, quando nos referimos aos homossexuais, há várias terminologias utilizadas em nossa sociedade. Guilherme e Machado (2011, p. 5) destacam que:

Ao nos referirmos a classe, uma infinidade de termos normalmente surgem, os quais tem ocupado cada vez mais nosso vocabulário, tanto para insinuações ofensivas, como para defesa dos direitos. Termos como GLS, GLBT, parada gay, opção ou orientação sexual, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros, transexuais, drag queens, transformistas, entre outros. Termos esses que ainda remetem a um universo de personagens que tendem a ser colocados em histórias exóticas.Estes personagens pouco a pouco vêm conquistando um status social menos marginalizado e ganhando direito nos espaços públicos. Lembrando que não é de hoje, muito menos por mágica que todos esses termos começaram a ser ditos e vistos com mais respeito. No âmbito público, muitos deles já são vistos, alguns mais, outros menos, devido a alguns corajosos que ousam manifestar seu afeto publicamente, sendo que algumas pessoas compartilham da vida afetiva em quase todos os âmbitos sociais.

No entanto, apesar dos avanços conquistados por esta categoria, ainda há uma discriminação por parte da sociedade, e uma desigualdade muito presente. Tornando-se assim esta categoria parte também do grupo maior das minorias, vez que, perante a sociedade, esta categoria não se "enquadra‖ aos demais.

Apresentadas então algumas categorias pertencentes às minorias, torna-se necessário demonstrar alguns dos seus direitos adquiridos ao longo de anos, assim como algumas normas constitucionais e infraconstitucionais que visam buscar um maior respeito e proteção a estas categorias, mostrando ainda, que apesar dos avanços obtidos ao longo de vários anos, se encontram muito presentes ainda as questões discriminatórias e de desigualdade das minorias em relação ao grupo de maior expressão, também denominado como, maioria. Assuntos estes, que serão abordados no capítulo que se segue.

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3. OS DIREITOS DAS MINORIAS

Ao passo que se constrói um sistema igualitário e se fala em surgimento de grupos minoritários que apresentam ―diferenças‖ da maioria da sociedade, eis que, nasce a necessidade da criação de maneiras para equivaler esses grupos que muitas vezes são rejeitados e marginalizados pelos demais cidadãos. Neste sentido, Argemiro Cardoso Moreira Martins e Larissa Mituzani (2011, p. 34), argumentam que:

O direito das minorias representa, portanto, direitos fundamentais de parcelas da sociedade eleitas como minorias a partir de parâmetros de marginalização histórica. A marginalização desses grupos deu-se por meio de discriminação social, representação política deficiente ou inexistente, subvalorização cultural, omissão – ou mesmo violência – das instituições estatais, para citar as principais causas de desprestígio em relação às minorias. O termo, ressalte-se, não está associado a uma minoria quantitativa necessariamente: os grupos minoritários podem ser compostos de parcelas consideráveis da sociedade.

Fica notável, então, a necessidade da criação de leis específicas a essas categorias, vez que os direitos em comum dispostos, muitas vezes, não fazem com que se tenha a plena igualdade entre todos e com que não haja discriminação entre essas categorias e a sociedade que compõe a maioria. Adriana Carneiro Monteiro et al. (2011), nos elucidam:

Os direitos das minorias são regidos pelo princípio da igualdade e não discriminação, não havendo delimitação de um conjunto mínimo de direitos. Possível é observar que, além dos direitos comuns a todas as pessoas (como direito à vida, liberdade de expressão, direito de não ser submetido à tortura, entre outros), as minorias têm certos direitos básicos - direito à existência, direito à identidade e direito a medidas positivas. O direito à existência é o direito coletivo à vida, contra a dizimação física do grupo minoritário, conforme conteúdo proporcionado pela Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Entretanto, outros direitos são requeridos para que as minorias se desenvolvam plenamente; é o caso do direito à identidade, já que a simples existência física não garante a permanência das manifestações culturais. As pessoas pertencentes a grupos minoritários devem ter o direito de desenvolver, individualmente ou com os demais membros do grupo, suas manifestações culturais, como traço distintivo de seu modo de ser.

Neste sentido, mostra-se necessário demonstrar os direitos criados em prol das minorias. Direitos estes, presentes nas normas constitucionais, bem como em normas infraconstitucionais.

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3.1 Normas constitucionais e infraconstitucionais garantidas à proteção dos direitos das minorias em âmbito judicial brasileiro

Nossa constituição brinda o assunto, trazendo em vários artigos seus o respeito e a proteção necessárias às minorias, para que essa busca pela igualdade se torne real e efetiva. Neste passo, Cecchin nos elucida:

O art. 3º, inciso IV da Constituição Federal constitui como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil ―Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação‖. O art. 5º, caput da Constituição Federal estabelece que ―Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)‖. Observa-se, portanto, que a própria Constituição Federal cuidou de tornar irrelevantes quaisquer preconceitos discriminatórios pelos motivos que enumerou, não admitindo distinções na promoção do bem comum. (2006, p. 339).

Ainda sobre a proteção conferida as minorias em matéria constitucional, Luciano Mariz Maia e Carmem Lúcia Antunes Rocha, nos ensinam:

A Professora Carmem Lúcia já fez referência a vários artigos da Constituição Federal: o art. 3º, com seus princípios fundamentais, a igualdade, a proibição do racismo, o dever de combater as desigualdades regionais, sociais; a igualdade material, em geral aplicada nos arts. 3º e 4º; o art. 5º, com a sua igualdade genérica, mas também com medidas concretas para igualização na prática; o art. 7º com medidas econômicas dessa igualização; o art. 210, §2º, que dispõe que o estudo da história deverá levar em consideração a contribuição dos vários grupos étnicos que compõe a nacionalidade brasileira; e, especificamente, os arts. 215 e 216. (2003, p. 70).

Além, de um tratamento constitucional conferido às minorias, encontramos também em matéria infraconstitucional, legislações que buscam respeito e proteção para que haja igualdade nos tratamentos judiciais conferidos a este grupo.

Infelizmente, nem todas as categorias pertencentes a este grupo maior, chamado de minorias, possui legislação específica. São exemplos às mulheres e os homossexuais, que ao contrário dos deficientes físicos e idosos, não possuem legislação própria.

No caso dos deficientes físicos, os mesmos, encontram amparo na Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência nº 13.146 de 6 de Julho de 2015, em seu artigo 9º, o qual prevê atendimento prioritário dos deficientes nos casos de procedimento judicial. Conforme Eduardo Martins de Miranda (2016):

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A Lei Brasileira da Inclusão concebeu novas prioridades e reforçou algumas prioridades já existentes. Nesse sentido, dispõe o artigo 9º: ―a pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de: proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público; disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas; disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque; acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis; recebimento de restituição de imposto de renda; tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.

Segundo Miranda (2016): ―A Lei visa assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e sua cidadania.‖

A Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência trouxe, portanto, alterações significativas, e importantes, tentando minimizar assim, a desigualdade e a discriminação sofrida por esta categoria.

Ainda, há respeito dos direitos assegurados a esta categoria, Vieira (2011, p.15), nos traz: ―O Decreto nº. 5.296, de 2 dezembro de 2004, que regulamenta a Lei nº. 10.048, de 8 de novembro de 2000, e a Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, as quais, tratam do atendimento prioritário à pessoa com deficiência e da promoção da acessibilidade.‖ Importante mencionar que, o direito a acessibilidade encontra-se previsto ainda, nos artigo 227, § 2º, e artigo 244, ambos da Constituição Federal de 1988.

Portanto, esta categoria encontra proteção, seja em nossa constituição, bem como fora dela, para assim tentar possibilitar o acesso à justiça das pessoas com deficiência, de uma forma mais igualitária e menos discriminatória.

Em relação à categoria das mulheres, a mesma luta a um longo tempo para ter respeitado e efetivado todos os seus direitos. No decorrer dos anos, as mulheres conquistaram alguns direitos, os quais representaram grandes avanços em nossa legislação. Um exemplo destes avanços é a Lei Maria da Penha, nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, a qual foi criada para proteção da mulher em casos de violência doméstica e familiar. Conforme Leandro Melita (2016):

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A lei define que: ―Toda mulher - independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião - goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social‖.

Ainda sobre a Lei, a mesma, exerce proteção da mulher, independentemente de sua orientação sexual durante o relacionamento, seja ele heterossexual ou homossexual. Neste sentido, Melita (2016), argumenta:

Desde sua criação, a Lei Maria da Penha alcança não apenas as mulheres que sofrem violência em relacionamentos heterossexuais, mas também as mulheres em relações homoafetivas que venham a passar por algum tipo de violência e em que seja constatada a situação de vulnerabilidade de uma das partes.

Importante frisar, que os casos de violência, não se baseiam somente em agressão física ou sexual, tendo abrangido no art. 5º da referida Lei, todos os tipos de agressões: ―Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.‖

Aos poucos, as mulheres vêm adquirindo o respeito devido a elas, e mesmo que esses avanços sejam lentos, ainda representam grandes conquistas a essa categoria. A busca por igualdade e não discriminação com a grande maioria, ainda está longe de acabar e, portanto, cada avanço conquistado, deve ser considerado uma grande vitória.

Outra categoria abordada neste trabalho é a dos idosos. Não diferente da categoria dos deficientes físicos, esta possuí legislação própria, qual seja, o Estatuto do Idoso, previsto na Lei nº 10.741 de 1º de Outubro de 2003. Esta categoria também é considerada como minoria, vez que sofre em razão da vulnerabilidade deste grupo perante toda nossa sociedade, bem comopela falta de acesso pleno a todos os seus direitos necessários.

Em busca de igualdade e não discriminação, eis que, com o passar do tempo, esta categoria recebeu certa atenção especial, para ver efetivados e respeitados seus direitos. Neste sentido, foram criadas legislações referentes a essa categoria. Como forma de exemplificação,

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podemos mencionar o art. 1048 do Novo Código de Processo Civil, em seu inciso I, que nos faz referência ao acesso prioritário do idoso à justiça:

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:

I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

Nossa atual Constituição, em seu artigo 230, traz expressa a proteção necessária e devida para com as pessoas idosas. Neste sentido, Junior e Silva (2015, p. 87), elucidam:

A Constituição, em seu artigo 230, é enfática ao dizer que ―[a] família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida‖. Perceba-se que o referido artigo prevê que a dignidade da pessoa do idoso deve ser preservada, remetendo-se, assim, ao artigo 1º, inciso III, da Magna Carta, que prevê o princípio da dignidade da pessoa humana, seja ela criança, jovem, adulta ou idosa.

Demonstrado assim, a partir da legislação, a busca de uma proteção e efetivação dos direitos da pessoa do idoso, em combate a discriminação e a não igualdade, muito presentes em nossa sociedade, e que afetam de maneira direta as categorias pertencentes às minorias.

E por último, a categoria considerada a mais polêmica, os homossexuais, que não possuem legislação própria, mas que,no tocante a sua proteção, é a categoria que demonstra maiores avanços em ver os seus direitos respeitados, ou até mesmo efetivados.

Como legislação protetora desta categoria e das demais categorias, temos o artigo 1º, inciso III, que trata da dignidade da pessoa humana, e o artigo 5º, caput, que trata sobre a igualdade, ambos da Constituição Federal de 1988.

Importante ainda mencionar, que os Tribunais Pátrios vêm garantindo a esta categoria, aos poucos, os seus direitos. No entanto, ainda os homossexuais têm grandes desafios a serem enfrentados, devido ainda a grande discriminação e preconceito enfrentados, os quais não podem ser alterados do dia para a noite.

Criam-se, portanto, leis específicas para algumas categorias de minorias, o que se mostra de importante valor. No entanto, ainda encontramos categorias que são totalmente

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desprotegidas e desamparadas, as quais ainda convivem com o preconceito, a discriminação e a desigualdade. Neste sentido, Martins e Mituzani nos ensinam:

Havendo lei específica para a minoria em questão, a problemática da interpretação é reduzida. Os dispositivos são dirigidos especificamente para o grupo minoritário, de forma que a margem de possibilidades interpretativas é bastante reduzida. O problema aparece quando tais leis não existem e as minorias devem se valer das normas gerais para tratamento de suas especificidades (2011, p. 21).

Apesar dos grandes avanços obtidos por essas categorias, ainda há vários desafios para verem seus direitos protegidos e efetivados, de forma com que não haja preconceito, ou algum tipo de discriminação, e que sim haja uma igualdade perante o restante da sociedade, os quais podemos denominar como maioria.

Após a análise da legislação que surgiu em prol dessas categorias minoritárias, passamos ao estudo de algumas jurisprudências em que se demonstra a efetivação destes direitos em nossos Tribunais.

3.2 Análise jurisprudencial

No tocante as jurisprudências, encontramos algumas decisões acerca dos direitos das categorias minoritárias. Importante frisar, que se tratam de temas pouco visíveis em nossos Tribunais, sendo assim alguns julgados são ―raros‖ de serem encontrados no cotidiano dos mesmos.

Em relação ao atendimento prioritário dos deficientes físicos em casos de procedimento judicial, encontramos uma decisão de nosso Excelso Supremo Tribunal Federal:

1. Trata-se de mandado de injunção, com pedido de tutela de evidência (CPC, art. 311, I e II), no qual se aponta omissão na edição da lei complementar prevista no art. 40, § 4º, I, da Constituição, que deveria regulamentar o direito à aposentadoria especial de servidores com deficiência. Pede-se a concessão da ordem para tornar viável o exercício do referido direito, com base na Lei Complementar nº 142/2013. 2. De início, anoto que não tem a Prefeitura Municipal de Aracaju - indicada como litisconsorte na inicial - legitimidade ad causam para figurar no polo passivo da demanda. Em tais hipóteses, a jurisprudência do STF já definiu que a legitimidade passiva é apenas do Presidente da República e do Congresso Nacional, ainda que se trate de servidores estaduais ou municipais (ver, a propósito, os REs 797.905 RG, Rel. Min. Gilmar; e 665.869 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 3. Quanto ao pedido de tutela de evidência, verifico

Referências

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